laje nervurada unidirecional com pré-laje treliçada e elemento de
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LAJE NERVURADA UNIDIRECIONAL COM PRÉ-LAJE
TRELIÇADA E ELEMENTO DE ENCHIMENTO
Rafael Martins Ferreira
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia Civil da Escola
Politécnica, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro Civil.
Orientador: Henrique Innecco Longo
Rio de Janeiro
Março de 2015
i
LAJE NERVURADA UNIDIRECIONAL COM PRÉ-LAJE TRELIÇADA E ELEMENTO
DE ENCHIMENTO
Rafael Martins Ferreira
PROJETO DE GRADUAÇÃO APRESENTADO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
DA ESCOLA POLITÉCNICA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO,
COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
______________________________________________
Prof. Henrique Innecco Longo, D.Sc. (Orientador)
______________________________________________
Prof. Sergio Hampshire de Carvalho Santos, D.Sc.
______________________________________________
Profª. Maria Cascão Ferreira de Almeida, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO de 2015
ii
Ferreira, Rafael Martins
Laje nervurada unidirecional com pré-laje treliçada e
elemento de enchimento/ Rafael Martins Ferreira – Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.
VI, 58 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Henrique Innecco Longo
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso
de Engenharia Civil, 2015.
Referências Bibliográficas: p. 57
1. Laje nervurada. 2. Pré-laje. 3. Painel treliçado. 4. Laje
treliçada. I. Longo, Henrique Innecco. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Civil. III. Laje nervurada unidirecional com pré-laje treliçada e
elemento de enchimento.
iii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Laje nervurada unidirecional com pré-laje treliçada e elemento de enchimento
Rafael Martins Ferreira
Março/2015
Orientador: Henrique Innecco Longo
Curso: Engenharia Civil
Este trabalho apresenta uma visão geral dos aspectos relativos ao projeto estrutural de
lajes nervuradas unidirecionais formadas com painéis treliçados, também chamados de
pré-lajes.
Primeiramente foram apresentados conceitos gerais, definições das normas técnicas, e
vantagens da escolha deste tipo de solução para lajes. Também foram vistos os
modelos para a análise estrutural e obtenção dos esforços solicitantes, e as
considerações a serem feitas para estas análises. Além disso, ainda foram abordados
os cálculos para dimensionamento e detalhamento segundo as normas NBR 6118 e
NBR 14860-1. Por fim, foi feita a análise de um pavimento, comparando-se esforços
obtidos com os modelos estruturais vistos, e o dimensionamento dos mesmos baseado
nos conceitos expostos.
Palavras-chave: laje nervurada, pré-laje, painel treliçado, laje treliçada.
iv
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for degree of Engineer.
One way slabs build with precast lattice girder panels
Rafael Martins Ferreira
March/2015
Advisor: Henrique Innecco Longo
Course: Civil Engineering
This work presents an overview of aspects of the structural design of one-way ribbed
slabs made with lattice panels.
Firsty were exposed general concepts, as well as definitions of technical standards, and
advantages of choosing this type of solution for slabs. Also seen are models for structural
analysis to obtain the internal forces, and the considerations to be made for these
analyzes. Furthermore, it was also discussed for dimensioning and detailing according
to NBR 6118 and NBR 14860-1 standards. Finally, was made an analysis of one floor,
comparing forces obtained through these structural models, and the design of it, based
on the exposed concepts.
Keywords: ribbed slab, precast slab, lattice girder panel.
v
Sumário
1. Introdução .............................................................................................................. 1
2. Lajes nervuradas ................................................................................................... 2
2.1. Considerações gerais ......................................................................................... 2
2.2. Tipos de lajes nervuradas .................................................................................. 2
3. Lajes nervuradas unidirecionais com pré-lajes treliçadas ...................................... 3
3.1. Considerações gerais ......................................................................................... 3
3.2. Definições .......................................................................................................... 4
3.3. Vantagens e desvantagens ................................................................................ 6
4. Análise estrutural ................................................................................................... 7
4.1. Módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson ............................................... 7
4.2. Largura colaborante ........................................................................................... 8
4.3. Modelos de cálculo ............................................................................................ 9
4.4. Combinação de ações ...................................................................................... 24
5. Requisitos gerais para dimensionamento, verificação e detalhamento ................ 25
5.1. Dimensões limites ............................................................................................ 25
5.2. Deslocamentos-limites ..................................................................................... 27
5.3. Dimensionamento, verificação e detalhamento ................................................ 28
6. Estudo de caso .................................................................................................... 32
6.1. Considerações gerais ....................................................................................... 32
6.2. Escolha das pré-lajes ....................................................................................... 33
6.3. Parâmetros para a análise estrutural ................................................................ 35
6.4. Análise estrutural ............................................................................................. 38
6.5. Comparação dos resultados ............................................................................. 40
7. Exemplo de dimensionamento ............................................................................. 44
7.1. Análise estrutural utilizada................................................................................ 44
7.2. Resultados da análise ...................................................................................... 44
vi
7.3. Dimensionamento ............................................................................................ 49
8. Conclusão ............................................................................................................ 55
9. Referências bibliográficas .................................................................................... 57
1
1. Introdução
A utilização de lajes formadas por vigotas pré-fabricadas, antes limitada a
construções de pequeno e médio porte, tem se tornado cada vez mais comum também
em grandes obras, como edifícios de muitos andares, com grandes vãos, e até mesmo
em pontes. A escolha desta solução de laje possui muitas vantagens, entre elas pode-
se destacar a facilidade de manuseio, de montagem, redução do escoramento e a
eliminação do uso de formas para as lajes.
O uso desta solução para lajes não é recente, contudo a normalização deste tipo
de laje corresponde ao ano de 2002. Durante muito tempo estas lajes foram
disseminadas por inúmeras pequenas empresas produtoras, muitas até informais.
Algumas empresas atuam sem a qualidade e a responsabilidade necessárias, muitas
vezes comprometendo a segurança, aparecendo problemas estruturais devidos a
grandes deformações, fissuração e até mesmo o risco de desabamento.
Entretanto, nas últimas décadas surgiram novas técnicas e materiais constituintes
para as lajes pré-fabricadas. Empresas do setor desenvolveram e implementaram novos
sistemas do uso destas lajes, como o caso dos sistemas de lajes com vigotas de
concreto protendido e as lajes formadas pelas vigotas ou painéis, também chamados
de pré-lajes, com armação treliçada.
Neste trabalho são analisadas lajes unidirecionais formadas com pré-lajes (ou
painéis) treliçadas e com elementos de enchimento EPS (isopor), tendo como objetivo
expor os métodos de cálculo e dimensionamento para essas lajes, considerando que há
poucos estudos e referências bibliográficas sobre este tipo de laje.
Primeiramente foram apresentados conceitos gerais, definições das normas
técnicas, e vantagens da escolha deste tipo de solução para lajes. Também foram vistos
os modelos para a análise estrutural e obtenção dos esforços solicitantes, e as
considerações a serem feitas para estas análises. Além disso, ainda foram abordados
os cálculos para dimensionamento e detalhamento segundo a normas NBR 6118 e NBR
14860-1. Por fim, foi feita a análise de um pavimento, comparando esforços obtidos com
os modelos estruturais vistos, e o dimensionamento do mesmo baseado nos conceitos
expostos.
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2. Lajes nervuradas
2.1. Considerações gerais
A NBR 6118 (2014) define as lajes nervuradas como “lajes moldadas no local ou
com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momentos positivos esteja
localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte.”
Segundo CARVALHO e PINHEIRO (2009), a ideia que levou ao surgimento das
lajes nervuradas é baseada no fato que para vãos de grandes dimensões, no estado-
limite último, as lajes maciças geralmente apresentam uma pequena região de concreto
comprimido e, portanto, há muito concreto abaixo da linha neutra que está tracionado,
e que não contribui para a resistência à flexão. Logo, nada mais racional do que
substituir uma parte desse concreto por um material inerte (geralmente mais leve e mais
barato que o concreto) ou simplesmente moldar uma região tracionada composta
apenas por nervuras.
2.2. Tipos de lajes nervuradas
Com base na definição da NBR 6118 (2014), ainda podemos subdividir as lajes
nervuradas de acordo com o método executivo, formato, ou disposição das armaduras.
Assim, as lajes nervuradas podem ser pré-fabricadas ou moldadas no local, possuir
armadura passiva ou ativa, com nervuras em uma direção ou em duas etc.
Com relação às lajes pré-fabricadas, estas também podem ser divididas de acordo
com os elementos pré-fabricados que as constituem, listados a seguir e mostrados nas
figuras 2.1 e 2.2:
- vigota do tipo trilho (ou vigota em “T”);
- vigota treliçada;
- painel (ou pré-laje) treliçado;
- painel alveolar;
- painel duplo “T” (lajes Pi).
3
Figura 2.1 – Elementos de laje com vigotas pré-fabricadas
Figura 2.2 – Elementos de laje com painéis pré-fabricados
3. Lajes nervuradas unidirecionais com pré-lajes treliçadas
3.1. Considerações gerais
Neste trabalho são analisadas as lajes nervuradas unidirecionais formadas com
pré-lajes (painéis) treliçadas e com elementos de enchimento EPS (isopor), ilustrada na
figura 3.1. Essas lajes são formadas dispondo lado a lado os elementos pré-fabricados,
chamados de pré-lajes (ou painéis treliçados), que são constituídos por uma placa de
concreto e uma armadura na forma de treliça.
4
Figura 3.1 - Laje nervurada unidirecional com pré-laje treliçada e elemento de
enchimento EPS
A execução de lajes pré-fabricadas no Brasil não é recente, contudo a sua
normalização corresponde da data de 2002, com a publicação das normas NBR 14859
(2002), NBR 14860 (2002), NBR 14861 (2002) e NBR 14862 (2002). As lajes
unidirecionais formadas com pré-lajes são tratadas na NBR 14860-1 – Laje pré-
fabricada – Pré-laje – Requisitos.
3.2. Definições
3.2.1. Laje pré-fabricada
A NBR 14860-1 (2002) define laje pré-fabricada unidirecional como laje de seção
final maciça ou nervurada, constituída por nervuras principais longitudinais (NL)
dispostas em uma única direção. Podem ser empregadas algumas nervuras
transversais (NT) perpendiculares às nervuras principais.
3.2.2. Pré-laje
As pré-lajes são placas com espessura de 3,0 cm a 5,0 cm e larguras
padronizadas, denominadas pela sigla PLT (pré-laje treliçada), mostradas na figura 3.2.
São constituídas por concreto estrutural, executadas industrialmente fora do local de
utilização definitivo da estrutura, ou mesmo em canteiros de obra, sob rigorosas
condições de controle de qualidade. Englobam total ou parcialmente a armadura inferior
de tração, integrando a seção de concreto da nervura. O concreto utilizado em sua
fabricação deve possuir resistência igual ou superior à classe C20.
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Figura 3.2 – Pré-laje treliçada e laje nervurada com pré-laje treliçada e elemento
de enchimento (NBR 14860-1, 2002)
3.2.3. Treliças
As treliças geralmente utilizam fios de aço CA-60 sendo compostas por dois fios
de aço paralelos na base (banzo inferior) e um fio de aço no topo (banzo superior),
interligados por eletrofusão a dois fios de aço diagonais, com espaçamento regular de
20 centímetros, conforme a figura 3.3. A NBR 14862 (2002) identifica as treliças de
acordo com sua altura e a bitola utilizada. Por exemplo, uma armadura treliçada
composta integralmente por aço CA-60, com 8,0 cm de altura, banzo superior com 6,0
mm, diagonal com 3,4 mm e banzo inferior com 4,2 mm, será designada TR8634.
Figura 3.3: Treliça (Catálogo AcelorMittal)
6
3.2.4. Elementos de enchimento
Os elementos de enchimento são definidos na NBR 14860-1 como componentes
pré-fabricados com materiais inertes diversos, sendo maciços ou vazados, intercalados
entre as nervuras das pré-lajes, no caso de lajes com seção final nervurada, com a
função de reduzir o volume de concreto e o peso próprio da laje. Estes devem ser
desconsiderados como colaborantes nos cálculos de resistência e rigidez da laje.
Também devem ser compostos por materiais leves, suficientemente rígidos, que não
produzam danos ao concreto e às armaduras, e ainda ter resistência à ruptura suficiente
para resistir à carga de trabalho durante a montagem da laje.
3.3. Vantagens e desvantagens
A principal característica das lajes pré-fabricadas é a dispensa, total ou parcial,
das formas na fase construtiva da obra. Nas lajes com elementos de enchimento, há
uma redução no consumo de concreto e uma redução no peso da laje. Essas lajes
também podem trazer maior rapidez na montagem, maior segurança no canteiro e
diminuição da mão de obra.
A seguir estão listadas as principais vantagens da escolha desta solução de laje.
a) Diminuição de escoramento e eliminação de formas:
As pré-lajes, na fase de montagem e concretagem, devem ter capacidade de
resistir ao seu peso próprio, à ação do peso do concreto e também a uma carga
acidental para um vão na ordem de 1 a 2 metros, correspondente ao espaçamento entre
as linhas de escoramento. Assim, quando comparada com uma laje maciça, este tipo
de laje necessita de pouco escoramento, além de dispensar o uso de formas na
execução da concretagem.
b) Facilidade de execução:
Os painéis pré-fabricados são de fácil manuseio e montagem permitindo que
sejam executadas mesmo por operários pouco preparados, e sem que seja preciso a
utilização de equipamentos sofisticados de içamento.
c) Redução de custo da estrutura:
A utilização de elementos de enchimento reduz o consumo de concreto,
diminuindo significativamente o peso próprio da laje, possibilitando uma redução das
7
dimensões de elementos como vigas, pilares e fundações, e, assim, diminuindo também
o custo da estrutura.
d) Outras vantagens:
- Permite a utilização de formas autoportantes para estruturas onde o
escoramento é inviável;
- As pré-lajes, uma vez posicionadas, produzem uma plataforma de trabalho
segura para os operários;
- Possibilita reforçar com armadura adicional as lajes com maiores solicitações;
- Adapta-se com total flexibilidade ao desenho da laje;
- Reduz o tempo de execução das lajes.
Como desvantagens da utilização destas lajes podemos citar o aumento de custo
quando esse sistema não é devidamente planejado e compatibilizado com os demais
métodos construtivos, a necessidade de reservar uma área no canteiro para estocagem
dos elementos pré-fabricados e a limitação de transporte. Ainda, essas lajes apresentam
valores de deslocamentos maiores que em lajes maciças, e distribuição do
carregamento de forma unidirecional nas vigas de contorno, no caso de lajes
unidirecionais.
4. Análise estrutural
A análise estrutural tem como objetivo determinar os efeitos das ações na
estrutura, com a finalidade de verificar os estados limites últimos e de serviço, sendo
esta uma das principais etapas do projeto estrutural. Assim, para a obtenção desses
efeitos deve ser escolhido um modelo estrutural adequado para representar a estrutura
real. Também devem ser determinados os parâmetros relativos aos materiais e a
geometria dos elementos estruturais.
4.1. Módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson
Na análise linear, em que se admite o comportamento elástico-linear para os
materiais, a NBR 6118 (2014) permite que seja considerado o módulo de elasticidade
secante Ecs, determinado através da tabela 4.1.
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Tabela 4.1 – Valores de módulo de elasticidade em função da resistência
característica à compressão do concreto, considerando o uso de granito como
agregado graúdo (NBR 6118, 2014)
Para tensões de compressão menores que 0,5fc e tensões de tração menores que
fct, o coeficiente de Poisson ν pode ser tomado como igual a 0,2, sendo fc e fct a
resistência à compressão do concreto e a resistência do concreto à tração direta,
respectivamente.
4.2. Largura colaborante
Segundo a NBR 6118 (2014), a largura colaborante bf deve ser dada pela largura
da viga bw acrescida de no máximo 10 % da distância a entre pontos de momento fletor
nulo, para cada lado da viga em que haja laje colaborante.
A distância a pode ser estimada, em função do comprimento ℓ do tramo
considerado, como se apresenta a seguir:
- viga simplesmente apoiada: a = 1,00 ℓ;
- tramo com momento em uma só extremidade: a = 0,75 ℓ;
- tramo com momentos nas duas extremidades: a = 0,60 ℓ;
- tramo em balanço: a = 2,00 ℓ.
No caso de vigas contínuas, permite-se calculá-las com uma largura colaborante
única para todas as seções, inclusive nos apoios com momentos negativos, desde que
essa largura seja calculada a partir do trecho de momentos positivos onde a largura
resulte mínima.
Devem ser respeitados os limites b1 e b3, conforme indicado na figura 4.1.
9
Figura 4.1 – Largura da mesa colaborante (NBR 6118, 2014)
4.3. Modelos de cálculo
4.3.1. Método das grelhas
A ideia principal do método das grelhas é a substituição do pavimento por uma
grelha equivalente, em que vigas e lajes são representados por elementos lineares,
formando uma malha. Este método é bastante usado para análise de lajes,
principalmente devido a sua facilidade de compreensão e utilização.
Para analisar um pavimento através do método das grelhas deve-se dividir as lajes
que o compõem em um número adequado de faixas, as quais terão larguras
dependentes da geometria e das dimensões do pavimento. Considerando que, assim
como as vigas, estas faixas possam ser substituídas por elementos estruturais de barras
exatamente nos seus eixos, obtém-se então uma grelha equivalente que passa a
representar o pavimento.
Quanto aos carregamentos, considera-se que as cargas distribuídas atuantes no
pavimento se dividem entre as barras da grelha equivalente de acordo com a área de
influência de cada uma, sendo que as cargas podem ser consideradas como
uniformemente distribuídas ao longo das barras da grelha ou então concentradas
diretamente nos seus nós.
Na discretização de lajes nervuradas em grelha (figura 4.1), determina-se a malha
de acordo com a localização das nervuras. A rigidez longitudinal da laje é concentrada
nas barras longitudinais e a rigidez transversal é concentrada nas barras transversais.
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Na direção longitudinal pode-se considerar elementos com características de viga “T”
ou “I”, dependendo da geometria da seção da nervura, e na direção transversal a capa
deve ser representada por um elemento de seção retangular, com largura definida pelo
espaçamento da malha e espessura igual à espessura da capa. As vigas periféricas
também são definidas como elemento de seção retangular.
Figura 4.2 – Planta de forma e modelo estrutural em grelha (FLÓRIO, 2004)
Para as lajes formadas com pré-lajes, a seção de cálculo para as nervuras possui
característica de uma viga “I”, conforme a figura 4.3. A seção de cálculo da capa e das
vigas de contorno são mostradas nas figuras 4.4 e 4.5, respectivamente.
Figura 4.3 – Seção real e seção de cálculo da nervura
11
Figura 4.6 – Seção de cálculo da capa
Figura 4.7 – Seção de cálculo das vigas
Para a seção “I” das nervuras (barras longitudinais), o momento de inércia à flexão
IFL pode ser obtido através do teorema dos eixos paralelos da Resistência dos Materiais,
de acordo com a fórmula:
IFL = Σ (Ii + Ai·di2)
onde
Ii é o momento de inércia da seção retangular do elemento “i”;
Ai é a área da seção retangular do elemento “i”;
di é a distância entre o centro de gravidade do elemento “i” e o centro de
gravidade da seção completa.
Para seções retangulares, como a capa e as vigas de contorno, o momento de
inércia à flexão IFL pode ser determinado pela fórmula:
onde
b é a largura da seção transversal;
h é a altura da seção transversal.
Com relação ao momento de inércia à torção das nervuras, não há um consenso
na bibliografia pesquisada. Alguns autores afirmam que o mesmo deve ser desprezado,
devido à baixa resistência à torção das nervuras. Segundo a NBR 6118 (2014), supondo
a fissuração da peça, deve-se considerar apenas 15 % da inércia à torção integral. Já
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SUSSEKIND (1985) sugere considerar um valor em torno de 20% da inércia da seção
homogênea (estádio I).
O cálculo do momento de inércia à torção IT (integral) para seções transversais
homogêneas retangulares (figura 4.4) é obtido em LEONHARDT (1977), sendo dado
pela expressão:
IT = α·b3·d
onde
α é o coeficiente determinado pela tabela 4.2;
b é a altura da seção transversal retangular do elemento;
d é a largura da seção transversal retangular do elemento.
Figura 4.4 – Seção retangular
Tabela 4.2 – Coeficientes para cálculo da inércia a torção (LEONHARDT, 1977)
Para seções “I” ou “T”, de acordo com LEONHARDT (1977), divide-se a seção em
retângulos (figura 4.5), obtendo-se IT como a soma dos valores dos retângulos parciais.
Admite-se que cada retângulo parcial gira em torno do respectivo centro de
cisalhamento. Na realidade, existe apenas um eixo de rotação global, que passa pelo
centro de cisalhamento da seção total. No entanto o cálculo do IT por este método
simplificado conduz a resultados satisfatórios.
A inércia à torção das nervuras é calculada pela expressão:
IT = Σ ITi = IT1 + IT2 + IT3 + IT4 + IT5
onde
ITi é o momento de inércia à torção do elemento de seção retangular “i”.
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Figura 4.5 – Seção de cálculo da nervura (LEONHARDT, 1977)
Para o momento de inércia à torção IT de uma barra de grelha que representa uma
largura “b” de uma laje maciça, MONTOYA (1973) propõem que se use o dobro da
inércia à flexão para conferir um efeito de placa ao elemento. Logo, para a capa de
concreto (barras transversais) pode-se utilizar a fórmula:
onde
bf é a largura colaborante;
hc é a espessura da capa.
Segundo STRAMANDINOLI (2003), normalmente a inércia à torção das vigas é
desprezada devido ao inconveniente da verificação se a seção transversal da viga é
capaz de absorver os esforços oriundos da torção, além de se ter que armá-la para
suportar tais esforços. A NBR 6118 (2014), no item 17.5, permite que a torção seja
desprezada desde que o elemento estrutural tenha capacidade adequada de adaptação
plástica e que todos os outros esforços sejam calculados sem considerar os efeitos por
ela provocados.
4.3.2. Modelo com vigas independentes
Em virtude do processo construtivo, as lajes nervuradas unidirecionais têm como
característica a disposição das pré-lajes em uma só direção, geralmente a do menor
vão. Dessa forma, as vigas em que os elementos se apoiam é que recebem a maior
parte da carga.
De acordo com CARVALHO e FIGUEIREDO (2001), usualmente admite-se que a
ação das lajes nervuradas unidirecionais ocorre apenas nas vigas em que os elementos
pré-fabricados se apoiam, não se considerando qualquer ação das lajes nas vigas
14
paralelas aos elementos. No entanto, para verificar se essa consideração é razoável, e
também melhor entender o comportamento das lajes nervuradas unidirecionais, os
autores realizaram um estudo teórico para verificar se a capa de concreto confere rigidez
significativa ao pavimento na direção transversal.
Nesse estudo foi feita uma análise detalhada sobre o comportamento para três
situações: elementos independentes, laje pré-moldada com capa de concreto e laje
maciça. Para tal, utilizou-se como exemplo um pavimento bastante simples,
praticamente quadrado e simplesmente apoiado nas quatro bordas, mostrado na figura
4.8.
Figura 4.8 – Pavimento para estudo da laje nervurada unidirecional (CARVALHO
e FIGUEIREDO, 2001)
Para compreensão destes sistemas estruturais são comparados, para o
pavimento da figura 4.8, os esforços internos e os deslocamentos obtidos para as três
situações citadas e ilustradas na figura 4.9: composto por nervuras isoladas (caso a),
por laje pré-moldada – elemento mais capa (caso b) e por placa maciça (caso c). A
diferença entre os casos a e b é que, no primeiro, os elementos não têm ligação
transversal, a qual é proporcionada pela capa de concreto no segundo caso.
15
Figura 4.9 – Situações analisadas: elementos isolados, laje pré-moldada com
capa de concreto e laje maciça (CARVALHO e FIGUEIREDO, 2001)
Em todas as situações as vigas V1, V2, V3 e V4 foram consideradas indeslocáveis
na direção vertical. O objetivo deste estudo é identificar um processo de cálculo que
possa ser usado com facilidade, segurança e que resulte em valores próximos dos reais
para pavimentos com lajes nervuradas unidirecionais.
Para podermos comparar os resultados, utilizamos em todas as situações a
mesma espessura total dos elementos, o mesmo carregamento atuante e as mesmas
propriedades para o concreto. Os valores adotados foram:
- espessura total do pavimento = 11,0 cm;
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- espessura da capa = 3 cm;
- carga distribuída, p = 5 kN/m² (já considerado o peso próprio); e
- Ec = 30.000 MPa.
A análise dos esforços e deslocamentos para os casos b e c foi feita usando o
método das grelhas, descrito anteriormente. No caso a, como são elementos isolados,
cada um trabalha como uma viga independente, como mostrado na figura 4.10.
Figura 4.10 – Modelo de cálculo usado para a situação a, com elemento
independente (CARVALHO e FIGUEIREDO, 2001)
A configuração deformada do pavimento para as três situações é mostrada na
figura 4.11.
Figura 4.11 – Deformação dos pavimentos para as três situações (CARVALHO e
FIGUEIREDO, 2001)
Os deslocamentos são maiores quando todos os elementos trabalham
isoladamente (caso a) e menores quando se considera o efeito de placa (caso c, laje
maciça). A laje pré-moldada (caso b) apresenta um comportamento intermediário,
porém bem mais próximo do caso de elementos isolados. Percebe-se ainda que no
primeiro caso todos os elementos têm a mesma linha elástica (eixo após a deformação),
devido à própria hipótese de que funcionam isoladamente, sem ligação transversal entre
si. No caso da laje pré-moldada com a consideração da capa, pelo menos as quatro
nervuras centrais apresentam praticamente a mesma linha elástica. Finalmente, no caso
17
da laje maciça, há diferença significativa entre as elásticas dos diversos trechos da
placa, e as deformações são bem menores. Isto ocorre por haver rigidez praticamente
igual nas direções longitudinal e transversal.
Os resultados relativos à ação das nervuras nas vigas de contorno V1 e V2 são
apresentados nos gráficos da figura 4.12. No caso dos elementos isolados, somente a
viga V1 (curva E) recebe as ações dos elementos. No caso da laje maciça, as ações em
V1 e V2 são praticamente iguais (curvas B e D), pois a laje é praticamente quadrada, e,
portanto, possui quase a mesma rigidez nas duas direções. Novamente a laje pré-
moldada apresenta um comportamento intermediário, porém com a viga V1 (viga de
apoio das nervuras) absorvendo uma parcela de esforço (curva A) maior que a viga V2,
parcela às nervuras (curva C).
Figura 4.12 – Diagrama das ações das nervuras com as vigas (CARVALHO e
FIGUEIREDO, 2001)
No exemplo deste pavimento, foi mantida constante a relação entre os vãos e
entre a rigidez da longarina e da capa, e não foi considerada a possibilidade de
fissuração de trechos do concreto do pavimento. As vigas do contorno foram admitidas
como indeslocáveis, e foi desprezado o efeito da fluência do concreto.
Além do exemplo mostrado, foram analisados outros sete casos de painéis de laje
pré-moldados, com o objetivo de verificar a influência nos valores das reações nas vigas
de apoio, da geometria do painel, da relação entre a rigidez das nervuras e da capa, da
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deslocabilidade das vigas de apoio e da inércia da capa das vigas de contorno. Os
resultados dessas análises são apresentados no quadro da figura 4.13.
Figura 4.13 – Quadro comparativo dos resultados para os casos analisados
(CARVALHO e FIGUEIREDO, 2001)
Novamente foi empregado o método das grelhas para a obtenção dos resultados,
mantendo-se em todos os sete casos a mesma malha utilizada anteriormente. Os
valores das ações nas vigas de apoio são apresentados na última coluna do quadro,
sendo representados pela parcela, em porcentagem, do carregamento total que é
transferido para as vigas paralelas às nervuras (vigas secundárias).
Observa-se que a geometria da laje influi de forma significativa no caminho
percorrido pelas cargas, visto na comparação dos casos 1-3 e 2-4. Quanto mais próxima
da forma quadrada, maior a parcela de forças absorvidas pelas vigas paralelas às
nervuras (vigas secundárias).
A condição de fissuração da capa de concreto também desempenha importante
papel no comportamento da laje. Com a capa fissurada, tem-se a diminuição do efeito
da distribuição proporcionado por ela, reduzindo a parcela de carga nas vigas
secundárias, conforme comparação dos casos 1-2 e 3-4.
Nos últimos três casos pode-se concluir que o efeito da deslocabilidade é menos
importante que o dos parâmetros anteriores, mas não é desprezível. Isso pode ser
observado pela comparação dos casos 1-5 e 2-7.
A influência da espessura da capa e da laje foi analisada por meio da comparação
dos casos 5 e 6. Fica evidente que quanto maior a espessura da capa em relação à
19
espessura da laje, maior o efeito da distribuição das cargas, apresentando, nesta
situação, uma variação bastante significativa.
Como visto, não é possível admitir que as vigas secundárias (paralelas às
nervuras) não recebem carga da laje. Em função dos valores obtidos no estudo
realizado, CARVALHO e FIGUEIREDO (2001) propõem dois tipos de procedimento,
chamados de processo simplificado e processo racional, para determinar a parcela de
carga que é transmitida às vigas secundárias.
No processo simplificado, admite-se que nas vigas perpendiculares às nervuras
atue toda a carga proveniente da laje, e que nas vigas paralelas (secundárias) atue 25%
dessa carga.
No processo racional, admite-se que as ações nas vigas das duas direções
dependem principalmente das dimensões da laje. Assim, a parcela da carga total que
atua nas vigas é calculada pelas expressões:
onde
pv1 é a parcela da carga transmitida às vigas perpendiculares às nervuras;
pv2 é a parcela da carga transmitida às vigas paralelas às nervuras;
λ = ℓ2 / ℓ1;
ℓ1 é o valor do vão na direção paralela às nervuras;
ℓ2 é o valor do vão na direção perpendiculares às nervuras.
No mesmo estudo, também pode-se observar o momento fletor nas regiões
centrais para os três primeiros casos estudados, mostrado na figura 4.14, percebendo-
se que a placa apresenta novamente os menores valores e que os resultados da laje
nervurada pré-moldada e dos elementos isolados estão relativamente próximos.
20
Figura 4.14 – Momento fletor para as três situações analisadas (CARVALHO e
FIGUEIREDO, 2007)
Portanto, os resultados anteriores mostram que é perfeitamente aceitável a
consideração de lajes nervuradas unidirecionais comportando-se como elementos
independentes, pois com essa simplificação o cálculo é feito a favor da segurança e
bastante próximo da realidade, justificando o emprego de um modelo que consiste em
um conjunto de vigas paralelas que trabalham praticamente independentes para o
dimensionamento à flexão e à verificação do estado de deformação excessiva de uma
laje nervurada unidirecional.
4.3.3. Consideração como laje contínua
A consideração da continuidade em um pavimento formado por lajes nervuradas
treliçadas, de modo que o pavimento resista ao carregamento na seção de momento
negativo, permite um dimensionamento mais econômico do que aquele feito com a
consideração de elementos simplesmente apoiados, pois, com isso, há uma diminuição
do momento fletor positivo, como mostrado na figura 4.15.
21
Figura 4.15 – Diagrama de momento fletor para lajes simplesmente apoiadas e
lajes contínuas (DROPPA JÚNIOR, 1999)
No entanto, em diversas situações o momento fletor negativo obtido segundo o
cálculo linear da estrutura hiperestática é maior que o momento máximo resistido pela
seção nesta região. Isso acontece principalmente em nervuras com seção transversal
em forma de “T” devido à pequena área de concreto na região comprimida nos apoios
(parte inferior), conforme mostrado na figura 4.16. Nas nervuras com seção “I”, a pré-
laje confere uma maior resistência a esses momentos, pois possui uma área maior de
concreto na região comprimida.
Figura 4.16 – Laje contínua, submetida a momentos fletores positivo e negativo
(CARVALHO e FIGUEIREDO, 2001)
Assim, em lajes contínuas, nem sempre é possível obter, junto aos apoios
intermediários, regiões comprimidas suficientes para resistir ao momento negativo total
encontrado pelo cálculo elástico, ocorrendo então a plastificação do concreto.
Para explicar o que ocorre com a plastificação do concreto e o surgimento de
rótula plástica no apoio, mostra-se na figura 4.17 uma laje unidirecional contínua com
os diagramas de momento fletor considerando comportamento elástico e com
plastificação na região do apoio.
22
Figura 4.17 – Diagramas de momentos elásticos e com plastificação no apoio
central em uma laje unidirecional (CARVALHO e FIGUEIREDO, 2001)
Para o diagrama elástico, e para vãos iguais, temos a equação para o momento
elástico no apoio:
Se a seção no apoio for capaz de resistir a este momento, então o diagrama a ser
considerado é o diagrama de momento elástico (linhas contínuas) apresentado na figura
4.17, já conhecido e calculado da forma usual. Se a seção do apoio só for capaz de
resistir a um momento fletor |Xplástico| < |Xelástico|, então o diagrama será o de momento
com plastificação no apoio central (linhas tracejadas), que apresentará valores de
momento positivo máximo no tramo Mplástico > Melástico, sendo necessário verificar a
rotação no apoio.
Uma prática usual, contudo incorreta e não permitida pela NBR 6118, é admitir
que os elementos pré-fabricados sejam sempre simplesmente apoiados, o que resulta
em momentos positivos maiores que em elementos contínuos. Desta maneira para uma
mesma solicitação “p” resulta seção maior ou em limitação do vão a ser vencido devido
também a deslocamentos maiores.
Desta forma, é mais vantajoso considerar a continuidade, pois há uma melhor
distribuição de momentos, com a redução dos positivos, possibilitando vencer vãos
maiores. Assim, em pavimentos compostos de diversos painéis, sempre que a
geometria permitir, as pré-lajes devem ser dispostas de modo a aproveitar o efeito da
continuidade, com o esquema estático das nervuras aproximando-se ao de uma viga
contínua hiperestática.
23
Para a solução do problema apontado, CARVALHO e FIGUEIREDO (2001)
recomendam que seja adotado um trecho de seção maciça de concreto na região onde
a seção nervurada não resiste ao momento negativo (figura 4.18).
Figura 4.18 – Região de laje maciça (CARVALHO e FIGUEIREDO, 2001)
A largura do trecho maciço, após calculado o momento resistente MRd, é obtida
encontrando-se o ponto no diagrama onde o momento resistente MR é igual ao momento
solicitante M, conforme a figura 4.19. A distância “x” entre o apoio e este ponto pode ser
encontrada igualando-se a equação do momento ao momento resistente, obtendo-se a
expressão:
onde
MR = MRd / 1,4;
R é reação no apoio, conforma a figura 4.19;
x é a distância entre o apoio e o ponto onde o momento solicitante M é igual ao
momento resistênte MR;
p é a carga distribuída;
24
Figura 4.19 – Largura do trecho maciço (FLÓRIO, 2004)
Assim, a largura do trecho maciço em cada lado do apoio central será obtida pela
fórmula:
Lmaciço = L – x
onde
L é o comprimneto do vão, conforme a figura 4.19;
x é a distância entre o apoio e o ponto onde o momento solicitante M é igual ao
momento resistênte MR;
4.4. Combinação de ações
a) Estado-limite último (ELU)
Segundo a NBR 6118 (2014), as ações devem ser majoradas pelo coeficiente γf,
cujo valor é dado por:
γf = γf1 ⋅ γf2 ⋅ γf3
A combinação de ações no estado-limite último, para situações normais, é
apresentada a seguir. Os valores dos coeficientes são obtidos nas tabelas 11.1 e 11.2
da NBR 6118 (2014).
onde
25
b) Estado-limite de serviço (ELS)
No estado-limite de serviço o coeficiente de ponderação das ações é dado por:
γf = γf2
onde
ψ1 e ψ2 estão indicados na tabela 11.2 da NBR 6118 (2014).
A combinação de ações no estado-limite de serviço, para combinações quase
permanentes, é mostrada abaixo:
Fd,ser = ΣFgi,k + Σ ψ2j·Fqj,k
5. Requisitos gerais para dimensionamento, verificação e detalhamento
5.1. Dimensões limites
A NBR 6118 (2014), no item 13.2.4.2 apresenta as seguintes considerações para
lajes nervuradas:
a) Espessura da mesa (hf):
- A espessura da mesa, quando não existirem tubulações horizontais embutidas,
deve ser maior ou igual a 1/15 da distância entre as faces das nervuras (ℓo) e
não menor que 4 cm.
- O valor mínimo absoluto da espessura da mesa deve ser 5 cm, quando
existirem tubulações embutidas de diâmetro menor ou igual a 10 mm. Para
tubulações com diâmetro Φ maior que 10 mm, a mesa deve ter a espessura
mínima de 4 cm + Φ, ou 4 cm + 2Φ no caso de haver cruzamento destas
tubulações.
b) Espessura das nervuras (bw):
- A espessura das nervuras não pode ser inferior a 5 cm.
- Nervuras com espessura menor que 8 cm não podem conter armadura de
compressão.
26
c) Espaçamento entre nervuras (intereixo):
- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras menor ou igual a 65 cm,
pode ser dispensada a verificação da flexão da mesa, e para a verificação do
cisalhamento da região das nervuras, permite-se a consideração dos critérios
de laje.
- para lajes com espaçamento entre eixos de nervuras entre 65 cm e 110 cm,
exige-se a verificação da flexão da mesa, e as nervuras devem ser verificadas
ao cisalhamento como vigas; permite-se essa verificação como lajes se o
espaçamento entre eixos de nervuras for até 90 cm e a largura média das
nervuras for maior que 12 cm.
- para lajes nervuradas com espaçamento entre eixos de nervuras maior que 110
cm, a mesa deve ser projetada como laje maciça, apoiada na grelha de vigas,
respeitando-se os seus limites mínimos de espessura.
A NBR 14860-1 (2002), apresenta as recomendações abaixo para lajes
nervuradas unidirecionais com pré-lajes:
a) Espessura da capa (hc):
- Deve ser considerada como parte resistente se sua espessura for no mínimo
igual a 3,0 cm. No caso da existência de tubulações, a espessura mínima da
capa de compressão, acima destas, deve ser de no mínimo 2,0 cm,
complementada, quando necessária, com armadura adequada à perda da
seção resistente, observados os limites estabelecidos na tabela 5.1.
- A tabela 5.1 apresenta as espessuras mínimas para a capa de concreto de
acordo com a altura total da laje:
27
Tabela 5.1 – Altura total da laje e espessura mínima da capa (NBR 14860-1, 2002)
b) Espessura das nervuras (bw):
- As pré-lajes, quando montadas em conjunto com os elementos de enchimento,
devem permitir a execução das nervuras (NL e NT) de concreto complementar
com largura mínima de 4,0 cm e atender ao disposto na NBR 6118 (NBR
14860-1, 2002).
5.2. Deslocamentos-limites
Segundo a NBR 6118 (2014), item 13.3, o deslocamento-limite para o efeito da
aceitabilidade visual é determinado conforme a tabela 5.2.
Tabela 5.2 – Limites para deslocamentos (NBR 6118, 2014)
28
5.3. Dimensionamento, verificação e detalhamento
5.3.1. Armadura longitudinal
A NBR 14860-1 (2002) indica que a armadura longitudinal deve ser distribuída
pelas pré-lajes, sendo que pelo menos 50% da seção da armadura deve ser mantida
até os apoios, obedecendo ao disposto na NBR 6118.
Para o cálculo da armadura longitudinal, é preciso determinar a posição da linha
neutra, x, através do cálculo de kmd com a largura colaborante bf, conforme apresentado
abaixo:
x = kx·d
onde
kx = 1,25 - (1,563 – 3,676·kmd)1/2;
d é a altura útil;
MSd é o momento solicitante de cálculo;
bf é a largura colaborante da mesa;
fcd = fck / 1,4;
fck é a resistência característica à compressão do concreto.
Se 0,8x for menor que a altura da mesa hf, então a linha neutra passa pela mesa,
e a armadura é calculada pela fórmula:
onde
MSd é o momento solicitante de cálculo;
kz = 1 – 0,4·kx;
d é a altura útil;
fyd = fy/1,4.
Caso contrário, a linha neutra está na nervura, e a viga é calculada como seção
“T”, tendo sua armadura calculada utilizando as expressões a seguir:
MMd = 0,85·fcd·(bf - bw)·hf·(d – hf/2)
29
MNd = MSd - MMd
onde
MMd é o momento resistido pela mesa;
MNd é o momento resistido pela nervura;
MSd é o momento solicitante de cálculo;
bf é a largura colaborante da mesa;
bw é a largur da nervura;
hf é a espessura da mesa.
5.3.2. Verificação do momento fletor negativo resistente
O máximo momento fletor resistido pela nervura se dá entre os domínios 3 e 4
(x=x34), quando ocorre a ruptura do concreto com o escoamento do aço. Assim, para se
calcular o valor do momento resistente, primeiro determina-se o valor da linha neutra
conforme a fórmula abaixo:
x = x34 = [3,5 / (3,5 + εyd)]·d
onde
εyd é a deformação específica de escomento do aço;
εyd = 2,07 para aço CA-50;
εyd = 2,48 para aço CA-60;
d é a altura útil.
Devendo ser obedecidos os limites:
x ≤ 0,45·d, para concretos com fck ≤ 50 MPa;
x ≤ 0,35·d, para concretos com 50 MPa ≤ fck ≤ 90 MPa.
Para a determinação do momento resistente da seção, conhecida a largura bf da
capa de concreto, que contribui para resistir aos esforços aplicados, e a posição da linha
neutra x, tem-se que para 0,8x ≤ hf:
30
MRd = 0,85·fcd·bw·0,8·x34· (d - 0,4·x34)
E para 0,8x ≥ hf temos:
MRd = 0,85·fcd·(bf - bw)·hf·(d – hf/2) + 0,85·fcd·bw·0,8·x34·(d - 0,4·x34)
onde
fcd = fck / 1,4;
fck é a resistência característica à compressão do concreto;
bw é largura da alma da nervura;
bf é largura colaborante da mesa;
hf é a espessura da mesa.
5.3.3. Verificação da força cortante
De acordo com o item 19.4.1 da NBR 6118 (2014), as lajes nervuradas podem
prescindir de armadura transversal para resistir as forças de tração oriundas da força
cortante, quando a força cortante de cálculo, a uma distância d da face do apoio,
obedecer à expressão:
VSd ≤ VRd1
Sendo a força cortante resistente de cálculo dada por:
onde
31
5.3.4. Armadura de distribuição
Segundo a NBR 14860-1 (2002), deve haver uma armadura de distribuição,
colocada na capa de concreto complementar, com seção de no mínimo 0,9 cm2/m para
aços CA-25 e de 0,6 cm2/m para os aços CA-50 e CA-60, contendo pelo menos três
barras por metro, conforme o descrito na tabela 5.3.
Tabela 5.3: Área mínima e armadura de distribuição (NBR 14860-1, 2002)
5.3.5. Cobrimento
Segundo a NBR 6118 (2014) os cobrimentos que devem ser considerados são os
cobrimentos nominais, definidos pela expressão:
cnom = Δc + cmín
Nas obras correntes, o valor de Δc deve ser maior ou igual a 10 mm. Entretanto,
quando houver um controle adequado de qualidade e limites rígidos de tolerância da
variabilidade das medidas durante a execução, pode ser adotado o valor Δc = 5 mm,
mas a exigência de controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos de projeto.
Assim, para as pré-lajes pré-fabricadas (moldadas num processo industrial, com
controle de qualidade adequado), permite-se a redução dos cobrimentos nominais em
5 mm.
O valor do cobrimento nominal e a classe de agressividade ambiental são
definidos nas tabelas 7.2 e 7.1 da NBR 6118 (2014) respectivamente.
32
6. Estudo de caso
6.1. Considerações gerais
O estudo a seguir foi baseado num caso real de um edifício residencial
multifamiliar de 8 pavimentos, sendo 5 pavimentos-tipo, com 12 apartamentos por
andar. A estrutura é formada por pilares e vigas em concreto armado moldados no local
e lajes nervuradas treliçadas unidirecionais com EPS. Os vãos variam de 1,40 a 6,10
metros, as lajes possuem altura total entre 12 e 16 centímetros, com pré-lajes de 25
centímetros de largura. O pavimento analisado é mostrado na figura 6.1.
Figura 6.1 – Pavimento analisado
33
6.2. Escolha das pré-lajes
A altura das lajes pode ser determinada, em um pré-dimensionamento, utilizando
as tabelas fornecidas pelos fabricantes das pré-lajes. As pré-lajes adotadas possuem
largura de 25 cm. A seguir são apresentadas, nas figuras 6.2, 6.3 e 6.4, as
especificações fornecidas pelo fabricante.
Figura 6.2 – Tabela de vãos limites (vãos em metros – Catálogo Volterrana)
Figura 6.3 – Tabela de pré-lajes (Catálogo Volterrana)
Figura 6.4 – Dimensões da laje (Catálogo Volterrana)
34
Como o maior vão possui 6,10 m, e considerando-se uma sobrecarga de 300
kg/m², pela tabela do fabricante mostrada na figura 6.2, adotou-se pré-lajes P-12
(PLT12) para vãos de até 4,75 m e P-16 (PLT16) para vãos maiores que 4,75 m. As pré-
lajes adotadas e suas direções no pavimento estão indicadas na figura 6.5.
Figura 6.5 – Dimensões das lajes (cotas em centímetros), altura e direção das
pré-lajes
35
6.3. Parâmetros para a análise estrutural
6.3.1. Largura colaborante
A largura colaborante é determinada conforme mostrado no item 4.2. O máximo
valor para a largura bf, tanto para PLT12 e PLT16, é dado por:
bw = 10 cm
b2 = 15 cm
b1 ≤ 0,5 b2 = 7,5 cm
bf ≤ b1 + bw + b1 = 25 cm
Considerando que o menor vão, na direção transversal às nervuras, entre todas
as lajes, é igual a 140 cm, temos a menor largura colaborante:
a = amín = 140 cm (laje simplesmenste apoiada)
bf = bw + 0,10a = 10 + 0,10 ˣ 140 = 24 cm
Para simplificação dos cálculos, será adotada a largura colaborante bf igual a 25
cm, mesma largura das pré-lajes, para todas as lajes.
6.3.2. Propriedades dos materiais
Os seguintes valores relativos às propriedades dos materiais foram utilizados na
análise e no dimensionamento das estruturas:
- resistência à compressão do concreto: fck = 30 MPa;
- módulo de deformação secante: Ecs = 27 GPa;
- resistência ao escoamento do aço: CA-50 com fyk = 500 MPa e CA-60 com fyk
= 600 MPa;
- coeficiente de Poisson: ν = 0,2;
- peso específico do concreto = 25 kN/m³.
Observação: o peso específico do elemento de enchimento EPS, igual a a 0,17
kN/m³, foi desconsiderado, pois possui valor desprezível comparado aos demais
materiais.
36
6.3.3. Propriedades geométricas
As dimensões das nervuras são mostradas na figura 6.6. Para todas as vigas de
contorno adotou-se uma seção de 15 cm x 50 cm.
O momento de inércia à flexão e à torção apresentados a seguir foram calculados
de acordo com as considerações apresentadas no item 4.3.1. Para a inércia à torção
das nervuras adotou-se 15% da inércia à torção elástica, considerando a fissuração das
nervuras. Já a inércia à torção das vigas de contorno foi desprezada.
Figura 6.6 – Dimensões das nervuras
a) Nervura PLT12:
área da seção transversal = 2,25 × 10-2 m2
inércia à flexão = 3,419 × 10-5 m4
inércia à torção elástica = 2,268 × 10-5 m4
inércia à torção utilizada = 0,15 × 2,268 × 10-5 = 0,340 × 10-5 m4
b) Nervura PLT16:
área da seção transversal = 2,65 × 10-2 m2
inércia à flexão = 7,571 × 10-5 m4
inércia à torção elástica = 3,553 × 10-5 m4
inércia à torção utilizada = 0,15 × 3,553 × 10-5 = 0,533 × 10-5 m4
c) Capa (4 cm x 25 cm):
área da seção transversal = 1,00 × 10-2 m2
inércia à flexão = 0,1333333 × 10-5 m4
37
inércia à torção utilizada = 0,2666667 × 10-5 m4
6.3.4. Carregamentos
A sobrecarga aplicada à estrutura foi determinada de acordo com a NBR 6120
(1980). As cargas consideradas foram:
- carga acidental de 1,5 kN/m²;
- carga de revestimento de 0,5 kN/m²;
- carga das paredes de 1,0 kN/m².
O peso próprio das lajes foi obtido através do catálogo do fabricante (figura 6.4).
As lajes com altura de 12 cm têm peso próprio de 2,25 kN/m² e as com 16 cm têm peso
próprio de 2,65 kN/m².
As cargas lineares distribuídas calculadas a seguir foram aplicadas nas barras
longitudinais, que representam as pré-lajes treliçadas.
a) Carga aplicada nas lajes PLT12:
cargas permanentes = 2,25 + 1,0 + 0,5 = 3,75 kN/m²
carga acidental = 1,5 kN/m²
carga permanente linear distribuída = 3,75 × 0,25 = 0,81 kN/m
carga acidental linear distribuída = 1,5 × 0,25 = 0,38 kN/m
b) Carga aplicada nas lajes PLT16:
cargas permanentes = 2,65 + 1,0 + 0,5 = 4,15 kN/m²
carga acidental = 1,5 kN/m²
carga permanente linear distribuída = 4,15 × 0,25 = 1,04 kN/m
carga acidental linear distribuída = 1,5 × 0,25 = 0,38 kN/m
c) Combinações das ações para os estados-limites:
combinação no ELU: 1,4·Fg + 1,4·Fq
combinação no ELS: 1,0·Fg + 1,0 × 0,3·Fq
38
6.4. Análise estrutural
As lajes deste pavimento foram analisadas por 3 métodos diferentes: no programa
Ftool (análise bidimensional), no programa SAP2000 com vigas independentes e no
SAP2000 considerando a capa de concreto (na direção transversal). Foram utilizados
os mesmos parâmetros nas 3 análises, conforme calculado anteriormente.
Para se comparar os resultados das análises, foram selecionadas 3 seções
(faixas) das lajes, as seções B, D e E. Os modelos estruturais utilizados são mostrados
a seguir.
6.4.1. Modelo estrutural – Ftool
O programa Ftool realiza uma análise bidimensional da estrutura.
Figura 6.7 – Vigas da seção B (lajes L26-L21-L19-L15-L11-L6)
Figura 6.8 – Vigas da seção D (lajes L28-L29-L30-L31-L32)
Figura 6.9 – Vigas da seção E (lajes L24-L22-L25)
39
6.4.2. Modelo estrutural – SAP2000 com vigas independentes
No modelo estrutural com vigas independentes as nervuras são representadas
pelas barras longitudinais (figura 6.10), não sendo considerada nesta análise o efeito da
capa de concreto. As barras possuem um espaçamento igual à largura colaborante
calculada, de 25 cm.
Figura 6.10 – Modelo estrutural SAP2000 com vigas independentes
40
6.4.3. Modelo estrutural – SAP2000 considerando a capa de concreto
Neste modelo, além das barras longitudinais, foram modeladas barras
transversais para representar a capa de concreto, como mostrado na figura 6.11. Assim
como as barras longitudinais, as transversais também possuem um espaçamento de 25
cm.
Figura 6.11 – Modelo estrutural SAP2000 considerando a capa de concreto
6.5. Comparação dos resultados
Na análise realizada, os deslocamentos são maiores quando os elementos
trabalham isoladamente, o que já era esperado, conforme visto no item 4.3.2. Além
disso, não houve grande variação no esforço cortante entre os modelos. Assim, a seguir
apresentam-se apenas os diagramas de momentos fletores obtidos nas análises.
41
a) Para a seção B (lajes L26-L21-L19-L15-L11-L6):
A partir dos diagramas abaixo, pode-se ressaltar que tanto a análise no Ftool,
quanto a no SAP2000 com vigas independentes apresentam esforços maiores (a favor
da segurança), quando comparadas com a análise considerando o efeito da capa de
concreto. Observa-se também na figura 6.14 que a capa de concreto não produz um
momento negativo significativo nas bordas das lajes.
A modelagem da estrutura no Ftool considera os pontos de apoio indeslocáveis,
o que não é feito no SAP2000, em que as vigas de contorno das lajes também sofrem
deformações, produzindo momentos negativos menores nos modelos do SAP2000.
Figura 6.12 – Diagrama de momentos fletores no Ftool (valores em kN·m)
Figura 6.13 – Diagrama de momentos fletores no SAP2000 com vigas
independentes (valores em kN·m)
Figura 6.14 – Diagrama de momentos fletores no SAP2000 considerando a capa
de concreto (valores em kN·m)
42
b) Para a seção D (lajes L28-L29-L30-L31-L32):
Nesta seção comparando os dois primeiros modelos, que não consideram a capa,
com o último, fica claro que nas lajes que possuem um vão transversal pequeno, o efeito
da capa é mais significativo, reduzindo bastante os momentos solicitantes.
Figura 6.15 – Diagrama de momentos fletores no Ftool (valores em kN·m)
Figura 6.16 – Diagrama de momentos fletores no SAP2000 com vigas
independentes (valores em kN·m)
Figura 6.17 – Diagrama de momentos fletores no SAP2000 considerando a capa
de concreto (valores em kN·m)
43
c) Para a seção E (lajes L24-L22-L25):
Novamente, pela figura 6.20, percebe-se que o momento negativo provocado pela
capa nas bordas das lajes ainda é pequeno, neste caso podendo ser resistido apenas
pelo banzo superior da armadura treliça.
Figura 6.18 – Diagrama de momentos fletores no Ftool (valores em kN·m)
Figura 6.19 – Diagrama de momentos fletores no SAP2000 com vigas
independentes (valores em kN·m)
Figura 6.20 – Diagrama de momentos fletores no SAP2000 considerando a capa
de concreto (valores em kN·m)
44
7. Exemplo de dimensionamento
7.1. Análise estrutural utilizada
Neste exemplo foi dimensionado a partir da análise com vigas independentes no
SAP2000 feita no capítulo anterior. Esta análise estrutural apresentou resultados a favor
da segurança e próximos ao modelo considerando a capa de concreto.
7.2. Resultados da análise
7.2.1. Momentos fletores
Nas tabelas 7.1 e 7.2 estão apresentados os máximos valores obtidos na análise
para os momentos fletores positivo e negativo para a combinação do ELU.
Tabela 7.1 – Máximo momento fletor positivo
Tabela 7.2 – Máximo momento fletor negativo
45
Para melhor ilustrar os momentos fletores solicitantes nas diversas lajes, além dos
diagramas já apresentados no capítulo 6, são mostrados os diagramas de momentos
de outras 5 seções, além da B, D e E. A posição de cada uma destas seções é mostrada
na figura 7.1.
Figura 7.1 – Posição das seções
46
Nas figuras 7.2 a 7.8 são mostrados os diagramas de momentos fletores para
cada seção, obtidos com o programa SAP2000.
Figura 7.2 – Diagrama de momento fletor da seção ‘A’ (valores em kN·m)
Figura 7.3 – Diagrama de momento fletor da seção ‘B’ (valores em kN·m)
Figura 7.4 – Diagrama de momento fletor da seção ‘C’ (valores em kN·m)
Figura 7.5 – Diagrama de momento fletor da seção ‘D’ (valores em kN·m)
47
Figura 7.6 – Diagrama de momento fletor da seção ‘E’ (valores em kN·m)
Figura 7.7 – Diagrama de momento fletor da seção ‘F’ (valores em kN·m)
Figura 7.8 – Diagrama de momento fletor da seção ‘G’ (valores em kN·m)
48
7.2.2. Esforço cortante
Os máximos esforços cortantes obtidos da análise estrutural, para as lajes PLT12
e PLT16, são mostrados na tabela 7.3.
Tabela 7.3 – Máximo esforço cortante
7.2.3. Deslocamentos
A estrutura deformada, para a combinação de ações no estado-limite de serviço,
é mostrada na figura 7.9.
Figura 7.9 – Estrutura deformada
49
Os deslocamentos verticais das lajes obtidos na análise computacional, no ELS,
são mostrados na tabela 7.4.
Tabela 7.4 – Deslocamentos verticais
7.3. Dimensionamento
7.3.1. Verificação do momento negativo resistente
O momento negativo resistente deve ser comparado com o máximo momento
solicitante, em lajes PLT12 e PLT16. Caso o momento resistente MRd seja menor que o
momento solicitante na nervura MSd, deve ser empregado um trecho maciço de concreto
na região do apoio, conforme visto no item 4.3.3.
a) Lajes PLT12
Máximo momento negativo solicitante:
MSd = -5,66 kN·m
Cálculo do momento negativo resistente:
εs = 2,07 (CA-50); d = 0,10 m; fck = 30 MPa; bw = 0,10 m; bf = 0,25 m;
x = x34 = [3,5 / (3,5 + εs)] × 10 = 6,3 cm > 0,45·d = 4,5 cm
50
0,8x = 0,8 × 4,5 = 3,6 cm > hf = 3 cm → L.N. na nervura
MRd = 0,85·fcd·(bf - bw)·hf·(d – hf/2) + 0,85·fcd·bw·0,8·x34·(d - 0,4·x34)
MRd = 12,3 kN·m > MSd → OK (não é necessário o trecho de laje maciça)
b) Lajes PLT16
Máximo momento negativo solicitante:
MSd = -9,51 kN·m
Cálculo do momento negativo resistente:
εs = 2,07 (CA-50); d = 0,14 m; fck = 30 MPa; bw = 0,10 m
x = x34 = [3,5 / (3,5 + εs)] × 14 = 8,8 cm > 0,45·d = 6,3 cm
0,8x = 5,0 cm > hf = 3 cm → L.N. na nervura
MRd = 0,85·fcd·(bf - bw)·hf·(d – hf/2) + 0,85·fcd·bw·0,8·x34·(d - 0,4·x34)
MRd = 20,8 kN·m > MSd → OK (não é necessário o trecho de laje maciça)
7.3.2. Cálculo da armadura negativa
Visto que os dois tipos de nervuras, PLT12 e PLT16, resistem aos máximos
momentos negativos impostos (verificado no item anterior), nesta etapa calculou-se a
armadura necessária para resistir a esses esforços. Para tal, foram consideradas 3
regiões: apoios intermediários das seções A, B e C; apoios intermediários das seções
D, E e F; e apoios intermediários da seção G.
a) Nos apoios intermediários das seções A, B e C:
bf = 0,25; d = 0,10 m (PLT12);
MSd = 3,35 kN·m (figura 7.3)
kmd = 3,35 / [0,25 × 0,10² × (30000/1,4)] = 0,063
kz = 0,962
kx = 0,095
x = kx·d = 0,095 × 10 = 0,95 cm
0,8x = 0,76 cm < hf = 3 cm → L.N. passa pela mesa
51
As = 3,35 / [0,962 × 0,10 × (50/1,15)] = 0,80 cm²/nervura = 3,20 cm²/m
Adotado: Φ 10 mm c/ 20 cm (3,93 cm²/m)
Figura 7.10 – Esquema para armadura negativa nas seções A, B e C
b) Nos apoios intermediários das seções D, E e F:
bf = 0,25; d = 0,14 m (PLT16);
MSd = 6,98 kN·m (figura 7.7)
kmd = 6,98 / [0,25 × 0,14² × (30000/1,4)] = 0,066
kz = 0,959
kx = 0,102
x = kx·d = 0,102 × 14 = 1,43 cm
0,8x = 1,14 cm < hf = 3 cm → L.N. passa pela mesa
As = 6,98 / [0,959 × 0,14 × (50/1,15)] = 1,20 cm²/nervura = 4,80 cm²/m
Adotado: Φ 10 mm c/ 12,5 cm (6,28 cm²/m)
Figura 7.11 – Esquema para armadura negativa nas seções D, E e F
52
c) No apoio intermediário da seção G:
bf = 0,25; d = 0,10 m (PLT12);
MSd = 5,48 kN·m (figura 7.8)
kmd = 5,48 / [0,25 × 0,10² × (30000/1,4)] = 0,102
kz = 0,936
kx = 0,161
x = kx·d = 0,161 × 10 = 1,61 cm
0,8x = 1,29 cm < hf = 3 cm → L.N. passa pela mesa
As = 5,48 / [0,936 × 0,10 × (50/1,15)] = 1,35 cm²/nervura = 5,40 cm²/m
Adotado: Φ 10 mm c/ 12,5 cm (6,28 cm²/m)
Figura 7.12 – Esquema para armadura negativa na seção G
7.3.3. Cálculo da armadura positiva
A armadura positiva foi calculada para os máximos momentos positivos nas lajes
PLT12 e PLT16. Para as lajes PLT12, adotou-se uma treliça com 8 cm de altura, e 2
barras de 5 mm, e nas lajes PLT16 com 12 cm de altura e 2 barras de 6 mm. Quando a
armadura das treliças não é suficiente, utiliza-se uma armadura adicional.
a) Lajes PLT12:
MSd = 3,85 kN·m
kmd = 3,85 / [0,25 × 0,10² × (30000/1,4)] = 0,072
kz = 0,956
53
kx = 0,110
x = kx·d = 0,110 × 10 = 1,10 cm
0,8x = 0,88 cm < hf = 4 cm → L.N. passa pela mesa
As = 3,85 / [0,956 × 0,10 × (60/1,15)] = 0,77 cm²/nervura
Adotado: 4 Φ 5 mm (0,79 cm²) – treliça TR 08645, com 2 barras de 5,0 mm no
banzo inferior e armadura adicional com 2 barras de 5,0 mm.
b) Lajes PLT16:
MSd = 9,24 kN·m
kmd = 9,24 / [0,25 × 0,14² × (30000/1,4)] = 0,088
kz = 0,945
kx = 0,137
x = kx·d = 0,137× 14 = 1,92 cm
0,8x = 1,54 cm < hf = 4 cm → L.N. passa pela mesa
As = 9,24 / [0,945 × 0,14 × (60/1,15)] = 1,34 cm²/nervura
Adotado: 5 Φ 6 mm (0,85 cm²) – treliça TR 12646, com 2 barras de 6,0 mm no
banzo inferior e armadura adicional com 3 barras de 6,0 mm.
7.3.4. Armadura de distribuição
Para a armadura de distribuição, a NBR 14860-1 (2002), recomenda o valor
mínimo de 0,6 cm²/m. Assim, pode-se adotar uma tela soldada nervurada com as
seguintes especificações:
- aço CA-60
- diâmetro das barras = 3,4 mm
- seção do fio = 0,091 cm²
- espaçamento = 15 cm
54
- seção por metro = 0,091 cm² / 0,15 m = 0,61 cm²/m > 0,6 cm²/m → OK
7.3.5. Verificação da força cortantes
A força cortante solicitante no ELU, VSd, deve ser verificada. Caso VSd seja menor
que VRd1, as lajes podem-se prescindir de armadura transversal.
a) Lajes PLT12:
VSd = 4,62 kN
fctk,inf = 0,7 × 0,3 × fck2/3 = 2,028 MPa
fctd = fctk,inf/ɣc = 2,028/1,4 = 1,448 MPa
τRd = 0,25 ˣ 1,448 = 0,362 MPa
k = |1,6 – 0,10| = 1,5
ρ1 = 0,39 / (25 × 10) = 0,00156
σcp = 0
bw = 0,25 m
d = 0,10 m
VRd1 = 17,1 kN > VSd → OK
b) Lajes PLT16:
VSd = 7,62 kN
fctk,inf = 0,7 × 0,3 × fck2/3 = 2,028 MPa
fctd = fctk,inf/ɣc = 2,028/1,4 = 1,448 MPa
τRd = 0,25 ˣ 1,448 = 0,362 MPa
k = |1,6 – 0,14| = 1,46
ρ1 = 0,85 / (25 × 14) = 0,00243
σcp = 0
bw = 0,25 m
55
d = 0,14 m
VRd1 = 24,0 kN > VSd → OK
7.3.6. Verificação dos deslocamentos
A tabela 7.5 apresenta os máximos deslocamentos verticais obtidos na análise
estrutural e também os valores limites obtidos por ℓ/250. Em nenhuma laje o
deslocamento obtido foi maior que o limite.
Tabela 7.5 – Deslocamentos nas lajes
8. Conclusão
A construção civil passa por um processo de modernização e implantação de
novas tecnologias, visando a racionalização dos processos de construção. Os
elementos pré-fabricados são soluções muito competitivas em relação aos métodos
tradicionais utilizados na construção, combinando maior rapidez, economia e qualidade.
Apesar das lajes pré-fabricadas serem utilizadas desde muito tempo, ainda há
poucos estudos sobre o assunto. Além disso, poucos autores abordam a discussão dos
processos de determinação dos esforços e deslocamentos dessas lajes. Contudo, como
mostrado no capítulo 4, há uma série de hipóteses que podem ser feitas que levarão a
resultados distintos.
56
Neste trabalho foi apresentada uma visão geral dos aspectos relativos ao projeto
estrutural de lajes nervuradas unidirecionais formadas com pré-lajes treliçadas.
Procurou-se comparar os modelos de cálculo utilizados na análise estrutural, e também
expor os conceitos do dimensionamento, das verificações e do detalhamento deste tipo
de laje.
Assim como todo produto técnico, a compra das lajes treliçadas deve ser objeto
de especificação por profissional especializado, nesse caso o projetista estrutural.
Entretanto, é comum o projetista especificar apenas a altura da laje, deixando a cargo
do fornecedor a definição do dimensionamento das pré-lajes. Como o desempenho da
estrutura depende do conjunto de elementos que a compõe e não de itens isolados, é
necessário que o projetista especifique também o tipo de treliça desejado e, se
necessário, armaduras adicionais para compor o painel treliçado.
Para finalizar ressalta-se a importância de uma adequada análise estrutural nas
lajes, principalmente no que diz respeito às deformações, que em muitos casos é o fator
limitante, tornando-se fundamental em arranjos com grandes vãos.
57
9. Referências bibliográficas
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