lei maria da penha

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Anotações sobre a Lei Maria da Penha

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  • AULA 01

    Constitui violncia domstca e familiar contra a mulher qualquer ao ou omisso

    baseada no gnero que lhe cause morte, leso, sofrimento fisico, sexual ou psicolgico e

    dano moral ou patrimonial, seja no mbito da unidade domstca, no mbito da famlia

    ou em qualquer relao ntima de afeto;

    Mecanismos de coibio da violncia contra a mulher

    Conforme o art. 11, da Lei 11.340/2006 no atendimento mulher em situao de

    violncia domstica e familiar, a autoridade policial deve tomar as seguintes cautelas:

    a)proteo policial;

    b)encaminhamento ao hospital e IML;

    c)transporte a um abrigo ou local seguro;

    d)acompanhar a vtima para retirar seus pertences;

    e)informar a mulher de seus direitos;

    f)comunicao imediata ao MP e ao Juiz.

    Art. 313 do Cdigo de Processo Penal

    Art. 313. (...) ser admitida a decretao da priso preventiva:

    (...)

    III - se o crime envolver violncia domstica e familiar contra a mulher, criana,

    adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficincia, para garantir a execuo das

    medidas protetivas de urgncia; (Redao dada pela Lei n 12.403, de 2011).

    AULA 02

    O art. 12 da Lei Maria da Penha diz respeito aos procedimentos da autoridade policial.

    Art. 12. Em todos os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, feito o

    registro da ocorrncia, dever a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes

    procedimentos, sem prejuzo daqueles previstos no Cdigo de Processo Penal:

    I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrncia e tomar a representao a termo, se

    apresentada;

    II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas

    circunstncias;

    III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o

    pedido da ofendida, para a concesso de medidas protetivas de urgncia;

  • IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar

    outros exames periciais necessrios;

    V - ouvir o agressor e as testemunhas;

    VI - ordenar a identificao do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de

    antecedentes criminais, indicando a existncia de mandado de priso ou registro de

    outras ocorrncias policiais contra ele;

    VII - remeter, no prazo legal, os autos do inqurito policial ao juiz e ao Ministrio

    Pblico.

    1 O pedido da ofendida ser tomado a termo pela autoridade policial e dever conter:

    I - qualificao da ofendida e do agressor;

    II - nome e idade dos dependentes;

    III - descrio sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.

    2 A autoridade policial dever anexar ao documento referido no 1o o boletim de

    ocorrncia e cpia de todos os documentos disponveis em posse da ofendida.

    3 Sero admitidos como meios de prova os laudos ou pronturios mdicos fornecidos

    por hospitais e postos de sade.

    A partir do momento em que levada uma "notitia criminis" para a autoridade policial e

    sendo crime de ao pblica incondicionada, a vtima no tem mais o controle da

    situao.

    O art. 41 da Lei Maria da Penha dispe que NO SE APLICA A LEI N 9.099/95

    (Juizado Especial Criminal) aos crimes praticados com violncia domstica e familiar

    contra a mulher, independentemente da pena prevista.

    COMPETNCIA (art. 15) - PROCESSOS CVEIS

    Art. 15. competente, por opo da ofendida, para os processos cveis regidos por esta

    Lei, o Juizado*:

    I - do seu domiclio ou de sua residncia;

    II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;

    III - do domiclio do agressor.

    *Juizado de violncia domstica e familiar contra a mulher. Estes juizados tm

    competncia cvel e criminal (art. 14). Peculiaridade: possibilidade de realizao de atos

    processuais no perodo noturno (art. 14, p.u.)

    Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caber ao juiz, no prazo de

    48 (quarenta e oito) horas:

  • I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de

    urgncia;

    II - determinar o encaminhamento da ofendida ao rgo de assistncia judiciria,

    quando for o caso;

    III - comunicar ao Ministrio Pblico para que adote as providncias cabveis.

    O Juiz poder, antes de decidir acerca do pedido liminar de concesso de medida

    protetiva, designar audincia de justificao.

    Constatada a prtica de violncia domstica e familiar contra a mulher, nos termos da

    lei, o juiz poder aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente,

    medidas protetivas de urgncia, dentre elas o afastamento do lar, proibio de

    aproximao da ofendida e a prestao de alimentos provisrios.

    A ofendida dever ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor,

    especialmente dos pertinentes ao ingresso e sada da priso, sem prejuzo da intimao

    do advogado constitudo ou do defensor pblico.

    AULA 03

    Nas aes penais pblicas condicionadas representao da ofendida de que trata essa

    lei, s ser admitida a renncia representao perante o juiz, em audincia

    especialmente designada para tal finalidade, antes do recebimento da denncia e ouvido

    o Ministrio Pblico.

    vedada a aplicao, nos casos de violncia domstica e familiar contra a mulher, de

    penas de cesta bsica ou outras de prestao pecuniria, bem como a substituio de

    pena que implique o pagamento isolado de multa.

    DA ATUAO DO MINISTRIO PBLICO

    Art. 25. O Ministrio Pblico intervir, quando no for parte, nas causas cveis e

    criminais decorrentes da violncia domstica e familiar contra a mulher.

    Art. 26. Caber ao Ministrio Pblico, sem prejuzo de outras atribuies, nos casos de

    violncia domstica e familiar contra a mulher, quando necessrio:

  • I - requisitar fora policial e servios pblicos de sade, de educao, de assistncia

    social e de segurana, entre outros;

    II - fiscalizar os estabelecimentos pblicos e particulares de atendimento mulher em

    situao de violncia domstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas

    administrativas ou judiciais cabveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;

    III - cadastrar os casos de violncia domstica e familiar contra a mulher.

    ***

    Os juizados de violncia domstica e familiar podero contar com uma equipe de

    atendimento multidisciplinar, especializados nas reas psicossocial, jurdica e de sade.

    Na ausncia dos juizados de violncia domstica e familiar, a competncia ficar com a

    vara criminal - que tambm acumular a competncia civil.

    Nenhum benefcio da Lei 9.099/95 poder ser aplicado a crime de violncia domstica e

    familiar contra a mulher (p.e. transao, suspenso condicional do processo)

    AULA 04

    A Lei 11.340/2006 uma lei para proteo exclusiva de mulheres. constitucional,

    pois trabalha em um sistema de proteo levando em conta situaes de vulnerabilidade.

    Atravs de estatstica criminal constatou-se que a maior vtima no caso de violncia

    domstica a mulher, no o homem.

    A aplicao da Lei Maria da Penha condicionada ao preenchimento de requisitos:

    violncia e vulnerabilidade.

    Violncia + vulnerabilidade + mulher = aplicao da Lei Maria da Penha

    (pelo menos um dos tipos de violncia e vulnerabilidade devem estar presentes)

    VIOLNCIA

    a Lei Maria da Penha apresenta 5 espcies de violncia: fsica, sexual, psicolgica,

    patrimonial e moral.

    Violncia psicolgica e moral - violncia psicolgica , p. e., o crime de ameaa e a

    violncia moral , p.e., a injria.

  • VULNERABILIDADE

    Ambiente domstico (casa, trabalho), relao familiar e relao ntima de afeto.

    Consideraes sobre a relao ntima de afeto

    i) relacionamento espordico, no habitual ("ficar") no caracteriza situao de

    vulnerabilidade porque no h intimidade;

    ii) relao ntima de afeto dispensa a coabitao;

    iii) a mulher tem proteo tambm contra ex-namorado.

    AULA 05

    Hipteses de ampliao jurisprudencial de aplicao da Lei Maria da Penha:

    1- Homem faz jus proteo da Lei Maria da Penha?

    Trata-se de exceo, mas podem ser vtimas de violncia domstica (TJ/MS, TJ/MT e

    TJ/MG j decidiram pela aplicao).

    H duas correntes sobre o tema:

    1 corrente:

    A Lei 11.340/06, apesar de criada para a mulher, pode servir aos homens, aplicando-se-

    lhes as medidas protetivas de urgncia quando constatada sua vulnerabilidade, bastando

    o Magistrado valer-se do seu poder geral de cautela.

    2 corrente:

    CONFLITO NEGATIVO DE COMPETNCIA. CRIME DE AMEAA PRATICADO

    NO MBITO DOMSTICO. VTIMA DO SEXO MASCULINO.

    INAPLICABILIDADE DA LEI 11.340/06, QUE PREV MECANISMOS DE

    PROTEO DA MULHER ENQUANTO VTIMA. DELITOS DE MENOR

    POTENCIAL OFENSIVO. COMPETNCIA DO 2 JUIZADO ESPECIAL

    CRIMINAL. CONFLITO DE COMPETNCIA JULGADO PROCEDENTE. - O

    sujeito passivo a mulher, eis que a violncia cometida pressupe uma relao

    caracterizada pelo poder e submisso sobre a mulher, sendo que se est a resguardar a

    mulher enquanto vtima, no sendo, portanto, aplicvel a lei 11.340/06 ao presente caso,

    eis que se esta a apurar suposto crime de ameaa cometido contra pessoa do sexo

  • masculino. - Desse modo, no sendo aplicvel ao presente caso a Lei 11.340/06, bem

    como tratando-se de delitos de menor potencial ofensivo, de rigor que se julgue

    procedente o Conflito Negativo de Competncia suscitado para declarar competente o

    2 Juizado Especial Criminal do Foro Central da Comarca da Regio Metropolitana de

    Curitiba.

    (TJ-PR, Relator: Naor R. de Macedo Neto, Data de Julgamento: 02/12/2010, 1 Cmara

    Criminal em Composio Integral)

    2- A Lei Maria da Penha aplicvel a transexual?

    Se juridicamente for mulher, h proteo, conforme decidiu o STJ no REsp 827962.

    3- Namoradas

    Incide, pois a Lei clara quando afirma sua aplicao "sem distino de orientao

    sexual".

    4- Casal homossexual de 2 homens.

    No se aplica.