lei sobre os direitos de autor n° 101/iii/90 de 29 de ... · 4. silo, pntre outras, objecto do...

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Sábado, 29 de Dezembro de 1990 Número 52 CABO VERDE REPÚBLICA DE Toda a quer oficial, quer rdaliva (l llllfÚ/l"W,'> à assinatu.ra do Boletim Oficial dN'f' Sl'r I'IIL'iada à da Imprensa Nacional, na cidade da !'raia. () I'rc\'f) dos a/lúncios é dt' , .... ;$ a hnha. Quancú) I) ll"Úfll'io lo" de tabelas illlf'r('a/wins 1/0 texlo f) respl'l'fl/'O d-f' ,'J()%. Não Sl'rüo puhheudns anúncios quI' nJo venha.m acompanhados da tmportâfu'ia para Marantir (J seu custo. ASSINATUIV\S: Ano Semestre Para o país. 1600$ I 100$ Para .paí:-;cs de cxpre..... süo t-i0rtugl.lesa .. 2200$ 1100$ Para outros país<'B 2600$ I ROO$ AVl;LSO por cada página. 4$ OoS períodos de R&<.\inaturns. contam-Me por ano.."\ civis c seus !-\clTlc:..tre.s. Os números publicadoti de ser tomada a assinatura, sào considerado.. ... venda avulsa. PREÇO DESTE NÚMERO - 128$00 Todos os originais com destino ao Boletim Oficial devem ser enviadi)s à Administração da Imprensa Nacional até à.<; 16 horas de QuinlaIeira de cada semana. 0,<; que () {orem cú!pois d.a data fixada ficarã.o para o númerO da semana segu.inte. Os oriuinais dos vários públicos füverão COlllpr (1 ufisinalura do chefe, autenticada com o respeclú:o selo branco. SUPLEM,ENTO SUMÁRIO ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR: Lei 101fIIU90: Dl'fin(' os direitos do auto!". Lei 102IIfI/90: Estabelece as bases do património cultural. Estahelec(' as bases do sistema educntivo. Resolução n" 40/lJI/90: Delega os poderes à Mesa da Assembleia Nacional Popular para aprovar as Actas das 9" e lO" Sessões Legislativas Ordi nárias e a Acta da 2" S('ssão Legislativa Extraordinária. Resolução n" 41/lIT/90: Delibera a não satisfação da petiçiío submetida à Assembleia Na- cional Popular pelo Dr. Lídio Silva, pn'sidente da Uniiío Cab- ovcrdeana Independente (' DemocnHica - UCID. ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR Lei 101/111/90 de 29 de Dezemhro A Assemhleia Nacional Popular, decreta nos termos da alínea bi do artigo 58 9 da Constituição o seguinte: TÍTULO I Disposições gerais CAPÍTULO I Objecto e definições Artigo l° (Objecto) A presente lei tem como objecto a protecção das obras artísticas e -científicase·dos dircito8 dos respectivos autores, e visa estimular a criação e produção do trabalho intelectual na área da literatura, da arte e da ciência. Artigo 2" (Campo de aplicação da lei) A presente lei aplica-se: a) A lodas as obras literárias, artísticas e cientí- ficas\ cujos autores sejam cidadãos cabo-ver- dianos ou tenham a sua residência habilual no território da República de- Cabo Verde; b) Às obras publicadas pela primeirn vez no ter- ritório da República de Cabo Verde, quais- quer que sejam a nacionalidade e o país de residência do seu autor; c) Às obras de autores estrangeiros não resi- dentes no território da República de Cabo Verde, publicadas posteriormente à entrada em vigor desta lei, de acordo com as obrigações decorrentes de convenções inter- nacionais a que a República de Cabo Verde

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  • Sbado, 29 de Dezembro de 1990 Nmero 52

    CABO VERDEREPBLICA DE

    Toda a ('(Jrr(,sf!()ndru~ia quer oficial, quer rdaliva (l llllf/l"W,'> f~ assinatu.ra do Boletim Oficial dN'f' Sl'r I'IIL'iada Admin;'ra~'o da Imprensa Nacional, na cidade da !'raia.

    () I'rc\'f) dos a/lncios dt' , ....;$ a hnha. Quanc) I) ll"fll'io lo" l~xdusiUlfnt;nll' de tabelas illlf'r('a/wins 1/0 texlo St~rd f) respl'l'fl/'O f~sIJa~'()

    acn~.

  • 2 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE N 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    tenha aderido ou venha a aderir, ou desde que se verifique reciprocidade quanto proteco das obras dos autores cabo-verdianos, nos respectivos pases.

    Artigo ao (Natureza da proteco)

    l. A proteco garantida pela presente lei independente de qualquer formalidade, depsito ou registo, e bem assim do gnero, forma de expresso, contedo, mrito, destino ou modo de utilizao das obras a que se aplica.

    2. O direito de autor sobre a obra independente do direito de propriedade sobre as coisas materiais que lhe servem de suporte ou de veculo para a sua utilizao e dos direitos de propriedade industrial que possam existir sobre a obra.

    Altigo 4"

    (Limites)

    Os direitos que a presente lei reconhece aos autores de obras literrias, artsticas e cientficas devem exercer-se de harmonia com os objectivos e os interesses superiores da Repblica de Cabo Verde e dos princpios em que assenta, e com a necessidade social de uma ampla difuso dessas obras.

    Artigo 5

    (Definio de direito de autor)

    1. Por direito de autor entende-se a faculdade exclusiva que os autores de obras liten ~'ias, artsticas e cientficas tm de fruir, utilizar e E'\plorar as mesmas ou autorizar a sua fruio, utilizao e explorao por terceiros, no todo ou em parte, nos termos e dentro dos limites da presente lei.

    2. O direito de autor compreende direitos de caract patrimonial e pessoal, designando-se estes ltimos por direitos morais.

    3. Os direitos de caractr patrimonial so transmissveis por todos os modos admitidos em direito e os morais s podem ser transmitidos nos termos da presente lei.

    Artigo 6"

    (Outras definies)

    Para efeitos da presente lei, entende-se por:

    a) Obra - a criao intelectual no domnio literrio artstico e cientfico, por qualquer modo exteriorizada que, como tal protef,rida nos termos desta lei, incluindo-se nessa proteco os direitos dos respectivos autores;

    b) Obra publicada - aquela que foi posta disposio do pblico com o consentimento do autor, seja qual for o modo de reproduo e fabrico dos respectivos exemplares;

    c) Obra publicada pela primeira vez - aquela cuja primeira publicao haja sido feita na Repblica de Cabo Verde ou que tendo sido primeiramente publicada num pas estrangeiro, haja sido tambm publicada na Repblica de Cabo Verde dentro de 60 dias a contar daquela publicao;

    d) Obra de colaborao - aquela que foi criada por uma pluralidade de pessoas, quer possa discriminar-se, quer no, a contribuio individual de cada uma delas;

    e) Obra colectiva - aquela que foi organizada por iniciativa e sob a responsabilidade de uma entidade singular ou colectiva e publicada sob o seu nome;

    f) Obra compsita - aquela em que se encorpora, no todo ou em parte, uma obra preexistente, com autorizao do autor desta mesma sem a sua colaborao;

    g) Obras audiovisuais - aquelas que consistem no registo de sons, imagens ou sons e imagens num suporte material suficentemente estvel e duradouro, por forma a permitir a sua percepo, reproduo ou comunicao de modo no efmero;

    h) Obras de folclore - o conjunto das obras criadas no territrio da Repblica de Cabo Verde por autores annimos ou de identidade desconhecida transmitidas por sucessivas geraes e que constituem um dos elementos fundamentais do patrimnio cultural tradicional cabo-verdi ano;

    i) Comunicao pblica - o acto pelo qual uma obra literria) artstica ou cientfica se torna acessvel ao pblico, seja qual for o meio utilizado;

    j) Representao - o acto pelo qual uma obra dramtica, dramtico-musical, coreogrfica ou musical, com ou sem palavras, representada, executada ou recitada em pblico por qualquer meio;

    l) Reproduo - o fabrico de um ou vrios. exemplares de uma obra literria, artstica ou cientfica sob qualquer forma material e por quaisquer meios, incluindo a edio grfica e o registo sonoro ou visual;

    m) Radiodifuso - a difuso de sons) de imagens ou de sons e imagens, por meio de ondas radioelctricas, fio, cabo ou satlite, com a finalidade de recepo pelo pblico em "' geral;

    n) Distribuio - o acto de pr disposio do pblico, directa ou indirectamente, uma quantidade significativa de fonogramas ou videogramas, para venda ou aluguer;

    o) Programa de computador - um conjunto sequencial de dados e instrues destinados a um tratamento informtico com vista produo de um determinado resultado, incluindo a respecti\'a descrio, logaritmo e documentao auxiliar;

    p) Pas de origem - o pas onde teve lugar a. primeira publica:o da obra, nos termos da precedente alnea b);

    q) Direito conexo - a proteco jurdica que se garante aos artistas intrpretes ou executantes pelas suas prestaes.

    -: Artigo 7

    (Obras originais)

    l. So objecto do direito de autor as obras originais no domnio literrio, artstico e cientfico.

    2. As sucessivas edies de uma obra, ainda que C0rrigidas, aumentadas, refundidas O com mudana de ttulo ou formato, no so obras distintas da obra original, nem o so as reprodues de obra de arte, embora com diversas dimenses.

    3. A existncia da obra independente da sua publicao, divulgao, comunicao, utilizao ou explorao por qualquer modo feitas. ---.;

    4. Silo, pntre outras, objecto do direito de autor as seguintes obras:

    a) Os livros, folhetos, revistas, jornais e outros escritos;

  • 3 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE NQ 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    b) As conferncias, lies, alocues, sermes e obras anlogas, tanto escritas como orais;

    c) As obras dramticas e dramtico-musicais; d) As obras musicais com ou sem palavras; c) As obras coreogrficas e as pantominas; f) As obras audiovisuais, compreendendo as

    obras cinematogrficas, videogrficas, radiofnicas e televisivas;

    g) As obras de artes plsticas, compreendendo as obras de pintura, desenho, gravura, escultura, cermica, azulejo, tapearia e litografia;

    h) As obras fotogrficas ou produzidas por qualquer processo anlogo fotografia;

    i) As obras de arte aplicada, quer artesanais, quer realizadas por processos industriais;

    j) As ilustraes, mapas, projectos, esboos e obras plsticas relativas arquitectura, ao urbanismo, geografia, topografia ou s cincias;

    l) Os programas de computador;

    m) As obras de folclore. Artigo 8"

    (Obras derivadas)

    So igualmente protegidas como as ongll1ais, sem prejuzo dos direitos dos autores destas, as seguintes obras:

    a) As tradues, adaptaes, arranjos, instrumentalizaes e outras transformaes de qualquer obra, ainda que esta no seja objecto de proteco ou possa ser livremente utlizada;

    bj As compilaes de obras protegidas ou no, tais como antologias, enciclopdias, dicionrios e compndios, que, pela escolha ou composio das matrias, constituem criaes intelectuais;

    c) As compilaes sistemticas ou anotadas de textos de convenes, leis, regulamentos ou decises administrativas, ou quaisquer rgos ou autoridades do Estado ou da Administrao;

    d) As obras inspiradas no folclore nacional.

    (Ttulo da obra)

    A proteco assegurada s obras literrias, artsticas e cientficas extensiva ao ttulo destas, desde que seja original, no se confunda com o de qualquer outra obra anteriormente publicada e no consista numa designao genrica, necessria ou usual do assunto nelas versado ou no nome de personagens histricas, literrias, ou mitolgicas.

    Artigo lO"

    (Obras no protegidas)

    No constituem objecto de proteco: a) As notcias do dia e os relatos de acontecimen

    tos diversos com carcter de simples informao por qualquer forma divulgados;

    b) As leis e decises dos rgos judiciais e administrativos, bem como os requerimentos, alegaes, queixas e outros textos apresentados perante autoridade ou servios pblicos;

    c) Os discursos polticos, salvo quando reunidos em volume pelos seus autores.

    CAPTULO II Titularidade do direito de autor

    Art.igo ll

    (Regra geral)

    1. Salvo disposio legal ou conveno expressa em contrrio, com especial ressalva dos direitos morais, a titularidade do direito de autor pertence pessoa o'~ pessoas fsicas que criaram a obra, considerandp -se como tais aquelas sob cujo nome ou pseudnimo, esta foi comunicada ao pblico, seja qual fr o meio utilizado para a sua comunicao.

    2. A entidade que apenas subsidia a publicao, a reproduo ou concluso de uma obra, ainda que por motivos de interesse pblico, no adquire a qualidade de autor nem quaisquer direitos sobre a obra, salvo disposio legal ou conveno em contrrio;

    3. No exclui a qualidade de autor e direitos sobre a obra o facto de ela ser feita em encomenda ou por conta de outrem, quer no cumprimento de um dever funcional quer no de um contrato de trabalho.

    Artigo 12

    Gdentificao do autor)

    1. O autor pode indicar a sua qualidade usando o seu nome civil, completo ou abreviado, as suas iniciais, um pseudnimo, um heternimo ou qualquer sinal convencional.

    2. No lcita a utilizao de nome literrio, artstico ou cientfico susceptvel de confundir-se com o de outro anteriormente utilizado para identificar o autor de uma obra divulgada ou publicada, nem o uso de nomes de personagens conhecidas da histria, das letras, das artes ou das cincias.

    Art.igo 13

    (Autor annimo)

    Os direitos relativos a uma obra publicada sem indicao de nome do respectivo aut()r, mas com autorizao deste, sero exercidos, enquanto a sua identidade no fr tornada pblica, pela pessoa singular ou colectiva que tiver procedido publicao da obra.

    Art.igo 14

    (Obra de colaborao)

    1. Salvo acordo expresso em contrrio, o direito de autor relativo a uma obra de colaborao, na sua unidade, pertence em comum a todos os que participam na sua criao, presumindo-se de valor igual a contribuio individual de cada um e aplicando-se ao exerccio comum do direito de autor a regra de compropriedade.

    2. Quando possa discriminar-se a contribuio individual de qualquer dos colaboradores, poder este exercer em relao a ela os seus direitos, desde que no prejudique a utilizao da obra comum.

    Art.igo 15

    (Obra colectiva)

    1. O direito de autor sobre uma obra colectiva atribuido entidade singular ou colectiva que tiver organizado e dirigido a sua criao e em nome de quem tiver sido divulgada ou publicada.

    2. Se, porm, no conjunto da obra cole~tiva puder discriminar-se a produo individual de algum ou alguns colaboradores, aplicar-se-, restritivamente a essa parte, o disposto no nQ2 do artigo 14Q.

    3. Os jornais e outras publicaes peridicas presumem-se obras colectivas, pertencendo aos respectivos proprietrios ou editores o direito de autor sobre os mesmos.

  • 4 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE W 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    Artigo 16

    (Obra compsita)

    Ao autor de obra compsita pertencem exclusivamente os direitos relativos mesma, sem prejuzo dos direitos do ou dos autores das obras preexistentes nela incorporadas.

    Artigo 17

    (Obras de folclore)

    1. A titularidade do direito de autor sobre as obras do folclore caboverdiano pertence ao Estado, que o exercer atravs do departamento governamental responsvel pela rea da cultura sem prejuzo dos direitos daqueles que as recolheram, transcreveram, arranjaram ou traduziram, desde que tais recolhas, transcries, arranjos ou tradues se revistam de originalidade e respeitem a sua autenticidade.

    2. Os exemplares de obras de folclore caboverdiano bem como das respectivas transcries, tradues, arranjos ou outras transformaes, reproduzidos ou realizados no estrangeiro sem autorizao da autoridade competente, s podem ser importados ou distribudos no territrio da Repblica de Cabo Verde mediante autorizao de departamento governamental responsvel pela rea da Cultura.

    Artigo 18

    (Casos especiais)

    1. Salvo acordo expresso em contrrio, e com ressalva dos direitos morais, a titularidade do direito de autor sobre as obras criadas no mbito de um contrato de trabalho ou de prestao de servio ou no exerccio de um dever funcional, pertence pessoa singular ou colectiva responsvel pela sua produo.

    2. No obstante o disposto no nQ 1, o autor tem direito a ser remunerado pelas utilizaes dessas obras que excederem o mbito do contrat.o ou o fim para que foram criadas.

    3. Sem prejuzo dos direitos de cada um dos colaboradores sobre a sua contribuio individual, nem dos autores das obras preexistentes incorporadas, nos termos do nQ 2 dos artigos 14Q e 15Q e do artigo 16Q , a titularidade do direito pertence:

    a) ao respectivo produtor, quando se trate de obra cinematogrfica;

    b) ao organismo de radiodifuso sonora ou visual, quando se trate de emisses radiofnicas ou televisivas;

    c) ao respectivo proprietrio ou editor, quando se trate de jornais, revistas ou outras publicaes peridicas;

    d) entrada que promove a sua elaborao, quando se trate de programas de computador.

    CAPTULO III

    Durao dos direitos e domnio pblico

    Artigo 19"

    (Regra geral)

    1. A durao da proteco concedida pela presente lei ao autor relativamente explorao econmica de uma obra literria, artstica e cientfica compreende a vida do autor e mais 50 anos aps a sua morte, mesmo que se trate de uma pstuma, sem prejuzo do disposto no artigo 24Q

    2. Se a legislao de um pas estrangeiro atribuir ao direito de autor durao diversa da fixada no nQ 1, a durao da proteco reclamada no territrio da Repblica de Cabo Verde para qualquer obra originria desse pas ser a estabelecida no nQ 1, se no exceder a fixada na lei do pas de origem dessa obra.

    Artigo 20"

    (Obras de colaborao ou colectiva)

    1. O direito de autor sobre a obra de colaborao como tal extingue-se apenas 50 anos depois da morte do colaborador que falecer em ltimo lugar.

    2. O direito de autor sobre a obra colectiva extin-guese 50 anos aps a primeira publicao ou divulgao da obra.

    3. O direito de autor relativo s contribuies individuais dos colaboradores de uma obra de colaborao ou colectiva extingue-se 50 anos aps a sua morte.

    4. Se a obra colectiva pertencer a entidade singular o direito de autor estende-se por toda a vida do autor e mais 50 anos aps a sua morte.

    5. No caso de transmisso por acto entre vivos ou de alienao em processo executivo, o prazo de 50 anos contar-se- em relao aos fados da transmisso ou da alienao.

    Artigo 21

    (Obras pstumas)

    A durao da proteco de obras pstumas, em benefcio dos herdeiros e outros sucessores do autor, de 50 anos aps a morte deste.

    Artigo 22

    (Obras annimas)

    1. O direito de autor sobre as obras publicadas anonimamente extingue-se 50 anos aps a sua divulgao ou publicao.

    2. Se, an tes de decorrido esse prazo, a identidade do autor for revelada, a durao da proteco ser a que se estabelece no nQ 1 do artigo 19Q

    Artigo 23

    (Obras audiovisuais)

    1. O direito de autor sobre a obra audiovisual extingue-se 50 anos aps a realizao da obra ou, se esta for divulgada dentro desse prazo, 50 anos aps a sua comunicao ao pblico.

    2. O direito de autor relativo s obras fixadas num fonograma ou num videograma, bem como s preexistentes incorporadas numa obra audiovisual, o que se estabelece no n Q 1 do artigo 199

    Artigo 24

    (Obras fotogrficas ou de artes aplicadas e programas de computador)

    O direito de autor sobre as obras fotogrficas ou de artes aplicadas e sobre os programas de computador extingue-se 25 anos aps a sua realizao.

    Artigo 25

    (Contagem dos prazos)

    1. Os prazos de proteco estabelecidos nos artigos precedentes s comeam a correr no dia 1 de Janeiro do ano seguinte quele em que ocorrerem os factos neles referidos e vigoram at ao ltimo dia do ano em cujo decurso se extinguem.

    2. Se os diferentes volumes ou partes de uma obra forem publicados separadamente e em pocas diferentes os prazos de proteco referidos contam-se, nos termos do nQ 1 antecedente, separadamente para cada um dos volumes e cada uma das partes da obra.

  • 5 SUPLEl'vIENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE N2 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    3. Aplica-se aos nmeros e fascculos das obras colectivas ou publicaes peridicas o disposto no n2 2 antecedente.

    Artigo 2(;

    (Obras de folclore)

    A proteco das obras de folclore ilimitada no t.empo.

    Artigo 27

    (Domnio pblico)

    1. Entende-se que uma obra caiu no domnio pblico quando, cm relao a ela, se extinguiram os direitos conferidos pela presente lei aos respectivos autores ou aos seus sucessores.

    2. Pertencem ao domnio pblico:

    (() as obras em relao s quais decorreram os prazos fixados nos artigos 192 a 25;

    b) as obras de autores falecidos e cuja herana foi declarada vaga a favor do Estado, decorridos 10 anos sem que este tenha utilizado directamente a obra ou autorizado a sua explorao por terceiros;

    c) as obras de folclores. 3. A utilizao e a explorao, com fins lucrativos,

    das obras pertencentes ao domnio pblico livre df'

  • 6 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE N 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    2. A autorizao ser concedida se se provar interesse pblico na reedio da obra e a recusa no se funda em razo material atendvel.

    3. O transmissrio do direito de autor sobre a referida obra no ficar impedido de fazer ou autorizar futuras reedies da mesma.

    4. O processo referido neste artigo seguir, no que fr compatvel, o disposto no Cdigo de Processo Civil.

    5. O tribunal fixar o nmero de exemplares a reproduzir e um montante de direitos a pagar, se no houver acordo entre as partes.

    6. Da deciso cabe recurso com efeito suspensivo, para o Supremo Tribunal de Justia.

    Artigo aso (Participao na maisvalia)

    1. O autor que tiver alienado uma obra de arte original, um manuscrito original ou os direitos de autor sobre uma obra tem direito a uma participao na mais-valia eventualmente obtida, todas as vezes que da sua nova alienao se beneficie o alienante de acrscimo considervel de preo.

    2. A participao consistir numa percentagem sobre o aumento do preo obtido se fr superior a 10 por cento.

    3. No se aplica o preceituado neste artigo se o aumento de preo resultar exclusivamente da desvalorizao da moeda.

    Artigo a6

    (Compensao suplementar)

    1. O autor que alienar por ttulo oneroso o direito de explorao relativo a certa obra intelectual, se por deficiente previso dos lucros provveis da mesma explorao vier a sofrer prejuzo significativo, por estarem os seus proventos em grande desproporo com os lucros auferidos pelo adquirente daqueles direitos, poder reclamar deste uma compensao suplementar.

    2. A compensao referida no n 1 anLerior s exigida se a alienao tiver sido feita por quantia fixa, paga de uma s vez ou em fraces peridicas, ou, no caso da remunerao do autor revestir a forma de participao nos lucros da explorao se esta no tiver sido estabelecida em conformidade com os corren tes em transaces desta natureza.

    Artigo :n (Usucapio)

    O direito de autor no pode adquirir-se por usucapio.

    CAPTULO V

    Direitos morais Artigo aso

    (Contedo)

    So direitos morais do autor de uma obra protegida:

    a) O de reivindicar a paternidade da obra e exigir a meno do seu nome, pseudnimo, heternimo ou sinal distintivo sempre que ela seja publicada, reproduzida ou comunicada ao pblico;

    b) O de defender a genuinidade e a integridade, opondo-se a toda e qualquer deformao, mutilao ou modificao e, de um modo geral, a todo e qualquer acto que a desvirtue ou possa afectar a honra e a reputao do autor;

    c) O de conservar indita a obra, modific-Ia antes ou depois de publicada e comunicada ao pblico;

    d) O de retirar a obra de circulao ou suspender qualquer forma de utilizao ou explorao que haja autorizado salvo o disposto no artigo 4;

    e) O de ter acesso ao exemplar nico ou raro da obra, quando estiver em poder de terceiros, a fim de exercer o direito de publicao, divulgao ou comunicao ao pblico ou utilizao da obra.

    Artigo ;{9

    (Intransmissibilidade dos direitos morais)

    1. Os direitos morais definidos no artigo 39Q so inalienveis, irrenunciveis e imprescritveis, mesmo no caso de transmisso total e aps a morte do autor.

    2. Os direitos morais relativos s obras pertencentes ao domnio pblico so exercidos pelo Estado, atravs do departamento governamental responsvel pela cultura.

    Artigo 40

    (Modificaes)

    1. No so admitidas modificaes na obra sem o expresso consentimento do autor, mesmo nos casos em que, sem ele, a utilizao e explorao da obra sejam lcitos.

    2. Aos sucessores do autor e a terceiros no permi- f tido reproduzir as verses anteriores de uma obra, quando o autor tiver revisto toda ou parte dessa obra e efectuado ou autorizado publicao ou divulgao ne uarietur.

    3. No caso de transformao autorizada de uma obra so lictas as modificaes que se mostrem necessrias, desde que no desvirtuem o sentido da obra original.

    4. Quando uma obra de arquitectura fr executada segundo projecto aprovado pelo dono da obra, e este introduzir nela durante a execuo ou aps a concluso modificaes no autorizadas pelo autor, poder o autor, alm de exigir reparao por perdas e danos, repudiar a paternidade da obra, no sendo licto ao dono invocar para o futuro, em proveito prprio, o nome do autor do projecto.

    Artigo 41

    (Direito de retirada)

    O autor de uma obra j publicada ou comunicada lcitamente ao pblico por qualquer modo pode, a todo o tempo, retir-Ia da circulao ou fazer cessar a sua utilizao ou explorao, desde que indemnize os inte a,ressados dos prejuzos que assim venham a causaI"-lhe, salvo o disposto no artigo 4.

    Artigo 42

    (Direitos morais nos casos de penhora e arrematao do direito de autor)

    1. A penhora e a arrematao do direito de autor sobre determinada obra no privam o autor, no caso de publicao desta, promovida pelo arrematante, do direito de reviso das provas e de correco da obra, nem afectam, de um modo geral, os seus direitos morais em relao s mesmas.

    2. O autor no pode porm, reter as provas por mais de trinta dias, sem motivo justificado, podendo a impresso, neste caso, prosseguir sem a sua reviso.

    CAPTULO VI

    Exerccio do direito de autor Artigo 4:{0

    (Modo de exerccio)

    Os direitos de autor podem ser exercidos pelos seus titulares ou por intermdio dos seus representantes, legais ou voluntrios.

  • 7 SUPLEMENTO AO "BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE N 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    Artigo 449

    (Morte ou ausncia do autor)

    1. No caso de morte ou ausncia de autor nos termos dos artigos 114 e seguintes do Cdigo Civil, compete aos seus herdeiros declarados e presuntivos e sucessores exercer os seus direitos morais e decidir sobre a explorao das suas obras ainda no divulgadas ou publicadas salvo se o autor tiver proibido por qualquer modo a sua divulgao ou publicao.

    2. Caso fr decidida a explorao, os herdeiros gozam de direitos idnticos aos do autor, nos termos do artigo 28~.

    3. Havendo divergncias entre os herdeiros quanto explorao da obra, prevalecer a opinio da maioria, decidindo, em caso de empate, a requerimento de qualquer dos interessados, o tribunal do lugar onde tiver sido aberta a herana.

    Artigo 459

    (Organismos de deff'sa dos autores)

    As associaes e outras instituies constitudas para o exerccio e defesa dos interesses dos autores desempenham essa funo como mandatrios destes, resultando o mandato da simples qualidade de scio ou da inscrio, sob qualquer designao, como benefecirio do servio dos referidos organismos.

    (, Artigo 4{jQ

    (Autores incapazes)

    1. Os autores incapazes so representados, quanto ao exerccio dos seus direitos patrimoniais, em juzo e fora dele, pelos seus representantes legais.

    2. Podero no entanto, exercer os direitos morais definidos desde que tenham para tanto entendimento natural.

    TTULO II

    Utilizaes da obra

    CAPTULO I

    Disposies ger:ais Artigo 479

    (Modos de utilizao)

    1. O autor de uma obra literria, artstica ou cientfica tem o direito exclusivo de fruir, utilizar ou explorar a sua obra no todo ou em parte ou autorizar que

    f terceiros o faam, por qualquer dos modos actualmente conhecidos ou que futuramente o venham a ser.

    2. Para tanto, pode fazer ou autorizar:

    a) A publicao da obra, por impresso ou qualquer outro processo de reproduo grfica, mecnica, electrnica ou outra;

    b) A sua representao, execuo, exposio ou comunicao ao pblico por qualquer meio;

    c) O seu registo audiovisual e respectiva comunicao pblica por qualquer meio;

    d) A sua difuso radiofnica ou televisiva por qualquer processo de reproduo de sinais, sons ou imagens e a respectiva comunicao pblica por qualquer meio;

    e) A sua apropriao directa ou indirecta sob qualquer forma nomeadamente a venda, a distribuio e o aluguer de exemplares da obra reproduzida;

    () A sua traduo, adaptao, arranjo, instrumentao ou qualquer outra transformao, bem como a sua utilizao numa obra diferente.

    3. Cabe exclusivamente ao autor a faculdade de escolher livremente as formas e condies de utilizao e explorao da sua obra, sem prejuzo do disposto nos artigos 39 n 2 e 102.

    Artigo 48

    (Utilizao)

    1. So lcitas, independentemente de autorizao do respectivo autor e sem que haja lugar a qualquer remunerao, as seguintes modalidades de utilizao de obras j licitamente publicadas ou divulgadas, desde que o seu ttulo e o nome do autor sejam mencionados e respeitadas a sua genuinidade e integridade:

    a) A representao, execuo, exibio cinematogrfica e a comunicao de obras gravadas ou radiodifundidas, quando realizadas em lugar privado, sem entradas pagas e sem fins lucrativos, ou em estabelecimentos escolares para fins exclusivamente didticos de investigao ou de formao profissional;

    b) A reproduo por processos fotogrficos ou quaisquer outros similares quando efectuada para fins exclusivamente didticos, de investigao ou de formao profissional, por bibliotecas, arquivos e centros de documentao no comerciais, instituies cientficas ou estabelecimentos de ensino, desde que exemplares reproduzidos no excedam as necessidades do fim a que se destina;

    c) A reproduo de obras includas em reportagens de actualidades filmadas ou televisionadas ou de obras expostas permanentemente em lugar pblico ou em recintos onde tenham sido admitidos representantes dos rgos de Comunicao Social.

    d) A reproduo, pela imprensa, de discursos, conferncias e outras alocues proferidas em lugar pblico ou em recintos onde tenham sido admitidos representantes dos rgos de Comunicao Social;

    e) A citao de curtos fragmentos de obras alheias, sob forma escrita, sonora ou visual quando se justifique por razes de ordem cientifica, crtica, didtica ou de informao, e desde que esses fragmentos no sejam to extensos que prejudiquem o interesse pela obra citada;

    f) A execuo de hinos ou cantos patriticos oficialmente adoptados e de obras de carcter exclusivamente religioso em actos de culto ou cerimnia religiosa;

    g) A reproduo, pelo mtodo Braille ou qualquer outro destinado a cegos, de obras licitamente publicadas, desde que no efectuada com fins lucrativos;

    h) A reproduo, traduo, adaptao, arranjo' ou qualquer outra transformao para uso exclusivamente individual e privado.

    2. O autor que reproduzir em livro ou opsculo os seus artigos ou cartas publicados em jornais e revistas em polmica com outra pessoa poder reproduzir tambm as respostas do adversrio cabendo a este igual direito, mesmo aps a publicao feita por aqele.

    3. Aqueles que publicarem manuscritos existentes em bibliotecas e arquivos pblicos ou particulares, no podem opr-se a que os mesmos manuscritos sejam novamente publicados por outrem segundo o texto original, salvo se essa publicao fr simples reproduo da ligao de quem anteriormente os publicou.

  • 8 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE N2 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    Artigo 49

    (Regime de licenas)

    1. Para fins exclusivamente didticos ou de investigao cientfica, tambm lcito, sem consentimento do autor obter uma licena no exclusiva para traduzir e publicar em portugus ou em cabo-verdiano uma obra j licitamente divulgada que o seu autor no haja retirado de circulao, e ou reproduzi-la, desde que se mostrem preenchidas as condies seguintes:

    a) Hajam decorridos 7 anos sobre a primeira publicao ou reproduo dessa obra na lngua original, ou trs em portugus ou em cabo-verdi ano sem que outra traduo haja sido publicada ou se encontrem esgotados os exemplares da respectiva reproduo dentro desse prazo;

    b) O requerimento da licena prove ter solicitado autorizao para a traduo, publicao ou reproduo ao titular dos respectivos direitos sem que a mesma lhe haja sido concedida;

    c) A traduo, publicao e reproduo se efectuem e os respectivos exemplares sejam distribudos exclusivamente no territrio da Repblica de Cabo Verde, ressalsando-se apenas a exportao de exemplares destinados a cidados cabo-verdianos residentes fora do pas ou organizaes por estes constitudas, dentro dos limites estritamente necessrios e com expressa proibio da sua comercializao;

    d) Seja assegurada ao titular dos direitos de traduo, publicao e reproduo uma remunerao justa e equitativa, conforme os usos internacionais e se proceda sua transferncia em moeda convertvel.

    2. A licena a que este artigo se refere poder tambm ser concedida a um organismo de radiodifuso sonora ou audiovisual com sede na Repblica de Cabo Verde, exclusivamente para os fins indicados no nmero anterior desde que a traduo e a reproduo se efectuem a partir de exemplares licitamente produzidos. A licena poder compreender, alm da obra publicada sob forma impressa ou outra anloga os textos incorporados ou integrados em fixaes audiovisuais destinadas a uso escolar e cientfico.

    3. O ttulo e o nome de autor da obra original devero ser indicados em todos os exemplares da traduo publicada ou das suas reprodues.

    4. A competncia para outorgar as licenas a que se referem os nmeros 1 e 2 deste artigo, que so intransmissveis, exclusiva do departamento governamental responsvel pela rea da Cultura.

    Artigo 50

    (Processo)

    1. Em caso de litgio suscitado pelo exerccio de direito previsto no artigo anterior, o processo seguir no que fr compatvel o disposto no Cdigo do Processo Civil.

    2. A aco deve ser intentada no tribunal do domiclio do requerente da licena, a qual s ser concedida depois de feita a prova do pagamento da remunerao arbitrada ao titular do direito de autor ou do respectivo depsito ou cauo, no caso de o contacto com este se ter mostrado impossvel.

    3. Da deciso cabe recurso, com efeito suspensivo, para o Supremo Tribunal de Justia.

    CAPTULO II

    Das utilizaes em especial SEcAo I

    Do contrato de edio

    Artigo 51

    (Conceito)

    Pelo contrato de edio, o autor de uma obra autoriza o editor a reproduzi-la graficamente, distribu-la e pr venda os respectivos exemplares entendendo-se) salvo conveno em contnirio que essa autorizao vlida apenas para uma edio.

    Artigo 52

    (Excluses)

    1. No se considerahl contratos de edio:

    a) O acordo pelo qual uma pessoa se obriga, contra o pagamento de certa quantia pelo titular do direito de autor sobre uma obra, a produzir, nas condies estipuladas, certos nmeros de exemplares dessa obra e a assegurar a sua distribuio e venda por conta do titular do direito;

    b) O acordo pelo qual o titular do direito do autor lI" sobre uma obra, fazendo produzir por sua conta certo nmero de exemplares dessa obra apenas cometa a outrem o encargo do depsito, distribuio e venda dos exemplares mediante o pagamento de certa comisso ou qualquer outra forma de retribuio;

    c) Qualquer acordo pelo qual se estabelea apenas a retribuio fixa ou proporcional da entidade que se encarregar da reproduo ou da distribuio e venda dos exemplares da obra, correndo todos os riscos por conta do titular do direito do autor;

    d) O acordo pelo qual o titular do direito de autor sobre uma obra encarrega a outrem de produzir por conta prpria determinados nmeros de exemplares dessa obra e de assegurar a sua distribuio e venda quando as partes convencionem dividir entre si os lucros ou prejuizos, de explorao.

    2. Os contratos referidos no nmero 1 antecedente, alneas a), b) e c), regem-se pela estipulao nelas ex aradas, pelas disposies legais relativas aos contratos de prestao de servios e pelas, vias correntes no comrcio.

    3. O contrato referido no nmero 1 antecedente, alnea d), rege-se pelas estipulaes especiais dele constantes, pelas vias correntes no comrcio e, subsidiariamente, pelos preceitos relativos conta em participao.

    Artigo 53

    (Forma e contedo)

    1. O contrato de edio deve ser reduzido a escrito, sob pena de nulidade, e dele devem constar obrigatoriamente os prazos de entrega da obra e concluso da edio, nmero de exemplares, preo de cada um, montante dos direitos a pagar ao autor e modalidades do pagamento, bem como os termos da sua resoluo.

    2. O contrato de edio pode ter por objecto uma ou mais obras, inditas ou publicadas, existentes ou futuras, com a limitao neste ltimo caso do artigo 33

  • 9 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE N 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    Artigo 54

    (Obrigaes do autor)

    O autor obrigado: a) A entregar ao editor, dentro do prazo ajus

    tado, a obra que objecto do contrato de edio e cujo original propriedade sua;

    bJ A assegurar ao editor o exerccio dos direitos emergentes do contrato de edio contra todos os enlbaraos e turbaes provenientes de eventuais direitos de terceiros em relao obra, salvo se os embaraos e turbaes resultarem de mero facto de terceiros;

    c) A no contratar com outro editor da obra na mesma lngua enquanto no estiver esgotada a edio ou no tiver decorrido o prazo que para tal efeito haja sido estipulado no contrato, salvo o disposto nos artigos 562 e 582 da presente lei.

    Artigo 55

    (Obrigaes do editor)

    O editor obrigado: a) A executar ou promover reproduo da obra

    pela forma, nas condies e dentro do prazo estipulado no contrato da edio;

    b) A respeitar a integridade da obra, sendo-lhe vedado introduzir nela quaisquer modificaes sem o consentimento expresso do autor;

    c) A facultar ao autor, pelo menos, uma prova de granel, uma prova de pgina, o projecto e a prova da capa, que o autor dever rever e corrigir dentro do prazo de 30 dias, se outro no fr convencionado no contrato;

    d) A mencionar o nome, o pseudnimo, e heternimo ou outro sinal convencional adoptado pelo autor em todos os exemplares da obra;

    e) A consagrar execuo da edio o cuidado necessrio para que a reproduo da obra se faa nas condies convencionais, e a promover, com a diligncia normal no comrcio, a distribuio dos exemplares produzidos;

    f) A pagar ao autor os direitos ajustados, pela forma e nos prazos convencionados, e a permitir a fiscalizao da tiragem por todos os meios, designadamente atravs do exame da escriturao comercial do editor ou da em

    ... presa que produziu os exemplares; g) A restituir ao autor o original da obra, objecto

    do contrato, depois de reproduzida. 2. No se considera modificao da obra a actua

    lizao ortogrfica e a correco de erros gramaticais, efectuada com o consentimento do autor, em harmonia com as regras oficiais vigentes.

    Artigo 5GO

    (Produo de exemplares em nmero inferior ao convencionado)

    O editor que produzir exemplares em nmro inferior ao convencionado poder ser coagido a completar a edio, e se no o fizer, poder o autor promover, a expensas do editor, a promoo dos exemplares em falta, sem prejuizo de exigir deste indemnizao por perdas e danos.

    Artigo 57

    (Produo de exemplares em nmero superior ao convencionado)

    Se o editor produzir exemplares em nmero superior ao convencionado, poder o autor mandar apreender os exemplares a mais e apropriar-se deles.

    Artigo 58

    (Remunerao)

    1. O contrato da edio presume-se celebrado a ttulo oneroso.

    2. A remunerao do autor ser a que fr estipulada no contrato de edio e poder consistir numa quantia fixa a pagar pela totalidade da edio numa percentagem sobre o preo de venda ao pblico de cada exemplar, na cedncia de um certo nmero de exemplares ou numa prestao estabelecida em qualquer base, podendo sempre recorrer-se combinao de algumas destas modalidades.

    3. Se a remunerao consistir numa percentagem sobre o preo de venda dos exemplares produzidos, o editor obrigado a prestar contas ao autor de seis em seis meses, se outro prazo no fr convencionado.

    4. A falta de cumprimento da obrigao constante do n 3 d ao autor o direito de exigir do editor a prestao judicial de contas e de requerer exame sua escrita.

    ArLigo 590

    (Venda em saldo ou a peso)

    Se dez anos aps a publicao da obra, a edio no estiver esgotada, o editor poder vender em saldo ou a peso os exemplares existentes, notificando previamente o autor, que tem direito de preferncia na respectiva aquisio.

    Artigo 600

    (Obras completas)

    1. O autor que contratou com um ou mais editores a edio seprada de cada uma das suas obras tem a faculdade de contratar com outro editor a edio completa das mesmas.

    2. O contrato para edio completa das obras de um autor autoriza o editor a editar em separado qualquer das obras compreendidas nessa edio nem prejudica o direito do autor de contratar a edio em separado de qualquer destes.

    Artigo GIo

    (Obras futuras)

    edio de obras futuras aplica-se o disposto do artigo 322 .

    Artigo G2

    (Transmisso de direitos)

    1. A autorizao para editar uma obra no importa a transmisso para o editor dos direitos emergentes do contrato, nem lhe confere o direito de traduzir, adaptar ou transformar a obra que objecto do contrato.

    2. O editor no pode, sem consentimento do autor ceder ou transmitir a terceiros, por ttulo gratuito ou oneroso os seus direitos emergentes do contrato de edio, salvo no caso de trespasse do seu estabelecimento comercial.

    3. No caso de trespasse, pelo editor, do seu estabelecimento comercial, o autor ter dreito a ser indemnizado dos prejuzos morais e materiais que lhe advierem da operao realizada.

    Artigo 6:~o

    (Reciso do contrato de edio)

    O contrato de edio rescindido: ~

    a) No caso de falncia do editor salvo se dentro do prazo de seis meses, a contar da declarao da falncia, fr resolvido nos termos do Cdigo de Processo Civil, cumprir os contratos celebrados, fr realizado o trespasse do estabelecimento em globo;

  • 10 SUPLEMENTO AO BOLEUM OFICIAL" DE CADO VERDE N2 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    b) No caso de morte do editor, se o estabelerimento no continuar na posse de alguns dos herdeiros.

    c) No caso de o autor morrer ou ficar impossibilitado de completar a obra;

    d) Se devidamente notificado pelo autor para concluir a edio, nos termos por contrato de edio, o editor no o fizer dentro do prazo razovel que para tal lhe fr designado pelo autor.

    SECO II

    Da representao e execuo

    Artigo 64

    (Conceito)

    Pelo contrato de representao ou de execuo pblica, o autor autoriza a representao da sua obra dramtica, dramtico-musical ou coreogrfica, ou a execuo da sua obra musical, literria ou literrio-musical, em qualquer lugar a que o pblico tenha acesso, com ou sem entradas pagas.

    Artigo G5

    (Excluses)

    No se consideram abrangidas na autorizao para representar ou executar uma obra a transmisso radiofnica ou televisiva, a captao cinematogrfica ou qualquer outro modo de reproduo ou comunicao do espetculo em que a obra utilizada.

    Artigo G6

    (Obrigaes do empresrio)

    1. O empresrio que organiza o espectculo em que so representadas ou executadas as obras referidas no artigo anterior obrigado a obter dos respectivos autores prvia autorizao para a sua utilizao no espectculo.

    2. Considera-se empresrio, para efeitos deste artigo, a pessoa singular ou colectiva que, a ttulo eventual ou de modo permanente organ iza em local aberto ao pblico o espectculo em que so representadas ou executadas as referidas obras.

    3. O empresrio obrigado a assegurar a representao e execuo em condies tcnicas que permitam o respeito dos direitos patrimoniais e morais do autor da obra representada ou executada, no podendo introduzir quaisquer modificaes na obra sem o prvio consentimento do autor e nem podendo transmitir a terceiros os direitos emergentes do contrato.

    ~", Artigo ()70

    (Direito do autor)

    Do contrato de representao derivam para o autor, salvo estipulao expressa em contrrio, os seguintes direitos:

    a) De introduzir na obra, independentemente do consentimento de outra parte, as alteraes que julgar necessrias, desde que no prejudiquem a sua estrutura global nem diminuirem seu interesse dramtico ou espectacular;

    b) De ser ouvido sobre a distribuio dos papis, quando se trate de representao de uma obra dramtica;

    c) De assistir aos ensaios e fazer as necessrias indicaes quanto a interpretao da sua obra, bem como de ser ouvida sobre a escolha dos colaboradores da realizao artstica da obra;

    d) De se op r representao, enquanto no considera r suficientemen te ensaiada a representao e asseguradas as condies de xito da mesma;

    e) De ter livre acesso ao local da representao para efeitos de fiscalizao da mesma, podendo para tanto fazer-se representar.

    Artigo 61>

    (Reduo a escrito)

    O contrato de representao deve ser reduzido a escrito e dele constaro obrigatoriamente o prazo pelo qual a autorizao para a representao ou execuo concedida, o local onde as mesmas tm lugar e a modalidade de pagamento dos direitos, que pode ser uma percentagem sobre as receitas, uma quantia fixa por cada representao ou execuo, ou qualquer outra.

    Artigo 6~)0

    (Presuno de gratuitidade)

    Presume-se gratuita a autorizao para representar concedida a amadores.

    Artigo 70"

    (Licena, autorizao ou visto policial)

    Sempre que uma representao seja dependente de licena, autorizao ou visto policial ser necessrio, obt-los, a exibio, perante autoridade competente, de documento donde conste que o autor da obra deu consen timento para representao.

    Artigo 71

    (Resciso do contrato)

    O contrato de representao pode ser especialmente rescindido nos seus seguintes casos:

    a) Por insistentes e inequvocas manifestaes de desagrado por parte do pblico;

    b) Por suspenso ou proibio da representao por autoridade pblica;

    c) Se a obra a que respeita estiver incompleta ou por comear, no caso da morte ou da incapacidade fsica do autor.

    SECO III

    Da IlXao e comunicao audiovisual

    SUBSECO I

    Da produo cinematogrfica

    Artigo 72

    (Contrato de utilizao cinematogrfica)

    1. Pelo contrato de utilizao cinematogrfica o produtor adquire o direito de produzir, distribuir e exibir uma obra cinematogrfica com prvia autorizao dos respectivos autores.

    2. A autorizao referida no nmero anterior, implica o direito de reproduzir, distribuir e exibir ou fazer exibir a obra cinematogrfica explor-Ia economicamente.

    3. Essa mesma autorizao no abrange a transmisso televisa da obra cinematogrfica nem a sua reproduo sob forma de videograma ou a sua explorao e comunicao ao pblico por qualquer destes meios.

    Artigo n (Produtor)

    1. O produtor de uma obra cinematogrfica a pessoa singular ou colectiva responsvel pela sua produo e completa realizao, quer sob o aspecto tcnico, quer sob o financeiro.

  • 11 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL" DE CABO VERDE NQ 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    SUBSECO III

    Da radiodifuso e televiso

    AJ-tigo 79

    (Autorizao)

    2. O produtor s pode introduzir na obra cinematogrfica as modificaes que forem determinadas por exigncia da tcnica, desde que no altere o sentido da obra.

    Artigo 74

    (Autores)

    1. Consideram-se autores ela obra cinematogrfica, o realizador, os autores do argumento, da adaptao, dos dilogos e das composies musicais, com ou sem palavras, criadas especialmente para essa obra.

    2. Os direitos dos autores de obra pr-existentes uti lizados na produo da obra cinematogrfica, so reconhecidas nos termos da parte final do artigo 16~.

    Artigo 75

    (Concluso da obra)

    Considera-se completa a obra cinematogrfica, quando o realizador e o produtor hajam estabelecido, de comum acordo a verso definitiva, cuja matriz em C:1S0 nenhum poder ser destruda.

    SUBSECO II

    Da fixao fonob,.,.:ifica e videogr,fica

    Al-tigo 7(j

    (mbito da autorizao)

    1. Pelo contrato de utilizao cinematogrfica, o produtor adquire o direito de produzir, distribuir e exibir uma obra cinematogrfica, com prvia autorizao dos respectivos autores.

    2. A autorizao para fixar e reproduzir, por qualquer processo uma obra literria artstica ou cienWica num fonograma, apenas habilita aquele a quem concedida a proceder ao seu registo e a vender os exemplares produzidos mas no a executar ao pblico, transmitir pela rdio ou televiso ou comunicar ao pblico, por qualquer modo a obra fixada nem a alugar os respectivos exemplares.

    3. A compra de um exemplar do fonograma ou videograma no d ao adquirente o direito de os utilizar para quaisquer fins de comunicao pblica das obras nela fixadas, reproduo, venda ou aluguer com fins comerciais.

    Artigo 77"

    (Fixao anterior)

    A obra musical e a respectiva letra que j tenham sido ohjecto de uma fixao fonogrfica autorizada podem ser novamente fixadas sem necessidade de o consentimento do autor, ao qual todavia devida uma remunerao equitativa.

    Artigo 7Ho

    (Obrigaes do produtor)

    1. O produtor fonogrfico ou videogrfico, entendendo-se como tal a pessoa singular ou colectiva que pela primeira vez fixa os sons, imagens provenientes de uma execuo ou registo, obrigado a fazer imprimir neles ou na respectiva etiqueta um nome, pseudnimo ou sinal distintivo do autor da obra fixada.

    2. O produtor no pode, mesmo alegando necessidade de ordem tcnica, introduzir quaisquer modificaes na obra fixada, nem pode adapt-la, arranj-la ou transform-la sem consentimento do autor, transmitir a terceiros os direitos emergentes do contrato ou alienar a respectiva matriz, excepto no caso de trespasse do seu estabelecimento.

    A autorizao para transmitir uma obra pela rdio e televiso geral para todas as emisses, directas ou em diferido, feitas pelo organismo que a obteve.

    Artigo 80

    (Limites de autorizao)

    1. A autorizao concedida para a transmisso pela radiodifuso sonora ou visual de uma obra no compreende a faculdade de fixar nem de a comunicar em qualquer lugar pblico por altifalantes ou qualquer outro processo utilizado para a difuso de sinais, sons e lmagens.

    2. A faculdade referida no n 1 antecedente depe 12@de autorizao prvia, confere ao autor da obra o direito a unla remunerao suplementar prvia e exclusiva, para emisses a partir do territrio nacional cabo-verdi ano.

    Artigo HI

    (Fixaes efmeras)

    1. Sem prejuzo do disposto no artigo 64, so lcitas as fixaes efmeras de obras audiovisuais cuja radiodifuso tenha sido autorizada, exclusivamente para efeitos de transmisso diferida pelo organismo e obteve a autorizao, devendo os respectivos registos, quando no se revistam de interesse excepcional a ttulo de documentao, ser destrudo no prazo mximo de seis meses.

    2. Os registos a que este artigo se refere no podem ser transmitidos por qualquer ttulo gratuito ou onoreso.

    Artigo H2

    Gdentificao do autor)

    As estaes emissoras devem anunciar, antes do acto de emisso, o nome, pseudnimo ou qualquer outro sinal que identifique o autor da obra radiodifundida, bem como o ttulo deste.

    SECO IV

    Das artes plsticas e fotografia

    Artigo 83

    (Direitos dos autores)

    1. Os autores das obras enunciadas nas alneas g), n QhJ, i) e jJ do artigo 7Q 4, bem como de obras de artes

    plsticas inspiradas no folclore, tm o direito:

    a) De as expr ou autorizar terceiros a exp-las publicamente;

    bJ De as reproduzir ou autorizar terceiros a reproduzi-Ias.

    2. Salvo conveno expressa em contrrio, a alenao destas obras envolve o direito de as ex pr.

    3. Sempre que uma destas obras seja exposta ou reproduzida, obrigatria a meno do nome, pseudnimo ou sinal de identificao do autor.'"

    Artigo IM

    (Fotografias)

    1. Para que uma obra fotogrfica seja protegida necessrio que, pela escolha do seu objecto ou pelas condies da sua execuo, possa considerar-se corno criao artstica pessoal do seu autor.

  • 12 SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL DE CABO VERDE W 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    2. A alienao negativa de uma obra fotogrfica importa, salvo conveno expressa em contrrio, a transmisso dos direitos referidos no n 1 do artigo antecedente.

    3. A reproduo e comunicao pblica de fotografias de pessoas esto sujeitas s restries da lei civil sobre o direito imagem.

    4. A exposio ou difuso por qualquer modo da fotografia ou da pelcula fotogrfica de uma operao cirrgica depende da autorizao, tan to do cirurgio como da pessoa operada.

    SECO VI

    Dos jornais e publicaes peridicas

    Artigo 85

    (Direitos do autor e do proprietrio ou editor)

    1. Sem prejuzo do disposto em legislao especial e no nmero 3 do artigo 152 desta lei, o direito de autor relativo a obras publicadas com ou sem assinatura, em jornais ou outras publicaes peridicas, ainda que criadas em cumprimento de um contrato de trabalho, pertence aos respectivos autores e s estes as podem reproduzir em separado.

    2. Quando a obra publicada em cumprimento de contrato de trabalho, a sua reproduo no pode fazer-se seno decorridos trs meses sobre a data em que hajam sido publicadas, salvo autorizao do proprietrio do jornal ou publicao.

    3. O proprietrio ou editor do jornal ou publicao perodica pode reproduzir, sem autorizao do autor, os nmeros em que foram publicadas as obras a que se refere o nmero 1 deste artigo.

    Artigo 86

    (Artigos de actualidade)

    Os artigos de actualidade de discusso econmica, poltica, social, cultural ou religiosa podem ser reproduzidos pela imprensa, se a reproduo no tiver sido expressamente reservada pelo respectivo autor, mas o nome ou pseudnimo deste e origem do artigo devem sempre ser indicados.

    TTULO III

    Direitos conexos Artigo 87

    (Definio)

    Constitui direitos conexos a proteco jurdica que se garante aos artistas intrpretes ou executantes, aos produtores de fonogramas e de videogramas e aos organismos de radiodifuso pelas suas prestaes.

    Artigo 88

    (Contedo)

    As prestaes dos artistas intrpretes ou executantes, so protegidas pelo reconhecimento dos direitos conexos.

    Artigo 89

    (Aplicao)

    A proteco dos direitos conexos aplicvel, sem prejuzo dos direitos reconhecidos aos autores da obra utilizada.

    Artigo ~Oo

    (Remisso)

    As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se no que couber aos direitos conexos.

    Ari.igo 91

    (Requisitos)

    1. O artista intrprete ou executante protegido desde que se verifique uma das seguintes condies.

    a) Que seja de nacionalidade cabo-verdiana;

    bJ Que a prestao ocorra em Cabo Verde;

    c) Que a prestao original seja fixada ou radiodifundida pela primeira vez em Cabo Verde.

    Artigo 92

    (A u torizao)

    1. O artista intrprete ou executante goza de direito exclusivo de autorizar a fixao, reproduo, radiodifuso e comunicao pblica das suas interpretaes ou execues.

    2. A autorizao deve ser dada por escrito. Artigo 9:lo

    (Casos psp"ciais)

    1. Os direitos conexos rplativos a prestao do artista intrprete ou executante, executada em cumprimento do contrato de trabalho ou por encomenda, pertencem, salvo conveno em contrrio, entidade patronal ou pessoa que fez a encomenda.

    2. O artista intrprete ou executante goza do direito de exigir que o seu nome seja indicado em todas as suas interpretaes ou execues e a opr-se, durante a sua vida, a qualquer deformao, mutilao ou atentado sobre a sua prestao que lesione o seu prestgio e a sua reputao.

    3. Por sua morte e durante prazo de quinze anos os seus herdeiros gozam dos poderes referidos no n 2.

    Artigo 94

    (Prazo de durao da proteco)

    A proteco do artista intrprete ou executante subsiste pelo perodo de quarenta anos contados do primeiro dia do ano subsequente quele em que ocorreu o facto gerador da proteco.

    TTULO IV

    Violao e defesa dos direitos

    Ali.igo 95

    (Violao de direitos patrimoniais)

    1. Comete o crime de usurpao aquele que, por qualquer forma, utilizar, no todo ou em parte, uma obra literria artstica ou cientfica sem autorizao do respectivo autor ou excedendo os limites da autorizao concedida.

    2. Comete o crime de contrafaco aquele que fraudulentamente apresentar ou utilizar, no todo ou em parte, como sendo criao usa uma obra literria, artistica ou cientfica, uma prestao de artistas intrpretes ou executante de outrem.

    Artigo 96

    (Penalidades)

    1. Os crimes previstos no artigo anterior so crimes pblicos e sero punidos com pena de priso at um ano e multa correspondente elevadas para o d,obro em caso de reincidncia se a infraco no constituir crime punvel com pena mais grave.

    2. A simples negligncia punida com multa at 100000$.

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    SUPLEMENTO AO BOLETIM OFICIAL> DE CABO VERDE NQ 52 - 29 DE DEZEMBRO DE 1990

    Artigo 97"

    (Violao do direito moral)

    Ser punido com as penas previstas no artigo antenor:

    a) Aquele que arrogar a paternidade de uma obra literria, artstica ou cientfica de outrem;

    bJ Aquele que atentar contra a genuidade e a integridade de uma obra literria, artstica ou cientfica,

    Artigo 9H"

    (Aproveitamento de uma oh"a usurpada ou contJ'afeita)

    Ser tambm punido com as penas previstas no artigo anterior aquele que importar, vender, puser venda ou por qualquer modo, distribuir ao pblico no territrio da Repblica de Cabo Verde obra usurpada ou contrafeita, quer os respectivos exemplares tenhlm sido produzidos no pas, quer no estrangeiro,

    Artigo 99

    (Procedimento criminal)

    1. O procedimento criminal relativo aos crimes pre

    ( vistos nesta lei no depende de queixa ou participao, excepto no caso do artigo 962 .

    2. Tratando-se de obras do folclore ou cadas no domnio pblico, a queixa dever ser apresentada pelo departamento governamental responsvel pela cultura.

    A11. igo 100

    (Apreenses)

    1. O titular do direito de autor pode requerer ao tri bunal a apreenso dos exemplares da obra usurpada ou contrafeita, seja qual fr a natureza da obra e a forma da sua violao, bem como dos aparelhos ou instrumentos utilizados na sua reproduo ou comunicao.

    2. A apreenso ser sempre ordenada pela autori dade judicial, sendo competente para a executar, por delegao destn, as autoridades administrativas e poliCIaiS.

    Ar1.igo 101

    (Responsabilidade civil)

    A responsabilidade civil emergente da violao dos direitos previstos nesta lei independente do procedimento criminal a que d origem podendo, contudo, ser exercida em conjunto com a aco penal.

    Artigo 102"

    (Providncia cautelar)

    Sem preJulzo do exerccio da aco civil ou penal, o titular do direito de autor relativo a uma obra literria, artstica ou cientfica, pode requerer s autori dades judiciais, administrativas ou policiais do lugar onde a violao ou ameaa de violao de seu direito se verifique, a imediata suspenso da representao, execufo ou qualquer outra forma de comunicao ao pblico da obra, em curso, sem a devida autorizao.

    Artigo 10a"

    TTULO V

    Disposies finais Artigo 104

    (Organizao de gesto)

    A gesto dos direitos patrimoniais e morais contemplados nesta lei poder ser confiados a organismos de autores, pblicos ou privados dotados de competncia para, em nome e representao destes, conceder as necessrias autorizaes para utilizao e explorao das suas obras, estabelecer as tarifas e proceder cobrana dos direitos correspondentes e sua distribuio pelos respectivos titulares, defender os direitos morais, fiscalizar o cumprimento da lei, constatar as infraces a esta e requerer aos Tribunais as providncias adequadas.

    Artigo 105

    (Revogao)

    Fica revogada toda a legislao anterior sobre esta matria.

    Ariigo 106

    (Entrada em vigor)

    Esta lei entra em vigor 90 dias aps a sua publicao.

    Aprovada em 29 de Novembro de 1990. O Presidente da Assembleia Nacional Popular,

    AM!io Augusto Monteiro Duarte. Promulgada em 26 de Dezembro de 1990.

    Publique-se. O Presidente da Repblica, ARISTIDES MARIA

    PEREIRA.

    Lei n Q 102/111/90

    de 29 de Dezembro

    Por mandato do Povo a Assembleia Nacional Popular, decreta nos termos da alnea b) do artigo 582 da Constituio o seguinte:

    TTULO I

    Princpios fundamentais Artigo l

    (Objecto)

    A presente lei tem por objecto a preservao, a defesa e a valorizao do patrimnio cultural cabo-verdiana.

    Artigo 2

    (mbito)

    O patrimnio cultural cabo-verdiano constitudo por todos os bens materiais e imateriais que, pelo seu valor prprio, devem ser considerados como de interesse relevante para a preservao da identidade e a valorizao da cultura cabo-verdiana atravs do tempo,

    Artigo :io

    (Definies)

    Para os efeitos de aplicao da presente lei entende-se por:

    a) Patrimnio cultural - O conjunto de bens ma(Prova de infraco) teriais e imateriais criados ou integrados

    Fazem f em juzo as participaes elaboradas nos pelo povo Cabo-verdiano ao longo da histtermos do cdigo do processo penal por funcionrios ria, com relevncia para a formao e o depoliciais ou por agentes ajuramentados dos organismos senvolvimento da identidade cultural caboa que se refere o artigo 104Q -verdiana.

    SUMRIOLei n101/111/90 de 29 de DezembroTTULO I Disposies geraisCAPTULO I Objecto e definiesCAPTULO II Titularidade do direito de autorCAPTULO III Durao dos direitos e domnio pblicoCAPTULO IV Transmisso dos direitosCAPTULO V Direitos moraisCAPTULO VI Exerccio do direito de autor

    TTULO II Utilizaes da obraCAPTULO I Disposies geraisCAPTULO II Das utilizaes em especialSECAo I Do contrato de edioSECO II Da representao e execuoSECO III Da fixao e comunicao audiovisualSUBSECO I Da produo cinematogrficaSUBSECO II Da fixao fonogrfica e videogrficaSUBSECO III Da radiodifuso e televiso

    SECO IV Das artes plsticas e fotografiaSECO VI Dos jornais e publicaes peridicas

    TTULO III Direitos conexosTTULO IV Violao e defesa dos direitosTTULO V Disposies finais