laboratÓrio de estudos epistemolÓgicos e de ... · no site youtube e no site do uol, durante os...
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Título:
LABORATÓRIO DE ESTUDOS EPISTEMOLÓGICOS E DE
DISCURSIVIDADES MULTIMODAIS - LEEDIM
Proponente:
Prof. Dr. Roberto Leiser Baronas – Departamento de Letras – Programa de
Pós-Graduação em Lingüística – Universidade Federal de São Carlos -
UFSCar
Linhas de Pesquisa:
Linguagem e discurso
Resumo:
O Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais
- LEEDIM está organizado em torno de dois grandes programas de pesquisa.
No primeiro, objetiva-se discutir inicialmente, os deslocamentos epistemológicos e metodológicos produzidos por autores brasileiros e franceses no domínio da Análise do Discurso de orientação francesa do final dos anos oitenta até os dias atuais; num segundo momento, verifica-se em que medida esses deslocamentos epistemológicos e
metodológicos podem ser aplicados a diferentes corpora de diferentes geografias e, por último, faz-se uma descrição/interpretação da escrita da história linguageira dos conceitos da Análise do Discurso de orientação francesa tanto na geografia francesa
quanto na brasileira. No segundo, busca-se compreender o modo como os mais
diversos suportes midiáticos por meio de textos multimodais constroem uma
escrita da história de campanhas presidenciais brasileiras bastante distinta da
história oficial veiculada nos editoriais, nos artigos de opinião, nas análises
políticas, por exemplo. Elege-se como corpus de análise textos multimodais:
fotografias derrisórias, fotomontagens, charges impressas, charges eletrônicas,
caricaturas políticas, textos sobre o anedotário político brasileiro e bloga de
comentários políticos veiculados por jornais, sites e revistas brasileiras de
grande circulação nacional durante os primeiros e segundos turnos das
campanhas presidenciais brasileiras de 1998, 2002, 2006 e 2010. A Análise do
Discurso de orientação francesa em diálogo com os estudos da Nova História
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são as perspectivas teórico-metodológicas que sustentam os programas de
pesquisa do LEEDIM. A criação do Laboratório justifica-se entre outras
razões diante da necessidade premente de se constituir redes de pesquisa
envolvendo diversas universidades brasileiras como forma de solidificar a
pesquisa no campo das Ciências da Linguagem e, sobretudo, nos domínios da
epistemologia da Análise do Discurso e das discursividades multimodais
nessas instituições. O LEEDIM congregará pesquisadores de diversas
Universidades Públicas Brasileiras tais como a Universidade Federal de São
Carlos – UFSCar, a Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, a
Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT - e a Universidade
Estadual da Bahia - UNEB.
Palavras chave:
Discurso, epistemologia, história, política e mídia.
Identificação da proposta:
Diante da necessidade premente de se constituir redes de pesquisa envolvendo
diversas universidades brasileiras como forma de solidificar a pesquisa no
campo das Ciências da Linguagem nessas instituições, e, sobretudo, nos
domínios da epistemologia da Análise do Discurso e das discursividades
multimodais, propõe-se a criação de um Laboratório de Estudos
Epistemológicos e de Discursividades Multimodais - LEEDIM, congregando
pesquisadores de diversas Universidades Públicas Brasileiras tais como a
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, a Universidade Federal de
Mato Grosso - UFMT, a Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT
- e a Universidade Estadual da Bahia - UNEB. O LEEDIM está organizado em
torno de dois grandes programas de pesquisa. No primeiro, objetiva-se discutir
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inicialmente, os deslocamentos epistemológicos e metodológicos produzidos por
autores brasileiros e franceses no domínio da Análise do Discurso de orientação
francesa do final dos anos oitenta até os dias atuais; num segundo momento, verifica-se
em que medida esses deslocamentos epistemológicos e metodológicos podem ser
aplicados a diferentes corpora de diferentes geografias e, por último, faz-se uma
descrição/interpretação da escrita da história linguageira dos conceitos da Análise do
Discurso de orientação francesa tanto na geografia francesa quanto na brasileira. Para
tanto toma-se como corpus livros e artigos de analistas do discurso e de
historiadores do discurso (brasileiros e franceses) cujo objeto foi rastrear a
escrita da história da Análise do Discurso de orientação francesa. No segundo,
busca-se compreender o modo como os mais diversos suportes midiáticos por
meio de textos multimodais, que se dão a circular como menos opinativos,
constroem uma escrita da história de campanhas presidenciais brasileiras
bastante distinta da história oficial veiculada nos editoriais, nos artigos de
opinião, nas análises políticas, por exemplo. Tais textos por seu caráter
eminentemente humorístico, satírico dizem o que um artigo de opinião não
poderia dizer. Elege-se como corpus de análise textos multimodais:
fotografias derrisórias, fotomontagens, charges impressas, charges eletrônicas,
caricaturas políticas, textos sobre o anedotário político brasileiro e blogs de
comentários políticos, veiculados por jornais, sites e revistas brasileiras de
grande circulação nacional. Serão analisados discursivamente no
“entremisturar” descrição e interpretação textos multimodais publicados na
Folha de S. Paulo; no Estado de S. Paulo; na Revista Veja, na Revista Época,
no site Youtube e no site do UOL, durante os primeiros e segundos turnos das
campanhas presidenciais brasileiras de 1998, 2002, 2006 e 2010. A Análise do
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Discurso de orientação francesa em diálogo com os estudos da Nova História
são as perspectivas teórico-metodológicas que sustentam os programas de
pesquisa do LEEDIM. O Laboratório congregará pesquisadores em diversos
níveis: graduandos, iniciação científica, mestrandos, doutorandos e doutores.
Objetivos a serem alcançados:
O objetivo geral da presente proposta é constituir uma rede interinstitucional
de pesquisa por meio da criação de um Laboratório de Estudos
Epistemológicos e de Discursividades Multimodais que se proponha a analisar
por um lado a história linguageira conceitual da Análise do Discurso. Para
tanto toma-se como corpus livros e artigos de analistas do discurso e de
historiadores do discurso (brasileiros e franceses) cujo objeto é rastrear a
escrita da história da Análise do Discurso de orientação francesa. Por outro
lado, busca-se analisar o modo como os mais diversos suportes midiáticos por
meio de textos multimodais, que se dão a circular como menos opinativos,
constroem uma escrita da história de campanhas presidenciais brasileiras
bastante distinta da história oficial veiculada nos editoriais, nos artigos de
opinião, nas análises políticas, por exemplo, congregando pesquisadores de
diversas universidades públicas brasileiras. Tais textos por seu caráter
eminentemente humorístico, satírico dizem o que um artigo de opinião ou uma
análise política não poderia dizer. Elegemos como corpus empírico de análise
textos multimodais: fotografias derrisórias, fotomontagens, charges impressas,
charges eletrônicas, caricaturas políticas, textos sobre o anedotário político
brasileiro e blogs de comentários políticos, veiculados por jornais e revistas
brasileiras de grande circulação nacional. Serão analisados discursivamente no
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seu conjunto textos multimodais publicados na Folha de S. Paulo; no Estado
de S. Paulo; na Revista Veja, na Revista Época, no site Youtube e no UOL,
durante os primeiros e segundos turnos das campanhas presidenciais
brasileiras de 1998, 2002, 2006 e 2010.
Metas a serem cumpridas:
a) Constituir uma rede de pesquisa que se debruce sobre a epistemologia
da Análise do Discurso e as discursividades multimodais, congregando
pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, da
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, da Universidade do
Estado de Mato Grosso – UNEMAT e da Universidade Estadual da
Bahia – UNEB como forma de solidificar a pesquisa nos domínios da
epistemologia da Análise do Discurso e de discursividades multimodais
nessas instituições;
b) Criar junto ao Departamento de Letras e do Programa de Pós-
Graduação em Lingüística da UFScar de uma espécie de Webmemória:
um arquivo de sites de jornais e revistas brasileiros que contenha os
mais variados gêneros discursivos sobre as eleições presidenciais
brasileiras de 1998 a 2010. Arquivo esse que depois de implementado
terá acesso gratuito a todos os interessados;
c) Implementar junto ao Departamento de Letras e do Programa de Pós-
Graduação em Lingüística da UFScar um site contendo todas as
informações sobre o Laboratório de Estudos Epistemológicos e de
Discursividades Multimodais - LEEDIM;
d) Criar junto ao Departamento de Letras e do Programa de Pós-
Graduação em Lingüística da UFSCar uma publicação semestral
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eletrônica em forma de Cadernos de Estudos do LEEDIM com as
publicações oriundas dos trabalhos desenvolvidos no laboratório e
também de pesquisadores de outras instituições brasileiras e do exterior;
e) Realizar anualmente um ciclo de palestras com a presença
pesquisadores do LEEDIM e de outros laboratórios brasileiros e do
exterior sobre a epistemologia da Análise do Discurso e as
discursividades multimodais;
f) Criar junto ao Departamento de Letras e do Programa de Pós-
Graduação em Lingüística da UFSCar uma publicação anual eletrônica
para disponibilizar gratuitamente as palestras ministradas nos
seminários do LEEDIM;
g) Avançar na discussão sobre a epistemologia e os princípios teórico-
metodológicos da Análise do Discurso, principalmente no que concerne
à análise discursiva dos textos multimodais;
h) Estimular atividades de cooperação internacional em pesquisa sobre a
epistemologia da Análise do discurso e da análise discursiva dos textos
multimodais entre distintas instituições acadêmicas e a UFSCAR.
Qualificação do principal problema a ser abordado:
No Brasil, são relativamente poucos os laboratórios de estudos existentes que
se dedicam sobre a epistemologia da Análise do Discurso e a análise de textos
multimodais. Quando o fazem no caso da epistemologia se restringem a contar
a história da disciplina. Esses trabalhos deixam de lado, por exemplo, como os
conceitos da Análise do Discurso foram sendo revisitados por diferentes
autores e como essas revisitaçãoes produziram diversos deslocamentos nos
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próprios conceitos. E no caso dos textos multimodais se debruçam sobre único
gênero discursivo, ou seja, não há uma preocupação nesses trabalhos em
analisar os textos multimodais no seu conjunto, evidenciando as escanções
históricas e temáticas que os determinam. Esses trabalhos em sua grande
maioria ao analisarem o objeto em si, não têm uma preocupação em pensar a
relação desses textos com a heterogeneidade que constitui os acontecimentos
discursivos veiculados pela mídia, isto é, tais trabalhos não se questionam
como a mídia transforma enunciados passíveis de interpretação em enunciados
logicamente estáveis, o que interdita a interpretação. Em outros termos, tais
trabalhos não produzem uma discussão de como a mídia por meio desses
textos escrevem uma história paralela do presente da política brasileira. Diante
dessa lacuna nos estudos discursivos, acreditamos que uma reflexão discursiva
que aborde as operações historiográficas da mídia por meio de textos mistos
na construção da história do presente da política brasileira seja bastante
relevante tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista teórico da
análise de discurso francesa. Relevante socialmente, pois nos ensina a
apreender a realidade política brasileira não mais com base em uma macro
história, mas a partir de um pequeno número de variáveis textuais menos
nobres, pois são “essas migalhas textuais” que efetivamente escrevem a
história do presente da política brasileira e, teoricamente relevante, pois
contribui para o tratamento de textos multimodais pela análise de discurso.
Teoria que tradicionalmente tem se debruçado somente sobre textos verbais.
Referencial teórico-metodológico:
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A formulação dos objetivos acima enunciados leva-nos a assumir a Análise de
Discurso de orientação francesa e a Nova História como teorias de base.
Estruturada pelo filósofo Michel Pêcheux, a partir do final dos anos sessenta
na França, a Análise de Discurso situa sua reflexão sobre a Lingüística e a
Teoria do Discurso, valendo-se da articulação de três regiões do
conhecimento: o materialismo histórico, com base na releitura que Louis
Althusser faz de O Capital, de Karl Marx; a Lingüística, como teoria dos
mecanismos sintáticos dos processos de enunciação; e a Teoria do Discurso,
como teoria da determinação histórica dos processos semânticos. Essas teorias
são atravessadas por uma teoria psicanalítica da subjetividade ou, mais
precisamente, pela releitura que Jacques Lacan faz dos textos de Sigmund
Freud. Diferentemente de outras perspectivas que também se debruçam sobre
a compreensão da língua e da linguagem, a Análise de Discurso defende a tese
de que a linguagem possui uma relação com a exterioridade, essa entendida
não como algo fora da linguagem (a situação ou o contexto), mas como
condições de produção do discurso que irrompem na materialidade lingüística
como interdiscurso, isto é, como um “já dito” que condiciona o que ainda vai
ser dito. Com base nessa relação da linguagem com a exterioridade, com o
interdiscurso, a Análise de Discurso problematiza alguns domínios da
Lingüística que concebem a linguagem ora como expressão do pensamento,
ora como instrumento de comunicação, uma vez que de um ponto de vista
discursivo a linguagem é concebida como um trabalho no nível do simbólico
que possui uma estreita relação com a prática política. Ou seja, para
Hebert/Pêcheux (1966, p.152), “o instrumento da prática política é o discurso,
ou mais precisamente, que a prática política tem como função, pelo discurso,
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transformar as relações sociais reformulando a demanda social”. Para a
Análise de Discurso, o sujeito é atravessado tanto pela ideologia quanto pelo
inconsciente, o que não produz mais a compreensão de um sujeito uno ou do
cogito como em algumas teorias da enunciação, mas um sujeito cindido,
clivado, descentrado, que não se constitui na fonte e origem dos processos
discursivos que enuncia. Esse sujeito, no entanto, tem a ilusão de ser a fonte e
origem do seu discurso (ilusão-esquecimento n.1) e de ser o mestre absoluto
do seu dizer (ilusão-esquecimento n.2).
Esses dois esquecimentos propostos pelo filósofo francês apontam para o fato
de que, na constituição do sujeito do discurso, intervêm dois aspectos:
primeiro, o sujeito é social, interpelado pela ideologia, porém se acredita livre,
individual, e segundo, o sujeito é dotado de inconsciente, contudo acredita
estar o tempo todo consciente. Afetado por esses esquecimentos e assim
constituído, o sujeito produz o seu discurso. Ademais, do mirante da Análise
de Discurso o sujeito constitui-se numa posição limite entre o que é de
dimensão enunciativa e o que é de dimensão do inconsciente, sem se limitar a
nenhum dos dois aspectos, pois é nesse lugar que se inclui o que é de
dimensão ideológica. Desse modo, o sujeito do discurso é uma forma-sujeito,
ou seja, uma forma pela qual, segundo Pêcheux (1975, p. 167):
o „sujeito do discurso‟ se identifica com a formação discursiva que o constitui tende
a absorver-esquecer o interdiscurso no intradiscurso, isto é, ela simula o
interdiscurso no intradiscurso, de modo que o interdiscurso aparece como o puro
„já-dito‟ do intra-discurso, no qual ele se articula por „co-referência‟. Parece-nos,
nessas condições, que se pode caracterizar a forma-sujeito como realizando a
incorporação-dissimulação dos elementos do interdiscurso: a unidade (imaginária)
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do sujeito, sua identidade presente-passada-futura encontra aqui um de seus
fundamentos.
Assim, enquanto algumas teorias da enunciação se constituem em
teorias subjetivas da linguagem, a Análise de Discurso se constitui numa
teoria não-subjetiva que concebe o sujeito não como o centro do discurso,
porém como um sujeito cindido, interpelado pela ideologia, dotado de
inconsciente e sem total liberdade discursiva. Ou seja, ao produzir o seu
discurso o sujeito sofre uma tripla determinação: a da língua, a da ideologia e
a do inconsciente. Desse modo, para a Análise de Discurso, não é possível
pensar na transparência dos sentidos, ou que o sentido de um texto existe em
si mesmo, visto que os sentidos são condicionados pelas posições ideológicas
nas quais o sujeito produz o seu discurso. Com efeito, sob uma base invariante
de língua são produzidos diversos processos discursivos: logo, enuncia-se de
diferentes posições a partir de uma mesma língua.
No Brasil e na França diversos trabalhos têm realizado um diálogo
bastante produtivo entre a Análise do Discurso de linha francesa e a Nova
História1. Entendemos como um diálogo produtivo, pois além de essas duas
1 A título de exemplo citamos inicialmente o trabalho de Guilhaumou e Maldidier (1989) Da enunciação ao
acontecimento discursivo em Análise do Discurso. Nesse trabalho, os autores ao compreenderem que para a
Análise do Discurso a enunciação funcionava como um metadiscurso, trazem do domínio da história a noção
de acontecimento. Para esses autores, as marcas subjetivas dependem de um processo singular de construção
do sujeito da enunciação. Assim, segundo eles toda interpretação de um lugar enunciativo necessita levar em
conta a consciência lingüística da época considerada, bem como a forma como a questão da enunciação é
colocada. E também o trabalho de Pedro Navarro Barbosa (2004) Navegar foi preciso? O discurso do
jornalismo impresso sobre os 500 anos do Brasil. Nesse trabalho, num viés bastante foucaultiano, o autor
analisa as representações construídas pelo discurso jornalístico impresso sobre o V Centenário do Brasil, a
respeito dos trajetos temáticos: as comemorações dos 500 anos, o “encontro” entre dominantes e dominados e
a identidade cultural brasileira. Para Navarro os sentidos vinculados aos enunciados jornalísticos recitam,
reconfiguram e deslocam o imenso “arquivo” que a nossa sociedade dispõe sobre o descobrimento do Brasil,
sobre o “mito das três raças” e sobre o conceito de brasileiro, o qual demarcado no interior de duas grandes
formações discursivas: a do “Brasil 500 anos”, de cunho ufanista, e a do “Brasil: outros 500”, que fez
oposição à forma como as festividades foram idealizadas. Essas representações são analisadas, a partir da
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áreas compreenderem a história como ruptura, descontinuidade, permitem por
lado não restringir a prática de análise discursiva à compreensão das relações
entre o lingüístico e o ideológico, evidenciando que há outras condições de
possibilidade das discursividades e, por outro, permitem não tomar a prática
de análise histórica tendo a materialidade lingüística como mera representação
dos fatos históricos. Dessa forma, entendemos que conciliar a Análise do
Discurso e a Nova História possibilita pensar como um conjunto de condições
histórico-lingüísticas, enquanto “princípios de controle, delimitação e
rarefação” (Foucault, 1995, p.12) possibilitam/autorizam a inscrição do sujeito
na língua e na história como sujeito de seu discurso.
Os trabalhos que falam do discurso do lado da história ou da história do
lado do discurso na sua grande maioria tomam como objeto ou o discurso
histórico – o discurso revolucionário francês do século XVIII, no caso de
Guilhaumou e de Maldidier ou o discurso jornalístico impresso nos seus mais
variados gêneros – no caso de Pedro Navarro. Em termos mais específicos,
tais trabalhos procuram compreender como esses discursos (re)constroem,
ressignificam os acontecimentos históricos, ou como os acontecimentos
discursivos (re)atualizam os acontecimentos históricos. No caso dos discursos
jornalísticos, os suportes eleitos são geralmente jornais e revistas de grande
circulação nacional.
Nossa proposta, embora se inscreva nesse “transdominio” Análise do
consideração de que essa efeméride é um acontecimento que permite pensar “a operação historiográfica”
realizada pela escrita jornalística contemporânea. O autor assevera que a sua proposta foi a de compreender
como se efetua a relação entre prática jornalística, prática histórica e memória na descrição-interpretação dos
temas referidos acima. A fim de esclarecer o funcionamento dos mecanismos lingüístico-discursivos e
imagéticos acionados por essa escrita, Pedro Navarro analisa a relação entre a série de enunciados
jornalísticos organizada e os 500 anos do Brasil, procurando examinar nessa relação as posições de sujeito, o
campo associado recortado e articulado e o regime de materialidade que define a identidade das narrações
múltiplas que reformulam sem cessar esse acontecimento.
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Discurso e Nova História, tenta produzir um deslocamento tanto teórico
quanto metodológico, pois toma como objetos tipos particulares de discurso
que são o discurso dos historiadores do discurso e o discurso multimodal. Por
discurso dos historiadores do discurso entendemos o discurso que toma como
objeto a escrita da própria Análise do Discurso de orientação francesa. Por
multimodal entendemos o discurso que une diferentes materialidades
significantes inscritas na história e que ataca violentamente uma pessoa ou
uma instituição e que circula nos mais diversos suportes midiáticos, em
portadores que dão a circular textos menos “sérios”: charges, caricaturas,
fotomontagens, viodeomontagens, etc. Acreditamos que tal qual o discurso
jornalístico sério o discurso multimodal realiza também operações
historiográficas, isto é, ele também ajuda a “escrever a história do presente”
(Certeau, 2000) a partir da mobilização de mecanismos lingüístico-discursivos
e imagéticos. Contudo, na construção dessa escrita, a primeira prática
discursiva mobiliza mecanismos lingüístico-discursivos e imagéticos distintos
da segunda. Assim, enquanto no discurso jornalístico a vocalidade discursiva2
se dá num tom de seriedade, no discurso panfletário a vocalidade pode se dar
por meio da zombaria, da chacota, da derrisão3. Ademais, se na prática
2 Dominique Maingueneau (2008) ao (re)pensar a noção de ethos no domínio da Análise do Discurso afirma
que qualquer texto, independentemente de ser escrito ou oral, “tem uma “vocalidade” específica que permite
relacioná-la a uma caracterização do corpo do enunciador, a um “fiador” que, por meio de seu “tom”, atesta o
que é dito”. É esse fiador que garantirá que a enunciação da instância subjetiva seja aceitável ou recusável. Há
para Maingueneau “um mundo ético do qual o fiador é parte pregnante e ao qual ele dá acesso. É por meio de
sua própria enunciação que um discurso, apoiando-se em estereótipos culturais, deve encarnar o que
prescreve”. 3 A derrisão é definida por Bonnafous (2003, p. 35) como “a associação do humor e da agressividade verbal
que a caracteriza e a distingue da pura injúria”. Trata-se de um conjunto de violências verbais tais como as
zombarias, gracejos, trocadilhos, jogos de palavras irônicos, etc. que visam ridicularizar algo ou alguém. A
derrisão diferentemente da ironia que se apresenta “subvertendo a fronteira entre o que é assumido e o que
não é pelo locutor” (Maingueneau, 2005, p. 98) mostra um locutor assumindo na materialidade lingüística o
que diz com o objetivo de desqualificar o destinatário e/ou o seu oponente.
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discursiva jornalística geralmente a imagem funciona como um atestado de
veracidade dos fatos narrados, ou seja, a imagem reafirma o que foi enunciado
verbalmente por estar numa relação de complementaridade com o verbal, a
segunda, estruturada geralmente numa relação de disjunção entre imagem e
enunciado verbal, funciona como um “operador de memória social”4, pois
“define posições de leitor abstrato [em] que o espectador concreto é convidado
a vir ocupar a fim de poder criar, de uma certa maneira um acordo de olhares”
(DAVALLON, 1999, p. 31). Em outros termos, a imagem presente na prática
discursiva multimodal interpela o leitor a pertencer a um grupo de
espectadores que têm o mesmo ponto de vista. Não há o lugar para o
confronto, para a polêmica. Caso o leitor não ocupe este lugar, ele poderá ser
acusado de não ter senso de humor, por exemplo.
Para a análise discursiva da epistemologia da Análise do Discurso e dos textos
multimodais adotaremos os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do
Discurso de orientação francesa e dos historiadores da Nova História. Tal
opção no caso da epistemologia se justifica por acreditarmos que esse diálogo
possibilita descrever e interpretar as revisitações pelas quais passaram os
principais conceitos da análise do discurso ao longo de suas trajetórias
teóricas, e, no caso dos textos multimodais por entendermos que “assim como
o enunciado, também o quadro, o trecho de música [a charge, a caricatura, a
fotografia, a fotomontagem, etc] estão submetidos por sua prática discursiva a
um certo número de condições que definem sua legitimidade (Maingueneau,
2005, p. 148). Ou seja, os diferentes suportes intersemióticos que circulam na
4 Defendemos que a imagem dada a circular nos discursos jornalísticos não seja um operador de memória
social, ou pelo menos se trata de um operador de estatuto diferente, não apenas pelo fato de ela reiterar
iconicamente o que foi narrado verbalmente, criando um efeito de realidade, mas pelo fato mesmo de permitir
ao leitor “discordar” do que foi narrado.
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nossa sociedade não são independentes uns dos outros, pois estão submetidos
às mesmas escanções históricas, as mesmas restrições temáticas. Inicialmente
toma-se como corpus livros e artigos de analistas do discurso e de
historiadores do discurso cujo objeto foi rastrear a escrita da história da
Análise do Discurso de orientação francesa. No tocante aos textos
multimodais, toma-se como corpus fotografias derrisórias, fotomontagens,
charges impressas, charges eletrônicas, caricaturas políticas e, textos sobre o
anedotário político brasileiro, veiculados por jornais e revistas brasileiras de
grande circulação nacional. Procuraremos analisar o nosso objeto no
“entremisturar” descrição e interpretação, isto é, faremos todo um trabalho de
descrição minuciosa da materialidade lingüística, imagética e sonora dos
textos selecionados e no mesmo processo evidenciaremos como essas
materialidades trabalham os acontecimentos políticos dados a circular pela
mídia. Tal procedimento como assevera Pêcheux (1982, p. 55): “não se
constitui em duas fases sucessivas, mas de uma alternância, de um batimento,
não implicando que a descrição e a interpretação sejam condenadas a se
“entremisturar” no indiscernível”. Por se tratar de um corpus constituído por
diferentes gêneros discursivos, mobilizaremos o conceito de trajeto temático
pensado por Guilhaumou e Maldidier (1994), procurando evidenciar os
percursos interpretativos que governam tais gêneros. E, por último,
mobilizaremos a categoria analítica de “prática intersemiótica”, pensada por
Maingueneau (2005) para dar conta de objetos discursivos multissemióticos
como as pinturas dos jansenistas e dos humanistas devotos, com o objetivo de
refletir sobre o funcionamento discursivo dos textos multimodais. Dito de
outro modo, essa categoria maingueneana nos possibilitará evidenciar quais
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são as vocações enunciativas, as intericonicidades que estão na base desses
textos multimodais. Acreditamos que tal procedimento, embora não se
constitua num algoritmo, que determine precisamente os critérios de
pertencimento dos textos a uma determinada prática discursiva, poderá
evidenciar com mais exatidão as intericonicidades que sustentam tais textos e,
também como essas intericonicidades, enquanto ordem do enunciável,
saturam, esquecem ou (in)significam os acontecimentos discursivos.
Plano de trabalho dos pesquisadores envolvidos:
a) Elaborar um projeto de pesquisa a partir das temáticas propostas pelo
Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades
Multimodais - LEEDIM;
b) Criar nas instituições de origem dos pesquisadores uma extensão do
Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades
Multimodais – LEEDIM-Local;
c) Capturar junto aos sites de revistas e jornais brasileiros textos que
comporão a Webmemória, o arquivo do Laboratório de Estudos
Epistemológicos e de Discursividades Multimodais – LEEDIM.
Arquivo esse que depois de implementado terá acesso gratuito a todos
os interessados;
d) Contribuir para criar junto às instituições de origem dos pesquisadores
uma publicação semestral eletrônica em forma de Cadernos de Estudos
do LEEDIM-Local, abrigando textos de IC e trabalhos de conclusão de
curso;
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Plano de Trabalho dos Bolsistas de IC:
e) Ler e resenhar a bibliografia elencada para o desenvolvimento da
proposta;
f) Elaborar um projeto de IC a partir das temáticas propostas pelo
Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades
Multimodais - LEEDIM;
g) Capturar junto aos sites de revistas e jornais brasileiros textos que
comporão a Webmemória, o arquivo do Laboratório de Estudos
Epistemológicos e de Discursividades Multimodais – LEEDIM.
Arquivo esse que depois de implementado terá acesso gratuito a todos
os interessados;
h) Contribuir para criar junto ao Departamento de Letras e do Programa de
Pós-Graduação em Lingüística da UFSCar uma publicação semestral
eletrônica em forma de Cadernos de Estudos do LEEDIM;
i) Ajudar a realizar anualmente um ciclo de palestras com a presença
pesquisadores do LEEDIM e de outros laboratórios brasileiros e do
exterior sobre a epistemologia da Análise do Discurso e as
discursividades multimodais;
j) Ajudar na manutenção do site do LEEDIM;
k) Elaborar o relatório final da pesquisa de IC;
l) Transformar o relatório final em artigo científico e submeter a uma
revista especializada da área com vistas à sua publicação;
m) Apresentar os resultados parciais e finais em eventos da área de estudos
lingüísticos e ou discursivos;
n) A partir do relatório final, elaborar um projeto de pesquisa e submeter a
um programa de pós-graduação em lingüística com vistas a cursar um
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mestrado.
Principais contribuições científicas e tecnológicas:
Esperamos que a constituição deste laboratório contribua inicialmente para a
solidificação da pesquisa no domínio da epistemologia e da multimodalidade
em diferentes instituições brasileiras, criação da Webmemória dos estudos
linguísticos e divulgação cultural e científica, isto é, a construção de um
arquivo do Laboratório de Estudos Epistemológicos e de Discursividades
Multimodais – LEEDIM. Arquivo esse que depois de implementado terá
acesso gratuito a todos os interessados e, também para uma melhor
compreensão do poder da mídia, que por meio de textos multimodais constrói
uma outra história das campanhas políticas brasileiras, ou dizendo com
Manoel de Barros, compreender como a mídia constrói “histórias tão
verdadeiras que às vezes parece que são inventadas”, bem como, para os
desenvolvimentos da teoria da análise o discurso no tocante à analise do
funcionamento discursivo de textos mistos, bem como para a criação de uma
rede de pesquisa que envolva diversas instituições públicas brasileiras.
Orçamento detalhado:
Os equipamentos e os livros abaixo descritos serão utilizados para fins de
pesquisa, estruturação de projetos, constituição de corpora de pesquisas,
análise de materiais, procedimentos de arquivologia, como por exemplo,
digitalização de documentos, captação de imagens, gravações de vídeo e
áudio.
18
Quantidade Produto Descrição Valor5
02 Computador
Desktop
Processador Intel
Core i7, 6GB de
memória RAM, HD
500 GB, monitor 19
polegadas (LED ou
LCD), adaptadores
Wireless e
Bluetooth, Gravador
DVD, placas de
vídeo, som, modem
integradas. Sistema
operacional
Windows 7 home
Premium e pacote
Office 2010.
4,200,00
01 Notebook Processador Intel
Core i7, 8GB de
memória RAM, HD
750 GB, tela 13
polegadas (LED ou
LCD), adaptadores
Wireless e
Bluetooth, Gravador
DVD, leitor de
cartão, webcam,
HDMI, placa de
vídeo 512k; placa de
som e modem
integradas. . Sistema
operacional
Windows 7 home
Premium e pacote
Office 2010.
3,100,00
01 Impressora
colorida
Impressora HP
Laserjet Color, com
wireless, resolução
de 600 dpi, somente
impressora.
617,00
5 Valores referentes ao mês de agosto de 2011.
19
01 Scanner Um scanner de mesa
profissional
enterprise 7500, com
resolução de
900.000 dpi,
profundidade 48 bit,
portas USB.
4,520,00
01 Máquina
fotográfica digital
14.1 megapixels,
cartão de memória,
entrada e saída USB.
286,00
A granel Livros na área de
teoria linguística
e Nova História
5,000,00
Total Geral: R$ 17,723,00
Identificação dos participantes do projeto:
Roberto Leiser Baronas - UFSCAR – Coordenador;
Luciana Salazar Salgado - UFSCAR - Pesquisadora
Maria Inês Pagliarini Cox – UFMT – Pesquisadora;
Marilena Inácio de Souza – UNEMAT – Pesquisadora;
Sidnay Fernandes dos Santos - UNEB – Pesquisadora;
Samuel Ponsoni - PPGL-UFSCAR – Pesquisador;
Paula Matinez Domingues – DL-UFSCAR – Aluna;
Giovanna Santurbano da Silva – DL-UFSCAR – Aluna;
Maria Renata Casonato Motta – DL-UFSCAR – Aluna;
Sara Naime Vidal – DL-UFSCAR – Aluna;
Tamires Bonani Conti – DL-UFSCAR – Aluna.
20
21
Cronograma de atividades:
Etapas Ano / Meses
2011 2012 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Primeira Etapa
- (Re)leitura da bibliografia elencada; - - - - - - - - - - - - - - - -
- Levantamento dos textos-objeto a serem
analisados;
- -
- Coleta do e constituição do corpus; - - - - - -
- Primeiras análises parciais do corpus; - - - -
Segunda Etapa
- Criação do site do LEEDIM; - -
- Criação da Webmemória das eleições
pressidenciais brasileiras 1998 a 2010;
- - - - - - -
- Criação dos Cadernos de Estudos do LEEDIM; _ _ _ _ _
- Realização do I Ciclo de Palestras do LEEDIM; _
- Divulgação das análises parciais; - - - -
- Participação em eventos para apresentação de
comunicação e painéis;
- - - - -
Etapas
2013
J F M A M J J A S O N D
Terceira Etapa
- Socialização dos resultados obtidos a toda
comunidade acadêmica;
- - - -
Quarta Etapa
- Realização do II Ciclo de Palestras do
LEEDIM;
_
22
- Elaboração do relatório final da pesquisa e
participação em eventos;
- - - -
Quinta Etapa
- Publicação dos resultados obtidos em revista ou
livro especializado e busca de parceria com
outros laboratórios do exterior.
- -
23
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