legislação ambiental aplicada a parques...
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Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
CÓDIGO FLORESTAL - LEI Nº 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965
RESOLUÇÃO CONAMA nº. 303, de 20 de março de 2002
Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 302, DE 20 DE MARÇO DE 2002
Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de
reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 369, DE 28 DE MARÇO DE 2006
Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto
ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de
Preservação Permanente-APP.
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
O Código Florestal de 1965, instituído pela Lei 4.771, no inciso II, do § 2º, do art. 1º, com
redação determinada pela Medida Provisória 2.166-67 de 2001, define área de preservação
permanente (APP) como sendo aquela “protegida nos termos dos arts. 2º e 3º desta lei,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna
e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.
O doutrinador Edis Milaré (2009, p. 741) entende que:
(...) “A definição legal vigente, em particular a inserção da expressão “coberta ou não por vegetação
nativa”, denota a intenção do legislador de dar proteção não somente às florestas e demais formas de
vegetação natural, mas aos locais ou às formações geográficas em que tais áreas estão inseridas
funcionalmente, ou seja, na ação recíproca entre a cobertura vegetal e sua preservação e a manutenção das
características ecológicas do domínio em que ela ocorre”(...)
(Grifos Nossos)
AMARAL, C. A. PEDREIRA, A. C e BLEIL, J. R. DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL – ANÁLISE DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE USINAS EÓLICAS EM ÁREAS DE
PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Artigos Técnicos
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Considerando a necessidade de regulamentar o art. 2º da Lei nº 4.771, de 15 de
setembro de 1965, no que concerne às Áreas de Preservação Permanente;
(Está em conformidade com o Código Florestal!)
Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da Convenção
da Biodiversidade de 1992, da Convenção Ramsar de 1971 e da Convenção de
Washington de 1940, bem como os compromissos derivados da Declaração do Rio
de Janeiro, de 1992;
Considerando que as Áreas de Preservação Permanente e outros espaços
territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse
ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e
futuras gerações, resolve:
RESOLUÇÃO CONAMA nº. 303, de 20 de março de 2002
Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal,
com
largura mínima, de:
a) trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura;
b) cinqüenta metros, para o curso d’água com dez a cinqüenta metros de largura;
c) cem metros, para o curso d’água com cinqüenta a duzentos metros de largura;
d) duzentos metros, para o curso d’água com duzentos a seiscentos metros de
largura;
e) quinhentos metros, para o curso d’água com mais de seiscentos metros de
largura;
II - ao redor de nascente ou olho d’água, ainda que intermitente, com raio mínimo
de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica
contribuinte;
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:
a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;
b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água com
até
vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros;
IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de
cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado;
V - no topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de
nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação a base;
VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível
correspondente a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da
cumeada, fixando-se a curva de nível para cada segmento da linha de cumeada
equivalente a mil metros;
VII - em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou
quarenta e cinco graus na linha de maior declive;
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de
ruptura em faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do
reverso da escarpa;
IX - nas restingas:
a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar
máxima;
b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com
função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues;
X - em manguezal, em toda a sua extensão;
XI - em duna;
XII - em altitude superior a mil e oitocentos metros, ou, em Estados que não
tenham tais elevações, a critério do órgão ambiental competente;
XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias;
XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçados de
extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou
Municipal;
XV - nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre.
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
- De acordo com o Código Florestal:
- localização das áreas e da vegetação (art. 2º) = as áreas de preservação permanente - Conama
nº 303. - Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas
por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:
a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas;
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
h) a assegurar condições de bem-estar público.
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 302, DE 20 DE MARÇO DE 2002
Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação
Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.
Art 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área com largura mínima, em
projeção horizontal, no entorno dos reservatórios artificiais, medida a partir do
nível máximo normal de:
I - trinta metros para os reservatórios artificiais situados em áreas urbanas
consolidadas e cem metros para áreas rurais;
II - quinze metros, no mínimo, para os reservatórios artificiais de geração de
energia elétrica com até dez hectares, sem prejuízo da compensação ambiental.
III - quinze metros, no mínimo, para reservatórios artificiais não utilizados em
abastecimento público ou geração de energia elétrica, com até vinte hectares de
superfície e localizados em área rural.
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 369, DE 28 DE MARÇO DE 2006
Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo
impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em
Área de Preservação Permanente-APP.
Considerando a singularidade e o valor estratégico das áreas de preservação
permanente que, conforme indica sua denominação, são caracterizadas, como regra
geral, pela intocabilidade e vedação de uso econômico direto;
Art. 1º Esta Resolução define os casos excepcionais em que o órgão ambiental
competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em Área de
Preservação Permanente-APP para a implantação de obras, planos, atividades ou
projetos de utilidade pública ou interesse social, ou para a realização de ações
consideradas eventuais e de baixo impacto ambiental.
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
§ 1º É vedada a intervenção ou supressão de vegetação em APP de nascentes,
veredas, manguezais e dunas originalmente providas de vegetação, previstas
nos incisos II, IV, X e XI do art. 3º da Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março
de 2002, salvo nos casos de utilidade pública
Art. 2º O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção
ou supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada e motivada
mediante procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos
previstos nesta resolução e noutras normas federais, estaduais e municipais
aplicáveis, bem como no Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano
de Manejo das Unidades de Conservação, se existentes, nos seguintes casos:
I - utilidade pública:
(...)
b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de
transporte, saneamento e energia;
(...)
II - interesse social:
(...)
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Área 1, Nordeste do Estado: área extensa e
bastante promissora para aproveitamentos eólicos,
com velocidades médias anuais entre 8,0 e 8,5m/s
(a 50m de altura) nas melhores áreas.
Área 3, Serras Centrais: grande área elevada, situada a 700 metros de altitude, possuindo características propícias para
aproveitamentos eólicos, com velocidades médias anuais em torno de 8,0m/s (a 50m de altura) nas melhores áreas.
Área 2, Litoral Norte-Noroeste: área bastante promissora para aproveitamentos
eólicos, com velocidades médias anuais acima de 8,0m/s (a 50m de altura) nas
melhores áreas.
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
APP’s sujeitas a ocupação em Áreas de Preservação Permanente
Morro Montanha Linha de Cumeada Restinga
Manguezal Duna Tabuleiro ou Chapada
Logo, os “melhores locais” para instalação
de parques eólicos estão, em sua maioria, em
Áreas de Preservação Permanente!
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Algumas considerações:
- A legislação ambiental pode apresentar interpretações diferentes para leitores diferentes,
subjetivando o que as normas afirmam! (Ou seja, em determinadas circunstâncias as
normas são ambíguas!)
- As APP’s são caracterizadas pela intocabilidade e vedação de uso econômico direto,
dada a singularidade e o valor estratégico.
- Para a instalações de aerogeradores em APP’s, deve-se considerar a função ambiental
do local e a formação geográfica do solo, por isso a necessidade de serem elaborados
estudos específicos, que considerem as particularidades das áreas;
-Deve-se elaborar um termo de referência padrão de estudos ambientais para
empreendimentos eólicos em APP e Zona Costeira como está sendo feito pelo MMA para
UHEs, LT, portos, etc. (Adriana Coli)
- Os parques eólicos se apresentam como atividade de baixo impacto ambiental!
- Conflito com outras atividades econômicas / Sugestão de alternativas locacionais
Capítulo 5: Alguns casos...
A convivência era de paz até os moradores tomarem conhecimento, em novembro do ano passado, que o
consórcio Brasventos pretendia instalar os 35 aerogeradores do empreendimento Rei dos Ventos I
justamente em cima das Dunas do Capim. Além do argumento do impacto ambiental, a comunidade teme a
perda do "diferencial turístico" que a área representa.
Vocações natas do pequeno município de Galinhos, a 170 quilômetros de Natal, onde duas atividades
econômicas consideradas estratégicas para o estado entraram em rota de colisão quando a população local
se impôs contra a construção do parque eólico Rei dos Ventos I, do Consórcio Brasventos, sobre as Dunas
do Capim, considerada o grande atrativo turístico da região. Sem acordo conjunto, o caso foi parar na
Justiça, e ganhou um novo capítulo quando cenas de tratores abrindo espaço na areia passaram a compor o
visual do cartão postal.
Do outro lado, o diretor do Brasventos, James Clark, acredita
que o turismo não será tão prejudicado quanto se pensa. O
representante do consórcio conta que não foi possível ceder
mais do que a realocação de cinco aerogeradores. "É uma
questão de ter ou não ter o parque. Os motivos alegados não
são suficientemente fortes para que se faça isso", afirma.
Segundo ele o próprio parque Rei dos Ventos I pode ser
utilizado como atrativo turístico. "A tendência é que fiquem a
favor quando souberem as vantagens que ficarão na cidade.
Alguns moradores pleitearam uma mudança maior, mas não
é uma opinião geral", avalia. Publicação: 19/08/2012 09:00 Atualização: 19/08/2012 10:04
- Felipe Gibson - O POTI
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Moradores de Trairi (CE) questionam instalação de parque eólico na região
Moradores de uma comunidade no litoral de Trairi, a 123km de Fortaleza, questionam o impacto ambiental
da construção de um parque eólico na região.
Segundo a Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), todos os projetos contaram
com a participação popular durante as audiências e agora já possuem licença ambiental. “No momento das
audiências públicas, teve alguma resistência mas nada que fosse de maneira significativa para a não
instalação do empreendimento”, diz Wilker Sales, secretário estadual do meio ambiente.
Para o presidente da Aliança dos Moradores e Amigos de
Flecheiras (AMA), Carlos Uchôa, a comunidade não foi
ouvida como deveria e não vai desistir de proteger as
dunas. “O Governo proibiu qualquer empreendimento
turístico nas dunas. No entanto, liberou totalmente para as
eólicas. A nossa questão não é ser contra a energia eólica.
A nossa questão é quanto à localização delas”, afirma. De
acordo com a Semace, apesar do protesto dos moradores,
a instalação do parque eólico do Trairi vai continuar.
http://www.portaldomar.org.br/blog/portaldomar-
blog/categoria/noticias/moradores-de-trairi-ce-questionam-instalacao-de-
parque-eolico-na-regiao
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Usina Eólica Ameaça a região do Cabo
“Toda área ocupada pelos aerogeradores é gravemente degradada – terraplanada, fixada,
fragmentada, desmatada, compactada, alteradas morfologia, topografia e fisionomia do campo de
dunas”.
http://sosfaroldesantamarta.blogspot.com.br/2011/08/usina-eolica-ameaca-regiao-do-cabo.html
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Parque eólico montado no município de Rio do Fogo é um dos dois atualmente em operação no estado (http://tribunadonorte.com.br/noticia/ventos-da-mudanca-sopram-no-rn/134631)
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Parque eólico de Praia Formosa (CE), com 104,4 MW
http://www.gwec.net/fileadmin/documents/Publications/Brazil_report_201
1.pdf
Parque Eólico Praias de Parajuru
http://www.cemig.com.br/Inovacao/AlternativasEnergeticas/Paginas/Ener
giaEolica.aspx
Capítulo 5: Áreas de Preservação Permanente
Parque Eólico Alegria / Guamaré
Parque Eólico Alegria / Guamaré
http://www.parqueeolicoalegria.com.br/parque