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LAUDO TÉCNICO AMBIENTAL
LOTEAMENTO VIVENDA DAS CEREJEIRAS CNPJ: 07.346.434/0001-97
Marcos Mori Engenheiro Agrônomo CREA/SP 5061317180
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LAUDO TÉCNICO
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Em atenção à Notificação nº 67/2009, expedida pela Prefeitura do Município
de Valinhos, por intermédio do Departamento de Meio Ambiente/SPMA, em 25
de novembro de 2009 para o LOTEAMENTO VIVENDA DAS CEREJEIRAS,
situado à Rua Elzo Previtalli, nº 645, elaborou-se o presente documento que
visa atender as exigências da Lei nº 4.123, de 04 de maio de 2007, que dispõe
sobre a necessidade de caracterização e monitoramento ambiental dos
recursos naturais incidentes em loteamentos fechados e condomínios
horizontais residenciais do Município de Valinhos.
Todas as informações constantes desse relatório foram obtidas em visita ao
referido Condomínio e descrevem a atual situação do empreendimento.
2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
Em 18 de janeiro de 2010 foi realizada uma visita técnica ao local, objeto do
presente documento, para registro das informações necessárias à
identificação, caracterização e avaliação dos recursos naturais e da ocupação
do solo, elementos essenciais para a elaboração do diagnóstico ambiental.
Identificação:
O Condomínio Vivenda das Cerejeiras está situado à Rua Elzo Previtalli,
nº 645 e foi instalado em um terreno de 153.861,48 m², geograficamente
posicionado sob as coordenadas S 22°57'12.45" e O 47°00'06.63" tendo como
marco a portaria principal e seguindo o disposto na legislação municipal vigente
que regulamenta esse tipo de empreendimento.
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Ocupação do solo:
O referido Condomínio está dividido em Área Particular e Área Comum,
distribuídas da seguinte forma:
• Área Particular:
i. Terrenos residenciais: .........................100.040,56 m²;
• Área Comum:
i. Ruas e passeios: ...................................36.802,30 m²;
ii. Área de Lazer:..........................................3.995,84 m²;
iii. Área Verde:.............................................13.022,78 m²
Caracterização:
• Área Particular
i. Terrenos residenciais
O Condomínio é formado por 323 lotes, sendo 81 habitados e com
edificações de alvenaria, 82 em fase de construção e 160 vazios. Não existem
árvores nativas no interior dos lotes. Cada condômino é responsável pela
manutenção e conservação da estrutura imobiliária existente no lote de sua
propriedade, bem como mantê-lo roçado quando se encontrar vazio ou em fase
de construção. Fica sob responsabilidade do condomínio apenas a
manutenção das estruturas da Área Comum.
Figura 1: Detalhe de um dos terrenos vazios mantido roçado
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Para evitar acidentes e prejuízos ao meio ambiente, é expressamente
proibido o uso do fogo para controle da vegetação dessas áreas.
• Área Comum
i. Ruas e passeios
A rede viária do Condomínio é formada por 8 ruas, pavimentadas com
asfalto e delimitadas com guias de concreto. Os reparos, quando necessários
são realizados por empresas especializadas que se responsabilizam pelo
descarte correto das sobras de asfalto e concreto.
Nos lotes com construções e habitados, os passeios são recobertos
geralmente por grama esmeralda (Zoysia japonica), que permitem a infiltração
da água da chuva. Para facilitar o trânsito de pedestres, alguns são cortados
longitudinalmente em sua porção central por caminhos construídos de
alvenaria ou pedra. Nas áreas localizadas em frente às residências é permitida
a impermeabilização do acesso de veículos às garagens.
Nos terrenos particulares vazios, grande parte dos passeios apresenta-se
recoberto por capim e são roçados sempre que necessário.
Arborização viária
Ao longo das vias de circulação do Condomínio estão distribuídos
exemplares de cerejeiras (Prunus campanulata), que tem altura média de
1,0 m.
Figuras 2 e 3: Arborização viária composta por exemplares de cerejeiras.
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São realizadas inspeções para avaliar a necessidade de podas de
manutenção e condução, mas boa parte das plantas apresenta
desenvolvimento insatisfatório.
ii. Área de Lazer
No Condomínio existe uma área destinada a lazer, com jardins anexos,
quadra poliesportiva com piso de concreto, churrasqueiras, playground de
madeira, salão de festas e piscina. A área dos jardins é recoberta por grama
esmeralda e em pontos determinados em projeto paisagístico estão dispostos
exemplares de palmeira areca-bambu, phormium-tenax variegada, phormium-
roxo, cica, bela-emília, tuia-limão, strelitzia, podocarpo, alamanda, palmeira-
fênix, alpinia variegada e falsa-murta.
Figura 4: A área de lazer, amplamente vegetada, favorece a infiltração da água das chuvas.
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Figuras 5 e 6: Detalhes do paisagismo da Área de Lazer.
iii. Área Verde
No Condomínio existem quatro áreas verdes:
♣ Área Verde 1: Está localizada na entrada do condomínio e mede
149,46 m². Seu projeto paisagístico contempla exemplares de ligustro
arbustivo, palmeira areca-bambu, falsa-murta e grama esmeralda.
Figura 7: Detalhe da Área Verde 1, na entrada do Condomínio.
♣ Área Verde 2: Forma uma parte do canteiro central da via principal do
Condomínio e está compreendida entre a primeira e a segunda
perpendiculares. Totaliza 112,30 m², sendo 56,15 m de comprimento por
2,00 m de largura, recoberta por grama esmeralda e exemplares de
palmeiras.
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Figura 8: Canteiro central que forma a Área Verde 2.
♣ Área Verde 3: Forma a segunda parte do canteiro central da via principal
do Condomínio e se estende por 207,82 m a partir da segunda
perpendicular. Totaliza 415,64 m² e assim como a Área Verde 2, é
recoberta por grama esmeralda e exemplares de palmeiras.
Figura 9: Vista do canteiro central que forma a Área Verde 3.
♣ Área Verde 4: Ocupa 12.345,38 m² e compreende uma mata de vegetação
secundária, uma nascente, um lago e uma área de reflorestamento referente
ao Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental, firmado junto ao
DEPRN (Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais) para
liberação da instalação do Condomínio. A mata é formada por diversas
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espécies nativas e exóticas em estágio intermediário de regeneração. Ao redor
da nascente existente no local e dentro da porção de responsabilidade do
Condomínio, foram respeitadas as dimensões de ocupação vegetal
estabelecidas por lei. Junto à nascente encontra-se um lago que está
assoreado devido às águas pluviais captadas por outros loteamentos e que
trazem uma quantidade elevada de sedimentos. O reflorestamento é composto
por espécies nativas e exóticas seguindo o padrão de dois terços de espécies
pioneiras e secundárias iniciais e um terço de espécies secundárias tardias e
clímax e atualmente encontra-se em estágio inicial de regeneração, conforme
descrição da Resolução CONAMA 01/94. A margem da mata e do
reflorestamento que faz divisa com o passeio público foi cercada por alambrado
e tem acesso controlado para garantir que não haja intervenções não
planejadas. A vegetação rasteira é controlada por meio de roçadas, sendo que
os resíduos gerados por esse procedimento são espalhados uniformemente
pelo terreno. Um aceiro se estende por toda a extensão da cerca para reduzir a
possibilidade de incêndio. À frente da mata, em uma área recoberta por gama
esmeralda, foi instalado um playground de eucalipto para recreação infantil.
Figura 10: Detalhe do reflorestamento heterogêneo efetuado na área verde 4.
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Figura 11: Vista geral da mata e do playground de madeira.
Figuras 12 e 13: Presença de mata de vegetação secundária.
Figura 14: Detalhe do aceiro e do alambrado que protegem a mata.
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São encontradas diversas espécies arbóreas na área verde 4, identificadas
nos Quadros 1 e 2. Não se trata de um inventário florestal com quantificação de
indivíduos, mas sim um estudo qualitativo das espécies que compõem as
matas existentes no perímetro do empreendimento.
Quadro 1: Espécies arbóreas presentes na mata de vegetação secundária da Área Verde 4 Nome popular / comum Nome cientifico
Açoita-cavalo Luehea grandiflora
Amora-de-árvore Morus nigra
Araçá Psidium cattleianum
Araticum-do-mato Rollinia silvatica
Aroeira-branca Lithraea molleoides
Bambu comum Bambusa spp
Cambará Gochnatia polymorpha
Camboatã Cupania vernalis
Canela-fedorenta Nectandra rigida
Canelinha Nectandra megapotamica
Canjarana Cabralea canjerana
Capixingui Croton floribundus
Casca-d’anta Rauvolfia sellowii
Castanha-do-maranhão Pachira aquatica
Cedro Cedrela fissilis
Cinamomo Melia azedarach
Córdia Cordia superba
Embaúba Cecropia glaziovi
Goiabeira Psidium guajava
Guapuruvu Schizolobium parahyba
Ingá Ingá uruguensis
Ipê-de-jardim Tecoma stans
Jacarandá-de-espinho Machaerium nyctitans
Jacarandá-paulista Machaerium villosum
Jatobá Hymenaea courbaril
Leucena Leucaena leucocephala
Mirindiba Lafoensia glyptocarpa
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Paineira Chorisia speciosa
Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana
Pata-de-vaca Bauhinia forticata
Pau-jacaré Piptadenia gonoacantha
Pau-pólvora Trema micrantha
Taiúva Maclura tinctoria
Quadro 2: Espécies arbóreas que compõem o reflorestamento da área verde 4
Nome popular / comum Nome cientifico Abacateiro Persea americana
Aldrago Pterocarpus violaceus
Alecrim-de-campinas Holocalyx balansae
Amora-de-árvore Morus nigra
Angico Anadenanthera macrocarpa
Aroeira-mansa Schinus terebinthifolius
Bambu comum Bambusa spp
Cabreúva Myroxylon peruiferum
Cambuci Campomanesia phaea
Capixingui Croton floribundus
Cinamomo Melia azedarach
Córdia Cordia superba
Embaúba Cecropia glaziovi
Goiabeira Psidium guajava
Guapuruvu Schizolobium parahyba
Guararema Gallesia integrifolia
Ipê-de-jardim Tecoma stans
Ingá Ingá uruguensis
Paineira Chorisia speciosa
Pata-de-vaca Bauhinia forticata
Pau-de-viola Cythalexylum myrianthum
Pau-formiga Triplaris brasiliana
Pau-pólvora Trema micrantha
Peroba Andiosperma polyneuron
Pitangueira Eugenia uniflora
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Abastecimento de Água
As necessidades hídricas do Condomínio são supridas por ligação direta
das residências à rede municipal de abastecimento.
Rede de Esgoto
Todo o esgoto gerado pelas residências do Condomínio é coletado através
de sistema canalizado exclusivo para este fim e direcionado para a estação
municipal de tratamento.
Rede de Captação de Águas Pluviais
A captação de águas pluviais é feita através de bueiros localizados ao
longo das vias de acesso do condomínio e que se interligam a galerias
subterrâneas construídas com tubos de concreto, exclusivas para este fim. A
estrutura foi devidamente calculada em função da área de drenagem e da
declividade do terreno. Toda a água captada é direcionada para a rede
municipal de águas pluviais.
Flora
A flora existente no Condomínio Residencial Vivenda das Cerejeiras está
distribuída nos passeios da via de acesso e nas Áreas Verdes e encontra-se
descrita no item “Áreas Comuns”.
Nas dependências do Condomínio existem árvores que necessitam de
autorização do Departamento de Meio Ambiente para a realização de podas
rasas ou supressão.
O reflorestamento e a mata existentes na Área Verde 4 apresentam
vegetação secundária em estágios inicial e médio de regeneração
(RESOLUÇÃO CONAMA nº 001, de 31 de janeiro de 1994), com fisionomia
florestal apresentando árvores de variados tamanhos.
Fauna
No perímetro do Condomínio existe fauna permanente (galinhas d’angola e
corujas) e avifauna esporádica atraídas pela diversidade de espécies que
formam a mata e o reflorestamento da Área Verde 4. Observa-se com maior
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freqüência a presença de sabiás, bem-te-vis, sanhaços, beija-flores e
maritacas. Entre os mamíferos encontram-se pequenos roedores e gambás. Os
répteis, raramente observados, estão representados por lagartos teiús,
calangos e outras espécies de lagartos de menor porte. Não há registro da
ocorrência de cobras. Nenhuma das espécies citadas consta no Decreto
Estadual 42.838 de 04 de fevereiro de 1998 que “declara as espécies da fauna
silvestre ameaçadas de extinção e as provavelmente ameaçadas de extinção
no Estado de São Paulo e dá providências correlatas” e na Instrução Normativa
nº 3, de 27 de maio de 2.003, do Ministério do Meio Ambiente, que em seu
anexo fornece as listas das espécies da fauna brasileira ameaçadas de
extinção.
Figura 15: A avifauna está integrada ao ambiente do condomínio.
Recursos Naturais
Na Área Verde 4 encontra-se uma nascente que alimenta um lago e um
córrego que adentra na propriedade vizinha. Esta nascente é protegida pela
mata de vegetação secundária em estágios inicial e médio de regeneração
(RESOLUÇÃO CONAMA nº 001, de 31 de janeiro de 1994), com fisionomia
florestal apresentando árvores de variados tamanhos. Foi respeitado o
estabelecido na Lei Federal nº 4771/65, que prevê o mínimo de 50 metros de
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raio da nascente, faixa ciliar de 30 metros de largura ao longo de curso d’água
com menos de 10 metros de largura e faixa de 30 metros às margens das
represas como Áreas de Preservação Permanente.
Sobretudo, mesmo com a faixa de
proteção vegetada preservada
pelo condomínio, o lago do interior
da área vem sofrendo acelerado
processo de assoreamento, devido
às partículas carreadas pelas
águas pluviais provenientes de
loteamentos vizinhos.
Figura 16: Lago assoreado no interior da APP.
Obras e terraplenagens
Com a pouca declividade do terreno, não há necessidade de grandes
movimentações de terra para a execução da terraplenagem, dessa forma os
resíduos gerados são mantidos no próprio terreno e distribuídos uniformemente
na área para composição dos cortes e aterros.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Condomínio Vivenda das Cerejeiras deverá adotar algumas medidas
para recuperação dos exemplares de cerejeira que compõem a arborização
viária. Será necessário o tutoramento, a adubação e o coroamento das mudas
para que tenham um desenvolvimento satisfatório.
Na Área de lazer e nas Áreas Verdes 1, 2 e 3 são realizadas podas de
limpeza e condução dos arbustos, além da manutenção dos gramados por
meio de roçadas.
Para a revitalização do lago existente na mata da Área Verde 04 o
Condomínio deverá elaborar um projeto de limpeza e desassoreamento em
conjunto com os condomínios vizinhos.
O reflorestamento continuará a ser roçado periodicamente para que as
espécies arbóreas possam se desenvolver plenamente e atingir o estágio
intermediário de regeneração.
Os procedimentos que devem ser adotados em cada área são prescritos
por engenheiro agrônomo habilitado e executados por profissionais treinados
para tal fim.
4. ASPECTOS LEGAIS INCIDENTES
Os aspectos legais pertinentes ao cumprimento da Lei do Município de
Valinhos nº 4.123, de 04 de maio de 2007 e que nortearam a elaboração deste
estudo, estão inseridos nas seguintes normas ambientais:
• Lei Federal nº 4771/65 e suas alterações;
• Decreto Estadual nº 42838 de 04 de fevereiro de 1998 – Declara as
espécies da fauna silvestre ameaçadas de extinção e as
provavelmente ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo e
dá providências correlatas;
• Instrução Normativa nº 3 de 27 de maio de 2003 / Ministério do
Meio Ambiente – Listas das espécies da fauna brasileira
ameaçadas de extinção;
• Resolução CONAMA nº 001, de 31 de janeiro de 1994.
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5. ENCERRAMENTO
Nada mais havendo a esclarecer, encerro o presente laudo que consta de
16 (dezesseis) folhas impressas eletronicamente de um só lado, datado e
assinado. Acompanha 01 (um) anexo com imagem de satélite detalhando o
perímetro do condomínio.
Valinhos, 26 de janeiro de 2010.
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Marcos Mori Engenheiro Agrônomo
CREA 5061317180
ART nº 92221220100272340