levantamento-sinase-2013

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS SECRETARIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NOTA - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE 1. INTRODUÇÃO A partir dos 12 anos, qualquer adolescente é responsabilizado por meio de medidas socioeducativas, previstas no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente. A Doutrina da Proteção Integral, presente na Constituição, em documentos e tratados internacionais e no Estatuto da Criança e do Adolescente exige que os direitos humanos de crianças e adolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral e integrada. A imposição de medidas socioeducativas relaciona-se justamente com a finalidade pedagógica que o sistema deve alcançar, e decorre do reconhecimento da condição peculiar de desenvolvimento na qual se encontra o adolescente. O ECA prevê seis medidas educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. A medida é aplicada de acordo com a capacidade de cumpri-la, as circunstâncias do fato e a gravidade da infração. Assim, em 2006, através da participação social, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e Adolescente cria o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Em 2012, o Congresso Nacional instititui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, através da Lei 12.594, prevendo um conjunto de normativas para a reorganização do atendimento aos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. É importante destacar que não há dados que comprovem que o rebaixamento da idade penal e/ou o agravamento das penas reduz os índices de ato infracional e violência. São as políticas e ações de impacto social que desempenham um papel importante na redução destas taxas.

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levantamento do sistema nacional de segurança com os dados acerca de crianças e adolescentes que cometeram atos infracionais.

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  • PRESIDNCIA DA REPBLICA

    SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS

    SECRETARIA NACIONAL DE PROMOO DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    NOTA - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo SINASE

    1. INTRODUO

    A partir dos 12 anos, qualquer adolescente responsabilizado por meio de medidas

    socioeducativas, previstas no ECA Estatuto da Criana e do Adolescente. A Doutrina da Proteo

    Integral, presente na Constituio, em documentos e tratados internacionais e no Estatuto da

    Criana e do Adolescente exige que os direitos humanos de crianas e adolescentes sejam

    respeitados e garantidos de forma integral e integrada.

    A imposio de medidas socioeducativas relaciona-se justamente com a finalidade

    pedaggica que o sistema deve alcanar, e decorre do reconhecimento da condio peculiar de

    desenvolvimento na qual se encontra o adolescente.

    O ECA prev seis medidas educativas: advertncia, obrigao de reparar o dano, prestao

    de servios comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internao. A medida aplicada de

    acordo com a capacidade de cumpri-la, as circunstncias do fato e a gravidade da infrao.

    Assim, em 2006, atravs da participao social, o Conselho Nacional dos Direitos da Criana

    e Adolescente cria o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. Em 2012, o Congresso

    Nacional instititui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, atravs da Lei 12.594,

    prevendo um conjunto de normativas para a reorganizao do atendimento aos adolescentes em

    cumprimento de medidas socioeducativas.

    importante destacar que no h dados que comprovem que o rebaixamento da idade

    penal e/ou o agravamento das penas reduz os ndices de ato infracional e violncia. So as polticas

    e aes de impacto social que desempenham um papel importante na reduo destas taxas.

  • PRESIDNCIA DA REPBLICA

    SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS

    SECRETARIA NACIONAL DE PROMOO DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE Setor Comercial Sul B, Qd. 09, lote C, Edifcio Parque Cidade Corporate, Torre A, 8 andar, sala 803 b

    CEP: 70308-200 Braslia/DF. Telefone: 61 2025-3225 Fax: 61 2025-9603.

    QUALIFICAO PERMANENTE DO SINASE

    A qualificao do atendimento socioeducativo prioridade do Governo Federal, a partir dos

    seguintes eixos centrais:

    1. Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, para os prximos 10 anos:

    O Plano Nacional Resoluo 160/2013 do CONANDA, foi construdo com base nos diagnsticos

    do atendimento socioeducativo e ancorado nas legislaes nacionais e internacionais. Define

    objetivos, metas, prazos e responsveis, em uma pespectiva intersetorial, determinando alocao

    de recursos pblicos para cada exerccio. As estratgias ordenam-se em quatro eixos: Gesto,

    Qualificao do Atendimento, Participao Cidad dos Adolescentes e Sistemas de Justia e

    Segurana. Alm de lanamento do Plano Nacional a SDH est apoiando os Estados e DF com

    assessoria tcnica para que estes formulem os seus respectivos Planos. O Plano um passo adiante

    nos marcos regulatrios e deve produzir efeitos no atendimento a adolescentes autores de ato

    infracional e s suas famlias, criando oportunidades de construo de projetos de autonomia e

    emancipao cidad. Pode ser acessado em: http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-

    adolescentes/programas/sistema-nacional-de-medidas-socioeducativas/legislacao-1

    2. Intensificao das aes intersetoriais: avanos intersetoriais nas seguintes reas:

    SADE:

    Reformulao da Poltica Nacional de Ateno Integral Sade de Adolescentes em Conflito com a

    Lei - PNAISARI, que agora insere adolescentes em restrio e privao de liberdade e em medidas

    de meio aberto;

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    EDUCAO:

    Articulao com o CNE (Conselho Nacional de Educao) para formulao de Diretrizes de

    Escolarizao para Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa e construo de Nota

    Tcnica para garantias como: a) matrcula (a qualquer tempo), documentao escolar, frequncia,

    e certificao dos adolescentes em cumprimento de medidas; b) implementar escolas exclusivas

    nas Unidades de Internao que atendam somente estudantes cumprindo medidas

    socioeducativas em meio fechado; c) Alinhar escolarizao e educao profissional com o Plano

    Individual de Atendimento (PIA) de cada estudante; Parceria com as Secretarias Estaduais de

    Educao para e orientao quanto aos procedimentos em relao a matrcula e acompanhamento

    de alunos em cumprimento de medidas socieducativas;

    EDUCAO PROFISSIONAL:

    Parceria com o PRONATEC SINASE para se estabelecer diretrizes especficas para a educao

    profissional e adequao do SINASE aos cursos oferecidos;

    ASSISTNCIA SOCIAL:

    Aumento da quantidade e dos valores de financiamento do Servio de Medida Socioeducativa em

    Meio Aberto, executado pelo Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome;

    CARTA DE ESTRATGIAS:

    Pactuao e execuo de uma matriz de responsabilidades, com objetivos, aes, metas e

    responsveis, entre SDH, MDS, MJ, MS, MTE, MEC, CNMP, CNJ e CONDEGE). Busca-se avanar a)

    no acompanhamento e validao dos Planos Decenais; b) na reduo do perodo de internao

    provisria e nos ndices de aplicao de medidas socioeducativas em meio fechado; c) garantia da

    escolarizao e educao profissional; d) capacitao; e) atendimento a sade; f) enfrentamento

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    da tortura e maus-tratos; g) avaliao das medidas; h) adequao das estruturas de funcionamento

    das unidades de internao e semiliberdade.

    3.Oferta de Projetos Referenciais Nacionais para a Construo de Unidades de Internao e

    do Ncleo de Atendimento Inicial Integrado - NAI:

    Esta medida parametriza arquitetnicamente as unidades, com aprovao do RDC do SINASE.

    Tambm d acesso aos Estados e DF que teriam dificuldade em elaborar plantas especficas.

    4. Normas de Referncia para o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo:

    Normatiza a gesto dos aspectos poltico, administrativo e financeiro do atendimento

    socioeducativo. Neste sentido, o SINASE tem os seguintes princpios: a) pedaggico; b) modelo de

    gesto com coordenao e cofinanciamento nos trs nveis do poder executivo; c) atendimento

    socioeducativo territorializado, regionalizado, com participao social e gesto democrtica,

    intersetorialidade e responsabilizao; d) prevalncia das medidas socioeducativas em meio

    aberto. Tal iniciativa oferece um padro nacional qualitativo para o atendimento de adolescentes

    em cumprimento de medidas socioeducativas. Sero lanadas as seguintes normas de referncia:

    Arquitetnicas, de Gesto, Socioeducativas e de Segurana.

    5. Continuidade do co-financiamento de reforma das Unidades de Internao;

    O Governo Federal financia unidades de atendimento socioeducativo em condies inadaquadas.

    Sendo assim, no h aumento de vagas, mas adequao das unidades pelos parmetros

    arquitetnicos do SINASE.

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    6. Escola Nacional de Socioeducao - ENS - ens.sinase.sdh.gov.br:

    A Unio instituiu a Escola Nacional de Socioeducao, em parceria com a Universidde Federal de

    Braslia, que tem como objetivo proporcionar formao continuada aos diferentes profissionais

    que atuam direta ou indiretamente no Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo por meio

    de unidade metodolgica e curricular em todo o Brasil. Cursos de Formao permanente por meio

    de EaD em parceria com a UnB , e presenciais com os Ncleos Estaduais da ENS. Portal de gesto

    com Conferncias via Web; Fruns livres de debate; Consultas pblicas; Programa de Pesquisa e

    Comunicao. A partir do segundo semestre de 2015, sero realizados os seguintes cursos em

    mbito nacional: Ncleo Bsico, Prticas Restaurativas, Fortalecimento da Gesto, Formao de

    Mediadores e Especializao Ps Graduao.

    O SINASE EM NMEROS - Dados Preliminares Obtidos a partir do Questionrio Levantamento

    Anual 2013

    Segundo o Levantamento Anual 2013, o Brasil tinha em atendimento no dia 30/11/2013 o

    total de 23.066 adolescentes e jovens (12 a 21 anos), sendo que 22.683 so do sexo masculino e

    1.042 so do sexo feminino.

    Segundo a modalidade de atendimento, 5.573 adolescentes estavam em Internao

    Provisria, 2.272 estavam em Semiliberdade, 15.221 estavam em Internao. Foram registrados

    ainda 659 adolescentes em outras modalidades de atendimento (atendimento inicial, sano e

    medida protetiva).

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    Total de Adolescentes e Jovens por Atendimento Brasil (12 a 21 anos)

    Total por sexo TOTAL Masculino Feminino

    Internao Provisria 5.302 271 5.573

    Semiliberdade 2.165 107 2.272

    Internao 14.614 607 15.221

    Brasil 22.081 985 23.066

    Detalhamento por faixa etria:

    Total de Adolescentes e Jovens por faixa etria e atendimento - Brasil

    12 e 13 anos 14 e 15 anos 16 e 17 anos 18 a 21 anos No

    Especificao Total por sexo TOTAL

    Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem Masc Fem

    Int. Provisria 192 23 1403 91 3465 144 240 13 2 0 5302 271 5573

    Semiliberdade 34 6 322 21 1262 52 524 28 23 0 2.165 107 2272

    Internao 181 23 2305 154 7957 285 4146 145 25 0 14614 607 15221

    Outros 22 2 140 13 357 36 83 6 0 0 602 57 659

    Brasil 429 54 4170 279 13041 517 4993 192 50 0 22683 1042 23725

    Quanto aos Atos infracionais, nota-se que os dois atos com maior ocorrncia so Roubo

    (10.004) e Trfico (5.866); atos considerados contra a vida correspondem a 3.724, o que equivale a

    15,61% dos atos praticados:

    Homicdio 2.205 ocorrncias 8,81% 3 posio

    Tentativa de Homicdio 747 ocorrncias 5,65% 4 posio

    Latrocnio 485 ocorrncias 1,94% 8 posio

    Estupro 288 ocorrncias 1,15% 10 posio

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    Atos Infracionais Qtde % 1. Roubo 10.051 40,01% 2. Trfico 5.933 23,46% 3. Homicdio 2.205 8,81% 4. Ameaa de morte 1.414 5,65% 5. Furto 855 3,36% 6. Tentativa de Homicdio 747 2,99% 7. Porte de arma de fogo 572 2,29% 8. Latrocnio 485 1,94% 9. Tentativa de Roubo 421 1,68% 10. Estupro 288 1,15% 11. Leso Corporal 237 0,93% 12. Busca e Apreenso 233 0,93% 13. Tentativa de Latrocnio 125 0,50% 14. Receptao 125 0,49% 15. Formao de Quadrilha 107 0,43% 16. Atentado violento ao pudor 82 0,33% 17. Dano 57 0,23% 18. Porte de arma branca 36 0,14% 19. Sequestro e crcere privado 25 0,10% 20. Estelionato 3 0,01%

    Outros atos de menor potencial ofensivo 1.191 4,57% TOTAL 25.192

    Observao: O nmero de atos infracionais (25.004) superior ao nmero de adolescentes

    (23.725), pois alguns adolescentes esto em atendimento socioeducativo considerando-se mais de

    um ato infracional.

    Mortes Violentas de Adolescentes no Brasil

    O ndice de Homicdios na Adolescncia (IHA) foi desenvolvido em 2007, no mbito do

    Programa Reduo da Violncia Letal contra Adolescentes e Jovens, uma iniciativa coordenada

    pelo Observatrio de Favelas e realizada em conjunto com o Fundo das Naes Unidas para a

    Infncia (UNICEF), SDH/PR e o Laboratrio de Anlise da Violncia da Universidade do Estado do

    Rio de Janeiro (LAV-Uerj).

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    O IHA apresenta o risco sofrido por adolescentes, entre 12 e 18 anos, de ser vtimas de

    assassinato nas grandes cidades brasileiras. Segundo a anlise, os homicdios representam 46% de

    todas as causas de mortes dos cidados brasileiros nesse faixa etria. O estudo avaliou 267

    municpios do Brasil com mais de 100 mil habitantes e chegou a um prognstico alarmante:

    estima-se que o nmero de adolescentes assassinados entre 2006 e 2012 ultrapasse a 33 mil se

    no mudarem as condies que prevaleciam nessas cidades.

    O IHA revela ainda que raa, gnero, idade e territrios so fatores que aumentam as

    chances de um adolescente ser vtima de homicdios. Segundo o ndice, os meninos entre 12 a 18

    anos tm quase 12 vezes mais probabilidade de ser assassinados do que as meninas dessa mesma

    faixa etria. J os adolescentes negros tm quase trs vezes mais chance de morrer assassinados

    do que os brancos. Outro fator apontado que a maioria dos homicdios cometida com arma de

    fogo.

    De acordo com o Mapa da Violncia 2014, em 2012, houve( 473) mortes violentas de

    meninos entre 10 e 14 anos; e (9.295) adolescentes e jovens com idades entre 15 e 19 anos foram

    assassinados no Brasil, o que equivale a 28 mortes por dia.

    Razes para dizer no reduo da maioridade penal

    Arg. 1 Porque j responsabilizamos adolescentes que cometem ato infracional

    A partir dos 12 anos, qualquer adolescente responsabilizado pelo ato cometido contra a

    lei. Essa responsabilizao, executada por meio de medidas socioeducativas previstas no

    ECA, tm o objetivo de ajud-lo a recomear e a prepar-lo para uma vida adulta de

    acordo com o socialmente estabelecido. parte do seu processo de aprendizagem que ele

    no volte a repetir o ato infracional. Por isso, no devemos confundir impunidade com

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    imputabilidade. A imputabilidade, segundo o Cdigo Penal, a capacidade da pessoa

    entender que o fato ilcito e agir de acordo com esse entendimento, fundamentando em

    sua maturidade psquica

    Arg. 2 Punio no diminui a violncia, aumenta a populao carcerria e no reduz a

    reincidncia

    No h dados que comprovem que o rebaixamento da idade penal reduz os ndices de

    criminalidade juvenil. Os atos infracionais mais cometidos pelos/as adolescentes so

    equivalentes a tipificao de Roubo e Trfico, que podem ser vinculados a sua condio de

    vulnerabilidade social em consequncia da pobreza. A pesquisa de Loic Wacquant nos

    Estados Unidos mostra que a legislao aplicada aos adolescentes a partir dos 12 anos, que

    a mesma equivalente aos adultos, aumenta a populao carcerria.

    Arg. 3 As normativas nacionais e internacionais afirmam a garantia da defesa dos direitos

    humanos de adolescentes

    A Doutrina da Proteo Integral o que caracteriza o tratamento jurdico dispensado pelo

    Direito Brasileiro s crianas e adolescentes. Os direitos destes devem ser respeitados e

    garantidos de forma integral e integrada, mediando e operacionalizao de polticas de

    natureza universal, protetiva e socioeducativa.

    A reduo vai contra a Constituio Federal Brasileira e o ECA que reconhece prioridade e

    proteo especial a crianas e adolescentes. Vai contra o Sistema Nacional de Atendimento

    Socioeducativo (SINASE) de princpios administrativos, polticos e pedaggicos que

    orientam os programas de medidas socioeducativas. Vai contra parmetros internacionais

    de leis especiais para os casos que envolvem pessoas abaixo dos dezoito das quais o Brasil

    signatrio.

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    Arg. 4 Porque poder votar no tem a ver com ser preso como adulto

    Comparar o cumprimento da pena com o direito de poder votar e constituir empresa,

    experincias que proporcionam autonomia de maneira positiva diferente da

    responsabilizao penal um aspecto que marca negativamente a vida do individuo. O voto

    aos 16 anos opcional e no obrigatrio, direito adquirido pela juventude. O voto no

    para a vida toda, e caso o adolescente se arrependa ou se decepcione com sua escolha, ele

    pode corrigir seu voto nas eleies seguintes. Ele pode votar aos 16, mas no pode ser

    votado.

    Arg. 5 Porque educar melhor e mais eficiente do que punir

    A educao fundamental para qualquer indivduo se tornar um cidado. Puni-los com o

    encarceramento tirar a chance de se tornarem cidados conscientes de direitos e

    deveres. As causas da violncia e da desigualdade social no se resolvero com adoo de

    leis penais mais severas. O processo exige que sejam tomadas medidas capazes de romper

    com a banalizao da violncia e seu ciclo. Aes no campo da educao, por exemplo,

    demonstram-se positivas na diminuio da vulnerabilidade de centenas de adolescentes ao

    crime e violncia.

    6. Porque fixar a maioridade penal em 18 anos tendncia mundial

    Diferentemente do que alguns jornais, revistas ou veculos de comunicao em geral tm

    divulgado, a idade de responsabilidade penal no Brasil no se encontra em desequilbrio se

    comparada maioria dos pases do mundo.

    De uma lista de 54 pases analisados, a maioria deles adota a idade de responsabilidade

    penal absoluta aos 18 anos de idade, como o caso brasileiro. Essa fixao majoritria

    decorre das recomendaes internacionais que sugerem a existncia de um sistema de

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    justia especializado para julgar, processar e responsabilizar autores de atos infracionais

    abaixo dos 18 anos.

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    Anexo I

    Idade de Responsabilidade Juvenil e de Imputabilidade penal (responsabilidade como

    Adultos) em diferentes Pases

    Pases Idade de

    Responsabilidade Juvenil

    Idade de Responsabilidade como Adultos

    Tempo mximo de privao de liberdade

    Observaes

    Alemanha 14 18/21 10 anos De 18 a 21 anos o sistema alemo admite o que se convencionou chamar de sistema de jovens adultos, no qual mesmo aps os 18 anos, a depender do estudo do discernimento podem ser aplicadas as regras do Sistema de justia juvenil. Contudo, a ultima reforma legislativa elevou para 15 anos o tempo mximo de privao de liberdade para esta faixa de idade. Aps os 21 anos a competncia exclusiva da jurisdio penal tradicional.

    Argentina 16 18 Admitem-se Penas de durao perptua

    O Sistema Argentino Tutelar

    Blgica 16/18 16/18 Quando um jovem, entre 12 e 17 anos, comete uma infrao cuja pena seria de 10 ou mais anos, se cometida por um adulto, a medida de internao a ele aplicada pode se estender at

    O Sistema Belga tutelar e portanto no admite responsabilidade abaixo dos 18 anos. Porm, a partir dos 16 anos admite-se a reviso da presuno de irresponsabilidade para alguns tipos de delitos, por exemplo delitos de trnsito, quando o

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    que esse jovem complete 23 anos

    adolescente poder ser submetido a um regime de penas.

    Bolvia 12 16/18/21 30 anos O artigo 2 da lei 2026 de 1999 prev que a responsabilidade de adolescentes incidir entre os 12 e os 18 anos. Entretanto outro artigo (222) estabelece que a responsabilidade se aplicar a pessoas entre os 12 e 16 anos. Sendo que na faixa etria de 16 a 21 anos sero tambm aplicadas as normas da legislao.

    Canad 12 14/18 Pode exceder 10 anos em casos de homicdio qualificado na lei criminal lei especial de 2002, modificada em 28 de fevereiro de 2013(16, c, i)]

    A legislao canadense (Youth Criminal Justice Act/2002) admite que a partir dos 14 anos, nos casos de delitos de extrema gravidade, o adolescente seja julgado pela Justia comum e venha a receber sanes previstas no Cdigo Criminal, porm estabelece que nenhuma sano aplicada a um adolescente poder ser mais severa do que aquela aplicada a um adulto pela prtica do mesmo crime.

    Colmbia 14 18 10 anos A nova lei colombiana 1098 de 2006, regula um sistema de responsabilidade penal de adolescentes a partir dos 14 anos, no entanto a privao de liberdade somente admitida aos maiores de 16 anos, exceto nos casos de

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    homicdio doloso, seqestro e extorso.

    Chile 14 /16 18 10 anos A Lei de Responsabilidade Penal de Adolescentes chilena define um sistema de responsabilidade dos 14 aos 18 anos, sendo que em geral os adolescentes somente so responsveisa partir dos 16 anos. No caso de um adolescente de 14 anos autor de infrao penal a responsabilidade ser dos Tribunais de Famlia.

    Costa Rica 12 18 15 anos -

    Espanha 12 18/21 2 anos em geral.; casos de extrema gravidade admitem privao de 1 (um) a 6 (seis) anos, complementada sucessivamente com medida em meio aberto at um mximo de 5 (cinco) anos

    A Espanha tambm adota um Sistema de Jovens Adultos com a aplicao da Lei Orgnica 5/2000 para a faixa dos 18 aos 21 anos.

    Estados Unidos 10*** 12/16 H diferenas substantivas de Estado para Estado da federao

    Na maioria dos Estados do pas, adolescentes com mais de 12 anos podem ser submetidos aos mesmos procedimentos dos adultos, inclusive com a imposio de pena de morte ou priso perptua. O pas no ratificou a Conveno Internacional sobre os Direitos da Criana.

    Equador 12 18 4 anos -

    Frana 13 18 7 anos e meio nos casos de

    Os adolescentes entre 13 e 18 anos gozam de

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    adolescente reincidente por crime apenado com pena perptua (se adulto) Lei 45-174 de 2 de fevereiro de 1945 atualizada em 29 de maro de 2012

    uma presuno relativa de irresponsabilidade penal. Quando demonstrado o discernimento e fixada a pena, nesta faixa de idade (Jeune) haver uma diminuio obrigatria. Na faixa de idade seguinte (16 a 18) a diminuio fica a critrio do juiz.

    Guatemala 13 18 6 anos -

    Holanda 12 18 8 anos -

    Inglaterra e Pases de Gales

    10/15* 18/21 Depende das caractersticas do crime, independe da idade. De 12 a 17 anos em geral aplicam-se medidas de at 2 anos. Casos de extrema gravidade admitem privao de duranao mnima de 14 anos, cabendo ainda em casos excepcionais penas de durao perptua.

    Embora a idade de incio da responsabilidade penal na Inglaterra esteja fixada aos 10 anos, a privao de liberdade somente admitida aps os 15 anos de idade. Isto porque entre 10 e 14 anos existe a categoria Child,e de 14 a 18 Young Person, para a qual h a presuno de plena capacidade e a imposio de penas em quantidade diferenciada das penas aplicadas aos adultos. De 18 a 21 anos, h tambm atenuao das penas aplicadas.

    Itlia 14 18/21 5 anos ( artigo 98 do Cdigo Penal Italiano)

    Sistema de Jovens Adultos at 21 anos.

    Mxico 11**** 18 7 anos para delitos federais. (Depende de cada caso art. 114, Ley Federal De Justicia Para Adolescentes)

    A idade de inicio da responsabilidade juvenil mexicana em sua maioria aos 11 anos, porm os estados do pas possuem legislaes prprias, e o sistema ainda tutelar

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    Paraguai 14 18 4 anos (Ley n 1680/01, art. 207)

    -

    Peru 12 18 3 anos (Ley n 27337, artculo 235)

    -

    Portugal 12 16/21 somente admite Internao aps 14 anos. 3 anos nas hiptese mais graves ( artigo 18 da Lei N. 166/99, DE 14 DE SETEMBRO

    Sistema de Jovens Adultos at 21 anos

    Uruguai 13 18 5 anos (Cdigo De La Niez Y La Adolescencia. Ley N 17.823, artculo 91)

    -

    Venezuela 12/14 18 5 anos (Ley Orgnica Para La Proteccin De Nios, Nias Y Adolescentes, artculo 628, pargrafo primeiro)

    A Lei 5266/98 incide sobre adolescentes de 12 a 18 anos, porm estabelece diferenciaes quanto s sanes aplicveis para as faixas de 12 a 14e de 14 a 18 anos. Para a primeira, as medidas privativas de liberdade no podero exceder 2 anos, e para a segunda no ser superior a 5 anos.

    Brasil 12 18 3 anos

    Tabela comparativa *Idade a partir da qual admite-se privao de liberdade; ** Somente para delitos de trnsito; *** Somente para delitos graves. ****Legislaes diferenciadas em cada estado. x/x Sistema de Jovens Adultos

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    Fontes consultadas para elaborao dessa nota Porque dizer no reduo da idade penal Unicef/2007 Levantamento anual do Sinase/2013 Dados Preliminares Mapa da Violncia/2014 Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americano FLACSO BRASIL.