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Leonardo Souza Pereira
JORNALISMO e AGRONEGÓCIOS: A formação jornalística e o setor de agronegócios
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2008
Leonardo Souza Pereira
JORNALISMO e AGRONEGÓCIOS: A formação jornalística e o setor de agronegócios
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em
Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, à
Banca Examinadora do Centro Universitário Toledo, sob
orientação do professor doutor Paulo César Napoli.
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2008
FOLHA DE APROVAÇÃO
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Prof. Dr. Paulo César Napoli
_____________________________________
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Prof. Fernanda Fuga
_____________________________________
_
Eng. Agr. Marcelo Moimás
Araçatuba, 11 de novembro de 2008
AGRADECIMENTOS
Este é o fim de uma das primeiras batalhas da vida de um jovem sonhador,
que em busca de um sonho ultrapassou seus limites. Lutou, brigou e foi em busca daquilo que
julgou ser o certo para sua vida.
Para muitos chegar ao final desta empreitada pode ser mais fácil do que para
outros, para alguns as pedras e obstáculos são maiores e mais comprometedores, mas para os
ousados, para aqueles que acreditam em seus sonhos, não existe o impossível.
Nesses anos muitas pessoas passaram por minha vida, algumas poucas
realmente fizeram à diferença, e me ensinaram que era possível sonhar e continuar
caminhando. Aprendi muito nesses anos, aprendi que não podemos deixar de acreditar que é
possível.
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por ter me amparado em tantos
momentos e me dado forças para continuar caminhando, ao meu pai que com todas as
dificuldades pode me proporcionar o estudo, para que com o estudo pudesse ter um futuro
melhor. A minha mãe que sempre esteve ao meu lado me amando e apoiando em minhas
empreitadas, mesmo distante, cuidou e acreditou para que eu chegasse ao fim. A minha irmã,
que sempre torceu e me aconselhou a seguir em frente, estando sempre com seus braços
estendidos para o consolo, com sua paciência e amor longânime e ao meu irmão que foi por
muito tempo meu companheiro de brincadeiras, a vida passa, não?
Não poderia deixar de agradecer aos meus avós, Zelita e José, que mesmo
distantes sempre me apoiaram, acreditando em mim, me dando forças para seguir em frente,
acreditando em meu sucesso. A minha tia Zezé, que com sua visão de mundo me ensinou que
ouvir e estar próximos não quer dizer estar presente, mas sim estar ligado pelo coração.
Agradeço também ao meu orientador, Paulo Napoli, que acreditou em
minha capacidade e que além de acreditar foi um amigo me escutando em minhas dúvidas e
apreensões.
Aprendi que ouvir pode ser melhor que falar. Obrigado professora
Neusinha, que em momentos de desesperos estava ali para ouvir e aconselhar-me, com sua
voz suave e mansa.
Enfim, agradeço aos meus amigos, que me ensinaram que ser amigo, não é
concordar com tudo, mas sim apoiar e acreditar na verdadeira amizade. Tati Moterani, Laís
Saquetine, Flaviano, que me ajudou a chegar onde estou hoje, obrigado.
RESUMO
O presente trabalho procura verificar como jornalistas e veículos de comunicação,
em grande parte do interior, deixam muitas vezes a desejar, na cobertura do setor de
agronegócios, abordando o tema de forma superficial, simplista e não tratando o tema como
deveria ser tratado. Por isso, abordamos o surgimento da profissão, sua regulamentação e do
ensino de Jornalismo. Verificamos também a composição e as aprovações das grades
curriculares e suas mudanças, analisando a importância de matérias voltadas ao agronegócio
na formação profissional no jornalismo regional. Procuramos assim, comprovar, através de
depoimentos de empresários e alunos, a importância da pauta jornalística sobre agronegócios,
para o cenário regional midiático, verificando principalmente o fluxo de informação
produzido pelos profissionais da comunicação decorrente do setor.
Palavras chaves: Agronegócio, jornalismo e educação.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 07
I. A FORMAÇÃO ACADEMICA DO JORNALISMO........................................... 13
1.1 O surgimento do jornalismo e seu desenvolvimento no Brasil.................. 13
1.2 A regulamentação da profissão de jornalista e do ensino de Jornalismo:
contextos políticos e educacionais..............................................................
17
1.3 A aprovação da grade curricular e as mudanças curriculares.................... 28
1.4 O ensino jornalístico e o mercado de trabalho no século XXI................... 31
1.5 Globalização e regionalização: tendências do Jornalismo......................... 44
II. O SETOR AGROPECUÁRIO E O BOOM MERCADOLÓGICO DO SÉC.
XXI........................................................................................................................
51
2.1 O agronegócio no Brasil: surgimento e desenvolvimento econômico....... 52
2.2 Teorias de marketing aplicadas ao agronegócio........................................ 61
2.3 O mercado regional: adequação às novas tendências mundiais................. 72
2.4 O fluxo de informação no setor de agronegócios....................................... 80
2.5 Jornalismo e Agronegócio: entre a quantidade e a qualidade da
informação..................................................................................................
89
III. A FORMAÇÃO ACADÊMICA DE JORNALISMO E O AGRONEGÓCIO
EM ARAÇATUBA................................................................................................
99
3.1 Um panorama da educação jornalística em Araçatuba: quais as
expectativas dos alunos? ............................................................................
99
3.2 Um panorama do agronegócio em Araçatuba: quais as perspectivas do
setor?....... ...................................................................................................
107
3.3 Entre a formação jornalística e o agronegócio: a encruzilhada entre a
academia e o mercado.................................................................................
116
CONCLUSÃO.................................................................................................................. 121
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 123
ANEXOS.......................................................................................................................... 127
ANEXO A........................................................................................................................ 128
ANEXO B........................................................................................................................ 131
ANEXO C........................................................................................................................ 133
ANEXO D........................................................................................................................ 135
ANEXO E........................................................................................................................ 138
ANEXO F........................................................................................................................ 141
ANEXO G........................................................................................................................ 143
ANEXO H......................................................................................................................... 145
ANEXO I......................................................................................................................... 148
ANEXO J......................................................................................................................... 150
ANEXO K......................................................................................................................... 152
ANEXO L......................................................................................................................... 153
ANEXO M........................................................................................................................ 154
ANEXO N......................................................................................................................... 155
ANEXO O......................................................................................................................... 156
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INTRODUÇÃO
Pode-se dizer que a imprensa escrita, surge na cidade de Móguncia na
Alemanha, em aproximadamente 1397-1468, em meio a uma família com alto poder
aquisitivo, com Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutemberg, na invenção do processo de
impressão. Em 1428, Gutenberg parte para Estrasburgo onde procedeu às primeiras tentativas
de imprimir com caracteres móveis e onde deu a conhecer a sua idéia. E nesta cidade
provavelmente, em 1442, que teria realizado o seu primeiro exemplar impresso.
O conceito que conhecemos hoje surgiu no século 16, na Itália, quando
começaram a circular as folhas volantes, que anunciavam grandes eventos, enquanto na
Alemanha e na Holanda já havia publicações de periodicidade mais ou menos regular e na
Inglaterra, no início do século 17, surgiram folhas de notícias conhecidas como corantos.
Só nos séculos 18 e 19 a imprensa passou a ser considerado como um
veículo de expressão de opiniões e de idéias, quando intelectuais de renome, como por
exemplo, os jornalistas-escritores, pioneiros do jornalismo cultura, o irlandês Jonathan Swift,
autor de Viagens de Gulliver, e o britânico Daniel Defoe, autor de Robison Crusoé, trocaram
a prosa dos salões pela militância nas redações, passando a remunerar o trabalho escrito.
Já no Brasil, a imprensa chegou com a vinda de D. João VI, trazido de
Portugal pelas forças napoleônicas do General Junot. O material gráfico, que pertencia à
Secretaria dos Estrangeiros e da Guerra, foi colocado no porão do navio Medusa, pelo conde
da Barca e, posteriormente, instalado em sua casa. Depois de um ato real, a casa passou a
funcionar como Imprensa Régia, a única tipografia existente até então, e de lá saiu, a 10 de
setembro de 1808, o primeiro jornal editado no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro. O jornal,
que a principio saía duas vezes por semana, tinha quatro páginas. Depois de passar por várias
direções e denominações, sempre com caráter oficial, tornou-se, em 1º de janeiro de 1892, o
Diário Oficial, que se conhece até hoje.
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A profissão de jornalista foi regulamentada em 17 de outubro de 1969, com
o decreto-lei nº 972, que dispõe sobre o exercício da profissão, assinado em Brasília por
Augusto Hamann Rademarker Grünewald, Aurélio de Lyra Tavares, Márcio de Souza e Mello
e Jarbas G. Passarinho.
Mesmo com a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da
profissão, no início muitos que exerceram a atividade eram advogados, médicos, literários,
músicos, e diversos profissionais, por não existir mão-de-obra qualificada. Ainda hoje,
encontramos nas redações de tradicionais veículos de comunicação muitos profissionais, que
aprenderam na prática o exercício da atividade jornalística, sem a necessidade de atividades
acadêmicas para fazê-lo.
No decorrer dos anos e com o aprimoramento das atividades jornalísticas,
surge a necessidade de se contratar jornalistas especializados em diversas áreas do
conhecimento para atender públicos com diferentes interesses. Daí surgem revistas e
publicações especializadas voltadas ao publico feminino, publicações de direito, jornalismo
cultural, esportivo, policial, político, econômico, científico e daí por diante.
Uma outra especialidade do jornalismo que surge por volta dos anos 40 mas
que não recebe muita atenção dos jornalistas e órgãos de imprensa da época, é o jornalismo
especializado em agropecuária, hoje intitulado de jornalismo de agronegócios, agribussiness
ou agrobussiness.
O dicionário portugues Aurélio Baluarte de Holanda Ferreira, ainda não
traz uma tradução mais clara para o termo que é utilizado para as relações comerciais e
industriais envolvendo as cadeias produtivas agrícola e pecuaria, denominado por
Agronegócio.
Segundo o Wikipédia, agronegócio é o conjunto de negócios relacionados à
agricultura. Porém o agronegócio brasileiro enquadra todo tipo de atividades relacionadas
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com a produção rural, incluindo a produção de tratores e adubos, medicamentos veterinários
rações, toda a produção rural (desde a soja até o alface, do frango caipira ao boi nelore,
passando pelo eucalípto, cana-de-açucar, flores, hortaliças orgânicas até mesmo a produção
do quiabo) e engloba ainda a industrialização, como laticínios, texteis, pães, biscoitos,
sorvetes e a comercialização destes produtos. Desta forma, o agronegócio é um todo, uma
soma de grandes e pequenas atividades comerciais realizadas por um ou por grupos de
produtores rurais. Neste sentido o Brasil é um dos líderes mundiais na produção e
exportação de vários produtos agropecuários, sendo o primeiro produtor e exportador de café,
açúcar, álcool e sucos de frutas. Além disso, lidera o ranking das vendas externas de soja,
carne bovina, carne de frango, tabaco, couro e calçados de couro.
As projeções do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento indicam que o país
também será, em pouco tempo, o principal pólo mundial de produção de algodão e
biocombustíveis, feitos a partir de cana-de-açúcar e óleos vegetais. Milho, arroz, frutas
frescas, cacau, castanhas, nozes, além de suínos e pescados, são destaque no agronegócio
brasileiro, que emprega 17,7 milhões de trabalhadores somente no campo, dados do IBGE de
2005.
Ainda de acordo com o Wikipédia costuma-se dividir o agronegócio em três
partes. A de negócios agropecuários propriamente ditos (ou de "dentro da porteira") que
representam os produtores rurais sejam eles pequenos médios ou grandes produtores,
constituídos na forma de pessoas físicas (fazendeiros ou camponeses) ou de pessoas jurídicas
(empresas).
Em segundo lugar, os negócios à montante (ou "da pré-porteira") aos da
agropecuária, representados pelas indústrias e comércios que fornecem insumos para os
negócios agropecuários. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos,
maquinário de diversos portes (tratores, colheitadeiras, dentre outros), etc.
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E, em terceiro lugar, estão os negócios à jusante dos negócios
agropecuários. São os negócios "pós-porteira", aqueles negócios que compram os produtos
agropecuários, os beneficiam, os transportam e os vendem para os consumidores finais. Por
exemplo, os frigoríficos, as fábricas de fiação, tecelagem e de roupas, os curtumes e as
fábricas de calçados, os supermercados e varejistas de alimentos etc.
Devido à grande extensão de área cultivável necessária para obter os ganhos
de escala, e a conseqüente competitividade, o agronegócio acaba influenciando diretamente na
economia agrícola de uma grande região, ao redor de seus pólos produtores, elevando à
monocultura, substituindo as culturas agrícolas locais e expulsando boa parte dos pequenos
produtores do campo. Essa relação conflituosa gera uma série de análises, e um constante
fluxo de informações capazes de absorver os efeitos dessa tendência mundial.
Nosso trabalho: Jornalismo x Agronegócios, procura desmistificar como o
profissional que realiza a cobertura midiática dos assuntos relacionados ao agronegócio é
visto pelo setor em questão e pela categoria a qual eles pertencem.
Por isso, decidimos analisar como se dá tal cobertura desse fenômeno
econômico, quem são os profissionais que as realizam e qual sua formação profissional na
região Noroeste do Estado de São Paulo, mais especificamente na cidade de Araçatuba,
considerada por muitos anos como a “Capital do Boi Gordo”. Tendo como parâmetro que não
estamos nós referindo ao jornalismo econômico, tendo em vista, que são assuntos
direcionados, com públicos específicos, tratando não somente de questões valorativas, bem
como, temas técnicos da área. O trabalho de conclusão de curso procura verificar a
qualificação e a capacitação profissional dos jornalistas que realizam a cobertura em
agronegócios.
Por isso, o primeiro capítulo A formação acadêmica em Jornalismo, abordar
o surgimento da profissão, sua regulamentação e do ensino de Jornalismo. Verifica também a
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composição e as aprovações das grades curriculares e suas mudanças, analisando a
importância de matérias voltadas ao agronegócio na formação profissional de jornalismo.
Finalizando com o mercado de trabalho no século XXI e sua globalização e regionalização,
percebendo suas criações e tendências exigidas pelo mercado e consumidores.
No capítulo II, O setor agropecuário e o boom mercadológico do séc.
XXI, trataremos o surgimento do agronegócio no Brasil, seu desenvolvimento, assim como
suas teorias de marketing aplicadas na agropecuária, além de analisar o mercado regional, se
adequando às novas tendências mundiais. Verificando principalmente o fluxo de informação
decorrente do setor produzido pelos profissionais da comunicação, analisando entre a
quantidade e a qualidade de informações produzida por estes.
A formação acadêmica de jornalismo e o agronegócio em Araçatuba, é o
tema do terceiro capítulo, onde será apresentado um panorama da educação jornalística em
Araçatuba, visualizando as expectativas dos alunos de comunicação social para o setor em
questão, além de um panorama do agronegócio na região, as principais atividades
desenvolvidas, além de verificar sua importância para o desenvolvimento econômico
municipal e quais as perspectivas do setor. Finalizando com um levantamento para analise de
como vem sendo abordado o setor de agronegócios.
O trabalho se encerra com as Considerações Finais, onde abordaremos a
necessidade de melhores profissionais para realizarem a cobertura midiática a cerca do tema
de agronegócios, exigindo matérias especificas em academias para prepararem os alunos da
região noroeste paulista onde se concentram diversas atividades e empresas voltadas ao
agronegócios, aumentando as chances desses profissionais a ingressarem no mercado de
trabalho existente na região.
Assim esperamos contribuir de forma modesta para a melhoria na formação
acadêmica dos futuros jornalistas e das instituições de ensino situadas no interior paulista,
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demonstrando as reais demandas de profissionais preparados para o mercado de trabalho,
sejam em jornalismo esportivo, cultural, bem como em agronegócios. Analisando a realidade
local e regional para a composição e aprovação das grades curriculares dos cursos em questão.
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I. A FORMAÇÃO ACADÊMICA EM JORNALISMO
A importância da imprensa não é medida por seu número de tiragem, mas
sim por suas funções sociais como: informar, formar opiniões, além de instruir e distrair. O
jornalismo exige de seus profissionais dar conhecimento, além de informar os fatos ocorridos
ou mesmo aquilo que está por ocorrer. Isso exige dos trabalhadores rapidez na entrega da
informação, caso contrário se torna velho, mas em matérias especializadas sua apuração se faz
mais lenta, pois depende de especialistas para construção da informação. Bohere (1994, p.
123) afirma que [..] quem faz da informação uma profissão informa-se a si mesmo de uma
maneira permanente".
No decorrer deste capitulo alguns exemplos mundiais serão citados como a
formação profissional de jornalista na Republica Federal da Alemanha onde cerca de 90% dos
profissionais dos veículos impressos adquirem sua formação através de estágio voluntário
com duração de 2 anos, exercendo a prática do lado acadêmico, isso é resguardado entre
acordo do sindicato dos jornalistas do país é os órgãos de imprensa desde 1946. Cabe
ressaltar, que para a prática desse estágio não é obrigatório estar cursando o ensino superior,
porém são incentivados a fazê-lo.
De acordo com Bohère (1994) o jornalismo é uma profissão em expansão,
com novos profissionais disponíveis no mercado de trabalho a cada ano, isso é um resultado
do aumento dos veículos de comunicação, de acordo com ele no Brasil em 1977 eram 1.215
jornais de informação geral.
1.1 O surgimento do jornalismo e seu desenvolvimento no Brasil
Desde os primórdios os homens manifestavam suas curiosidades pela
escrita, realizando nas paredes das cavernas através de símbolos sua forma mais antiga de
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escrita. Desde então, deixa claro sua vontade e necessidade de registrar a história e
desenvolver seus mecanismos de comunicação coletiva.
Durante milhares de anos esses homens buscaram o aperfeiçoamento de sua
forma de escrever, comunicar e divulgar suas idéias e pensamentos. Chegando a descoberta de
linguagens universais e sistemas evoluídos de impressão, que possibilitaram a reprodução em
massa de diferentes formas de culturas, através da impressão de livros.
Entre os anos de 1397-1468, no século XV, em Móguncia na Alemanha,
Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutemberg aprimora o processo de impressão, já
conhecido pelos chineses desde o século II e na Europa desde o século XIII. Os fundidores
europeus já possuíam desde 1260 licenças para fabricarem letras isoladas utilizadas para a
impressão.
Em 1428, Gutenberg parte para Estrasburgo onde procedeu às primeiras
tentativas de imprimir com caracteres móveis e onde deu a conhecer a sua idéia. É nesta
cidade, provavelmente em 1442, que ele entra para história com a imprensa manuscrita, é
onde também teria feito o seu primeiro exemplar impresso, a Bíblia Sagrada em 42 linhas.
Com essa invenção o ato de comunicar e transmitir informações, passou a ganhar novas
proporções se tornando mais ágil e barato.
Pode-se dizer que a imprensa escrita, com o conceito que conhecemos hoje
surgiu no século 16, na Itália, quando começaram a circular as folhas volantes, que
anunciavam grandes eventos, enquanto na Alemanha e na Holanda já havia publicações de
periodicidade mais ou menos regular e na Inglaterra, no início do século 17, surgiram folhas
de notícias conhecidas como corantos.
De acordo com Ricardo Alexino Ferreira, em seu estudo Jornalismo
especializado – jornalismo científico: Análise crítica, estudo de casos e a construção de novos
paradigmas e de um novo currículo disciplinar, pode-se fazer o seguinte cronologicamente:
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em 1583, surge, na Alemanha, o primeiro jornal (era semestral); no início do século XVII,
começam a aparecer os jornais semanais; em 1702, é criado o primeiro jornal diário (Daily
Courant), consolidado quatro tipos de impressos: jornal político, jornal mercantil, jornal de
anúncios e revista e magazine (Gentleman’s Magazine, surgida em 1731) em 1777, surge o
primeiro jornal diário francês (Journal de Paris).
Só nos séculos 18 e 19 a imprensa passou a ser um veículo de expressão de
opiniões e de idéias, quando intelectuais de renome, como, por exemplo, Swift e Defoe,
trocaram a prosa dos salões pela militância nas redações, que passaram então a remunerar o
trabalho escrito.
Mas bem antes disto, na casa de Júlio César, imperador romano, tiveram as
Acta Diurma Romani, talvez o primeiro jornal existente, onde eram publicados os
acontecimentos importantes, registrados em uma tábua branca e afixado na parede de sua
residência. As Actas possuíam traços semelhantes aos atuais, que podem ser denominados
como um jornal, onde se encontravam assuntos de interesse público e novidades.
A partir desse momento e com a evolução dos tempos o homem começou a
sentir necessidade de estar informado, sempre exigindo mais informações. Desta forma a
imprensa passa a integrar as necessidades básicas dos seres humanos, a partir dessa
necessidade de ter acesso às notícias e informações; de saber o que esta acontecendo ao seu
redor.
O jornalismo surge então com a necessidade do ser humano de transmitir
informações, suas tradições, moral e suas idéias. A atividade jornalística também teve
fundamental importância no registro e documentação da história.
A informação sempre despertou nos homens a curiosidade, por isso mesmo
nas sociedades com menores taxas de desenvolvimento, teve seu espaço. A palavra jornalismo
esta diretamente ligada ao aparecimento, apuração, interpretação e divulgação de fatos e
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acontecimentos, sendo estes de interesse da comunidade em geral.
Por sua característica de registrar os fatos ocorridos no decorrer dos séculos,
a atividade jornalística foi muitas vezes confundida com a atividade dos historiadores. A
prática jornalística surge com pessoas intelectuais e bem informadas da época que
transmitiam seus conhecimentos, respondiam à perguntas de curiosos através de remuneração,
sendo esses os mais antigos informadores profissionais.
Somente após três séculos da criação da imprensa manuscrita, inovação de
Gutemberg, que chega ao Brasil tal novidade, porém o país já conhecia a arte gráfica por
intermédio de Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, que fazia circular o
Correio Brasiliense, impresso em Londres.
De acordo com Ferreira (2002), o jornal na América Latina, vai ter espaço
somente no século XVIII, podendo citar Gaceta de México (1722), Gaceta de Lima (1743) e
Gaceta de Goathemala (1729).
[...] assim, como no restante do mundo, o aparecimento da imprensa no Brasil está
vinculado ao Renascimento (marcados pelo capital comercial e ascensão da
burguesia na Europa). Porém, a aventura da instalação da imprensa no Brasil, só vai
ocorrer no século XVIII. (MARQUES DE MELO apud FERREIRA, p. 15)
Na Roma antiga o jornalismo era através das últimas notícias nos jornais
murais, isso representava um avanço, comparado a manifestação oral, sendo o principal meio
de comunicação da época.
No Brasil o Correio Brasiliense, considerado um dos primeiros trabalhos
jornalísticos genuinamente nacionais, composto de 72 a 144 páginas, continha em seu
conteúdo notícias sobre literatura, política, artes e cinema. Hipólito tinha interesse mesmo era
em discutir aquilo que afetava o Brasil, Portugal e Inglaterra, com altas críticas à
administração brasileira.
A arte da impressão foi mais difundida com a chegada de D. João VI,
17
trazido de Portugal pelas forças napoleônicas do general Junot. O material gráfico, que
pertencia à Secretaria dos Estrangeiros e da Guerra, foi colocada no porão do navio Medusa,
pelo conde da Barca e, posteriormente, instalado em sua casa. Depois de um ato real, a casa
passou a funcionar como Imprensa Régia, a única tipografia existente no país até então, e de
lá saiu, a 10 de setembro de 1808, o primeiro jornal editado no Brasil, a Gazeta do Rio de
Janeiro. O jornal, que a principio saía duas vezes por semana, tinha quatro páginas. Depois de
passar por várias direções e denominações, sempre com caráter oficial, tornou-se, em 1º de
janeiro de 1892, o Diário Oficial, que se conhece até hoje.
A Gazeta tinha em seu conteúdo informações sobre atos oficias, notícias
internacionais e da família real portuguesa. Como jornal oficial da corte, era proibido falar
contra a religião, aos bons costumes e ao governo, transmitindo aos seus leitores um país sem
problemas administrativos, sem conflitos, predominado pela paz e satisfação de seus
habitantes.
Visão adversa apresentada por Hipólito José da Costa, que discordava,
fazendo circular seu Correio, sendo um concorrente direto da folha oficial. O mesmo recebe o
título de criador e fundador do jornalismo brasileiro.
O Brasil até então não conhecia a liberdade de imprensa tendo que submeter
a prévia censura do governo toda publicação. Somente com o decreto regencial de 18 de
junho de 1822, é que mudanças ocorrem, onde impunham restrições à liberdade de
propaganda do pensamento, exigindo a organização e formação imediata de um júri formado
por cidadãos os quais passariam a analisar o material.
1.2 A regularização da profissão de jornalista e do ensino de Jornalismo:
contextos políticos e educacionais
O jornalismo passou a integrar às necessidades humanas, e o hábito de
18
informar e comunicar tornou-se habitual, ampliando o desejo do homem na liberdade de
comunicação de seus pensamentos e idéias.
Somente no início do século XX que a sociedade reconheceu o jornalismo
como um veículo de comunicação voltado aos interesses coletivos e não aos interesses
pessoais. A imprensa foi fundamental no processo da abolição da escravatura, contribuindo
com sua função de informar e registrar os acontecimentos, além de transmitir catástrofes
mundiais, até mesmo de contribuir em processos políticos como o impeachment de Fernando
Collor de Melo em 1992.
No decorrer dos anos, o jornalismo passou por várias transformações, desde
o aperfeiçoamento profissional, criação de novas leis e regras para categoria, entendimento de
sua função social, profissionalização dos jornalistas, criação de novas tendências e
tecnologias, divulgação e exibição das informações e diversificação nos processos de
impressão dos jornais e informativos, uma evolução na busca de inovações é principalmente,
da dependência do homem em estar informado.
Apesar de sua importância social para a história mundial, os profissionais
que desempenhavam a função de jornalistas passaram por processos de censura, problemas
com a regularização de sua profissão até o reconhecimento social, sendo uma profissão que
era desenvolvida como secundária em regiões interioranas do país, sendo muitas das vezes
mal remuneradas.
O jornalismo brasileiro surge em 1808, onde os pioneiros utilizavam de
poesias, sátiras e literatura para realizaram críticas, expressões de suas idéias e pensamentos,
além de realizarem denúncias contra as corrupções da época.
A primeira tentativa de conquistar a liberdade de imprensa brasileira deu-se
em 1817, em Pernambuco. Após cinco anos, em 1822, é emitido o primeiro diploma legal
para a imprensa no Brasil.
19
A partir do século XVIII , devido as idéias do Iluminismo, Portugal proibiu
a criação de universidades em sua colônia, desta forma impediria que os estudos
universitários fossem motivos para movimentos a favor da independência.
Dando um pulo na história, dois anos após a instalação do Governo
Provisório, que durou de 1930 à 1937, época em que o Brasil foi dirigido por Getúlio Vargas,
o presidente exigiu que fosse concedido aos profissionais de jornalismo carteira de trabalho,
documento até então desconhecido pela categoria e por milhares de brasileiros, é logo em
1933 é reiterada as garantias profissionais onde passou a responsabilidade e direito ao
sindicato de fiscalizar com a colaboração de órgãos do Departamento Nacional do Trabalho.
Vargas passa então a tratar os sindicatos como repartições públicas para
controlar o país e suas revoltas. Criando somente em 1930 o Ministério do Trabalho e
Emprego, para defesa dos interesses dos trabalhadores, proposta que defendeu em sua
campanha eleitoral.
Esse foi o primeiro passo para o reconhecimento da profissão tão antiga
como o jornalismo, uma possibilidade de expandir sua atuação é o reconhecimento dos
demais membros da sociedade.
Em 1946, Vargas publica a Carta Democrática onde reconhece a profissão
de jornalismo como profissionais liberais, não existindo um vínculo empregatício com uma
empresa, levando em conta, o baixo desenvolvimento dos veículos jornalísticos, que vivia um
período de pós-revolução é expansão industrial.
Os salários oferecidos aos jornalistas sofriam grandes disparidades entre os
altos salários oferecidos nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, e dos
pagos aos profissionais do interior, sendo compreendida como uma atividade profissional
alternativa, sem muito valor e reconhecimento social.
Até 1920, o Brasil não tinham faculdades, não existindo nenhum curso de
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ensino superior disponível aos nativos e imigrantes que aqui habitavam, vindo de diversas
partes do continente. A grande difusão do jornalismo como ensino superior surge nos Estados
Unidos da América, com a criação de uma faculdade em 1869 com Edward Lee e mais tarde
com Pulitzer.
Somente com o desenvolvimento e progresso da imprensa brasileira em
1943, com o decreto nº 5.380 de 13 de maio, que foi autorizado à criação de um curso de
ensino superior de jornalismo, porém este seria subordinado à Faculdade Nacional de
Filosofia. Devido a falta de normas e regras para a organização do curso, tiveram que aguarda
mais três anos para entrar em vigor o diploma. Então, somente no fim de 1946 que começa
vigorar a escola, em virtude do decreto nº 22.245 de 06 de dezembro. Com o ano em término,
somente foi possível o funcionamento da escola em maio de 1947, que dá início as atividades
em São Paulo, da pioneira, Escola de Jornalismo Cásper Líbero.
O ensino direto do jornalismo como tal, na universidade, é um fenômeno
relativamente recente. Além disso, a concepção varia de um país a outro e, inclusive,
de uma universidade a outra. (BOHÈRE, 1994, p. 38)
Os alunos de graduação da Cásper Líbero teriam durante seus três anos de
curso aulas voltadas as matérias de português, inglês, francês, psicologia, moral, literatura,
desenho, história das artes, higiene, medicina legal, enciclopédia do direito, economia
política, finanças, história parlamentar e história do jornalismo. Mas para entrarem no curso
os alunos teriam que passar por uma preparação do vestibular, onde só entrariam quem
conseguisse bons resultados e aplicação nas matérias de português, francês, inglês, aritmética,
álgebra, geometria, geografia, história da América e do Brasil, história natural, física,
química, estenografia, escrituração mercantil e datilografia.
[...] a preocupação com a formação sistemática dos jornalistas apareça no início do
século, quando se intensifica o movimento pela organização profissional da
categoria, e se robusteça na década de 30, com a legitimação política da Associação
Brasileira de Imprensa, na verdade as primeiras experiências destinam a preparar
pessoal para as atividade noticiosas em instituições universitárias só ocorreram no
final da década de 40, com o funcionamento dos cursos de jornalismo mantidos pela
21
Fundação Cásper Libero, em São Paulo, e pela então Universidade do Brasil, no Rio
de Janeiro. (MARQUES DE MELO, 1985, p. 60)
Após dez anos de existência, em 1957, as escolas de jornalismo, ainda
lutavam por sua liberdade de tutela das faculdades de filosofia. Diferente realidade era dos
norte-americanos, que desde 1912 possuíam instituições independentes, como é o caso da
Graduate School of Jornalism.
[...] a estrutura curricular dos cursos de jornalismo durante toda a década de 50 e
meados de 60, constata-se a permanência da corrente deontológica e jurídico-social
nos seus programas de ensino. (MARQUES DE MELO, 1985, p. 60)
[...] os professores que treinaram as primeiras gerações de jornalistas de nível
universitário eram quase exclusivamente bacharéis oriundos das Faculdades de
Direito. Donde a natural inclinação para os temas, as questões e as variáveis de
ordem ético-social. (Idem, p.61)
A profissão de jornalista foi regulamenta em 1969, pelo Decreto-Lei nº 972
de 17 de outubro, onde dispõe sobre as atribuições ao profissional de jornalismo, atividades a
serem desenvolvidas, reconhecimento e regularização das empresas jornalística, remuneração,
carga horária e fiscalização. No artigo 4 ressalta que o exercício da profissão de jornalista
requer prévio registro no Ministério do Trabalho e Previdência Social, que será emitido
somente com a apresentação do diploma de curso superior de Jornalismo, oficial ou
reconhecido, registrado no Ministério da Educação e Cultura ou em instituição por ele
credenciado. É só será concedido registro especial para pessoas que forem colaboradores, isso
é entendido como pessoas que mediante remuneração e sem relação de emprego produz
trabalho de natureza técnica, científica ou cultural, relacionado com a sua especialização, para
ser divulgado com nome e qualificação do autor, permitindo que os profissionais que já
exerciam suas funções em empresas jornalísticas pudessem continuar seus afazeres.
Em outubro de 2001 a juíza federal Carla Abrantkoski Rister concedeu
liminar a uma ação civil pública, na qual desobrigação qualquer cidadão da obrigatoriedade
22
do diploma de ensino superior para obtenção do registro profissional de jornalista junto ao
Ministério do Trabalho, nesta ação a juíza colocou abaixo toda regulamentação que existia
sob a profissão da classe em questão, lançando fora todas as lutas é dificuldades enfrentadas
pelos pioneiros. Causando polêmicas em todos os setores, entre alunos, sindicatos e empresas
jornalísticas, gerando um desequilíbrio e instabilidade no mercado de trabalho midiático.
Mas está pode ser apenas mais uma das tentativas de derrubar a
regulamentação da profissão tendo visto que em outras épocas da história, situações
semelhantes já ocorreram sendo aliados governo e empresas jornalísticas, alegando que os
profissionais que exerciam suas atividade no período não estavam aptos a desempenharem o
papel de jornalistas.
[...] tais cursos são deficientes, possuem precária infra-estrutura e não atingiram
maturidade acadêmica, os jornalistas que formam não correspondem às expectativas
das empresas que os vão assalariar.
Em meados de 1981, os principais jornais do país orquestraram uma campanha
contra os cursos de jornalismo e, por tabela, contra a regulamentação da profissão.
Enquanto isso, o Conselho Federal de Educação ensaia medidas no sentido de
desativá-los. Eclode um forte movimento de resistência, liderado pelas associações
de pesquisadores da comunicação, pelas entidades estudantis vinculadas àquelas
escolas, apoiadas firmemente pelos sindicatos de jornalistas e respaldadas por
inúmeras organizações políticas e culturais de todo o país. (MARQUES DE MELO,
1985, p. 67)
A obrigatoriedade do diploma de nível superior, não trata-se de questões da
vaidade humana, mas sim por questões da qualidade na formação profissional, bem como a
qualidade na informação construída por esses profissionais e seus veículos. Sabemos que não
é a academia quem faz um profissional, porém ela tem contribuições imensuráveis e
incontestáveis que contribui para o aperfeiçoamento do jornalista, com abordagem de
matérias teóricas e praticas. Sem contar que a profissão é regida por um código de ética, que
faz-se conhecer ainda nas faculdades que devem ser seguidos e respeitados, os cidadãos que
obtém o diploma sem uma formação não tem a obrigatoriedade de conhecer as leis vigentes,
muito menos técnicas para a realização de uma boa cobertura jornalística, realizando um
trabalho falho e incompleto. As academias exercem seu papel de criar nos futuros
23
profissionais uma mentalidade crítica e contestadora, despertando o interesse para as análises
dos padrões sociais, sem esta experiência muitos se tornam acríticos, meros reprodutores e
marionetes dos próprios veículos de comunicação.
O jornalismo é uma profissão universal, sendo reconhecida nos quatro
cantos do globo terrestre, em muitos deles existem medidas protecionistas aos jornalistas, com
a obrigatoriedade do diploma, e naqueles que ainda não existem nenhum legislação
específica, os diplomados levam vantagens aos disputarem vagas no mercado de trabalho.
Nos Estados Unidos, por exemplo, não há exigência legal do diploma, porém a maioria dos
profissionais no mercado de trabalho dispõem da regularidade. O país conta com 400
faculdades e universidade que oferecem o curso, onde 120 oportunizam também pós-
graduação e 32 doutorados. Reafirmando a necessidade da capacitação e dedicação dos
profissionais.
É impossível pensar o exercício de uma profissão sem a específica
formação, o mesmo ocorre com profissões renomadas como a medicina e a odontologia, é
inviável pensar que o poder judiciário dê o direito a qualquer cidadão da pratica de sua
profissão é atividade sem antes passar alguns anos pelos estudos e aprimoramento do
conhecimento. O mesmo ocorre com a profissão de jornalismo que tem que aprimorar suas
técnicas, garantindo o direito de ter acesso à informação de qualidade com ética e democracia.
Historicamente o direito de comunicação corresponde ao passaporte da cidadania, ao
instrumento que viabiliza a integração de cada indivíduo à sua comunidade.
Trata-se inegavelmente de um direito de todos – saber e transmitir, ouvir e falar,
conhecer e reproduzir. (MARQUES DE MELO, 1985, p. 11)
Como poderia o “quarto poder”, ao lado do Executivo, Legislativo e
Judiciário, concordar com tal medida que coloca em risco sua credibilidade. Uma só
informação editada de forma errônea, desvirtuando os fatos e com manipulação da verdade
podem destruir reputações e carreiras profissionais, cabendo aos jornalistas profissionais o
compromisso com a verdade é com a responsabilidade social.
24
Em outrora a imprensa passou por censura, não sendo permitido a
divulgação de notícias sem antes a prévia censura do governo, tal ato coloca nitidamente a
falta de preocupação com as informações divulgadas e a veracidade das mesmas.
O papel do jornalista ao abordar um assunto ele deve colhes os dados
fundamentes, mas somente isso não é suficiente, é necessário que ele interprete as
informações para que possa ser capaz de explicar sua trajetória, projeção, realizando um
trabalho de cientista do jornalismo.
Esta pode ser uma guerra traçada entre as empresas jornalísticas que buscam
mão-de-obra barata contra as instituições de ensino, porém não devemos nos ater a essas
questões, é sim com a qualidade de profissionais estão sendo responsáveis pela formação de
opinião de uma nação além de ser um educador.
Segundo José Marques de Melo, a comunicação social é sobretudo quem faz
a mediação entre os processos sociais coletivos, converteu-se no espaço privilegiado da
política. Em decorrência das dificuldades da pratica jornalística com liberdade, emerge uma
nova corrente jornalística voltada para a técnica jornalística, com a melhoria dos padrões
editorias, com a modernização dos processos de captação, codificação e difusão da mensagem
noticiosa.
Ainda diante dos processos de melhoria no setor educacional dos futuros
jornalísticos algumas batalhas foram traçadas, e de fundamental importância na qualidade
profissional do acadêmico, que foram as instalações de laboratórios nos centro acadêmicos
que puderam inovar os sistemas educacionais casando a teoria com a prática, rompendo com
os sistemas até então algemados com os velhos padrões filosóficos e de letras, do surgiu as
escolas jornalísticas, que seguiam os velhos rituais de quadro negro, giz, saliva e carteiras.
[...] mas durante muito tempo nós permanecemos no Brasil – os cursos de
jornalismo já têm mais de trinta anos – mantendo cursos de natureza discursiva. E
alguns ainda continuam assim. Quem entrava em qualquer escola de jornalismo
deste país, por exemplo na década de 60, constatava que não tinham laboratórios,
25
que não tinham atividade práticas, não tinham experimentação. É que nós ficamos
prisioneiros, durante um bom período, da velha estrutura das faculdade de Filosofia;
[...] Mas não para os cursos de jornalismo, para os cursos de comunicação. [...]
(Jornalismo, Publicidade, Relações Pùblicas, Cinema) [...] No Brasil, quando esses
cursos foram criados – eles foram lotados, é o termo burocrático – nas faculdades de
Filosofia. E evidentemente o modelo que nos impuseram foi o modelo do ensino de
Letras, do ensino da Filosofia, do ensino da História; um ensino discursivo, voltado,
(MARQUES DE MELO, 1985. p. 118)
Porém essas mudanças não agradavam nem todas as instituições de ensino,
que exigiam investimentos e mudanças estruturais para que atendesse as novas exigências,
para as melhorias dos cursos de jornalismo, uma vez que fora frustrada as tentativas de fechar
as escolas de jornalismo pelo Conselho Federal de Educação. De acordo com Marques de
Melo, muitas das instituições faculdade lucrativas não queriam oferecer um ensino de
qualidade, queriam simplesmente ganhar dinheiro.
Mas ainda segundo ele, as instituições de ensino superior não podem ser
totalmente tecnicizante, nem mesmo excessivamente praticizante, deve haver uma medida
exata para ambas as técnicas de educação. Neste ponto retomamos o questionamento da
obrigatoriedade de cursar uma escola de ensino superior para a entrada desse profissional no
mercado de trabalho, sendo a faculdade um ambiente para a prática de atividades
profissionalizantes. A introdução de laboratórios está a serviço das teorias, para que o aluno
possa praticar seus conhecimentos e muitas vezes negar as teorias, vivenciando um novo
conhecimento.
[...] um dos males do ensino de jornalismo no Brasil: aquele de introduzir uma
preocupação excessivamente tecnicizante, excessivamente praticizante, como se
pudéssemos ter a prática sem a teoria. E muitas vezes nós temos escolas, temos
disciplinas, que caem nessa prática, porque o aluno é induzido a fazer matérias,
notícias, reportagem, comentário e editorial, sem que se lhe dê um embasamento
teórico para que ele possa exercitar o texto jornalístico, para que ele possa
compreender por que é feito um determinado texto. Ele é levado a reproduzir o
modelo, muitas vezes empostado, que nada tem a ver com nosso idioma, com a
nossa cultura. (MARQUES DE MELO, 1985. p. 120)
Com a modernização dos processos educativos das escolas superior de
jornalismo, traz consigo uma melhor capacitação dos futuros jornalistas em seu âmbito
26
acadêmico, ensaiando um sistema empresarial ou governamental no qual ele irá atuar
posteriormente, aumentando suas chances de colocação no mercado de trabalho.
As exigências para entrar no mercado de trabalho vêm sendo mais rígidas
com o passar dos anos, seja pela legislação vigente em seus países ou por convenções
coletivas de trabalho como é o caso da Europa e vários outros, onde não é exigido o ensino
superior para adentrar em uma empresa jornalística. Em alguns países como o Brasil, o
sistema que rege sua organização na categoria de jornalista, semelhantemente é o caso da
Argentina, do código de trabalho francês, lei na Índia, o decreto de 1974 em Madagascar, a lei
no Paquistão, o decreto de 1966 na Suíça.
Em outras localidades os profissionais da imprensa gozam de regime
especial, por exemplo:
- um decreto de Camarões, de 1975, relativo à situação particular do corpo de
funcionários da informação (cineastas, jornalistas, secretárias e empregados de
imprensa), trata da seleção e carreira desses funcionários.
- no Gongo essas questões são objetos de um decreto de 1975 que baixa o estatuto
geral dos quadros dos serviços de informação.
- em Gâmbia os jornalistas funcionários se regem pelo estatuto da função pública.
- no Iraque, as condições de emprego no setor chamado “socialista” (por oposição ao
setor privado), se determinam por meio de estatutos e regulamentos específicos.
(BOHÈRE, 1994, p. 17-18)
A palavra jornalista era empregada no passado as pessoas que apenas
colaboraram em jornais, revistas e publicações ocasionalmente, e não simplesmente aos
profissionais que tinham a atividade como principal fonte de renda.
O objetivo de criar um registro ou mesmo regulamentar a profissional
proporcionam vantagens a classe tendo em vista que asseguram e resguardam que somente
pessoas com o conhecimento específico possam atuar na área, além de elevar as normas no
interesse do público consumidor, estabelecer condutas disciplinares dos trabalhadores e ética,
além de proteger o empregado, e fundamentalmente garantir a liberdade de imprensa.
Há, portanto, uma concentração do interesse dos alunos e professores dos cursos de
jornalismo nos aspectos técnico-editoriais da atividade de comunicação noticiosa,
27
visando inegavelmente à melhoria da qualificação dos novos profissionais formados
pela universidade para a ocupação do espaço conquistado no mercado de trabalho.
(MARQUES DE MELO, 1985, p. 63)
No Reino Unido, quando apresentado a proposta para a implantação do
registro profissional, não foi de agrado dos legisladores, argumentando ser inviável ao país,
mas vale ressaltar que as garantias e seguranças com a medida é mais vantajosa aos
profissionais, principalmente garantindo a qualidade das produções divulgados pela mídia. É
evidente que apenas a graduação e a qualidade técnica não são garantias da qualidade
profissional, sendo que muitos da geração antiga do jornalismo não passaram pelas escolas
superiores, mas o tempo de carreira incumbiu-se de formar bons profissionais. Mesmo em
países sem uma regulamentação efetiva para o jornalismo, as empresas optam por jornalistas
graduados, em pesquisa de 1974 na Austrália, 53% consideravam formação profissional para
o jornalismo fundamental e 62% davam prioridade para emprego a formados.
A comissão não deu aprovação a essa proposta, principalmente pelo temor de que a
obrigação de inscrever-se no registro constituísse um obstáculos para o ingresso na
profissão ou que a negação do registro por motivos disciplinares comprometesse
gravemente, para o jornalista afetado por essa medida, a possibilidade de encontrar
um emprego. (BOHÈRE, 1994, p 23).
Ainda segundo Bohère, em seu livro Profissão: Jornalista, ele afirma que as
agências de notícias têm a função de buscar informação de forma rápida, segura, priorizando a
objetividade e a universalidade dos fatos, mas para isso é necessário ter profissionais
qualificados disponíveis no mercado de trabalho. A profissão de jornalista requer um multi-
funcionalismo de seus adeptos, podendo atuar na área rádio, jornal impresso, revista, on-line,
televisão ou assessoria de imprensa, requer uma flexibilidade dos profissionais, tendo que
atuar em diversas editorias, podendo esse atuar na política, na economia, social, justiça, artes,
filosofia, ciências técnicas, esporte, gastronomia, fatos atuais, assim como novos gêneros
jornalísticos que são criados de acordo com as necessidades mercadológicas, como é o caso
do jornalismo em agronegócios.
28
Mas o jornalismo apresentou e apresenta evolução com o passar dos anos,
numa constante busca pela profissionalização da categoria, além de uma busca pela
legitimidade de sua profissão, assim como acontece com os profissionais liberais, como
médicos, advogados, contadores. A profissionalização dos jornalistas ganhou forma, criando
diversos segmentos representativos, como sindicatos, clubes, associações, o primeiro
sindicato criado foi na França, em 1918. A evolução do jornalismo é nítida com a criação de
matérias específicas e mais tarde com a criação de graduações, em uma constante mudança e
progresso.
1.3 A aprovação da grade curricular e as mudanças curriculares
A grade curricular é aquilo que regulamenta o que a instituição de ensino e
os alunos devem cumprir no decorrer do curso, quais serão as competências desempenhadas
pela instituição de ensino a fim de preparar o acadêmico para o egresso, e as aplicações do
graduando para apresentar bons resultados e se destacar no mercado de trabalho com
conhecimentos gerais e específicos de suas área de atuação.
Para que uma instituição de ensino superior possa funcionar dentro das
regularidades exigidas pela legislação brasileira, ele deve elaborar seu plano de trabalho, com
as disciplinas que devem ser ensinadas aos alunos matriculados na instituição. A grade
curricular são as matérias que compõe um cursos universitário, estipulando sua cargo horária
e o conteúdo abordado em cada disciplina.
Devemos ressaltar que neste tópico estamos nos referindo às grades
curriculares das instituições de ensino superior privadas e não das instituições públicas.
A matriz curricular se transforma de instituição para instituição, mas esta
deve seguir alguns padrões a fim de atender as exigências e orientações contidas nas diretrizes
29
curriculares do Ministério da Educação e Cultura (MEC), que orienta as escolas superioras
sobre alguns critérios mínimos e exigências para garantir a identidade do curso, que são
algumas matérias básicas obrigatórias que devem conter em qualquer curso de ensino superior
ou no curso específico. Nessas diretrizes é possível acrescentar propostas pedagógicas
inovadoras de novas disciplinas e métodos de ensino, atendendo assim cada realidade
regional.
Para que uma instituição de ensino superior, em nosso caso as privadas, abra
os cursos é necessário antes de tudo o serviço burocrático, ou seja, construir a mantenedora,
onde são exigidos uma série de documentos, como uma outra empresa qualquer. Mas acima
de tudo será uma empresa educacional, que deve ter condições de sustentabilidade
econômico-financeira para que desta forma receba a licença para seu funcionamento, pois
nenhum curso de ensino superior pode ser implantado sem uma prévia autorização do MEC.
Para a obtenção da autorização existem diversas exigências, variando de
acordo com a modalidade do curso, se será bacharelado, licenciatura ou tecnológico, pós-
graduação, lato sensu ou stricto sensu.
[...] se tratando de uma Faculdade isolada, Faculdades Integradas, Centro
Universitários ou Universidade. Nos dois primeiros casos, é montado um processo
de encaminhamento do pedido de autorização para cada curso desejado. Em se
tratando de Centro Universitário, os cursos pretendidos para um determinado
período (3 a 5 anos) devem estar constando do PDI – Plano de Desenvolvimento
Institucional que, uma vez aprovado automaticamente os cursos também estarão. As
Universidades gozam de autonomia e podem implantar os cursos desejados, sem
prévia autorização. É importante esclarecer que em todos os casos citados os cursos
são avaliados para obtenção do reconhecimento, condição necessária à expedição de
diplomas. (Neusa C. Rosa Nunes, anexo A)
Ainda na elaboração das diretrizes curriculares de um curso/ habilitação, são
definidos algumas habilidades e competências para o egresso desse aluno. Para a elaboração
metodológica e aplicação desse sistema, requer uma Projeto Pedagógico do Curso construído
a partir da coordenação, docentes e pelos componentes do colegiado. Algumas disciplinas
30
permitem o exercício desta atividade, assim como as atividades complementares no decorrer
dos cursos, atendendo essas especificações.
No decorrer do curso verificando que são necessárias alterações em sua
composição curricular para a melhoria da qualidade do ensino oferecido pela instituição,
averiguando a matriz curricular, é sendo o intuito de oferecer melhor formação ao graduando,
é autorizada a mudança. Para toda e qualquer modificação é necessário ser aprovado pelo
Colegiado Superior da Instituição, com registro em ata.
As mudanças permitidas numa grade curricular, podem ser feitas em toda ou
em parte, desde que sejam respeitadas as cargas horárias e as disciplinas obrigatórias. Essas
alterações devem passar a fazerem parte da nova grade curricular dos alunos ingressantes na
graduação. Neste ponto podem aparecer alguns inconvenientes aos que já se encontram com
a graduação em curso, havendo uma mudança na grade curricular deveram cursar essas como
matérias adaptativas. Em decorrência disto não são aconselháveis as mudanças nas grades
curriculares em curso, podendo acarretar em problemas econômicos ao graduando.
De acordo com a professora mestre em educação, Neusa C. Rosa Nunes
(Anexo A), as mudanças no conteúdo programático podem ser feitas no âmbito do Projeto
Pedagógico do Curso, sem a exigência de alteração na disciplina. Mas ela ressalta que toda
mudança deve ser informada a comunidade acadêmica de modo a preservar os interesses dos
alunos e apresentadas ao MEC, na forma de atualização, para a renovação do ato autorizado
em vigor.
Para preparar o aluno para o mercado de trabalho a instituição de ensino,
com a incumbência de contribuir com a formação profissional do indivíduo, deve atender as
normas que regem o curso, dar conhecimento da matriz curricular que será desenvolvida,
garantir a expedição do diploma por meio do reconhecimento do MEC. A instituição deve
promover ao acadêmico a aprendizagem, garantindo o número de aulas propostas na matriz
31
curricular, apresentar um corpo docente qualificado, competente para repassar o
conhecimento e preparar este aluno para o mercado de trabalho prático, desenvolver aulas
práticas e estágios curriculares que garantam atingir o egresso. E ainda mais, promover
eventos profissionalizantes como fóruns, congressos, oficinas, atividades que possam ser
vivenciadas na prática a teoria ensinada em salas de aula.
Se for averiguado pela instituição de ensino que para atender as condições
socioeconômicas de uma determinada região, e melhor preparar o aluno para o mercado de
trabalho e aumentar suas chances de se inserir neste, ela tem autonomia para realizar
mudanças na grade.
Alguns cursos têm avançado em direção a disciplinas de jornalismo especializado.
Por exemplo, na Universidade do Pantanal, em Campo Grande, no Mato Grosso do
Sul, tem uma disciplina de jornalismo ambiental, devido ao perfil daquela região.
Em São Paulo vários cursos oferecem jornalismo econômico, porque é o centro
financeiro e industrial do país. (Francisco Holfen Belga)
Para encerramos, como tratamos neste trabalho a importância do
agronegócio no jornalismo e sua importância nas faculdades, universidades, acreditamos ser
necessário a inclusão deste quesito como ponto de discussão pelas instituições de ensino. De
acordo com Nunes, o agronegócio, não sendo objetivo específico de um determinado curso,
mas considerando importante o seu conhecimento do ponto de vista de mercado regional,
pode ser tratado como tema dentro de qualquer curso, ou de diversos cursos, não
necessariamente como disciplina.
Evidenciando a importância do tema para os profissionais atuantes em
várias ramificações profissionais no interior, sendo um fator de desenvolvimento econômico
que envolve e reflete em toda sociedade, acreditando que esse conhecimento específico possa
aumentar suas chances de egresso.
32
1.4 O ensino jornalístico e o mercado de trabalho no século XXI
O ensino do jornalismo é fundamental para formação de profissionais
qualificados e preparados para encarar o dia-a-dia nos veículos de comunicação. Essa
formação é construída através da aplicação de conhecimentos teóricos, nos bancos das
academias, aliados a prática do cotidiano no mercado de trabalho, estágio ou mesmo nos
laboratórios oferecidos pelas instituições de ensino como diferencial para melhor preparação
dos futuros jornalistas.
Os conhecimentos repassados aos acadêmicos sofrem variações de acordo
com as instituições que oferecem a graduação, sendo ponto comum nas faculdades o ensino
do lead, como fórmula para elaboração do primeiro parágrafo de uma matéria. Na estrutura da
notícia o jornalismo importou algumas técnicas norte-americanas, o lead e a pirâmide
invertida. O lead consiste na primeiro parágrafo do texto que deve ser claro e atrativo, pois
caso o leitor não gosto ele ira abandonar o texto, que deve relator os principais fatos,
respondendo as seis perguntas básicas: quem, fez o quê, quando, onde, como e por quê. O
lead veio para substituir o nariz de cera, que era um texto introdutório longo e rebuscado,
normalmente opinativo, típico do então formato francês.
A imparcialidade e objetividade são outras informações repassadas na busca
da uniformização das atividades desenvolvidas pelos profissionais, com a apuração das
notícias, sem deixar ser levados pela emoção e parcialidade, em busca da verdade.
O jornalista deve ser generalista, ou seja, em sua vida profissional serão
inúmeras as barreiras encontradas, pois terão que falar de economia, agricultura, e ao mesmo
tempo, abordarão temas relacionados à cirurgias plásticas ou arte contemporânea. Com isso
será necessário sempre buscar mais conhecimento e constante atualização.
De acordo com Ricardo Alexino Ferreira (2002), em seu estudo Jornalismo
33
especializado – jornalismo científico: Análise crítica, estudo de casos e a construção de novos
paradigmas e de um novo currículo disciplinar, o profissional de jornalismo vive em um
carrossel, que em seu cotidiano nas redações, quase sempre, passa por diversos editorias e
funções, configurando a principal característica do mercado jornalístico brasileiro, a
mobilidade do profissional.
[...] a principal característica do mercado jornalístico brasileiro é a mobilidade do
profissional jornalista. Em muitos casos, conforme a demanda do mercado, o
jornalista estará presente em diferente mídia (imprensa, eletrônica e digital)
assessorias de comunicação (empresariais e institucionais) e, mais recentemente, no
universo acadêmico e de pesquisa. (FERREIRA, 2002 )
As matérias generalistas, devem seguir os mesmos padrões em diferentes
instituições de ensino, como metodologia de pesquisa, técnica de apuração e pesquisa
jornalística, crítica de mídia, antropologia, sociologia, economia, legislação, ética, teoria da
comunicação, filosofia, telejornalismo, radiojornalismo, webjornalismo, política, entre outras,
podendo essas alteração seus nomes, mas mantendo e seguindo algumas matérias básicas
exigidas na hora da composição e formação da grade curricular, que veremos em outro tópico.
Essas disciplinas são importantes para estabelecerem os princípios e fundamentos básicos da
atividade jornalística. Sendo posteriormente adicionadas as matérias julgadas necessárias
pelas instituições de ensino avançando ao perfil econômico, científico, cultural, de acordo
com o caráter regional.
O profissional deve ser generalista, mas deve também buscar a
especialização em algum setor da profissão, garantindo dessa forma sua colocação no
mercado de trabalho e sua estabilidade. O jornalista deve aprofundar, ampliar sem descanso
em seus conhecimentos. Isso vale especialmente para jornalistas que tratem de áreas
especializadas, como a atualidade científica e tecnológica, dos quais se espera um testemunho
competente da evolução das teorias e das aplicações práticas.
O profissional especializado terá melhores condições e propriedade ao tratar
de temas específicos, com uma apuração de melhor qualidade repassada ao seu público. Com
34
essa tendência de mercado por especializações em determinados setores, surge o público
direcionado, o leitor passa a ser mais exigente com as informações repassadas pelos veículos
de comunicação. Não é mais suficiente escrever conforme as técnicas e normas jornalísticas, e
apresentar o que conhecemos como lead, já não supre mais as necessidades de informação
que o público deseja. Para isso são necessárias matérias mais apuradas, detalhadas, com
interpretação da notícia e com diversas fontes de informação.
Neste ponto existem divergências entre pesquisadores, estudiosos e
profissionais no mercado de trabalho. Ferreira diz em seu trabalho que ao observar a
cobertura de áreas especializadas, a forma de captação e a forma de tratamento da informação
são as mesmas, não existindo tratamento especial para nenhuma destas áreas. O fato de
rotineiramente cobrir uma mesma área do conhecimento, não o dá o direito de se intitular
especialista, segundo ele, exige do profissional um amplo conhecimento, sabendo analisar o
passado e interpretar seu contexto nas ações do presente.
[...] há uma confusão entre a especialidade jornalística e a rotina jornalística. Não há
dúvida que um jornalista (principalmente setorista) que cobre diariamente ou
rotineiramente determinada área do conhecimento irá desenvolver habilidade maior
na cobertura daquela área, mas isso não poderá lhe dar a pseudo-idéia de ser
especialista. (FERREIRA, 2002)
A formação profissional é um ato de repassar a sociedade aquilo que
acontece no dia-a-dia, mas com a evolução dos anos tornou-se mais técnica, exigindo dos
estudantes de jornalismo mais preparação para enfrentar o mercado de trabalho, muitas vezes
o jornalismo é comparado a literatura, com algumas expressos um tanto usuais. O profissional
deve ter a capacidade de apresentar notícias de novas formas, com novos conteúdos, novos
atrativos, mas mantendo alguns princípios básicos como universalidade, periodicidade,
atualidade e difusão coletiva.
o talento literário costuma ser considerado como inato; desenvolve-se, não se
adquire, e, por isso, havia o costume de se dizer - e ainda se diz – que o jornalista
35
nasce, não se faz. Esse refrão parece hoje exagerado. (BOHÈRE, 1994, p.34)
Mas no jornalismo essa pratica não é verdadeira, pois exige muito de
técnica, bagagem intelectual, conhecimento específico na área de atuação, além de exigir uma
sólida cultura geral. Essa obrigatoriedade na preparação do profissional jornalista é uma
conseqüência da evolução do leitor e do consumidor, sendo estes mais exigentes e que sempre
estão na busca de mais informações, com uma matéria mais informativa e apurada, sem deixar
de mencionar que este deve estar antenado as atualidades e novas técnicas utilizadas por
profissionais de sua categoria. Com a multiplicidade de publicações, os periódicos devem
estar atentos as exigências do leitor, atendendo o máximo das ânsias de seu público
consumidor.
Os EUA e Canadá adotavam diferentes métodos de ensino, onde esses
profissionais eram orientados para o exercício concreto da profissão, mas a formação técnica
não pôde acompanhar a rápida evolução das técnicas de produção, optando assim, por uma
bagagem intelectual que lhe permitiam fazer frente as novas situações apresentadas pelo
mercado de trabalho mundial. As universidades tem seus cursos voltados para os veículos
impressos e audiovisuais, equipando-se com redações, laboratórios de rádio e televisão e mais
recentemente o jornalismo para a WEB, que tem difundido novas evoluções textuais e de
recursos.
De acordo com as necessidades mercadológicas, as Faculdades tornaram-se
acadêmicas e práticas, na tentativa de conciliar as teorias e práticas. Principalmente ao
jornalismo especializado, onde as instituições não conseguem formar profissionais para o
pleno exercício da profissão, por isso a necessidade de cursos e escolas de especializações e
extensões universitárias. Diante da necessidade de agilizar o ensino passado pelas faculdades,
o ensino muitas vezes de jornalismo especializado acaba sendo rápido sem profundidade e
fragmentado, sendo pincelado as principais especializações, conceituando, demonstrando suas
36
características, sem um feedback do aluno do conteúdo repassado. Ao apresentar por exemplo
o jornalismo esportivo, o acadêmico não é instruídos sobre as regras e regulamentos sobre os
principais esportes, a importância do esporte, analise de matérias publicadas, nem mesmo
discutidos quais os tipos de esportes, jargões e verbetes apropriados para a especialidade.
Diante disto fica evidente que a academia não dispõe de horas-aula para o aprofundamento de
todos os tipos de jornalismo especializado, mas não é esta a proposta do distinto trabalho, mas
sim da análise do perfil regional ao ser elaborada a grade curricular.
É preciso, todavia, ir mais longe e sistematizar de uma maneira ou de outra a
atualização do saber e do know how. Aqui intervém a iniciativa pessoal, as
autoridades públicas, a própria profissão e as instituição de ensino. (BOHÈRE, 1994,
p, 123)
Neste ponto o autor acredita fielmente que a atualização profissional
depende do jornalista e de seu aluno de graduação, cabendo a estes a busca constante de
inovação e evolução profissional, tendo em vista que somente a graduação não consegue
transformar o graduando em um bom profissional apto ao mercado de trabalho.
Em alguns países o governo federal buscar incentivar os cursos de
jornalismo através de apoios financeiros. Além de incentivar a organização de seminários. Na
Republica Federal da Alemanha é oferecido pelo Estado um apoio financeiro às instituições
que oferecem cursos de jornalismo, e algumas vezes elaboram também cursos e seminários
voltados a profissionais inseridos no mercado de trabalho. Com o intuito de melhor formação
desses que são responsáveis pela divulgação e formação de opinião.
Com ou sem apoio governamental e empresarial os profissionais devem
buscar sua capacitação e profissionalização. Em países mais desenvolvidos, a legislação
contribui para que os interessados em se tornarem jornalistas profissionais, como na Tunísia,
o empregador deve contribuir para o aperfeiçoamento profissional do individuo, resguardado
pela convenção coletiva datada de 1975. Cada país segue um sistema de formação permanente
37
e sistemático, já em outros eles se baseiam apenas na experiência acumulada com o seu tempo
de carreira.
A universidade de Colúmbia de Nova York oferece bolsas a jornalistas profissionais,
graças às quais podem fazer um estágio de formação de um ano sobre questões
econômicas e financeiras; ao termino desse período reintegram-se ao seu órgão de
imprensa para se dedicar à seção econômica. (BOHÈRE, 1994, p. 129)
O jornalismo impresso ainda se restringe a um grupo social com recursos
financeiros privilegiados, além de não ser um habito ou um gosto de todos os membros da
sociedade a leitura, levando em conta que parte da população brasileira vive a triste situação
de analfabetismo, ou analfabetos funcionais. De acordo com Jorge Cláudio Ribeiro (1994) em
1980 o analfabetismo afetava 84% da população, passando para 75% em 1920, mas esta
situação deve-se ao atraso social das indústrias editorias e dos altos custos das publicações,
sendo um luxo para poucos da época. Em decorrência da baixa escolaridade dos brasileiros
conferiu a liderança aos veículos radiofônicos e televisivos, cristalizando a baixas tiragens dos
jornais e livros, tendo em vista que são raros aqueles que não possuem aparelhos em suas
residências.
A evolução na indústria gráfica e no processo de construção da notícia
barateou o custo para o leitor, ampliando seu público, apesar dos recursos tecnológicos
também terão desempregado e enxugado o número de mão-de-obra nas redações. As agências
não se contentam mais em apenas entregar as notícias, devem disponibilizar ao leitor artigos,
suplementos, sempre apresentando algo a mais, diferenciando o seu produto do concorrente.
[...] os jornais, antes de se preocuparem com o seu público, preocupam-se com os
concorrentes. (MORETZSOHN, 2002, p. 148)
Os veículos impressos muitas vezes procuram reduzir gastos com a
produção, essas despesas muitas vezes acabam sendo feitas com o corte de pessoal. Em
decorrência disso muitas editorias são suprimidas, ou mesmo deixadas de lado em decorrência
38
do escasso recurso profissional. Com isso os jornalistas passam a ser multifacetados, exigindo
desses inovações e especializações garantindo sua maior estabilidade em decorrência da falta
de profissionais qualificados para abordar sobre vários ou o assunto específico.
O jornalismo como várias outras profissões sofre com problemas de
saturação de profissionais no mercado de trabalho, um problema crônico em diversas
profissões existentes, sem condições e número de vagas para absorver esses profissionais que
saem das universidades a cada ano. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas do Estado de
São Paulo, são mais de 60 mil novos jornalistas a cada ano. Esse grande número deve-se ao
aumento de cursos oferecidos pelas instituições de ensino, em sua grande maioria particulares,
que nos exames admissionais são pouco exigentes.
Para ingressar no mercado de trabalho é necessário atender algumas
exigências previstas em lei, convenção coletiva de trabalho ou mesmo decretos. Sem dizer
que alguns países o acesso para o mercado de trabalho não existem restrições, sendo este
acesso livre.
A Republica Federal da Alemanha, onde o acesso livre é um princípio básico e onde
não se exige teoricamente nenhum diploma. A contratação não parece tampouco
estar sujeita a nenhuma condição de principio, além das impostas pela legislação
geral do trabalho, em Barbados, França, Hong Kong, Japão, Suécia e Suíça
(BOHÈRE, 1994, p, 114.)
Já no Brasil a situação é diferente sendo exigido pela decreto n° 83.284 de
13 de março de 1979 que para ser reconhecido como jornalista profissional este deve atender
em especificidade a determinação do artigo 4°, que exige prova de nacionalidade brasileira,
prova de não está denunciado ou condenado pela prática de ilícito penal, diploma de curso de
nível superior de jornalismo ou de comunicação social , habilitação em jornalismo, fornecido
por estabelecimento de ensino reconhecido na forma da lei, para as funções relacionas nos
itens I a VII dor artigo 11, além de apresentação de sua carteira de trabalho e previdência
39
social. (VADE MECUM, 2006, p, 137).
Mesmo nos países onde não se tem obrigatoriedade do diploma de ensino
superior em jornalismo as empresas jornalísticas dão prioridade aos profissionais com maior
bagagem intelectual, rico linguajar, cultura, dentre outros fatores. Assim sendo, os aspirantes
em jornalismo, não se acomodam em suas colocações, por não terem a necessidade de uma
graduação para se colocarem no mercado. Mas pode-se dar a entender que para executar essa
função não exista nenhuma obrigação de ensino superior, que qualquer indivíduo pode
executar a função de jornalista, mas não é assim. Em Paris, por exemplo, um país onde não
tem a exigência do diploma, muitos são graduados em Direito, Letras, História, Geografia,
Economia ou Política.
De acordo com Ana Paula Goulart Ribeiro, em seu estudo, Jornalismo,
literatura, e política: a modernização da imprensa carioca no ano de 1950, antes do processo
de profissionalização da categoria, o que havia era uma elite de profissionais, que eram
provenientes das escolas de Direito, mas a grande maioria era mal preparado, não tendo
sequer concluído o ensino médio, com baixo nível intelectual doa profissionais da época.
Segundo Nelson Traquina é tempo de reconhecer que a preparação dos
futuros jornalistas passa por uma formação universitária privilegiada e sólida nas ciências
sociais e humanos, incluindo as da comunicação, e não a aprendizagem técnicas, como alguns
elementos mais retrógrados da profissão ainda defendem no início do século XXI. Com a
revolução no jornalismo, houve também revolução nas empresas jornalísticas, passando assim
a notícia ser uma mercadoria, exigindo dos profissionais uma agilidade no processo de
produção para o consumo imediato.
A origem social do jornalista foi outro fator de identidade que sofreu brusca
modificação em décadas recentes. Com o boom da Indústria Cultural, as ocupações
ligadas ao jornalismo passaram a exercer maior atração e a ser mais disputadas. A
exigência de diploma de jornalista mediatizou o acesso à profissão e promoveu uma
seleção por parte social, privilegiando aquela que tem condições de adiar o ingresso
no mercado de trabalho enquanto custeia um curso universitário. (RIBEIRO, 1994,
p. 202)
40
Apesar de ser considerada uma das faculdades novas, os cursos de
mestrados e doutoradas em jornalismo já existem há mais de 70 anos, sendo que a grande
difusão das escolas superiores em jornalismo aconteceu nos anos 80.
Na universidade de Chicago, uma tese de doutorado sobre o papel social do jornal
foi apresentada em 1910. O sociólogo alemão Max Weber escreveu sobre as notícias
num trabalho publicado em 1918. (TRAQUINA, 2003, p. 52)
Essa nova tendência de se preocupar com o ensino aplicado nas
universidades é observado nas publicações, não se restringindo apenas a preocupações
individuais, mas também coletivas e da comunidade profissional. O estudo do jornalismo
debruça sobre temas políticos e sociais do papel do jornalismo, daquilo que é desenvolvido
pelo profissional, sua capacidade de exercer seu cargo como quarto poder. O profissional do
jornalismo, até mesmo aqueles especializados, devem estar em busca de constantes
atualizações e profissionalização, aumentando assim suas possibilidade de crescimento dentro
de uma empresa que ofereça um plano de carreira. Essa situação é um tanto inconveniente,
tendo algumas políticas empresarias, que acabam oferecendo poucas chances de crescimento,
além da grande concorrência que existe entre os profissionais de um mesmo local de trabalho,
sendo a maior parte destes bem dotados de conhecimento e gabaritados.
Algumas vezes os graduados em jornalismo se estagnam no conhecimento,
sem buscar um curso de especialização ou mesmo na procura de um curso de pós-graduação,
querendo uma rápida colocação no mercado de trabalho. Sendo mais usual que profissionais
interessados em seguir na vida acadêmica busquem mais atualizações e novos estudos no
setor da comunicação, devendo o profissional inserido no mercado de trabalho tendo também
que se atualizar, pois este deve estar conectado e ter mais acesso a informação para desta
forma informar seu leitor, ouvinte ou telespectador.
a notícia exige do jornalista estar sempre alerta, à espera do que poderá acontecer e
41
em condições de responder com agilidade. (RIBEIRO, 1994, p. 158)
Os salários são variados de acordo com a política adotada por cada
instituição empresarial, tendo uma classificação diferenciada, por tempo de jornada de
trabalho, tempo de carreira, ocupação dentro do veículo, variando de uma empresa para outra.
Na Austrália, por exemplo, os profissionais são classificados em seis diferentes escalas, esse
avanço ocorrerá com o tempo de profissão e das oportunidades ofertadas pela empresa, sendo
avaliado também sua qualidade e competência profissional, sendo diferenciados em A
especial, A.2, A,B,C e D.
A remuneração é variável de acordo com a função desenvolvida, e sua
localidade geográfica, tendo que seguir as tabelas e os pisos salariais estipulados de comum
acordo entre empresas jornalísticas e o sindicato da categoria no Estado. Sendo esta mesma
política desenvolvida por imprensa de todo o mundo como Austrália e Canadá. Em alguns
países como Paris, pagam seus jornalistas por tiragem enquanto no Brasil seus profissionais
são pagos por horas de trabalho, tendo variação de salários pagos na capital e no interior,
sofrendo variação também de acordo com o veículo que se esta empregado, se é rádio, TV,
jornal impresso ou assessoria de imprensa. Veja variações na tabela abaixo.
42
Ao adentrar na profissão de jornalismo as pessoas devem estar cientes de
suas vidas "anti-sociais", conectado ao mundo da notícia, sendo que a informação trabalha 24
horas por dia. O profissional mesmo em seu descanso deve estar antenado com os
acontecimentos mundiais, para poder informar a população aqui que ocorre ao seu redor.
Mesmo sendo estipulado pelo Sindicato um teto de horas de trabalho, sendo permitida
somente 7 horas diária, muitos dos profissionais chegam a trabalhar 12 nas redações. Pois em
um jornal impresso, TV ou rádio, devem ser prioridades a notícia, muitas vezes uma matéria
não termina junto com a jornada de trabalho, exigindo do profissional que dobre seu turno.
Diferentemente pode ser a vida de um assessor de imprensa, que possui uma rotina menos
conturbada, sem estar ligado diretamente com o tempo de fechamento do jornal ou da edição
que deve estar pronto para ir ao ar, ou mesmo para ser rodado, caso haja um atraso pode
comprometer todo o processo de comunicação. Sendo que muitos trabalharão em finais de
semanas e feriados, diferentemente do assessor de imprensa que esporadicamente trabalha aos
fins de semana e feriados.
Uma das características principais da atividade do jornalista é a tensão. Ela apresenta
duas faces: é inerente aos ritmos e procedimentos da própria tarefa; é estimulada e,
então canalizada para a obtenção de resultados específicos – trata-se da mais-tensão
fabricada com o objetivo de extrair produtividade. (RIBEIRO, 1994, p. 157)
O Manual da Folha reflete tal situação no verbete “fechamento”:
É a conclusão do trabalho de edição. O fechamento é um ato de força. Exige
disciplina, concentração, rapidez. Quem fecha, precisa ter uma visão de conjunto da
edição e de suas etapas, desde a produção. Deve tomar uma série de decisões em
curto período de tempo e fazê-las cumprir com energia. Deve prever problemas que
podem vir a ocorrer, bem como os meios de solucioná-los caso ocorram [...] O
compromisso de quem fecha é duplo: com a qualidade da edição e com o horário
estabelecido no cronograma industrial. Cada atraso no fechamento resulta em perdas
de circulação. (FOLHA DE SÃO PAULO. Manual de redação. P. 39)
A profissão pode ser considerada uma das mais perigosas do mundo, por
ser uma rotina exaustiva e tensa, controlado pelo relógio, dependendo muitas das vezes de
suas fontes para o fechamento da matéria. Muitos desses profissionais já passaram por
43
situações perigosas, sendo assassinados por matérias que foram publicadas, atentados,
seqüestros. O profissional de jornalismo tem em suas mãos uma das maiores e mais perigosas
armas, a palavra. Com ela é possível construir ou mesmo destruir reputações, empresas e
fortunas, tornando-se algo que implica altos e graves riscos.
Dependendo do nível da empresa muitos desses profissionais podem ser
enviados como correspondentes a outros países na cobertura em guerras, conflitos armados
além de outros riscos epidemiológicos, podendo contrair doenças.
Diante dessa rotina agitada dos jornalistas as doenças são freqüentes na vida
do profissional, sendo os principais problemas cardiovasculares, problemas psicológicos,
além de doenças do aparelho digestivo, especialmente complicações biliares e úlceras
gástricas. A maior parte dessas doenças está diretamente ligada a condição habitual de vida,
isso devido ao repouso reduzido, horários irregulares, trabalhos noturnos, alimentação
inadequada.
O repouso semanal frequentemente reduzido, os horários irregulares, a constância do
trabalho noturno, um regime alimentar anárquico, a ansiedade ou, pelo menos a
tensão nervosa, causada pela necessidade de estar na vanguarda da informação ou de
trabalhar rapidamente, pelo temor de perder uma notícia importante ou de lançar
uma que não esteja suficientemente verificada, pela dureza da competição, pela
insegurança no emprego, pelas frustrações inerentes à profissão ou pela aceleração
do ritmo de trabalho nas agências de notícias automatizadas, constituem outros
tantos fatores que contribuem para por à prova a saúde das pessoas expostas a esses
fatores e explicam a relativa freqüência das doenças cardíacas e das depressões
nervosas nessa profissão. (BOHÈRE,1994, p, 178)
Os jornalista de hoje estão melhor equipados tecnicamente, com melhores
formação e possibilidades de aperfeiçoamento no exercício da profissão. Com o avanço da
informação, muitas revistas, jornais e publicações tiveram que se especializar. Os veículos
também necessitam de profissionais melhores capacitados, precisando hoje que as
informações sejam mais concisas. Os jornalistas mais antigos terão que se adaptar a essa
renovação no jornalismo, caso contrário não terá lugar entre os novos profissionais da
informação.
44
As instituições de ensino deveriam garantir a melhor formação dos
profissionais, levando em conta as necessidades do mercado e o mundo. Bohère (1994) afirma
que os jovens que fazem cursos de formação tenham as melhores oportunidades de encontrar
um emprego que corresponda a suas qualificações e aspirações.
Deveriam tender a inculcar no indivíduo, além dos conhecimentos técnicos
especializados indispensáveis ao exercício da atividade profissional que ambiciona,
uma cultura suficientemente ampla e profunda para lhe permitir compreender e
influenciar o meio ambiente do trabalho e o social, seja individual ou coletivamente,
exercer responsabilidades no seio da empresa e da sociedade e adaptar-se a situações
em constante evolução (BOHERE, 1994, p. 252)
1.5 Globalização e regionalização: tendências do jornalismo
O jornalismo moderno tem como prioridade levar ao seu leitor com
imediatismo os fatos que se desencadeiam no país e no mundo, trazendo a este, emoções e
também uma reflexão dos acontecimentos sociais.
A globalização no processo da informação brasileira foi um processo longo
e duradouro, que começou com a mudança nas empresas jornalística, adaptando seus veículos
para ampliar sua forma de cobertura das notícias, uma das principais mudanças oriundas da
globalização da informação, foram às melhorias nas redações, com a substituição das
máquinas de escrever pelos computadores, pela padronização da escrita jornalística, com a
adoção dos manuais de redação, então propostos pelos veículos Folha de São Paulo e Estado
de São Paulo, que impunham normativas para uso de aspas, vírgulas, siglas, números e
detalhes gráficos, estes podem ser considerados como uma globalização do jornalismo
nacional, um dos primeiros passos para um mesmo pensamento para o profissional no
mercado da informação.
Não foi por mero acaso que o surgimento das grandes empresas jornalísticas
45
coincidiu com o aparecimento dos stylebooks, ou manuais de redação (como ficaram
conhecidos no Brasil). (RIBEIRO, 2003)
A globalização nos veículos de comunicação possibilitou a agilidade e
rapidez na divulgação e distribuição das notícias, sendo possível emitirem sinais e acessar
dados de outros países em questões de segundos, massificação a comunicação, quebrando as
barreiras da distância e do tempo.
Com a internet todos os seres humanos podem colocar em prática o direito e
liberdade de imprensa e de opinião, sendo possível divulgar suas idéias, opiniões sem um
censura ou retaliação como era no passado.
A valorização da informação instantânea coloca em dúvida a própria função
do jornalista, resgatando dúvidas da década de 20, quando que com o surgimento do rádio,
que objetivava fazer de cada indivíduo um comunicador, pensamento semelhante ao do
jornalismo comunitário, que oportuniza a participação de colaboradores na construção da
notícia, rádios de bairros, jornaizinhos, entre outros.
Antes o que levava meses ou mesmo anos para chegar ao outro lado do
continente, hoje em menos de segundos o mundo inteiro esta por dentro das notícias. Mas
com este processo de globalização nas informações, o leitor, telespectador ou ouvindo,
tornaram-se mais críticos, exigindo mais detalhes, relatos e deseja sempre estar bem
informado. A notícia passou a ser considerada uma mercadoria/produto de comercialização.
Para Moretzsohn (2002), a notícia transformou-se em um fetichismo da
mercadoria, onde os bens produzidos pelas empresas jornalísticas, sejam estes impressos,
televisivos, radiofônicos ou on-line, uma vez disponíveis no mercado, parecem existirem por
si sós, devido à voracidade pela informação em tempo real.
Notícia é a informação transformada em mercadoria com todos os seus apelos
estéticos, emocionais e sensacionais; para isso a informação sofre um tratamento que
a adapta às normas mercadológicas de generalização, padronização, simplificação e
negação do subjetivismo. Além do mais, ela é um meio de manipulação ideológica
46
de grupos de poder social e uma forma de poder político. (MARCONDES FILHO
apud MORETZSOHN, 2002, p 61)
A informação contém força social, sendo capaz de influenciar decisões
políticas, influenciar na produção econômica, criar mitos, e impor culturas. A globalização
pode até mesmo criar uma cultura dominante, suprimindo as subordinadas, a fim de impor
seus produtos da indústria cultural, que o principal objetivo é o lucro, descaracterizando a
identidade cultural de seu povo.
De acordo com Armand Mattelart (2000), os sistemas de comunicação em
tempo real determinam à estrutura de organização do planeta. O que se convencionou chamar
de mundialização, no princípio, e hoje de globalização.
A globalização é um processo de integração global, um movimento de
interconexão generalizada das economias, sociedade e lingüística visando absorver as
diferenças e derrubar as barreiras dos particularismos, iniciado na virada do século XIX,
ampliando as possibilidades de ir e vir de pessoas, bem como, bens materiais e simbólicos,
sem deixar de mencionar os processos comunicativos. Esse processo fez com que todos os
homens pensem de uma mesma forma, globalizando o pensamente, dando a idéia de que cada
indivíduo tem consciência de ser parte no planeta.
A globalização significa que nunca mais alguém poderá dizer que se está sozinho.
(MONSIVAIS, 1944 apud. MATTELART, 2000, p. 184)
Esse processo favoreceu ao relacionamento entre as pessoas de todo o
globo, garantindo a todos o direito a informação, apurando que as atuais gerações estão mais
bem informadas sobre diversos assuntos, isso graças a globalização na comunicação.
Estendendo a programação televisiva, com a exibição de emissoras estrangeiras em diferentes
localidades, com programações em múltiplas línguas: inglês, espanhol, italiano, francês,
alemão, mandarin, japonês, entre outros. Além de dinamizar o conteúdo programático, com
programas para diferenciados públicos.
47
O processo global, das notícias em tempo real, apresenta sérios problemas
técnicos jornalísticos, mas que aparentemente as empresas não estão se importando muito,
faltam à qualidade da informação, priorizando que o jornal chegue antes do concorrente, a fim
de dar o furo de reportagem, velho jargão conhecido pela categoria, tendo como lema
principal a teoria da responsabilidade social, baseada na velha idéia, o público tem o direito de
saber, remetendo mais uma vez, a incumbência de quarto poder.
Como disse Marques de Melo (1985), o direito de se comunicar corresponde
a um passaporte para a cidadania do indivíduo, sendo um instrumento que viabiliza a
integração de cada um em sua comunidade. Tratando-se de um direito de todos - saber e
transmitir, ouvir e falar, conhecer e reproduzir.
[...] essa globalização é criada, manipulada, na verdade temos apenas a sensação de
estarmos informados, mas ficamos a mercê de algumas notícias de interesse
internacional, quando de fato temos problemas regionais muito importantes, mas
esses transtornos não nos interessam, pois são do verdadeiro show da vida e não dos
“reality shows” vendidos mundialmente, enlatados e pronto para o consumo
massivo. (SILVESTRE, 2004, p. 44)
Muitas vezes a qualidade da informação é comprometida de tal forma,
deixando de lado a imparcialidade e a objetividade dos fatos. Com o lema de informação em
tempo real, praticado com freqüência pelos veículos da WEB, se utilizam do flash, técnica
jornalista que objetiva dar as principais informações de uma forma ágil e sucintamente,
basicamente apresentando o lead da matéria, sendo aplicado hoje pelos veículos impressos,
que possuem na internet seus portais eletrônicos, estando disponíveis a cada instante novas
informações.
[...] a velocidade é consumida como fetiche, pois “chegar a frente” torna-se mais
importante do que “dizer a verdade”: a estrutura industrial da empresa jornalística
está montada para atender a essa lógica (MORETZSOHN, 2002. p.120)
Hoje o sistema da informação é alimentado uns pelos outros, sendo
pautados pelos veículos de abrangência nacional, sucessivamente os veículos nacionais são
pautados pelas mídias regionais. O mesmo ocorre com os impressos e as rádios, aspecto
48
principalmente recorrente no interior, onde os jornais impressos são as principais fontes de
noticias das rádios, sendo também os jornais, responsáveis por pautar muitas emissoras de
TV. Sendo percebido pelo público uma recorrência dos fatos em diferentes mídias, onde
muitas vezes “requentam” matérias, perdurando um único assunto durante um período mais
duradouro. A autora de o Jornalismo em tempo real, afirma que desta forma introduz no
público uma maior necessidade de se informar de determinado assunto.
[...] quanto mais os meios de comunicação falam de um assunto, mais se persuadem,
coletivamente, de que este assunto é indispensável, central, capital, e que é preciso
dar-lhe ainda mais cobertura, consagrando-lhe mais tempo, mais recursos, mais
jornalistas. (MORETZSOHN, 2002 p.150)
Outra adversidade do jornalismo globalizado, que exige rapidez na
elaboração das matérias, são às fontes de notícias, que devido à precisão do tempo de
fechamento das edições se condicionam a manipulação das fontes e a recorrer frequentemente
aos mesmos profissionais, apresentando uma matéria com um número reduzido de pessoas,
sendo um aspecto mais comum no jornalismo regional, onde deparam-se com o número
restrito de peritos e especialistas que abordem determinados assuntos. O resultado muitas das
vezes, é a apresentação de um material incompleto, fragmentado, baseado em um jornalismo a
base de declarações, em decorrência a falta de tempo para checar e aprofundar as informações
obtidas.
Uma outra tendência do jornalismo globalizado é a multiplicidade das
matérias publicadas em um único veículo, onde deve este informar seu público sobre a cidade,
região, saúde, esporte, entretenimento, cultura, economia, utilidade publica, além de noticiar
os acontecimentos mundiais. Como disse Moretzsohn, em Jornalismo em tempo real, um
veículo de comunicação não pode restringir-se em mostrar apenas as notícias principais, mas
deve mostrar tudo, além disso, deve analisar as causas e conseqüências dessas notícias, a fim
de registrar uma evolução do pensamento humano.
49
A globalização estandardizou alguns estereótipos da mídia nacional
excluindo alguns gêneros jornalísticos, por sua elaboração mais dispendiosa, como o
jornalismo investigativo, hoje mais usualmente realizado por apenas alguns veículos
televisivos, isentando o público a necessidade de pensar, deixando que a mídia pense por ele,
anulando o senso crítico do ser humano, tornando-se este mais volátil e manipulável e
influenciável pela mídia em ações, decisões, comportamento, moda, moral, ideologia, sendo
um indivíduo acrítico.
Uma simples passada de olhos pelas páginas de qualquer diário nos leva a perceber
como os jornais jogam com texto e fotos, como planejam a diagramação de modo a
induzir o público a uma determinada leitura [...] (MORETZSOHN, 2002, p. 83)
A revolução nas comunicações internacionais ocorre no século XIX, com a
invenção das news, o ideal de noticias instantâneas. Sendo criado logo entre 1830-1850 as
grandes agências de notícias.
A Agência Havas, ancestral de Agence France Press (AFP) é fundada em 1835. A
alemã Wolf é inaugurada em 1849 e a britânica Reuter em 1851. [...] A Reuter, por
sua vez, dá prioridade ao noticiário econômico. (MATTELART, 2000, p.47)
Apesar do aparecimento tardio das agências dos EUA no cenário mundial,
foi este um dos principais modelos de imprensa adotados por vários países, entre este o da
França, que busca atingir o mercado popular em 1881, processo conhecido como
americanização. A globalização ascende todo o setor da comunicação, entre elas as agências
de publicidade e propagandas, abrindo em diferentes países filiais de agências estrangeiras.
Com a adoção de uma idéia de civilização dos menos civilizados, passa a
idéia de dominante da civilização, enumerando a comunicação como um fator civilizatório
para uma nação. Disseminando a idéia de que todo o globo é um organismo solidário.
Com a globalização passam os índices de modernização a serem calculados
de acordo as suas taxas de alfabetização, industrialização, urbanização e exposição às mídias e
50
renda per capita.De acordo com Armand Mattelart (2000), o para que um país não seja taxado
como subdesenvolvido ele deve dispor de dez exemplares de jornal, cinco aparelhos de rádio,
dois televisores, dois assentos de cinema para cada 100 habitantes. Portadores de atitudes
modernas, os veículos de comunicação são vistos como agentes inovadores. Mensageiros da
revolução das esperanças crescentes, eles propagam os modelos de consumo e aspirações
simbólicas pelas sociedades que já atingiram uma etapa superior de evolução.
[...] como a religião, o jornalismo promove uma releitura, uma interpretação e
seleção, atos que são o mecanismo original dos rituais.
[...] o jornalismo aproxima fatos da mesma natureza, ao longo de várias edições tece
um fio condutor com a evolução de um mesmo fato; coloca acontecimentos distantes
ao alcance do leitor, aproxima indivíduos isolados, ao fornecer-lhes um referencial,
indivíduos isolados, ao fornecer-lhes um referencial comum. (RIBEIRO, 1994, p.
127)
A globalização dá seus primeiros passos na área do intercâmbio financeiro,
passando a se comunicarem através de uma interconexão em tempo real, as conhecidas bolsas
de valores. Sem deixar de relatar que esse processo foi uma estratégia no modelo de
administração de empresas, que devido o ambiente de concorrências expandiu suas fronteiras,
maximizando seus lucros e absorvendo novas fatias de mercados.
[...] a idéia foi criando raízes na retórica do livre comércio: a expansão dos produtos
da indústria do entretenaiment traz consigo a liberdade civil e política. Tudo
acontece como se ser consumidor significasse ser cidadão. (Idem, p. 159)
A globalização no setor econômico possibilitou as trocas comerciais, vista
mais a frente no capitulo 2, proporcionando a exploração das exportações de produtos, no
caso do Brasil, primários, e no setor da comunicação as telenovelas da rede Globo. Essa nova
sociedade é composta por consumidores, que oferecem seus produtos e buscam estimular a
concorrência, visando a melhor qualidade pelo menor preço.
No mercado cultural, foi imposto o modelo norte americano, desenvolvendo
modelos que possam cativar o público, tornando-os alienados, para consumirem de forma
passiva.
51
A globalização implica em outros dois aspectos, um deles é com relação ao
surgimento dos conglomerados midiáticos, quebrando as barreiras nacionais e cedendo a um
único grupo, várias empresas nos ramos de comunicação, controlando o mercado da notícia.
O segundo implicante é com relação à descaracterização dos programas regionais, que são
substituídos por programações dos grandes centros ou mesmo por internacionais, deixando o
local sempre para um segundo plano.
Para encerar este capitulo, apresento um pensamento de Sylvia Moretzsohn,
(2002, p.177) "onde diz que a máquina existe para comunicar, e quanto mais comunica,
menos informa".
II. O SETOR AGROPECUÁRIO E O BOOM MERCADOLÓGICO DO
SÉCULO XXI
O setor de agronegócio é hoje um dos mais promissores para o trabalho
jornalístico especializado, embalado pelo boom do setor sucroalcooleiro, pelo bom momento
vivido pela exportação de carne nacional, a possível falta de alimento mundial, as
preocupações ambientais ligadas às cadeias produtivas, requerem para tudo isso um jornalista
pronto para desvendar a linguagem específica do agronegócio.
Buscamos neste trabalho, e principalmente neste capítulo, apresentar as
especificidades das diversas cadeias do agronegócio, que apesar de estar diretamente
condicionada a economia, pois seus objetivos visam: maximizar lucros, minimizar custos,
manter-se no mercado e satisfazer aos empresários e aos consumidores, tem suas
particularidades que reder não só o conhecimento, na linguagem jornalística do economês,
mas também de compreender como é o processo é o sistema produtivo, suas inter-relações,
52
pontos fracos e fortes e principalmente saber analisar suas construções históricas, para
compreender as projeções futuras. Buscando comprovar que não trata-se apenas dos cadernos
de economia, mas sim de uma “nova” tendência jornalística que é o jornalismo de
agronegócios.
Além disto, o profissional deve ter noções básicas dos processos produtivos
de cada, ou ao menos, das principais cadeias que estão ligadas ao setor, seus processos
produtivos, para compreensão dos impactos no presente. Além disto, de buscar atrair a
atenção do público especializado para os veículos regionais, com matérias que são de
interesse da classe em questão.
Estaremos abordando no decorrer do capítulo II, o surgimento dessa
tendência, que é fundamental para a sobrevivência humana, sua importância econômica,
mercado consumidor, mercado regional, quais são as principais agências que alimentam e
munem os veículos de imprensa locais e aos principais interessados nas informações, os
produtores e empresários do setor, sem deixar de comentar seu fluxo, qualidade e quantidade.
2.1 O agronegócio no Brasil: surgimento e desenvolvimento econômico
No inicio da civilização humano, os homens viviam em bandos, nômades,
sobrevivam daquilo que a natureza lhe proporcionavam, pois não tinham a compreensão de
estocagem, criações domesticas, muito menos trocas entre tribos. Sobreviviam basicamente de
colheita de alimentos silvestres, caça e pesca. Exigindo deles uma mudança constante em
busca de alimentos e sobrevivência.
Com o passar dos anos eles foram vendo que ao lançar uma semente ao
solo, elas podiam germinar, crescer e frutificar, e que os animais podiam ser domesticados,
começam então as primeiras atividades de agricultura e pecuária.
53
Com essa nova descoberta, o homem se fixa em uma única região. Com isso
surgem as primeiras propriedades rurais e os sistemas de produções. Muitas dessas
propriedades eram auto sustentáveis, com múltiplas culturas e criações, passaram a agregar
processos industriais, hoje conhecidos como agroindustriais.
Como relata Massilon J. Araújo, na obra Fundamentos de Agronegócios,
algumas propriedades em Minas Gerais e em outras localidades do país, eram verdadeiras
agroindústrias, que exploravam ao máximo seus potenciais produtivos, além de utilizar o
excedente da produção para a troca daquilo que não era possível produzir naquela localidade,
como energia, combustível, entre outros.
[...] cada propriedade podia produzir ao mesmo tempo: arroz, feijão, milho, algodão,
café, cana-de-açúcar, fumo, mandioca, frutas, hortaliças, e outras, além de criações
de bovinos, ovinos, suínos, aves e eqüinos. E mais, nessas propriedades o algodão
era tecido e transformado em confecções; o leite, beneficiado e transformado em
queijos, requeijões e manteiga; da cana-de-açúcar faziam a rapadura, o melado (ou
mel de engenho), o açúcar mascavo e a cachaça; da mandioca fabricavam a farinha,
o polvilho e biscoitos diversos; o milho era usado diretamente como ração e/ou
destinado ao moinho para transformação em fubá, que era usado para fabricação de
produtos diversos. (ARAÚJO, 2005, p.14)
Até recentemente o termo empregado para as atividades comerciais
agropecuárias era agricultura, mas por se desenvolver todas as atividades em uma única
propriedade rural, desde o abastecimento de insumos até os processos industriais e a
distribuição e comercialização, tornou-se obsoleto e restrito, empregar a todas essas práticas o
termo agricultura.
Para que os produtos primários, cheguem as prateleiras dos supermercados e
ao consumidor final, existe uma gama de profissionais e processos ao qual devem-se relatar,
como agronômicas, zootécnicas, agroindustriais, industriais, econômicas, administrativas,
mercadológicas, logística, entre outras. Devido sua complexidade e vasta área de atuação e
profissionais envolvidos, passou-se a tratar essas relações como agronegócios.
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Ocorre um êxodo rural, a população migra do campo para as zonas urbanas,
com isso, as propriedades rurais necessitam de expandir suas produções, ampliar suas redes de
negócios, dependendo de fornecedores e indústrias, ampliando suas áreas de comercializações
e exportações, evidenciando o atraso no termo até então aplicado como agricultura.
Para mudar a mentalidade e a nomenclatura adotada até então, é copiado em
1980 do inglês, o agribusiness, surgindo os primeiros movimentos em São Paulo e Rio
Grande do Sul. Agribusiness é então:
[...] o conjunto de todas as operações e transações envolvidas desde a fabricação dos
insumos agropecuários, das operações de produção nas unidades agropecuárias, até
o processamento e distribuição e consumo dos produtos agropecuários “in natura”
ou industrializados.. (ARAÚJO, 2005, p.16)
Somente a partir da segunda metade da década de 90 é que o termo
agribusiness é traduzido para o português, agronegócios, e começa a ser adotado por livros,
textos e jornais, ampliando para a criação de cursos universitários na área.
De acordo com a definição de Massilon J. Araújo, o agronegócios é divido
em três segmentos distintos, sendo eles antes da porteira, dentro da porteira e após a porteira.
O antes da porteira, podemos dizer que são um dos mais importantes
conjuntos de atuação, sem estes não haveria um sistema de produtivo efetivo. Trata das
relações comerciais com os fornecedores de insumos e serviços, como máquinas e
implementos, defensivos, fertilizantes, financiamentos, produtos veterinários, rações, água,
energia, entre outros. Neste primeiro ponto, os financiamentos, em sua grande maioria é
realizado com bancos estatais, a fim de assegurar e garantir a produção alimentícia.
Os financiamentos aos agropecuaristas são mais comumente realizados por bancos
estatais e por empresas interessadas na compra futura de produtos oriundos da
agropecuária, em geral as agroindústrias interessadas em assegurar o abastecimento
de matérias-primas e suas fábricas. (ARAÚJO, 2005, p. 46)
Dentro da porteira, ele define como sendo as relações desenvolvidas dentro
da propriedade rural, ou seja, a produção agropecuária, que são as colheitas, criações, trato
55
das culturas. E por último, mas não menos importante, após a porteira, que são as atividades
de armazenamento, industrialização, embalagens, distribuição do produto, consumo.
Até aqui dá a entender que a cadeia do agronegócio atende somente ao
processo produtivo voltado para a exploração alimentícia, sendo este um equívoco, pois
existem também, as atividade não alimentícias, com a produção de etanol, extração da
borracha, extração mineral, atividade florestal, e vários outros destinados a produção
energética, madeira, couro e calçados, papel, papelão e têxtil.
Mais recentemente o setor tem dado atenção principalmente às questões
ambientais, exigindo do profissional do jornalismo inteirar-se também deste quesito,
principalmente direito. Para atender as exigências governamentais e legais, os agropecuaristas
e empresários do setor devem respeitas as leis ambientais, de preservação ambiental, nível de
poluição para produção, desmatamento, reserva legal, em busca de um desenvolvimento
sustentável.
Basicamente na cadeia do agronegócio existe uma correlação entre as
cadeias produtivas existentes, uma cumplicidade e dependência, umas mais e outras menos.
Esta inter-relação é apontado como Cluster, que busca mostrar a existência de ligação entre as
cadeias. Um exemplo prático é a cadeia de grãos, que são utilizados na fabricação de ração
animal para as cadeias de aves, suínos, bovinos, eqüinos e ovinos, existindo uma dependência
para fixar e manter a produção animal, um reflexo negativo na cadeia de grãos pode afetar
todas as demais interligadas, influindo em seus preços e abastecimento ao mercado
consumidor. Ainda dos resíduos produzidos pelas aves e suínos podem se tornar insumos para
a agricultura.
Dessa produção, os animais serão destinados ao abate, sendo fontes de
rações, artefatos de couros, entre outros setores da agroindústria. Ou seja, a cadeia do
56
agronegócio não existe vista isoladamente, mas sim aglutinada e dependente de vários setores
produtivos, passando a não ser mais auto-suficiente como no passado.
Com as constantes mudanças proporcionadas pelo mundo globalizado,
exigiram do jornalismo dinamismo e atualização em seu processo de entendimento da
informação, criando novos conceitos, ramificações os métodos de aprendizagens, qualificando
profissionais especializados.
Contrariando tal pensamento o pesquisador em ciências da comunicação,
Ricardo Alexino Ferreira (2002), afirma que é inconcebível um profissional da comunicação
julgar-se especialista somente pelo fato de durante anos cobrir uma determinada ramificação
do conhecimento.
[...] o jornalismo especializado envolve muito mais a essência das ciências da
comunicação, por exigir do profissional a contextualização dos fenômenos, as suas
conexões, permitindo o resgate do passado para a interpretação do presente e a
projeção pra o futuro. (FERREIRA, 2002).
O Brasil é um país agroexportador, tendo como base econômica a produção
proveniente de atividades como a agricultura e pecuária, sido conhecido por suas terras ricas e
produtivas. Desde 1500, na descoberta do Brasil, dá sua contribuição econômica, marcando
épocas dos ciclos históricos de exploração, como: pau-brasil, açúcar, café, borracha, cacau,
algodão, fumo, soja, frutas e derivados, carnes, couros, calçados e outros.
57
Tendo sido explorado pela extração de madeira, logo nos primórdios do
século 16, pelos portugueses, posteriormente pela cana-de-açúcar, pela pecuária extensiva,
utilizando grandes áreas para criação de gado, até chegar à produção de café, atividade que se
tornou forte principalmente no Estado de São Paulo, com imigrantes italianos.
Segundo Fava Neto, (2006, p.03), o agronegócio representa de 30% a 35%
do PIB (Produto Interno Bruto, é em 2003 mais de 42% das exportações realizadas pelo país
foi responsabilidade do agronegócio brasileiro.
Segundo apontamento de Massilon J. Araújo as projeções do agronegócio
mundial em 2028 é de US$ 10,2 trilhões, com crescimento anual de 1,46% ao ano. Só em
2007, o comercio do agronegócio brasileiro movimentou US$ 45,26 bilhões em exportações.
Aquela visão antiga de pessoas ligadas ao setor agropecuário de pessoas
pobres, sujas, sem qualificação ou instrução, vem sendo substituída, em conjunto com a
mentalidade de que as propriedade rurais em conjunto com os produtores, podem ser mais
rentáveis e lucrativas, com a implantação de novos métodos e através de capacitações,
58
implementando a idéia de empreendedores rurais, transformando a fazenda em uma empresa
rural.
Em gestão agropecuária, hoje uma fazenda apresenta uma arquitetura diferente. É
um conjunto de contratos e agentes articulados, com insumos, revendas, prestadores
de serviços, técnicos, comerciantes e outros. A fazenda fica cada vez mais enxuta,
eficiente e empresarial. Mudam o perfil e a imagem do fazendeiro, para muito
melhor e para um moderno empresário. (FAVA NETO, 2006, p. 04)
O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com
produção de soja, milho, arroz, feijão, trigo, sem contar na produção de carne bovina, com um
rebanho com aproximadamente 180 milhões de cabeça de gado. Dados do Departamento de
Agricultura Norte Americano, em 2006, o Brasil possui 845 milhões de hectares, sendo que
somente 50 milhões estavam sendo utilizados.
Outros 42 milhões não podem ser usados porque são cidades, estradas, lagos etc.
Outros 444 milhões são florestas e devem ser usados sustentavelmente, aproveitando
os bilhões de dólares da biodiversidade. Sobra, então, algo entre 130 milhões a 140
milhões de hectares ainda não usados de cerrado, bem como 170 milhões de hectares
de pastagens – e parte disso pode ser convertido para grãos e outras culturas. A soja
pode ser produzida em uma área de 50 milhões a 100 milhões de hectares, gerando
algo entre 150 milhões a 300 milhões de toneladas, se o mercado mundial assim
desejar. (FAVA NETO, 2006, p .04-05)
O mundo tem reconhecido o potencial agrícola do Brasil, voltando suas
atenções para o país, mas tudo isso é decorrente da crise mundial por falta de alimento, com
altos preços acumulados das commodities.
Alguns dos fatores que levam a falta de abastecimento de alimento mundial,
deve-se a utilização de 10% da produção mundial de milho pelos Estado Unidos para
fabricação de etanol. Isso representa duas safras brasileiras. Somente em 2007 houve um
aumento de 37% na utilização de milho para produção do etanol pelos EUA.
Além disso, outros fatores compõem a falta de alimentos, segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação (FAO), houve um
aumento na demanda mundial, a alta do petróleo e as condições climáticas desfavoráveis.
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Devemos aqui analisar que a produção alimentícia nos EUA, União
Européia (UE), Japão, a produção alimentícia é subsidiada pelo governo, que são incentivos
para regular a oferta e procura pelos produtos. Enquanto no Brasil, os agropecuaristas,
individam-se com empréstimos e financiamentos para manter sua produtividade, até mesmo
porque é esta a única forma de renda ao produtor rural.
No Brasil, a agropecuária é tributada em todos os segmentos do agronegócio e,
dentro da “política agrícola” existente, ela é tratada como uma atividade econômica
igual a qualquer outra, sem respeitar suas especificidades. (ARAÚJO, 2005, p. 47)
O agronegócio começou a ter destaque, a partir de 1990, quando houve a
abertura da economia brasileira aos mercados externo, com isso, produtores e pessoas ligadas
ao setor tiveram mais acesso a novos produtos, exigindo mudanças dos sistemas produtivos
do país, trazendo um desenvolvimento forçado, criando novos nichos de mercados e
especialização dos produtos nacionais.
Em decorrência dessa abertura, surge a grande oportunidade para o
fortalecimento da cadeia da pecuária de corte nacional, uma chance de exportar a carne
brasileira. Somente em 2007, foram exportados 2,53 milhões de toneladas de carne bovina,
um faturamento de US$ 4,4 bilhões, apresentando um crescimento de 12,6% em relação às
operações realizadas em 2006. Paises como Rússia, Egito, Irã, Estados Unidos e Reino Unido
são os países importadores do produto brasileiro. Informações da Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
O agronegócio brasileiro tem grande importância na balança comercial, participando
com mais de 40% da pauta de exportações e sendo altamente superavitário, de modo
a contribuir sensivelmente para evitar os déficits comerciais do Brasil. (ARAÚJO,
2005, p.28)
Além do que, o agronegócio emprega 52% da população economicamente
ativa (PEA), cerca de 36 milhões de pessoas, de acordo com Araújo. Neste ponto, temos um
problema na cadeia do agronegócio, que deve a nós relatarmos, influindo diretamente na
60
circulação e alcance das notícias no setor. Um dos primeiros pontos agravantes são os altos
índices de analfabetismo ou baixa instrução escolar dos produtores e trabalhadores rurais,
tendo a grande maioria concluído apenas até a quarta sério do ensino fundamental.
Isso deve-se ao difícil acesso às escolas, mentalidade diferenciada das
pessoas residentes nos centros urbanos e a necessidade de começar desde cedo o trabalho no
campo. De acordo com pesquisa do Instituto de Economia Agrícola, órgão ligado a Secretária
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o perfil dos trabalhadores formais no
campo em 2006, 81,7% são homens.
A atividade pecuária nos primórdios esteve diretamente ligada ao cultivo da
cana-de-açúcar, no litoral. Porém, com o crescimento da agroindústria açucareira, obrigou aos
criadores de gado, migrarem para novas localidades, proporcionando o desbravamento do
sertão. Sendo que a atividade com gado, era somente para a alimentação, transporte e forma
de trabalho em alguns engenhos.
61
Com a migração dos pecuaristas, a atividade pecuária foi estendendo-se para
outras localidades do país, como Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Já no Estado de São Paulo, foi uma cidade do interior que tornou-se
referência na pecuária de corte: Araçatuba. Localizada há 528 quilômetros da capital, o
município veio a ser conhecido na década de 60 pela sua atividade pecuária, vindo mais tarde
a ser conhecido como a Capital do Boi Gordo, uma década depois, em 70.
Vicente Pavan (à cavalo no destaque) em frente ao Hospital da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB). Hoje
Hospital Santana. Data de 1926
Além da pecuária de corte, o município foi o principal responsável pela
produção de arroz da região na década de 20. A partir de 1970, com seu reconhecimento
nacional, pela atividade de criação de boi gordo, atraiu para região novos moradores,
expandindo sua população. Ainda na década de 70 a região passa a produção de álcool como
mais um potencial econômico, fazendo parte do Proálcool.
62
A pecuária começa a ser construída na região de Araçatuba, com o fracasso
financeiro das lavouras de café e do abandono das plantações de algodão, no início dos anos
40. A pecuária ganha força com a chegada de pecuaristas de outras localidades, vindos de
Minas Gerais e Goiás, atraídos pelas planícies de extensos pastos.
Araçatuba surgiu como Capital do Boi Gordo, por suas pastagens de
colonião, propícias para engorda, além das características de seu solo e do clima.
Revolucionando a economia local, com a chegada de frigoríficos e companhias de táxi aéreo.
Mas um dos grandes vanguardista da pecuária de Araçatuba foi Vicente de
Almeida Prado, que adquiriu as primeiras terras na cidade em 1923 para formação de duas
fazendas. Tendo contribuições importantes de: Clibas de Almeida Prado, Torres Homem
Rodrigues da Cunha, Osvaldo Cintra, Orlindo Tedeschi, Vilobaldo Peres, Honor Afonso,
Moacyr Aguiar, Plácido Rocha, Juquinha Maia, Névio Camargo, entre outros.
A compra e venda de boi magro vindos dos estados de Minas Gerais, Goiás
e Mato Grosso, na década de 40, eram realizadas a pé, que podiam durar ate 50 dias. O
transporte feito por caminhões, viriam apenas mais tarde em 1960.
Já em 1957, chega a Araçatuba o frigorífico T. Maia, de propriedade de
Sebastião Ferreira Maia, que iria revolucionar o mercado comercial da carne bovina,
ofertando melhores preços aos pecuaristas locais.
Com o crescimento da pecuária regional, os criadores da região de
Araçatuba, fundam em 25 de outubro de 1945, a primeira entidade representativa do setor, a
Associação dos Invernistas e Criadores de Gado da Alta Noroeste, que quatro anos mais tarde
passou a ser a Associação Rural da Alta Noroeste (Aran). Já em 1965, a Aran, passa a ser
Sindicato Rural da Alta Noroeste (Siran).
Sendo destaque também nas regiões de Andradina, Barretos, São José do
Rio Preto, Presidente Prudente, Catanduva, entre outras cidades e regiões.
63
Com o avanço do setor agropecuário brasileiro, começam a se desenvolver
as feiras agropecuárias por todo o país, tendo início em 1614 na Bahia, como fomento para a
expansão do mercado interno e externo.
A Exposição Agropecuária de Araçatuba, é realizada desde 1959, no início
era apenas um concurso restrito para criadores da região, com o objetivo de confraternização e
amostra daquilo que tinha de melhor na região. Passando a ser uma feira comercial a partir de
1965, aberta ao público e a participação de empresas. Só em 1970, foram realizados os
primeiros leilões, com a entrada de expositores, passando assim a cobrança de ingressos e a
participação de shows artísticos. Já em 2008, a Expô Araçatuba é considerada a maior
exposição agropecuária do Estado de São Paulo, e a terceira maior do Brasil, ficando atrás
somente da ExpôZebu, em Uberaba/MG e ExpoLondrina, Londrina/PR. Esses dados são de
pesquisas realizadas no acervo bibliográfico do Sindicato Rural da Alta Noroeste, através das
revistas da Exposição Agropecuária de Araçatuba dos anos de 1999, 2000,2001 e 2004.
O objetivo das exposições eram trazer inovações tecnológicas para os
agropecuáristas de todo o país, com realização de leilões, apresentação de maquinários
agrícolas, variedades de animais, novidades genéticas no setor animal, como cruzas
industriais. Com isso, a movimentação econômica oriundas das feiras agropecuárias são
consideráveis, com vendas de maquinários e gados, movimentando milhões em investimentos.
Somente em na 49a Exposição Agropecuária de Araçatuba, realizada em 2008, foram
movimentado cerca de R$ 15 milhões.
2.2 Teorias de marketing aplicadas ao agronegócio
A sociedade atual é uma sociedade de consumo, atraída pelas promoções, e
liquidações. Mas com passar dos anos, as indústrias tiveram que aumentar sua capacidade
produtiva, em decorrência a demanda ascendente. Está é a mesma realidade vivida pela
64
agroindústria, que teve que expandir sua capacidade produtiva, exigindo dos produtores
rurais, aumentarem sua produção, em decorrência do crescimento populacional.
O marketing vem para satisfazer as ânsias, necessidades e desejos dos
consumidores, através das trocas. Ele vem então para analisar os sistemas de distribuição dos
produtos e traçar estratégias de como podem melhorar o processo de forma a tornar seus
produtos mais competitivos.
A satisfação ou não do produto disponível ao consumidor, é o que lhe
garantira sua continuidade de fabricação ou não. Caso seja reprovado pelo cliente, não
atendendo suas necessidades e desejos, será substituído por outro, retirando-o do mercado.
Para definir o objeto principal deste item, no marketing existem diferentes
posições de diversos autores, que segundo eles todos são fragmentadas, incompletas é que não
conseguem apresentar por integral a função do marketing, apresentamos então alguns
conceitos em nossas pesquisas. Começaremos pela definição de Kotler:
1. A organização concebe suas missões em termos de satisfazer a um conjunto
de desejos definidos de um grupo de clientes específicos.
2. A organização reconhece que a satisfação de desejos requer um ativo
programa de pesquisa de marketing para conhecer esses desejos.
3. A organização reconhece que todas as atividades de influenciar clientes
devem ser colocadas sob um controle integrado de marketing.
4. A organização acredita que ao fazer um bom trabalho em satisfazer aos
clientes, ela ganha sua lealdade, repetição de negócios e palavras de recomendação,
coisas que são cruciais na satisfação dos objetivos da organização. (KOTLER, 1996,
p. 33)
Já no conceito de J. B. Pinho, as ações de marketing abrangem todos os
produtos, serviços, marcas e ações que comunicam algo, e por isso necessitam construir um
relacionamento com o cliente consumidor.
[...] marketing, definindo-o como a técnica e a ciência que estudam o processo das
descobertas e interpretações das necessidades, desejos e expectativas do consumidor
e do convencimento de que outros clientes continuem a usar não somente os mesmos
produtos, mas também serviços. (2001, p. 11)
A tradução em português do termo é mercadologia, que significa:
65
o estudo do mercado em sua forma mais ampla, incluindo o processo de produção,
arquitetura de apresentação do produto, formação de preços competitivos, formas de
distribuição, propagandas e publicidade etc., visando descobrir os desejos e as
necessidades atuais e potenciais dos consumidores, como atender aos seus anseios e
até mesmo superar suas expectativas, de modo lucrativo. (ARAÚJO, 2005, p. 131)
Para que as trocas sejam realizadas é necessário que haja a comunicação.
Deve haver uma troca de informação mútua de vendedor para consumidor e de consumidor
para vendedor, que somente desta forma será possível verificar as necessidades dos clientes.
Entre os canais que podem ser utilizados estão os jornais, revistas, a televisão, as estações de
rádio e os cartazes. A maior parte dessa comunicação são realizadas pelas agências de
publicidade e propaganda, relações publicas ou as assessorias de comunicação.
A utilização de técnicas e teorias de marketing vem sendo utilizada cada vez
mais por esse mercado e grupo econômico, na busca de captura de valor, novos mercados,
compradores, assim como na inovação de seus produtos, serviços marcas, como explorando
novos nichos de mercado, para tudo isso tem sido utilizado cada vez mais comunicólogos, nas
áreas de publicidade e propaganda, jornalista e marketing, como um reconhecimento de suas
colaborações para o desenvolvimento e maior sucesso do setor do agronegócio.
A comunicação neste ponto ela é persuasiva, pois com a globalização os
consumidores estão mais informados, críticos, conscientes e que as ferramentas de
comunicação não podem mais ser usadas isoladamente.
De acordo com Levitt (1985) com a globalização nenhum lugar se encontra
isolado diante das modernizações. Quase todas as pessoas em qualquer lugar do mundo são
incentivadas ao consumo daquilo que elas ouviram, viram ou experimentaram. Dessa forma
ocorre uma homogeneização dos mercados, dando inicio ao explosivo mercado globalizado,
que também padronizam os produtos.
66
As empresas no novo mundo globalizado conseguiram compreender a
necessidade da imprensa em seus processos produtivos, em busca de obter publicidade
gratuita, sendo utilizadas como fontes para matérias, entrevistas e reportagens. Passando a ser
desta forma, sensíveis a função desempenha pelos veículos de comunicação, sendo estes
responsáveis por afetar a capacidade de alcançar os objetivos.
O impacto potencial da imprensa sobre a prosperidade da empresa faz com que
muitas criem um departamento de relações públicas com uma responsabilidade
importante no tocante à imprensa. O gerente de relações com a imprensa é o gerente
de mercado para esse público especifico. Seu trabalho é o de antecipar as más
notícias e tentar cancelá-las ou, então, apresentar o outro lado da história. Deve
também sentir as oportunidades de publicidade favorável e fornecer histórias e
manter contato com repórteres. O gerente eficiente de relações com a imprensa
conhece a maioria dos editores das mídias mais importantes e desenvolve
sistematicamente com eles uma relação de benefícios mútuos. Ele não se aproxima
dos mesmo com ameaças ou súplicas e sim oferece serviços de valor, como notícias
interessantes, material informativo e acesso rápido à alta administração; em
contrapartida, os repórteres respeitam sua necessidade de receber cobertura
favorável, de ser informado sobre as coisas e de lhe ser dada a oportunidade de
fornecer o ponto de vista da empresa. (KOTLER, 1996, p. 61)
As estratégias de marketing são empregadas também nas trocas
comerciais entre os países em busca de benefícios mútuos. Em busca de expandir suas
negociações e lucros o empresário busca então o mercado externo, não necessariamente
deixando o mercado interno. Mas para alcançar esse público diferenciado, para que não tenha
prejuízos, ele deverá investir em pesquisas, análises de preços, propaganda, se adaptando as
necessidades desse novo nicho de mercado. Segundo Kotler para que esse produto tenha
sucesso deve ser visto as questões ambientais econômicas, política, cultura e o comércio.
Para podermos tratar de algumas estratégias de marketing aplicadas ao
agronegócio, devemos ressaltar que sua aplicação serve apenas analisada em um contexto de
mercado, para isso contamos com ajuda de Troster e Mochón (1994) apud Araújo (2005, p.
126) para definir o conceito de mercado: [...] toda instituição social na qual bens e serviços,
assim como os fatores produtivos, são trocados livremente.
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Uma das técnicas utilizadas pelo setor do agronegócio, é o conceito aplicado
de cooperativismo ou mesmo associativismo, no qual o lema é “juntos somos mais fortes”, ou
“a união faz a força”.
Associativismo ou ação associativa é qualquer iniciativa formal ou informal que
reúne um grupo de pessoas ou empresas para representar e defender os interesses
dos associados e estimular o desenvolvimento técnico, profissional e social dos
associados. É uma sociedade civil sem fins lucrativos, com personalidade jurídica
própria. (SEBRAE-MS)
O Cooperativismo é um sistema econômico que faz das cooperativas a base de todas
as atividades de produção e distribuição de riquezas, tendo como objetivo difundir
os ideais em que se baseia, no intuito de atingir o pleno seu desenvolvimento
econômico e social. É a união de pessoas voltadas para um objetivo comum, visando
alcançar os objectivos propostos na sua constituição estatutária. (WIKIPÉDIA).
Esse sistema de cooperativismo ou associativismo em algumas localidades,
tem fortes influencias sobre seus afilhados, coordenando as cadeias produtivas, organizando
os produtores, tudo isso com o objetivo de promover o desenvolvimento e maior lucratividade
aos produtores rurais.
O sistema é adotado principalmente para produção destinada a exportação,
onde para se obter uma lucratividade considerável, é necessário uma grande produção. Em
conjunto produtores rurais, unidos, fecham cargas para consiguirem melhores preços, sejam
na hora de comercializarem o produto final, ou até mesmo na compra conjunta de insumos,
aplicado a qualquer cadeia produtiva.
Já as exportações, são realizadas por grandes empresas, ou como vimos em
grupos de produtores organizados, onde os importadores exigem alto padrão de qualidade do
produto, quantidade elevado, além de ter que ser freqüente as demandas de entregas.
Caracteriza-se como um mercado seguro e que apresenta o melhor preço.
As exportações estão diretamente ligadas aos preços dos produtos internos.
Pois os produtos de exportação como soja, café, açúcar, frangos são influenciados pelos
68
preços no mercado internacional. Mas uma das grandes estratégias de marketing hoje para a
cadeia do agronegócio, exigida pelos políticos são a segurança alimentar, rastreabilidade e o
aumento de sua eficiência produtiva e logística.
O setor do agronegócio utilizando das cooperativas e associações, utilizam-
se de investimentos conjuntos para traçarem estratégias de marketing, desenvolvendo ações
de estímulo ao consumo de produtos da cadeia produtiva, busca de fornecedores para suas
empresas, sendo uma solução para instituições que vivem na expectativa de aumentar sua
produtividade.
Para tudo isso é necessário saber com quem se esta comunicando, saber se
esta sendo compreendido, saber como falar e quando falar, analisando as expectativas desse
consumidor. Segundo Richard Jakubaszko, a partir disso fica um pouco mais fácil comunicar-
se, sendo necessário então, apenas selecionar os meios de comunicação que serão utilizados
para colocar um produto no mercado ou uma nova idéia.
Esses técnicas, estimulam o crescimento do consumo per capita, conquista
de novos consumidores, e para todas essas estratégias são necessários planos de marketing.
Essas estratégias comerciais, de associações, são utlizadas pelas cadeias
produtivas da carne bovina, por vários países como Austrália, Estados Unidos, Inglaterra,
Irlanda, Uruguai, Canadá, Nova Zelândia, entre outros. Há também no Brasil, associações
Láctea Brasil, representando a cadeia do leite.
(...) as empresas estão se unindo na tentativa de aumentar sua produtividade, sua
força perante setores concorrentes, e conquistar consumidores em novos mercados.
Junto a esse crescimento surge a necessidade da criação de um plano de marketing
apropriado para essa tipo de organização, cujo objetivo, na maioria das vezes, é a
promoção do produto e o desenvolvimento da cadeia produtiva. (FAVA NEVES,
2006, p.82)
Para um empreendimento agropecuário com sucesso, os empresários devem
se utilizar de técnicas administrativas para obtenção do sucesso esperado. Traçando suas
69
metas, objetivos e métodos a serem utilizados. Isso servira para traçar sua produção e tempo
estimado para o objetivo.
Para auxiliar nesse processo Araújo, apresenta-nos uma síntese formular:
Essas definições constituem-se nos chamados “5q1c”: o que, quanto, quando, quem,
para quem e como. A melhor forma de estabelecê-las é por meio de projetos
consistentes e coerentes, não só quando se quer obter financiamentos bancários, mas
também para a condução de qualquer atividade. (ARAÚJO, 2005, p. 75)
A medida que os empresários descobrem a comunicação como meio de
marketing eficiente, existe uma evolução nas informações, evoluindo também os diretos do
consumidor, tornando-se mais exigentes, além de maiores alternativas de produtos.
Como vimos no item anterior, o segmento depois da porteira, é um dos
que mais iram utilizar das técnicas de marketing, pois é aqui onde encontra-se os processos de
distribuição do produto até consumidor.
Os produtos agropecuários são basicamente comercializados in natura,
ou seja, não serão industrializados ou processados. Esses produtos chegam ao consumidor
final, da mesma forma que saiu da propriedade rural, podendo este ter sido embalado ou não.
Um exemplo desse processo são as frutas, vegetais, hortaliças, feijão, grãos. Mas alguns
optam por agregar valor, ou seja, beneficiam seus produtos.
Esse foi um reflexo da globalização, com o aumento da produção, aumento
do consumo, os consumidores exigiam produtos melhores, com melhor aparência, e quando
começam a ser disponibilizados produtos alimentícios embalados, de formas semi-prontos.
Dentro das teorias do marketing, nos temos o marketing rural empregado
principalmente nesse setor, que depende principalmente da informação levada aos agentes
formadores de opinião na cadeia produtiva que são os médicos veterinários, engenheiros
agrônomos, zootecnistas, isso porque na hora da compra o produtor rural tem o habito de se
consultar com seus prestadores de serviços. Sendo assim, dependendo do ramo de atividade a
empresa, esta deverá investir no marketing rural, levando a informação a esse grupo seleto.
70
Os processos de comercialização são realizados com mais freqüência pelos
intermediários ou atravessadores, que são empresas ou pessoas que compram os produtos dos
agropecuaristas e repassam para outros níveis comerciais. São esses indivíduos que
determinam os preços aos agropecuaristas, por estarem mais informados dos preços e valores
de mercado.
Quanto menos desenvolvida é a região e menos organizados são os produtores,
maior importância têm os intermediários na comercialização, mesmo pagando
preços baixo, porque são eles que conseguem retirar os produtos da fazenda e levá-
los ao mercado.(ARAÚJO, 2005, p. 80)
Este pode ser um dos pontos fracos da cadeia do agronegócio, pois devido a
falta de organização, articulação e informações dos produtores rurais, os preços são imposto
por terceiros a eles, caracterizando uma fragilidade da cadeia, em virtude da falta de
comunicação e coordenação da cadeia.
Quando compram seus insumos e equipamentos (...) os produtores perguntam
quanto custa? e, nas vendas de seus produtos, perguntam quanto paga? ou, qual o
preço do dia? Massilon J. Araújo, 2005, p. 86-87
No sistema de comercialização nos temos também as centrais de
abastecimentos e bolsas de mercadorias, elas não efetuam a comercialização de nenhum
produto. É um espaço destinado a prestação de serviços. Nas centrais de comercialização são
comercializados produtos com tempo de vida reduzido, como verduras, legumes e frutas. Um
exemplo de centrais de abastecimento, e a CEAGESP. Já as bolsas de mercadorias,
comercializam os produtos menos perecíveis como grãos, fibras e bois.
Um sistema muito utilizado na comercialização dos produtos do
agronegócio são as estruturas dos mercados futuros, por meio da Bolsa de Mercado & Futuro
(BM&F). Eles realizam comercializações de produtos, comercializando safras que ainda não
foram colhidas.
71
Com essa nova descoberta da comunicação para o agronegócio mundial,
surgem no meio jornalístico, novas tendências ofertando variedades ao público, que
geralmente apresentam alto poder aquisitivo e intelectual, com o surgimento de revistas,
jornais e programas, sejam eles radiofônicos ou televisivos, especializados. Sem contar o
surgimento dos canais televisivos com programação direcionada ao público especializado,
como Canal do Boi, Canal Rural, entre vários outros sites, inovando também o mundo digital.
Fava Neto (2006) sinaliza ainda oportunidades aos profissionais de
marketing no setor de associações setoriais, devido o grande crescimento das organizações em
número e tamanho, com aumento de demanda de planos de marketing e o acompanhamento
constante e necessário.
[...] o marketing e a publicidade segmentam os mercados e os objetivos ao modular
as intervenções segundo as diferentes escalas para melhor aproveitar as
oportunidades de penetração das redes, produtos e serviços. (Mattelart, 2000,p. 128
Antes de encerramos esta parte farei mais algumas breves considerações de
alguns procedimentos que devem ser empregadas às cadeias do agronegócio, que são as
pesquisas de marketing, um instrumento de análise que colhe informações para auxiliar nas
tomadas de decisões, importante a qualquer setor produtivo, produto, marcas registradas,
embalagem, preços, descontos, fornecedores, canal de distribuição, publicidade, venda
pessoal, promoção, relações públicas, serviços e garantias.
O setor deve mostrar ao público seus produtos disponíveis no mercado,
induzindo a estes dar preferência ao produto. Veremos agora um dos últimos aplicações de
marketing de J.B. Pinho (2001, p. 35-36)
Quatro Os – os componentes clássicos do composto de marketing são chamados
“quatro Ps” , derivados dos termos ingleses product (produto), place (distribuição),
price (preço) e promotion (promoção).
Produto – depois de tomadas as decisões quanto aos bens a ser produzidos, esse
elemento do mix determina as escolhas relativas à apresentação física do produto,
linhas do produto, embalagens, marca e serviços.
72
Distribuição – a distribuição engloba as decisões relativas aos canais de distribuição,
com definição dos intermediários pelos quais o produto passa até chegar ao
consumidor, e à distribuição física do produto, com a solução de problemas de
armazenamento, reposição e transporte dos locais de produção até os pontos-de-
venda.
Preço – é uma variável que pede a determinação de escolhas quanto à formação do
preço final para o consumidor (alto, médio, baixo) e das polícias gerais a serem
praticadas em termos de descontos, vendas a prazo, financiamentos.
Promoção (ou comunicação) – todo esforço de comunicação empreendida pela
empresa para informar a existência do produto e promover as vendas, por meio da
venda pessoal, publicidade, propaganda, relações públicas, merchandising,
marketing direto, embalagem e promoção de vendas.
Devendo a este seleto grupo buscar manter um fluxo permanente de
informação, pois a cada dia mais o setor de agronegócio tem se tornado dependente do fluxo
de informação para suas negociações comerciais.
2.3 O mercado regional: adequação às novas tendências mundiais
A partir de 2002, a pecuária de corte começa a perder espaço para as
plantações de cana-de-açúcar na região noroeste do Estado de São Paulo, por apresentarem
ser mais rentáveis ao produtor rural.
Frente a isso, o espaço rural começa a ser substituído das vastas áreas de
pastagens, onde dava lugar à criação extensiva do gado de corte a produção do setor
sucroalcooleiro.
A economia brasileira é movida pela exportação de produtos primários,
sendo assim agroexportador.
A origem da região de Araçatuba está ligada à chegada da Estrada de Ferro
Noroeste do Brasil, a qual modificou e traçou a identidade da cidade. Ao transformar suas
estações em núcleos urbanos, que posteriormente constituíram pólos para o escoamento da
produção cafeeira, sendo uma das primeiras culturas praticadas pelos que aqui habitavam.
73
Em 1908, a estação ferroviária de Araçatuba foi inaugurada o que fez afluir,
para a região, imigrantes, em sua grande maioria japoneses, para trabalharem nas lavouras de
café.
Na região de Araçatuba o boi gordo cedeu espaço para o fracasso financeiro
das lavouras de café e do abandono das plantações de algodão no início dos anos 40. A
pecuária surge para substituição dessas culturas, ganhando espaço, força e destaque nacional
pela qualidade de sua pecuária, atraindo atenções de pecuarista de Minas Gerais e Goiás.
A pecuária atraiu um alto número de empresários entre as décadas de 40 a
60, que em um dado momento não haviam mais terras para serem vendidas para a engorda do
boi. Este ciclo começou em 1965, quando muitos pecuaristas, interessados em ampliar seus
negócios migraram seu rebanho para o estado de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Com o aumento das atividades ligadas à pecuária, sobretudo a de corte,
houve forte êxodo rural gerando uma ocupação esparsa do território. Na década de 50, em
decorrência da forte atividade da pecuária de corte, em Araçatuba e Birigüi, formou-se um
importante pólo produtor de calçados e artefatos de couro.
Logo mais nos anos 70, o cultivo da cana-de-açúcar se expandiu, trazendo
consigo a instalação de diversas usinas e destilarias em municípios da região.
O município de Araçatuba ainda que não tendo como ponto forte a atividade
da pecuária de corte, ainda ostenta o titulo de "Capital do Boi Gordo", sendo também, um
importante centro estadual de comercialização de bovinos, insumos e equipamentos para a
pecuária.
Foi também de Araçatuba que saiu boa parte do milho, arroz, soja, feijão e
tomate que abasteceram várias regiões do Estado de São Paulo. Segundo dados da Companhia
de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp Araçatuba) são produzidos hoje na
74
região, na parte de hortifrutículas, mais de 20 mil toneladas, entre frutas, verduras, legumes e
plantas ornamentais.
A pecuária local é considerada a quarta maior vendedora de gado de corte
do País, com um rebanho de 400 mil cabeças de gado, a cidade movimenta mais de R$ 14
milhões com a comercialização de 60 mil animais de corte e 1,2 mil reprodutores por ano,
com uma taxa anual de abates de 10 mil cabeças. Mesmo perdendo o seu posto de “Capital do
Boi Gordo”, Araçatuba ainda continua sendo referência nacional para a base do preço da
arroba do boi. Tendo a arroba mais alta, vindo em segundo lugar Dourados no Mato Grosso
do Sul.
A região concentra também o maior número de pecuaristas do Brasil. Além
de referência na criação de gado Nelore, sendo o segundo maior centro de comercialização da
raça. É destaque na produção de sêmen, que atrai criadores do Brasil e do mundo pela
qualidade da linhagem dos animais, conseguida através do melhoramento genético.
A produção leiteira do município e região é de 25 milhões de litros anuais,
que abastecem o mercado consumidor e indústrias. Além do rebanho bovino, a pecuária local
tem recebido investimentos de criadores que têm optado por outras espécies de animais, como
carneiros.
Nos últimos seis anos a cana-de-açúcar vem crescendo em larga escala, com
a grande demanda mundial pelo etanol brasileiro, concentrando na região oeste do Estado de
São Paulo, atualmente, 82 usinas sucroalcooleiras.
Por ser uma cidade agrícola, exige que tenha profissionais gabaritados para
realizar uma cobertura jornalística digna e de qualidade no agronegócio local.
A falta de cursos de pós-graduação voltados ao assunto, sendo um tema que
não é encontrado nas grades curriculares dos cursos de comunicação social com habilitação
em jornalismo, deparamo-nos então com um problema educacional.
75
Para comprovar a real necessidade de jornalistas especializados em
agronegócio, em 2002 a União dos Produtores de Bioenergia (UDOP) com sede em
Araçatuba, detectou tal problemática na região, propondo para a Escola Superior da
Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ – USP) parceria para a realização de um curso de
pós-graduação de Jornalismo em Agronegócios para capacitação profissional dos jornalistas
locais, porém tal iniciativa foi deixada de lado, não dando seqüência ao projeto, sendo
considerado inviável pela instituição.
Os profissionais das áreas de ciências agrícolas, medicina veterinária,
zootecnia, ficam indignados com os erros e falhas técnicas que são cometidas, pelos
profissionais da comunicação, por falta de conhecimento técnico, passando desta forma, a
realizar a cobertura do agronegócio, com a produção de matérias sobre o setor.
Segundo Edvaldo Pereira Lima (1993, p. 21), em Páginas Aplicadas, o
jornalismo serve ao propósito de informar e orientar sobre fatos da atualidade, mantendo um
vínculo de contato periódico com a audiência, que é dispersa geográfica e socialmente,
tratando de temas que dizem respeito aos mais variados campos do saber humano.
Para os jornalistas que irão abordar o agronegócio deve entender o
vocabulário e as aplicações dos termos utilizados pelas fontes, como o ciclo vegetativo, o
tempo que o vegetal leva para produzir e para reproduzir, entre outros termos técnicos. A esse
profissional não cabe simplesmente o fato de intermediador de uma informação, mas é
necessário o mínimo de conhecimento para poder analisar e compreender os fatos, não
desvirtuando aquilo que foi passado pela fonte.
O jornalista que abordar o setor de agronegócios ira se deparar com um
setor com diversas ramificações e vocabulário próprio. Abordando agricultura, bovinocultura
de corte, bovinocultura de leite, suinocultura, avicultura, avicultura de postura, entre várias
76
outras, e para que se aborde com credibilidade todos estes segmentos deve entender como
funciona cada cadeia produtiva além de saber o que ela é.
As empresas jornalísticas devem buscar atrair a atenção dos setores que
compõem a economia local, entanto a especialização em agronegócios é uma tendência para o
jornalismo regional, tendo visto a expansão do setor sucroalcooleiro e a movimentação
econômica proveniente de várias outras atividades agropecuárias.
O profissional de jornalismo por sua necessidade de ser multifacetado, de
cobrir várias editorias, acabam tendo que cobrir o agronegócio, mas é perceptível que são
escassos os jornalistas especializados a nível regional. Em entrevista do professor
universitário, Francisco Holfen Belga, para o Núcleo de produção em jornalismo da Uniara de
Araraquara, uma das regiões cujo perfil também é a base do agronegócio, fala sobre sua visão
do profissional de jornalismo nesta editoria.
O que a gente nota é que realmente há poucos jornalistas especializados na região.
Porém, muitos, senão a maioria que trabalha em nossa região acaba, mesmo que
indiretamente, atuando na área de agronegócios pela própria presença dessas pautas
no noticiário regional. Então, apesar de não existir muitos jornalistas especializados,
acredito que muitos lidam com essa informação, por isso é desejável que cresça o
número de jornalistas especializados para que a gente tenha uma melhor qualificação
e qualidade no trato dessas informação que englobam o agronegócio. São
informações que mesclam ciência, agricultura, economia, meio ambiente, quer dizer
é um complexo. A especialização em agronegócio é uma das mais multifacetadas,
porque você precisa do componente econômico, cientifico, agrário, social e
ambiental, integrado à temática do agronegócio. (BELGA, 2008)
Conforme tratamos no primeiro capítulo da formulação da grade curricular,
que devemos levar em conta os aspectos sócio-econômicos, culturais, religiosos, para
formulação de uma grade curricular, que atenda as necessidades regionais, tendo em vista que
a maior parte será absorvido pelo mercado regional.
O perfil do município de Araçatuba é movida em sua grande maioria pelas
atividades agropecuárias como mostra o relatório do Perfil Regional da Região Administrativa
77
de Araçatuba, de 2005, elaborado pela SEADE (Fundação Sistema Estadual de Análise de
Dados), Secretaria de Economia e Planejamento e Governo do Estado de São Paulo.
O estudo aponta que 14 municípios são movidos predomina pelas atividades
agropecuárias, 16 para as atividades agropecuárias e terciárias, 8 dedicam-se principalmente à
industria simples, 4 são multisetoriais e 1 tem sua economia caracterizada pelas atividades
simples do setor terciário.
Em outros termos, a base da economia regional é a agropecuária e muitas das
atividades industriais e de serviços ali desenvolvidas relacionam-se com o setor
primário. A região é o principal centro estadual de comercialização de bovinos e
vem se configurando como uma fronteira de expansão do cultivo de cana-de-açúcar,
no Estado de São Paulo. Nos últimos anos, tem se constituído em centro de negócios
do mercado sucroalcooleiro, abrangendo uma área de influência que inclui parte dos
Estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Paraná. (julho 2008, p. 7)
Tipologia dos Municípios, segundo Perfil do PIB 2004
Grupo 1: Agropecuários Alto Alegre, Brejo Alegre, Coroados, Guaraçaí, Guzolândia, Lavínia,
Lourdes, Murutinga do Sul, Nova Castilho, Nova Independência, Rubiácea, Santo
Antonio do Aracanguá, São João de Iracema, Suzanápolis
Grupo 2: Agroterciários Auriflama, Avanhandava, Barbosa, Bilac, Braúna, Gabriel Monteiro,
Gastão Vidigal, General Salgado, Glicério, Luiziânia, Mirandópolis, Nova Luzitânia,
Piacatu, Santópolis do Aguapeí, Sud Mennucci, Turiúba
Grupo 3: Industriais Simples Bento de Abreu, Buritama, Castilho, Clementina,
78
Guararapes, Ilha Solteira, Pereira Barreto, Valparaíso
Grupo 4: Industriais Complexos ___
Grupo 5: Multissetoriais Andradina, Araçatuba, Birigui, Penápolis
Grupo 6: Terciários Simples Itapura
Fonte: Fundação Seade.
Cabe aqui um parêntese para uma breve diferenciação entre algumas
nomenclaturas utilizadas pelo jornalismo. Quando nos tratamos do jornalismo em
agronegócio neste trabalho, estamos englobando nele as atividades econômicas, assim sendo o
jornalismo econômico, como suas atividades primordiais, como o sistema produtivo,
plantação, colheita, manejo, abordado por alguns como jornalismo rural. Mas no decorrer de
nossas explanações elucidamos que é impossível um profissional de jornalismo abordar o
setor sem compreender o seu funcionamento em um todo, sendo fragmentado se a sua
abordagem for estritamente econômica ou estritamente técnica. Então neste ponto divergimos
da conceituação de Moacir de Souza José apud Taiacollo (2006, p. 68).
A rigor, cobertura rural está ligada aos assuntos da produção, da terra, enfim no
aspecto mais técnico. Já cobertura de agronegócio envolve outros segmentos que
não só o da produção da fazenda. Basicamente, o agronegócio é composto quatro
setores: o de insumos (adubos, máquinas, sêmen, produtos veterinário, etc...),
chamado “antes da porteira”; o da produção propriamente dita (grãos, carne, etc...)
“dentro da porteira” da fazenda; o da indústria processadora (frigoríficos, laticínios,
fábrica de óleos vegetais, usina de açúcar e álcool, etc...), “depois da porteira”; e o
da distribuição (que transporta os produtos agropecuários para o consumo interno ou
para a exportação), também “depois da porteira” da fazenda. Mas quando se fala em
jornalismo rural, se subentende que a cobertura abrange tudo, da fazenda ao
agronegócio, como um todo.
Nosso conceito então ao termo de jornalismo em agronegócio é aquele que
compreende tanto o sistema de produção agrícola, “dentro da porteira”, todo o sistema dentro
da fazenda, plantio, colheita, como o sistema econômico, como as cotações, distribuição,
mercado e exportações, que são os “depois da porteira”, abrangendo também as indústrias e
fornecedores que estão no “antes da porteira”. Adotamos este conceito por julgar ser
necessário os veículos de informação, informarem não apenas os empresários, mas também
79
todos envolvidos no processo produtivo, como produtores e trabalhadores rurais,
agroindústrias, transportadoras, empresas, entre vários outros englobados nesse sistema.
Como nosso trabalho não tem o objetivo da analise de conteúdo de veículos
midiáticos locais, faremos algumas referencias das analises realizadas por Kely Cristina
Taiacollo, em seu trabalho Análise da cobertura jornalística em Agronegócios no Interior
Paulista.
O jornalismo de agronegócios ou agrojornalismo é centrado na divulgação da
pesquisa agropecuária que existe há mais de um século em nosso país, além de tudo
o que envolve o setor de agronegócios sendo o setor primário e secundário. É
importante ressaltar a contribuição pioneira de alguns veículos como as revistas,
Balde Branco e A Lavoura, dentre as tradicionais, o suplemento agrícola do jornal O
Estado de São Paulo, o jornal e site Valor Econômico, que também mantém notícias
de agronegócios do País. Em caráter regional, tem-se o programa televisivo Nosso
Campo, feito pela filiada Globo, TV Tem. A revista Globo Rural, também da Rede
Globo, merece ser citada pela contribuição relevante ao debate e à divulgação da
ciência da cultura rural brasileira (TAIACOLLO, 2006, p. 43)
O jornalismo regional em sua grande maioria é pautado pelos veículos de
grande circulação, sendo desta forma buscando aproximar as matérias nacionais para o
regional. De acordo com Taiacollo, a cobertura jornalística dos veículos impressos regionais
não abordam com propriedade o setor de agronegócios deixando a desejar.
Tendo visto anteriormente o perfil econômico de Araçatuba é
incompreensível compreender a falta de matérias e publicações voltadas ao setor, onde são
ricas em fontes oficiais de informações, dão prioridade as noticias vindas de agências de
noticias e de interesse nacional e não de caráter regional.
A cobertura econômica em agronegócio e rural são abordadas dentro do caderno de
Economia e Negócios em jornais regionais, nem sempre diariamente, é sempre em
quantidades muito pequenas para a tamanha importância que o setor tem
representado na economia regional, ou seja, os jornais não têm um caderno próprio,
para o agronegócio, como em alguns jornais de grande circulação, apenas cedem
espaço à cobertura rural e de agronegócio, dentro do caderno de economia.
(TAIACOLLO, 2006, p. 63-64)
80
Ainda no teor de veículos locais, temos as publicações semanais do jornal O
Liberal Regional, que aos domingos tem uma editoria exclusiva para tratar do agronegócio.
Enquanto na Folha da Região, são publicadas na editoria regional, sem nenhum espaço
específico destinado ao setor. A imprensa regional necessita redescobrir o jornalismo
especializado e a elaboração de periódicos e editorias destinadas a esta categoria.
2.4 Fluxo de informação no setor de agronegócios
A construção de notícias especializadas ao setor de agronegócio é escassa,
devida a vários fatores, uma delas é um problema estrutural das empresas midiáticas. A
imprensa apresenta os problemas financeiros como argumento, de não manterem jornalistas
especializados em algumas editorias, sendo raros esses profissionais em veículos impressos,
atendendo melhor ao perfil de empresas com melhor aporte e estrutura.
Diante disto, as publicações especializadas, principalmente no interior,
como é o caso de Araçatuba, a imprensa é alimentada pelas assessorias de imprensas das
empresas e instituições que diretamente ou indiretamente estão ligadas ao setor de
agronegócios como é o caso do SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste), UDOP (União
dos produtores de Bioenergia), EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) órgão ligado a
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, EDA (Escritório de
Defesa Agropecuária), CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral), COBRAC
(Cooperativa Agropecuária do Brasil Central), além de assessorias de imprensas das
agropecuárias locais, que divulgam informações na ordem de melhorias genéticas,
participação em feiras e exposições, e as das poucas assessorias das usinas de açúcar e álcool.
81
Sem deixar de mencionar que muitas das matérias que são publicadas no
tocante do agronegócio regional, são da assessoria de imprensa da Secretária de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, que pautam os veículos regionais com matérias de
importância do agronegócio estadual.
As matérias de jornalismo especializado muitas vezes podem ser
desenvolvidas por free lancer ou compradas das agências de notícias, sendo esta opção mais
viável ao mercado regional, não mantendo um profissional exclusivo para essa editoria
especializada. Fato similar acontece em sites especializados, são adotados parcerias com
pessoas ligadas ao setor de agronegócios que produzem as pautas, os artigos e matérias, não
sendo estes na maior parte jornalistas, mas sim formadores de opinião como, empresários,
médicos veterinários, zootecnistas, engenheiros agrônomos, presidentes de órgãos do setor.
Esse sistema esta enraizado nas teorias de jornalismo participativo/comunitário ou mesmo
jornalismo cidadão, onde muitos da sociedade podem participar encaminhando suas matérias.
E de grande valia as empresas e órgão do setor serem fontes oficiais, ou
muitas vezes responsáveis pela produção das matérias jornalísticas, uma vez que são treinados
por seus assessores de imprensas para o contato com a mídia, utilizando frases de efeitos,
comportamento diante do repórter, manipulação da verdade, adequando melhor a notícia a sua
realidade empresarial, em uma troca por marketing gratuito.
As assessorias neste caso do interior são fundamentais para manter um fluxo
razoável de informação circulando no setor de agronegócio, na distribuição de notícias. Mas
cabe aqui notificar uma preocupação, pois esses são empresários que não tem o objetivo, nem
mesmo o compromisso social com a verdade e com a informação à população dos
acontecimentos no seu setor. Por isso muitas vezes, a fonte manipula a informação
especializada, para que esta não prejudique sua empresa, negocio ou setor. Isso ocorre por
falta de profissional especializado para abordar o assunto, com quase ou nenhum
82
conhecimento, no tocante de sua abordagem jornalística, evidenciando a falta de preparo ao
mercado do agronegócio.
Os jornalistas contemporâneos e as rotinas mercadológicas estão obrigando
os profissionais a escreverem sobre aquilo que eles desconhecem ou não entendem muito,
precisando desta forma de bons informantes e fontes, para traduzir a realidade dos fatos. Para
isso o jornalista se vê submisso às fontes empresariais e institucionais, capazes de explicar e
fazer-se entendido, mas isso em seu tempo e horário.
Outra problemática que cabe este trabalho ressaltar é com o escasso número
de fontes no jornalismo especializado em uma cidade de pequeno ou médio porte, recorrendo
frequentemente as fontes oficias. Um exemplo no interior de São Paulo, ao se abordar temas
como a produção sucroalcooleira, na parte de usinas, o profissional gabaritada que deverá
fornecer as informações será o presidente da Udop (União do Produtores de Bioenergia),
António César Salibe, enquanto se o assunto tratado for pecuária de corte será o presidente do
Siran, Alfredo Ferreira Neves Filho.
Estes são exemplos dos problemas encontrados pelos veículos de
comunicação local, que mesmo com as imagens saturadas na televisão, no jornal, no rádio ou
na internet devem ser estes as fontes mais apropriadas para discursar sobre os temas.
Os telejornais iram pautar os veículos regionais para suas próximas edições,
sem deixar de relatar que os impressos serão as fontes oficiais das rádios que não dispõem de
profissionais para realizarem uma cobertura jornalística.
Se analisarmos que é um veículo que pauta o outro, iremos verificar que a
falta da recorrência na mídia do agronegócio, se deve por que nenhum destes abordar o
assunto. Sendo que cada empresa adota seu sistema de produção de notícias de acordo com
suas políticas editoriais.
83
A noticia só pode ser criada através de uma interação entre fontes e
jornalistas. Esse deve ser um processo natural, ela é o resultado de uma interação social, que
deve ter pré-disposição da fonte em passar as informações como por parte do jornalista
dominar o que esta sendo abordado é desempenhar um bom trabalho.
Todo conteúdo veiculado na mídia tem o ponto final em telespectadores,
leitores, ouvintes ou mesmo internautas, com a evolução da internet. Tudo isso foi graças ao
desenvolvimento dos meios de comunicação, e todo esse conteúdo gera um efeito no receptor,
como em todas as academias de ensino superior em jornalismo é abordado a questão de que o
profissional torna-se um formador de opinião. Mas para compreender essa afirmativa é
necessário abordar a teoria hipodérmica, que afirmava que as mensagens massificadas geram
um impacto nas pessoas, produzindo um comportamento prognosticáveis. Esta afirmava diz
que todos os indivíduos quer estejam inseridos em um contexto social ou não reagiam da
mesma forma, que os veículos de comunicação conseguiam gerar um mesmo comportamento
em diferentes pessoas.
Mais tarde com outro pesquisador, Lazarfeld, contradiz esta teoria,
afirmando que a mídia é capaz simplesmente de cristalizar, reforçar as opiniões já existentes
em cada indivíduo, sem qualquer possibilidade de muda-la, pois segundo ele as pessoas
consomem as informações de forma seletiva, de acordo com aquele grupo em que ela esta
inserida. Após anos de estudo outro pensador chega a uma conclusão de seus principais
pensamentos.
[...] 1- as mídia, regra geral, não servem como causa necessária e suficiente de
efeitos de audiência, mas influenciam sim no meio e através de um nexo de fatores e
influências mediadores; 2) estes fatores mediadores são tais que fazem da
comunicação de massas um agente contributivo, mas não a única causa num
processo de reforço das condições existentes”. (TRAQUINA, 2002, p, 17)
Para compreendermos como se dão as noticias e suas produções
utilizaremos de algumas teorias jornalísticas: newsmaking, gatekepping e agenda setting. São
84
essa teorias que buscam explicar os critérios que definem um assunto como “publicável” ou
não, sendo este considerado uma notícia de interesse comum ou dispensável gastar o espaço
das páginas impressas, ou dos minutos nas televisões e rádios.
De acordo com Wolf (2001), o newsmaking é o termo utilizado para
caracterizar o processo da produção da informação, são os processos e procedimentos que
iram guiar a seleção e produção das noticias, e determinar os critérios de sua noticiabilidade.
Para averiguar o grau de noticiabilidade do assunto será apurado seus valores/noticias. Onde
serão analisados o conteúdo, a disponibilidade de material (importância dos indivíduos, e
quantidade de pessoas envolvidas no acontecimento e os possíveis desenrolares da matéria), o
produto, o meio, (serão analisados neste ponto a acessibilidade a fonte, proximidade dos fatos,
formato e apresentação da notícia e o conteúdo a ser editado), o público e por último a
concorrência (julga-se aqui a publicação da notícia no veículo concorrente, além do padrão de
qualidade, e o furo de reportagem).
O conceito de agenda-setting, surgem nos anos 70, com o Maxwell
McCombs, que é uma revolução dos estudos até então apontados, que tendo em vista que o
mídia não tinha o poder em ditar o que as pessoas deveriam pensa, passou então a ter a
capacidade em sublimar o público sobre o que deveriam pensar e de forma pensar nessas
coisas, pautando desta forma a sociedade. Sendo feito isso através da linha editorial da
empresa, dos redatores, editores que compõem o quadro acionário da empresa jornalística.
Este termo nada mais é do que uma lista de assuntos e acontecimentos que são vistos em um
determinado momento e classificado de acordo com sua importância.
Os acontecimentos do dia-a-dia podem ser agendados pela mídia, eventos,
feiras, exposições, política, tudo isso pode ser agendamento, que serão assuntos prioritários
para noticiabilidade nos veículos de comunicação. Muitas vezes as assessorias de imprensa
85
servem para pautar, ou melhor, agendar os mídia a cerca do assunto de interesse de seu
cliente.
Neste parte de agenda, devemos lembrar que é de grande responsabilidade
do jornalista apresentar as justificativas para uma notícia ser a seleção de um dos temas
abordados pelos veículos, em segundo não mesmos importantes, esta a ação das agências de
assessoria, que devem apresentar um tema bem estruturado e que garanta sua noticiabilidade,
dependendo também da estrutura das empresas capazes de mobilizar os profissionais para ter
acesso ao campo.
Para que o agronegóco seja um motivo para agenda deve-se criar
acontecimentos para se tornar notícias, para isso a notícia tem que ser criada em escala
industrial, o jornalista deve dotar-se de capacidades como vocabulário, ortografia,
argumentos, conhecimentos aprofundados, além de saber filtrar aquilo que pode ser noticiado.
As matérias sobre agronegócio se tornar noticiabilidade em períodos pré-
determinados na região noroeste de São Paulo, como vacinação de febre aftosa, sendo de
extrema importância alertar pecuarista sobre a vacinação do gado, pagamento do Imposto
Territorial Rural (ITR), Feira de Negócios do Setor de Energia (Feicana/Feibio), que
movimenta o setor sucroalcooleiro regional, Exposição Agropecuária de Araçatuba, por ser
um evento reconhecido nacionalmente, sendo estes alguns dos acontecimentos que se
garantem na agenda-setting.
Mas ao abordar esses assuntos específicos profissionais defrontam-se com o
problema das fontes, não sabem quem devem ser entrevistados, por serem assuntos poucos
abordados pela mídia.
A qualidade no jornalismo em agronegócios se restrige exclusivamente ao
entrosamente da fonte e jornalista, tendo em vista que o profissional da comunicação muitas
86
vezes serão apenas meros canais de informação, transformando aquilo que o técnico ou
especialista do assunto tem para informação a mídia.
Outro conceito jornalístico aplicado a este item será o gatekeeper, é o
processo de escolhas das notícias, que passam por diversos analistas, chamados na teoria
como portões, que são momentos de decisões aos quais os jornalistas tem que decidir se irão
escolher esta notícia ou não para ser publicada. Sendo este um processo usual, que selecionam
os temas que deveram compor a pauta daquele veículo de comunicação.
Essa teoria é criada por David Manning White nos anos 50. Em sua análise
ele chega a conclusão que o processo de seleção das noticias, são feitas de formas subjetivas e
arbitrária, sendo ponderado pelo moral, ética, juízo de valor, não sendo nada objetivo e
imparcial, passando pelo crivo da ótica humana do profissional. A teoria analisa a noticia por
um único ponto, a partir de quem a produz: o jornalista.
Para que haja um fluxo de informação desejado pelo público especializado
em agronegócios devem haver fontes, estas que estejam disponíveis a compartilhar seus
conhecimentos e tornar público assuntos que possam ser de interesse de uma grande parte da
sociedade.
O jornalismo é de muitas maneiras mais parecido com a agricultura sedentária que
com a caça e a busca (...) As notícias são produzidas por jornalistas que cultivam
rondas regulares, fontes de informação reconhecidas que te o seu próprio interesse
em torna a informação disponível... Tal como na agricultura, nada é inteiramente
previsível (ELLIOTT, 1978, p. 187 apud TRAQUINA, 2003, 105).
Os veículos de comunicação julgam sem noticiabilidade assuntos
relacionados ao agronegócio, dando ênfase a assuntos polêmicos, destacando conflitos,
salientando os fatos humanísticos.
Desta forma a noticia é construída pela seleção, pois nem todos os fatos e
ocorridos são plausíveis de divulgações. Ao divulgar uma notícia a imprensa seleciona aquilo
que afeta um grupo restrito e transforma esse fato em algo capaz de mobilizar a grande massa.
87
Apresentadas essas teorias, leva-nos a indagar o que deve ser imposto nas
redações para o jornalismo em agronegócio não seja pauta freqüente das páginas dos jornais,
nas televisões ou nas rádios. Quais são os critérios que estão sendo adotados pelas empresas
jornalísticas para barrarem as informações do setor. Sendo que as matérias são de interesses
da comunidade uma vez que a economia do município é movida pelo setor de agronegócios.
Há por detrás das manchetes uma questão política, o veículo ira publicar
somente aquilo que for favorável a ele, omitindo aquilo que seja comprometedor ao seu
grupo. Em casos de brigas ou desencontros de opiniões podem levar muitas vezes uma
matéria não ser publicada em decorrência as desavenças entre o promotor do acontecimento é
a empresa jornalística, afetando desta forma o fluxo de informação.
Mas diante disto o único lesado nesse processo noticioso é o público que
fica sem acesso a informação, sendo informado apenas daquilo a mídia julga ser necessária
divulgação.
O produtor rural quer ter informações do setor, ele depende das notícias para
ficar por dentro das tendências de mercado. Sem deixar de relatar que dentro do agronegócio
são diversos os públicos, como o produtor rural, o empresário rural, o técnico, e que cada um
destes tem diferentes interesses nas notícias propagadas.
Um está preocupado com a agricultura, como o preço dos insumos,
enquanto o outro quer saber das inovações tecnológicas no setor pecuário. Tendo que haver
uma gama de noticias do setor.
Dentro do setor de agronegócio, o público mais exigente são os técnicos,
pois eles tem interesses em leituras especializadas, com argumentos críticos, quer informações
aprofundadas, não absorvendo qualquer coisa que lhe é fornecido como notícia. Diferente do
produtor rural, que habitualmente tem menor instrução escolar, mas que também merece uma
boa informação.
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Cada veículo de comunicação tem sua política editorial, que muitas das
vezes é decidido pela diretoria. Com isso são colocados as editorias de economia, caderno
agrícola, cultura, região ou cidades, políticas, julgando viável para seus público leitor ou
telespectador.
Uma teoria criada por Warren Breed, a teoria organizacional, trata
exclusivamente dessa relação entre política editorial e os profissionais da imprensa. Que ao
entrar em uma empresa jamais será discutido essa linha editorial com os profissionais, mas
com o passar do tempo eles vão incorporando essas normas, que segundo ele são mais
inerentes ao jornalista do que conceitos que ele teve durante sua vida inteira, como se ele
tivesse trazido com ele essas idéias editorias, ele chama esse processo de conformismo.
Breed afirma que em sua pesquisa os profissionais acreditam que esse
aprendizado deu-se por osmoze, sem uma explicação plausível para tal performace
profissional.
Estaremos analisando em parte o trabalho realizado por dois órgãos
importantes e formadores de opinião no setor de agronegócio regional que é Siran e a Udop.
Ambos possuem suas assessorias de comunicação que buscam levar a informação até seus
associados, suprindo a carência dos veículos de informação locais.
O Siran defende os interesses da classe de agropecuáristas da região de
Araçatuba, com alimentação diária de sua página eletrônica busca matérias de interesses da
agricultura, pecuária, econômicas, sanitárias animal, notícias que envolvam todas as cadeias
produtivas do Estado de São Paulo. Sendo esta também, utilizadas para fins institucionais, a
fim de prestar serviços ao seu associado, como balcão de empregos, classificados, histórico de
fundação, entre outros.
Além de ser elaborado mensalmente o Informativo Siran, que é destinado
via correio ao público cadastrado, com matérias também ligadas ao seu público. O perfil do
89
Sindicato, até mesmo por sua questão história carrega resquícios de uma abordagem mais
voltada para a pecuária, mais visível nas matérias publicadas no site.
E através da assessoria de comunicação que são distribuídas matérias
ligadas ao setor, com realização de cursos, palestras, problemas do setor, economia, sendo
mais respaldados pelos veículos impressos e radiofônicos, que os televisivos.
Já o trabalho da assessoria de comunicação da Udop, é um tanto sofisticado,
até mesmo devido sua área de atuação e o alto número de associados, atendendo toda região
oeste de São Paulo.
O trabalho é mais bem elaborado, com mais recursos em mão-de-obra
profissional, mantendo também sua página na internet com clipes diários voltados
exclusivamente para as questões do setor sucroalcooleiro e econômicos. Tendo matérias
publicadas em vários idiomas, diferente do Siran.
Sua mais recente inovação é um telejornal diário, produzido pela própria
assessoria de imprensa veiculado ao site, intitulada TV UDOP, que além desse telejornal
realizam cobertura de cursos, palestras, além de desenvolverem diversas matérias
relacionadas as usinas afilhadas.
O perfil das duas entidades se difere, por isso os trabalhos são divergentes.
Mas no tocante de trabalhos realizados, ambas alimentam os veículos locais, e são fontes
oficiais em seus setores.
2.5 Jornalismo e agronegócio: entre a quantidade e a qualidade da
informação
Para que tenha uma boa qualidade na informação que atenda o setor de
agronegócios o profissional deve ser bem qualificado, conhecendo o setor que atua e com
90
noção do funcionamento do setor. Buscando contribuir com os profissionais que buscam
literatura para compreender um pouco mais como procede à cadeia do agronegócio
explanaremos um pouco mais sobre como é o sistema produtivo na cadeia de agricultura e
pecuária, particularidades fortes na região noroeste de São Paulo, tendo em vista que é
impossível ter constante notícias do setor sem profissionais aptos a cobertura digna no setor.
Em primeiro lugar utilizaremos à definição de Massilon J. Araújo (2005, p.
49), sobre a produção agrícola:
A produção agrícola compreende o conjunto de atividades desenvolvidas no campo,
necessárias ao preparo de solo, tratos culturais, colheita, transporte e armazenagem
internos, administração e gestão dentro das unidades produtivas (as fazendas), para a
condução das culturas vegetais.
Na agricultura nos temos as plantas anuais, que são aquelas que tem apenas
um ciclo vegetativo e depois morrem, ou seja, produzem apenas uma única vez. E para uma
próxima colheita e necessário realizar todo o sistema de plantio. Este é o caso das culturas de
arroz, feijão, soja, milho, cenoura, melancia, alface, entre várias outras.
Há também as que produzem mais de uma vez ao ano, chamadas de ciclos
binários, como a mandioca, cebola, abacaxi.
As perenes são aqueles que após serem plantadas pelo produtor, reproduzem
várias vezes, com tempo maior de produção, sem que haja necessidade de um novo plantio.
Por exemplo a banana, o quiabo, cana-de-açúcar.
A colheita é a operação final no campo. Cada cultura tem sua produção em ponto
específico para ser colhida e exige um tipo diferente de operação. Por exemplo, as
culturas de grãos anuais (arroz, milho, soja, sorgo, cevada, centeio e outras) exigem
colheita com os grãos secos (umidade em torno de 14%), que pode ser efetuada
mecanicamente, com máquinas colhedoras automotrizes. (Idem, p. 52)
Já na pecuária de corte, nos temos diferentes tipos de sistemas produtivos
como o intensivo, o semi-intensivo e o extensivo. Os sistemas intensivos, são aqueles em que
91
a produção é realizada com maior tecnologia, é requer do empresário maior investimento em
instalações e acomodações para os animais, como comedouros (cocho), em sua grande
maioria, utilizados para a engorda e abate precoce dos animais. Este sistema pode ser usado
para qualquer sistema pecuário, sendo bovinos, eqüinos, ovinos, aves, suínos.
O sistema extensivo é aquele onde os animais são criados soltos, em uma
grande área. Desta forma, requer pouco investimento em instalações e menos cuidados com a
criação. A alimentação desses animais é baseada quase integralmente em pastagens, com
lento retorno financeiro e o abate e a engorda tardios. A economia de Araçatuba ficou
conhecida na década de 70 através de sua pecuária extensiva, vindo anos mais tarde, ser
ocupada pela cana-de-açúcar, obrigando aos pecuaristas mudarem de região ou optarem pelo
sistema intensivos.
Já o semi-intensivo, é uma mistura do intensivo com o extensivo,
explorando os aspectos vantajosos dos dois sistemas, onde os agropecuaristas exploram as
áreas deixando seus animais soltos e parte confinados, procurando intensificar a tecnologia,
com uma alimentação voltada à engorda.
Outro conceito importante em abordarmos é o manejo, e vale lembrar que
esta técnica varia de espécie para espécie, onde a alimentação é o principal fator de produção,
podendo representar até 70% do custo de produção, nos casos de suínos e aves.
O manejo dos rebanhos é o conjunto de práticas racionais adotadas nas criações,
com a finalidade de produzir animais de forma econômica. Nesse sentido é bom
lembrar que os ganhos (lucros) por unidade animal são geralmente pequenos,
exigindo muito profissionalismo na condução dos rebanhos. (ARAÚJO, 2005,
p.54).
O agronegócio é vasto para uma boa exploração e cobertura jornalística,
apresentando fatores econômicos, sanitários, sociais, entre vários outros. Muitos jornalistas
acreditam que o jornalismo em agronegócios, trata-se do simples fato de cobrir as variações
nas bolsas de valores, suas altas e quedas nos preços das commodities, mas o agronegócio é
92
muito mais vasto, exigindo do profissional amplo conhecimento, em medicina veterinária,
engenharia agronômica, zootecnia e muita economia.
Um desses exemplos são as incidências de pragas e doenças que podem
acometer uma plantação, não influindo somente nas questões econômicas, mas sim indo mais
além, apontando aspectos preventivos, de combate, suas conseqüências e surgimento.
Um fator um tanto inusitado no jornalismo em agronegócios, que contraria a
visão de especialistas e empresários do setor é na falta de entendimento do setor ao qual esta
se realizando a cobertura, publica fatos inverídicos, sem analise do contexto e da sua
construção histórica é impossível descobrir quem esta falando a verdade. Aspecto esteve
apurado durante o ano de 2008, quando o setor pecuário nacional reacendeu sua boa fase, com
a valorização da arroba do boi gordo e retomada das exportações para países da União
Européia, mas pela falta de informação, realiza-se uma cobertura fragmentada.
Os preços altos nos supermercados não eram sinais de lucratividade ao
criador de bovinos, mas era uma crise vivida na falta de insumos pecuários e agrícolas, que
apresentaram altas inacreditáveis, um deste foi o fosfato de bicálcio, utilizado na agricultura,
pecuária bovina e na produção de ração para suínos e aves, que apresentou aumento de 300%,
devido sua escassaz oferta no mercado, isso prejudicou na variação do preço da carne. Sem
contar que a exportação do produto brasileiro, acirra a competição por produto interno, pois o
mercado interno tem menos produto, em virtude de que estão sendo exportados, havendo uma
maior demanda e pouca oferta. E para cobrir o setor de agronegócios deve-se procurar ampliar
os horizontes, tanto no mercado econômico, como nas questões correlatas.
O profissional que realiza a cobertura deve também estar por dentro da
linguagem no sistema produtivo do agronegócio, mais relacionado aos setores da agricultura e
pecuária. Ao se analisar os dados divulgados de áreas e quantidades das safras e produções,
faturamento das exportações de carne e outros produtos alimentícios, para se chegar a este
93
denominador, deve-se lembrar que existem os coeficientes utilizados na agricultura e
pecuária, que são fatores que contribuem ou prejudicam alcançar a maior produtividade no
campo. Dentro da agricultura nós temos: a produtividade ou rendimento da cultura,
produtividade dos fatores de produção, ciclos das culturas, precocidade, qualidade dos
produtos, quantidade dos insumos, entre outros.
Antes de tratarmos os coeficientes da pecuária, utilizaremos uma explanação
de Massilon J. Araújo (2005, p. 53), e esclarece o equívoco de remeter a atividade pecuária
apenas a criação de bovinos.
A produção pecuária refere-se à criação domesticados, incluindo as etapas do
processo produtivo, desde as inversões em instalações, equipamentos, produção de
alimentos, cuidados com os rebanhos até a venda dos animais e de seus produtos.
Pela maior importância econômica da criação de animais das espécies bovinas, é
comum confundir-se pecuária com a criação do bovinos. Porém, o termo pecuária
refere-se à criação de animais em geral e não a determinada espécie (a bovina).
Com isso seguiremos as explanações referentes aos coeficientes na pecuária,
que na pecuária de corte, ou seja, cujo destino é o abate para o consumo, temos a precocidade
e idade de abate, rendimento de carcaça, velocidade de ganho de peso, relação
reprodutor/matrizes, índice de fecundação, taxa de fecundação, taxa de natalidade e
mortalidade, matrizes secas/em produção, qualidade de crias.
Já na pecuária leiteira, os coeficientes são prazos ou período de lactação,
produção diária e total do leite, conversão alimentar, teor de gordura, vida útil de matrizes e
reprodutores. A suinocultura são basicamente os mesmos coeficientes da pecuária de corte.
Na avicultura, que são as cadeias de aves, temos as de postura, que são as
produtores de ovos e temos a de corte, cuja finalidade é o abate. Na de postura temos os
índices de postura, vida útil das matrizes, tamanho de ovos e consumo de ração. A de corte
são influenciados pela conversão alimentar, lotação, mortalidade, precocidade.
94
São estes alguns fatores que devem ser levados em conta em uma redação
jornalística, para ampliar a informação do leitor, especializando sua escrita para um
jornalismo especializado em agronegócios, atraindo o publico do setor para o veículo de
comunicação o qual se trabalha. Mas devemos analisar aqui também que pode não ser de
interesse dos veículos aprofundarem suas matérias e publicações, tendo em vista que algumas
explanações serão um tanto técnicas, e na maior parte analisando apenas a visão do lado
econômico, que são a maior atuação dos veículos de informações, principalmente nas regiões
interioranas, como é o caso de Araçatuba.
Quando analisado o aumento nos preços dos produtos alimentícios, como
grãos, carne, verdura, legumes, entre outros, o jornalista ouvi como fonte o consumidor, os
supermercados e um produtor, priorizando o aumento e o reflexo para o consumidor, sem
deixar de levar em conta que esse aumento pode ser algo muito mais complexo, que muitas
vezes o jornalista não está apto a redigir, analisando que para a produção agrícola e com o
aumento dos alimentos pode haver falta de produto disponível para o mercado, problemas
metereológicos, falta de insumos e fertilizantes, o aumentos destes, que em sua grande
maioria são importados, aumento ainda mais o custo de produção. Estas devem ser algumas
análises realizadas pelas empresas jornalísticas e jornalistas, com o intuído de buscar atrair a
atenção dos empresários do setor de agronegócios para os veículos de circulação local.
Outro fator que cabe relatar, é que os veículos impressos não alcançam as
zonas rurais onde os pequenos e médios produtores rurais residem. Não tendo acesso aos
veículos impressos, muito menos a tecnologia da internet. Sendo informados basicamente
através de rádio e televisão.
Os meios de comunicação são tão importantes para a agropecuária quanto
para qualquer outra atividade empresarial, pois é através destes que eles se informam a
95
respeito de estatísticas econômicas, preços de insumos, crise no setor, investimentos, e os
mais atualizados acompanham as bolsas de mercado futuro.
Só a título de exemplo, nos EUA 52% das propriedades rurais têm acesso à internet.
No Brasil, embora sem estatística oficial, provavelmente esse percentual não chegue
a 2%. (...) telefone no meio rural não é só para transmitir recado; ele já tem uma
função de integração com a economia globalizada..(ARAÚJO, 2005, p. 47)
As mais freqüentes informações proporcionadas ao campo e de interesse dos
produtores rurais são com relação à qualificação técnica dos trabalhadores rurais, inovações
tecnológicas. Mas como vimos no item 2.1, o índice de conhecimento escolar são
insuficientes muitas vezes para compreenderem um livro, revista técnica ou mesmo um jornal.
Como cita Araújo, (2005, p. 48), os treinamentos são insuficientes, até mesmo devido o baixo
nível de instrução da população rural, o que dificulta a velocidade no aprendizado e a
absorção de um ensino mais elevado.
O agronegócio proporcionou o desenvolvimento de vários setores, na
comunicação, na informativa, na indústria química, bioquímica, genética, industria mecânica,
formação profissional e educacional,
Mas como realizar um trabalho com alto padrão de qualidade e
especialização se as mídias regionais não oferecem condições mínimas de trabalho, para ser
realizado um trabalho bem elaborado. Arthur Albarran, afirma isso com propriedade, que as
empresas que não possuem uma bom movimento de caixa, não tem condições de cobrir todos
os acontecimentos, ou ainda para desenvolver algumas reportagens mais elaboradas, cabendo
esta citação ao jornalismo especializado que exige um profissional e recursos financeiros para
serem desenvolvidas matérias desse gênero jornalístico. Mas mesmo assim o produto deve
atender as exigências dos cliente.
Como vimos no item anterior a quantidade das informações no setor de
agronegócios são escassos, sendo mais alimentados com periodicidade através das agências
96
de noticias, assessorias de imprensa ou mesmo pelos veículos de circulação nacional como o
Caderno Agrícola, que é publicado todas as quartas-feiras pelo O Estado de São Paulo, ou
pelas edições do Valor Econômico, que é um veículo propriamente voltado a economia.
A nível regional a maior periodicidade em matérias do setor é do jornal O
Liberal Regional que tem aos domingos uma editoria especial ao agronegócio. Mas as
matérias em grande maioria é de agencias de notícias ou textos de assessorias de imprensas,
não havendo um profissional exclusivo para produção de matérias destinadas a esse caderno.
A qualidade acaba ficando comprometida por sua falta de periodicidade nos
veículos locais, além de não haver profissionais especializados a fim de realizarem uma
cobertura na cadeia do agronegócio. Tendo muitas vezes o interessado recorrer aos veículos
de circulação nacional, ou mesmo na internet.
Mas em sua grande maioria o empresário rural esta interessado em ver a
realidade regional do agronegócio e não de outras localidades.
Para que se aborde o setor de agronegócios com uma forma mais agradável
que possa atrair a atenção até mesmo de pessoas que não estão ligadas diretamente ao setor,
exige do profissional que ele dê uma nova roupagem à cobertura jornalística do setor, com
uma redação agradável, sem utilizar de recursos que iram complicar a leitura, exclusão de
jargões de áreas específicas, muito menos o “economês”, “agronomês”, “zootecnês”,
utilizando-se de uma linguagem simples permitindo que todos possam ter acesso a essa
informação, preservando os princípios na elaboração da informação, preocupando-se em
informar.
Através dos manuais de redações adotados por alguns veículos de imprensa,
estabeleceram alguns padrões da qualidade da noticia que podem contribuir para o jornalismo
em agronegócio, melhorou a qualidade da informação divulgada por esses veículos.
97
Como abordamos no capitulo anterior, o jornalismo em tempo real,
reflexo da globalização, pode ter prejudicado uma melhor cobertura jornalística,
principalmente nas áreas específicas do conhecimento. Não havendo mais tempo para as
matérias mais elaboradas, jornalismo investigativo, entre outros gêneros jornalísticos, pois
devem seguir as tendências mundiais, de informar aquilo que acaba de ocorrer. Em busca do
furo de reportagem muitos erros podem ser comprometedores.
A falta de condições apropriadas ao trabalho jornalístico pode também
comprometer a qualidade da informação. Sem deixar de dizer que um profissional
despreparado para cobrir o agronegócios pode escrever muitas inverdades pela falta de
conhecimento técnico do setor especializado, comprometendo a credibilidade do veículo é
principalmente a qualidade da informação passado ao público.
O consultor João Bosco Lodi avalia o resultado dos profissionais no
mercado de trabalho:
Há falta de gente preparada para entrevista, a imprensa não captou o sentido das
coisas, houve um atropelamento da redação, aplicou-se um estereótipo. A não ser as
figuras de proa, em geral os jornalistas não estão preparados, não têm formação para
a área que cobrem. Aborrece ver um interlocutor que não faz perguntas inteligentes
mas repete questões que alguém ditou para ele. (RIBEIRO, 1994, p. 190)
De acordo com Mário Erbolato, os assuntos agrícolas nos veículos de
comunicação são para informar o homem do campo, que hoje já residem nas áreas urbanas
com suas atividades econômicas principais na zona rural. Que segundo ele os assuntos
abordados dependem da iniciativa do editor, estendendo os assuntos de acordo com o
interesse de seu público.
Os jornalistas hoje trabalham mais, e dispõem de menos tempo para
redigirem suas matérias, ouvirem fontes, apurarem as estórias, sem dizer que ficam menos
tempos nas redações, com tudo isso produzem noticias superficiais.
Com a tecnificação da informação, com a agitação no mundo da notícia o
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veículo que teria mais tempo para realizar uma cobertura mais séria e concisa seria o
impresso, mas não é isso que ocorre, ele também esta em busca de dar a notícia em tempo
real.
Para se ter qualidade alguns princípios devem ser seguidos à risca, como
clareza, objetividade e principalmente parcialidade nos fatos apresentados, sem se quer refletir
a distorção da realidade.
Neste ponto existe um mito de que o jornalismo busca ser objetivo em suas
abordagens somente repassando aquilo que é a realidade ou pelo menos parte dela, cabe ao
profissional coletar fatos, analisá-los e repassar ao público.
A qualidade pode ser ameaçada no momento que em o profissional de
jornalismo tem suas ideologias e opiniões transferidas para o trabalho realizado, deixando de
ser desta forma imparcial.
Uma teoria que melhor seria aplicada, mas não é o objetivo deste trabalho,
já tendo sido abordado em outros a qualidade da noticia no agronegócio, seria a análise de
conteúdo, que selecionado um tema, os veículos de comunicação a serem estudados aplica-se
a teoria para que esta faça o papel de analisar como os veículos abordam determinados
assuntos e como deveriam ser abordados.
A qualidade e quantidade esta relacionado diretamente com a capacidade
das fontes passarem informação, compartilharem informações, naquilo que ela é capaz de
passar ao jornalista.
99
III – A FORMAÇÃO ACADÊMICA DE JORNALISMO E O
AGRONEGÓCIO EM ARAÇATUBA
Procuramos mostrar neste capítulo como é a relação entre graduandos de
jornalismo, sua visão do mundo do jornalismo especializado, em contrapartida os formadores
de opinião, empresários do setor de agronegócio, sua visão sobre as coberturas locais e a
relação desses com os profissionais da comunicação.
Tentando elucidar as possíveis alternativas para um jornalismo
especializado com qualidade e profissionais aptos a uma cobertura da área de agronegócios,
preparados e que entendam o linguajar de uma editoria como esta.
Além de relatarmos que o que é visto nas academias pode não corresponder
com a realidade que o mercado de trabalho busca da comunicação, neste ponto um
questionamento: as academias devem ensinar a teoria ou buscar preparar o profissional para a
realidade mercadológica?
Apresentaremos a opinião dos profissionais que buscam nos veículos de
comunicação uma específica forma de notícias, mas que nem sempre terminam com êxito
suas ações.
3.1 Um panorama da educação jornalística em Araçatuba: quais as
expectativas dos alunos?
Hoje para que um jornalista faça parte da equipe de funcionários de uma
empresa jornalística, esse deve apresentar qualificação técnica, ou seja, uma graduação na
área específica, além de ter uma boa cultura geral, domínio na profissão, e ter qualidade em
sua área de trabalho, caso contrário esses serão descartado das mídias, sendo substituídos por
100
outro profissional.
A cada ano, novos profissionais são lançados no mercado de trabalho,
exigindo daqueles que já estão inseridos que busquem qualificação, aprofundamento em sua
área, sempre agregando valor a sua ferramenta de trabalho: seu intelecto.
Com a globalização, as mídias estão mais exigentes, querem inovações
disponíveis ao seu público, e para isso necessitam de profissionais que são flexíveis e que se
adaptam a mudanças estruturais a fim de expandir o mercado de comunicação da empresa.
Muitos, após saírem das faculdades se deparam com um mercado de
trabalho cujas exigências são para um funcionário multifacetado, mas que ao mesmo tempo
quer um profissional que seja destaque e que tenha um diferencial. Mas como preparar esse
profissional para um mercado de trabalho, sem lhe passar a realidade regional, aquilo que os
empresários e pessoas ligadas à sociedade querem ler, ouvir ou ver, afinal de contas a notícia
é uma mercadoria, e como outra qualquer, depende do público para seu êxito na
comercialização.
As instituições de ensino superior estão formando profissionais aptos a
atuarem? Ou simplesmente repassando o conhecimento teórico sem a noção da prática da
profissão? O jornalismo não é uma formação estritamente teórica e necessária aliar as
práticas, preparando esse profissional, pois as empresas requerem pessoas com experiência e
com o conhecimento do mercado de trabalho.
Os poucos profissionais que abordam o setor de agronegócio local não são
especialistas no assunto, simplesmente abordam o setor por uma questão de distribuição de
pautas feitas pelas redações.
Os jornalistas que desejam buscar um aprofundamento nessa especialidades
terá que encontrar em outras regiões, pois Araçatuba não dispõem de cursos de pós-gradução
ou especializado nessa área do conhecimento, destinada ao setor da comunicação, sendo
101
muitas vezes voltados aos cursos de administração de empresas e comércio exterior.
Um dos cursos/disciplina que poderiam suprir as necessidades desse
profissional em compreender melhor o mundo do agronegócio é o jornalismo econômico, mas
também não é disponível pelas faculdades da região.
O profissional de jornalismo em sua vida acadêmica recebe a informação do
que é o jornalismo econômico na disciplina de gêneros jornalístico, que em apenas uma aula
deve compreender os principais traços utilizados por esse segmento. Assim, como vários
outros gêneros jornalísticos que são repassados ao graduando de forma superficial, deixando a
critério do acadêmico se aprofundar no gênero que mais lhe interessa.
A educação das instituições de ensino são falhas, até mesmo porque seria
impensável repassar ao aluno todas as ramificações da área de atuação do jornalismo, seriam
necessários anos para que pudessem abordar parte das disciplinas do mundo jornalístico. Mas
como vimos no decorrer deste trabalho, alguns aspectos devem ser levados em conta pelas
instituições de ensino na hora da elaboração de suas grades.
A única instituição de ensino superior na área de comunicação social com
habilitação em jornalismo até o ano de 2008 na região de Araçatuba é o Centro Universitário
Toledo - UNITOLEDO, que não tem em sua grade curricular, nem mesmo nenhum curso de
extensão, pós-graduação na área de comunicação voltado ao agronegócio.
O interior ainda não despertou para a oportunidade de egresso desses
acadêmicos em um mercado especializado. Tendo em vista que as instituições elaboram suas
diretrizes com visão na formação do profissional de jornalismo para o mercado de trabalho
nacional. Mas não podemos deixar de mencionar, que vivemos uma realidade que nem todos
que saem das instituições de ensino serão absorvidos pelo mercado. Talvez, voltando à
formação profissional, em uma única disciplina especifica para o mercado regional,
contribuiria com as empresas e com os profissionais que saem para o mercado de trabalho,
102
analisando as necessidades daquilo que a região deseja ver em seus veículos regionais, que o
próprio nome diz, deve atender aos anseios da população local.
Como vimos no capítulo I, às instituições de ensino podem abordar o tema
de agronegócios sem necessariamente reestruturarem suas grades curriculares, realizando
adaptações nos conteúdos programáticos, ou mesmo oferecendo cursos de extensões.
Com o intuito de verificar a opinião dos maiores interessados em uma
melhor formação profissional, realizados uma pesquisa (ANEXO J) de forma aleatória com
15 alunos de graduação de jornalismo, do Centro Universitário Toledo, do oitavo semestre,
correspondente ao último ano letivo. Onde 10 são do sexo feminino e 5 são masculinos.
Para verificarmos o conhecimento destes alunos no tema proposto pelo
trabalho, na primeira pergunta do questionário perguntamos a ele se sabiam o que era
agronegócio. Desses alunos, 66% afirmaram saber o que era agronegócio e 34% afirmaram
desconhecer o assunto. Desses alunos, a grande porcentagem que não sabia o que era
agronegócio, era do público feminino, mas não cabe a este trabalho traçar o perfil dos
profissionais que iram atuar no campo de jornalismo de agronegócios.
Para confirmarmos a veracidade da alternativa assinalada foi fornecido três
opções com possíveis definições do que seria agronegócio, sendo que apenas uma era correta.
Dos pesquisados 12 acertaram a definição de agronegócios, enquanto 3 afirmaram
desconhecer a alternativa certa.
O próximo passo da pesquisa, já que se tratando de alunos do último
semestre de graduação, onde a grande maioria encontra-se já no mercado de trabalho, foi
verificar quantos desses atuam na área de agronegócios. No mundo pesquisado de 15 alunos
que estão aptos ao mercado de trabalho, somente 2 (dois) desempenham atividades
jornalística no setor de agronegócios.
Com o objetivo de atender as necessidades e desejos dos alunos para o
103
mercado regional verificamos se existe por parte dos acadêmicos interesse em disciplinas
voltadas para o setor, e se esses, acham importante esta matéria no curso de jornalismo. A
apuração foi a seguinte: 10 afirmaram que sim, seria importante o conhecimento ao
profissional de jornalismo. Enquanto 4 afirmaram que não. Apenas 1 participante considerou
uma nova alternativa, julgado ser importante não como uma disciplina mas sim como um
curso de extensão, uma matéria optativa. Isso pode ser em decorrência de não conhecer o
mercado regional de trabalho jornalístico, sendo treinado pelas academias que a prática
jornalística se restringe aos jornais impressos, que em nosso caso regional são os que mais
empregam, seguido das televisões, rádios e poucas são as assessorias. Sendo desconhecido um
mercado segmentado e especializado, pronto para ser explorado.
Na próxima pergunta do questionário para os alunos do curso de graduação
em jornalismo foi questionado se o agronegócio é importante para a economia regional.
Todos os participantes foram unânimes ao afirmarem que sim. Desta forma refletimos, como
possa ser uma atividade econômica importante para a região e não ser para o jornalista, que é
um formador de opinião e que esta inserido em um mercado de trabalho, querendo ou não terá
que abordar o agronegócio em sua rotina diária.
Da mesma forma foi apurado os resultados da pergunta número 6 que
indaga se o jornalismo sobre agronegócio é importante para o desenvolvimento econômico e
social da região. Nesta pergunta 14 responderam positivamente a ela, tendo uma abstenção.
Se é importante uma cobertura jornalística que aborde agronegócio para contribuir com o
desenvolvimento econômico e social da região, já redundante em afirmar, mas a formação
desse profissional que ira atuar no campo de agronegócios deve ser bem preparado, levando
informações bem elaboradas, contundentes e que atenda as necessidades de seu público.
Ao passo que a próxima pergunta analisou se os próprios alunos julgavam
necessário profissionais que conheçam a área do agronegócio, com o intuito de saber suas
104
visões sobre a graduação frente ao mercado de trabalho. De forma semelhante como as
anteriores, todos foram certos em afirmar que é necessário um profissional que conheça o
mercado e o mundo de agronegócios.
O alunado tem consciência de que o mercado de trabalho exige pessoas
qualificadas para realizarem boas coberturas, além de se resguardarem a credibilidade da
empresa, ao terem consciência de que para cobrir uma área específica é necessário dominar o
assunto. Mas esses futuros profissionais que decidirem se qualificar deverão buscas em outras
localidades, pois como vimos não há segmento educacional na região que atenda as
exigências do jornalista e do público do setor.
Da mesma forma que existem públicos voltados ao jornalismo especializado
em todas as áreas, o agronegócio também requer publicações e notícias destinada a esse
público, que veremos no item a seguir a visão do empresário sobre a comunicação.
Na penúltima pergunta questionados se existe por parte dos empresários
locais um interesse em receber informações sobre o agronegócio, os 15 participantes da
entrevista responderam afirmativo para a questão proposta. Afirmando que existe interesse
por parte dos empresários, empresas ligadas ao setor, informações destinada a eles.
Encerrando o questionário foi perguntado se as empresas e instituições, aqui
entram os departamentos de comunicação e assessorias de imprensa, como os veículos de
comunicação de massa, impressos, TV, rádio, têm interesse em contratar jornalistas
especializados em agronegócio. A resposta foi a seguinte: 11 dos participantes afirmaram que
sim, sendo apenas 4, acham que não há interesse nos especializados.
Nesta pequena amostragem é possível verificar que existe na grande maioria
dos graduando um interesse por matérias especializadas no setor de agronegócios, e acreditam
que há mercado para esses profissionais neste setor.
Para não restar dúvidas com relação à importância do agronegócio para a
105
formação profissional do aluno de jornalismo, aplicamos o mesmo questionário de forma
aleatória a 18 participantes do sexto semestre, correspondente ao terceiro ano, para
comprovarmos o resultado obtido com a pesquisa anterior, levando em conta que esses não
encontram na mesma situação dos entrevistados do quarto ano.
Nesta pesquisa os entrevistados são 11 do sexo feminino e 7 do sexo
masculino. Devemos ressaltar que a maior parte dos alunos de jornalismo são mulheres, pelo
menos nas duas classes aplicadas o questionário.
Na pergunta número 1, que avalia o grau de conhecimento do aluno a cerca
do termo agronegócio, 16 afirmaram saber o que se trata as atividades do agronegócio, 1
assumiu não saber. Aqui tivemos um caso que apesar de ter marcado nesta questão saber do
que se trata o agronegócio, errou a questão seguinte, que oferece as definições para o tema,
caracterizando desconhecer o que é agronegócio.
Nas perguntas a seguir foram verificadas quais destes alunos estavam
ligados diretamente ou indiretamente com o setor, foi verificado que apenas 2 tinham
atividades rotineiras com o agronegócio.
Aqui nos temos um desencontro daquilo que foi apurado na pesquisa do
quarto ano, um crescente número de alunos considera que o agronegócio não deve ter uma
disciplina obrigatório no curso de jornalismo. O resultado foi que 8 alunos disseram que não,
enquanto 10 sinalizaram positivamente a proposta. Podem ser diversos os fatores
influenciadores nesta questão, por não terem alguns disciplinas técnicas, maturidade,
conhecimento de mercado e vivencia na atividade jornalística, podem ser possíveis reflexos
na resposta.
Nas questões 5 e 6 foram questionados aos participantes se eles achavam
que o agronegócio é importante para a economia regional e se o jornalismo em agronegócios
pode ser um fator importante no desenvolvimento econômico e social. Na questão 5, todos os
106
alunos responderam que o agronegócio é importante para a economia regional, enquanto na 6,
17 responderam positivamente para questão, e apenas 1 discorda que o jornalismo seja
importante para o desenvolvimento econômico e social de região.
Nas questões seguintes, 7 e 8, questionavam os alunos sobre suas opiniões a
cerca do mercado de trabalho, se este necessita de profissionais que saibam o que é
agronegócio, e na seguinte se os empresários teriam interesse em serem informados sobre o
agronegócio. Na apuração constamos que 100% dos entrevistados acreditam que o mercado
necessita de profissionais que saibam o que é o tema abordado por nossa pesquisa, já na
questão 8, 94,5% dos entrevistados acreditam que os empresários tem interesses em serem
informados sobre o agronegócio local. Apenas 01 aluno respondeu contrária a maioria.
E na última indagação, sobre o interesse das empresas e instituições na
contratação de profissionais especializados em agronegócios, de um universo de 18
entrevistados, 13 responderam que acreditam que exista interesse por parte dessas instituições,
enquanto 5 acham que não há interesse no jornalista especializado.
Desta forma, buscamos comprovar em dois universos paralelos, que o
jornalista tem ciência do que o mercado de trabalho exige. O que esperam os
empresários/público e que há necessidade de matérias voltadas ao setor de agronegócios.
Cabe agora as instituições analisarem a viabilidade dessa proposta, afim de
atender os anseios de alunos e para que estes possam atender a demanda do jornalismo
regional.
Uma das formas que podem ser aplicadas esse conhecimento específico é
através de matérias optativas, que não são oferecidas pela instituição local, que é o nosso
universo de análise e estudo, sendo a única que dispõe do curso de jornalismo.
107
3.2 Um panorama do agronegócio em Araçatuba: quais as perspectivas do
setor?
Visto sob a ótica do acadêmico de comunicação social com habilitação em
jornalismo, buscamos através de entrevistas com formadores de opinião, empresários,
técnicos, representantes de instituições/empresas e políticos, ver quais são seus conceitos a
respeito do jornalismo de agronegócios no interior, suas ânsias, vontades e desejos com
relação à comunicação especializada.
A região oeste de São Paulo concentra hoje 82 usinas de açúcar e álcool,
sendo um vasto campo para atuação especializada no setor sucroalcooleiro, podendo esses
profissionais atuarem com edições especializadas, suplementos, revistas, ou até mesmo
assessoria de imprensa. Sendo que muitas dessas ainda não despertaram para a necessidade de
um departamento de comunicação, utilizando-se apenas de marketing.
Sem deixar de mencionar o poder econômico da pecuária de corte, leite e
atividades agrícolas produzidas pelas associação de pequenos produtores rurais da região.
Sendo um vasto campo para o jornalismo em agronegócio regional.
Estarei apresentando nesse primeiro momento a visão desses profissionais
sobre a atividade do agronegócio na região. Para a elaboração deste capitulo foram
entrevistados: o presidente da COBRAC (Cooperativa Agropecuária do Brasil Central),
Sérgio Gottardi Paoliello, que há 43 anos trabalha com o cooperativismo; o engenheiro
agrônomo e presidente da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), António César
Salibe, que há 35 anos atua no setor de bioenergia; o economista, produtor rural nos Estados
de São Paulo, Mato Grosso e Paraná, ex-presidente da Associação dos Produtores de Borracha
do Estado do Mato Grosso e vice-presidente da Associação Paulista do Setor, ex-presidente
da Câmara Setorial Nacional de Borracha e da Comissão Nacional da Borracha da CNA
108
(Confederação Nacional da Agricultura), vice-presidente na Associação Comercial do Estado
de São Paulo, Conselheiro da Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto e, a
partir de 2002 ocupou a presidência da Sociedade Rural Brasileira deixando o cargo para ser
secretário da Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João de
Almeida Sampaio Filho, com vasta experiência política no setor de agronegócios. O
engenheiro agrônomo, servidor público de Assistência Técnica e Extensão Rural da
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), assistente agropecuário é diretor
técnico de divisão do Escritório de Desenvolvimento Rural de Araçatuba (EDR), Marcelo
Moimás que há 18 anos atua na de atividade.
Entrevistamos também no setor agroindustrial, o diretor da empresa Fuga
Couros Jales LTDA, Fabrício Fuga que esta no setor desde 1997. O profissional em zootecnia
do SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste), professor universitário, coordenador do
SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), Carlos Eduardo Belluzzo, que atua há 13
anos no setor. E por último, não menos importante, o presidente do SIRAN (Sindicato Rural
da Alta Noroeste), coordenador da Mesa Diretora de Assuntos Econômicos da Pecuária de
Corte da FAESP (Federação da Agricultura e Pecuária de São Paulo) e agropecuarista,
Alfredo Ferreira Neves Filho que há mais de 48 anos esta na atividade.
Buscamos selecionar os entrevistados levando em conta quem seriam as
principais fontes de informação a nível regional, deveriam ser estes formadores de opinião,
que tenha contato habitual com os veículos de comunicação e os jornalistas, para que desta
forma pudessem contribuir para esclarecer essa relação de troca entre jornalistas e fontes de
informações e com experiência no setor de agronegócios ou agroindústria.
As perguntas realizadas aos entrevistados foram as mesmas, na sua grande
maioria houve um consenso de opiniões. Esses semelhanças se deram principalmente quando
questionados se haveria espaço para novas publicações para o setor de agronegócio e se já
109
foram detectados erros por esses profissionais nas informações divulgadas, todos responderam
afirmativa sobre as questões apresentadas. Vejamos alguns pontos analíticos sobre a visão de
cada um deles:
Para nosso primeiro entrevistado, Sérgio Gottardi Paoliello (Anexo B) o
agronegócio é a principal atividade econômica do município além de ser geradora de
empregos e tributos para o município. Ele acredita que as publicações especializadas deixam a
desejar, pois deveriam estar mais antenadas ao setor do agronegócio para repassar as
informações necessárias ao setor, afirmando que ainda, que há espaço para as publicações
especializadas no setor de agronegócio local.
Questionado sobre a importância do jornalista na divulgação do
agronegócio, reconhece que é de fundamental importância, mas ressalta que este necessita
conhecer o assunto abordado ou ao menos recorrer às fontes que conhecem e vivem o
agronegócio em seu dia-a-dia. Ele afirma que os veículos de mídia local, em sua grande
maioria, estão despreparados para atender as coberturas em eventos e acontecimentos ligados
ao setor de agronegócio. Sendo que várias vezes, pela falta de conhecimento e especialidade
no setor em questão cometem erros, por não dominarem o assunto ou não recorrerem a fontes
que entendam do tema.
Paoliello, afirma que a credibilidade local existe devido ao “monopólio da
verdade” pela imprensa escrita.
A credibilidade local existe, talvez mais em função de uma situação de quase
“monopólio de verdade” pela imprensa escrita, cuja concorrência é fraca ou
inexistente no âmbito regional. Já a imprensa radiofônica retransmite informações
geralmente levantadas pela escrita.
Não creio que seja uma referência para outras regiões, mas sim intra-regionalmente,
até mesmo pelas características de cada localidade e suas atividades. (SÉRGIO
PAOLIELLO, anexo B)
Para o presidente da UDOP, Antônio César Salibe, (Anexo C) fonte oficial
da mídia no setor sucroalcooleiro, o agronegócio regional vive seu momento de apogeu
110
devido à expansão do setor da bioenergia, com a instalação de novas unidades e a ampliação
das usinas existentes de açúcar, etanol e bioeletricidade. Ele afirma que apesar desse
acelerado processo os veículos de imprensa regional pecam em suas publicações, isso em
virtude da falta de profissionais especializados, diferente das situações vivenciadas pelas
empresas jornalísticas dos grandes centros e grandes mídias.
Questionado sobre a possibilidade de espaço para novas publicações
especializadas ele afirma que sempre há, ainda mais em um setor que esta em alta, sendo
discussão no mundo inteiro.
Sobre sua visão do profissional do jornalismo, ele afirma que esses têm
papeis importantes para o desenvolvimento da cidadania, informando com imparcialidade a
massa, não apenas no agronegócio, mas em todos os setores.
Diferente de alguns entrevistados, Salibe afirma que raramente encontra nos
veículos locais, dados e números irreais, mas isso ocorre pela falta de conhecimento profundo
da realidade do setor. Mas acredita que a região dispõe de bons profissionais, mas se faz
necessário uma especialização.
Para termos uma visão abrangente dos grandes veículos de comunicação e
de uma das fontes mais requisitadas e confiáveis para o tema, convidamos o Secretário de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, João de Almeida Sampaio Filho,
(Anexo D), para mostrar seu ponto de vista sobre o tema em discussão.
Para ele Araçatuba é um pólo do desenvolvimento econômico no setor de
agronegócios. Sendo forte na pecuária intensiva, através de confinamentos e melhorias
genéticas e na produção de biocombustível, que atua agora com o avanço tecnológico,
implantação de pesquisas e capacitação de profissionais do setor.
Questionado sobre as publicações especializadas para o setor de
agronegócios ele afirma que têm crescido, mas que ainda são restritas a um público
111
específico, dificultando uma melhor visão da realidade do setor.
Acredito que os agrosserviços em geral têm crescido, e dentro disso, a área de
comunicação possui ainda enorme potencial de crescimento. Isso se aplica
principalmente quando falamos da mídia eletrônica e o uso de internet. O produtor e
pecuarista cada vez querem estar mais informados e online, acompanhando o
movimento dos mercados. Com a globalização e a entrada do Brasil definitivamente
no mercado exportador de commodities, a cotação dos mercados futuros, as
previsões de safra de nossos maiores competidores, como Estados Unidos e
Austrália, influenciam diretamente e rapidamente no preço do produto agrícola na
nossa fazenda. (JOÃO SAMPAIO, anexo D)
Para se consolidar esse sistema de informação é necessário o jornalista e os
veículos de imprensa. Diferente da realidade regional, Sampaio diz que existem cada vez mais
especialistas aptos a realizarem a cobertura no setor. Expandindo o entendimento das grandes
emissoras de televisões, que criam novas editorias, englobando o agronegócio no cotidiano de
todos os brasileiros.
Segundo Sampaio os erros cometidos pelos profissionais, são nas análises
econômicas do setor de agronegócio. Que ao analisarem, por exemplo, as altas dos produtos
agrícolas e atribuírem esses aumentos de preços aos produtores rurais, colocando consumidor
contra produtor, são equivocados é não correspondem a realidade.
Quando o assunto em pauta é agropecuária, dados estatísticos, questões
políticas que envolvam o setor de agronegócio na região, a fonte oficial será o Escritório de
Desenvolvimento Rural (EDR), órgão ligado a Secretária de Agricultura e Abastecimento do
Estado, representado pelo diretor Marcelo Moimás (Anexo E). Ele afirma que nos últimos
anos o agronegócio na região cresceu, na indústria de calçados, sucroalcooleiro e de lácteos.
O valor gerado pelo agronegócio aumentou significativamente nestes últimos anos,
destacando a indústria calçadista, todo setor sucroalcooleiro e a de produtos lácteos.
Houve uma redução na participação dos frigoríficos, de processamento de tomate e
milho verde (uma única empresa) e das granjas de ovos. Os setores mais
relacionados com a produção de matérias primas locais se verificam no setor
sucroalcooleiro e de laticínios. O valor da produção primária também aumentou
significativamente, porém em nossa avaliação, não da forma desejada, pois
concentrou-se na expansão da cultura da cana-de-açúcar, em detrimento a pecuária
de corte, da avicultura, da suinocultura e do cultivo de grãos. A riqueza gerada pela
cana-de-açúcar também é mais concentrada. O desenvolvimento da fruticultura, do
reflorestamento e da olericultura ainda é pequeno. Avaliamos que o foco da
112
produção primária na região tem campo para se desenvolver em grande escala na
integração lavoura-pecuária, na bovinocultura leiteira e no cultivo de grãos nas áreas
de reforma da cana-de-açúcar e, em menor escala, pelo menos em um primeiro
momento, na produção utilizando tecnologias alternativas (p. ex. agricultura
orgânica), na fruticultura (criação de pólos como o da banana em Araçatuba), na
heveicultura, no reflorestamento (produção de lenha e de matéria-prima para a
construção civil) e no turismo (pontos de venda de produtos artesanais).
Causam preocupação ao setor, o modo como vem sendo conduzida a questão
ambiental, permeada por procedimentos embasados em normas de segunda
categoria, como portarias, instruções e resoluções, em detrimento de Leis e
Decretos, atos que envolvem maior discussão com a sociedade. Em termos de
Legislação, muito preocupante é a imposição da reserva legal, que certamente
inviabilizará economicamente muitas propriedades familiares da região, pois estima-
se que de 30 a 40% das áreas tenham o uso impedido para a produção agrícola,
especialmente de alimentos. Via de regra, as ações preconizadas na área ambiental
ignoram o produtor rural como parceiro na sua implementação. A degradação
ambiental, inclusive a queimada da cana-de-açúcar não são mais admissíveis, porém
o produtor rural que conserva o solo, promove a infiltração de água, protege os
recursos hídricos e fomenta a biodiversidade tem que ser reconhecido e premiado
por essa função, útil a toda sociedade.
A adequação da legislação também se faz necessária no caso da produção artesanal
de alimentos de forma que a saúde pública seja preservada e não seja restritiva a
viabilidade econômica desses pequenos negócios. Nesse sentido, a estruturação dos
serviços de inspeção municipais é imprescindível. (MARCELO MOIMÁS, anexo E)
Sobre as publicações especializadas Moimás, sente falta de materiais
voltados às questões técnicas, sendo que as publicações locais se atem aos jornais, encartes e
eventuais circulações.
Sobre a qualidade profissional dos jornalistas, ele afirma que várias vezes
deixou de atender a imprensa por deturparem as citações e as notícias repassadas pelo
Escritório. Os erros mais freqüentes são nos televisivos, mas que atualmente ouvindo várias
fontes o jornalista passa a ser imparcial, e comete menos erros.
Neste ponto voltamos a uma questão já citada neste trabalho, que são as
fontes de informação no setor de agronegócio, onde muitas vezes querem proteger seus
negócios omitindo a verdade, ou mesmo deturpando a realidade, e com isso cometem erros
jornalísticos. Por isso, para uma boa cobertura jornalística do setor, deve-se ouvir o máximo
de fontes para uma filtragem das informações, buscando a imparcialidade no objetivo de
chegar ao mais próximo da realidade, como visto anteriormente, devem estes profissionais
analisar as duas pontas envolvidas em uma informação.
113
Questionado sobre a carência de profissionais especializados, ele acredita
que a maior deficiência é na TV, pois tem menos tempo para a cobertura, por isso entendem
menos do setor. Mas que alguns veículos podem ser fontes confiáveis e de credibilidade para
outras regiões dependendo da forma de atuação.
Tentamos também ter uma visão de como o setor da agroindústrias vê o
jornalismo, suas publicações e o agronegócio regional. Nosso entrevistado, o diretor da Fuga
Couros Jales LTDA, Fabrício Fuga (Anexo F), vê o setor em expansão na região, com uma
variação de destaques em diferentes setores com o passar dos anos.
este ano foi o ano da cana-de-açúcar, em contra partida não esta sendo bom para os
frigoríficos e curtumes, mais seguem em expansão. (FABRÍCIO FUGA, anexo F)
Ele acredita que o jornalista é de fundamental importância para o setor, pois
é o profissional qualificado para a divulgação de questões institucionais. Fuga comenta que o
jornalismo regional deve ser realizado com a aproximação física de fontes e jornalista, mas
não vê essa disponibilidade em divulgar o setor por parte da televisão.
Sendo recorrente as semelhanças de opinião dos profissionais que atuam no
setor de agronegócios referente a falta de noticias especializadas nos noticiários das televisões
regionais. Dificultando dessa forma a propagar as atividades do agronegócio do interior, tendo
em vista, que muitas vezes o interior e visto e reconhecido por matérias produzidas pelas
regionais.
Se o assunto a ser abordado pela mídia for falta de qualificação profissional,
treinamentos, cursos, capacitações, mão-de-obra no setor rural, ovinocultura, doenças em
sistemas de produção, orientações técnicas a fonte oficial a ser abordada pela mídia será o
coordenador do SENAR, Carlos Eduardo Belluzzo (Anexo G), sendo o representante da
instituição na região.
Para ele o agronegócio regional deveria ser mais explorado e divulgado,
114
pois onde há predomínio de uma cultura não há desenvolvimento. Ele refere-se ao setor da
cana-de-açúcar, que devido o seu crescimento outras culturas perdem espaço, e deixam de ser
prioridades na cadeia produtiva, como ocorreu com a pecuária de corte e agricultura. Por
outro lado, esse processo trouxe o desenvolvimento de outros sistemas produtivos como a
ovinocultura, a criação de gado leiteiro intensivo, diversificando as oportunidades lucrativas
do produtor rural.
Belluzzo afirma que Araçatuba comporta novas publicações de jornalismo
especializado em agronegócio, tendo visto que a região esta enquadrada como uma das
maiores bacias produtoras de leite do Estado, produção de álcool e de hortifrutícolas. Mas isso
só será possível, quando houver um profissional com conhecimento específico na área, sendo
este o indivíduo ideal para levar a informação do setor a toda comunidade.
Devido ao despreparo desse profissional ao mercado de trabalho são
apurados alguns erros pelos técnicos, apesar disso ele acredita que os veículos locais são
confiáveis, mas não servem de referência para outras regiões.
Para encerrarmos nossas entrevistas, como Araçatuba foi durante décadas
considerada referência em pecuária de corte, e ainda hoje com a invasão da cana-de-açúcar
nas áreas de pastagens, tem seu título resguardado de Capital do Boi Gordo, devido a
qualidade e melhorias genéticas aqui realizadas e pelo número de grandes pecuaristas ainda
residentes na região. Como já mencionado, Araçatuba tem a maior cotação brasileira na
arroba do boi gordo.
Se tratando de pecuária de corte ou leite, direitos dos agropecuaristas,
medidas econômicas que afetam as cadeias produtivas do agronegócio, decisões
governamentais ou qualquer outro assunto que diga respeito aos patronais, a fonte a ser
procurada será o presidente do SIRAN e coordenador da Mesa Diretora de Assuntos
Econômicos de Pecuária de Corte da FAESP, Alfredo Ferreira Neves Filho (Anexo H).
115
De acordo com Neves, a região de Araçatuba no passado era movida
estritamente à base da pecuária de corte e leite, com as inovações da cana-de-açúcar veio
agregar valor a outras atividades.
Segundo ele, os produtores rurais devem estar atentos as movimentações do
mercado e as tendências econômicas, não deixando se levar pelas movimentações, mas usar a
prudência.
Alguns agropecuaristas não migraram para o setor sucroalcooleiro, optaram por
permanecer na atividade antiga, partindo do princípio de que todo negócio oferece
risco. Esse que não entrou totalmente no setor sucroalcooleiro, colhe hoje as
vantagens. Mas porque ele não mudou de atividade já que esta era mais lucrativa?
Porque ele estava tendo as informações que eram publicadas, absorvia e analisava.
(ALFREDO FERREIRA NEVES FILHO, anexo H)
De acordo com Neves, hoje os agropecuaristas estão mais informados,
sendo alimentados diariamente e passando a depender das informações para planejar suas
ações futuras. A maioria dessas notícias divulgadas pela mídia, são produzidas por assessorias
de imprensa, como é o caso do SIRAN, que disponibiliza a classe o Informativo SIRAN,
tiragem mensal com as principais notícias, além de pautar os veículos regionais.
Neves, afirma que para ser um bom profissional deve ter conhecimento
daquilo que esta sendo publicado, se aquilo condiz com a verdade, pois a imprensa tem
distorcido as informações, perdendo a credibilidade e confiança do público. Além de estar
atento a possíveis erros, pois segundo ele, quem esta por dentro de um assunto percebendo um
erro grave de informação deixará de acreditar naquele veículo.
Questionado sobre as publicações e coberturas jornalísticas locais no setor
de agronegócio, argumenta que deixa a desejar, e que o profissional que se qualificar, terá um
futuro promissor, pois falta mão-de-obra qualificada para realizar a cobertura midiática.
Segundo Neves, as empresas jornalísticas para atraírem a atenção do público
do setor de agronegócio deverá divulgar mais informações que agrade a essa classe, pois
116
quando precisa de uma informação, não encontra em âmbito regional, obrigando-o a recorrer
aos de circulação nacional.
Desta forma fica claro o conceito que os empresários, formadores de
opinião, especialistas, políticos, técnicos e representantes de instituições ligadas ao setor têm
sobre os veículos de imprensa regional e sua cobertura a cerca do tema. Sendo apontado como
uma das principais necessidades da mídia buscar mão-de-obra qualificada no intuito de
realizar uma cobertura jornalística digna de um público como este, além de despertar um novo
nicho de mercado.
Esses, quando precisam de uma informação recorrem aos veículos de grande
circulação, pois a mídia local não dispõem com freqüência matérias destinada a eles, além de
serem freqüentes os erros de informação em virtude da falta de preparo e conhecimento do
linguajar técnico.
Sendo assim, descobrimos como é visto o jornalismo, o jornalista, os
veículos de imprensa, as publicações e o agronegócio por esses senhores, importantes fontes
de informação, além de comprovarmos que esses não se sentem bem informados, respeitados,
alegamos isso pelo fato de haver erros de informações, e que existe uma deficiência por parte
da mídia em sucumbir o agronegócio de suas pautas, programas e informação. Interesse e
público há, faltam então órgãos de imprensa para atender o segmento.
3.3. Entre a formação jornalística e o agronegócio: a encruzilhada entre a
academia e o mercado
A academia forma o aluno para que este possa atender os anseios de um
mercado nacional e que ele possa desempenhar sua função em qualquer localidade. Mas como
temos visto, o jornalismo em agronegócios é uma necessidade real para algumas regiões,
117
assim como outros gêneros jornalísticos podem ser importantes em outras localidades. A
título de exemplo, se analisarmos a cidade de Birigui, descobriremos que o perfil econômico e
do mercado para jornalismo, será em jornalismo econômico, devido a grande quantidade de
indústrias de calçados, reflexo da pecuária regional.
Por isso, cada situação deve ser levada em conta, pesquisando para saber
qual é o perfil do profissional de comunicação que o mercado necessita e deseja. Não adianta
disponibilizar um profissional especialista em comércio exterior, se a atividade básica da
região onde ele esta inserido não realizam exportações. Semelhantemente pode ser visto a
questão que estamos tratando.
Um perfil que atenda a realidade regional é vistos nos cursos de
administração. A região dispõe de inúmeras indústrias e fábricas calçadistas, possibilitando
maior egresso desse acadêmico no corpo de funcionários de uma empresa.
Outra região onde o agronegócio é bastante difundido é Ribeirão Preto/SP e
Sertãozinho/SP, onde são movidas economicamente através da produção de cana-de-açúcar,
sendo os maiores pólos produtores do Brasil. Nesta região temos diversos tipos de
publicações especializadas, e com certeza, a mídia local deve realizar uma cobertura orientada
por esse perfil regional.
Podemos até mesmo dizer que as faculdades não formam seus alunos para o
mercado de trabalho, mas sim na tendência generalista, impõem o conhecimento a esses
alunos.
Os acadêmicos, principalmente aqueles que estão ligados a uma instituição
privada, querem que após sua graduação possam conquistar uma vaga no mercado de
trabalho, que apesar da grande concorrência busca sua colocação. Esses, como vimos na
pesquisa realizada por este trabalho, estão dispostos a se adequarem as tendência regionais
para que possam ingressar no mercado.
118
O agronegócio é um gênero jornalístico orientado pelo jornalismo
econômico, esse fator contribui ainda mais para agravar a cobertura midiática desse setor, não
sendo qualquer profissional que consiga abordar a economia e se fazer entender facilmente,
sendo complexo e com linguagens técnicas.
Os profissionais que atuam eventualmente na área de agronegócio, são
provenientes, em sua grande maioria, dos cadernos ou editorias de economia, pois os veículos
menores e do interior não possuem editorias específicas, ou aqueles que têm, são cadernos
publicados apenas um dia da semana, não sendo viável ocupar um profissional durante toda a
semana com uma publicação semanal, incumbindo este de outras atividades jornalística.
Como vimos e comprovamos neste trabalho existe uma crescente demanda
por um segmento especializado em agronegócio na região de Araçatuba. Sendo unânime a
necessidade de voltar o jornalismo regional para atender os interesses de um específico grupo.
Existe disponibilidade por parte dos empresários em consumirem as
informações locais referidas ao agronegócio, mas as instituições de ensino superior devem
também rever suas matrizes curriculares, tendo em vista que de nada adiantara produzir um
conteúdo especifico sem qualidade, ou sem profissionais qualificados para atender a região,
exigindo desta forma esforços institucionais.
Muitos dos alunos entram no curso de jornalismo ludibriados em serem
estrelas do Jornal Nacional, iludidos pelo jornalismo televisivo, em busca de sucesso e
notoriedade. Mas com o passar dos anos, esse aluno vai percebendo que são mínimas as
chances de chegar ao topo da elite do jornalismo brasileiro é onde muitas vezes os
profissionais se frustram antes mesmo de partirem para o mercado de trabalho.
A academia busca passar ao aluno a teoria e um pouco de prática das
atividades que o profissional após concluir sua graduação ira desempenhar em um veículo de
imprensa. Mas é fato, que o jornalismo exige mais que isso, sendo necessário as teorias e os
119
conceitos para a formação de um profissional completo e dentro das regularidades da
legislação brasileira, a fim de garantir qualidade jornalística ao público. Entretanto, somente
com a prática diária que este profissional se aperfeiçoará. Atreveria-me dizer que 70% na
formação jornalística seria a prática.
As teorias ensinadas nos bancos das faculdades não correspondem
integralmente à realidade e as expectativas do empregador.
O profissional entra no mercado e vê que tudo aquilo que foi ensinado a ele
na teoria, sua prática é funcionalmente é totalmente contrários. As faculdades têm a obrigação
de preparar o aluno para o mercado de trabalho, mas não é isso que ocorre, pois após
ingressarem em uma empresa os novatos sofrem para se encaixar no sistema dos veículos,
cabendo desta forma a empresa ensinar o profissional a trabalhar.
Sem deixar de relatar que o aluno sai das faculdades com conhecimentos
superficiais, sem aprofundamento em nenhuma editoria ou especialidade, uma análise
fragmentada. Cabe aqui o fundamento da holística, que busca analisar o conjunto de ações,
analisar o setor como um todo e não ramificado.
Sendo necessário especialização no jornalismo em agronegócio, mesmo que
este passe por um aperfeiçoamento profissional, somente terá evoluções significativas caso
seja inserido do mercado de trabalho, que com a rotina aprenderá na prática como funciona.
As instituições de ensino deveriam instruir seus alunos a realizarem estágios
supervisionados, para que alie a teoria com a prática, contribuindo ainda mais para o
crescimento e melhoria desse acadêmico.
A formação profissional embasada na teoria generalista, de um profissional
apto a escrever e realizar todo tipo de cobertura fica ultrapassada e de certa forma prejudica a
qualidade da informação, pois nem sempre o jornalista compreende aquilo que esta
escrevendo, escreve por ouvir falar, não tendo análise, projeções, sendo um simples
120
intermediador. As instituições de ensino devem ensinar seus alunos a pensarem, ainda mais os
jornalistas.
A instituição deve antes de fundar um curso em uma determinada região,
valer-se de uma pesquisa de mercado, analisando quais são as tendências, necessidades,
carências regionais, para que desta forma tenha mais sucesso em sua empreitada, em busca de
novos alunos.
A análise do mercado, não é benéfica apenas às instituições de ensino e sim
ao aluno. E confuso pensar em uma região cuja economia e movida pelo agronegócio e não
ter disciplinas, ou mesmo cursos de graduação destinada ao setor em questão.
Os profissionais de jornalismo sendo preparados para o mercado de trabalho
regional pelas faculdades, haverá mais facilidade destes se inserirem nas empresas locais.
Sem esquecer, de que com isso evitaria que esse profissional fosse obrigado a se deslocar para
outros pólos regionais em busca de emprego, tudo isso deve ser analisado nessa relação
agronegócio, profissionais, mercado de trabalho e faculdades.
A maioria dos docentes de jornalismo relata no decorrer do curso que o
mercado regional é restrito e com poucas vagas disponíveis a estes.
A questão da especialização profissionalizante do jornalista, e uma garantia
mercadológica dele próprio, pois é comum e freqüente que econômicas, médicos veterinários,
zootecnistas, engenheiros agrônomos, ocupem lugares de jornalistas formados no mercado,
por não existir profissionais competentes para esse área específica, reduzindo ainda mais o
número de vagas disponíveis. Se este não for contratado pelo menos será free lancer,
reduzindo assim as chances dos profissionais da comunicação realizarem a cobertura do tema.
121
CONCLUSÃO
O presente trabalho partiu do pressuposto de que havia uma carência de
informações no setor de agronegócios em âmbito regional por parte das pessoas ligadas
diretamente a este setor (empresários, formadores de opinião, representantes de instituição,
produtores rurais, técnicos).
Enfim, buscamos analisar a relação traçada entre o jornalismo e o
agronegócio. Buscando nos primórdios da historia o surgimento do jornalismo para assim
compreendermos sua forma de cobertura e seus reflexos na qualidade jornalística hoje
empregada pelos veículos midiáticos.
Aquilo que partiu do mundo das idéias, foi comprovado através de
entrevistas, pesquisas, estudos, teorias, de que realmente o setor de agronegócio regional
carece de informações especializadas, que muitas vezes buscam fora, para suprir as
necessidades internas.
Mas este é um conjunto de relações, se não existe uma cobertura a nível
regional, isso deve-se diretamente a questão da formação profissional desses indivíduos. Pois,
são orientados por disciplinas generalistas, superficiais que exigem do aluno o contínuo
estudo para que possam atender as necessidades mercadológicas.
O jornalismo especializado em agronegócio, não esbanja de profissionais
que atendam a região, e aqueles veículos que abordam o assunto, cometem erros, falhas,
superficialidade, parcialidade, por desconhecerem o assunto e pela falta de informação.
As fontes de informação no interior são basicamente as mesmas, variando
de acordo com o tema. Mas estas são fontes oficiais e confiáveis que abordamos aqui como
referência para este trabalho.
Existe por parte do público do agronegócio um desejo de ver notícias
122
especializadas veiculadas na mídia regional, abordando o assunto e dando mais ênfase a este.
Mas para isso é necessária uma qualificação profissional dos jornalistas, para que possam
realizar uma boa cobertura, já que o setor é cercado de termos, jargões, entre outros assuntos
técnicos.
Verificamos que os alunos de graduação do jornalismo reconhecem a
necessidade de se atentar para as necessidades regionais, com as matérias especializadas de
acordo com a demanda regional. Reconhecem também, a importância do tema para o
desenvolvimento sócio-econômico, que muitas vezes são desprezados pelas mídias.
E necessário uma reformulação urgente por parte das instituições de ensino
em suas grades curriculares, a fim de atender as necessidades regionais, possibilitando desta
forma maior número de egressos.
A qualidade do jornalismo esta comprometida com a divulgação em tempo
real, desta forma aumentam-se os erros jornalísticos, além de deixarem de lado coberturas
importantes por exigirem mais tempo de investigações e pesquisas.
O público já não quer consumir qualquer coisa, querem informações de
qualidade, que seja baseada em preceitos éticos, sem desvirtuar a verdade dos fatos.
A formação profissional embasada na teoria generalista, de um profissional
apto a escrever e realizar todo tipo de cobertura fica ultrapassada e de certa forma prejudica a
qualidade da informação, pois nem sempre o jornalista compreende aquilo que ele esta
escrevendo, escreve por ouvir falar, não tendo análises, projeções, sendo um simples
intermediador.
Existe falta de profissionais para atenderem o mercado especialista em
agronegócio. Existe por parte do público e empresas, interesse em matérias especializadas e
contratação de mão-de-obra qualificada para abordar a editoria. Além de apuração de graves
erros que comprometem a credibilidade dos veículos.
123
O mercado regional é alimentado em grande parte pelas assessorias de
imprensa e pelas agências de notícias, voltando as matérias para questões nacionais e não
regional.
O jornalismo em agronegócio que o empresário ligado ao setor quer ver é
aquele que hoje é praticado pelo Caderno Agrícola, do Estado de São Paulo, que traz em seu
conteúdo matérias que informam sobre áreas técnicas, mas também economia, permitindo que
todos possam compreender aquilo que é abordado pelo veículo, com linguagem simples mais
ao mesmo tempo completa, informando todos, sociedade, economista, empresário e produtor
rural.
Chegamos desta forma ao nosso objetivo de comprovar que o ensino do
jornalismo deve ser direcionado para a regionalização, desta forma, atendendo aos anseios do
público, promovendo melhor qualidade na cobertura jornalística, além de aumentarem as
chances do acadêmico no mercado de trabalho regional.
124
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128
ANEXO A
ENTREVISTA
Neusa C. Rosa Nunes
Professora Mestre em Educação
As questões aqui apresentadas serão respondidas partindo do pressuposto que se referem ao
ensino superior privado. Isso deve ser apontado no momento em que for compor o seu
trabalho. Caso não seja este o seu interesse, temos que conversar Aconselho colocar as
questões numa ordem seqüencial de assuntos.
1. Como é elaborado um currículo do curso?
A matriz curricular de um curso de graduação deve ser elaborada de forma a
atender as orientações contidas nas diretrizes curriculares (MEC) propostas para cada curso.
Estas visam a flexibilização da estruturação dos cursos de modo a atender ao contexto de
inserção do curso e viabilizar propostas pedagógicas inovadoras. Nelas estão contidas as
orientações quanto aos procedimentos e critérios mínimos de exigência para o atendimento
das premissas básicas da área e de suas habilitações, visando a garantir a identidade do
curso.
2. Quais as exigências e critérios para a implantação e aprovação de um curso em
uma instituição pelo ministério?
Antes de qualquer coisa é necessário constituir a mantenedora. Para tanto, são
exigidos uma série de documentos, como uma outra empresa qualquer. Tratando-se de uma
empresa educacional, deverá ainda apresentar condições de sustentabilidade econômico-
financeira para obter a concessão e então, poder funcionar como tal.
Nenhum curso superior pode ser implantado sem a devida autorização do MEC –
Ministério de Educação e Cultura.
A autorização para implantação de um curso tem exigências distintas, de acordo
com a modalidade de curso pretendido, por exemplo: seqüenciais, de graduação: bacharelado,
licenciatura ou tecnológico; de pós-graduação:lato sensu ou stricto sensu.
129
E ainda, se tratando de uma Faculdade Isolada, Faculdades Integradas, Centro
Universitário ou Universidade. Nos dois primeiros casos, é montado um processo de
encaminhamento do pedido de autorização para cada curso desejado. Em se tratando de
Centro Universitário, os cursos pretendidos para um determinado período (3 a 5 anos) devem
estar constando do PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional que,uma vez aprovado
automaticamente os cursos também estarão. As Universidades gozam de autonomia e podem
implantar os cursos desejados, sem prévia autorização.
É importante esclarecer que em todos os casos citados os cursos são avaliados
para obtenção do reconhecimento, condição necessária à expedição de diplomas.
3. Como se definem as competências e habilidades que o aluno egresso deve
adquirir no decorrer do curso?
As competências e habilidades exigidas para cada curso/habilitação encontram-se
definidas nas diretrizes curriculares em consonância com o perfil objetivado para o egresso. A
metodologia a ser aplicada no desenvolvimento de atividades que proporcionem atender a
estes requisitos deve constar do Projeto Pedagógico do Curso, e, construída com a
participação da coordenação e docentes, em especial, pelos componentes do colegiado do
curso. Algumas disciplinas permitem esta forma de exercício mais que outras. As atividades
complementares também podem atender em parte ou em seu todos estes requisitos.
4. Quais são as mudanças permitidas numa grade durante o andamento do curso?
São permitidas mudanças de disciplinas e da carga horária que as compõe. No
entanto, a instituição deve observar o padrão de qualidade e as condições em que se deu a
autorização do curso e a matriz curricular constante deste processo. Tem autonomia para
alterar a grade curricular do curso, devendo esta alteração ser aprovada pelo Colegiado
Superior da Instituição, com registro em ata. A alteração pode ser feita no todo ou em parte,
desde que, respeitadas as exigências legais quanto à carga horária e disciplinas obrigatórias.
As alterações deve ser parte integrante da matriz curricular dos alunos ingressantes. Como
não há direito adquirido, no que diz respeito à grade curricular, no caso de alteração durante o
curso, disciplinas não ofertadas no início, quando objeto de mudança, necessitam ser cursadas
em forma de adaptação. Por esta razão a grade oferecida no início deve ser cumprida até o seu
130
final, não sendo aconselhável mudança durante o curso, pois pode acarretar dificuldades
econômicas não previstas pelo aluno. Com relação a alterações no conteúdo programático,
estas podem ser tratadas no Projeto Pedagógico do Curso, sem necessidade de alterar
disciplinas. De qualquer forma, as alterações devem ser informadas imediatamente à
comunidade acadêmica, de modo a preservar os interesses dos estudantes e apresentadas ao
MEC, na forma de atualização, por ocasião da renovação do ato autorizado em vigor.
5. O que a instituição de ensino deve proporcionar ao aluno para sua saída para o
mercado de trabalho?
Deve atender as normas que regem o curso, dar conhecimento prévio da matriz
curricular que será desenvolvida, garantir a expedição do diploma por meio do
reconhecimento pelo MEC. Com relação ao processo de ensino e aprendizagem, garantir o
número de aulas proposto na matriz curricular, apresentar um corpo docente qualificado,
desenvolver aulas teóricas que atendam às ementas das disciplinas previamente aprovadas,
aulas práticas e estágios curriculares que garantam atingir o perfil objetivado para o egresso,
de acordo com as exigências legais. Querendo, ainda podem, auxiliar na colocação em
estágios profissionais e no desenvolvimento de atividades como fóruns, congressos, oficinas,
etc. que propiciem contato com a realidade do mercado de trabalho.
6. Os currículos podem ser mudados de acordo com o contexto socioeconômico de
uma região, adaptando um curso para a realidade local do mercado de trabalho?
A instituição tem autonomia para mudanças na grade se evidenciada esta
necessidade. Porém, deve atender às exigências legais pertinentes a este procedimento,
conforme referido acima.
7. Qual a importância do agronegócio na grade curricular para instituições de
ensino na região noroeste do estado mais especificamente?
O agro negócio, não sendo objetivo específico de um determinado curso, mas
considerado importante o seu conhecimento do ponto de vista de mercado regional, pode ser
tratado como tema dentro de qualquer curso, ou de diversos cursos, não necessariamente
como disciplina.
131
ANEXO B
ENTREVISTA
Sérgio Gottardi Paoliello
Presidente da Cooperativa Agropecuária do Brasil Central – COBRAC
Atividade: Produção de Suplementos Mineralizados para Bovinos e Armazenagem de Grãos
Período em Atividade da cooperativa: 43 anos
1 – Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região?
Como a principal atividade econômica-financeira, gerando o maior número de
empregos diretos e indiretos, bem como a maior arrecadação de tributos e impostos.
2 – Qual a sua opinião com relação as publicações locais sobre o assunto?
Deficientes. Poderiam estar mais sintonizados com os fatos que ocorrem no setor
3 – Acredita que existe espaço para novas publicações?
Sim
4 – Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
De fundamental importância, porém aqueles que fizerem coberturas sobre a
atividade agropecuária, devem se instruir ou ao menos terem a “humildade” de escutar
àqueles que conhecem ou vivem da atividade.
5 – O senhor acredita que o jornalismo local está preparado para cobrir os assuntos
ligados ao agronegócio?
De maneira geral não. Há alguns profissionais ou órgãos de imprensa que
ocasionalmente fazem uma boa cobertura.
6 – O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos
eventos ligados ao setor?
132
Tal situação às vezes ocorre, decorrente do comentário já feito na pergunta n.º 4.
7 – O senhor acredita que há uma carência de jornalistas especializados no assunto
para a divulgação de informações sobre o setor?
Sim
8 – Qual a credibilidade da informação jornalística local? Ela pode ser considerada
uma referência para outras regiões?
A credibilidade local existe, talvez mais em função de uma situação de quase
“monopólio de verdade” pela imprensa escrita, cuja concorrência é fraca ou inexistente no
âmbito regional. Já a imprensa radiofônica retransmite informações geralmente levantadas
pela escrita.
Não creio que seja uma referência para outras regiões, mas sim intra-
regionalmente, até mesmo pelas características de cada localidade e suas atividades.
133
ANEXO C
ENTREVISTA
Antonio César Salibe
Engenheiro Agrônomo e Presidente Executivo da UDOP – União dos Produtores de
Bioenergia. Atuando no setor da bioenergia há mais de 35 anos
1. Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região?
O agronegócio na região tem vivido seu apogeu, alavancado principalmente pelo
crescimento do setor da bioenergia, com a instalação de inúmeras novas usinas de açúcar,
etanol e bioeletricidade, além da expansão das usinas já existentes.
2. Qual a sua opinião com relação às publicações locais sobre o assunto?
O jornalismo regional tem se esforçado para cobrir as atividades do setor, mas
ainda peca, em alguns aspectos, pela falta de profissionais especializados na cobertura do
agronegócio, como existem nos grandes centros e na grande mídia.
3. Acredita que existe espaço para novas publicações?
Sim, sempre há espaço para novas mídias que façam uma cobertura de um
determinado assunto, principalmente por se tratar de um assunto tão em voga ultimamente no
mundo todo.
4. Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
O jornalista, não apenas nesse setor, mas de forma geral, tem um papel de
fundamental importância no desenvolvimento da cidadania, informando com imparcialidade a
massa, sobre os mais diversos assuntos, dentre eles, sobre o agronegócio, alavanca propulsora
do desenvolvimento nacional das últimas décadas.
134
5. O senhor acredita que o jornalismo local está preparado para cobrir os assuntos
ligados ao agronegócio?
Sim, temos ótimos profissionais nos veículos da região, todavia, necessário se faz
uma especialização por parte dos profissionais que cobrem esse assunto em questão. Não
raras as vezes encontramos números irreais e dados que não correspondem com a realidade,
por falta de um conhecimento mais aprofundado desses profissionais.
6. O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos
eventos ligados ao setor?
Na maioria das reportagens não. Com raríssimas exceções, encontramos alguns
fatos distorcidos, que também podem estar relacionados ao passivo negativo ambiental e
social de quase 450 anos que o setor possui. Porém, aos poucos os jornais estão percebendo a
importância de se estruturarem para o atendimento dessa demanda.
7. O senhor acredita que há uma carência de jornalistas especializados no assunto para
a divulgação de informações sobre o setor?
Sim, conforme respondido anteriormente.
8. Qual a credibilidade da informação jornalística local? Ela pode ser considerada uma
referência para outras regiões?
A mídia regional tem se esforçado muito para manter-se distante de questões
parciais. Neste quesito podemos dizer que estamos no caminho correto para tornarmo-nos
referência no futuro breve.
135
ANEXO D
ENTREVISTA
João de Almeida Sampaio Filho
Economista e produtor rural
Secretária de Agricultura e Abastecimento de São Paulo
Secretário
João de Almeida Sampaio Filho, 42 anos, nasceu na capital paulista. Economista e produtor
rural nos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Paraná, esteve à frente de diversas entidades
ligadas ao agronegócio. Foi Presidente da Associação dos Produtores de Borracha do Estado
do Mato Grosso e vice-presidente da Associação Paulista do Setor. Ocupou também a
presidência da Câmara Setorial Nacional de Borracha e da Comissão Nacional da Borracha da
CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Foi vice-presidente na Associação Comercial
do Estado de São Paulo, Conselheiro da Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão
Preto e, a partir de 2002 ocupou a presidência da Sociedade Rural Brasileira, função que
deixou para assumir a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
1. Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região de Araçatuba?
Araçatuba é a capital do desenvolvimento econômico e tecnológico do oeste
paulista e se supera nas suas fases. A grande vitrine da pecuária paulista e brasileira, agora
incorpora a intensificação da produção com os grandes confinamentos e a genética de ponta.
Também torna-se um pólo tecnológico de biocombustíveis com a instalação de usinas e
principalmente com a implantação de áreas de pesquisa e capacitação profissional do setor.
São fases do desenvolvimento que vêm colaborar para o crescimento da região.
2. Qual a sua opinião com relação às publicações sobre o assunto do agronegócio
estadual?
As publicações sobre agronegócio têm crescido, acompanhando o crescimento da
importância do Agronegócio em nosso país. Muitas delas, ainda ficam fechadas e atendem a
136
um público específico e, às vezes, não atingem a população urbana, que consome tudo que
vem do agronegócio, mas não tem a noção do seu real tamanho.
3. Acredita que existe espaço para novas publicações no mercado?
Acredito que os agrosserviços em geral têm crescido, e dentro disso, a área de
comunicação possui ainda enorme potencial de crescimento. Isso se aplica principalmente
quando falamos da mídia eletrônica e o uso de internet. O produtor e pecuarista cada vez
querem estar mais informados e online, acompanhando o movimento dos mercados. Com a
globalização e a entrada do Brasil definitivamente no mercado exportador de commodities, a
cotação dos mercados futuros, as previsões de safra de nossos maiores competidores, como
Estados Unidos e Austrália, influenciam diretamente e rapidamente no preço do produto
agrícola na nossa fazenda.
4. Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
O profissional jornalista é importantíssimo nesse canal de informação e cada vez
mais temos nomes especialistas no setor, o que só pode ajudar na reprodução fidedigna das
nossas atividades.
5. O senhor acredita que o jornalismo está preparado para cobrir os assuntos ligados ao
agronegócio?
Acho que estão aparecendo cada vez mais especialistas. Os grandes jornais têm
editorias especiais em agronegócios, os programas de TV também crescem e acho que mais
importante, cada vez mais, fala-se de agricultura no contexto econômico e não mais com
aquela imagem distante, como se o campo não fizesse parte do dia-a-dia das cidades. Ainda
há muita distorção quando se fala de preços e coloca-se um embate entre o produtor e o
consumidor, o que muitas vezes não é procedente. Preço é conseqüência entre produção e
consumo, portanto as duas pontas estão atadas e colaboram na formação destes.
6. O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos
eventos ligados ao setor?
137
Acho que há equívocos nas análises econômicas do setor do agronegócio, mas a
cobertura dos eventos é, no geral, verdadeira e correta.
7. O senhor acredita que há uma carência de jornalistas especializados no assunto para
a divulgação de informações sobre o setor?
Como disse anteriormente, é um mercado que cresce e o número de especialistas
no setor tem sido ampliado. À medida que o Brasil se insere no mercado internacional como
grande exportador de commodities, devemos ter mais especialistas sobre o assunto.
138
ANEXO E
ENTREVISTA
Marcelo Moimás
Engenheiro Agrônomo, servidor público de entidade de Assistência Técnica e Extensão
Rural; Coordenadoria de Assistência Técnica Integral - CATI;
Assistente Agropecuário; Diretor Técnico de Divisão; 18 anos de atividade, 8 como Diretor.
1. Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região?
O valor gerado pelo agronegócio aumentou significativamente nestes últimos
anos, destacando a indústria calçadista, todo setor sucroalcooleiro e a de produtos lácteos.
Houve uma redução na participação dos frigoríficos, de processamento de tomate e milho
verde (uma única empresa) e das granjas de ovos. Os setores mais relacionados com a
produção de matérias primas locais se verificam no setor sucroalcooleiro e de laticínios. O
valor da produção primária também aumentou significativamente, porem em nossa avaliação
não da forma desejada, pois concentrou-se na expansão da cultura da cana-de-açúcar, em
detrimento a pecuária de corte, da avicultura, da suinocultura e do cultivo de grãos. A riqueza
gerada pela cana-de-açúcar também é mais concentrada. O desenvolvimento da fruticultura,
do reflorestamento e da olericultura ainda é pequeno. Avaliamos que o foco da produção
primária na região tem campo para se desenvolver em grande escala na integração lavoura-
pecuária, na bovinocultura leiteira e no cultivo de grãos nas áreas de reforma da cana-de-
açúcar e, em menor escala, pelo menos em um primeiro momento, na produção utilizando
tecnologias alternativas (p. ex. agricultura orgânica), na fruticultura (criação de pólos como o
da banana em Araçatuba), na heveicultura, no reflorestamento (produção de lenha e de
matéria-prima para a construção civil) e no turismo (pontos de venda de produtos artesanais).
Causam preocupação ao setor, o modo como vem sendo conduzida a questão
ambiental, permeada por procedimentos embasados em normas de segunda categoria, como
portarias, instruções e resoluções, em detrimento de Leis e Decretos, atos que envolvem maior
discussão com a sociedade. Em termos de Legislação, muito preocupante é a imposição da
reserva legal, que certamente inviabilizará economicamente muitas propriedades familiares da
região, pois estima-se que de 30 a 40% das áreas tenham o uso impedido para a produção
139
agrícola, especialmente de alimentos. Via de regra, as ações preconizadas na área ambiental
ignoram o produtor rural como parceiro na sua implementação. A degradação ambiental,
inclusive a queimada da cana-de-açúcar não são mais admissíveis, porem o produtor rural que
conserva o solo, promove a infiltração de água, protege os recursos hídricos e fomenta a
biodiversidade tem que ser reconhecido e premiado por essa função, útil a toda sociedade.
A adequação da legislação também se faz necessária no caso da produção
artesanal de alimentos de forma que a saúde pública seja preservada e não seja restritiva a
viabilidade econômica desses pequenos negócios. Nesse sentido, a estruturação dos serviços
de inspeção municipais é imprescindível.
2. Qual a sua opinião com relação as publicações locais sobre o assunto?
As publicações basicamente são restritas a jornais e em periódicos de circulação
eventual. Os jornais, assim como toda mídia de massa ainda é extremamente voltada a
divulgação de fatos negativos, com espaço reduzido para outras questões.
3. Acredita que existe espaço para novas publicações?
Faltam publicações de divulgação técnica e de questões do dia-a-dia do setor.
Existem boas publicações, como p.ex. a Agroanalisys, que trata de questões mais globais, não
se atendo a questões locais e regionais. Tem que ser analisada a viabilidade econômica de
uma nova publicação, talvez devesse começar a um custo baixo, como por exemplo, no
formato digital.
4. Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
O jornalista é fundamental, pois a forma do seu entendimento e de redação é que
vai realmente apresentar o fato ou a questão como ela é, ou como, de fato opinaram os seus
interlocutores. Nesse aspecto, os jornalistas locais melhoraram muito, sendo que na maioria
das vezes cumpre elogiar a forma como um assunto foi divulgado. Anteriormente,
simplesmente não havia possibilidade de atender alguns jornalistas, se é que de fato eram,
tamanha a deturpação das informações e das palavras dos seus interlocutores, sem contar a
forma com que surgiam as citações no contexto da matéria.
140
5. O senhor acredita que o jornalismo local está preparado para cobrir os assuntos
ligados ao agronegócio?
Pelo exposto anteriormente, avalio que sim, ressalvando é lógico, que esta
preparação faz parte de um contínuo processo de aprendizado.
6. O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos
eventos ligados ao setor?
Identifico muitos erros na sondagem inicial da matéria, especialmente de
jornalistas da televisão. Via de regras, corrigem essa visão inicial divulgando mais
acertadamente o assunto. Percebo que melhorou bastante o controle do jornalismo, ouvindo
várias fontes e opiniões na transmissão da notícia.
7. O senhor acredita que há uma carência de jornalistas especializados no assunto para
a divulgação de informações sobre o setor?
Avalio que exista carência, especialmente na televisão, pois notamos que muitas
vezes não entendem nada do assunto, restringindo sua criticidade sobre o que lhe está sendo
informado. Os jornalistas de jornais normalmente tem mais tempo para conversar e entender a
exposição sobre determinado assunto.
8. Qual a credibilidade da informação jornalística local? Ela pode ser considerada uma
referência para outras regiões?
A credibilidade é boa e pode ser referência para outras regiões, nos assuntos
ligados ao setor de agronegócios.
141
ANEXO F
ENTREVISTA
Fabrício Fuga
Diretor de empresas da Fuga Couros Jales LTDA desde 1997
1. Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região?
Eu vejo o agronegócio na região em expansão, em cada época se destacando em
alguns setores.
Como por exemplo, este ano foi o ano da cana-de-açúcar, em contra partida não
esta sendo bom para os frigoríficos e curtumes, mais seguem em expansão.
2. Qual a sua opinião com relação às publicações locais sobre o assunto?
Não tenho conhecimento sobre publicações na área do agronegócio.
3. Acredita que existe espaço para novas publicações?
Sim, com certeza.
4. Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
O papel do jornalista é de fundamental importância, pois qualquer divulgação
institucional deve ter tratamento profissional.
5. O senhor acredita que o jornalismo local está preparado para cobrir os assuntos
ligados ao agronegócio?
Creio que a proximidade física auxilia o trabalho do jornalista na cobertura de
assuntos regionais; por outro lado, principalmente na televisão, tenho percebido pouco
envolvimento por parte do jornalista, o que não permite a divulgação.
142
6. O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos
eventos ligados ao setor?
Sim, já identifiquei alguns erros em algumas ocasiões.
7. O senhor acredita que há uma carência de jornalistas especializados no assunto
para a divulgação de informações sobre o setor?
Eu acho que sim.
8. Qual a credibilidade da informação jornalística local? Ela pode ser considerada
uma referência para outras regiões?
Se for realizado um trabalho bem feito terá credibilidade e será utilizado como
referência.
143
ANEXO G
ENTREVISTA
Carlos Eduardo Belluzzo
Profissional em Zootecnia
Siran - Sindicato Rural da Alta Noroeste
Coordenador do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural há 13 anos.
1. Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região?
Atualmente, a nossa região se depara com o crescimento do cultivo da cana-de-
açúcar para produção de álcool e açúcar. Com isso, a região perde espaço para a expansão de
outras atividades, como ocorrido com a pecuária de corte, tão forte no “passado presente” e
praticamente inexistente nos dias de hoje. Como também ocorre com a agricultura de modo
geral. Porém, vemos um pequeno crescimento de outras atividades, como a pecuária leiteira,
com a produção intensiva de leite à passo e a ovinocultura, que surgem como alternativa de
diversificação da propriedade rural.
A diversificação do agronegócio regional deveria ser mais explorada e divulgada,
pois, a região onde há o predomínio da monocultura não se desenvolve.
2. Qual a sua opinião com relação às publicações locais sobre o assunto?
Acredito que a região merece mais destaque no quesito de publicação sobre o
agronegócio. Afinal, estamos enquadrados como uma das maiores bacias leiteiras do Estado
de São Paulo e da produção de álcool do país, sem contar do abastecimento de hortifruti
realizado pelas associações de pequenos produtores rurais e demais associações.
3. Acredita que existe espaço para novas publicações?
Sim, sem dúvida nenhuma.
4. Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
Assim que tivermos pessoas realmente preparadas, que em sua formação
profissional obteve conhecimentos voltados à área, acredito ser o profissional mais adequado
para levar a informação do setor a toda comunidade.
144
5. O senhor acredita que o jornalismo local está preparado para cobrir os assuntos
ligados ao agronegócio?
Como anteriormente mencionado, assim que tivermos profissionais do meio
(salvo as exceções) pode-se dizer que, daremos um grande passo para um jornalismo claro e
preparado.
6. O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos
eventos ligados ao setor?
Algumas vezes, que provavelmente venha do despreparo desses profissionais e
por não possuir uma tradição jornalística do agronegócio.
7. O senhor acredita que há uma carência de jornalistas especializados no assunto
para a divulgação de informações sobre o setor?
Sem dúvida alguma.
8. Qual a credibilidade da informação jornalística local? Ela pode ser considerada
uma referência para outras regiões?
Em relação à credibilidade da informação, acredito ser confiável sim, porém não vejo
como exemplo para outras regiões.
145
ANEXO H
ENTREVISTA
Alfredo Ferreira Neves Filho
Agropecuárista desde 1962
Presidente do Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste)
1. Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região?
O setor de agronegócio vem crescendo. A nossa região, era uma região
estritamente a base da pecuária de corte e leite, com o advento do setor sucroalcooleiro ela foi
transformando, e veio agregar valor as outras atividades.
Esse acontecimento foi favorável tanto ao pequeno, médio e ao grande produtor.
Pois o pequeno produtor tinha como alternativa agregar valor aos seus produtos e produção,
além de aumentar sua renda. Um exemplo é o produtor de leite.
Alguns agropecuaristas não migraram para o setor sucroalcooleiro, optaram por
permanecer na atividade antiga, partindo do princípio de que todo negócio oferecem riscos.
Esse que não entrou totalmente no setor sucroalcooleiro, colhe hoje as vantagens. Mas porque
ele não mudou de atividade já que esta era mais lucrativa? Porque ele estava tendo as
informações que eram publicadas, absorvia e analisava.
2. Qual a sua opinião com relação às publicações locais sobre o assunto?
Hoje o setor esta tendo mais informações, sendo estas até passadas diariamente e
de forma gratuita. Além de publicações especializadas, como é o caso do Siran, com nosso
Informativo, mas somos informados também pela mídia.
As informações distribuídas pela mídia, são na verdade produzidas por essas
instituições que fazem um trabalho na área e comunicação ao setor de agronegócio.
3. Acredita que existe espaço para novas publicações?
146
Sim, pois agora nos temos vários segmentos se acoplando ao agronegócio, como
os derivados no setor sucroalcooleiro. Hoje os empresários dependem das informações para
planejarem suas ações futuras.
4. Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
O jornalista tem que estar muito bem preparado, para ser um “repassador” de
informações, ele tem que se aperfeiçoar e dinamizar o conhecimento. Porque uma notícia
publicada que não seja, ou que não tenha uma base sólida em fatos verídicos, ela então e
comprometedora.
O jornalista tem abordar as informações que possuem fundamentos. Pois, caso
esse publique uma informação que não condiz com a verdade, este ira perder sua
credibilidade.
No meu modo de interpretar, eu acho que a imprensa ela tem distorcido as
informações, e isso é muito ruim.
5. O senhor acredita que o jornalismo local está preparado para cobrir os assuntos
ligados ao agronegócio?
Sim, mais ainda são poucos. Araçatuba esta em crescimento, e ainda tem espaço
para muitos profissionais. Quem aperfeiçoar seu conhecimento, abordando informações do
setor do agronegócio vai ter um futuro promissor, isso, desde que trabalhe com seriedade e
com fontes de informação confiáveis e seguras, e não sensacionalista.
6. O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos
eventos ligados ao setor?
Existem alguns. Mas esses erros não são cometidos intencionalmente, mas por
desconhecimento. Às vezes, o jornalista transmitiu uma notícia por ele ouvir falar, sem
conhecer a fundo a informação. Não são essas as notícias que o setor quer ler, ouvir ou ver.
7. O senhor acredita que há uma carência de noticias especializados em virtude de
dar prioridades a outras editorias e esquecem do agronegócio?
147
Sinto falta. O setor de agronegócio precisa ser mais divulgado. E essa falta de
informação e em virtude da falta de mão-de-obra especializada nesse setor. O jornalista ele às
vezes não tem o valor que era preciso dar a ele. Porque uma noticia que tem um respaldo
muito importante pode gerar uma grande possibilidade de negociação.
8. Qual a credibilidade da informação jornalística local? Ela pode ser considerada
uma referência para outras regiões?
Se você pegar uma noticia, e der uma pequena lida, se tiver algum erro grave ali, ela já
perde sua credibilidade. Então e necessário tomar muito cuidado, porque as pessoas que estão
por dentro do agronegócio sabem o que estão lendo, sabem dizer o que é confiável ou não.
9. O que é necessário fazer para atrair o interesse dos profissionais do agronegócio?
Difundir o setor. Pois você precisa de uma notícia, e acaba não encontrando nos
veículos locais, indo em busca dos grandes jornais. Você só tem uma informação se você tiver
um veículo que transmite, e isso quem pode fazer é o jornalista.
148
ANEXO I
Questionário para estudantes do terceiro ano de jornalismo
QUESTIONÁRIO PARA ESTUDANTES DO TERCEIRO ANO DE JORNALISMO
1 – SEXO
( ) Masculino ( ) Feminino
2 – VOCÊ SABE O QUE É AGRONEGÓCIO?
( ) Sim ( ) Não
2 – ASSINALE A DEFINIÇÃO CORRETA DE AGRONEGÓCIO?
( ) Agronegócio é toda relação comercial e industrial envolvendo a cadeia produtiva
agrícola ou pecuária
( ) Relações comerciais efetuadas com produtos industrializados através de atividades de
compra e venda
( ) Não sabe
3 – DESENVOLVE ALGUMA ATIVIDADE LIGADA AO AGRONEGÓCIO LOCAL?
( ) Sim ( ) Não
4 – VOCÊ ACHA IMPORTANTE TER UMA DISCIPLINA SOBRE AGRONEGÓCIOS
NO CURSO DE JORNALISMO?
( ) Sim ( ) Não
5 – VOCÊ ACHA QUE O AGRONEGÓCIO É IMPORTANTE PARA A ECONOMIA
REGIONAL?
( ) Sim ( ) Não
6 – VOCÊ ACHA QUE O JORNALISMO SOBRE AGRONEGÓCIOS É IMPORTANTE
PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DA REGIAO?
( ) Sim ( ) Não
7 – VOCÊ ACHA QUE O MERCADO DE TRABALHO NECESSITA DE JORNALISTAS
QUE CONHEÇAM O QUE É AGRONEGÓCIO?
( ) Sim ( ) Não
8 – VOCÊ ACREDITA QUE OS EMPRESÁRIOS LOCAIS TÊM INTERESSE EM
RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE AGRONEGÓCIO?
( ) Sim ( ) Não
149
9 – VOCÊ ACREDITA QUE AS EMPRESAS E INSTITUIÇÕES LOCAIS TÊM
INTERESSE EM CONTRATAR JORNALISTAS ESPECIALIZADOS EM
AGRONEGÓCIOS?
( ) Sim ( ) Não
150
ANEXO J
Questionário para estudantes do quarto ano de jornalismo
QUESTIONÁRIO PARA ESTUDANTES DO QUARTO ANO DE JORNALISMO
1 – SEXO
( ) Masculino ( ) Feminino
2 – VOCÊ SABE O QUE É AGRONEGÓCIO?
( ) Sim ( ) Não
2 – ASSINALE A DEFINIÇÃO CORRETA DE AGRONEGÓCIO?
( ) Agronegócio é toda relação comercial e industrial envolvendo a cadeia produtiva
agrícola ou pecuária
( ) Relações comerciais efetuadas com produtos industrializados através de atividades de
compra e venda
( ) Não sabe
3 – DESENVOLVE ALGUMA ATIVIDADE LIGADA AO AGRONEGÓCIO LOCAL?
( ) Sim ( ) Não
4 – VOCÊ ACHA IMPORTANTE TER UMA DISCIPLINA SOBRE AGRONEGÓCIOS
NO CURSO DE JORNALISMO?
( ) Sim ( ) Não
5 – VOCÊ ACHA QUE O AGRONEGÓCIO É IMPORTANTE PARA A ECONOMIA
REGIONAL?
( ) Sim ( ) Não
6 – VOCÊ ACHA QUE O JORNALISMO SOBRE AGRONEGÓCIOS É IMPORTANTE
PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL DA REGIAO?
( ) Sim ( ) Não
7 – VOCÊ ACHA QUE O MERCADO DE TRABALHO NECESSITA DE JORNALISTAS
QUE CONHEÇAM O QUE É AGRONEGÓCIO?
( ) Sim ( ) Não
8 – VOCÊ ACREDITA QUE OS EMPRESÁRIOS LOCAIS TÊM INTERESSE EM
RECEBER INFORMAÇÕES SOBRE AGRONEGÓCIO?
( ) Sim ( ) Não
151
9 – VOCÊ ACREDITA QUE AS EMPRESAS E INSTITUIÇÕES LOCAIS TÊM
INTERESSE EM CONTRATAR JORNALISTAS ESPECIALIZADOS EM
AGRONEGÓCIOS?
( ) Sim ( ) Não
152
ANEXO K
Questionário para profissionais do agronegócio
QUESTIONÁRIO PARA PROFISSIONAIS DO AGRONEGÓCIO
DADOS COMPLETOS (Nome, atividade, empresa ou entidade, cargo e função, período em
atividade)
1. Como o senhor vê a atividade do agronegócio na região?
2. Qual a sua opinião com relação as publicações locais sobre o assunto?
3. Acredita que existe espaço para novas publicações?
4. Como vê o papel do jornalista na divulgação de informações sobre o setor?
5. O senhor acredita que o jornalismo local está preparado para cobrir os assuntos ligados ao
agronegócio?
6. O senhor identifica muitos erros de interpretação jornalística na cobertura dos eventos
ligados ao setor?
7. O senhor que há uma carência de jornalistas especializados no assunto para a divulgação
de informações sobre o setor?
8. Qual a credibilidade da informação jornalística local? Ela pode ser considerada uma
referência para outras regiões?