lei x graça parte 1
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Parte I
Lei
X
Graça
Parte 1
Silvio Dutra
DEZ/2015
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A474 Alves, Silvio Dutra Lei x Graça./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 402p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Alianças. 3. Condenação 4. Testamentos. 5. Justificação. 6. Libertação I. Título.
CDD 230
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Sumário
Introdução..................................................... 6 É Irrevogável e Indissolúvel Porque é Eterna...........................................................
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Deixar que a Graça nos Conduza................ 12 Não é por Persuasão, mas por Graça.......... 14 A Graça Está Destinada a Vencer................ 16 Senhor Justiça Nossa................................... 22 A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo....... 27 O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei.................................................................
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A Graça não Condena.................................. 38 Graça Sobre Graça....................................... 42 A Troca da Antiga Aliança pela Nova........... 44 Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar......... 56 A Justiça do Evangelho Não é Juízo............ 59 O Real Significado da Graça......................... 62 Uma Nova Aliança Diferente da Antiga......... 65 Uma Aliança Firmada em Graça................... 67 A Bênção da Graça Perdoadora................... 73 A Graça Está Sujeita a Decadências............ 81 Alianças e Dispensações Para um Único Propósito.......................................................
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A Graça Nunca Desconsidera o Viver Pecaminoso..................................................
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A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza... 101 A Justiça do Evangelho Testemunhada pela Lei e pelos Profetas......................................
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A Justiça Manifestada sem Lei..................... 111 A Luz da Lei e a do Evangelho..................... 122 É Pela Graça mas Não é Fácil Conforme Possa Parecer ..............................................
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Impossível para a Lei mas Não para a Graça que Opera pela Fé.............................
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Uma Graça que Cresce................................ 131 Todo Mérito é da Graça................................ 132 O Recebimento é Gratuito Mas é Condicional...................................................
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Graça............................................................ 140 Justa Cooperação da Graça com a Vontade Consciente....................................................
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A Dispensação do Espírito Santo................. 145 A Graça Opera Pela Obediência.................. 149 A Graça Supera a Aflição............................. 151 Cobre como as Águas do Dilúvio................. 154 A Graça não Condena.................................. 156 O Modo de Concessão da Graça.................. 160 A Aliança da Graça – 2 Samuel 7................. 162 Características do Evangelho Verdadeiro..... 171 Como Saber Qual é o Evangelho Verdadeiro?...................................................
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O Evangelho Não Condena.......................... 179 Por Que Jesus Não Veio Condenar?............ 182 O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei.................................................................
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Aceitos por Causa da Justificação................ 189 Quem Condenará a Quem Deus Justifica?.. 191 Resgatados da Ira e da Maldição................. 194
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Introdução
Há cerca de vinte anos, em uma visão noturna,
vi escrito em letras douradas gigantes as
palavras do nosso título, como se estivessem em chamas, escritas exatamente na forma como as
estamos apresentando.
Junto com a visão fui instruído em espírito com as seguintes palavras: “você escreverá um livro
sobre este assunto.”
Ao que repliquei: “Senhor tu conheces a dificuldade que tenho para entender de modo adequado qual é a relação que existe entre a lei
e a graça.
Ao que simplesmente respondeu: “eu te darei entendimento”.
Era uma madrugada fria de inverno, e cerca de três horas da madrugada despertei do meu
sono, e ainda naquela mesma noite comecei a escrever, com a Bíblia aberta à minha frente, as
coisas que me vinham à mente na referida
ocasião.
Animado pela visão comecei a estudar o assunto com maior afinco e recordo que cheguei a preparar um esboço de livro com cerca de cento
e cinquenta páginas, todavia, sentia que algo de
substancial faltava à minha exposição, de
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maneira que não tendo desistido de prosseguir
interessado no tema, abandonei por algum
tempo a tarefa de escrever o livro.
Posteriormente, em nova revelação, cerca de
dez anos depois da primeira, foi-me ordenado em sonho que “fosse aos puritanos e a Martin
LLoyd Jones”, sem que nada mais fosse
acrescentado.
Até a ocasião, por incrível que possa parecer,
pois já havia sido ordenado ao pastorado, nunca tinha ouvido falar sobre os mesmos.
Creio que esta instrução tinha a ver com a primeira visão, para que eu fosse conduzido a
um melhor entendimento do significado do
Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, e como é que a Lei de Deus se relaciona a ele.
Desde então, comecei a escrever abundantemente sobre o assunto em diversos
artigos, sem no entanto condensá-los em um livro – tarefa à qual estou me entregando neste
fim do ano de 2015.
Em vez de apresentar o assunto de forma didática e acadêmica, optei por uma forma mais
direta e simples, sem me ater a qualquer arranjo prévio quanto à divisão do assunto em capítulos.
Na verdade, se o fizesse, ficaria muito limitado no desenvolvimento do tema, pois quantos
capítulos seriam suficientes para abranger de
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modo profundo um assunto que é em sua
natureza infinito e eterno, a saber, o da lei e a
graça de Deus?
Com a apresentação livre dos diversos artigos, cremos que poderemos observar melhor o assunto em seus diversos ângulos, de modo a
obtermos uma maior compreensão de tudo o
que é de vital importância para o nosso
conhecimento.
Estamos fazendo uma consideração prática do tema porque ele tem muito a ver com a nossa vida prática.
Não se trata de algo para apenas satisfazer a nossa curiosidade ou desejo de ampliar nossos
conhecimentos, mas temos diante de nós algo
que se relaciona à vida ou à morte; à bênção ou à
maldição eternas.
Como poderíamos então tratá-lo de modo descuidado ou não objetivo?
Tenho testemunhado que muitos que andavam na graça, vieram a decair da mesma, e não
acharam qualquer auxílio na Lei para serem
reerguidos.
Como pode ser então isto?
Não é a Lei proveniente do mesmo Deus de toda a graça?
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Esta e muitas outras questões serão respondidas ao longo das páginas deste livro, que espero, seja
de grande ajuda para reerguer os caídos e
manter em firmeza os que continuam de pé na presença do Senhor.
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É Irrevogável e Indissolúvel Porque é
Eterna
Deus fez uma aliança eterna com os cristãos, e
prometeu isto desde os dias dos profetas, e o
prometeu especialmente a Davi.
Sendo eterna não pode ser anulada.
Sendo aliança em seu caráter matrimonial onde Ele é o esposo, e a igreja a noiva, o que se requer então dos aliançados é que eles sejam fiéis.
Deus sempre será fiel porque não pode se negar a si mesmo.
Todavia, os cristãos, por causa do resquício de corrupções que remanescem na natureza
terrena, são exortados a serem fiéis em tudo durante a sua peregrinação terrena, porque, tal
casamento, do Criador com a criatura, requer
isto.
Deus continuará amando seus filhos adúlteros, mas os sujeitará à disciplina da aliança.
Ele não os repudiará porque tem prometido manter o compromisso por toda a eternidade.
Diante de tal caráter imutável da promessa que Ele fez, não resta aos aliançados senão a
alternativa de serem também fiéis, de modo que
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se viva de modo agradável Àquele com os quais
se aliançaram numa união de amor indissolúvel
e eterno.
Ao falar do caráter eterno da Nova Aliança que faria com os crentes por meio da fé em Jesus
Cristo, Deus disse que esta consistiria na fiéis
misericórdias que havia prometido a Davi.
“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma
aliança perpétua, que consiste nas fiéis
misericórdias prometidas a Davi.” (Isaías 55:3)
Esta promessa de Isaías 55.3 foi confirmada em Atos 13.34.
Davi fizera menção ao caráter eterno desta aliança em suas últimas palavras antes de
morrer:
“Não está assim com Deus a minha casa? Pois estabeleceu comigo uma aliança eterna, em
tudo bem definida e segura. Não me fará ele
prosperar toda a minha salvação e toda a minha
esperança?” (II Samuel 23.5)
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Deixar que a Graça nos Conduza
“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-
nos levar para o que é perfeito,” (Hebreus 6.1)
Este “deixemo-nos levar para o que é perfeito”
se refere à vocação de Deus para todos os
cristãos de crescerem na graça e no
conhecimento de Jesus Cristo, até a estatura de varão perfeito.
Não que eles chegarão ao estado de perfeição moral absoluta sem qualquer pecado enquanto estiverem neste mundo, mas que devem chegar
à perfeição espiritual, à plenitude do
desenvolvimento das suas faculdades, para
poderem discernir tanto o bem quanto o mal, o que é possível somente para aqueles que
chegarem à plenitude do seu amadurecimento
espiritual, de maneira a estarem aptos a darem
um correto e adequado testemunho da verdade, no poder do Espírito (Pv 4.18; I Cor 2.6; II Cor
13.11; Ef 4.13; Fp 3.15; Col 1.28; 2.6; 4.12; II Tim
3.16,17; Hb 5.12-14; Tg 1.4).
Esta perfeição é atingida se aperfeiçoando a santidade no crescimento da graça e do
conhecimento de Jesus Cristo (II Cor 7.1; Ef 4.12;
Hb 13.21; I Pe 5.10).
Do mesmo modo que há uma perfeição a ser esperada no porvir que é total e absoluta, sem
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qualquer pecado, há também uma perfeição que
é para ser buscada e atingida enquanto ainda
estamos neste mundo e que se refere ao nosso
amadurecimento espiritual pelo crescimento progressivo em santificação até atingir tal
medida de perfeição que foi proposta por Deus
aos cristãos, e conforme foi exigida ao próprio Abraão: “Anda na minha presença e sê
perfeito.” (Gên 17.1).
O cristão deve ser confirmado por Deus, depois de ter sido aperfeiçoado na fé, no amor e na
esperança, pela renovação de sua mente e caráter, através do processo da santificação.
Somente assim, poderá se achar fortificado e
fundamentado (I Pe 5.10).
Assim, o “deixemo-nos levar” do texto significa permitir e cooperar voluntariamente com trabalho da graça na nossa vida, especialmente
pela paciência nas tribulações e aflições.
Sabendo que tudo coopera juntamente para o seu bem o cristão perseverante na fé e na
santificação há de experimentar graus cada vez maiores desta perfeição relativa ao seu
amadurecimento espiritual, conforme lhes
serão concedidos por Deus.
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Não é por Persuasão, mas por Graça
Uma pessoa não é salva por Cristo por meio de
argumentos humanos persuasivos.
Ainda que alguém pudesse compreender nocionalmente todos os mistérios espirituais
concernentes à justificação pela fé, à regeneração e santificação do Espírito Santo, ele
não poderia ser salvo e santificado a menos que
estas realidades espirituais lhe fossem
comunicadas de modo experimental pela graça divina.
Sem uma experiência real de conversão, sem que o próprio Espírito Santo opere em nós esta
salvação, continuaremos os mesmos de sempre,
só que com a diferença de possuir agora conhecimentos religiosos.
Por isso a fé não é apenas o assentimento da nossa mente às verdades reveladas, ou seja, a
nossa aceitação de que a Palavra de Deus seja a verdade.
Além deste assentimento é necessário a confiança em Cristo que nos leva a nos entregar
inteiramente a Ele e ao seu trabalho e cuidado. Isto consiste em se apropriar do conhecimento
da verdade ao qual demos o nosso assentimento
que se torna real e prático na nossa confiança no
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Senhor e na disposição de cumprir os seus
mandamentos e vontade.
Deus honrará este tipo de fé que é mais do que mero conhecimento e assentimento relativo à
verdade.
E responderá com a concessão da sua graça e poder para operar a nossa transformação
(conversão, santificação etc).
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A Graça Está Destinada a Vencer
Satanás arremete contra nós, procurando nos
destruir, quando estamos enfraquecidos e
doloridos.
Tal como Simeão e Levi deram sobre os siquemitas, quando estavam abatidos em dores,
pela circuncisão (Gên 34.25).
Todavia, Cristo nos fortalece na nossa fraqueza,
e habita com o quebrantado de coração (Is 61.1).
Não desprezemos o trabalho de humilhação de nossas almas, pelo qual o Senhor administra a
nós a sua graça em maior medida.
Sempre é deixado algo para que os cristãos lutem, de modo que entendamos que
necessitamos de Cristo, para que possamos
exalar o seu bom perfume.
Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são estes corações quebrados como canas, e estes
pavios fumegantes que fazem as orações mais
preciosas diante de Deus, por causa da
dependência dos gemidos inexprimíveis do Espírito, através deles.
Quão preciosas são para o Senhor as orações que fazemos com um coração quebrantado!
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Assim, ao falarmos de pavio fumegante devemos ter em conta que isto tem o propósito
de nos lembrar que a menor fagulha da graça é
preciosa.
Há uma bênção especial nesta pequena faísca.
Jesus não veio salvar justos e sãos, mas pecadores e enfermos.
Deus se agrada de que nos alegremos com os
humildes começos.
Ele se agrada em usar grãos de mostarda e formar grandes arbustos a partir destas
pequenas sementes.
Ele preferiu a pequena cidade de Belém Efrata, e não Jerusalém, para nos trazer o Salvador.
Ele não começou a Igreja com pessoas notáveis, poderosas, nobres, importantes e nem mesmo
com um grande número de seguidores.
O seu método é primeiro provar fidelidade no pouco, para depois conduzir ao muito.
O seu ministério é restaurador e nos deu um exemplo disto na reconstrução dos muros e
portas de Jerusalém com Neemias.
E muito mais do que muros e portas, Ele está interessado em restaurar vidas. E fará isto
principalmente com paciência e amor.
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Os pastores devem então, ser pessoas simples e humildes, seguindo o exemplo do Senhor deles,
e exporem a verdade de maneira clara, e nunca
de forma obscura.
A verdade não teme algo tanto quanto o encobrimento, e não deseja algo tanto que seja
exposta clara e abertamente à visão de todos.
Daí Jesus ter dito que tudo o que ensinou reservadamente aos discípulos deveria ser
proclamado de cima dos telhados.
Paulo era profundo, no entanto se tornou como ama acariciando seus filhos (I Tes 2.7), e se fez
fraco com os fracos (I Cor 9.22).
Cristo desceu do céu e se esvaziou de sua majestade, para se oferecer a nós, como oferta
suave de amor. E não desceremos de nossas
elevadas vaidades para fazermos o bem a qualquer alma necessitada de salvação?
Devemos nos guardar daquele espírito que em vez de exibir paciência, longanimidade, mansidão e misericórdia aos homens,
demonstra fúria, exaltação e ira obstinada,
ainda que em nome de fazer prevalecer a
verdade.
Devemos lembrar que não podemos fazer prevalecer a verdade agindo contra a verdade.
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Devemos nos lembrar sempre que o fruto da justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a
paz interior dos nossos corações, enquanto
ministramos.
No exercício da disciplina na Igreja devemos nos
acautelar para não tentar matar uma mosca na testa de alguém com um martelo. O poder que é
dado à Igreja é para edificação e não para
destruição.
O amor cobre uma multidão de transgressões. Não foi exatamente isto que Deus fez conosco ao
perdoar todos os nossos pecados, quando nos salvou em Cristo?
O Espírito Santo está contente em habitar em almas fumegantes e ofensivas. Que nós
pudéssemos reter algo desta mesma disposição
misericordiosa!
A graça não reside em almas perfeitas neste mundo. Lembremos sempre disto.
Como nenhum cristão se encontra em estado de perfeição absoluta deste outro lado do céu,
então nós temos que nos exercitar sempre em espírito de misericórdia, de perdão e mansidão.
Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo com os nossos sentimentos presentes, porque
nas tentações nós veremos muita fumaça
desprendendo de pensamentos incorretos.
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Nós devemos nos precaver do falso raciocínio, porque nosso fogo não é como o dos demais, ou
então por parecer que não há qualquer fogo em
nós.
As portas de Jerusalém estavam queimadas, mas Deus providenciou para que fossem
restauradas através de Neemias, de forma que
erraram todos aqueles que pensavam que
Jerusalém permaneceria sem portas para sempre.
Devemos lembrar que estamos na Aliança da Graça, em que nem toda medida é como fogo
pleno, pois há muita faísca, que deve ser
também vista como chama.
Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 1.1) por meio da qual obtiveram a perfeita justiça
de Cristo.
Uma mão fraca pode pegar uma joia preciosa.
Algumas uvas mostrarão que a planta é uma videira e não um espinheiro.
Uma coisa é ser deficiente na graça e outra coisa
não ter qualquer graça.
Deus sabe que nós não temos nada de nós mesmos, então na aliança da graça Ele não
requer nada além do que Ele dá, e que sempre
nos dá o que Ele requer.
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Se não pudermos trazer um cordeiro, então permitirá que tragamos duas pombas e uma rola
(Lev 12.8).
O evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a obediência de Cristo é estimada como
sendo a nossa (Rom 5.19).
22
Senhor Justiça Nossa
No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende
a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e
anciãos de Israel (pastores do povo naquela dispensação) e os profetas que falavam em seu
nome sem terem sido levantados por Ele, os
quais haviam feito o seu povo se desviar da sua presença.
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca terem ensinado a sua Palavra, conforme fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo
que eles afirmavam ser a sua Palavra, quando na
verdade, era a própria palavra deles, ensinada
para atender aos seus propósitos cobiçosos, interesseiros, carnais e egoístas.
Isto pode ser visto claramente nas palavras de repreensão dirigidas contra eles como as da seguinte passagem:
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho;
e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo?
diz o Senhor.
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a
pedra?
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30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras,
cada um ao seu próximo.
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o
Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31).
O efeito que era produzido no povo, de andarem contrariamente com o Senhor, era uma prova
evidente de que a vida e o ensino destes pastores
e profetas não eram segundo a verdadeira Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o
de produzir temor e santidade no seu povo,
como o próprio Senhor se expressou em relação a isto da seguinte maneira:
“21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia
eles profetizaram.
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau
caminho, e da maldade das suas ações.” (v.
21,22).
O que eles ensinavam e profetizavam não provinha do céu senão dos seus próprios corações enganosos e corrompidos:
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que profetizam mentiras em meu nome,
dizendo: Sonhei, sonhei.
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26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que
profetizam do engano do seu próprio coração?
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se
esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus
pais se esqueceram do meu nome por causa de
Baal.”
Isto é um grande alerta para os ministros do
evangelho, para que não incorram no mesmo erro deles, deixando de pregar a genuína
Palavra do Senhor, no poder do Espírito.
Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão funestos.
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a
Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio coração, afirmando que são revelações
recebidas da parte de Deus.
Se estas visões não estiverem de acordo com a Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de serem proclamadas, devem ser
esquecidas e abominadas, porque não será
apenas o povo que será prejudicado por elas,
mas o próprio Deus terá a sua ira despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê
neste capítulo de Jeremias.
Como o quadro que havia prevalecido em Israel por séculos, sempre foi este de o povo não
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receber a devida instrução por parte da grande
maioria de seus pastores e profetas, então o
Senhor mesmo seria o Pastor do seu povo, e o
faria através de pastores que estariam debaixo da justiça de um Rei justo que procederia da
descendência de Davi, nosso Senhor Jesus
Cristo, e estando assim justificados por Ele, tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de
Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam
conhecidos pelo nome de O SENHOR JUSTIÇA
NOSSA.
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa
de Israel que haviam sido dispersadas por todos
os maus pastores e profetas que haviam presidido sobre elas.
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e
frutificarão, e se multiplicarão.
4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o
Senhor.
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei,
reinará e procederá sabiamente, executando o
juízo e a justiça na terra.
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6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O
SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6).
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, constante do capítulo 31.
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A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo
No sétimo capítulo de Romanos nós vemos o
caráter firme e seguro da nossa aliança com
Jesus, e pela qual somos libertados da condenação de uma aliança segundo a lei.
Deus como o Grande Legislador e Juiz de todo o universo, criou o homem e fez com que ele fosse responsável perante Ele segundo a norma da lei
moral que ele inscreveu em sua consciência,
instalando ali um tribunal que age no próprio
homem condenando-o naquilo que é reprovável e aprovando-o naquilo que é louvável.
Mas, segundo a Lei Régia há a exigência da perfeita obediência, conforme foi revelado a Adão, e que a penalidade para qualquer ato de
desobediência é a morte, e todo homem
responde à referida Lei até hoje.
Posteriormente, nos dias de Abraão, Deus acrescentou novos mandamentos para serem
guardados pelas pessoas da descendência do
patriarca, com as quais formaria um povo para Si, para se revelar ao mundo através do mesmo,
e principalmente para que por este povo nos
fosse dado o Messias.
O caráter da obediência completa exigida de toda a humanidade da Lei Régia foi ainda mais
detalhado com os mandamentos que foram
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dados através de Moisés. E desde então, até que
viesse o Messias, o modo de agradar a Deus,
passava obrigatoriamente pelo cumprimento
dos mandamentos da Lei.
A pena de morte espiritual e eterna para os desobedientes foi mantida porque se afirma na
Lei de Moisés que é maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas da Lei, para
cumpri-las.
Isto descreve a condição de miséria espiritual e de condenação que paira sobre toda a humanidade, porque todos são pecadores, e não
têm em si mesmos a condição e o poder para
obedecerem perfeitamente a todos os
mandamentos da Lei.
Como poderia então Deus se prover de filhos semelhantes a Cristo?
Se todos estão obrigados à Lei, como poderão ter
vida, estando mortos; como poderão ser livres, estando condenados?
Só havia um modo de Deus nos libertar da condenação da Lei e nos dar vida eterna,
permanecendo Justo, por não remover ou
contrariar a Lei. Isto Ele fez nos considerando como mortos para a Lei, por ter feito com que a
morte de Jesus na cruz fosse a nossa própria
morte.
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Ele visitaria o seu próprio Filho Unigênito com o castigo que era destinado a nós pecadores. Ele
executaria a sentença de morte exigida pela Lei
nele, fazendo com que fosse feito pecado e maldição no nosso lugar.
Assim, a Lei não seria removida, mas nós seríamos resgatados por meio de Cristo de
debaixo da sua condenação e maldição.
É basicamente isto que Paulo expõe no sétimo capítulo de Romanos; de modo que toda a
argumentação que ele fizera quanto à condição de não se fazer o bem que queremos, e fazer o
mal que não queremos, pelo pecado que opera
na nossa carne, é sobretudo uma condição que
explica sobretudo a condição em que se encontram aqueles que permanecem debaixo
da Lei e não da graça do evangelho, a saber as
pessoas que não foram regeneradas pelo
Espírito Santo.
Elas podem dizer isto, por não terem
encontrado a solução que Paulo havia encontrado: "miserável homem que sou". Isto
porque não têm a Cristo que é o único que pode
nos livrar do corpo desta morte.
Este livramento que se obtém somente por Cristo e em Cristo, não é decorrente do fato de que agora os próprios crentes são perfeitos
segundo a Lei, porque sempre haverá resquícios
de pecado e de desobediência em sua natureza
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terrena que ainda carregam neste mundo, mas
sim, e exclusivamente pelo fato de que foram
resgatados da condenação da Lei por terem
morrido para a Lei em Cristo.
Uma Lei não tem autoridade sobre quem já está morto. Assim, os crentes já não são julgados ou
condenados por Deus com base na Lei, porque
não estão mais debaixo da Lei, quanto ao que se
refere ao seu poder de condenação daqueles que pecam contra os seus mandamentos. Eles
são julgados agora pela lei da liberdade,
respondendo, livres que são, não mais a um Juiz,
mas a um Pai de amor, que os corrige e dirige como filhos amados, por causa de Jesus Cristo.
Haverá ainda um grande conflito entre o Espírito e a carne, entre a velha e a nova
natureza, em todos os crentes, mas juntamente
com Paulo eles podem dizer em uníssono: "Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor."
Não serão mais condenados por não serem tão
bem sucedidos nesta guerra contra as suas
almas, quanto gostariam de ser. Contudo, sabem que são amigos de Deus, que amam a
Deus, que odeiam o diabo e o pecado, e que por
fim serão transformados à perfeita imagem de
Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória.
Todavia, esta grande verdade central do evangelho não deve servir de motivo para que
abusemos da liberdade que foi conquistada para
nós por um preço elevadíssimo de sangue, e não
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de um sangue qualquer, senão o puro e
imaculado sangue do Cordeiro de Deus que tira
o pecado do mundo. Preço este que foi pago para
que livres do pecado, pudéssemos viver em novidade de vida santificada perante Deus.
Afinal, foi para isto que fomos chamados e
justificados.
Para vivermos esta vida santa sem a qual não podemos manter nossa comunhão com Deus,
necessitamos de poder do alto.
Veja que quando os apóstolos viram todos os sinais que Jesus havia realizado, sua ressurreição e ascensão, a uma mente carnal
pareceria que isto seria o suficiente para que
eles saíssem pelo mundo afora dando
testemunho das coisas que haviam visto e ouvido.
Todavia, nosso Senhor lhes falou da necessidade de permanecerem em oração, e
aguardando em Jerusalém o batismo do Espírito
Santo, para que fossem revestidos de poder, pois quem dá e sustenta o testemunho de Cristo em
nós é o poder do Espírito Santo.
Por este motivo vemos o apóstolo Paulo dirigindo a Timóteo as seguintes palavras, para o cumprimento adequado do seu ministério:
“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.” (2 Tim 2.1)
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E a todos os cristãos:
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (Ef 6.10)
Vemos assim a nossa necessidade vital de estarmos permanentemente fortalecidos na
graça de Jesus, mediante o poder do Espírito Santo que em nós opera.
Muitos pensam erroneamente que quando se fala em batismo do Espírito Santo, revestimento
de poder do Espírito, ou enchimento do Espírito,
que isto signifique simplesmente receber um poder sobrenatural que operará em nossas
vidas independentemente das condições
morais e espirituais em que nos encontremos.
Todavia, se examinarmos com mais cuidado
não somente o texto bíblico, mas a nossa própria experiência prática em relação a este assunto,
verificaremos que é muito mais do que isto o
significado do poder da graça e do Espírito Santo atuando em nossas vidas.
Antes de tudo, devemos lembrar que este poder nos é dado para sermos cheios do fruto do
Espírito Santo, que tem a ver com as nossas
atitudes, com o nosso comportamento, com a transformação progressiva do nosso caráter e
coração.
É um poder para nos habilitar a sermos obedientes aos mandamentos de Deus, para
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aprendermos a ser mansos e humildes de
coração, a sustentarmos um bom testemunho
de comportamento em nossa vida cristã, de
modo a nos tornarmos exemplo para ser seguido por outros.
Trata-se de ser cônjuges exemplares, filhos exemplares, servos exemplares, líderes
exemplares, cidadãos exemplares, enfim,
sermos achados em todas as áreas de relações humanas como homens e mulheres de Deus,
que trazem estampada em suas vidas a imagem
de Jesus Cristo, conforme veremos no estudo do
oitavo capítulo de Romanos, no qual se afirma que fomos predestinados por Deus para tal
propósito.
Nada disto poderá existir sem que haja uma transformação do nosso coração. E por isso
necessitamos crucialmente deste poder do alto,
porque como o próprio Senhor Jesus afirmou, sem Ele nada podemos fazer, notadamente no
que tange às coisas que são celestiais,
espirituais, e divinas.
Em cumprimento à promessa que nos fez em relação à Nova Aliança (Jeremias 31.31-35) Deus
já nos deu um coração de carne em substituição ao coração insensível de pedra às coisas
concernentes ao reino dos céus que tínhamos
antes da nossa conversão a Cristo.
34
O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da
Lei
Não encontramos nas Escrituras a expressão
pacto de obras, ou aliança de obras.
Todavia, ambas as formas, especialmente a
primeira é muito empregada para definir a
condição de Deus como o Grande Juiz e Legislador que exige perfeição absoluta para
que possamos estar eternamente em sua
presença.
A falta desta condição implica em morte
espiritual e eterna.
Em sua infinita sabedoria, bondade e
misericórdia, o Senhor tem conhecido pela sua onisciência, que nenhum descendente de Adão
está habilitado para atender a tal demanda desta
Lei Eterna que emana da própria natureza
perfeitamente santa e justa de Deus.
Assim, entendemos que Ele não tem proposto a pecadores uma opção de salvação por este modo
de se cumprir perfeitamente a sua vontade e
mandamentos.
Isto sempre será feito por pura graça,
misericórdia, e simplesmente mediante a fé, como foi proposto ao próprio Adão quando o
Senhor foi procurá-lo com a promessa da
redenção quando ele se escondeu
35
envergonhado da sua nudez atrás das árvores do
jardim.
Não pode entretanto, ser removida esta lei que
exige perfeição absoluta, e por isso Jesus não
morreu apenas como nosso substituto para quitar a culpa do nosso pecado, como também
para nos revestir dessa perfeição requerida pela
justiça divina, que há de ser absoluta na glória, e
mediante o trabalho da santificação da graça pelo Espírito Santo e aplicação da Palavra de
Deus aos nossos corações, conforme o penhor
do trabalho da nossa transformação e
purificação já iniciado aqui na Terra a partir da nossa conversão.
O grande mandamento de Deus foi revelado por Jesus como sendo o amor de uns pelos outros
com o mesmo amor com o qual ele nos amou; ou seja, o dever imposto é o de amar com o amor de
Deus.
Então quando Tiago alude a isto, ele se reporta em sua epístola à questão da acepção de pessoas que estava ocorrendo na igreja em favor dos
mais abastados e contra os pobres e
necessitados do rebanho.
Isto era um pecado claro e contundente contrário ao que Ele chama de Lei Régia, ou seja
a Lei do Rei, esta Lei que está amarrada à própria
natureza e essência de Deus, que é amor.
36
“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo, fazeis bem;” (Tiago 2.8)
Não convinha que aqueles que foram resgatados da morte espiritual e eterna, inclusive e principalmente por se transgredir tal
mandamento do amor, que é o principal de
todos, continuassem transgredindo o mesmo.
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da
liberdade.” (Tiago 2.12)
A esta lei da liberdade da condenação em Cristo, aludiu também o apóstolo Paulo em Rom 8.2:
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus,
te livrou da lei do pecado e da morte.”
Então, se não fosse por Cristo, todo o nosso esforço em cumprir perfeitamente a Lei – ao qual devemos nos dedicar com sinceridade e
amor – seria totalmente perdido caso viéssemos
a transgredir um único ponto da lei que está
indissoluvelmente ligada à natureza de Deus, porque é Legislador e Juiz conforme demanda a
sua justiça que haja perfeita conformação à sua
santidade e amor.
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.” (Tiago 2.10) – Este é o caráter da lei para
aqueles que não estão debaixo da cobertura do
sangue de Jesus. Daqui vemos quão ineficaz é a
37
tentativa de se justificar por meio das obras da
lei.
Assim, devemos clamar e dar graças a Deus por nos ter dado Jesus Cristo, juntamente com o
apóstolo quanto à nossa condição natural de
sermos achados mortos em delitos e pecados que pode ser somente revertida por estarmos no
Senhor:
Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,
com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas,
segundo a carne, da lei do pecado.
38
A Graça não Condena
Deus não está condenando a qualquer pessoa
na presente dispensação da graça, conforme
afirmação de Jesus de que não veio condenar,
mas salvar.
A natureza de Deus é longânima, perdoadora, misericordiosa, amorosa, e por isso uma
das características do amor destacada em I Cor
13.5 é que ele não é facilmente provocado, ou
seja, ele não se exaspera.
Deus se ira contra o pecado, mas não tem qualquer prazer na morte dos ímpios, ou seja, de
todos aqueles que não Lhe amam e aos seus mandamentos.
A ira pode ser definida como uma oposição séria e violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou
ofensa, porque isto está contra a natureza do
amor.
Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem e a orar para o bem de todos, até mesmo de
nossos inimigos, e até daqueles que zombam de
nós e nos perseguem (Mat 5:44); e a regra dada pelo apóstolo é: “Abençoai aos que vos
perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom
12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e
39
orar para o bem de todos, e em nenhum caso
desejar o mal.
Porque como imitadores de Deus, na busca da sua imagem e semelhança, é justamente o que
devemos fazer, porque isto é parte da essência
divina.
Dizemos que é um dever porque o evangelho veio trazer a restauração em nós, da imagem e
semelhança, não com Adão, antes da queda no
pecado, mas a do próprio Cristo, conforme se afirma amplamente na Bíblia.
O que temos em Cristo, quanto ao trato com as imperfeições que há na humanidade? Graça,
amor, bondade, misericórdia, perdão, reconciliação, e justiça (a sua justiça que nos
justifica).
Os próprios juízos divinos na presente dispensação, têm em vista contribuir para a
continuidade da referida restauração, e são
corretivos e decorrentes da rejeição obstinada
da graça que nos está sendo oferecida.
As obras más ou boas de todas as pessoas serão somente passadas em revista no grande dia do
Juízo Final.
Por isso toda vingança é proibida por Deus, já que Ele afirma que toda a vingança lhe pertence.
40
A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu
próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.”
(Lev 19.18); e o apóstolo diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira;
porque está escrito: A mim me pertence a
vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19), de forma que toda a ira que contém um
desejo de vingança, é contrária ao cristianismo
e proibida por Deus.
Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;”.
Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo irada com uma outra, logo esta ira se
transformará em ódio.
Assim, nós achamos que na verdade acontece com aqueles que retêm um rancor nos seus corações contra outros, durante semana depois
de semana, e mês depois de mês, e ano depois de
ano.
Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as pessoas contra as quais se deixaram irar assim deste modo.
Este é um pecado mais terrível à vista de Deus.
Então, não é de se admirar que esta seja a principal estratégia do diabo para nos afastar de
Deus, e para nos manter sob julgamentos em
41
nossas almas, e ainda a ficarmos à mercê de
sermos oprimidos por ele.
Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco para ter um coração manso, sofredor, paciente,
perdoador.
Mais do que isto, necessitamos do derramar abundante do amor de Deus nos nossos
corações que é operado sobrenaturalmente
pelo Espírito Santo.
42
Graça Sobre Graça
“12 E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos,
como também o fazemos para convosco;
13 Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de
nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo com todos os seus santos.” (I Tes 3.12,13).
As graças operadas pelo Espírito Santo são a fonte da nossa santidade, no aumento delas em
nós pelo trabalho da santificação.
Nada se perde deste trabalho progressivo do Espírito nos cristãos, porque uma graça não é
substituída por outra, senão acrescentada,
conforme dizer do apóstolo Pedro:
“5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à
virtude a ciência,
6 E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade,
7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.” (II Pe 1.5-7).
O que foi conquistado será mantido por vigilância e oração, e será aumentado pelo
recebimento de outras graças (virtudes e poder)
43
que também serão aperfeiçoadas em seu
crescimento.
O que não aprendeu ainda a ser misericordioso será com certeza aperfeiçoado em misericórdia.
O de mau temperamento será aperfeiçoado em mansidão.
O modo do Espírito Santo implantar estas virtudes é pela formação de hábitos.
Assim como aprendemos determinadas
habilidades e comportamentos pelo hábito de repeti-las.
A santificação é pois em seu progresso um hábito que é incorporado em nós, em relação a
todos os nossos deveres espirituais, à medida
que eles nos vão sendo ensinados e implantados em nós pelo Espírito Santo, consoante a
aplicação da doutrina da Palavra de Deus.
44
A Troca da Antiga Aliança pela Nova
“Quando ele diz Nova, torna antiquada a
primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer.”
(Hebreus 8:13)
Toda vez que abrirmos as páginas do Velho
Testamento, devemos sempre colocar como
pano de fundo o Evangelho de Cristo, para que não tomemos ao pé da letra, como mandamento
divino ordenado aos discípulos de Jesus, muitos
dos preceitos da antiga dispensação, que durou
de Moisés a João Batista (Mt 11.13; Lc 11.16), os quais não podem e não devem ser aplicados na
nova dispensação em que estamos vivendo há
cerca de dois milênios.
A Lei Antiga, determinada por Deus para vigorar em Israel, por cerca de 1440 anos prescrevia:
morte por apedrejamento em razão de
determinadas transgressões daquela Lei
dada por meio de Moisés.
como maldito de Deus deveria se
anunciar a si mesmo publicamente o
leproso.
proibidos estavam vários alimentos classificados como impuros.
sacrifícios de animais oferecidos para
cobrir o pecado.
45
e muitos outros preceitos civis e
cerimoniais, além dos morais.
Deus, pela Lei, revelava que era o Juiz do seu povo e ensinava ao mesmo tempo o quanto é oposto ao pecado.
Todavia, em sendo Juiz, é também pai bondoso, amoroso, misericordioso, perdoador e salvador.
Como revelou isto, já que os preceitos da Lei antiga poderiam ofuscar tais atributos relativos
à sua completa longanimidade, amor e
bondade?
Ele o fez trazendo uma nova lei por meio de Cristo, para substituir a antiga.
Jer 31:31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com
a casa de Judá.
Jer 31:32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles
anularam a minha aliança, não obstante eu os
haver desposado, diz o SENHOR.
Jer 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas
leis, também no coração lhas inscreverei; eu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
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Jer 31:34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao SENHOR, porque todos me
conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas
iniquidades e dos seus pecados jamais me
lembrarei.
Heb 8:7 Porque, se aquela primeira aliança
tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
Heb 8:13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer.
Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da
nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança, recebam a promessa da eterna
herança aqueles que têm sido chamados.
Heb 10:9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro
para estabelecer o segundo.
Heb 10:10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de
Jesus Cristo, uma vez por todas.
A Lei da nova aliança, do novo testamento, do evangelho, da graça, pela qual se revogou a
primeira, é chamada pelo apóstolo de lei régia
(Tg 2.8), porque prescreve o amor ao próximo,
47
sem qualquer tipo de condenação legal,
conforme ocorria na primeira, apesar de
também prescrever o amor ao próximo.
Assim, a lei do amor de Cristo não vigora pelo cumprimento de ordenanças cerimoniais e
civis, como a primeira, mas simplesmente por
fé, graça, misericórdia e arrependimento.
A punição dos malfeitores é designada para as autoridades civis de cada nação, conforme
determinação da parte de Deus.
Não é uma característica ou atribuição do evangelho, pelo qual se oferta a libertação do espírito do jugo e condenação do pecado.
A lei do evangelho é amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo.
O amor nunca busca o mal, ou que seja do próprio interesse, não se conduz inconvenientemente, não é preconceituoso,
enfim, o amor faz somente o bem ao seu
semelhante.
Mat 22:35 E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou:
Mat 22:36 Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
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Mat 22:37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda
a tua alma e de todo o teu entendimento.
Mat 22:38 Este é o grande e primeiro mandamento.
Mat 22:39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Mat 22:40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.
Rom 13:10 O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o
amor.
Poderia haver uma lei melhor do que essa?
No episódio da mulher adúltera que Jesus livrou da condenação por apedrejamento, podemos constatar o quanto Ele realmente mudou a
antiga lei por uma nova, porque pela antiga, ela
deveria morrer apedrejada.
É por isso que é ordenado por Cristo aos cristãos, na Bíblia, que façam o convite da salvação pelo evangelho a todas as pessoas e em todos os
lugares da terra.
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
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Este convite consiste basicamente no oferecimento gratuito que Ele está fazendo da
sua própria justiça divina, amor e misericórdia,
para perdoar todos os nossos pecados e justificar a todos os que nele crerem, de modo
que sejam livrados da condenação, e para o
recebimento da vida eterna.
Todavia, em havendo recusa em se ouvir a mensagem do evangelho, o próprio Cristo
ordena que não haja insistência.
Luc 10:16 Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem,
porém, me rejeitar rejeita aquele que me
enviou.
Mar 6:11 Se nalgum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó
dos pés, em testemunho contra eles.
O evangelho é o tempo da paciência, da misericórdia, da longanimidade de Deus para
com todos os pecadores.
A ninguém Deus está condenando, enquanto durar esta dispensação. Ao contrário, está
salvando.
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.
50
João 12:48 Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria
palavra que tenho proferido, essa o julgará no
último dia.
O evangelho é a lei divina, se assim podemos nos referir a ele, na presente dispensação da graça,
e esta lei de justiça oferecida para a nossa
justificação e perdão, a ninguém condena.
É a rejeição do evangelho, segundo nosso Senhor Jesus Cristo, que será o motivo da
condenação no último dia, como Ele o afirma em João 12.48.
João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.
João 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
João 3:18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome
do unigênito Filho de Deus.
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.
Mar 16:16 Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.
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Esta nova dispensação do evangelho substituiu a chamada antiga dispensação da lei de Moisés,
porque Jesus se ofereceu a si mesmo como
sacrifício, em nosso lugar, para satisfazer a exigência da justiça divina.
Não é do teor e essência do evangelho condenar as pessoas pelos seus maus atos e até mesmo
pensamentos, porque até os próprios cristãos que fazem a oferta do evangelho também são
pecadores, que foram remidos pela graça,
mediante a fé em Jesus.
Aos que têm abraçado a fé no evangelho, Cristo lhes impõe a disciplina da nova aliança, pela
admoestação mútua à prática do amor e das
boas obras.
Outra característica do convite do evangelho é
que não se deve fazer distinção de qualquer pessoa, que não deve haver preconceito de raça,
religião, condição social, ou de qualquer outra
natureza.
Desta forma, aqueles que têm sentimentos preconceituosos, não estão de modo algum
anunciando o verdadeiro evangelho de Cristo,
tal como ele se encontra registrado nas páginas
da Bíblia.
Rom 3:21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos
profetas;
52
Rom 3:22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem;
porque não há distinção,
Rom 3:23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
Porque isto seria uma contradição, uma vez que não se pode conciliar preconceito com o fato de
Jesus não fazer acepção, distinção de qualquer
pessoa, e de igual modo, devem agir aqueles que
falam em seu nome.
Por outro lado, deixar de anunciar o evangelho, em desobediência ao mandamento de Deus,
para o bem eterno dos ouvintes que o receberem, por livrar o espírito da condenação
eterna a ser proferida no dia do Juízo Final, seria
então uma grande prova de falta de amor e de
misericórdia para com nossos semelhantes, esconder deles esta mensagem, ou então
adulterá-la.
Por isso é também ordenado nas Escrituras que se deve ter cautela com o ensino de falsos
pastores, profetas e mestres que falam em nome
de Cristo, e que se dizem cristãos, e mensageiros genuínos do evangelho, quando na
verdade não são, e o fazem por motivo
interesseiro e por torpe ganância.
Mat 7:16 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas
por dentro são lobos roubadores.
53
2Pe 2:1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá
entre vós falsos mestres, os quais introduzirão,
dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor.
2Pe 2:2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o
caminho da verdade;
Mat 10:16 Eis que eu vos envio como ovelhas
para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.
Mat 10:17 E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas
suas sinagogas;
Mat 10:25 Basta ao discípulo ser como o seu
mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto
mais aos seus domésticos?
A prudência da serpente é recomendada pelo Senhor aos que se empenham na obra da pregação do evangelho, ao lado da simplicidade
das pombas.
As serpentes evitam confrontos desnecessários, mas atacam quando são atacadas. Por isso o
cristão deve reter apenas a prudência da serpente, e associá-la à inofensividade das
pombas, que nunca atacam quando são
atacadas.
54
Por fim, ao concluir esta breve explanação, deve ser dito que a ninguém deve ser imposto o
evangelho como uma forma de obrigação a ser
cumprida, e nem mesmo nas congregações de Cristo, porque Deus quer ser amado e adorado
em espírito e de modo voluntário.
Ninguém deve ser condenado ou acusado por conta da religião ou costumes que tenha
adotado, evidentemente, é claro, desde que não infrinjam as normas legais e os costumes de
cada sociedade à qual se pertença, mas isto não
é um encargo dos cristãos enquanto cristãos, mas das autoridades constituídas.
Os mensageiros do evangelho devem ser promotores da paz, e por isso é dito por Cristo
que bem-aventurados são os pacificadores.
Para este propósito, da promoção da paz e do bem estar dos seus semelhantes, devem orar em favor de todos os homens.
1Tm 2:2 Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações
de graças, em favor de todos os homens,
1Tm 2:2 em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda
piedade e respeito.
1Tm 2:3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,
55
1Tm 2:4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento
da verdade.
Devem também os cristãos serem modelos de bom comportamento e de conduta, como pais,
filhos, empregados, empregadores, ou o que for.
Devem estar sujeitos às autoridades, porque conforme afirmado na Bíblia, não há autoridade genuína que não tenha sido instituída por Deus.
Rom 13:1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as
autoridades que existem foram por ele
instituídas.
O evangelho não é pregado por mero dever de consciência ou por obediência ao mandamento
divino, mas sobretudo porque os discípulos de Jesus são movidos em amor a fazê-lo, pelo
mesmo Espírito Santo que neles habita, e que
também atuava em nosso Senhor Jesus Cristo.
“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por
toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;”
(Atos 10:38)
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Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar
Marcos 2:17 Tendo Jesus ouvido isto,
respondeu-lhes: Os sãos não precisam de
médico, e sim os doentes; não vim chamar
justos, e sim pecadores.
João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não
vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.
Dê a devida atenção a estas palavras de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Até que Ele volte, a porta da salvação estará aberta para todo aquele que se arrepender dos
seus pecados e buscar viver para Ele.
Amados leitores, nosso Senhor mesmo definiu a sua principal missão em ter vindo a este mundo
há cerca de 2.000 anos atrás, como sendo a de
salvar e não a de condenar pecadores.
Então, enquanto perdurar esse tempo de
graça até que Ele volte, Deus está abrindo uma grande oportunidade para todas as pessoas que
queiram ser livradas da manifestação da ira
vindoura, em forma de juízo de uma condenação eterna, que há de vir sobre todos os
que viveram neste mundo, sem terem se
convertido a Cristo.
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Por isso, queremos ser muito claros, sinceros e diretos em todas as mensagens transmitidas aos
amados leitores, mantendo o foco do evangelho
que aponta somente para Jesus Cristo para que sejamos salvos de tal condenação em razão do
pecado.
É bom lembrar que um único pecado praticado ao longo de toda a vida já sujeita o seu praticante
à condenação eterna.
Portanto, não há um único justo, de si mesmo, pela sua própria justiça, diante de Deus.
Por isso Jesus morreu em nosso lugar na cruz,
carregando sobre si toda a culpa dos nossos pecados.
Em suma, tudo o que se refere à necessidade de
um viver reto, do dever de se guardar os mandamentos de Deus, e tudo o mais que se
refira à santificação de nossas vidas, somente
pode ser praticado e vivido caso sejamos
convertidos a Cristo, e estando em comunhão com Ele, por meio do Espírito Santo.
Assim, se a Lei santa de Deus lhe condena
justamente por causa do pecado, lembre que pela fé em Jesus, nos está sendo oferecida
gratuitamente a libertação de tal condenação,
ao mesmo tempo que somos por Ele capacitados a viver de modo aprovado pela justiça divina,
pelo poder da graça de Jesus, mediante o
trabalho do Espírito Santo em nossos corações.
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Não há qualquer condenação no evangelho, porque Jesus, pelo evangelho que nos trouxe, ou
seja, por esta maravilhosa notícia, que é o
significado desta palavra no original grego do Novo Testamento, tem se oferecido para ser a
nossa justiça, de modo que Deus possa se
agradar de nós e se reconciliar conosco.
A rejeição do evangelho. Desta oferta de justiça da pessoa de Jesus, tão graciosa, é que traz
condenação.
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A Justiça do Evangelho Não é Juízo
O propósito de Deus,
jamais pode ser frustrado.
Então o que faria para tornar justo
o pecador culpado?
Que se opondo ao seu Criador
e não querendo se sujeitar à sua vontade,
segue o seu caminho de vaidade?
Que resistindo a se entregar a Jesus
resiste também ao recebimento da sua graça?
E sem a graça, sabemos, somente há ruína,
perdição, ódio, desobediência e morte.
Ah! Que situação difícil para ser resolvida!
Difícil para nós, mas não para Deus,
a quem tudo é fácil e possível.
Difícil e penoso seria sim,
o único modo pelo qual
60
o pecador poderia ser justificado.
Deus visitaria o seu pecado,
com juízos, no seu Filho Amado.
Colocaria sobre Ele nossas transgressões,
resistências e descaminhos,
e com o grande golpe do seu juízo
castigaria o próprio Cristo,
fazendo com que a justiça exigida
fosse por fim atendida.
Jesus tem desde então justiça,
e não juízo para oferecer,
pelo Evangelho.
Quem quiser ser justo,
para receber a graça
salvadora e transformadora,
basta vir a Cristo,
com a mão do coração estendida,
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e Ele a concederá com agrado
para apagar nosso pecado.
Por isso Ele diz que não veio
a este mundo para condená-lo,
mas sim, para salvá-lo.
Oh! Senhor amado!
Muito obrigado por sua justiça!
Felizes são os que têm fome e sede
desta sua maravilhosa justiça,
pela qual, nós perdidos pecadores,
somos saciados,
justificados e abençoados!
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O Real Significado da Graça
Há um grande paradoxo no entendimento
carnal relativo à graça divina, uma vez que se
costuma considerar como sendo graça
exatamente o oposto daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons
naturais e comuns de Deus para toda a
humanidade são buscados por pessoas
religiosas como se fossem o grande propósito da vida cristã.
Geralmente visa-se tão somente ao que é externo, e não propriamente o que seja
espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à transformação do próprio caráter e vida,
segundo o propósito de Deus na concessão da
sua graça que nos foi dada em Cristo.
Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este importantíssimo assunto, conquanto podemos observar na grande maioria das
passagens bíblicas referentes à graça, qual é o
propósito de Deus quanto à sua concessão.
Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da
mesma graça que devemos crescer com vistas
ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
63
O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do
Espírito Santo em nós. As demais graças são
consequência desta referida e gravitam em torno da mesma.
Quando estamos na graça, esta produz um bom estado na alma que pode ser discernido em
espírito tanto por nós, quanto por aqueles que
estiverem na mesma condição.
A graça divina é o maior poder operante neste mundo, pois somente ela é mais forte do que o poder do pecado.
O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e sem correr o risco de sermos
rejeitados por Deus, custou um alto preço a
nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do seu
sofrimento e derramamento do seu sangue numa terrível morte de cruz.
É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à palavra graça, de ser algo fácil ou
barato.
A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de morte para Cristo, carregando os nossos
pecados, e para nós, ela exige o pagamento do preço da nossa consagração a Deus, uma vez
tendo sido convertidos mediante a simples fé no
Senhor.
64
Fomos comprados por preço para vivermos para Deus.
Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova dispensação para substituir a antiga
que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser chamada de dispensação da graça, enquanto a
antiga era chamada de dispensação da Lei.
Deus está sendo longânimo nesta dispensação em relação a todos os pecadores, concedendo-
lhes assim a oportunidade de se arrependerem
e crerem em Cristo, de modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é uma das
características essenciais da citada
dispensação.
65
Uma Nova Aliança Diferente da Antiga
Devemos ter o devido cuidado ao estudarmos a
Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, nas partes relativas ao Antigo Pacto, porque ali
encontramos muitas figuras de realidades que
se cumpriram em Cristo, e muitos preceitos que
foram revogados e alterados por Cristo com a instituição da Nova Aliança, que revogou a
Antiga, de modo que não pratiquemos na
dispensação da graça aquelas coisas e atitudes que eram determinadas e aceitas por Deus no
Antigo Pacto, mas que de modo algum podem
ser aceitas nesta nova dispensação, em que
novas diretrizes foram dadas para substituírem muitas das diretrizes antigas, como por exemplo
a lei do olho por olho, dente por dente; o ofício
sacerdotal com a apresentação de animais em
sacrifício; as guerras santas ordenadas por Deus para extermínio de povos idólatras etc.
A Nova Aliança não é ministério de morte, mas
de vida. Isto é, os ministros de Deus estão
encarregados de levar a vida de Cristo aos homens, e não a condenação e a morte.
Isto fica agora exclusivamente nas mãos de
Deus, e a Igreja de Cristo não é mais a espada de
Deus, como Israel foi no mundo antigo para exercer juízos de Deus sobre o mundo de ímpios.
Deus é o Juiz exclusivo do que se refere a tirar ou não a vida de qualquer pessoa, de modo que não
deseja nenhuma cooperação da Igreja neste
66
sentido, ao contrário, foi vedado à Igreja na
presente dispensação toda e qualquer forma de
juízo, e daí Cristo ter determinado que o crente
a ninguém deve julgar neste sentido, porque o juízo sobre vida ou morte está agora
exclusivamente nas mãos de Deus.
À Igreja cabe pregar o evangelho, e aqueles nos quais Cristo será cheiro de morte para a morte e
não aroma de vida para a vida, é assunto que se
encontra fora da alçada da Igreja, e que está totalmente nas mãos do Grande e único Juiz
O dever do qual a Igreja está incumbida é o de levar a mensagem de salvação e se empenhar
muito para a salvação de alguns, porque Jesus,
na dispensação da graça, se empenha não em
condenar os pecadores, mas salvá-los.
67
Uma Aliança Firmada em Graça
Em Isaías 55 vemos que o evangelho é para os
que têm fome e sede de justiça.
A mesa do banquete está pronta e tudo o que de nós se exige é apetite. É tudo de graça.
Por isso o convite da salvação é dirigido a todos
os que têm sede para que venham às águas da salvação, e que poderão adquirir (comprar) o
vinho espiritual da alegria, e o leite racional que
nos alimenta que é a graça de Cristo, que acompanha o evangelho, para sermos
alimentados por ela, sem dinheiro e sem preço
(Is 55.1).
Diz-se que todo esforço e gasto de dinheiro para obter a salvação é vão, porque a salvação
verdadeira que Deus está operando pelo Filho, é
completamente gratuita.
A boa comida espiritual, e o tutano divino são achados somente na mesa de Cristo, e não nas
mãos dos que fazem da religião ocasião de comércio (Is 55.2).
A mensagem do evangelho deve ser ouvida atentamente, pela voz dos ungidos do Senhor,
através dos quais Cristo fala, para que pessoas se
convertam a Ele, para entrarem na aliança
68
eterna, que Ele havia prometido como sendo
firmes beneficências a Davi (v. 3).
Estas firmes beneficências a Davi são citadas também em passagens do Novo Testamento,
como em At 13.34.
“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis
misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3).
É maravilhoso saber que as últimas palavras que Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta
aliança segura e eterna.
Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e nós aprendemos das suas palavras pela boca de Davi que é uma aliança perpétua.
Perpétua em si mesma e na forma do seu caráter, manutenção, continuação e
confirmação. Deus diz também pela boca de
Davi que é bem ordenada e segura (v. 5).
Esta aliança está bem ordenada por Deus em todas as coisas que dizem respeito a ela.
Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará progressivamente, para a glória de Deus, de
modo que se a obra não for completada na terra,
ele o será no céu.
69
Para isso a aliança possui um Mediador e um Consolador para promover a santidade e o
conforto dos cristãos.
Está ordenado também QUE TODA
TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS.
Por isso Jesus afirma que na lançará fora de modo nenhum, a qualquer que vier a Ele.
Assim, a segurança da salvação não é colocada nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do
Mediador.
É dito que a aliança é segura porque está assim bem ordenada por Deus.
Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir pecadores ao céu.
Ela está tão bem estruturada que qualquer um deles pode ter a certeza de que estará sendo
aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra de aperfeiçoamento será concluída no céu.
E uma das razões para que o aperfeiçoamento não seja concluído na terra, é para que se saiba
que a aliança é de fato para pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo,
embora todos os aliançados sejam chamados
agora a se empenharem na prática da justiça.
70
As misericórdias prometidas aos aliançados é segura, e operarão de acordo com as condições
estabelecidas em relação à necessidade de
arrependimento e fé.
A aplicação particular destas misericórdias para santificar os cristãos é segura.
É segura porque é suficiente.
Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da salvação repousa na fidelidade de Deus em cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a
todo aquele que for encontrado nela, por causa
da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é
Cristo.
É somente disto que a nossa salvação depende. Muitos podem pensar que quando se conclama,
na profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o seu
caminho e o homem maligno os seus pensamentos para se voltar para o Senhor, para
achar misericórdia e perdão, porque se diz que
Deus é rico em perdoar, que isto não se aplique
às pessoas perversas.
No entanto, é um convite a todas as pessoas porque não há quem não peque, e Cristo veio
salvar e justificar ímpios (Rom 4.5), de forma
que aquele que se julgar justo e bom a seus próprios olhos jamais poderá ser salvo por
Cristo, porque Ele salva aqueles que se
reconhecem pecadores.
71
Para esclarecer este ponto, para que ninguém fizesse uma avaliação errada relativa à sua real
condição diante de Deus, Ele declarou que os
seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus
caminhos (Is 55.8).
Se nos compararmos com outras pessoas é possível que nos achemos bons e justos.
Mas se contemplarmos os que estão no céu,
especialmente ao próprio Deus em sua perfeita santidade e glória, nós veremos quão
imperfeitos somos.
Clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo sexto, quando viu a santidade e glória com que
os serafins louvavam ao Senhor no seu trono de glória.
Por isso se ordena que olhemos para Cristo para que sejamos salvos, porque somente quando
contemplamos a majestade da sua santidade, é que podemos enxergar qual é o nosso real
quadro de miséria e de necessidade que temos
de sermos salvos por Ele.
Então esta salvação não será achada em nós mesmos. Porque ela nos vem inteiramente destes caminhos e pensamentos elevados de
Deus que procedem do céu e não da terra.
É do alto que a graça e o Espírito são derramados, e por isso somos conclamados a
72
olhar para o alto, para Cristo, para o tesouro do
céu e não para o que é terreno, quando o assunto
se refere à nossa salvação.
Esta salvação vem do alto, mas a Palavra que salva foi revelada por Cristo na terra, e está não
apenas na Bíblia, mas junto da nossa boca e coração, para que façamos a confissão da fé no
seu nome e senhorio, para que sejamos salvos.
Deus pôs esta autoridade para nos salvar na sua Palavra. A palavra do evangelho é a semente que
contém a vida eterna.
De maneira que todo o que crê na Palavra da verdade será salvo, porque esta Palavra gerará
em seu coração a fé pela qual Deus o salvará. Por isso Ele afirma o que se lê em Is 55.10,11.
Estes que crerem no evangelho e forem salvos sairiam dando testemunho por todas as partes
com a alegria e a paz com que seriam guiados
pelo Espírito Santo, e por onde passarem
anunciando as boas novas, a maldição será transformada em bênção porque se diz que em
vez de espinheiros e sarças, cresceriam a faia e
a murta que são plantas ornamentais. E isto
seria para o Senhor um nome e um sinal eterno que nunca se apagará (v. 12, 13).
73
A Bênção da Graça Perdoadora
Se nada mais fosse dito além das coisas
referidas nos capítulos anteriores ao 30º do livro
de Deuteronômio, e o livro fosse fechado com as
palavras do capítulo precedente (29º), não haveria nenhuma esperança para Israel
prosseguir como povo da aliança feita com
Abraão, Isaque e Jacó, e mesmo da aliança feita
com eles no Sinai, porque a maldição da Lei os baniria para sempre da presença de Deus
quando invalidassem a aliança com os seus
pecados.
Entretanto, o capítulo 30º de Deuteronômio é iniciado com a promessa de Deus de usar de
misericórdia para com eles, quando na terra do
seu cativeiro eles se voltassem arrependidos de
seus pecados para Ele.
A Lei colocou diante deles a escolha da bênção ou da maldição, conforme o seu
comportamento diante do Senhor e dos seus
mandamentos.
Haveria bênçãos no caso de obediência, e maldições no caso de desobediência.
Servir ou não a Deus não seria uma opção que não afetaria as suas vidas.
74
Ao contrário, seria uma questão de vida ou de morte.
A Aliança que eles fizeram com o Senhor não gerou um compromisso de serem meramente
religiosos, mas um compromisso que afetaria profundamente o rumo das suas vidas; quer
para o bem, quer para o mal.
O bem por escolherem ouvir o Senhor e guardarem os seus mandamentos, e o mal, em
caso contrário.
Mas eles são lembrados que não estavam diante de um Deus inflexível e implacável, pois Ele
sabia perfeitamente que o homem é carnal e dado a se desviar dos seus caminhos, e não
andará neles caso não seja assistido pela sua
graça e misericórdia, e também pelo temor que
Lhe é devido.
Assim como Ele disse que não destruiria mais a
terra com as águas do dilúvio, por saber que o homem é carnal; de igual modo Ele fez
promessas de misericórdia para que Israel
pudesse retornar para Ele depois que eles Lhe
tivessem voltado as costas para servirem a outros deuses.
Ele aceitaria a esposa infiel de volta, desde que esta deixasse os seus amantes e voltasse para o
seu marido.
75
O Senhor sabia em todo o tempo que estava entrando em aliança com uma esposa que lhe
seria infiel em várias ocasiões, mas nem por isso
deixou de desposá-la (a nação de Israel) porque a amava.
De igual modo, os cristãos da Igreja de Cristo, apesar de suas infidelidades para com o Senhor, não podem romper o laço matrimonial que têm
com Ele porque são laços indissolúveis em razão
da perfeita fidelidade do Senhor, que
permanece fiel ao que nos tem prometido, apesar da nossa infidelidade.
Afinal, foram libertados da escravidão ao pecado, por Cristo, para viverem em obediência
completa a Deus, mas como carregam a
fraqueza da carne neste mundo, há esta ação da
misericórdia restauradora do Senhor operando em suas vidas para serem curados de suas
apostasias e pecados.
Por esta promessa de misericórdia e
restauração da Antiga Aliança, vemos que o caráter de Deus é realmente perdoador e
compassivo.
Nenhum pecador, por pior que seja, poderá se desculpar em juízo de não ter alcançado a
salvação, porque a misericórdia do Senhor é
infinita.
76
Ele tem prometido que usa de misericórdia com qualquer um, independentemente de seus
méritos.
Isto significa que ninguém poderá impugnar a decisão de Deus de usar de misericórdia para
com o pior dos pecadores, porque Ele
determinou em sua Soberania usar de
misericórdia com quem Ele quisesse, isto é, conforme a sua própria vontade, e nada mais.
Ninguém poderá se desculpar pelo fato de se ter
desviado e não ter buscado reconciliação com o
Senhor e com a sua Igreja, porque ninguém está excluído de alcançar misericórdia quando se
arrepende e se volta para Deus.
O verso 10 fala de conversão e do modo desta conversão:
“quando obedeceres à voz do Senhor teu Deus,
guardando os seus mandamentos e os seus
estatutos, escritos neste livro da lei; quando te
converteres ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma.”
Os versos 11 a 14 falam da possibilidade e alcance
próximo desta conversão, uma vez que a vontade revelada de Deus é conhecida na sua
Palavra, e o que crê na Palavra do Senhor e se
dispõe a obedecê-la, será salvo. Estas palavras de Moisés citadas nos versos 11 a
14 são usadas pelo apóstolo Paulo em Rom 10.6-
8 para se referir ao evangelho de Cristo, que
77
salva mediante a mesma conversão em se dizer
não ao pecado e se voltar para Deus e para a sua
Palavra:
“Porque este mandamento, que eu hoje te ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti. Não está no céu para dizeres:
Quem subirá por nós ao céu, e no-lo trará, e no-
lo fará ouvir, para que o cumpramos? Nem está
além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir,
para que o cumpramos? Mas a palavra está mui
perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a
cumprires.” (Rom 10.11 a 14).
O que tanto Moisés quanto Paulo querem se referir é que a Palavra de Deus para a salvação já foi revelada por Ele de uma vez para sempre e
está registrada na Bíblia.
Não precisamos de nenhuma nova revelação, de nenhum novo profeta, de nenhuma nova visão
ou sonho para sabermos qual é a vontade de
Deus relativamente a nós para que possamos ser salvos.
A sua vontade já está revelada na Bíblia. O Espírito Santo abrirá o entendimento
daqueles que Se aproximarem de Deus com
todo o coração e alma, para que possam não somente entender a sua Palavra, como também
a serem transformados por meio dela em novas
criaturas.
78
Há uma ilustração interessante neste capítulo,
quanto ao fato de que os povos inimigos que o
próprio Deus trouxe para oprimir e desterrar os
israelitas, por causa da sua desobediência, seriam repreendidos pelo Senhor assim que seu
povo buscasse se converter dos seus maus
caminhos.
O mesmo se dá com cristãos desobedientes que são entregues a Satanás para destruição da
carne.
Caso eles se arrependam dos seus pecados e voltem para Deus numa verdadeira conversão
que implique na obediência à sua Palavra, eles
não são apenas restaurados à comunhão, como
os espíritos malignos que os oprimiam são repreendidos e afastados pelo Senhor. Muitas das aflições que sofremos têm o
propósito de nos conduzirem ao arrependimento e à conversão ao Senhor e à sua
Palavra.
Ninguém deve contar com a aprovação e a bênção do Senhor quando vive na prática deliberada do pecado, mas pode e deve esperar
a sua bênção quando se arrepende e se converte
dos seus maus caminhos.
Isto é prometido pelo Senhor abundantemente em várias passagens das Escrituras, como por
exemplo em Jer 31.18-20 e II Crôn 7.13,14.
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Verdadeiros penitentes podem ter grande encorajamento quanto às compaixões e
misericórdias do Senhor, que nunca falham.
Moisés fecha este capítulo 30º com uma convocação aos israelitas para que se
apegassem verdadeiramente ao Senhor, porque
nisto estava a felicidade e a vida deles.
Não haveria nenhuma bênção vivendo longe do Senhor.
Não haveria nenhuma vida aparte da comunhão com Ele.
Seria marcante entre eles a diferença que
haveria entre os que servissem e amassem a Deus e aqueles que não o servissem e amassem,
porque o próprio Deus os distinguiria com o
derramar da sua bênção e vida para os
primeiros, e das suas maldições e castigos para os últimos.
A adoração verdadeira ao Senhor traria vida, e a adoração aos falsos deuses lhes traria morte.
É isto o que sempre ocorreu no mundo. Os que se voltam para Deus encontram a vida, e
os que resistem a Ele à sua vontade
permanecem debaixo da sua ira e mortos em
seus pecados.
A Palavra de Deus é um atalaia que adverte aos homens em toda a parte sobre a sua condição
diante de Deus.
80
Ela é uma Palavra de vida para os que nela creem e se arrependem de seus pecados, por darem
crédito à Palavra do Senhor que é a verdade.
E os que a ignoram ou que resistem a ela não lhe dando a devida atenção permanecerão
condenados em seus pecados.
Por isso Jesus diz quanto à Palavra do evangelho: “Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que
tenho pregado, essa o julgará no último dia.” (Jo
12.48).
O sentido do Novo Testamento é o mesmo,
porque o evangelho coloca todo homem diante da vida ou da morte, da maldição ou da bênção.
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.16).
81
A Graça Está Sujeita a Decadências
“Apo 2:25 - tão-somente conservai o que tendes,
até que eu venha.”
“Apo 3:11 - Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”
“Gál 5:4 - De Cristo vos desligastes, vós que
procurais justificar-vos na lei; da graça
decaístes.”
Estas passagens bíblicas, entre outras de igual
teor, apontam para o fato de que a graça está sujeita a decadências.
Se não nos exercitarmos espiritualmente todos
os dias, e se nos tornamos negligentes no uso dos meios destinados a fortalecer a graça
(oração, vigilância, meditação e prática da
Palavra, comunhão dos santos etc), podemos ter
como certo de que seremos achados enfraquecidos na fé, sofremos perdas em nossa
santificação e comunhão com Deus.
Daí a advertência apostólica:
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (I Cor 10.12)
Ele diz: o “que pensa”, porque é possível pensarmos que estamos fortificados na graça do
82
Senhor, quando na verdade podemos estar
enfraquecidos.
Todavia, caso estejamos fortificados nesta graça em que estamos firmes por causa da obra de
Jesus em nosso favor, é importante prestarmos
a devida consideração à referida advertência,
porque é possível a qualquer santo que venha a ficar enfraquecido na graça, por falta de
diligência espiritual, e cair da comunhão com o
Senhor, ainda que não para uma queda final,
que signifique a perda da sua salvação.
A coroa que podemos perder citada por nosso Senhor em Apo 3.11 refere-se ao galardão futuro,
e para que tal não suceda devemos guardá-la por
não permitir que o fascínio do mundo, as tentações de Satanás, um viver segundo a carne,
a furtem de nós.
Decadências na graça são comuns na vida da
maioria dos crentes, em uns são mais graves e constantes do que em outros, todavia, importa
que sempre nos levantemos no caminho
estreito em que nos encontramos pela fé, toda
vez que nele cairmos, de modo que retomemos a nossa caminhada e nos fortifiquemos na graça
que está em Jesus Cristo, de modo a
permanecermos e perseverarmos na nossa jornada neste caminho estreito que nos conduz
a uma mais íntima comunhão e conhecimento
do Senhor, e por fim ao céu.
83
Alianças e Dispensações Para um Único
Propósito
Deus interage com a humanidade através de
dispensações e alianças ou pactos, previamente
prefixados por Ele em sua onisciência e soberania, para conduzir-nos até a conclusão da
história da nossa redenção, quando todas as
coisas serão restauradas em Jesus Cristo com a
criação de um novo céu e de uma nova terra.
Se nos detivermos examinando com paciência
estas dispensações e alianças a partir da perspectiva do próprio Deus ao planejá-las
tendo o grande fim em vista de glorificar em
Cristo uma humanidade que havia caído no pecado, podemos entender que não se trataram
de dispensações e alianças independentes e
para fins particulares, senão, partes integrantes
visando ao mesmo fim.
Então, quando a primeira aliança foi feita com Adão, baseada na obediência perfeita do homem e toda a sua descendência para a vida,
ou da desobediência para a morte, o grande alvo
era o de encerrar a todos sob o pecado (Gál 3.22),
de forma a possibilitar que a promessa da salvação pudesse ser fosse concedida a todos os
que nele cressem.
Assim, estas dispensações e alianças existem cronologicamente para nós, mas para Deus,
84
especialmente a chamada Nova Aliança em
Jesus Cristo, têm um alcance atemporal, pois
elas abrangem ou estão relacionadas a todas as
gerações da humanidade.
Este foi o caso da aliança feita com Noé, de haver continuidade da multiplicação e manutenção da
raça humana e de todos os demais seres
viventes sobre a face da terra, e de não haver
mais destruição por águas de dilúvio (Gên 9.9-17).
Esta promessa de não haver destruição da raçã humana por Deus e de todas as condições
necessárias para a sua manutenção é a garantia
do cumprimento da promessa da aliança da
redenção (Nova Aliança), feita a Abraão, a qual se manifestaria a partir do seu descendente
(Cristo – Gál 3.16), e cujo benefício alcançaria até
mesmo Adão e os seus descendentes que
tivessem vivido antes de Abraão, e que tivessem sido justificados por meio da sua fé em Deus.
Somente cerca de 430 anos depois da promessa da Nova Aliança feita a Abraão, Deus
estabeleceu uma aliança exclusiva com os
israelitas nos dias de Moisés, a qual chamamos
de Antiga Aliança ou Velho Testamento.
Apesar desta Antiga Aliança, ou Aliança da Lei, ter sido feita com a nação de Israel, ela estava
inserida no contexto do plano da redenção da
humanidade, conforme citamos anteriormente.
85
Todavia, seria de breve duração, na chamada Dispensação da Lei, que durou cerca de 1440
anos. Este foi o período de vigência que Deus
estabeleceu para ela.
Assim, a Nova Aliança que tem vigorado na chamada Dispensação da Graça, desde que
Jesus morreu e ressuscitou, é denominada
Nova, não no sentido de ser a mais recente, ou
uma aliança que não teria qualquer tipo de vinculação com as anteriores, mas, sim, que ela
é a aliança através da qual se cumpre o propósito
redentor de Deus, desde que Ele havia coberto o
primeiro casal com as peles de animais sacrificados, e de lhes ter feito a promessa de
um descendente (Cristo) que esmagaria a
cabeça da Serpente, Satanás, o diabo.
Os que estão aliançados com Cristo estão também aliançados com a sua vitória. É nele,
segundo a promessa de aliança que Deus fizera desde Abraão, que eles são perdoados, lavados
de seus pecados e regenerados e santificados
pelo Espírito Santo, para estarem reconciliados
com Deus como seus filhos amados.
Por isso temos em muitas passagens bíblicas no
próprio Velho Testamento, ou seja, nos dias da Antiga Aliança, várias promessas relativas à
Nova Aliança, especialmente nos profetas,
como por exemplo em:
Jeremias 31.31-34:
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“Jer 31:31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com
a casa de Judá.
Jer 31:32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para
os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os
haver desposado, diz o SENHOR.
Jer 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas
leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Jer 31:34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:
Conhece ao SENHOR, porque todos me
conhecerão, desde o menor até ao maior deles,
diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me
lembrarei.”
Ezequiel 36.26,27:
“Eze 36:26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o
coração de pedra e vos darei coração de carne.
Eze 36:27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os
meus juízos e os observeis.”
87
O capítulo 31 de Jeremias é introduzido pela citação “Naquele tempo”, ou seja, nos dias da
Nova Aliança, da dispensação da graça.
O Senhor diz que na referida época, Ele seria o Deus de todas as famílias de Israel e elas seriam
o seu povo (Jer 31.1), isto, sabemos agora, por
causa da promessa de que todo cristão seria um verdadeiro israelita, conhecido e conhecedor de
Deus, integrante de sua família, porque de outro
modo, seria impossível o cumprimento de tal
promessa em que todas as famílias de Israel pudessem ser consideradas integrantes do
verdadeiro povo de Deus.
Deus faria isto por causa do seu grande amor que é eterno, e da sua benignidade que atrairia aqueles que salvaria pela sua misericórdia a Si
mesmo, e hoje sabemos que Ele o faz, nos
atraindo a Jesus Cristo para sermos salvos por
Ele (Jer 31.3).
Haveria nestes dias futuros de bênçãos quem gritasse como sentinelas no monte de Efraim,
que se subisse ao monte Sião, à presença do
Senhor, porque haveria cânticos de alegria, e haveria exultação por causa de Israel, que seria
posta como a principal das nações, e o que se
proclamaria seria o seguinte: “Salva, Senhor, o teu povo, o resto de Israel.”. Este resto de Israel,
é o remanescente fiel deste povo que será salvo
por Cristo.
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O Senhor havia falado antes somente em destruir, mas agora Ele está falando de uma
edificação que ocorreria no futuro.
Já não falaria mais em destruição, mas em edificação, por isso Jesus disse que não veio
condenar o mundo, ou julgá-lo, mas salvá-lo, ou
seja, na presente dispensação da graça, Ele está sendo inteiramente longânimo para com todos
os pecadores, na expectativa de que se
arrependam e vivam.
Ele estará convocando, através da Igreja, as pessoas de todos os recantos da terra, para que
se arrependam e creiam nele para que vivam, em vez de destruí-las por causa dos seus
pecados.
Então, em face de tal graça e misericórdia, os de
Israel, que haviam sido espalhados pelas nações, por causa dos juízos de Deus, tornariam
a ser reunidos por Ele em sua própria terra,
assim como o pastor ajunta o seu rebanho para guardá-lo.
O pecado e o diabo que eram mais fortes do que Israel e que continuamente o levavam a pecar e a se desviar de Deus, seriam vencidos por Jesus,
que é mais forte do que ambos, de modo que
uma vez sendo amarrados por Ele esses
valentes, Israel poderia ser libertado (Jer 31.11).
Então o Senhor passou a proclamar as bênçãos que viriam não somente sobre os judeus, que
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haviam sido deportados para Babilônia, como
também para os israelitas que haviam sido
levados em cativeiro pelos assírios, ou seja, para
os descendentes deles, especialmente sob o governo de Jesus, quando fossem reunidos a Ele.
Haveria um clamor em Ramá, por causa da matança de meninos de dois anos para baixo em Belém e seus arredores, por ordem do Rei
Herodes, que tentaria impedir o cumprimento
da promessa de Deus, de dar a seu povo o Rei que
o salvaria dos seus pecados (Jer 31.15, Mt 2.16-18).
Todavia, o propósito eterno de Deus não poderia ser frustrado, e Herodes nada poderia fazer para
impedir a chegada a este mundo do Rei dos reis,
e Senhor dos senhores, por causa de quem o povo de Deus canta com júbilo e fica radiante
com os benefícios do Senhor, em todas as suas
provisões, e também por quem suas vidas se tornam como jardins regados, de modo que
nunca mais desfalecerão.
Além disso, por causa da Nova Aliança em Cristo, haverá cântico de júbilo nos altos de Sião, que simbolizam a condição elevada da alma na
presença de Deus nas regiões celestiais (Jer 31.12
a).
Jovens e velhos dançariam alegremente quando o Senhor edificasse o seu povo, e o pranto deles
seria transformado em alegria, porque seriam
90
consolados pelo Espírito Santo, e o Senhor lhes
daria alegria no lugar da tristeza (v. 13).
Todo o choro pelas tribulações e aflições, especialmente as produzidas pelo Inimigo,
deveria ser reprimido, bem como todas as
lágrimas dos olhos, porque o Senhor
recompensaria o trabalho dos seu povo, e o livraria da opressão do Inimigo (v. 16).
Os que haviam sido castigados deveriam abandonar as suas queixas, e pedirem ao Senhor
para serem restaurados, porque estava preparando uma nova dispensação (a da graça)
onde prevaleceria mais a sua misericórdia do
que os seus juízos, e os que se achavam
desviados poderiam regressar a Ele com confiança, porque saciaria toda alma cansada e
fartaria toda alma desfalecida (v. 25).
Tudo isto fora dado em sonho a Jeremias (v. 26), para que o Senhor o confirmasse logo depois ao
profeta com a promessa relativa à Nova Aliança,
na qual se cumpririam todas estas bênçãos que
ele vira em sonho.
Deus disse que no passado havia falado em arrancar e derrubar, transtornar, destruir, e
afligir, relativamente às casas de Israel e de Judá, como vemos nas suas ameaças em quase
todo o Velho Testamento, mas disse que nos
dias que ainda viriam (dispensação da graça),
91
Ele agora vigiaria para edificar e para plantar (v.
28).
Por isso o apóstolo Paulo diz que a Igreja é a lavoura de Deus, referindo-se a ela como uma
plantação, e também como o edifício de Deus,
porque o Senhor prometeu plantar e edificar, e
não arrancar e destruir o seu povo nos dias da Nova Aliança.
Nós vemos também o apóstolo se dirigindo à
Igreja carnal de Corinto, dizendo que os repreenderia pelos seus pecados, mas que não
os destruiria porque o ministério que havia
recebido do Senhor era para edificação e não para destruição (II Cor 13.10).
Deus revogaria também o princípio da iniquidade dos pais ser visitada nos filhos até a
terceira e quarta geração, conforme previsto na Antiga Aliança, porque na Nova, cada um
responderia pelos seus próprios pecados
perante Ele (Jer 31.29, 30).
Depois de ter feito esta introdução de promessas de bênçãos, revelou ao profeta como elas se
cumpririam, a saber: com a entrada em vigor da Nova Aliança no lugar da Antiga, conforme já
comentamos anteriormente (v. 31 a 34).
Para ratificar a imutabilidade deste seu propósito que se cumpriria em Cristo, o Senhor
afirmou que se tal promessa pudesse ser
revogada, então Israel deixaria também de ser
92
uma nação diante dele para sempre, porque não
há outro modo de existir um povo para Deus,
senão na união dos seus filhos com Jesus Cristo,
sendo salvos por Ele, pela justificação da Nova Aliança, com a qual o próprio Abraão havia sido
justificado, antes mesmo da Lei, para que se
soubesse, que é por tal justificação em Cristo que se tem vida eterna, e não pela Lei de Moisés
(v. 35, 36).
Deus não rejeitaria Israel apesar de tudo quanto haviam feito, porque usaria de misericórdia e
salvaria o remanescente da referida nação, e
não deixaria de fazer isto de modo algum, e por isso afirmou que o faria somente caso alguém
pudesse medir os céus e os fundamentos da
terra (v. 37).
Assim, os judeus deveriam ter confiança, enquanto estivessem no cativeiro, que o Senhor visava ao bem do seu povo, e não à sua
destruição, e que deveriam voltar com alegria e
com confiança para a sua própria terra, depois
que fossem libertados por Ele do cativeiro em Babilônia, porque o seu propósito para Israel é o
de que seja colocado como cabeça das nações na
terra para sempre, sem que possa ser jamais
derrubado, e isto terá cumprimento por ocasião da volta de Jesus (v. 38 a 40).
Todos os que creem em Cristo fazem parte do verdadeiro Israel de Deus. É a todos eles que são
feitas estas promessas. Eles governarão as
93
nações da Terra juntamente com Cristo no
período do milênio.
94
A Graça Nunca Desconsidera o Viver
Pecaminoso
A profecia de Isaías é considerada evangélica
porque fala do Messias se manifestaria ao mundo para salvar os pecadores.
O evangelho é uma boa nova relativa à salvação, mas não encobre o pecado do homem, e não deixa de apontar para o juízo eterno de Deus
sobre o pecado, e a necessidade de fé e
arrependimento para o perdão dos pecados e a
consequente reconciliação com Deus.
Não é sem razão que o livro de Isaías seja muito citado no Novo Testamento, porque, como
dissemos, o seu caráter é totalmente evangélico, porque foi para esta missão de falar
do evangelho que Isaías foi chamado por Deus.
Então o enfoque na profecia de Isaías está na obra operada pela graça e pelo poder de Deus, e
não pelo mero esforço pessoal do homem.
A graça evangélica que seria manifestada está sempre associada à fé e ao arrependimento, e a
um caminhar condigno com a santidade de
Deus.
Os fariseus não podiam entender esta mensagem, porque estavam endurecidos, mas
95
os apóstolos a entenderam perfeitamente
porque a viram encarnada na pessoa de Cristo.
Então é por isso que não vemos nenhuma das epistolas escritas pelos apóstolos desobrigando
os crentes de um viver santo e piedoso, sob a alegação de não estarem mais debaixo da Lei e
sim da graça do evangelho; porque sabiam que a
graça é do remanescente fiel, é dos eleitos, é
daqueles que amam a vontade de Deus, é daqueles que detestam o pecado e que amam a
santidade.
Foi pra salvar estes que viriam a se arrepender o pecado que Cristo se manifestou. Ele morreu
por todos os pecadores, mas apenas aqueles que
creem e se arrependem podem ser beneficiados pela sua morte e desfrutar das bênçãos
prometidas por Deus para o seu povo.
No capítulo 29 de Isaías, Jerusalém é chamada pelo codinome de Ariel. E o capítulo é
introduzido pela expressão interjetiva “Ah!”
como um suspiro, porque é relativa à cidade onde Davi acampou, isto é, onde ele estabeleceu
a sua casa, porque Jerusalém era chamada de a
cidade de Davi.
Mas eles não andaram nos caminhos de Davi. Não imitaram a sua devoção e piedade.
Então é proferido o que o Senhor lhe faria:
96
“Então porei Ariel em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel.” (v.
2).
São proferidas as assolações que lhes
sobreviriam da parte de Babilônia, que a sitiaria e a abateria (v.3,4), e eles se sentiriam como
mortos que descem ao pó.
Muitos inimigos prevaleceriam contra Judá, porque os babilônios viriam coligados a outros
povos contra Judá, como por exemplo os moabitas e amonitas (v. 5).
Como todos os juízos do Senhor, isto viria repentinamente, como o ladrão, tal como nos
dias de Noé, em Sodoma e Gomorra, e como
também será no tempo do fim, conforme Jesus afirmou.
Deus está esperando bons frutos de árvores más.
Antes, é dito na profecia que estas árvores más serão cortadas.
Deus deixa entregues a si mesmos aqueles que
amam as trevas e não a luz. Aqueles que amam a mentira e não dão ouvidos à verdade. Ele deixa
os que resistem continuamente à sua vontade,
entregues ao próprio endurecimento deles. Ele não lhes concede graça para que achem
arrependimento. E nem toca a trombeta de
alerta para eles para que despertem do sono de
97
morte em que se encontram, como vemos
afirmado nos versos 10 a 12 de Isaías 29:
“10 Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos
olhos, os profetas; e vendou as vossas cabeças, os videntes.
11 Pelo que toda visão vos é como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler,
dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não posso,
porque está selado.
12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não sei ler.”
Eles eram religiosos só de aparência. Eram falsos piedosos em suas obras externas, mas não
tinham o poder da piedade operando pela graça
em seus corações. Então a devoção deles não era em espírito e em verdade, mas uma adoração
falsa. Como se costuma dizer: da boca para fora,
mas não de fato e de verdade. Então se afirma o que lemos no verso 13:
“Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os
seus lábios me honra, mas tem afastado para
longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens,
aprendidos de cor;”.
Com isso o Senhor prometeu que faria uma obra maravilhosa com aquele povo hipócrita, com
98
aqueles judeus que eram apenas no nome, mas
não no coração, que consistiria em maravilhas e
sinais externos, mas em fazer com que a
sabedoria dos seus sábios perecesse diante da glória sobre-excelente do evangelho.
O entendimento dos entendidos a seus próprios olhos nos assuntos da religião ficaria
obscurecido pela grande luz do evangelho,
porque pelo Espírito Santo derramado no coração dos crentes, eles discerniriam que a
doutrina dos líderes de Israel não passava de
fumaça e de mandamentos de homens (v. 14).
Deus é onisciente e tudo sabe e conhece, inclusive as intenções dos corações. Mas os que
não têm o seu temor não conseguem ver esta verdade, e vivem enganando e sendo
enganados, pensando que o Senhor não leva tal
procedimento em consideração (v. 15). Não
sabem que há um “Ai!” proferido contra eles, porque serão afligidos no dia do juízo.
Eles não conseguem enxergar que Deus é o oleiro e não o barro. Ao contrário, agem como se
fossem oleiros, pensando que podem manipular
o Senhor em suas obras e ações, e por isso
rejeitam o seu governo e disciplina em suas vidas (v. 16).
Assim, enquanto os sábios e entendidos, que pensavam enxergar e conhecer completamente
a Deus e a sua vontade, permaneceriam cegos e
99
endurecidos pelo Senhor, Ele daria vista
espiritual aos que se reconheciam cegos, isto é,
ignorantes da sua pessoa e vontade, e daria que
aqueles que nunca ouviram ou não podiam entender a sua Palavra, pudessem ouvi-la e
compreendê-la (v. 17, 18).
Deus não se revelaria aos sábios e entendidos a seus próprios olhos, mas aos pequeninos, a
saber, aos mansos (submissos), aos pobres de espírito, e por isso se afirma que são estes os que
são bem-aventurados porque são aqueles a
quem Deus se dará a conhecer, como também a
sua vontade.
Deste modo, estes pequeninos que se converteriam ao evangelho não se alegrariam e
não gloriariam em si mesmos e no seu
conhecimento, mas unicamente no Senhor (v.
19).
Enquanto isto, os opressores, os arrogantes, seriam reduzidos a nada, e todos os
escarnecedores da verdade e todos os que se dão
à iniquidade, seriam desarraigados, porque não
serão eles que herdarão a terra, senão somente aqueles que se deixam instruir por Deus, porque
são mansos e pobres de espírito (v. 20).
Estes que são desarraigados têm alguns dos seus pecados descritos no verso 21:
100
“os que fazem por culpado o homem numa causa, os que armam laços ao que repreende na
porta, e os que por um nada desviam o justo.”
Os versos 22 a 24 descrevem de modo muito claro a grande verdade evangélica que somente quem é espiritual pode discernir as coisas
espirituais, e tudo discernir sem ser por
ninguém discernido.
Então Deus fala pelo profeta nestes versículos que esta mensagem ficará selada para o
entendimento dos israelitas, e assim eles não poderiam ficar envergonhados da glória vazia da
devoção deles, pensando que fosse algo muito
elevado, quando na verdade era uma adoração
de lábios de corações afastados do Senhor. Mas isto, como se diz no verso 23 só poderia ser
discernido quando o Senhor fizesse a obra das
suas mãos no meio de Israel através de Jesus
Cristo, então santificariam o Santo de Jacó e temeriam ao Deus de Israel, porque veriam que
o seu reino não consiste em palavras, mas em
demonstração do Espírito Santo e de poder, o
que seria manifestado pelo evangelho.
Tão abundante seria o derramar da graça, que
os errados de espírito viriam a ter entendimento, e os murmuradores deixariam a
murmuração para aprenderem a instrução do
Senhor (v. 24).
101
A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza
“12 Irmãos, rogo-vos que sejais como eu, porque
também eu sou como vós; nenhum mal me fizestes.
13 E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne;
14 E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me
recebestes como um anjo de Deus, como Jesus
Cristo mesmo.
15 Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível
fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis.
16 Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?” (Gál 4.12-16).
Paulo roga humildemente aos crentes da
Galácia como um pai que insta com seu filho perdido a voltar ao mesmo bom caminho em
que andava antes da sua perdição.
Ele havia desabafado no verso 11 dizendo que estava perplexo com o que eles haviam feito, e
receava então que estivesse trabalhando em vão
em relação a eles.
102
Mas como que lembrando imediatamente da condição deles de terem sido feitos filhos de
Deus, tal como ele havia sido feito também, ele
desce ao nível deles, não no que se refere ao pecado, mas da miséria deles, e por um
momento também se sente miserável com eles,
ante a impotência de poder fazer por si mesmo algo em relação a eles, de modo que todo o seu
trabalho e cuidado não se tornasse infrutífero.
Assim lhes fez recordar quão grande era o afeto que eles tinham por ele quando lhes pregou o
evangelho pela primeira vez, e como lhe haviam
tratado tão bem, mesmo diante da sua fraqueza na ocasião, provavelmente em razão de alguma
possível enfermidade, pois lhes disse que
estavam dispostos até mesmo, se possível fora, a
arrancarem os seus próprios olhos para lhos darem.
Ou isto foi o resultado de ferimentos produzidos pelo apedrejamento que ele havia sofrido dos
judaizantes naquela região. O livro de Atos conta
detalhes do que ocorreu ao apóstolo quando pregava o evangelho nas cidades da Galácia
(Perge, Derbe, Listra, Antioquia da Psídia e
Icônio).
Aquela fraqueza quanto à sua incapacidade e impotência pessoais, serviram aos propósitos de Deus, porque o poder de Cristo, e a sua graça, se
aperfeiçoam na nossa fraqueza. De modo que
quando somos fracos então é que somos fortes,
103
porque trocamos a nossa incapacidade pelo
poder do Espírito Santo, que nos assiste nas
nossas fraquezas.
Deste modo, Paulo introduz esta seção da
epístola chamando a todos os crentes gálatas de irmãos.
Ele quer demonstrar que apesar de apóstolo de Cristo ele não se envergonha de chamá-los de
irmãos, desde o maior até o menor deles, assim
como o nosso Salvador também não se envergonha de nos chamar de irmãos, apesar de
ser o nosso Senhor.
No amor cristão as diferenças se dissolvem.
Assim como Cristo se rebaixou deixando a glória dos céus, por amor, também devemos nos
humilhar para que possamos ser úteis àqueles que se encontram em necessidade espiritual,
que é comum a todos nós.
Não devemos lhes falar do alto da nossa autoridade e importância (que na verdade nem é nossa, caso a tenhamos, mas de Cristo),
porque esmagaríamos a cana quebrada e
apagaríamos o pavio fumegante, e certamente
não é este o ministério do Senhor Jesus neste mundo, porque tem se compadecido das nossas
misérias espirituais.
Quando o próprio Paulo havia pregado o evangelho em fraqueza, os gálatas superaram
104
por causa do seu amor a ele, a tentação que foi
para eles vê-lo naquela fraqueza.
Eles não o desconsideraram e nem o desprezaram como possivelmente estavam fazendo agora, por causa dos argumentos dos
judaizantes, porque procuravam por todos os
meios desqualificar e rebaixar o apóstolo diante
dos seus olhos, afirmando que se fosse verdadeiro ministro de Cristo não estaria sujeito
a tantas tribulações, fraquezas e perseguições.
Os falsos apóstolos se gloriavam das suas honrarias, das suas posses e conquistas terrenas, alegando que eram bênçãos de Deus
por observarem a Lei de Moisés.
Agora os gálatas não haviam conseguido vencer a tentação de considerar Paulo alguém que não
era bem sucedido segundo os padrões do mundo.
Ele rogou que eles voltassem a ser como foram no princípio. Que não julgassem segundo a
aparência, e que não interpretassem as tribulações como prova de um possível desfavor
de Deus.
A grande preocupação do apóstolo não era com a questão de receber a honra que lhe era devida, mas com a própria condição espiritual dos
crentes gálatas que estavam se desviando da
simplicidade que é devida a Cristo, e sem a qual
105
não é possível termos comunhão uns com os
outros.
Paulo fecha esta seção da epístola afirmando que o que estava dizendo quanto à reprovação
do que eles estavam fazendo agora, que ela não
era movida por nenhum ressentimento pessoal, ou por inimizade, ao contrário, eram palavras de
um autêntico amigo, porque eram a pura
expressão da verdade. O amor folga com a
verdade.
O amor não recorre à mentira. Que então os gálatas aprendessem a julgar segundo a reta justiça conforme convém a todo filho de Deus.
Um verdadeiro amigo prevenirá o seu irmão que
estiver errando, e se o irmão errado tiver algum senso ele agradecerá ao seu amigo.
O apóstolo queria que os gálatas soubessem por que ele lhes tinha falado a verdade, para o
próprio bem deles, e que não pensassem que ele
os repugnava. Ele lhes falou a verdade porque os
amava.
106
A Justiça do Evangelho Testemunhada
pela Lei e pelos Profetas
Nos livros proféticos do Velho Testamento nós
podemos constatar em inúmeros detalhes
várias predições relativas ao ministério terreno
de Jesus Cristo como também a glória do seu reino que se manifestará no final dos tempos.
É com tão grande exatidão que estas predições se cumpriram nele e em tudo o que tem
ocorrido no mundo desde então, especialmente
pela obra do Espírito Santo através dos seus santos na Terra, as quais não poderiam ser
cumpridas em nenhum outro, que podemos ter
a firme convicção da completa inteireza da fé que professamos na Palavra revelada de Deus na
Bíblia.
Quão profundo e maravilhoso é que o Deus que é totalmente santo, justo e perfeito, criador de
todas as coisas que existem no céu e na Terra, se manifestasse a pecadores como nós, e nos
revelasse o Caminho para a salvação de nossas
almas que se encontravam perdidas.
Quando examinamos por exemplo, o capítulo 32 de Isaías, nós vemos nos versos 1 a 5; e 15 a 18
condições que prevaleceriam nos dias do
evangelho.
107
O reinado do Messias seria de justiça, e os príncipes que estariam juntamente com ele,
governariam com justiça (v. 1).
Somente um varão (Cristo) serviria de abrigo contra o vento e refúgio contra a tempestade, e
seria como ribeiros de águas em lugares secos,
e a sombra numa terra sedenta; ou seja, Ele seria o amparo e o socorro do seus povo nas
tempestades de aflições que têm que enfrentar
neste mundo; bem como o Provedor de todas as
suas necessidades, especialmente a de saciar a sua sede espiritual de justiça (v.2).
Aqueles que andassem por fé e não por vista, ou seja, com os olhos espirituais abertos, jamais
teriam sua visão ofuscada; assim como aqueles que têm seus ouvidos espirituais abertos, para
ouvirem o que o Espírito Santo diz à Igreja,
sempre ouviriam a voz de Deus, dando-lhes
conhecimento da sua vontade (v. 3).
É dito que o coração dos imprudentes, ou seja dos precipitados, dos temerosos, entenderia o
conhecimento na dispensação do evangelho,
indicando isto que a graça capacitaria e guiaria na instrução de uma vida piedosa segundo o
conhecimento de Deus e da verdade, que seria
alcançado pela conversão e pelo trabalho progressivo da santificação, pessoas que têm
dificuldade para aprenderem a prudência e a
sabedoria de Deus (v. 4).
108
É dito também no verso 4 que a língua dos gagos estaria pronta para falar distintamente. Isto
significa que pessoas não eloquentes, ou com
dificuldades para se expressarem verbalmente seriam capacitadas pelo Espírito Santo na
dispensação do evangelho a pregarem e a darem
testemunho de Cristo com ousadia e desprendimento.
O discernimento do Espírito Santo permitiria ao crente conhecer que não há qualquer nobreza
espiritual na tolice, e também conhecer as
aparentes generosidades que procedem de
corações avarentos (v. 5).
As reformas que o rei Ezequias estava realizando em Judá não tinham o poder de estabelecer um governo no coração dos seus súditos. Mas o Rei
justo prometido neste capítulo 30 de Isaías,
Jesus, o Messias, somente Ele, tem o poder de
gerar uma obediência que seja de dentro para fora, e não apenas exterior, porque tem o poder
de estabelecer o seu governo no coração dos
seus servos, e além disso, realizar a
transformação de suas vidas e caráter.
Nos versos 15 a 18 nós temos o registro do modo
como seria estabelecido este governo no coração, e as suas consequências abençoadas.
É dito no verso 15 que tal sucederia a partir do momento que o Espírito fosse derramado lá do
alto sobre o povo de Deus. Sabemos que isto
109
começou a acontecer desde o dia de Pentecostes
em Jerusalém, com os primeiros discípulos,
logo após a morte e ressurreição de Jesus.
A consequência disto é que o deserto se tornaria em campo fértil (v. 15b). Os campos desolados e infrutíferos dos corações desertos seriam
tornados férteis e frutíferos para Deus pela água
viva do Espírito Santo, na regeneração e na
santificação dos salvos.
Estes desertos infrutíferos (pessoas) que nada entendiam e vivam do juízo e da justiça de Deus, teriam esta justiça habitando neles, porque o
Espírito passaria a habitar em seus corações (v.
16).
Estes que foram justificados por Deus, por causa da obra de Reforma do coração, realizada pelo
Rei prometido teriam paz com Deus, porque seriam reconciliados com Ele por meio da
justiça de Cristo que receberam pela graça,
mediante a fé. E somente isto seria o suficiente
para lhes garantir o sossego e a segurança eterna, pelo livramento da condenação e da ira
de Deus, que repousaria sobre eles (v. 17).
A estes que foram assim justificados foi feita a promessa de Deus de que habitariam em
moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos de descanso, porque os que são
da fé têm entrado no descanso de Deus, que não
é propriamente um lugar, mas a condição de
110
alma e espírito que estão em plena comunhão
com Ele, e assim não podem ter qualquer temor
(v.18).
Estas boas promessas dos dias do evangelho estão entremeadas com as repreensões e juízos dos versos 6, 10 a 14 e 19, nos quais são
repreendidos os tolos e especialmente as
mulheres de Israel que viviam em
deslumbramento em vez de uma vida de humildade, piedade e santidade.
Elas, assim como todo o povo de Judá não deveriam se gloriar na prosperidade material
que haviam alcançado sob o reinado de Ezequias
e nem na glória do palácio real, porque toda
aquela prosperidade viria a ser removida da terra, que seria deixada deserta, bem como o
palácio real.
Esta profecia demonstra que toda glória terrena é passageira e aparente, e não é nela em que
deve estar o nosso coração, senão somente no Senhor, que é o Rei de reis, cujo reino é eterno e
inabalável.
111
A Justiça Manifestada sem Lei
“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de
Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;
justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo,
para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem
da glória de Deus, sendo justificados
gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação,
mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por
ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os
pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo
presente, para ele mesmo ser justo e o
justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rom 3.21 a 26)
A justiça prometida por Deus para a
justificação de pecadores, e que passou a se manifestar na dispensação da graça, à qual
Paulo chama de tempo presente, com a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo a este mundo para
morrer na cruz, foi profetizada nas Escrituras do Velho Testamento, porque Paulo diz que ela foi
testemunhada pela Lei e pelos profetas, modo
comum de se designar as Escrituras no passado.
Abraão e muitos outros no passado, haviam sido justificados por esta justiça, mas o seu
significado, modo de aplicação e tudo o mais
112
que a ela se refere, seria revelado e manifestado
somente no evangelho e na pessoa de Jesus
Cristo.
Esta justiça de Deus prometida seria manifestada sem lei, conforme dizer do
apóstolo, isto é, ela não seria decorrente das
obras da lei, mas no ato de justiça que seria cumprido por Cristo morrendo no lugar do
pecador, carregando sobre Si todos os pecados
deles, para que pudessem ser perdoados e
justificados por Deus.
Isto seria feito também por um ato de pura graça para qualquer um que creia, sem qualquer
distinção de pessoas.
Então erram com o alvo da vontade de Deus quanto à salvação, todos aqueles que procuram
ser justificados por meio da observância da
obras da Lei, uma vez que a justiça prometida está sendo oferecida gratuitamente para a nossa
salvação, não por praticarmos as obras da Lei,
mas por causa da fé em Cristo. As boas obras
seguirão a salvação, mas jamais serão a sua causa.
Deus deliberou que seria misericordioso na dispensação da graça, para com as nossas transgressões e não lembraria dos nossos
pecados (Hb 8.12, 10.17), porque poderia nos
perdoar completamente uma vez que castigaria
113
o seu próprio Filho unigênito no lugar daqueles
que viriam a crer nele.
Estes que creem, e somente eles, podem receber o dom precioso da justiça divina,
porque não serão apenas perdoados, mas completamente santificados.
Não seria justo perdoar um malfeitor para que ele continuasse na prática da injustiça.
Por isso, os que são justificados por Deus, recebem esta maravilhosa bênção, porque
passarão a ser justos, se inteirando da causa da justiça e servindo à justiça, pela implantação
neles de uma nova natureza espiritual, celestial,
santa e divina, que crescerá até a maturidade de varão perfeito.
Por isso os crentes necessitam de Cristo, porque não podem viver e praticar isto sem o poder e a
vida de Cristo operando neles.
Cristo é a justiça do crente, para que se torne justiça de Deus, porque Jesus se fez, ao morrer na cruz, maldição e pecado por nós.
Ele se fez a Si mesmo, maldito, para que pudéssemos ser feitos santos (Gal 3.13).
Ele se fez pecado, para que fôssemos feitos santos e justos. (2 Cor 5.21)
114
Ele se tornou assim a nossa propiciação, porque a justiça perfeita de Deus deveria ser satisfeita
quanto ao nosso pecado, porque a justiça
demanda a morte espiritual e eterna do pecador, ou seja, ficar separado para sempre de
Deus e sujeito à uma condenação de tormentos
eternos.
Então, somente o sacrifício de Jesus poderia satisfazer à justiça divina, porque nenhum outro
possuía tão profundo e infinito valor e dignidade
para morrer no lugar de muitos.
Como o crente é reconciliado com Deus, tendo paz com Ele, por causa da redenção que há no
sangue do sacrifício do Senhor por nós, então se
afirma nas Escrituras que a justiça e a paz se
reconciliaram, porque é somente por meio da justiça de Deus que nos é oferecida
gratuitamente em Cristo, que podemos ter paz
com Ele para sempre.
Vejamos então, alguns textos do Velho
Testamento que profetizaram acerca de tal justiça divina destinada a transformar
pecadores em santos e justos diante de Deus.
Slm 85:10 Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram.
Rom 5.1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo;
115
(Veja como a justiça que recebemos pela fé em Jesus, traz como resultado a nossa paz
(reconciliação) com Deus. É somente por este
meio que acaba a guerra espiritual que havia entre nós e Deus, e o Juízo de condenação de
Deus que paira sobre nós, enquanto não temos
esta Justiça que promove a paz. O ato da justificação é a atribuição, a imputação da
justiça de Jesus ao que crê.)
Isa 32:17 O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre.
(A justiça aqui referida, em tais efeitos, não poderia ser outra, senão a justiça do próprio
Cristo, por meio da qual temos paz, descanso
espiritual e segurança, eternos)
Isa 46:13 Faço chegar a minha justiça, e não está
longe; a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião o livramento e em Israel,
a minha glória.
(Este texto e o seguinte, revelam que a justiça que está sendo oferecida por Deus aos pecadores pelo evangelho, é a manifestação que
haveria de uma Pessoa, e quem é tal pessoa,
senão somente nosso Senhor Jesus Cristo.)
Isa 51:5 Perto está a minha justiça, aparece a minha salvação, e os meus braços dominarão os
povos; as terras do mar me aguardam e no meu
braço esperam.
116
Isa 51:6 Levantai os olhos para os céus e olhai para a terra embaixo, porque os céus
desaparecerão como a fumaça, e a terra
envelhecerá como um vestido, e os seus moradores morrerão como mosquitos, mas a
minha salvação durará para sempre, e a minha
justiça não será anulada.
Isa 51:8 Porque a traça os roerá como a um
vestido, e o bicho os comerá como à lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha
salvação, para todas as gerações.
Isa 56:1 Assim diz o SENHOR: Mantende o juízo e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, prestes a
manifestar-se.
Jer 23:6 Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que
será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.
Jer 33:16 Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; ela será
chamada SENHOR, Justiça Nossa.
Deut 32:36 Porque o SENHOR fará justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus servos, quando
vir que o seu poder se foi, e já não há nem escravo nem livre.
Slm 17:15 Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a
tua semelhança.
117
Slm 22:31 Hão de vir anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer, contarão que foi ele
quem o fez.
Slm 24:5 Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.
(Por isso Jesus diz no Sermão do Monte que são bem-aventurados os que têm fome e sede desta justiça, porque ela é benção e não juízo, vida
eterna, e não morte espiritual e eterna)
Slm 40:9 Proclamei as boas-novas de justiça na grande congregação; jamais cerrei os lábios, tu
o sabes, SENHOR.
Slm 40:10 Não ocultei no coração a tua justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua graça e a
tua verdade.
(Salmo profético, onde se declara a proclamação do evangelho por nosso Senhor
Jesus Cristo, oferecendo a sua justiça para a
salvação daqueles que nele cressem)
Slm 94:15 Mas o juízo se converterá em justiça,
e segui-la-ão todos os de coração reto.
(Maravilhosa e profunda verdade. O juízo, a condenação de Deus, que pairava sobre nós, foi
transformado em justiça, que é graça e perdão
misericordioso, para com os nossos pecados,
118
porque Jesus pagou o preço devido em sua
agonia e morte).
Slm 97:8 Sião ouve e se alegra, as filhas de Judá se regozijam, por causa da tua justiça, ó
SENHOR.
(Veja que se a justiça do evangelho fosse juízo
condenatório, não se falaria desta grande alegria por causa da justiça do Senhor que nos
está sendo oferecida por Ele por amor e
gratuitamente. O que se exige de nós, é somente arrependimento (mudança de mente) e fé.
Slm 98:2 O SENHOR fez notória a sua salvação; manifestou a sua justiça perante os olhos das
nações.
(A justiça de Deus que é vista pelas nações é o próprio Cristo, em sua obra de redenção em
favor dos pecadores, para que sejam justificados e tornados justos)
Slm 118:19 Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas e renderei graças ao SENHOR.
Slm 119:40 Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos; vivifica-me por tua justiça.
Slm 119:123 Desfalecem-me os olhos à espera da tua salvação e da promessa da tua justiça.
Slm 132:9 Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e exultem os teus fiéis.
119
Isa 1:27 Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça.
(Profecia que confirma tudo o que foi dito anteriormente sobre a justiça de Cristo, como
sendo o manto que cobre os nossos pecados.
Esta justiça é maravilhosa e eterna. Não pode ser
perdida, conforme o primeiro homem criado perdeu a sua justiça, e juntamente com ele,
todos nós, seus descendentes).
Isa 4:4 quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa do
sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e
com o Espírito purificador.
Isa 61:11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se
semeia, assim o SENHOR Deus fará brotar a
justiça e o louvor perante todas as nações.
(Está ou não está, o evangelho de Cristo prevalecendo em todo o mundo, há séculos?
É o cumprimento desta profecia e de todas as que se referem à justiça de Cristo, para a nossa
salvação. Aleluia!)
Isa 62:1 Por amor de Sião, me não calarei e, por amor de Jerusalém, não me aquietarei, até que
saia a sua justiça como um resplendor, e a sua
salvação, como uma tocha acesa.
120
(Veja que a salvação é diretamente relacionada à justiça de Cristo, nesta profecia. Guarde bem
isto: é salvação, e não juízo! O juízo é decorrente
da rejeição da Justiça que nos é oferecida pelo evangelho para a nossa justificação.)
Mal 4:2 Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação
nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros
soltos da estrebaria.
(Jesus é o Sol da justiça, que pelo qual vivem os que são iluminados pela sua luz, e tornados
fervorosos em amar e servir a Deus, por causa
do calor do seu amor por nós).
Hab 2:4 Eis o soberbo! sua alma não é reta nele;
mas o justo viverá pela sua fé.
(O justo é antes de tudo aquele que foi justificado pela fé, e o efeito desta justiça de
Cristo que o justifica, é a vida eterna com Deus)
Isa 53:11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos,
porque as iniquidades deles levará sobre si.
(Profecia de Isaías proferida no contexto de todo o capítulo 53, referente ao ministério e obra de
redenção do Messias em favor dos ímpios. O Justo com “J” maiúsculo é Jesus, que tem justiça
abundante e suficiente para cobrir os pecados
de todos aqueles que dele se aproximam com
121
um coração arrependido e com fé, de que é
poderoso para lhes dar a vida espiritual,
celestial e divina, pelo novo nascimento
operado pelo Espírito Santo).
122
A Luz da Lei e a do Evangelho
A Lei de Deus é uma luz que ilumina e nos
revela a condição tenebrosa do nosso coração pecaminoso, para que reconheçamos e
confessemos nossos pecados a Deus.
Todavia, a Lei não é a graça de Deus, a qual não somente nos revela a misericórdia e o perdão
que estão disponíveis para nós, pecadores, como
também é o poder que pode remover os nossos
pecados.
Assim, a luz do evangelho é de um tipo diferente da luz da Lei; porque a luz da Lei traz temor,
tristeza e quebrantamento; e a do evangelho revivifica, conforta e refrigera o coração.
Daí a promessa feita desde os dias do Velho Testamento, quanto ao efeito do evangelho de
Cristo:
“Isa 61.1 O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar
boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar
libertação aos cativos e a pôr em liberdade os
algemados;
Isa 61:2 a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar
todos os que choram
123
Isa 61:3 e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em
vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito
angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua
glória.”
124
É Pela Graça mas Não é Fácil Conforme
Possa Parecer
Do diálogo de nosso Senhor Jesus Cristo com
Nicodemos pode ser extraído um grande alerta
e ensinamento para os líderes do movimento de crescimento de igrejas.
Nicodemos havia procurado o Senhor, ainda que à noite por temor do julgamento que os
judeus inimigos de Jesus poderiam fazer daquela sua visita.
Entretanto ele reconheceu e declarou que sabia que Deus era com o Senhor Jesus por causa dos
sinais que Ele fazia, e também o chamou de
Mestre, por ter entendido que a sua mensagem era de fato espiritual e celestial.
Para Rick Warren e para a maioria de seus pupilos, isto teria sido o suficiente para dizerem
com grande entusiasmo a Nicodemos: “seja bem-vindo à família de Deus”.
Todavia, não foi este o parecer de Jesus.
Ele disse diretamente a Nicodemos que ele não poderia entrar no Reino de Deus caso não nascesse de novo da água e do Espírito.
Disse-lhe ainda que não estava no poder do próprio Nicodemos a entrada no Reino, porque
125
isto dependeria primeiro que Ele, Jesus, fosse
levantado na cruz, para salvar os pecadores, e
que isto havia sido feito em figura no Velho
Testamento, quando Moisés levantou a serpente de bronze no deserto para que os
israelitas não morressem das mordidas das
serpentes abrasadoras que lhes haviam atacado.
Disse também que quem opera este novo nascimento é o Espírito Santo, que o faz
conforme lhe apraz, assim como o vento sopra
aonde quer, ou seja, a salvação não depende de quem corre ou de quem quer, mas de Deus usar
de misericórdia para com aquele que ele irá
salvar.
Assim, não basta que alguém levante a mão e diga que aceita a Jesus como Salvador, ou que
faça uma rápida oração de entrega, porque se
não houver o arrependimento que é produzido
pela graça de Deus, quando o Espírito Santo nos convence de que somos pecadores, abrindo os
nossos olhos espirituais para entender o
significado da nossa condição de real miséria
diante da justiça e santidade de Deus, é que corremos desesperadamente para os braços de
Jesus para achar o perdão dos nossos pecados, a
justificação, e a decorrente regeneração e
santificação do Espírito Santo, para que sejamos de fato salvos.
126
Impossível para a Lei mas Não para a
Graça que Opera pela Fé
"Todos aqueles, pois, que são das obras da lei
estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em
todas as coisas que estão escritas no livro da lei,
para fazê-las.
É evidente que pela lei ninguém será
justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé." (Gál 3.10,11)
A fé verdadeiramente honra a Deus, porque é a firme confiança em tudo o que a boca de Deus
tem proferido. E porque a fé honra a Deus, Deus
imputa a fé para justiça de todo aquele que nele
crê, tal como testificam as Escrituras acerca de Abraão.
A Lei revela que a transgressão de qualquer mandamento de Deus torna o homem culpado
de uma condenação eterna.
Quem, na condição de pecador por natureza poderia cumprir tal exigência moral de Deus?
A sua justiça o exige, porque se demanda conformação perfeita à sua santidade para que
alguém possa ir para o céu, sem culpa alguma.
127
Mas o pecado ofendeu a justiça de Deus. Foi por causa desta ofensa que o pecador perdeu o céu.
E não temos aqui uma mera questão jurídica
forense, mas a impossibilidade de se harmonizar o que é perfeito com o que é
imperfeito.
Então o caminho de volta ao céu deve passar obrigatoriamente pela plena satisfação da
justiça de Deus, para que possamos ser
santificados até o ponto em que esta santificação será completada até a perfeição no
céu.
O homem necessita então de justiça para ser salvo.
Mas o alto nível desta justiça não pode ser encontrado nele ou ser produzido por ele.
Daí ter o próprio Cristo se tornado a nossa justiça.
É pela sua justiça imputada a nós que podemos nos aproximar do Deus que é inteiramente justo
e santo, pela esperança daquela perfeição que
haveremos de ter na glória celestial.
Consequentemente a Lei afirma que todo aquele que não cumpre os seus mandamentos permanece debaixo de maldição, porque os
mandamentos da Lei refletem o caráter da
perfeita justiça de Deus.
128
Há somente uma maneira de ser resgatado desta maldição, uma vez que a própria maldição
não pode ser removida, em razão da exigência
da justiça de Deus que amaldiçoa todos os transgressores da sua vontade, a menos que eles
tenham sido justificados em Cristo Jesus, pela
justiça que lhes é imputada por Deus somente pela graça e mediante a fé.
Deste modo, Paulo explica que nós somente podemos ser justificados pela fé que se firma no
Evangelho, na boa nova de grande alegria de que
Deus se faz favorável para com os pecadores que
se arrependam de seus pecados e que se unem pela fé a Cristo, para serem justificados e
santificados.
Por isso aqueles que pensam que poderão ser justificados pelo mero esforço deles em
praticarem as obras da lei, à parte da fé em
Cristo, estarão permanentemente debaixo da maldição da Lei, porque a Lei não foi dada por
Deus para o propósito de justificar, e não
poderia ser dada para tal objetivo, porque o
homem é pecador e já se encontra condenado, independentemente do que possa fazer de bom.
As santas exigências da Lei comprovam o quanto o homem está distanciado da perfeita
justiça e santidade de Deus.
Então a Lei não poderá justificá-lo, porque para isto seria necessário que o homem fosse
129
perfeito no cumprimento de tudo o que a Lei
exige desde o seu nascimento, quer em
palavras, em pensamentos e ações, e tanto nos
deveres relativos a Deus quanto ao seu próximo.
Ninguém além de Jesus Cristo conseguiu cumprir perfeitamente toda a Lei, e somente ele
poderia reivindicar a justificação da Lei caso
necessitasse dela, mas isto nunca seria preciso
no seu caso, porque Ele não tinha do que ser justificado, porque era sem pecado.
Quando alguém confia em seu coração, que seus pecados são perdoados por causa do
sacrifício de Cristo, e por causa da sua justiça,
Deus cobrirá os seus muitos pecados com o
sangue do seu Filho, e lhe aceitará por causa desta sua confiança nos méritos de Cristo como
suficiente para expiar a sua culpa e dar-lhe a
salvação.
É como se Deus dissesse: “Eu perdoarei os seus pecados porque você crê que o meu Filho é
poderoso para livrá-lo da condenação futura, porque Ele próprio se fez maldição no seu lugar
na cruz para que você não estivesse mais
debaixo da maldição da Lei.
Por causa desta sua confiança nele, Eu lhe darei o Espírito Santo que prometi derramar como aceitação plena do sacrifício que o meu Filho fez
por você na cruz, de maneira que o Espírito
Santo possa transformar o seu coração e operar
130
em você um caráter verdadeiramente santo,
assim como Eu sou santo.
131
Uma Graça que Cresce
Foi bem na terra do solo do nosso coração
que Jesus plantou na nossa conversão
a semente da graça, a semente da vida eterna.
A nós cabe arar, regar e adubar
com orações e com a Palavra
para que seja fértil a nossa terra.
Porque a semente deve germinar,
crescer, florir e frutificar
conforme Deus espera.
132
Todo Mérito é da Graça
Temos de fato um viver abençoado quando
obedecemos a Deus, dedicando-nos à prática
das boas obras.
Mas, é preciso não confundir que a graça, que se manifesta num viver obediente, nunca é
decorrente dos nossos méritos pessoais, mas
sempre dos méritos de Jesus.
De fato, se não há disposição para obedecer à verdade, já não há qualquer graça para operar.
Quem busca acha. Ao que bate se lhe abre a porta. Ao que pede se lhe é dado.
A nós cabe agradecer e dar não apenas o nosso esforço, mas a nossa própria vida para o serviço
de Deus, para que Ele a use como for do seu
inteiro agrado.
A consagração pessoal é necessária para que o Espírito Santo possa realizar a sua obra em
nossas vidas, afinal Ele mesmo é uma das
preciosas e grandes promessas da Nova Aliança,
para todo o que crê (Gál 3.24).
Não podemos esquecer que a própria lei prescrevia a fé, o amor, a justiça e a
misericórdia.
133
A lei não é contrária à graça e à fé. Mas, a lei de si mesma, nada pode fazer além de afirmar o
amor, pois não pode gerá-lo; de afirmar a vida
eterna com Deus, mas não pode também gerá-la; de apontar a necessidade da salvação para o
pecador, mas, não pode produzi-la. Somente a
graça pode operar tudo isto, pela fé, e tudo o mais que se relacione à vontade de Deus.
Apesar de ser santa, justa, boa e espiritual, a lei não pode, no entanto, nos salvar (Rom 7.12,14).
A graça não é contrária à lei e nem a descumpre, antes é o potencial necessário para o
cumprimento da lei.
“Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei.” (Rom 3.31)
“16 Porquanto procede da fé o ser herdeiro, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a descendência, não
somente à que é da lei, mas também à que é da
fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.”
(Rom 4.16)
Ora, se o cumprimento da lei só é possível pela graça, quão improcedente é a quase aversão que
muitos sentem só de ouvir falar a palavra graça.
O problema é que esta não é uma forma correta de se abordar a questão.
134
A vida cristã não consiste nem em se defender a graça, nem em se defender os mandamentos,
mas sim em viver a vida de Jesus pela graça, para
que se possa cumprir seus mandamentos, os quais confirmam muito doa que existem na
própria Lei.
“23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?
24 Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está
escrito.
25 Porque a circuncisão é, na verdade,
proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se
tornado em incircuncisão.
26 Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será
reputada como circuncisão?
27 E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da lei.
28 Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na
carne.
29 Mas é judeu aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na
135
letra; cujo louvor não provém dos homens, mas
de Deus. (Rom 2.23-29)
Este gloriar dos judeus na Lei, referido por Paulo, não significa de modo algum a rejeição do
apóstolo da Lei, mas a confiança deles de serem salvos pela Lei à custa da rejeição da graça de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Os dez mandamentos revelados por Deus ao povo de Israel nos dias de Moisés, confirmam a
sua proveniência divina, e nos falam da perfeição em santidade do Senhor, uma vez que
não se resumem a ordenanças morais, tal como
se vê na lei dos homens.
Antes de citar os deveres morais na segunda parte dos mandamentos, com o dever de se honrar os pais, e a proibição de mentir, furtar,
matar, adulterar e cobiçar, Deus fixou antes, na
primeira parte, a necessidade de se lhe prestar
honra, reverência e culto, pois sem isto, não é possível que o homem cumpra perfeitamente as
suas obrigações morais para com Deus e para
com o seu próximo.
Daí ser ordenado antes de tudo que se adore tão somente a Deus; que o seu nome seja santificado e honrado e que se separe obrigatoriamente um
dia semanal para a dedicação exclusiva à
adoração e ao serviço do Senhor.
136
Temos assim, uma pista, já na perfeição da Lei dada a Moisés, quanto ao modo correto da
santificação:
Primeiro amar a Deus, separar-se para Ele, cultuar-lhe em devoção sincera, e assim sendo feito bom o coração pela sua graça divina, a vida
moral reta será uma mera consequência de tal
adoração em espírito e em verdade.
E é exatamente tal ordem que encontramos no Novo Testamento, quanto ao modo da
santificação, e do serviço a Deus e ao próximo.
“Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem
a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor.” (Gál 5.6)
“Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma, mas sim o ser uma nova criatura.”
(Gál 6.15)
Em outras palavras: nem o judeu, nem o gentio, nem o legalista, nem o adepto da graça, têm no
que se gloriar, caso não sejam novas criaturas em Cristo, e não vivam no amor que é pela fé.
Quem amará com o mesmo amor de Deus, conforme a lei exige, caso não seja capacitado
pela graça para tal?
Tudo o mais que a lei exige, a qual é espiritual e santa, dada e revelada pelo próprio Deus, por
137
acaso, não só poderá ser cumprido se formos
capacitados antes pela graça de Jesus?
Quem é suficiente para isto?
Por isso Paulo dizia que a sua suficiência vinha de Deus, e que tudo o que fazia segundo a sua vontade era conforme capacitação da sua graça,
e que tudo podia, somente porque a graça de
Jesus o fortalecia.
138
O Recebimento é Gratuito Mas é
Condicional
Deus está oferecendo gratuitamente a
salvação em Jesus Cristo com tudo o mais que
está nela incluído com suas grandes promessas
de bênçãos eternas.
Todavia, existe a condição exigida do nosso arrependimento e fé.
Não um mero arrependimento de se lamentar a nossa condição de transgressores da vontade
divina, conforme expressada em seus
mandamentos, mas o arrependimento que significa a busca de uma vida transformada pelo
poder do Espírito Santo, em um novo
nascimento espiritual instantâneo
(regeneração-conversão) e renovação progressiva do nosso caráter (santificação).
Quanto à fé, que é outra condição exigida para a recepção do dom gratuito de Deus em Jesus
Cristo, não é mera crença ou assentimento intelectual em relação à Palavra de Deus, mas a
total e exclusiva confiança em Cristo, como
nosso Salvador e Senhor, e busca de uma efetiva
comunhão diária com ele, através da oração e da prática dos seus mandamentos.
Portanto, a noção que é tão comum de que a graça de Deus significa a sua disposição em
139
conduzir à vida celestial pessoas em qualquer
estado, e sem nada lhes exigir como condição
para tal propósito, não é bíblica, porque não é
ensinada em nenhum dos 66 livros que compõem a Bíblia.
Onde não houver o desejo, a intenção, a determinação de se viver segundo a vontade de
Deus, e de ser transformado pelo seu poder, não
se achará também qualquer graça da sua parte
operando para a salvação.
140
Graça
Há um grande paradoxo no entendimento
carnal relativo à graça divina, uma vez que se
costuma considerar como sendo graça
exatamente o oposto daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons
naturais e comuns de Deus para toda a
humanidade são buscados por pessoas religiosas como se fossem o grande propósito da
vida cristã.
Geralmente visa-se tão somente ao que é
externo, e não propriamente o que seja espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à
transformação do próprio caráter e vida,
segundo o propósito de Deus na concessão da
sua graça que nos foi dada em Cristo.
Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este importantíssimo assunto, conquanto
podemos observar na grande maioria das passagens bíblicas referentes à graça, qual é o
propósito de Deus quanto à sua concessão.
Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a
saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da
mesma graça que devemos crescer com vistas
ao nosso aperfeiçoamento espiritual.
O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do
141
Espírito Santo em nós. As demais graças são
consequência desta referida e gravitam em
torno da mesma.
Quando estamos na graça, esta produz um bom estado na alma que pode ser discernido em
espírito tanto por nós, quanto por aqueles que estiverem na mesma condição.
A graça divina é o maior poder operante neste mundo, pois somente ela é mais forte do que o
poder do pecado.
O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e sem correr o risco de sermos
rejeitados por Deus, custou um alto preço a
nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do seu sofrimento e derramamento do seu sangue
numa terrível morte de cruz.
É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à palavra graça, de ser algo fácil ou
barato.
A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de morte para Cristo, carregando os nossos
pecados, e para nós, ela exige o pagamento do preço da nossa consagração a Deus, uma vez
tendo sido convertidos mediante a simples fé no
Senhor.
Fomos comprados por preço para vivermos para Deus.
142
Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova dispensação para substituir a antiga
que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser
chamada de dispensação da graça, enquanto a antiga era chamada de dispensação da Lei.
Deus está sendo longânimo nesta dispensação em relação a todos os pecadores, concedendo-
lhes assim a oportunidade de se arrependerem
e crerem em Cristo, de modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é uma das
características essenciais da citada dispensação.
143
Justa Cooperação da Graça com a
Vontade Consciente
Uma das grandes provas indiretas de que há
uma justa cooperação da graça divina com a vontade consciente humana está em que
crentes consagrados e santificados podem ter
imaginações, sonhos e comportamentos
pecaminosos quando sob o efeito de algum bloqueador (drogas alucinógenas etc) dos
mecanismos psicológicos de restrição e
contenção dos pensamentos e comportamentos
impróprios que atuam pelo temor de punição, de reprovação social, de perdas consequentes
(especialmente das bênçãos de Deus), e de tudo
o mais que possa se opor à consciência do que é
considerado correto e aceitável.
Esta é a razão de se ordenar aos crentes que sempre sejam cheios do Espírito Santo, ou seja,
que estejam sempre debaixo da sua influência e poder de modo a que tenham graça suficiente
para cumprirem o que se lhes ordena na Palavra
de Deus em vidas santificadas.
A falta de tal provisão de graça em justa cooperação com o exercício de nossa vontade
consciente em obtê-la pelos meios ordenados
na Palavra (oração, meditação, comunhão, perdão etc) é o motivo de que até mesmo
crentes confirmados possam ter sonhos e
pesadelos em que se encontram em
144
imaginações pecaminosas, uma vez que
durante o sono não há um controle consciente
sobre a mente, e esta divaga e age livremente
sem o controle do sistema nervoso simpático, ficando totalmente à mercê do parassimpático –
ou inconsciente.
De tudo isto se depreende a nossa total dependência da graça de Deus para vivermos de
modo que lhe seja agradável, e também, que
vigiemos e nos esforcemos em plena diligência
para moldarmos a nossa consciência em conformidade com os padrões morais e
espirituais de sua bendita Palavra.
Em suma, teremos tanto mais graças da parte de Deus quanto mais nos empenhemos em cultivá-
las pelo exercício consciente constante da
oração, da meditação na Palavra, do serviço
cristão, da comunhão com nossos irmãos na fé e de tudo o mais que nos é ordenado por Deus
para um viver abençoado.
145
A Dispensação do Espírito Santo
Esta nova dispensação do Espírito (da graça) é
imutável.
Ele tem sido designado como um Consolador eterno que estará para sempre com os cristãos.
O próprio Senhor Jesus declarou isto expressamente na primeira promessa que Ele
fez de enviar o Consolador:
"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre;" (João 14.16).
É nesta promessa que consiste a permanência do Espírito para sempre com a Igreja.
Jesus fez esta promessa para afiançar a fé e a consolação da Igreja em todas as épocas, nas
oposições que os cristãos terão que enfrentar
na sua luta contra a carne, Satanás e o mundo.
Como Jesus havia sido o Consolador visível dos
discípulos durante o tempo do seu ministério terreno, e estaria partindo agora para o céu para
a restauração de todas as coisas, eles poderiam
temer que este outro Consolador que foi prometido poderia também permanecer
somente um período com eles, de maneira que
ficariam sujeitos a uma nova perda e tristeza.
146
Então nosso Senhor Jesus Cristo lhes garantiu que este outro Consolador continuaria para
sempre com eles até o fim das suas vidas,
trabalho e ministério, como também estaria atuando com a igreja até a consumação dos
séculos.
Isto porque Ele estava sendo prometido agora numa aliança eterna e inalterável. E Ele não
deixará jamais a Igreja de modo que a aliança eterna de Deus não possa ser abolida.
"Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e
as minhas palavras, que pus na tua boca, não se
desviarão da tua boca nem da boca da tua
descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz o Senhor, desde agora e
para todo o sempre." (Isa 59.21).
Entretanto, a par desta grande verdade, sempre há um número considerável de cristãos que
vivem a maior parte das suas vidas em
dificuldades e desconsolação, não tendo qualquer experiência da presença do Espírito
Santo como um Consolador.
Mas esta objeção não tem força para enfraquecer a nossa fé quanto à realização
desta promessa por maiores que sejam as desconsolações que possam suceder à Igreja de
todas as épocas, porque nada pode anular a
promessa do derramamento do Consolador.
147
O cumprimento da promessa de Cristo não depende da nossa experiência,
porque a consolação do Espírito não é para
incrédulos.
A menos que nós entendamos a natureza das consolações espirituais corretamente, e as
avaliemos de modo satisfatório, nós não
poderemos desfrutá-las, ou então não
estaremos delas conscientes, ainda que estejam operando em nosso favor.
Muitos quando se encontram debaixo das suas dificuldades supõem que não haja qualquer
conforto a não ser o que seja decorrente da remoção destas dificuldades.
Eles não conhecem o conforto e alivio das tristezas sem que seja removida a sua causa.
Tais pessoas nunca podem receber a consolação do Espírito Santo ou qualquer experiência
espiritual de refrigério.
É sendo fervorosos na oração pela presença do Espírito conosco, e buscando todos os nossos
confortos dele, considerando estas consolações
acima de quaisquer prazeres terrenos,
aguardando pela manifestação da sua graça, que se recebe a consolação do Espírito.
Todo cristão pode se exercitar nisto, em busca da consolação do Espírito porque Ele foi
prometido por Cristo para também operar este
148
ofício em favor dos cristãos, e somente
deles, porque Jesus também afirmou quando
fez a promessa do Consolador que o mundo não
poderia tê-lo como um Consolador, senão somente aqueles que O amam e guardam a sua
Palavra (João 14.16,17, 26; 15.26; 17.7,8).
O mundo pode ser o alvo de outras operações do Espírito para a convicção de pecados e
conversão, e é disto que decorrerá
posteriormente as consolações do Espírito.
149
A Graça Opera Pela Obediência
Por natureza não temos nenhum poder em nós
mesmos para viver a vida do céu, fazendo o que
é espiritualmente bom, ou qualquer outro dever relativo à santidade evangélica.
É em Cristo que somos tornados fortes, mas esta força não é propriamente nossa, mas dele.
Nós recebemos esta força divina na nossa
conversão, a qual é a essência da santidade que há na nova natureza, recebida do céu e do
Espírito Santo.
Mas esta força não pode se manifestar se o velho homem (nossa natureza terrena pecaminosa) estiver fortalecido, por deixarmos que opere
livremente em nós a força do pecado.
Jesus obteve uma perfeita liberdade do pecado para os que n’Ele creem.
Contudo, se não forem constantes em todos os deveres de obediência, nenhum deles será fácil
de ser cumprido porque a graça requer
diligência para que possamos ser fortalecidos por Deus.
É pela repetição sistemática em obediências sucessivas que seremos conduzidos à formação
150
deste hábito que é essencial à santificação da
vida.
Porque onde não houver a busca de obediência voluntária e por amor, à vontade de Deus,
expressada na sua Palavra revelada na Bíblia,
não haverá também qualquer graça operando, tanto para nos conduzir e capacitar à obediência
requerida, quanto para transformar as nossas
vidas, e nos dar um viver abençoado e vitorioso.
151
A Graça Supera a Aflição
“Agora, por um pouco de tempo, sendo
necessário, sois afligidos através de várias
tentações”. (1Pedro 1.6)
Especialmente para os cristãos sinceros, este
um tempo de aflições como nenhum outro,
porque nunca se viu, em toda a história da humanidade, iniquidades tão multiplicadas
como as presentes, tanto em intensidade
quanto em variedade de formas.
Todavia, os cristão de agora não são menos assistidos pela graça de Jesus, do que os dos dias do apóstolo Pedro, aos quais, mesmo sendo
afligidos por várias provações, receberam do
apóstolo o seguinte testemunho:
“Vós que sois guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação”. (I Pe 1.5)
“a prova de sua fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece”. (I Pe 1.7)
Assim, ao mesmo tempo, que estavam “em aflição”, estavam de posse de uma fé viva.
A aflição não lhes destruiu a fé, e nem a paz.
152
Eles se “regozijavam na esperança da glória de Deus”, porque estavam cheios de alegria no
Espírito Santo.
No meio de sua aflição, ainda igualmente desfrutavam do ardor do amor de Deus, que fora
derramado em seus corações.
Embora fossem afligidos, ainda eram santos; conservavam o mesmo poder sobre o pecado.
Eram ainda “guardados” do pecado “pelo poder de Deus”; eram “filhos obedientes, não conformados com seus primitivos desejos”,
mas, “como Aquele que os chamou é santo”,
assim eles eram “santos em todo o seu
procedimento”.
Assim é que, em conjunto, sua aflição é bem consistente com a fé, com a esperança, com o amor de Deus e do homem, com a paz de Deus,
com a alegria no Espírito Santo, com a santidade
interior e exterior.
A aflição de modo nenhum enfraquece e muito menos destrói qualquer parte da obra de Deus
no coração.
Ela de modo nenhum entra em conflito com a “santificação do Espírito”, que é a raiz de toda a verdadeira obediência, nem com a felicidade,
que deve necessariamente resultar da graça e
da paz que reinam no coração.
153
Então, ainda que sejam multiplicadas as iniquidades e aflições, a graça é muito mais
multiplicada por Deus no coração do cristão,
para superá-las no amor de Jesus.
154
Cobre como as Águas do Dilúvio
Lemos em Judas 24: “Ora, aquele que é
poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados
diante da sua glória,”.
Deus é poderoso para guardar o cristão de tropeços e conduzi-lo em segurança à sua glória
eterna.
É isto que o texto de Judas afirma.
O fato de a graça ter superabundado onde
abundou o pecado é a verdade por meio da qual somos salvos.
Porque mesmo depois de convertidos, ainda estamos sujeitos ao pecado, e se não houvesse
uma graça superabundante para cobrir os
nossos pecados, nenhum de nós poderia ser salvo.
Isto é como as águas do dilúvio nos dias de Noé que cobriram todos os montes.
A graça cobre nossas montanhas de pecados, que pode não ser aos nossos olhos, mas aos
olhos de Deus são verdadeiras montanhas, porque Ele considera pecado o que fazemos e o
que deixamos de fazer, seja grande ou pequeno,
e mais do que isso leva em conta a intenção do
155
nosso coração, nossos pensamentos,
imaginação etc.
O cristão, por mais consagrado que seja, aos olhos de Deus está cheio de pecados.
Mas, de onde lhe vem a santidade em que vive, a paz que sente no seu coração, a alegria em sua
alma, senão da graça de Jesus, que o purifica de
tudo o que desagrada a Deus.
156
A Graça não Condena
Deus não está condenando a qualquer pessoa
na presente dispensação da graça, conforme
afirmação de Jesus de que não veio condenar,
mas salvar.
A natureza de Deus é longânima, perdoadora, misericordiosa, amorosa, e por isso uma
das características do amor destacada em I Cor
13.5 é que ele não é facilmente provocado, ou
seja, ele não se exaspera.
Deus se ira contra o pecado, mas não tem qualquer prazer na morte dos ímpios, ou seja, de
todos aqueles que não Lhe amam e aos seus mandamentos.
A ira pode ser definida como uma oposição séria e violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou
ofensa, porque isto está contra a natureza do
amor.
Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem e a orar para o bem de todos, até mesmo de
nossos inimigos, e até daqueles que zombam de
nós e nos perseguem (Mat 5:44); e a regra dada pelo apóstolo é: “Abençoai aos que vos
perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom
12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e
157
orar para o bem de todos, e em nenhum caso
desejar o mal.
Porque como imitadores de Deus, na busca da sua imagem e semelhança, é justamente o que
devemos fazer, porque isto é parte da essência
divina.
Dizemos que é um dever porque o evangelho veio trazer a restauração em nós, da imagem e
semelhança, não com Adão, antes da queda no
pecado, mas a do próprio Cristo, conforme se afirma amplamente na Bíblia.
O que temos em Cristo, quanto ao trato com as imperfeições que há na humanidade? Graça,
amor, bondade, misericórdia, perdão, reconciliação, e justiça (a sua justiça que nos
justifica).
Os próprios juízos divinos na presente dispensação, têm em vista contribuir para a
continuidade da referida restauração, e são
corretivos e decorrentes da rejeição obstinada
da graça que nos está sendo oferecida.
As obras más ou boas de todas as pessoas serão somente passadas em revista no grande dia do
Juízo Final.
Por isso toda vingança é proibida por Deus, já que Ele afirma que toda a vingança lhe pertence.
158
A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu
próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.”
(Lev 19.18); e o apóstolo diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira;
porque está escrito: A mim me pertence a
vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19), de forma que toda a ira que contém um
desejo de vingança, é contrária ao cristianismo
e proibida por Deus.
Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;”.
Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo irada com uma outra, logo esta ira se
transformará em ódio.
Assim, nós achamos que na verdade acontece com aqueles que retêm um rancor nos seus corações contra outros, durante semana depois
de semana, e mês depois de mês, e ano depois de
ano.
Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as pessoas contra as quais se deixaram irar assim deste modo.
Este é um pecado mais terrível à vista de Deus.
Então, não é de se admirar que esta seja a principal estratégia do diabo para nos afastar de
Deus, e para nos manter sob julgamentos em
159
nossas almas, e ainda a ficarmos à mercê de
sermos oprimidos por ele.
Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco para ter um coração manso, sofredor, paciente,
perdoador.
Mais do que isto, necessitamos do derramar abundante do amor de Deus nos nossos
corações que é operado sobrenaturalmente
pelo Espírito Santo.
160
O Modo de Concessão da Graça
Nenhum crente pode de si mesmo exercer o
princípio, ou poder, de uma vida espiritual, em
qualquer instância, interna ou externa, em relação a Deus ou aos homens, de modo que isto
deve ser um ato de santidade procedente do
Espírito Santo.
O crente não pode fazê-lo de si mesmo, em virtude de qualquer poder habitualmente
inerente a ele. Não é comunicada a nós neste mundo qualquer capacidade espiritual que seja
independente da ação direta do Espírito Santo;
porque é ele o gerador de todos os atos santos de
nossas mentes, vontades e afetos, na execução dos deveres espirituais.
Acrescente-se que necessitamos de graças renovadas pelo Espírito, todos os dias, ou seja,
não recebemos uma provisão de poder para ser
estocada. A graça é concedida pelo Espírito à
medida que se faz necessária e no tempo apropriado da sua necessidade.
É aplicado em nossa vida espiritual, quanto à concessão da graça, o mesmo princípio que
regula a providência divina em nossas
necessidades naturais.
Como ramos da Videira Verdadeira necessitamos receber a seiva (graça)
161
vivificadora diretamente da raiz, que é Cristo.
Assim, recebemos a graça, e não somos nós, de
maneira alguma, quem a produz e distribui.
Daí dizer o apóstolo:
“E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como
se partisse de nós; pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus,” (2 Cor 3.4,5).
De si mesmo, o crente nada pode realizar porque toda santidade ou qualquer coisa
espiritualmente boa é sempre efeito da graça e é operado em nós pelo Espírito Santo que é o
autor de todas as operações divinas.
162
A Aliança da Graça – 2 Samuel 7
Nós vemos no capítulo sétimo de 2 Samuel,
que depois de longas e sucessivas guerras com
as nações inimigas de Israel, e estando subjugados os povos inimigos dos israelitas,
principalmente os filisteus, Davi estava enfim
desfrutando em sua vida de um período da paz
que ele tanto amava (Sl 120.7).
Em sua meditação sobre a pessoa de Deus ele se
sentiu constrangido por estar residindo no palácio suntuoso que Hirão, rei de Tiro,
construiu para ele, enquanto a arca ainda
permanecia na tenda que ele havia preparado
para ela em Jerusalém.
Davi estava descansado de seus inimigos em sua
casa, mas não achou descanso em sua alma porque lhe pesava esta preocupação em edificar
um templo para o Senhor, e ele compartilha o
peso de sua preocupação com o profeta Natã, e
este lhe encorajou a fazer tudo quanto estava no seu coração, porque o Senhor era com ele (v.
2,3).
Porém na noite daquele mesmo dia, Deus se manifestou a Natã dizendo-lhe que Davi não lhe
edificaria nenhum templo (I Crôn 17.4), apesar de reconhecer que havia feito bem em ter-se
preocupado em honrar o seu Deus, ao pensar
em construir um templo para Ele (I Rs 8.18).
163
Natã havia portanto, incentivado Davi a construir o templo, lhe falando como um amigo,
mas não da parte de Deus.
Estava enganado neste particular quanto à vontade do Senhor para Davi, que teve que ser-lhe revelada por Deus, pois Davi havia sido
separado para estender e consolidar as
fronteiras de Israel, mas não para gastar a maior
parte do tempo do seu reinado na construção de um templo, que já estava assentado nos
desígnios de Deus como sendo algo para ser
levado a efeito por seu filho Salomão, e é por isso
que ele foi citado na mesma palavra que o Senhor havia dado a Nata, para ser dita a Davi.
Além disso, Deus não havia dado nenhuma autorização ou fizera qualquer pedido, desde a
saída de Israel do Egito, até então, para que fosse
construído um templo, e não cabia a Davi ou a
qualquer outro, tomar uma iniciativa em relação a algo que o Senhor não havia ordenado.
Se Davi não estava confortado em saber que a arca permanecia habitando em tendas, Deus
não estava nem um pouco desconfortável,
porque qual é a habitação, por mais suntuosa
que seja, que os homens possam edificar para o Senhor, que possa ser digna e estar à altura da
sua Majestade?
Se o próprio céu é obra das mãos dele, tudo o que o homem possa edificar neste mundo com ouro,
164
prata, pedras e madeiras preciosas e nobres,
será mais do que nada para Aquele que não
habita em moradas fabricadas por homens, pois
nem o céu dos céus pode contê-lo (II Crôn 2.6).
Mas Deus mandou dizer a Davi que o templo que ele intentava erigir seria edificado pelo seu filho
(v. 13), e esta profecia se aplica tanto a Salomão,
quanto a Cristo, que é o descendente de Davi que está edificando a Igreja, para ser templo para a
habitação de Deus no Espírito.
Deus não pode habitar naquilo que o homem edifica, mas criou o próprio homem para ser lugar da sua habitação.
É dito que aquele que edificaria o templo seria filho de Deus (isto se aplica a Salomão e a Jesus),
e a parte da profecia que afirma que se ele viesse
a transgredir, seria castigado por Ele, mas não retiraria dele a sua misericórdia como fizera
com Saul (v. 14,15) se aplica óbvia e
exclusivamente a Salomão.
Isto fala da segurança da promessa feita de que o trono de Davi seria firmado, ainda que
Salomão, seu filho, viesse a falhar, bem como os
seus descendentes, porque o cetro
permaneceria na casa de Davi, e seria firmado para sempre em Cristo, que é da sua casa.
A casa de Saul foi rejeitada por Deus e não foi confirmada.
165
Mas a Davi, o Senhor estava prometendo que a sua casa permaneceria no trono para sempre (v.
16).
Aqui está pois referido o caráter da aliança da graça, que é feita para aqueles que participarão
do reino de Cristo pela fé nele.
Esta promessa de que serão firmados no reino, ainda que venham a transgredir, é garantida pelo próprio Deus conforme revelou a Davi
através do profeta Natã.
Esta é uma aliança para sempre que o Senhor jamais revogará, porque prometeu não remover
a sua misericórdia daqueles que fazem parte da
casa de Davi.
Não da casa terrena, pois esta promessa não alcançou Absalão e a outros que eram da sua
casa, mas a casa espiritual, daqueles que tivessem a mesma fé dele e que fossem eleitos
por Deus para a salvação.
Isto não é maravilhoso?
Temos isto confirmado nas palavras dos profetas, dos apóstolos, e do próprio Cristo, como por exemplo em Is 55.3; Jer 33.21,22; Ez
34.23,24; Zac 12.7,8; At 13.34; 15.16; Apo 3.7.
Com a ida de Israel para o cativeiro, o tabernáculo (a casa) de Davi ficou caída (Amós
9.11), porque foi interrompida a sucessão de reis
166
em Judá, da sua descendência, mas quando
Cristo estiver reinando, o tabernáculo de Davi
estará plenamente restaurado, e a promessa
que Deus lhe fez estará vigorando para sempre em toda a sua plenitude.
Diante da grandiosidade da promessa que Deus lhe fizera quanto à casa que edificaria para ele, Davi se retirou da presença de Natã e foi adorar
e agradecer ao Senhor diante da tenda onde se
encontrava a arca (v. 18 a 29).
É importante destacar que Deus disse que edificaria tal casa a Davi para o bem de seu povo
Israel (v. 8 a 11), e é com o mesmo propósito que
Cristo foi exaltado com um nome que é sobre todo o nome, a saber, para dar descanso para o
seu povo.
“1 Ora, estando o rei Davi em sua casa e tendo-lhe dado o Senhor descanso de todos os seus
inimigos em redor,
2 disse ele ao profeta Natã: Eis que eu moro
numa casa de cedro, enquanto que a arca de Deus dentro de uma tenda.
3 Respondeu Natã ao rei: Vai e faze tudo quanto está no teu coração, porque o Senhor é contigo.
4 Mas naquela mesma noite a palavra do Senhor veio a Natã, dizendo:
167
5 Vai, e dize a meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu uma casa para eu nela
habitar?
6 Porque em casa nenhuma habitei, desde o dia
em que fiz subir do Egito os filhos de Israel até o dia de hoje, mas tenho andado em tenda e em
tabernáculo.
7 E em todo lugar em que tenho andado com todos os filhos de Israel, falei porventura,
alguma palavra a qualquer das suas tribos a que mandei apascentar o meu povo de Israel,
dizendo: por que não me edificais uma casa de
cedro?
8 Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi:
Assim diz o Senhor dos exércitos: Eu te tomei da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses
príncipe sobre o meu povo, sobre Israel;
9 e fui contigo, por onde quer que foste, e destruí a todos os teus inimigos diante de ti; e te farei um grande nome, como o nome dos grandes
que há na terra.
10 Também designarei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei ali, para que ele habite
no seu lugar, e não mais seja perturbado, e nunca mais os filhos da iniquidade o aflijam,
como dantes,
11 e como desde o dia em que ordenei que houvesse juízes sobre o meu povo Israel. A ti,
168
porém, darei descanso de todos os teus
inimigos. Também o Senhor te declara que ele
te fará casa.
12 Quando teus dias forem completos, e vieres a
dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que
sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu
reino.
13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu
estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
14 Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens,
e com açoites de filhos de homens;
15 mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.
16 A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono
será estabelecido para sempre.
17 Conforme todas estas palavras, e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi.
18 Então entrou o rei Davi, e sentou-se perante o Senhor, e disse: Quem sou eu, Senhor Jeová, e
que é a minha casa, para me teres trazido até
aqui?
169
19 E isso ainda foi pouco aos teus olhos, Senhor Jeová, senão que também falaste da casa do teu
servo para tempos distantes; e me tens
mostrado gerações futuras, ó Senhor Jeová?
20 Que mais te poderá dizer Davi. pois tu conheces bem o teu servo, ó Senhor Jeová.
21 Por causa da tua palavra, e segundo o teu coração, fizeste toda esta grandeza, revelando-a
ao teu servo.
22 Portanto és grandioso, ó Senhor Jeová, porque ninguém há semelhante a ti, e não há
Deus senão tu só, segundo tudo o que temos
ouvido com os nossos ouvidos.
23 Que outra nação na terra é semelhante a teu povo Israel, a quem tu, ó Deus, foste resgatar
para te ser povo, para te fazeres um nome, e para
fazeres a seu favor estas grandes e terríveis coisas para a tua terra, diante do teu povo, que tu
resgataste para ti do Egito, desterrando nações e
seus deuses?
24 Assim estabeleceste o teu povo Israel por teu povo para sempre, e tu, Senhor, te fizeste o seu
Deus.
25 Agora, pois, ó Senhor Jeová, confirma para sempre a palavra que falaste acerca do teu servo
e acerca da sua casa, e faze como tens falado,
170
26 para que seja engrandecido o teu nome para sempre, e se diga: O Senhor dos exércitos é Deus
sobre Israel; e a casa do teu servo será
estabelecida diante de ti.
27 Pois tu, Senhor dos exércitos, Deus de Israel, fizeste uma revelação ao teu servo, dizendo:
Edificar-te-ei uma casa. Por isso o teu servo se
animou a fazer-te esta oração.
28 Agora, pois, Senhor Jeová, tu és Deus, e as tuas palavras são verdade, e tens prometido a
teu servo este bem.
29 Sê, pois, agora servido de abençoar a casa do teu servo, para que subsista para sempre diante de ti; pois tu, ó Senhor Jeová, o disseste; e com a
tua bênção a casa do teu servo será, abençoada
para sempre.” (II Sm 7.1-29).
171
Características do Evangelho Verdadeiro
Evangelho, semanticamente, reportando ao
significado da palavra no original grego do Novo
Testamento significa literalmente "anúncio de
boas notícias". São boas em sua natureza e efeito
para a humanidade.
Somente na Bíblia podemos achar os critérios de determinação do evangelho verdadeiro.
São tantas características a serem consideradas, que é muito comum, focar apenas numa ou em
poucas, ou até mesmo distorcidas, e assim, não
se chega a uma compreensão correta do
verdadeiro significado do evangelho, em sua essência real e nos seus efeitos positivos para
aqueles que o abraçam.
A principal característica que deve ser destacada é a do caráter de completa libertação
e salvação que está sendo oferecida
gratuitamente por Deus a todo aqueles que
creem em Cristo, porque o próprio Jesus é a única Justiça que nos justifica e nos torna
perdoados e aceitáveis a Deus, de forma que
possamos ser reconciliados com Ele.
Uma segunda característica importante é que esta justificação que conduz à vida eterna, é
operada instantaneamente, num dado
172
momento da vida, e tem validade para sempre,
por toda a eternidade.
Daqui em diante citaremos outras características sem enumerá-las.
Destaca-se também no evangelho, que é de fato
boa notícia, a melhor das notícias, porque não traz em si qualquer juízo condenatório, porque
esta justiça que é oferecida pela graça, e obtida
mediante a fé, não é para condenar, mas para
libertar da escravidão ao pecado.
Isto, por sua vez, nos conduz a um outro ponto importante, que é o de que todo aquele que é
justificado pelo evangelho, é também instantaneamente transformado, ao que o Novo
Testamento chama de novo nascimento do
Espírito Santo, ou regeneração.
Há de fato uma mudança radical nos objetivos de vida de todo aquele que se converte, porque
passa a habitar nele um novo princípio vivo
operante de santificação, motivado pela presença do Espírito Santo, em comunhão com
o espírito do convertido que se achava morto
(separado de Deus, não participante da sua vida divina, sem o conhecimento pessoal de Cristo,
sem comunhão com o divino).
Este novo princípio de santidade implantado na natureza terrena do que crê, passa a exercer
domínio e repulsa ao princípio vivo do pecado
que ainda opera na carne.
173
Daí sucede uma luta entre a natureza terrena carnal, e a nova natureza espiritual recebida do
Espírito Santo.
O alvo deste combate é o de crucificar o ego carnal e fazer prevalecer a mente de Cristo no
cristão.
Então, há uma ação real, espiritual, celestial e divina operando em nosso caminhar neste mundo quando abraçamos o verdadeiro
evangelho de Cristo, porque somente Ele é o
poder de Deus para a salvação de todos os que
nele creem.
Sem esta realidade espiritual operando no viver não podemos dizer que somos autênticos
cristãos (discípulos de Jesus, filhos e servos do
Deus vivo), porque tudo o que se ensina na Bíblia a tal respeito cumpre-se somente nos que
tiveram um verdadeiro encontro pessoal com
Cristo.
174
Como Saber Qual é o Evangelho
Verdadeiro?
Se alguém digitar no buscador do Google ou de
qualquer outro site de busca da Internet,
simplesmente a palavra “evangelho”, irá deparar com várias propostas de evangelhos
que diferem entre si.
Quando se digita a expressão “evangelho verdadeiro”, o filtro apresenta uma seleção mais apropriada de material relativa ao
evangelho genuinamente verdadeiro. E isto
aumenta e muito, quanto se digita a expressão
“Retorno ao Evangelho Verdadeiro”.
Alguém indagaria:
“Mas há este risco de se comprar gato por lebre?”
“De se entrar por uma porta onde esteja escrito evangelho, e abraçar uma ilusão?”
É evidente que sim. Como em qualquer outro aspecto da vida, onde sempre haverá o falso e o
verdadeiro.
Todavia, no caso do evangelho, é muito fácil se identificar qual seja o verdadeiro, e nisto somos
ajudados pela própria semântica da palavra
“evangelho”, que no original grego do Novo
175
Testamento, significa “anúncio de boas novas,
de boas notícias, de coisas boas”.
Ora, se aquilo que chamam de evangelho não é de fato a melhor das notícias para a
humanidade, em relação à condição caída no
pecado em que se encontra, tendo um espírito morto, sujeito à condenação eterna, então não
temos diante de nós nenhum verdadeiro
evangelho, porque segundo a promessa que nos
foi feita por Deus, da justificação, da salvação e da vida eterna, e que se cumpre em Cristo, tem
que possuir tal característica de ser uma boa
nova de grande alegria, de um grande
livramento, de uma grande salvação.
O evangelho não traz em si qualquer juízo ou
condenação.
É a sua rejeição que produz tal efeito, porque na verdade toda pessoa já se encontra sob juízo de condenação, se não tem a Cristo, conforme Ele
próprio ensinou em João 3.18:
“Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do
unigênito Filho de Deus.”
Façamos então umas poucas reflexões:
seria evangelho me dizerem que eu necessito retornar a este mundo depois
de morto, para me purificar dos meus
176
erros? E isto em sucessivas vezes sem
conta?
seria uma boa notícia, dizer que devo ir
para um lugar intermediário entre a terra
e o terceiro céu, para purgar os meus pecados, antes que possa ser admitido na
presença de Deus?
seria uma boa nova, anunciar que devo
me esforçar ao máximo fazendo boas
obras, para que de algum modo, possa ser considerado digno de ser salvo por Deus e
ir para o céu depois da minha morte?
Por aí afora, multiplicam-se as indagações, que sempre me conduzirão à conclusão de que de
fato não se trata de nenhum evangelho, ou seja,
de nenhuma grande e boa notícia para mim.
Mas, se alguém me diz, como fez nosso Senhor Jesus Cristo, seus apóstolos, os chamados pais
da Igreja que se seguiram aos apóstolos, ou alguém que segue ainda hoje nas mesmas
pegadas, que eu simplesmente devo crer em
Cristo, e aceitar pela graça o dom imerecido da
salvação olhando para Ele e confiando simplesmente nele, arrependido de meus
pecados, e que isto, por si só, é o suficiente para
me garantir o acesso ao céu, aí então tenho diante de mim realmente uma grande e boa
notícia, na qual vale a pena, e muito mesmo, dar-
lhe o devido crédito.
177
Em face dos muitos falsos evangelhos que havia em seus próprios dias, logo no início da Igreja,
disse o apóstolo Paulo aos gálatas:
“Gál 1:6 Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de
Cristo para outro evangelho,
Gál 1:7 o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o
evangelho de Cristo.
Gál 1:8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além
do que vos temos pregado, seja anátema
(amaldiçoado).
Gál 1:9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além
daquele que recebestes, seja anátema.”
E também em Tito 3.4-7:
Tito 3:4 Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu
amor para com todos,
Tito 3:5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos
salvou mediante o lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo,
Tito 3:6 que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador,
178
Tito 3:7 a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança
da vida eterna.
E ainda em Efésios 2.8,9:
Efs 2:8 Porque pela graça sois salvos, mediante a
fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
Efs 2:9 não de obras, para que ninguém se glorie.
Se havia falso evangelho naquele tempo, imagina então a possibilidade de haver muito
mais em nossos dias.
Não é para pouco propósito que nosso Senhor e os apóstolos nos alertam na Bíblia a termos
muito cuidado com os falsos profetas, pastores e mestres que se multiplicariam próximo do
tempo do fim. Porque isto tem a ver com o
destino eterno de nossas almas. Pela fé no evangelho verdadeiro – céu. Por dar crédito a
qualquer outro evangelho – inferno.
Realmente, não dá para brincar ou vacilar com tais coisas.
179
O Evangelho Não Condena
O que condena é a sua rejeição.
“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus...” (Rom 3.21a)
“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
Ora, a lei não procede de fé,...” (Gal 3.11,12a)
Quando João Batista disse que a Lei veio por Moisés, mas que a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”, o que ele estava dizendo, em
outras palavras, era que no período da
dispensação da Lei, que vigorou de Moisés ao
próprio João Batista, não houve nenhum evangelho em ação, apesar de ter sido
anunciado pelos profetas do Antigo
Testamento.
No período do Velho Testamento, correspondente à aliança da lei, imperava a
condenação e a morte pelos juízos de Deus,
inclusive contra o próprio povo da aliança, a
saber, Israel.
Daí Paulo ter chamado aquela antiga aliança de ministério da morte e da condenação.
Porque não havia evangelho naquele período.
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Mas quando Jesus se manifestou e quando morreu no lugar dos pecadores na cruz, entrou
em vigor uma nova aliança, agora não apenas
com Israel, mas com pessoas de todas as nações da terra.
A graça e a verdade começaram a ser abundantemente reveladas e manifestadas nas
vidas dos que creem no evangelho, a saber, que
já não há morte e condenação para os que creem
em Jesus Cristo.
Assim, no evangelho propriamente dito, não há qualquer condenação, morte ou juízo, senão libertação, vida, salvação, que são o fruto da
verdade e da graça que operam e habitam
naqueles que nele creem. Graça, justiça e
verdade que nos foram trazidas com a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo.
O ministério da Lei condenava, porque fora instituído por Deus para este propósito.
Todavia, o do evangelho liberta e salva, porque manifesta a honra, a glória, a majestade, o
poder, a graça e todos os méritos que pertencem
à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
Daí dizer o apóstolo que já não há nenhuma condenação para quem está em Cristo Jesus.
Não confundamos portanto, toda a Bíblia, como se fosse o evangelho.
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Porque em suas páginas há também registros de revelações e situações exclusivamente relativos
à antiga dispensação da Lei.
O evangelho é encontrado, principalmente, nas páginas do Novo Testamento, porque foram
produzidas e inspiradas por Deus, no período que marcou o encerramento da aliança do
Velho Testamento, inaugurado com o advento
de Jesus Cristo.
Daí, Lei x Graça, ser uma boa indicação destes dois períodos distintos, das duas grandes
alianças instituídas por Deus, sendo que a antiga foi removida, por ter sido substituída pela nova
que é feita no sangue de Cristo.
Não devemos no entanto confundir juízo com condenação.
Deus julga os seus próprios filhos, mas não como um juiz togado, senão como um pai
amoroso que não os poupará da repreensão e
disciplina sempre que for necessário.
Ele açoita a todo filho a quem quer bem. Todavia, a nenhum deles condenará a uma
sentença de morte e danação eternas.
Nosso Senhor Jesus Cristo dirige as seguintes palavras à Igreja de Laodiceia:
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apo 3.19)
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Por Que Jesus Não Veio Condenar?
O principal motivo de não existir tantos juízos
de Deus sendo despejados sobre a impiedade
das pessoas e das nações, como estes existiam no período do Antigo Testamento, é que foi
inaugurada uma nova dispensação, a da graça,
desde que Jesus se ofereceu em sacrifício na
cruz.
Não há qualquer condenação no evangelho,
antes salvação, livramento, vida eterna, porque é esta missão de Cristo, continuada na sua
Igreja, nestes vinte séculos de vigor da Nova
Aliança feita no seu sangue com todas as pessoas que têm fé no seu nome.
O próprio Cristo afirmou que não veio condenar o mundo, mas salvar.
Foi com base nesta verdade que o apóstolo Paulo afirmou o seguinte, dentre outras muitas
passagens equivalentes:
“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus...” (Rom 3.21a)
“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
Ora, a lei não procede de fé,...” (Gal 3.11,12a)
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Quando João Batista disse que a Lei veio por Moisés, mas que a graça e a verdade vieram por
Jesus Cristo”, o que ele estava dizendo, em
outras palavras, era que no período da dispensação da Lei, que vigorou de Moisés ao
próprio João Batista, não houve nenhum
evangelho em ação, apesar de ter sido anunciado pelos profetas do Antigo
Testamento.
No período do Velho Testamento, correspondente à aliança da lei, imperava a
condenação e a morte pelos juízos de Deus,
inclusive contra o próprio povo da aliança, a
saber, Israel.
Daí Paulo ter chamado aquela antiga aliança de
ministério da morte e da condenação.
Porque não havia evangelho naquele período.
Mas quando Jesus se manifestou e quando morreu no lugar dos pecadores na cruz, entrou
em vigor uma nova aliança, agora não apenas com Israel, mas com pessoas de todas as nações
da terra.
Não devemos portanto, entender que toda a Bíblia seja o evangelho.
Porque ela contém também registros de revelações e situações exclusivamente relativos
à antiga dispensação da Lei.
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O evangelho é encontrado, principalmente, nas páginas do Novo Testamento, porque foram
produzidas e inspiradas por Deus, no período
que marcou o encerramento da aliança do Velho Testamento, inaugurado com o advento
de Jesus Cristo.
Daí, Lei x Graça, ser uma boa indicação destes dois períodos distintos, das duas grandes
alianças instituídas por Deus, sendo que a antiga
foi removida, por ter sido substituída pela nova
que é feita no sangue de Cristo.
Não devemos no entanto confundir juízo com condenação.
Deus julga os seus próprios filhos, mas não como um juiz togado, senão como um pai
amoroso que não os poupará da repreensão e
disciplina sempre que for necessário.
Ele açoita a todo filho a quem quer bem. Todavia, a nenhum deles condenará a uma
sentença de morte e danação eternas.
Nosso Senhor Jesus Cristo dirige as seguintes palavras à Igreja de Laodiceia:
“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apo 3.19)
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O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da
Lei
Não encontramos nas Escrituras a expressão
pacto de obras, ou aliança de obras.
Todavia ambas as formas, especialmente a primeira é muito empregada para definir a
condição de Deus como o Grande Juiz e
Legislador que exige perfeição absoluta para
que possamos estar eternamente em sua presença.
A falta desta condição implica em morte espiritual e eterna.
Em sua infinita sabedoria, bondade e misericórdia, o Senhor tem conhecido pela sua
onisciência, que nenhum descendente de Adão
está habilitado para atender a tal demanda desta Lei Eterna que emana da própria natureza
perfeitamente santa e justa de Deus.
Assim, entendemos que Ele não tem proposto a pecadores uma opção de salvação por este modo de se cumprir perfeitamente a sua vontade e
mandamentos.
Isto sempre será feito por pura graça, misericórdia, e simplesmente mediante a fé,
como foi proposto ao próprio Adão quando o
Senhor foi procurá-lo com a promessa da
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redenção quando ele se escondeu
envergonhado da sua nudez atrás das árvores do
jardim.
Não pode entretanto, ser removida esta lei que exige perfeição absoluta, e por isso Jesus não
morreu apenas como nosso substituto para
quitar a culpa do nosso pecado, como também para nos revestir dessa perfeição requerida pela
justiça divina, que há de ser absoluta na glória, e
mediante o trabalho da santificação da graça pelo Espírito Santo e aplicação da Palavra de
Deus aos nossos corações, conforme o penhor
do trabalho da nossa transformação e
purificação já iniciado aqui na Terra a partir da nossa conversão.
O grande mandamento de Deus foi revelado por Jesus como sendo o amor de uns pelos outros com o mesmo amor com o qual ele nos amou.
Ou seja, o dever imposto é o de amar com o amor de Deus.
Então quando Tiago alude a isto, ele se reporta em sua epístola à questão da acepção de pessoas
que estava ocorrendo na igreja em favor dos mais abastados e contra os pobres e
necessitados do rebanho.
Isto era um pecado claro e contundente contrário ao que Ele chama de Lei Régia, ou seja
a Lei do Rei, esta Lei que está amarrada à própria
natureza e essência de Deus, que é amor.
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“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo, fazeis bem;” (Tiago 2.8)
Não convinha que aqueles que foram resgatados
da morte espiritual e eterna, inclusive e principalmente por se transgredir tal
mandamento do amor, que é o principal de
todos, continuassem transgredindo o mesmo.
“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei
como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” (Tiago 2.12)
A esta lei da liberdade da condenação em Cristo, aludiu também o apóstolo Paulo em Rom 8.2:
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.”
Então, se não fosse por Cristo, todo o nosso
esforço em cumprir perfeitamente a Lei – ao qual devemos nos dedicar com sinceridade e
amor – seria totalmente perdido caso viéssemos
a transgredir um único ponto da lei que está indissoluvelmente ligada à natureza de Deus,
porque é Legislador e Juiz conforme demanda a
sua justiça que haja perfeita conformação à sua
santidade e amor.
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de
todos.” (Tiago 2.10) – Este é o caráter da lei para
aqueles que não estão debaixo da cobertura do
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sangue de Jesus. Daqui vemos quão ineficaz é a
tentativa de se justificar por meio das obras da
lei.
Assim, devemos clamar e dar graças a Deus por nos ter dado Jesus Cristo, juntamente com o apóstolo quanto à nossa condição natural de
sermos achados mortos em delitos e pecados
que pode ser somente revertida por estarmos no
Senhor:
Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem
me livrará do corpo desta morte?
Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,
com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas,
segundo a carne, da lei do pecado.
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Aceitos por Causa da Justificação
A Bíblia ensina claramente que a carne é
inimizade contra Deus.
Que aquele que ama o mundo é inimigo de Deus.
Éramos seus inimigos porque não éramos justos aos seus olhos de perfeita justiça e santidade.
Mesmo nos cristãos, que vivem na carne, há guerras, lutas, divisões, contendas, porque a
falta de santificação impede um
relacionamento pacífico, harmonioso, em unidade em amor.
Mas, mesmo nestes, por causa de Jesus Cristo, a guerra relativa à sua inteira aceitação por Deus
acabou, porque são completamente justos aos
seus olhos pela salvação que obtiveram em
Cristo e que lhes deu acesso à glória da perfeição que terão no céu.
Podem portanto viver e agir como inimigos de Deus, amando o mundo e dispondo suas
energias para a carne, e certamente serão por
Ele disciplinados, mas são agora filhos amados, por causa da justificação gratuita que
receberam pela misericórdia de Deus em Cristo
Jesus.
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Foi por conhecer isto e por viver isto, que Paulo se
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Quem Condenará a Quem Deus Justifica?
Deus afirma na Bíblia que tem prazer em salvar
e que seu braço nunca se recolherá para que não
possa remir. E nunca lhe faltará poder para
livrar do mal.
Então a consequência de falta de atendimento à convocação à reconciliação, o resultado é
principalmente morte espiritual, que é a
condição de espírito resultante da falta de comunhão com Deus.
Os que buscam o Senhor Jesus sempre receberão dele palavras boas para instrução e para edificação e consolação porque não fala por
Si mesmo, mas pelo Pai. E demonstrou isto
fartamente em seu ministério terreno.
O Pai Lhe sustentou na angústia, especialmente nos momentos que acompanharam a sua morte,
de modo que não recuou, ao contrário,
ofereceu-se voluntariamente para ser ferido em
suas costas com as chibatadas que recebeu dos soldados romanos, e para que sua barba fosse
arrancada e não se envergonhou e não deixou
de contemplar corajosamente os rostos
daqueles que lhe cuspiam na face.
O Pai lhe amparou naquela hora difícil e por isso não se sentiu confundido, e pôde assim fazer o
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seu rosto como uma rocha inabalável, porque
sabia que não seria envergonhado, antes
glorificado e engrandecido pela sua aflição e
morte.
Não foram os homens os seu juízes naquela
hora, porque a sua morte foi injusta da parte dos homens, mas justa aos olhos de Deus, não
propriamente por ter cometido alguma
transgressão, ou por ter algum pecado, mas
porque carregou os nossos pecados sobre Si, e era a ofensa dos nossos pecados que estava
sendo visitada pelo juízo de Deus naquela hora
de terrível angústia e dor, que o Senhor
suportou por nós e em nosso lugar.
Foi o Pai que fez com que Ele fosse feito pecado
por nós, para que pudéssemos ser feitos justiça para Deus.
Quem quiser contestar esta justiça divina deve apresentar-se ao próprio Cristo para que juntos
sejam julgados por Deus.
Afinal foi justo o que o Pai fez por nós pelo Filho?
O Filho afirma que Ele foi justificado pelo Pai em tudo o que fez. Quem é então o homem para
contender com Deus e para contestar tal obra,
se apresentado como adversário de Cristo?
Se é o Pai que justifica o Filho, então aqueles que foram alvo da obra do Filho em suas vidas,
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convertendo-se a Ele, são também justificados
por Deus.
Assim quem intentará acusação contra eles?
Quem os condenará?
Os que ousarem fazer isto perecerão e envelhecerão como um vestido e serão
consumidos pela traça do pecado, que destrói
oculta, silenciosa e progressivamente.
Então, aqueles que temem a Deus devem ouvir a voz do Messias.
Os que andam em trevas e que não têm luz devem simplesmente confiar no nome de Jesus
e se firmarem, não em suas próprias convicções, mas no seu Deus.
Agora, aqueles que não atenderem tal convocação e continuarem se cingindo com o
fogo do inferno, permanecerão andando em tais labaredas de tormento e serão atormentados
para sempre pelo Senhor na morte espiritual
eterna.
Porque o evangelho, é aroma de vida para a vida
nos que se salvam, e cheiro de morte para a morte nos que se perdem.
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Resgatados da Ira e da Maldição
Lemos em Ef 2.14: “Porque ele é a nossa paz”.
Jesus mesmo é a nossa paz.
Enquanto Ele viver, Ele manterá este relacionamento de paz.
Deus ficou satisfeito com o sacrifício de Cristo pelos nossos pecados.
Sua ira em relação aos justificados se foi, eles têm paz e nada pode mudar este
relacionamento.
Lemos em Hb 8.12: “Pois, para com as suas iniquidades usarei de misericórdia, e dos seus pecados jamais me lembrarei.”.
Por quanto tempo isto durará? Para sempre. Por que? Porque Cristo satisfez a ira de Deus.
Dizer a qualquer cristão verdadeiro que ele pode perder sua salvação é dizer uma de duas
coisas ou ambas: o trabalho de Cristo na cruz
não foi suficiente ou o presente sumo
sacerdócio de Cristo também não é suficiente.
Todavia não há nada de maior suficiência em todo o universo, porque é por meio de Cristo que
tudo o que existe permanece sustentado pela
palavra do seu poder, que jamais passará.
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A salvação não vem de nós, ela é um dom gratuito e imerecido que recebemos por causa
de Cristo. É por meio dele, e dele somente que
tivemos acesso a essa graça maravilhosa e profunda que nos salva (Rom 5.17).