leitura e produção de textos

55
- - - - - 1 - ' 1 = UNISUAM LEITURA E ,,.. PRODUÇAO DE TEXTOS 1.2014 Professora: Alessandra Fontes

Upload: renata-vieira

Post on 01-Feb-2016

25 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

leitura e produção de textos

TRANSCRIPT

Page 1: Leitura e Produção de Textos

---

-

-1 -'

1 =

UNISUAM

LEITURA

E ,,..

PRODUÇAO DE TEXTOS

1.2014

Professora: Alessandra Fontes

Page 2: Leitura e Produção de Textos

TEMA NORTEADOR:

A LEITURA COMO INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO DO SUJEITO E DA SOCIEDADE

TEXTO 1 Quem precisa saber escrever?

Recebo e-mails de pessoas com idades e profissões diversas. Outro dia, chegou a mensagem de um sujeito muito gentil, fazendo comentários elogiosos à coluna. Cometeu alguns erros gramaticais comuns, como acontece com meio mundo, mas o que me surpreendeu foi que ele se despediu dizendo: "Desculpe por não escrever o português corretamente, mas sabe como é, sou engenheiro." O raciocínio era que se ele fosse escritor, jornalista ou professor, escrever certo seria obrigatório, mas sendo engenheiro, estava liberado desta fatura. Assim como ele, inúmeras pessoas acreditam que escrever não está na lista das cem coisas que se deva aprender a fazer direito na vida. Antes de aprender a escrever bem, esforçam-se em aprender a falar um inglês fluente, a jogar golfe ·e a utilizar o hashi num restaurante japonês. Escrever bem? Não parece tão necessário, já que acabamos sendo igualmente compreendidos. "Espero não lhe encomodar com este e-mail, é que fasso jornalismo e queria umas dicas". O recado foi dado, quem vai negar? É preciso dizer que não há ninguém que seja imune a erros. Todo mundo se engana, todo mundo tem dúvidas. Não conheço um único escritor que não trabalhe com o dicionário ao lado. De minha parte, sempre tenho uma consulta a fazer, nunca estou 100% segura, e mesmo tomando todas as precauções, erro. Acidentes acontecem. O que não pode acontecer é a gente se lixar para a aparência das nossas palavras. Escrever bem - não estou falando de escrever com estilo, talento, criatividade, apenas de escrever certo - deveria ser considerado um hábito tão :fundamental quanto tomar banho ou escovar os dentes. Um texto limpo também faz parte da higiene. Bilhetes, e-mails, cartões de agradecimento, tudo isso diz quem a gente é. Se você não sai de casa com um botão faltando na camisa, por que acharia natural escrever uma carta com as letras fora do lugar? Trago este assunto à baila porque está acontecendo no Rio a XII Bienal do Livro, que até domingo que vem seguirá colocando à disposição do público dezenas de estandes de editoras, e mais palestras, sessões de autógrafos, debates, bochicho. Um programão. E uma oportunidade de adquirir bons títulos e desenferrujar o português. Sei que todos estão carecas de saber a importância da leitura na vida de uma pessoa, mas não custa lembrar que quem não lê corre muito mais riscos de dar vexame por escrito, e isso não é algo a ser desconsiderado só porque se trabalha numa profissão que, aparentemente, não exige familiaridade com as palavras. Ninguém precisa ser expert, mas ser cuidadoso não mata ninguém. Meu irmão, outro dia, me escreveu um e-mail rápido para recomendar um disco e nunca vi meia dúzia de fra.Ses tão bem colocadas. Nem parecia um engenheiro.

(MEDEIROS, Marta. Jornal Zero Hora, Caderno Dorma, 24 de abril de 2005)

Questões:

1) Qual a temática abordada no texto?

2) Qual a problemática e quais as críticas abordadas no texto pela autora?

2

Page 3: Leitura e Produção de Textos

Identifique no texto :p·aia··~rras q11e aprese~1tara. Ffa.lltas.r: \}rto·gráí1.cas e reescre~la-~as C(:'lrretarrH;nte-:

5) Pensando na construção textual, podemos dizei que, de certa forma, há alguma ironia? Explique em qual(is) parte(s) do texto você visualiza ironia:

TEXT02

Ler o Mundo

(Affonso Romano de Sant'Anna)

Tudo é leitura. Tudo é decifração. Ou não.

Depende de quem lê.

Penso nisto nesta semana em que a cidade experimenta uma vez mais, e melhorado, o "Paixão de Ler", que Vânia Bonelli e Vera Mangas administram. Tudo é leitura. Tudo é decifração. Ou não. Ou não, porque nem sempre deciframos os sinais à nossa frente. Ainda agora os jornais estão repetindo, a propósito das recentes eleições, "que é preciso entender o recado das urnas". Ou seja: as urnas falam, emitem mensagens. O sambista dizia que "as rosas não falam, as rosas apenas exalam o perfume que roubam de ti". Perfumes falam. E as umas exalaram um cheiro estranho. O presidente diz que seu partido precisa tomar banho de "cheiro de povo". E enquanto repousava nesses feriados e tomava banho em nossas águas, ele tirou várias fotos com cheiro de povo. Paixão de ler. Ler a paixão. Como ler a paixão se a paixão é. quem nos lê? Sim, a paixão é quando nossos inconscientes pergaminhos sofrem um desletrado terremoto. Na paixão somos lidos à nossa revelia . O corpo é um texto. Há que saber interpretá-lo. Alguns corpos, no entanto, vêm em forma de hieróglifos, dificílimos. Ou, a incompetência é nossa, iletrados diante dele? Quantas são as letras do alfabeto do corpo amado? Como soletrá-lo? Como sabê-lo na ponta da língua? Tem 24 letras? Quantas letras estranhas, estrangeiras nesse corpo? Como achar o ponto G na cartilha de um corpo? Quantas novas letras podem ser incorporadas nesta interminável e amorosa alfabetização? Movido pelo amor, pela paixão pode o corpo falar idiomas que antes desconhecia. O médico até que se parece com o àmante. Ele também lê o corpo. Vem daí a semiologia. Ciência da leitura dos sinais. Dos sintomas. Daí partiu Freud, para ler o interior, o invisível texto estampado no inconsciente. Então, os lacanianos todos se deliciaram jogando com as letras - a letra do corpo, o corpo da letra. Portanto, não é só quem lê um livro, que lê. Um paisagista lê a vida de maneira florida e sombreada. Fazer um jardim é reler o mundo, reordenar o texto natural. A paisagem pode ter sotaque. Por isto se fala de um jardim italiano, de um jardim francês, de um jardim inglês. E quando os jardineiros barrocos instalavam assombrosas grutas e jorras d'água entre seus canteiros estavam saudando as elipses do mistério nos extremos que são a pedra e a água, o movimento e a eternidade. O urbanista e o arquiteto igualmente escrevem, melhor dito, inscrevem, um texto na prancheta da realidade. Traçados de avenidas podem ser absolutistas, militaristas, e o risco das ruas pode ser democrático dando expressividade às comunidades. Tudo é texto. Tudo é narração.

3

Page 4: Leitura e Produção de Textos

Um desfile de carnaval, por exemplo. Por isto se fala de "samba enredo". Enredo além da história pátria referida. A disposição das alas, as fantasias, a bateria, a comissão de frente são formas narrativas. Uma partida de futebol é uma fomia narrativa. Saber ler uma partida - este o mérito do locutor esportivo, na verdade, um leitor esportivo. Ele, como o técnico, vê coisas no texto em jogo, que só depois de lidas por ele, por nós são percebidas. Ler, então, é um jogo. Uma disputa, uma conquista de significados entre o texto e o leitor. Paulin ... lio da Viola di:zia: "As coisas estão no mundo eu é que preciso aprender". Um arqueólogo lê nas ruínas a história antiga. O astrônomo lê a epopéia das estrelas. Ora, direis, ouvir & ler estrelas. Que estórias sublimes, suculentas, na Via Láctea. Não é só Scheherazade que conta estórias. Um espetáculo de dança é narração. Uma exposição de artes plásticas é narração. Tudo é narração. Até o quadro "Branco sobre o branco11 de Malevich conta uma estória. Aparentemente ler jornal é coisa simples. Não é. A forma como o jornal é feita, a diagramação, a escolha dos títulos, das fotos e ilustrações são já um discurso. E sobre isto se poderia aplicar o que Umberto Eco disse sobre o "Finnegans Wake" de James Joyce: "o primeiro discurso que uma obra faz o faz através da forma como é feita". Estamos com vários problemas de leitura hoje. Construímos sofisticadíssimos aparelhos que sabem ler. Eles nos lêem. Nos lêem melhor que nós mesmos. E mais: nós é que não os sabemos ler. Isto se dá não apenas com os objetos eletrônicos em casa ou com os aparelhos capazes de dizer há quantos milhões de anos viveu certa bactéria. Situação paradoxal: não sabemos ler os aparelhos que nos lêem. Analfabetismo tecnológico. A gente vive falando mal do analfabeto. Mas o analfabeto também lê o mundo. Às vezes, sabiamente. Em nossa arrogância o desclassificamos. Mas Levi-Strauss ousou dizer que algumas sociedades iletradas eram ética e esteticamente muito sofisticadas. E penso que analfabeto é apenas aquele que a sociedade letrada refugou. De resto, hoje na sociedade eletrônica, quem não é de algum modo analfabeto? Vi na fazenda de um amigo aparelhos eletrônicos, que ao tirarem leite da vaca, são capazes de ler tudo sobre a qualidade do leite, da vaca, e até o pensamento de quem está assistindo a cena. Aparelhos sofisticadíssimos lêem o mundo e nos dão recados. A camada de ozônio está berrando um S.O.S , mas os chefes de governo, acovardados, tapam (economicamente) o ouvido. A natureza está dizendo que a água além de infecta, está acabando. Lemos a notícia e postergamos a tragédia para nossos netos. É preciso ler, interpretar e fazer alguma coisa com a interpretação. Feiticeiros e profetas liam mensagens nas vísceras dos anim~is sacrificados e paredes dos palácios. Cartomantes lêem no baralho, copo d'água, búzios. Tudo ê leitura. Tudo ê decifração. Ler é uma forma de escrever com mão alheia. Minha vida daria um romance? Daria, se bem contado. Mas bem escrevê-lo são artes da narração. Mas só escreve bem, quem ao escrever sobre si mesmo, lê o mundo também.

EXERCÍCIOS

1) De acordo com o conteúdo do texto 2, responda com suas próprias palavras:

a) Qual a temática abordada?

b) No texto, o que significa ler o mundo?

c) ~ autor afirma: "Tudo é leitura. Tudo é decifração. Ou não. D~pende de quem le:" De que forma a leitura e a interpretação de um texto é influenciada por seu 1~1tor? Como o autor nos demonstra isso em seu texto?

d) E .possível existir a leitura da palavra escrita sem, previamente, 0 leitor ter feito a leitura de mundo? Explique:

e) Além da leitura da palavra escrita, quais as outras formas de leitura que 0 autor nos aponta? Quais as outras linguagens que podemos usar para nos comunicarmos?

2) Estabeleça traços comuns entre os textos 1 e 2:

Page 5: Leitura e Produção de Textos

,.--..

·""" ,,.-._

.--.

~ ,,-...

~

.~

ATIVIDADES REFERENTES AO CONTEÚDO TIPOS DE LlNGUAGEM:

!iil) Os textos abaixo apresentafil linguagem verbal e/ou não-verbal? Justifique sua resposta:

B)

' :Soneto de Fidelidade

(Vinícius de Morais)

"De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tantif · Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão rdomento · E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento

e)

E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive

,-.., , Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu po~sa ~~ ~izer do amor (que tive):· Que nao seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. (Até um dia meu anjo)"

s

Page 6: Leitura e Produção de Textos

~

~

~

.--.,_

~

--'"',

r--

kfU~H~~~=~ a4 '_ v-= mo

,~)

~(~. +~rzJ:~ = 3 ....

/'~,(J> • f '\!

,__.- ~· ---------------

-~

A leitura faz parte de sua rotina diária?

14%

86%

l 111 Sim 11 Não 1

Page 7: Leitura e Produção de Textos

OS TIPOS DE LINGUAGEM

O que é linguagem?

Linguagem Verbal:

Linguagem não-verbal:

Linguagem verbal e não-verbal (Linguagem Mista):

; .

.·i'

Page 8: Leitura e Produção de Textos

/""

~ .....

Page 9: Leitura e Produção de Textos

-

;

' ;!

-~· ..

Page 10: Leitura e Produção de Textos

G3 •

Page 11: Leitura e Produção de Textos

) )

~­:i:--

)

~-:·!,,';.")-i•;,;t;·~\~·~~fu!IW .,>f"1•k!"J'~.;.,,,,~.,.J~·'""'"'"""'"

Page 12: Leitura e Produção de Textos

I~

Definição/Conceito:

TEMA NORTEADOR:

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA Escrita e Oralidade

Linguagem e língua (texto adaptado)

Na origem de toda a atividade comunicativa do ser humano está a lingua­gem, que é a capacidade de se comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma

comunidade. Em outras palavras: um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos representativos.( ... )

Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala. Observe: você, ao falar ou escrever, dá preferência a determinadas palavras ou construções, seja por hábito, seja por opção consciente. Esse seu modo particular de empregar a língua portuguesa é a sua fala( ... ) Por mais original e criativa que seja, no entanto, sua fala deve estar contida no conjunto mais amplo que é a língua portuguesa; caso contrário, você estará deixando de empregar a nossa língua e não será mais compreendido pêlos membros da nossa comunidade. Note, pois, que língua é um

conceito amplo e elástico, capaz de abarcar todas as manifestações individuais, todas as falas.

Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desse estudo, amplia-se o exercício de nossa sociabilidade - e, conseqüentemente, de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem feita, seja pela leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. Conhecer bem a língua em que se vive e pensa é investir no ser humano que você é.

INFANTE, Ulisses, Do Texto ao Texto: curso prático de redação e leitura - São Paulo : Scipione, 1998, p.28,29.

7

Page 13: Leitura e Produção de Textos

lingua e identidade

Além de ser um meio de interação social, a língua também é uma forma de identidade cultural e grupal.

Falar a mesma língua de outra pessoa geralmente equivale a ter com elas muitas coisas em comum: referências culturais, esportivas, musicais, hábitos alimentares, etc, A língua é, portanto, um elemento importante na definição da identidade de um povo ou de um grupo social.

Mas não é só isso. Além de nossa identidade social, a língua revela também muito do que somos individualmente. Ela mostra nossa agressividade, afetividade, formalidade, gentileza, educação, etc.

TEXTO 1

O burocrata (Leó Montenegro)

Robelério, o burocrata, caminhava pela Cinelândia, quando ouviu o grito:

- É o bicho! Quem se meter a besta de reagir vai levar com uma bala na idéia! Robelério levantou o dedo para falar. - Perdão, mas os senhores não nos comunicaram por memorando que iriam

assaltar hoje. O chefe do bando falava e gesticulava com a arma: - Tá pensando que nós temos tempo pra palhaçada? Passe logo a grana, senão

vai levar um pombo sem asa5 nos cornos! Robelério não perdeu a pose: - É exatamente sobre isso que eu estava falando. Se tivesse sido comunicado do

assalto, estaria com dinheiro em caixa para atender os senhores. Outrossim, informo que os senhores deveriam usar um crachá para que possam ser reconhecidos como assaltantes.

Uma velhinha para o Robelério: - Ih, moço, pára de falar diflcil com eles, porque vai acabar dando um nó na

idéia deles e vai ser tiro pra todo lado. Robelério para a velhinha: - Em resposta a vossa solicitação, informo que não poderei adotar tais

providências, vez que, como se observa, o assalto está desorganizado e fora de seus padrões normais.

Um dos bandidos, para o chefe: - Esse cara é maluco. Acho melhor não atirar nele, por causa de que é proibido

bater e atirar em maluco. O chefe nem estava aí: - Maluco ou não, se ele não parar com essa :frescura, eu aperto o gatilho. Robelério era um pentelho: - A propósito, vossa senhoria tem nota fiscal dessa arma? Se não tem, fique

sabendo que está infringindo a Lei 3 8 do Código de Defesa do Consumidor. Isso representa dizer que sua empresa de assaltos está sujeita a uma multa.

O chefe do bando desandou a dar pulinhos:

8

Page 14: Leitura e Produção de Textos

,~,

- Vai multar a mãe! Isto é um assalto, não entendeu? Robelério: - Desconheço a ação por absoluta falta de comunicação, por memorando de que

ela seria desenvolvida. Parou aí, porque o bandido deu-lhe um tiro no braço e se mandou com a

quadrilha. Mas o pior foi quando a ambulância chegou. Robelério não queria ir para o hospital de jeito nenhum:

- Sem um memorando chegada, nada feito.

Foi levado à força.

avisando ao

A partir da leitura do texto 1, responda:

estabelecimento

a) Em relação ao conceito de variação lingüística e as formas de contextualização da língua, qual dos personagens está em desacordo com a norma de situação apresentada no texto? Explique:

b) De que forma o autor do texto faz com que ele tenha humor?

c) Quais as normas e variações lingüísticas que podemos identificar através da fala dos personagens?

..

Page 15: Leitura e Produção de Textos

Ass~ltantes Regionais

ASSALTANTE BAIANO: ô meu rei... (pausa) Isso é um assalto ... (longa pausa) Levanta os braços, mas não se avexe não ... (outra pausa) Se nâm quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado .... Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa) Num repara se o berro está sem bafa, mas é pra não ficar muito pesado. Não esquenta, meu írmãozínho, (pausa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada.

ASSALTANTE MINEIRO: ô sô, prestenção /ssé um assarto, uai. Levantus braço e fica ketín quié miá procê. Esse trem na minha mão tá cheín de baia ... Miá passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o quê, sô?!

ASSALTANTE CARIOCA: Aí, perdeu, merrrrrrrrrrmão Seguiiíinnte, bicho Tu te fu. Isso é um assalto ... Passa a grana e levanta oxxxxxxxx braçoxxxxxxxxxxx rapá. Não fica de caô que eu te passo o cerol .... Vai andando e se olhar pra traxxxxxxxxxxxxxx vira presunto. ASSALTANTE PAULISTA: Aê, mano. Isso é um assalto, truta. Levanta os braços, meu. Passa a grana logo, parcero. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bílheteria aberta pra

Page 16: Leitura e Produção de Textos

comprar o íngresso do jogo do Coríntia, véío .. Pô, se manda, cara.

ASSALTANTE GAÚCHO: O gurí, ficas atento. Báh, isso é um assalto ' -- ----L- -- 1-. .... ----- - J.- __ ,,,,:-..J.- J.,....f....A f Lt:Vaf/Li::I u::; UI ayu;:, t; Lt; 01..fUlvLa, Lv/10 :

Não tentes nada e cuidado que esse facão caria uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala.

ASSALTANTE NORDESTfNO: Ei, bichím ... lsso é um assalto ... Arríba os braços e num se bula nem faça muganga ... Arrebola o dinheiro no mato e não faça patim senão enfio a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora! Perdão, meu Padim Ciço, mas é que eu to com uma fome da moléstia.

RESUMO SOBRE VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

Variação Lingüística ou Variedade Linguísticas são as variações que uma

língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas

em que é utilizada. Todas as variedades linguísticas são adequadas, desde que cumpram

com eficiência o papel fundamental de uma língua - o de permitir a interação verbal

entre as pessoas, isto é, a comunicação_

Apesar disso, uma dessas variedades, a norma culta ou norma padrão, tem maior

prestígio social. É a variedade lingüística ensinada na escola, contida na maior parte dos

livros e revistas e também em textos científicos e didáticos, em alguns programas de

televisão, etc. As demais variedades, como a _regional, a gíria, jargões são chamados

genericamente de dialeto popular ou linguagem popular.

Tll'OS DE V ARíÃÇÕES LiNGúisTICAS:

• Variação histórica

Acontece ao longo de um determinado período de tempo. O processo de mudança é

gradual: uma variante inicialmente utilizada por um grupo restrito de falantes passa a

ser adotada por indivíduos socioeconomicamente mais expressivos. A forma antiga

permanece ainda entre as gerações mais velhas, período em que as duas variantes

convivem; porém com o tempo a nova variante torna-se normal na fala, e finalmente

11

Page 17: Leitura e Produção de Textos

consagra-se pelo uso na modalidade escrita_ As mudanças podem ser de grafia ou

de significado, assim temos o surgimento dos conceitos: arcaísmo e neologismo_

0 Variação geog:rá:fica _

Trata das diferentes formas de pronúncia, vocahulário e estrutura sintática entre regiões.

Dentro de uma ~omunidade mais ampla, formam-se comunidades linguísticas menores

em tomo de centros polarizadores, política e economia, que acabam por definir os

padrões lingüísticos utilizados na região de sua influência e as diferenças linguísticas

entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo.

ª' Va:rnação. social

Agrupa alguns fatores de diversidade:o nível sócio-econômico, determinado pelo meio

social onde vive um indivíduo; o grau de educação; a idade e o gênero. A .variação

social não compromete a compreensão entre indivíduos, como poderia acontecer na

variação regional; o uso de certas variantes pode indicar qual o nível sócio-econômico

de uma pessoa, e há a possibilidade de alguém oriundo de um grupo menos favorecido

atingir o padrão de maior prestígio.

e Variação estilística

Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de comunicação: se está

em um ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e

quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível

identificar dois limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de

reflexão do indivíduo sobre as normas lingüísticas, utilizado nas conversações imediatas

do cotidiano; e o formaL em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em

conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo.

Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e falada, pois os

dois estilos ocorrem em ambas as fonnas de comunicação.

OBS.: As diferentes modalidades de variação lingüística não existem isoladamente,

havendo um inter-relacionamento entre elas: uma variante· geográfica pode ser vista

como uma variante social, considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se

que o meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva

variantes antigas. O conhecimento do padrão de prestígio pode ser fator de mobilidade

social para um indivíduo pertencente a uma classe menos favorecida.

12

--~--------------~-------

Page 18: Leitura e Produção de Textos

--.. ' ..., 1.nl li

TEMA NORTEADOR:

LÍNGUA FALADA E LÍNGUA ESCRITA

A língua falada mantém urna profunda vinculação com as situações em que é usada. A comunicação oral normalmente se desenvolve em situações em que o contato entre os interlocutores é direto: na maioria dos casos, eles estão em presença um do outro, num lugar e momento que, por isso, são claramente conhecidos. Dessa forma, quando conversam sobre determinado assunto, elaboram mensagens marcadas por fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é fortemente alusivo: o uso de pronomes como eu, você, isso, aquilo ou de advérbios como aqui, cá, já, agora, lá possibilita indicar os seres e fatos envolvidos na mensagem sem nomeá-los explicitamente. Note que palavras desse tipo causam problemas de compreensão se não tivermos como detectar a que se referem.

Na língua escrita, a elaboração da mensagem requer uma linguagem menos alusiva. O uso de pronomes e certos advérbios, eficientes e suficientes na língua falada, obedece a outros critérios, pois essas palavras passam principalmente a relacionar partes do texto entre si e não mais a designar dados da realidade exterior. Em seu lugar, vemo-nos obrigados a utilizar formas de referência mais precisas, como substantivos e adjetivos, capazes de nomear e caracterizar os seres. A língua escrita, assim, demanda um esforço maior de precisão: devem-se indicar datas, descrever lugares e objetos, bem como identificar claramente os interlocutores no caso de representação de diálogos. Toda essa elaboração gera textos cuja compreensão não depende do lugar e do tempo em que são produzidos ou lidos: como a língua escrita busca ser suficiente para si mesma, redator e leitor não precisam mais da proximidade física para que a mensagem se transmita satisfatoriamente.

Não pense, entretanto, que qualquer uma dessas duas formas de língua é melhor ou pior do que a outra: são apenas diferentes, cada uma delas apropriada a uma determinada forma de comunicação.

Até agora, falamos da diferença essencial entre a língua escrita e a língua falada. Dessa diferença se originam outras, igualmente importantes e, em alguns casos, tão significativas que se podem mesmo falar na existência de doís códigos distintos: o código falado e o código escrito, cada um com suas regras próprias de funcionamento. Vejamos algumas delas.

~ A língua falada se concretiza por meio da emissão dos sons da língua, os fonemas. Na escrita, utilizam-se as letras, que não mantém uma correspondência exata com os fonemas: há letras que representam fonemas diferentes (a letras X por exemplo, em exame, xadrez e sintaxe)~ há fonemas representados por mais de uma letra(! f em chave, por exemplo); há até casos em que a ietra não repícsenta nenhum fonema (h em homem, por exemplo). Fatos como esses fazem com que a ortografia se tome às vezes mais complexa; ora, é obvio que essa questão afeta diretamente o manejo da língua escrita, tendo reduzida influência sobre o código falado.

);;>- O código oral conta com elementos de expressividade que o código escrito não consegue reproduzir com muita eficiência. Destacamos a acentuação e a entonação, capazes. de modificar completamente o significado de certas frases e que só são parcialmente recuperáveis por certas construções da língua escrita. Há, por exemplo, várias formas de falar a palavra sim, podendo-se até atribuir-lhe significação oposta à usual. Na escrita, o que se pode fazer são construções do tipo:

"Sim", disse ela, alvoroçada. "Sim ... ", respondeu uma voz debilitada.

"Sim?", irrompeu, indignado.

13

Page 19: Leitura e Produção de Textos

r~

,,.._

'~

~,

~

/",

'~

,-....

,....._

-"',

~

"Sim!", observou ele, com profunda ironia. Além disso, a língua escrita utiliza a pontuação para sugerir certas características da língua

falada. Não se deve esquecer, entretanto, que a pontuação tem antes de tudo uma função organizadora dos enunciados, permitindo-nos dispô-los dentro de certa lógica. Essa função antecede uma eventual tentativa de reproduzir de fonna escrita a melodia própria da língua falada.

O uso de algumas estruturas gramaticais é bastante diferente nos dois códigos. Enquanto a língua falada utiliza exclamações e onomatopéias e produz frases muitas vezes inacabadas ou com rupturas de construção, a língua escrita desenvolve frases mais logicamente construídas, evitando a repetição de termos, comum durante a fala. Além disso, certos tempos verbais (como o pretérito mais-que-perfeito simples: cantara, bebera e sentira, por exemplo) e certas construções (com o pronome relativo cujo, por exemplo) são praticamente exclusivos da língua escrita.

EXERCÍCIOS

1. Leia o trecho de uma carta de amor escrita pelo poeta Olavo Bilac:

Excelentíssima Senhora. Creio que esta carta não poderá absolutamente surpreendê-la. Deve ser esperada. Por V Excia. Compreendeu com certeza que, depois de tanta súplica desprezada sem piedade eu não podia continuar a sofrer o seu desprezo. Dizem que V. Excia. Me ama. Dizem, porque da boca de V. Excia. Nunca me foi dado ouvir essa declaração. Como, porém, se compreende que, amando-me V. Excia., nunca tivesse para mim a menor palavra afetuosa, o mais insignificante carinho, o mais simples olhar comovido? Inúmeras vezes lhe pedi humildemente uma palavra de consolo. Nunca a obtive, porque V. Excia. Ou ficava calada ou me respondia com uma ironia cruel. Não posso compreendê-la: perdi toda a esperança de ser amado. Separemo-nos. [ ... ]

A Caracterize a variedade lingüística e o grau de formalismo empregados pelo autor do texto:

B. Olavo Bilac viveu no final do século XIX e início do século XX. O texto é um bom exemplo de como as deciarações amorosas ernm feitas na época, nesse tipo de variedade lingüística. Colocando-se no lugar do poeta, reescreva o texto, mantendo o conteúdo mas empregando uma variedade lingüística que seria comum entre dois jovens nos dias de hoje. ( ~ ~ dt, ~o_,~~ c:J_o..,~~~)

14

Page 20: Leitura e Produção de Textos

Te:xt({l; 1

Por que não dancei

[ _ • - > --•-· •. - -~~II'_~ ~T~~~to:~.~'.'.1-C~.~.:~~~ ~f,:~~:~~ :~.1~~~".."~~ .. '.j}~!: pv1 UtaltlU e; J!Vl ..LVl a. J_ "'tUll.\.JU L-1 V ....... U.l. .. U V!..LU. V Vl.l. v. J. '"l\ .• U.J!.l!,.IU, l...!. V....., U..L.l.U..4· vu .. ..t...U.U,. V "-"..r...l...l-~ VL.1-1..Jt,N

de verdade. Agora, sim, tenho o meu chuveiro, tenho a minha cama, tenho a minha casa.

O prazer do chuveiro vem à minha cabeça hoje, 14 de março, uma terça- . feira, ano 2000. São dez horas. Faz muito sol. Os meninos estão se divertindo no chafariz da Praça da Sé. Dos oito aos 15 anos, eu também pulava nessas águas, e o chafariz era a minha felicidade. Mas o tempo passou. Hoje estou com 21 anos e não tomo mais banho na praça. Isso é coisa do passado. Agora, felicidade mesmo é estar na minha casa e ter uma cama para dormir

[ ... ] Nesse tempo, dos banhos gelados da Sé aos banhos do meu chuveiro,

quase dancei, quase morri. Fui até o fundo. Roubei, fumei crack, fumei muito crack, trafiquei, fui presa, apanhei pra caramba. Diziam que eu não tinha jeito, estava perdida. Eu mesma achava que não tinha jeito. Quase todos os meus amigos daquela época do chafariz estão mortos, presos, loucos ou doentes. Gente que andavam comigo, fumava comigo ou roubavam comigo. Por que não morri? Por que não pirei?

Não sabia por que eu queria escrever um livro sobre minha vida. Só no final descobri. Era pra rever meu passado, conversar com as pessoas que me conheceram e conversar comigo mesma, pra entender por que não dancei [ ... ]

Só pude entender quando voltei ao comecinho, muito do começo, até onde consigo me lembrar. Fui refazendo minha história, juntando os pedacínhos, pra ver se encontrava a resposta. Pra encontrar meu passado, descobri que tinha também que perdoar, perdoar o que fiz e perdoar o que fizeram comigo. [ ... ]

Esmeralda Ortiz. Por que não dancei .. São Paulo. Senac; Ática, 2000. (Fragmento).

Texto 2

O enfermeiro

[ ... ] Chegando à vila, tive más notícias do coronel. Era homem insuportável, estúrdio, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos. Gastava mais enfermeiros que remédios. A dous deles quebrou a cara. Respondi que não tinha medo de gente sã, menos ainda de doentes; e depois de entender­me com o vigário, que me confirmou as notícias recebidas, e me recomendou mansidão e caridade, segui para a residência do coronel.

Achei-o na varanda da casa estirado numa cadeira, bufando muito. Não me recebeu. mal. Começou por não dizer nada; pôs em mim dous olhos de gato que observa; depois, uma espécie de riso maligno alumiou-lhe as feições, que eram duras. Afinal, disse-me que nenhum dos enfermeiros que tivera, prestava

15

Page 21: Leitura e Produção de Textos

para nada, dormiam muito, eram respondões e andavam ao faro das escravas; dous eram até gatunos! [ ... ]

Machado de Assis. Contos consagrados. Rio de Janeiro. Ediouro, 2002. (Coleção Super Prestígio)

(Fragmento)

Você observou que o texto 1 apresenta linguagem informal e coloquial, e o texto 2, linguagem formal.

1. O texto 1 é autobiográfico, o depoimento de uma jovem que vivia nas ruas de São Paulo. Explique a relação do título do texto com a vida dessa narradora-personagem:

2. Identifique traços da linguagem informal usada pela narradora e explique o porquê do ~ texto apresentar esse tipo de linguagem:

3. O texto 2 é também uma narrativa, mas apresenta linguagem formal. O narrador­personagem, que se emprega como enfermeiro de um velho intransigente, conta o primeiro contato com seu cliente. Dê exemplos dessa formalidade da linguagem. Por que foi empregada a linguagem formal?

LINGUAGEM FORMÃL E mFORIVIAL

A linguagem pode ser mais ou menos formal dependendo da situação comunicativa e do grau de intimidade entre os interlocutores.

A linguagem formal é usada em situações formais, seja por escrito (correspondência entre empresas, artigos de certos jornais e revistas, textos científicos, livros didáticos), seja oralmente (conferência, discurso, reunião de negócios). Geralmente é empregada quando alguém se dirige a um interlocutor com quem não tem proximidade: ao fazer uma solicitação a uma autoridade ou comparecer a uma entrevista de emprego, por exemplo. Além de seguir a variedade padrão, a linguagem L formal tem como características marcantes a polidez e a seleção cuidadosa das palavras.

Empregada em situações informais, como correspondência entre amigos e familiares, a linguagem informal pressupõe certo grau de intimidade com o interlocutor.

16

Page 22: Leitura e Produção de Textos

Apresenta uma estrutura mais solta, com construções mais simples; podem-se empregar abreviações, diminutivos, gírias e, às vezes, construções sintáticas que não seguem à variedade padrãEY. É importànte lembrar que usar essa linguagem não significa t}Ue o emissor não saiba se comunicar de outra forma quando necessário. A linguagem informal é mais comumente utilizada na fala do que na escrita; no entanto, há escritos em que ela se faz necessária- por exemplo, um bilhete para uma situação do dia-a-dia.

A linguagem formal é usada em situações formais, e sua estrutura obedeGe às 1

regras da variedade padrão. A linguagem informai é usada em situações informais, e sua estrutura permite o

uso de gírias, diminutivos e expressões que não fazem parte da variedade padrão.

PROPOSTAS DE EXERCÍCIOS:

1- Transforme os enunciados abaixo de modo a adequá-los à norma culta:

a- Cara, pintou um lance legal ...

b- Tá afim de encara essa parada ?

e- É ruim, hein!

d- A gente fala e neguinho não saca nada ...

e- Salta fora! Vê se larga do meu pé!

f- Me amarrei de montão naquela paradinha que rolou na festa.

g- "Os nomes das frutas realmente não guardei porque são nomes muito, que tem assim uma influência muito indígena, né ? O Norte, principalmente no Amazonas e no Pará a influênda im!ígena sobre a alimentação é muito grande. O Amazonas é impressionante o número de frutas, e frutas assim tudo duro, tipo assim cajá-manga."

(UFRJ2004)

h- ''Minha impressão é que a cultura popular já ganhou a parada.. .. Há 30 on 40 anos, quando a gente discutia sobre música popular brasileira, sobre os novos baianos velhos, sobre a questão da técnica, a bossa nova, dizia-se que a cultura de massa ai invadir e tomar conta de tudo. Agora, não apenas os baiano, mas outros, inclusive os 'rapistas', se impusera, independentemente da cultura de massas, e estão tendo a revanche, num movimento de baixo para cima ... "

Milton Santos, Território e sociedade.

17

Page 23: Leitura e Produção de Textos

Nomes de Favela (Paulo César Pinheiro)

O galo já não canta mais no Cantagalo A água já não corre mais na Cachoeirinha

Menino não pega mais manga na Mangueira E agora que cidade grande é a Rocinha!

Ninguém faz mais jura de amor no Juramento Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres

E a vida é um inferno na Cidade de Deus

Não sou do tempo das armas Por isso ainda prefiro

Ouvir um verso de samba Do que escutar som de tiro

Pela poesia dos nomes de favela A vida por lá já foi mais bela

Já foi bem melhor de se morar Mas hoje essa mesma poesia pede ajuda

Ou lá na favela a vida muda Ou todos os nomes vão mudar

Page 24: Leitura e Produção de Textos

TEMA NORTEADOR:

TIPOLOGIAS TEXTUAIS

Quais os tipos textuais existentes?

Qual o objetivo de cada um deles?

Atividades:

1) Qual a tipologia textual do trecho apresentado abaixo?

Dona Julieta chamou os filhos mais novos para uma conversa séria. Era uma manhã de domingo, o dia estava claro e ensolarado. Pediu a eles que compreendessem a situação do pai, que não tinha no momento condição de colocá-los em uma escola melhor.

a) dissertação subjetiva 'b) descrição c) narração com alguns traços descritivos d) dissertação objetiva com alguns traços descritivos e) narração com alguns traços dissertativos

2) Assinale o trecho com características dissertativas.

a) Era um homem alto, escuro, vestindo paletó cinza-claro. b) Encontrei os dois amigos numa pracinha perto daqui. c) Os ajudantes levaram a mesa para o palco. d) Nossa rua sempre foi escura, com muitas árvores nas duas calçadas. e) É importante manter o equilíbrio, pois só assim conseguimos resolver os problemas.

3) Marque o texto com características narrativas.

a) O ideal é que todos colaborem. Caso contrário, o Brasil continuará sem rumo. r-- b) Rodrigo e Juliana estavam na sala, quando ocorreu a explosão.

c) Ela tem olhos azuis e cabelos louros. Não parece brasileira. d) Minha casa tem dois andares. Os quartos ficam na parte de cima.

~ e) A inteligência humana deve ser usada para o bem.

4) Assinale a frase que nao possui coesão textual. a) Ainda que gritassem, ninguém atenderia. b) Parou cedo de estudar; está, pois, com dificuldades no mercado de trabalho. c) Não obstante ter domínio do inglês e do alemão, foi contratado imediatamente. d) Mal cheguei, fui apresentado ao pesquisador.

19

Page 25: Leitura e Produção de Textos

e) Conquanto fale muito, jamais me perturbou.

5) Assinale o erro na mudança de discurso.

a) - Fale mais alto, exigiu o professor. O professor exigiu que fale mais alto. b) Disse o funcionário: - Estou no banheiro. O funcionário disse que estava no banheiro. c) - Lerei o estatuto, garantiu o associado. O associado garantiu que leria o estatuto. d) O passageiro pediu que eu por favor o ajudasse. - Ajude, por favor, pediu-me o passageiro. e) O homem falou que estivera fora por mais de quinze anos.

O homem falou: - Estive fora por mais de quinze anos.

6) Assinale a afirmativa errada. a) Na dissertação, o centro é a idéia. b) No discurso direto é empregado um verbo de elocução. c) Há três tipos principais de texto: narração, descrição e dissertação, além da injunção e dos argumentativos d) O texto descritivo está centrado no objeto. e) O personagem-narrador leva o verbo normalmente à terceira pessoa.

7) Assinale a afirmativa errada.

a) O texto dissertativo divide-se em introdução, desenvolvimento e conclusão. b) O trecho seguinte não apresenta coesão textual: A não ser que estudes, serás reprovado no concurso. c) O texto narrativo tem como base o fato. d) Falta de coerência é o mesmo que falta de lógica. e) Um texto pode ser narrativo e apresentar elementos descritivos.

8) Marque a afirmação correta em relação ao texto abaixo:

"Senti tocar-me no ombro; era Lobo Neves. Encaramo-nos alguns instantes, mudos, inconsoláveis. Indaguei de Virgília, depois ficamos a conversar uma meia hora. No fim desse tempo, vieram trazer-lhe uma carta; ele leu-a, empalideceu muito e fechou-a com a mão trêmula." (Machado de Assis, in Memórias Póstumas de Brás Cubas) a) É texto dissertativo com alguns elementos descritivos. b) Não se trata de texto narrativo, pois não há personagens. c) É um texto descritivo, com alguns elementos narrativos. d) O texto não apresenta personagem-narrador. e) Trata-se de uma narração, sem nenhum traço dissertativo.

10) Leia o texto e responda:

a) Faça uma análise do outdoor,

considerando:

• a campanha publicitária em função da atividade do anunciante;

Page 26: Leitura e Produção de Textos

• a responsabilidade social da Empresa, implícita no texto verbal.

(Outdoor referente à campanha publicitária da Clínica de

Ortopedia e Traumatologia (COT), exposto na cidade de

Salvador.)

b) Em q1Jal sentido está empregado o verbo tomar na campanha publicitária? Cite algum item presente

no outdoor que justifique sua resposta:

,....._, c) O texto apresenta linguagem verbal e/ou não-verbal? Justifique sua resposta:

d) Podemos afirmar que o texto não-verbal nos auxilia na interpretação da campanha publicitária? Caso

sua resposta seja afirmativa, explique de que forma acontece esse auxilio:

11) Numere os trechos, observando a ordem em que devem aparecer para constituírem um texto coeso

e coerente, e assinale a resposta correta:

( ) Em decorrência dessa atitude de desdém, de rejeição, não ter aparelho televisor, não assistir à televisão são marcas de distinção intelectual.

,,-_. ) Ela é a principal difusora de informações, entretenimento, modismos, comportamentos, valores.

) A popularidade da televisão torna-a suspeita aos olhos dos bem pensantes .

......_ ) Poucos negariam que a influência da televisão, nas sociedades contemporâneas, é gigantesca.

) Mas a atenção dos acadêmicos é inversamente proporcional à força dessa difusão. Uma palavra é

suficiente para entender tal fenômeno: preconceito.

(Itens adaptados de luís Felipe Miguel, Cegueira intelectual, Caderno Pensar, Correio Braziliense, 22/07/2001)

a) 5, 2, 4, 1, 3

.~. b) 2, 4, 3, 5, 1

19 • :;,,,

Page 27: Leitura e Produção de Textos

e) 4, 3, 2, 1, 5

- d) 3, 1, 2, 4, 5

e) 4, 5, 1, 3, 2

-~,

~

'~

-~

~

'"""' ~,

~

~

--~

~

;;--.

~

~

~

~ 19 .. '3

Page 28: Leitura e Produção de Textos

Adeus,Rio

~Composição: Zé Dantas e Luiz Gonzaga)

"Rio de Janeiro bota o visgo na gente

É terra boa pro caboco farriá

Eu só não fico porque rosa diz: Â"oxente

Será que Lula já deixou de me amar?

E desse jeito pode ser que o diabo atente minha rosa se contente

E bote outro em meu lugar.

(Rio de Janeiro)

Eu vou me embora

Mas pro ano eu volto cá

Quando eu me alembro de deixar copacabana

E as morenas que eu tenho visto por cá

Eu fico triste, sinto frio, sinto medo

E fico achando todo azedo e com vontade de chorar

Mas mesmo assim, adeus, o morena dengosa

Me adiscurpi, mas a rosa tá em primeiro lugar"

12) Leia o texto acima atentamente e responda:

a) Qual a modalidade textual? Justifique sua resposta:

b) Sabemos que por ser tão empregada por tão grande quantidade de indivíduos, a língua apresenta variações que ocorrem por diversas condições. No texto, verifica-se qual variação da língua portuguesa? Cite os fatores que justifiquem essa variabilidade e aponte dois exemplos dessa variação da língua, reescrevendo-os no Português padrão:

c) Qual o enredo do texto lido?

d) Faça um perfil do personagem:

·----------·~--------------- -- ---

Page 29: Leitura e Produção de Textos

ATIVIDADE:

Texto A

"Ao lado do meu prédio construíram um enorme edifício de apartamentos. Onde antes eram cinco românticas casinhas geminadas, hoje instalaram-se mais de 20 andares. Da minha sala vejo a varandas (estilo mediterrâneo) do novo monstro. Devem distar uns 30 metros, não mais. E foi numa dessas varandas que o fato se deu."

(Mário Prata. 100 Crônicas. São Paulo, Cartaz Editorial, 1997)

Texto B - Trecho de conversa informal (entrevista)

"Vamos ver. Bom, a sala tem forma de ele, apesar de não ser grande, né, dá dois ambientes perfeitamente separados. O primeiro ambiente da sala de estar tem um sofá forrado de couro, uma forração verde, as almofadas verdes, ladeado com duas mesinhas de mármore, abajur, um quadro, reprodução de Van Gogh. Em frente tem uma mesinha de mármore e em frente a esta mesa e portanto defronte do sofá tem um estrado com almofadas areia, o aparelho de som, um baú preto. A esquerda desse estrado há uma televisão enorme, horrorosa, depois há em frente à televisão duas poltroninhas vermelhas de jacarandá e aí termina o primeiro ambiente. Depois então no outro, no alongamento da sala há uma mesa grande com seis cadeiras com um abajur em cima, um abajur vermelho. A sala é toda pintadinha de branco ... "

Texto C

Teatro e escola, em principio, parecem ser espaços distintos, que desenvolvem atividades complementares diferentes. Em contraposição ao ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos seus assuntos pretensamente "sérios", o teatro se configura como um espaço de lazer e diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia antiga, veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se imagina. Por isso, considero de grande importância o estudo histórico do teatro.

Texto D

"Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crânio. "(Eça de Queiroz - O Primo Basílio)

Page 30: Leitura e Produção de Textos

Texto E

Policiais descobrem central que monitorava favelas na Zona Norte

Traficantes controlavam entradas e saídas de Parada de Lucas e Vigário Geral

Rio - Uma central de monitoramento clandestina foi descoberta, nesta sexta-feira, por policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) na Favela de Parada de Lucas, Zona Norte. A delegada adjunta Márcia Beck informou que sistema monitorava todas as entradas e saídas da favelas de Parada de Lucas e Vigário Geral.

A central funcionava dentro de uma parede falsa no segundo andar de um barraco, próximo ao Destacamento de Policiamento Ostensivo da PM (DPO). No local foi encontrada uma TV de 29 polegadas.

Os traficantes acionavam a passagem secreta, que dava passagem para a central de monitoramento, através de um fio de nylon escondido. Policiais apreenderam também no local um fuzil G3 calibre 762, duas pistolas, munição e quatro coletes à prova de balas.

FONTE: Jornal O Dia

Page 31: Leitura e Produção de Textos

-~

Os pássaros, a canção e a pressa

Considerações sobre a indústria da urgência e o caso de um brasileiro que escapou dela (Roberto Pompeu de Toledo)

Houve um tempo em que quem falava sozinho na rua era considerado louco. Hoje, em nove caso em dez, trata-se do portador de um telefone celular, pessoa considerada normal. Esta observação, como já terá adivinhado o leitor, vem a propósito da morte desse grande brasileiro que foi Antonio Carlos Jobim, mas vamos por partes, começando com um retrospecto do que tem sido a aventura humana neste século.

A aceleração do tempo é uma das características do século XX, talvez a principal delas. As coisas chegam e vão embora com impressionante rapidez. Flâmula - quem se lembra desse objeto? Nos anos 50 e 60, não havia quarto de rapaz que não fosse decorado com flâmulas, essa espécie de bandeira triangular homenageando clubes ou universidades, cidades ou países. As flâmulas chegaram, fizeram grande sucesso e foram embora. O bambolê teve a mesma sorte.

O século XX viu nascer e morrer o long-playing, o comunismo, o Zeppelin, Che Guevara, a admiração por Che Guevara, John Kennedy, a admiração por John Kennedy, o charleston, o musical de Hollywood, a Iugoslávia, o radinho de pilha, os hippies, os yuppies, o bonde elétrico, o Concorde, as viagens espaciais tripuladas, o surrealismo, o gramofone a vitrola de alta fidelidade ("hi-fi"), o hidroavião, o concretismo, o disco de 78 rotações e a União Soviética. Algumas invenções pareciam irremediavelmente destinadas à obsolescência quando experimentaram um espetacular retorno. Exemplo: camisinha. Outras pareciam destinadas a um espetacular retorno quando experimentaram o fracasso. Exemplo: o Cometa de Halley, que fez enorme sucesso em 1910 e falhou em 1986.

Pode-se alegar que em outros séculos também houve costumes, tecnologias e cometas de vida breve. Não como no século XX, nem em quantidade nem em velocidade. No curto espaço de cinqüenta, sessenta ou setenta anos passou-se do 14-Bis ao Boeing 747, da Maria-fumaça ao Trem­bala, da navalha ao aparelho Gillete Sensor, do cinema mudo ao vídeo laser, do lampião a gás ao forno microondas. Como resultado, a própria velocidade do tempo passou a ser um valor em si. Se as coisas não andam depressa, ficam aborrecidas. Parar é chatear-se, e lá vamos nós: a gastança do tempo, a

Page 32: Leitura e Produção de Textos

gula de digeri-lo, o consumo compulsivo - desesperado dir-se-ia - dessa substância sem cor nem cheiro chamada tempo passou a ser a mais invencível dependência do período, a droga mais mortal. Esta é a hora dos excitados.

Nesse processo, uma das criações mais características do século foi a indústria da urgência. É preciso correr atrás do tempo. Ou correr na frente, melhor ainda. Chegar antes dele, fazer uma hora em menos de uma hora, eis o ideal. Quem não consegue capota, está fora do ritmo, fora de seu tempo, e pronto - com isso chegamos ao telefone celular. Ele é a culminância apoteótica da indústria da urgência que caracteriza estes nossos anos. Contabilize o leitor com rigor científico: quantas vezes deu na vida, ou recebeu, um telefonema realmente urgente? Algo que não pudesse esperar meia hora, até o próximo orelhão? Comunicados realmente urgentes não são um acontecimento cotidiano. A rigor, ao longo de uma vida, talvez não sejam dois ou três -excetuando o caso dos médicos, que já têm bip e não precisam de telefone celular.

E no entanto os celulares se multiplicam como saúvas, brotam como capim. Centenas deles, milhares, entram em circulação a cada dia. As pessoas na rua portam o aparelhinho como se fosse uma nova peça do vestuário, ou um novo complemento, como o guarda-chuva - ainda que mal comparado, pois o guarda-chuva, em sua silenciosa dignidade, não toca, não fala e nem é histérico como o telefone celular. De repente um monte de gente percebeu que tem pressa, não pode esperar, que é urgente chamar, é urgente ser chamado, é urgente, é urgente, é tudo tão urgente ...

Antonio Carlos Jobim não tinha nada a ver com isso, e é por isso que é lembrado nestas linhas. Era um homem de vagares. Gostava de passarinhos, árvores, canções e poesia, quatro produtos fora do alcance da indústria da urgência. Ele andou na contramão da mistificação da pressa que se abateu sobre as vidas da esmagadora maioria de seus contemporâneos. E porque tinha uma outra percepção do tempo conseguiu, mesmo num território do efêmero como da música popular, deixar uma obra que o ultrapassa, em duração.

(Veja, ed.1371, p. 150)

Page 33: Leitura e Produção de Textos

Trapezista

Querida, eu juro que não era eu. Que coisa ridícula! Se você estivesse aqui -Alô? Alô? - olha, se você estivesse aqui ia ver a minha cara, inocente como o Diabo. O quê? Mas como, ironia? "Como o Diabo" é força de expressão, que diabo. Você acha que eu ia brincar numa hora desta? Alô! Eu juro, pelo que há de mais sagrado, pelo túmulo de minha mãe, pela nossa conta no banco, pela cabeça dos nossos filhos, que não era eu naquela foto de carnaval no Cascalho que saiu na Folha da Manhã. O quê? Alô! Alô! Como é que eu sei qual é a foto? Mas você não acaba de dizer. .. Ah, você não chegou a dizer. .. ah, você não chegou a dizer qual era o jornal. Bom, bem. Você não vai acreditar mas acontece que eu também vi a foto. Não desliga! Eu também vi a foto e tive a mesma reação. Que sujeito parecido comigo, pensei. Podia ser gêmeo. Agora, querida, nunca, em nenhum momento, está ouvindo? Em nenhum momento me passou pela cabeça a idéia de que você fosse pensar -querida, eu estou até começando a achar graça -, que você fosse pensar que aquele era eu. Por amor de Deus. Pra começo de conversa, você pode me imaginar de pareô vermelho e colar havaiano, pulando no Cascalho com uma bandida em cada braço? Não, faça-me o favor. E a cara das bandidas! Francamente, já que você não confia na minha fidelidade, que confiasse no meu bom gosto, poxa! O quê? Querida, eu não disse "pareô vermelho". Tenho a mais absoluta, a mais tranquila, a mais inabalável certeza que eu disse apenas "pareô". Como é que eu podia saber que era vermelho se a fotografia não era em cores, certo? Alô? Alô? Não desliga! Não ... Olha, se você desligar está tudo acabado. Tudo acabado. Você nem precisa voltar da praia. Fica aí com as crianças e funda uma colônia de pescadores. Não, estou falando sério. Perdi a paciência. Afinal, se você não confia em mim não adianta nada a gente continuar. Um casamento deve se ... se ... como é mesmo a palavra? ... se alicerçar na confiança mútua. O casamento é como um número de trapézio, um precisa confiar no outro até de olhos fechados. É isso mesmo. E sabe de outra coisa? Eu não precisava ficar na cidade durante o carnaval. Foi tudo mentira. Eu não tinha trabalho acumulado no escritório coisíssima nenhuma. Eu fiquei sabe para quê? Para testar você. Ficar na cidade foi como dar um salto mortal, sem rede, só para saber se você me pegaria no ar. Um teste do nosso amor. E você falhou. Você me decepcionou. Não vou nem gritar por socorro. Não, não me interrompa. Desculpas não adiantam mais. O próximo som que você ouvir será do meu corpo se estatelando, com o baque da desilusão, no duro chão da realidade. Alô? Eu disse que o próximo som .. que ... O quê? Você não estava ouvindo nada? Qual foi a última coisa que você ouviu, coração? Pois sim, eu não falei - tenho certeza absoluta que não falei - em "pareô vermelho". Sei lá que cor era o pareô daquele cretino na foto. Você precisa acreditar em mim, querida. O casamento é como um número de ... Sim. Não. Claro. Como? Não. Certo. Qunado você voltar pode perguntar para o ... Você quer que eu jure? De novo? Pois eu juro. Passei sábado, domingo, segunda e terça no escritório. Não vi carnaval nem pela janela. Só vim em casa tomar um banho e comer um sanduíche e vou logo voltar para lá. Como? Você telefonou para o escritório? Meu bem, é claro que a telefonista não estava trabalhando, não é, bem? Ha, ha, você é demais. Olha, querida? Alô? Sábado eu estou aí. Um beijo nas crianças. Socorro. Eu disse, um beijo.

Page 34: Leitura e Produção de Textos

A aliança

Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.

Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências ... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.

- Você não sabe o que me aconteceu!

-O quê?

- Uma coisa incrível.

-O quê?

- Contando ninguém acredita.

-Conta!

- Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?

-Não.

-Olhe.

E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.

Page 35: Leitura e Produção de Textos

- O que aconteceu?

E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.

- Que coisa - diria a mulher, calmamente.

- Não é difícil de acreditar?

- Não. É perfeitamente possível.

-Pois é. Eu ...

- SEU CRETINO!

-Meu bem ...

- Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu sei o que aconteceu com essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.

- Mas, meu bem ...

- Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!

E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:

- Que fim levou a sua aliança? E ele disse:

- Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.

Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.

- O mais importante é que você não mentiu pra mim.

E foi tratar do jantar.

(luis Fernando Veríssimo)

(Texto extraído do livro "As mentiras que os homens contam•, Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 37.)

Page 36: Leitura e Produção de Textos

\

20

SEGUNDA PARTE: MATERIAL LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

PARAGRAFAÇÃO E ARTICULAÇÃO ENTRE OS PARÁGRAFOS DO TEXTO A ESTRUTURA DOPARÁ GRAFO - PARÁGRAFO-PADRÃO

O parágrafo é uma unidade de compos1çao do texto em que é desenvolvida uma idéia central a que se agregam outras secundárias, estabelecendo entre s1 sentido e lógica. Muito comum em textos dissertativos, o parágrafo padrão estrutura-se em tópico frasal, desenvolvimento e conclusão.

Introdução, também conhecida denominada tópico frasal, é formada de uma ou de duas frases curtas que expressam, de maneira sucinta, a idéia principal do parágrafo,definindo seu objetivo.

Desenvolvimento: corresponde à ampliação fundamentação ou que o esclarecem ( exemplos, comparações, referências históricas ou científicas).

do tópico frasal, à sua detalhes, demonstração e fatos,

Conclusão: nem sempre presente, especialmente em parágrafos mais simples e curtos, conclusão retoma a idéia central, levando em consideração os diver s o s aspectos selecionados no desenvolvimento.

OBSERVAÇÃO: Cada um dos parágrafos do texto deve apresentar necessariamente um tópico frasal.

ATIVIDADES:

1. Leia atentamente o texto abaixo, divida-o em parágrafos e, a seguir, responda ao que se pede.

Viver em sociedade

A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus 145 interesses e desejos. Sem vida em sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, pois o ser humano, durante muito tempo, necessita de outros para conseguir alimentação e abrigo. E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que tomam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos outros muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados de saúde. Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa

Page 37: Leitura e Produção de Textos

21

humana necessita de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas esperanças. Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo de vida; mas porque a vida em sociedade é uma necessidatle da natureza humana. Assim, por exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum lugar, onde tivesse armazenado grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem falar e trocar ideias, necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se continuasse sozinha por muito tempo. Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer suas necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse fim. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com justiça é aquela em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas necessidades, é aquela em que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas oportunidades, aquela em que os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos. Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e exijam que eles sejam respeitados, como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas responsabilidades sociais.

(DALLARI, Dalmo de D. Viver em sociedade. São Paulo: Moderna, 1985. p. 5-6)

a)Que ideia central Dalmo de Abreu Dallari defende em seu texto?

TESE:

b)Releia o pnme1ro parágrafo e responda: qual é a s u a f u n ç ã o e m r e 1 a ç ã o a o s demais parágrafos que formam o texto?

c)No texto, o autor nos apresenta uma sene de argumentos, ordenados logicamente, a fim de convencer o leitor. Quais são esses argumentos e como eles nos são apresentados?

Page 38: Leitura e Produção de Textos

-

d)Qual a função do último parágrafo? Que ideias ele defende?

e) Após a divisão dos parágrafos, identifique o tópico frasal de cada um deles:

A partir da construção do parágrafo padrão, é hora de pensar nas produções textuais ...

Primeiro passo: entender bem o terna do texto

Exemplo: TEMA: "O adolescente, hoje, precisa de limites?"

22

• Desse terna eu posso retirar urna expressão central: "limite para os adolescentes". Ou posso, simplesmente, retirar a expressão "limites".

Segundo passo: a introdução do texto

• Posso começar a escrever o texto dissertativo-argurnentativo definindo a expressão central retirada do terna. (entenda corno urna das muitas formas de se começar um texto)

Exemplo: Definindo a expressão "limite para os adolescentes" : O que é, ou o que significa dar limites aos adolescentes?

Vou elaborar um pequeno texto (pode ser urna frase ou mais de urna) respondendo a essa questão:

...... . A sociedade constitui-se de pessoas que se transformam ao longo do tempo, mudam a forma de pensar e agir. Isso faz com que uma geração de adolescentes não seja, necessariamente, igual a uma anterior, assim como são diferentes as regras e os valores sociais de cada geração. No entanto, independente da época, sempre existirão regras e valores que moldarão o pensamento, o comportamento, as atitudes dos jovens na sociedade - são os chamados limites, que podem se apresentar de maneiras diversas, com maior ou menor rigor.

• Depois de definir a expressão central retirada do terna, é hora de esclarecer o objetivo do texto.

Page 39: Leitura e Produção de Textos

- 23

• É possível, nessa hora, responder perguntas como: o que eu pretendo argumentar? Qual é o meu objetivo ao escrever esse texto?

• É muito importante centrar-se no tema proposto na hora de estabelecer um objetivo.

Exemplo: Como o tema, nesse caso, é "O adolescente, hoje, precisa de limites?", então, o objetivo será, exatamente, responder a essa questão. Assim, eu posso fechar minha introdução com uma pergunta (lembrando-me, sempre, de não copiar o tema proposto) ou posso colocar a questão do tema sem ser em forma de pergunta propriamente .

. . . . . . . A sociedade constitui-se de pessoas que se transformam ao longo do tempo, mudam a forma de pensar e agir. Isso faz com que uma geração de adolescentes não seja, necessariamente, igual a uma anterior, assim como são diferentes as regras e os valores sociais de cada geração. No entanto, independente da época, sempre existirão regras e valores que moldarão o pensamento, o comportamento, as atitudes dos jovens na sociedade - são os chamados limites, que podem se apresentar de maneiras diversas, com maior ou menor rigor. Hoje, questiona-se se esses limites devem ser impostos aos adolescentes ou se estes devem ser mais livres para estabelecerem seus próprios limites.

Terceiro passo: o desenvolvimento do texto

• Para começar a desenvolver o texto, é interessante fazer um esquema sobre o que quero argumentar.

Exemplo: O objetivo é saber se os adolescentes precisam ou não de limites. Eu posso argumentar de várias formas. Vou colocar, aqui, 4 opções:

OPCÃO 1: Posso defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites e apresentar justificativas para isso:

Esquema: - Os adolescentes precisam de limites, porque, nessa fase da vida, ainda estão se moldando valores que os farão indivíduos íntegros, com caráter.

- Os adolescentes precisam de limites porque, nessa fase da vida, eles ainda não têm total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado, segundo um modelo de vida sadio e com respeito à moral.

OPCÃO 2: Posso defender a ideia de que os adolescentes NÃO precisam de limites e apresentar justificativas para isso:

Page 40: Leitura e Produção de Textos

24

Esquema: - Os adolescentes não precisam de limites, mas de carinho dos pais, que, em muitos casos, mostram-se ausentes. Os limites impostos acabam afastando pais e filhos.

- Os adolescentes não precisam de limites, porque eles já são capazes de entender as regras sociais, e os limites serviriam apenas para inibir a criatividade, a liberdade, a capacidade do adolescente de "amadurecer" sozinho, de encarar a realidade tal como ela é.

OPÇÃO 3: Posso defender a ideia de que os adolescentes precisam de limites, mas estes não devem ser impostos com muito rigor:

Esquema: - Os adolescentes precisam de limites, porque todo ser humano deve saber lidar com regras, ter disciplina para enfrentar todo tipo de situação, e isso se constrói ao longo da vida, principalmente, quando se é jovem.

- Por outro lado, esses limites não precisam ser impostos com tanto rigor, porque pode tolher a criatividade do adolescente.

• Após esquematizar os argumentos, seria interessante desenvolver esse esquema em, pelo menos, dois parágrafos.

• Não posso me esquecer de estabelecer uma ligação entre esses parágrafos.

Exemplo com a primeira opção:

Os jovens entre doze e dezoito anos vivem uma fase em que os valores morais e sociais ainda estão se moldando. Trata-se de um período em que o adolescente encontra-se em meio às regras impostas pela escola, pela família, pela sociedade em geral, e essas regras estabelecem limites que, mais tarde, ajudarão esse adolescente de hoje a tornar-se um cidadão íntegro, com caráter e disciplinado.

Além disso, nessa fase bem jovem da vida, não se tem total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado segundo um modelo de vida sadio e com respeito à moral. O adolescente vive cercado de bons e maus exemplos, sendo estes últimos bastante atraentes, tendo em vista o "glamour" da transgressão. Nessa realidade, diferir o que é interessante momentaneamente e o que é correto e promissor não é uma tarefa fácil para o adolescente, por isso é necessário impor limites para que ele aprenda estabelecer essa distinção.

Page 41: Leitura e Produção de Textos

25

Quarto passo: a conclusão

• Para iniciar a conclusão desse texto, voltarei à introdução do texto para relembrar o tema e o objetivo apresentados. Escrevo, então, uma frase (ou mais de uma) sintetizando o objetivo do texto e o foco da argumentação (esse foco da argumentação pode ser encontrado no esquema feito para desenvolver o texto).

• Preciso lembrar que não posso repetir o que já foi usado na redação, preciso usar outras palavras e escrever algo não muito longo, pois é só uma síntese.

Exemplo:

Assim, diante da dúvida se se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade precisa de indivíduos de bom caráter e que tenham noção de disciplina. Para se ter isso, é preciso que os jovens saibam seguir regras, infernalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido.

• Para encerrar a conclusão, pode ser interessante apresentar uma solução para o problema tratado ou uma sugestão relacionada à questão desenvolvida.

Exemplo: como a questão que estou usando como exemplo diz respeito aos limites, e o desenvolvimento apresentando, aqui, centrou-se na justificativa de se impor, sim, limites aos adolescentes, então, posso fechar o texto com uma das duas opções abaixo:

1) Uma sugestão para os pais: mostrando uma maneira de impor limites apropriada para a geração de adolescentes atual.

2) Uma sugestão para os próprios adolescentes: mostrando uma maneira de entender a imposição de limites como algo positivo.

Escolha da segunda opção para encerrar:

Assim, diante da dúvida se se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade precisa de indivíduos de bom caráter e que tenham noção de disciplina. Para se ter isso, é preciso que os jovens saibam seguir regras, infernalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido. Portanto, os adolescentes não devem enxergar os limites impostos como uma forma de perseguição ou como uma maneira de evitar que eles "vivam a vida", mas sim como uma auto-defesa diante da liberdade exagerada, da falta de humanidade, do modismo em detrimento do amor próprio e do excesso de "doces armadilhas" que a realidade apresenta.

Page 42: Leitura e Produção de Textos

- 26

O TEXTO COMPLETO:

(TÍTULO)

A sociedade constitui-se de pessoas que se transformam ao longo do tempo, mudam a forma de pensar e agir. Isso faz com que uma geração de adolescentes não seja, necessariamente, igual a uma anterior, assim como são diferentes as regras e os valores sociais de cada geração. No entanto, independente da época, sempre existirão regras e valores que moldarão o pensamento, o comportamento, as atitudes dos jovens na sociedade - são os chamados limites, que podem se apresentar de maneiras diversas, com maior ou menor rigor. Hoje, questiona-se se esses limites devem ser impostos aos adolescentes ou se estes devem ser mais livres para estabelecerem seus próprios limites.

Os jovens entre doze e dezoito anos vivem uma fase em que os valores morais e sociais ainda estão se moldando. Trata-se de um período em que o adolescente encontra­se em meio às regras impostas pela escola, pela família, pela sociedade em geral, e essas regras estabelecem limites que, mais tarde, ajudarão esse adolescente de hoje a tomar-se um cidadão íntegro, com caráter e disciplinado.

Além disso, nessa fase bem jovem da vida, não se tem total discernimento para distinguir tudo que é certo e errado segundo um modelo de vida sadio e com respeito à moral. O adolescente vive cercado de bons e maus exemplos, sendo estes últimos bastante atraentes, tendo em vista o "glamour" da transgressão. Nessa realidade, diferir o que é interessante momentaneamente e o que é correto e promissor não é uma tarefa fácil para o adolescente, por isso é necessário impor limites para que ele aprenda estabelecer essa distinção.

Assim, diante da dúvida se se deve impor limites aos adolescentes hoje, pode-se afirmar que a sociedade precisa de indivíduos de bom caráter e que tenham noção de disciplina. Para se ter isso, é preciso que os jovens saibam seguir regras, intemalizar valores e distinguir o melhor caminho a ser percorrido. Portanto, os adolescentes não devem enxergar os limites impostos como uma forma de perseguição ou como uma maneira de evitar que eles "vivam a vida", mas sim como uma auto-defesa diante da liberdade exagerada, da falta de humanidade, do modismo em detrimento do amor próprio e do excesso de "doces armadilhas" que a realidade apresenta.

Mais dicas ...

Por exemplo, para desenvolver um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema "Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado", você poderia desenvolver:

EXEMPLO:

Tese: O excesso de exposição da vida privada nas redes sociais pode ter consequências graves, como situações de violência cibernética. Argumentos: 1. explicação sobre o que é violência cibernética; 2. dados de pesquisas que comprovam a tese; 3. exemplos de situações de violência, como o cyber bullying;

Page 43: Leitura e Produção de Textos

-

.~.

4. depoimento de especialista no assunto; e 5. contra-argumento: aspectos positivos das redes sociais.

Proposta de intervenção: Alertar os jovens, por meio de campanhas, tanto na escola, por professores, corno em casa, com os familiares, sobre os perigos da superexposição nas redes sociais.

Corno desenvolver urna tese?

27

1. Você pode iniciar o desenvolvimento da tese transformando o terna em urna pergunta. Ainda usando o terna acima, ficaria da seguinte forma: "Viver em rede no século XXI: quais são os limites entre o público e o privado?" ou "Corno viver em rede no século XXI? Quais são os limites entre o público e o privado?".

2. A seguir, responda esta pergunta da maneira mais simples e clara possível, concordando ou discordando ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte; esta resposta será seu ponto de vista.

3. Pergunte a si mesmo o porquê da sua resposta buscando urna justificativa para ela em urna causa, um motivo, urna razão etc: essa justificativa será seu principal argumento.

4. Em seguida, reflita sobre os motivos que o levaram ao argumento principal, pois eles o ajudarão a fundamentar a sua posição: eles são seus argumentos auxiliares. Através das estratégias argumentativas mencionadas anteriormente, você desenvolverá seus argumentos.

5. A partir dessa reflexão você poderá iniciar o rascunho do seu texto, planejando-o. A sugestão proposta a partir do passo a passo acima, sendo:

i. Interrogue o tema; ii. Responda com a opinião; iii. Justifique com o argumento principal; iv. Fundamente-o com os argumentos auxiliares; v. Apresente as estratégias argumentativas; vi. Apresente a proposta de intervenção social e conclua.

LEITURA E INTERPRETAÇÃO

Leia o texto para responder às próximas 3 questões.

Sobre os perigos da leitura

Nos tempos em que eu era professor da Unicamp, fui designado presidente da comissão encarregada da seleção dos candidatos ao doutoramento, o que é um sofrimento. Dizer esse entra, esse não entra é uma responsabilidade dolorida da qual não se sai sem sentimentos de culpa. Como, em 20 minutos de conversa, decidir sobre a vida de uma pessoa amedrontada? Mas não havia alternativas. Essa era a regra. Os candidatos amontoavam-se no corredor recordando o que haviam lido da imensa lista de livros cuja leitura

Page 44: Leitura e Produção de Textos

28

era exigida. Aí tive uma ideia que julguei brilhante. Combinei com os meus colegas que faríamos a todos os candidatos uma única pergunta, a mesma pergunta. Assim, quando o candidato entrava trêmulo e se esforçando por parecer confiante, eu lhe fazia a pergunta, a mais deliciosa de todas: "Fale-nos sobre aquilo que você gostaria de falar!". [. . .]

A reação dos candidatos, no entanto, não foi a esperada. Aconteceu o oposto: pânico. Foi como se esse campo, aquilo sobre o que eles gostariam de falar, lhes fosse totalmente desconhecido, um vazio imenso. Papaguear os pensamentos dos outros, tudo bem. Para isso, eles haviam sido treinados durante toda a sua carreira escolar, a partir da infância. Mas falar sobre os próprios pensamentos - ah, isso não lhes tinha sido ensinado!

Na verdade, nunca lhes havia passado pela cabeça que alguém pudesse se interessar por aquilo que estavam pensando. Nunca lhes havia passado pela cabeça que os seus pensamentos pudessem ser importantes.

(Rubem Alves, www.cuidardoser.com.br. Adaptado)

1 - De acordo com o texto, os candidatos

(A) não tinham assimilado suas leituras. (B) só conheciam o pensamento alheio. (C) tinham projetos de pesquisa deficientes. (D) tinham perfeito autocontrole. (E) ficavam em fila, esperando a vez.

2 - O autor entende que os candidatos deveriam

(A) ter opiniões próprias. (B) ler os textos requeridos. (C) não ter treinamento escolar. (D) refletir sobre o vazio. (E) ter mais equilíbrio.

3 -A expressão "um vazio imenso" (3. 0 parágrafo) refere-se a

(A) candidatos. (B) pânico. (C) eles. (D) reação. (E) esse campo.

Leia o texto para responder às próximas 3 questões.

No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um levantamento em grandes cidades de 31 países para descobrir como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - do mundo. Foram analísadas a velocidade com que as pessoas percorrem determinada distância

Page 45: Leitura e Produção de Textos

29

a pé no centro da cidade, o número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos correios. Os brasileiros pontuaram muito mal nos dois primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são ocupadas por países pobres.

O estudo de Robert Levine associa a administração do tempo aos traços culturais de um país. "Nos Estados Unidos, por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor cultural. Os brasileiros, em comparação, dão mais importância às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos'', diz o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a uma festa de aniversário. Pode-se argumentar que os brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte público?

(Veja, 02.12.2009)

4 - De acordo com o texto, os brasileiros são piores do que outros povos em

(A) eficiência de correios e andar a pé. (B) ajuste de relógios e andar a pé. (C) marcar compromissos fora de hora. (D) criar desculpas para atrasos. (E) dar satisfações por atrasos.

5 - Pondo foco no processo de coesão textual do 2.0 parágrafo, pode-se concluir que Levine é um

(A) jornalista. (B) economista. (C) cronometrista. (D) ensaísta. (E) psicólogo.

Leia o texto abaixo para responder as questões de 1 a 8.

UMA ESTRATÉGIA PERIGOSA NAS REDES SOCIAIS

Tenho observado o caloroso e, às vezes, estremado debate que tem acontecido nas redes sociais em torno de homens e mulheres que se declaram gays. A própria existência do debate tão aberto mostra que nossa sociedade evoluiu, pois em outros tempos isso não seria concebível. Esse percurso dialético da sociedade humana, criada pelo homem e para o homem, é reflexo do próprio homem que vai evoluindo a cada geração. Todavia há um viés retrogrado nesse debate. Algo do qual ainda não conseguimos nos livrar e que funciona como uma erva daninha, ou fruta estragada - a intolerância.

Page 46: Leitura e Produção de Textos

30

Esse sentimento de não aceitar aquilo que difere de nossa verdade, tida por nós como absoluta, já gerou muitas injustiças nos passado. Quando fomentado por uma instituição que tem o poder de formar pensamentos como a igreja, seja ela a que religião pertença, o que seria opinião de um passa a valer como princípio a ser defendido de forma absoluta. Esse discurso da intolerância está sendo disseminado por várias pessoas, jovens ou não, na internet.

Os defensores do deputado Marcos Feliciano tem apostado no jogo da injúria, calúnia e difamação contra outro deputado declarado gay. Essa infâmia estratégia de minar a todo e qualquer custo a imagem de um para fazer valer a do outro poderá trazer consequências históricas para nossa sociedade. A primeira dessas consequências é a institucionalização do pensamento de que qualquer pessoa declarada gay é perigosa e nociva para a sociedade, por isso deve ser combatida. Esse pensamento é perigoso, de um debate na internet pode transformar-se em conflitos de ruas como existem em países da Europa, os promovidos pelos Skin Head na Alemanha, por exemplo. Outra consequência nefasta é a descaracterização da doutrina cristã que se baseia no amor ao próximo "amar a quem nos tem ofendido". Esse princípio tem sido esquecido nos debates. Esse é o caminho pelo qual os lideres evangélicos precisam direcionar seus debates, penso eu.

(Gazetando - O Informativo da Educação http://aurismargueiroz.blogspot.eom.br/2013/04/a-intolerancia-corn-os-gays-esta.html)

01. Qual das opções abaixo corresponde ao tema tratado nesse texto?

a) Pessoas que se declaram gays.

b) A intolerância contra os gays.

c) Brigas de ruas.

d) A falta de amor.

e) O cristianismo.

02. O autor projeta o texto para defender a seguinte tese:

a) A intolerância atrapalha o debate sobre a questão gay.

b) A sociedade humana já evoluiu plenamente e está madura para qualquer debate.

c) A nossa verdade tida por nós como absoluta gerou muitos conflitos no passado.

d) A igreja tem o poder de formar pensamentos.

e) A intolerância é algo perigoso porque pode gerar conflitos de ruas.

Page 47: Leitura e Produção de Textos

03. O autor conclui o texto mostrando um caminho a ser se~uido para se resolver essa questão. Diga, com suas palavras, qual é esse caminho apontado pelo autor.

04. Qual seria o melhor sentido para a palavra retrógrado, que aparece no texto?

a) Que está evoluindo.

b) Atrasado.

c) Inovador.

d) Algo dificil de entender.

e) Atual.

05. Qual das ideias abaixo é defendida pelo autor no texto?

a) Nossa sociedade continua atrasada sem nenhuma evolução.

b) Aquilo que aceitamos como verdade tem que ter valor absoluto, por isso não devemos nunca aceitar a opinião dos outros.

c) Toda pessoa que se declara gay é perigosa.

d) Os Skin head é um importante grupo revolucionário da Alemanha.

e) O principio do amor ao próximo deve direcionar os debates a esse respeito.

06. Qual das ideias abaixo NÃO é defendida pelo autor no texto?

a) A existência do debate sobre a questão gay mostra que nossa sociedade evoluiu.

b) Em tempos atrás esse mesmo debate seria possível.

c) Os defensores do deputado Marcos Feliciano atacam com injúrias, calúnia e difamação outro deputado declarado gay.

d) Uma das consequências da intolerância com relação a essa questão pode ser a descaracterização da doutrina cristã que se baseia no amor.

31

Page 48: Leitura e Produção de Textos

e) A igreja é uma instituição que tem o poder de formar pensamentos.

07. Que outro título você daria a esse texto? Escreva abaixo. Lembre-se: o título tem que ser diferente do tema; deve despertar a curiosidade para a leitura do texto.

32

8. Qual a sua opinião com relação a esse assunto. Escreva em pelo menos cinco linhas. Procure ser claro e objetivo.

leia alentamente o artigo abaixo, Pot>re vira classe média, de SyMa Romano.

Para ronientar o governo, os pobms brasMerrcs furam galgados ã condição de classe média. De arordo com a fundação Getúlio Vargas e empresas de pesquisa, descobriu~se que quem ganha entre R$ Hl64,00 e R$ 4.591 ,00-o que passa a representar quase 52% da população atual -pertence à classe média. Existe, sim. uma melhora oo padrão de vída do pobre brasileiro, mas e!evá.Jo a m~ categoria é um pouco dl! pretensào. Seguru:Jo um jornal carioca, a notícia provocou reação em Vila Kennedy - bairro de 20() mil habtlantes, na mna oeste do Rlo, onde a malooa dos moradores se revoltou, poís tem consciência de que pertence à classe pobre. Não é prec[oo ser economista para perceber este engodo. Basta uma conta ràpida, envolvendo custos de moradia {aluguel ou prestação de casa própria), água, luz, telefone, escola, transporte, remédios, vestuário, impostos, para que qualquer respoosável por uma fam11ía possa perceber a mentira desta conclusão,

O próprio responsàvel pela pesqulsa, o eoonomlsta Marcelo Nery, declarou: ·o limite que define as faixas de

cada classe conooroo qua é: arbi!rário, é: uma simplificação. Porém o tamanhu desta classe ou a forma

como ela ê definida ê o menos importante, o mais importante é que está havendo um cresdrr.enio dela",

Pergunto eu, romo advogada: Se os Jimi!es são a rbl!rários e, portanto, não revetam a reafldade, por que

foram estipulados valoces para a divisão das classes soei.ais e, mais, dhmfg!!dos? Será que quem definiu estas

novas hierarquias nunca le\l'antou os roslos dos Itens citados acima neste artigo? Tenho certeza que não, pois

qualquer dono:;, de casa das mais simples, como as da Vila Kennedy, sabe que classe média nunca será rom

RS 1 J}64 ,00 por más. O único muito fefíz rom este dado mascarado ê o governo, pois agora lera um forte

argumento pera se apoiar nas suas eternas pretensões eleitcreiras, afiãs, a imica oompetãncia verdadeira que

ele !em.

A) Qual é o argumento rebatido pelo contra-argumento apresentado no primeiro

parágrafo?

Page 49: Leitura e Produção de Textos

B) Sobre os argumentos utilizados no artigo, qual seria de autoridade e qual de

raciocínio lógico?

REDAÇÃO

O uso de tecnologia é paradoxal à vida saudãvel?

Ter qualidade de: vida, ronh-0 de quaJquer pesooa, pressupõe

hábitos saudáveis, cuidados rom o oorpo, qualidade dos

relack:mamenlos, harmonia entre vida pessoal e profissional, tsmpo para lazer, saúde espiritual. Mas tomar isso realidade não é fácil, pois as Interferências do m!.lndo modemo, vlmias de todo tipo de

temologia, chegam a agredir nosso rotídtano.

PROPOSTA

!! Qualidade de vida é mafs do que ter uma saúde física ou menl.aL É esta.r de bem rom você mesmo,

rom a vida, rorn as pessoas, É ter acesso ãquiio que a tecnologia

pode facilitar, raclooa!li:ando tempo e trabalho, detectando

precocemente doonças, ofemceooú novas formas de lawr, enfim

pmpícianoo melhor condição de vida.

Os textos de apoio tratam da relação entre t&cnologia e qualidade de vida, apresentando diferentes posiçôeS. Reflita sobre o assunto e produza um artigo de

opin!ào, defendendo Sêu ponto de vistl com argumentos pertinentes. Sua posição pode reladonar-se à do texto 1, à do li ou pode ser uma outra.

COESÃO E COERÊNCIA

Definição:

ATIVIDADES:

33

1) Um texto não é um conglomerado de ideias soltas. As frases articulam- se interna e externamente, formando uma espécie de teia de significados que compõem um todo articulado e significativo - a isso chamamos coesão. Sendo assim, assinale, dentre as alternativas abaixo, aquela que apresenta o elemento coesivo implícito mais adequado para relacionar os períodos a seguir:

Page 50: Leitura e Produção de Textos

34

"Foi então que leu sobre a relação entre lágrimas de mulher e a testosterona, o hormônio masculino. Foi uma verdadeira revelação." (Texto 1- 3º parágrafo)

a)Aquele

b) E::se

d)hso

e)Aquilo

2) Assinale a afirmativa que apresenta estruturação frasa! incompleta,

prejudicando o sentido.

a) O programa de incentivo à continuidade dos estudos, aprovado há cerca de

dois anos pela diretoria central, ainda não conseguiu sair do papel. r

b) O encarregado de controlar as entradas e saídas não percebeu que o

funcionário, ao sair do trabalho, na sexta-feira depois das cinco horas. r

c) A UFMT, por meio de seus projetos e equipamentos, reafirma seu

compromisso com a produção cultural e sua distribuição à comunidade. r

d) Num país onde existem tantos feriados, as pessoas poderiam, em razão de

uma vida saudável, sair para caminhadas nos parques e outras áreas verdes e

também apreciar a natureza.

3) A ambiguidade pode ser um recurso da linguagem, sendo assim, não constituirá erro. Explique o efeito que a ambiguidade causou no texto abaixo:

B( I

BURRO.

4) Construa uma nova versão do texto abaixo, utilizando em relação à palavra Vera, os mecanismos de coesão que julgar adequados.

"Desde cedo o rádio noticiava: um objeto voador não identificado estava provocando pânico entre os moradores de Valéria. A primeira reação de V era foi sair da cama e correr para o porto. Fazia seis meses que Vera andava trabalhando em Parintins. Vera levantava cedo todos os dias e passava a manhã inteira conversando

Page 51: Leitura e Produção de Textos

35

com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. V era estava em Parintins, tentando convencer os trabalhadores a mudar a técnica do plantio da várzea."

TEXTO

O Sexo e o Futebol (Luis Fernando Veríssimo)

No que se parecem o sexo e o futebol? No futebol, como no sexo, as pessoas suam ao mesmo tempo, avançam e recuam, quase sempre vão pelo meio, mas também caem para um lado ou para o outro, e às vezes há um deslocamento.

Nos dois é importantíssimo ter jogo de cintura.

No sexo, como no futebol, muitas vezes acontece um cotovelâço no olho sem querer, ou um desentendimento que acaba em expulsão.

Aí um vai para o chuveiro mais cedo. Dizem que a única diferença entre uma festa de amasso e a cobrança de um escanteio é que na grande área não tem música, porque o agarramento é o mesmo, e no escanteio também tem gente que fica quase sem roupa.

Também dizem que uma das diferenças entre o futebol e o sexo é a diferença entre a camiseta e a camisinha. Mas a camisinha, como a camiseta, também não distingue, ela tanto pode vestir um craque como um medíocre.

No sexo, como no futebol, você amacia no peito, bota no chão, cadencia, e tem que ter uma explicação pronta na saída para o caso de não dar certo.

No futebol, como no sexo, tem gente que se benze antes de entrar e sempre sai ofegante. No sexo, como no futebol, tem feijão com arroz, mas também tem o requintado: a firula e o lance de efeito. E, claro, o lençol.

No sexo também tem gente que vai direto no calcanhar. E tanto no sexo quanto no futebol o som que mais se ouve é aquele "uuuuuuu".

No fim, sexo e futebol só são diferentes, mesmo, em duas coisas.

No futebol, com a devida exceção ao goleiro, não se pode usar as mãos.

E o sexo, graças a Deus, não é organizado pela CBF.

Page 52: Leitura e Produção de Textos

,..__

36

RESUMO E RESENHA

TEXTO 1

Hábito de leitura cai no Brasil, revela pesquisa

Parcela de leitores passou de 55% para 50% da população entre 2007 e 2011. Até entre crianças e adolescentes, que leem por dever escolar, houve redução

Nathalia Goulart

O brasileiro está lendo menos. É isso que revela a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência. De acordo com o levantamento nacional, o número de brasileiros considerados leitores - aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa - caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões ( 50% ), em 2011.

A redução da leitura foi medida até entre crianças e adolescentes, que leem por dever escolar. Em 2011, crianças com idades entre 5 e 10 anos leram 5,4 livros, ante 6,9 registrados no levantamento de 2007. O mesmo ocorreu entre os pré-adolescentes de 11 a 13 anos (6,9 ante 8,5) e entre adolescente de 14 a 17 (5,9 ante 6,6 livros).

Para Marina Carvalho, supervisora da Fundação Educar DPaschoal, que trabalha com programas de incentivo à leitura, uma das razões para a queda no hábito de leitura entre o público infanto-juvenil é a falta de estímulos vindos da família. "Se em casa as crianças não encontram pais leitores, reforça-se a ideia de que ler é uma obrigação escolar. Se existe uma queda no número de leitores adultos, isso se reflete no público infantil", diz a especialista. "As crianças precisam estar expostas aos livros antes mesmo de aprender a ler. Assim, elas criam uma relação afetuosa com as publicações e encontram uma atividade que lhes dá prazer."

O levantamento reforça um traço já conhecido entre os brasileiros: o vínculo entre leitura e escolaridade. Entre os entrevistados que estudam, o percentual de leitores é três vezes superior ao de não leitores (48% vs. 16%). Já entre aqueles que não estão na escola, a parcela de não leitores é cerca de 50% superior ao de leitores: 84% vs. 52%.

Outro indicador revela a queda do apreço do brasileiro pela leitura como hobby. Em 2007, ler era a quarta atividade mais apreciada no tempo livre; quatro anos depois, o hábito caiu para sétimo lugar. Antes, 36% declaravam enxergar a leitura como forma de lazer, parcela reduzida a 28%.

À frente dos livros, apareceram na sondagem assistir à TV (85% em 2011 vs. 77% em 2007), escutar música ou rádio (52% vs. 54%), descansar (51 % vs. 50%), reunir-se com amigos e família (44% vs. 31%), assistir a vídeos/filmes em DVD (38% vs. 29%) e sair com amigos (34% vs. 33%). "No século XXI, o livro disputa o interesse dos cidadãos com uma série de entretenimentos que podem parecer mais sedutores. Ou despertamos o interesse pela leitura, ou perderemos a batalha", diz Christine Castilho Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, que há 13 anos promove ações de incentivo a leitura.

Um levantamento recente do Ecofuturo revelou a influência das bibliotecas sobre os potenciais leitores. De acordo com o levantamento, estudantes de escolas próximas a

Page 53: Leitura e Produção de Textos

37

bibliotecas comunitárias obtêm desempenho superior ao de alunos que frequentam regiões sem biblioteca. Nesses casos, o índice de aprovação chega a ser 156% superior, e a taxa de abandono cai até 46%. "Ainda temos uma desafio grande a ser enfrentado, já que grande parte das escolas da rede pública não contam com biblioteca." Uma lei aprovada em 2010 obriga todas as escolas a ter uma biblioteca até 2020. Na época, o movimento independente Todos Pela Educação estimou que, para cumprir com a exigência, o país teria de erguer 24 bibliotecas por dia.

A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil foi realizada entre 11 de junho e 3 de julho de 2011 e ouviu 5.012 pessoas, com idade superior a 5 anos de idade, em 315 municípios. A margem de erro é de 1,4 ponto percentual.

TEXT02

Redescobrindo a leitura

A excelente reportagem da revista Veja desta semana (edição 2217-18/5/2011) "Uma geração descobre o prazer de ler "nos informa que os jovens estão lendo cada vez mais obras literárias que vão além dos famosos best-sellers ou das séries de ficção, que lideram as vendas nas livrarias, como "Harry Potter", "Crepúsculo" e "Percy Jackson".Não querendo tirar o mérito literário dessas obras, uma vez que elas acabaram se tomando impulsionadoras de novas leituras para esses jovens,que adquiriram o prazer de ler e migraram para livros clássicos e mais complexos como "Orgulho e preconceito" de Jane Austen por exemplo. Ler é prazer e uma vez que se prova desse deleite, ele é mais e mais desejado como revela os jovens leitores que se iniciaram nessa aventura. O importante é não parar em determinado gênero,mas procurar conhecer outros, buscando sempre novas propostas de leitura. Sempre em minhas aulas de leitura na escola, procurei conquistar em meus alunos, o gosto pela leitura, deixando que eles mesmos escolhessem seus livros diante de uma oferta variada dos disponibilizados pela biblioteca. Nunca cobrei essa leitura em forma de provas ou fichamento didático, sabendo que essa era uma atividade obrigatória de cobrança em sala de aula e levaría-os a ter aversão à leitura. Marcávamos sempre um dia no mês para fazermos uma Roda de Leitura e aí cada um tinha um tempo determinado para expor oralmente para a classe suas descobertas de leitura, despertando interesse e curiosidade nos colegas pelo livro apresentado. No final do ano havia alunos lendo livros que exigiam uma competência leitora maior como "O mundo de Sofia", "O Alienista" e "Crônicas de Nármia". Voltando à matéria da revista Veja ,outro fator que ajudou que esses jovens leitores adquirissem maior interesse pela leitura foram as comunidades e perfis nas redes sociais,que lhes possibilitaram socializar na rede suas impressões sobre as leituras feitas e discutir o destino dos personagens. Segundo a reportagem, foi feito um estudo pela Universidade de Oxford que demonstra uma inequívoca relação entre leitura e sucesso profissional, uma vez que a leitura desenvolve o vocabulário, o domínio dos conceitos abstratos, ajuda a se expressar bem e enriquece o conhecimento. O mais interessante é que essa pesquisa foi centrada na leitura extracurricular, de fruição , prazer e não nas leituras obrigatórias, solicitadas nas diferentes disciplinas acadêmicas. Há uma boa dica de livro relacionada a esse tema no Caderno C do jornal Correio Popular de 17/05/2011 em Cultura e Variedades ,que é "O prazer de ler"(Casa da

Page 54: Leitura e Produção de Textos

38

Palavra, 80 págs,R$16,00) da jornalista carioca Heloísa Seixas.Esse livro tem por objetivo, segundo a autora, estimular o leitor a encarar obras literárias difíceis, como "Ulisses" de James Joyce, "Grande Sertão Veredas", de Guimarães Rosa, e "Os Sertões", de Euclides da Cunha.Ótima opção para quem quiser mergulhar nesse universo da leitura!

Page 55: Leitura e Produção de Textos

~

~'"'· ~ UNISUAM Pró-Reitoria de Operações e Registros Acadêmicos - Central de Atividades Complementares

Relatório de Atividades Complementares - RAC -

Informações Pessoais Matrícula Turno

- Nome do(a) Aluno( a):---------------------------------------- ~

.-~~

/'(""~,

........

,-.. ,

~

"""" ~,

.. ~

,-...

,,~

..... ,--.

,,....._

,-.

,/"'\

°'\

---~

,-,

,-..._

.:-,

,,._

1 ,=...,

"'· l ,......

,.-,

,.....,,

,,....,

,.-.. I ' -~--1---

~-e"'-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Turno Informações Pessoais

Nome do( a) Aluno(a): ----------------------------------------

___}__} __ _ Atividades Realizadas Assinatura do Funcionário Data do Recebimento

,-., .......... ______________________________________________________________________ ~-----------------------------i----