liberdade de cÁtedra (“escola sem partido · acadêmica, escola sem partido, escola neutra,...
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N 14 Supremo Tribunal Federal 23 de novembro de 2018
Essa pesquisa foi realizada em bases de dados bases de jurisprudecircncia e
publicaccedilotildees nacionais e internacionais Os principais termos de busca
utilizados foram liberdade de caacutetedra liberdade de expressatildeo liberdade
acadecircmica escola sem partido escola neutra escola livre direito de
ensinar direito de caacutetedra right to teach freedom of speech academic
freedom derecho de ensentildeanza libertad de caacutetedra libertad acadeacutemica A
breve descriccedilatildeo do entendimento resulta da anaacutelise de decisotildees em geral
em idioma estrangeiro de modo que a fidelidade agraves fontes poderaacute ser
aferida no inteiro teor
LIBERDADE DE CAacuteTEDRA
(ldquoESCOLA SEM PARTIDOrdquo)1
Alemanha
1) 2 BvR 143602 (2003) O Tribunal Constitucional Federal da Alemanha
analisou o caso em que uma candidata ao cargo de professora teve sua nomeaccedilatildeo
recusada como servidora puacuteblica nas escolas primaacuterias e secundaacuterias alematildes
alegando que sua intenccedilatildeo declarada de usar um lenccedilo na cabeccedila nas salas de
aula a teria rotulado como inadequada para o cargo O Tribunal mostrou
compreensatildeo quanto agraves convicccedilotildees religiosas da queixosa poreacutem ela natildeo
demonstrou compreender o desejo do empregador quanto agrave neutralidade
religiosa e ideoloacutegica Apontou que a inflexibilidade da candidata ao cargo
suscitava duacutevidas quanto agrave sua lealdade quanto aos objetivos da escola sob o
argumento de que esse objeto deve ser interpretado inter alia como um siacutembolo
poliacutetico de delimitaccedilatildeo cultural e usaacute-lo enquanto leciona natildeo eacute compatiacutevel com
a exigecircncia de neutralidade do Estado e com os direitos dos alunos e de seus pais
A requerente afirmou que o uso do lenccedilo natildeo eacute apenas uma caracteriacutestica da sua
personalidade mas tambeacutem a expressatildeo da sua convicccedilatildeo religiosa de acordo com
os preceitos do Islatilde Acrescentou que embora o Estado tenha a obrigaccedilatildeo de
preservar a neutralidade em questotildees de religiatildeo no tocante ao dever
constitucional de prover a educaccedilatildeo natildeo eacute obrigado a fazecirc-lo completamente sem
referecircncias religiosas e ideoloacutegicas devendo-se buscar um equiliacutebrio entre os
interesses conflitantes
O pleito foi negado em tribunais administrativos Assentou-se que devido agrave
frequecircncia escolar obrigatoacuteria e agrave falta de influecircncia dos alunos na seleccedilatildeo dos seus
1 Veja ADI 5537 ADI 5580 e ADI 6038
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professores os estudantes natildeo tinham possibilidade de evitar ou escolher o corpo
docente Entendeu-se que isso originou o perigo de influecircncia - incluindo
influecircncia natildeo intencional - da professora que era considerada uma pessoa com
autoridade O direito do docente de se comportar de acordo com sua convicccedilatildeo
religiosa deve ter menor prioridade do que a liberdade de religiatildeo conflitante dos
alunos e pais durante as aulas Nos termos da Lei Fundamental os professores
devem aceitar restriccedilotildees agrave sua liberdade positiva de religiatildeo para garantir que as
aulas sejam realizadas em um ambiente de neutralidade religiosa A requerente
alegou que diferentemente de um estado secular a Repuacuteblica Federal da
Alemanha estava aberta agrave atividade religiosa inclusive nas escolas o que revela
uma neutralidade abrangente aberta e respeitosa Afirmou que as ameaccedilas
mencionadas eram meramente abstratas e teoacutericas e caso surgissem conflitos
concretos haveria meios viaacuteveis para resolvecirc-los
A Segunda Turma do Tribunal em decisatildeo majoritaacuteria acolheu o pedido da
requerente e decidiu que a Lei do Estado de Baden-Wuumlrttemberg natildeo possuiacutea base
estatutaacuteria suficientemente definida para a proibiccedilatildeo do uso lenccedilo de cabeccedila por
professores em escolas e durante as aulas Observou-se que natildeo consta dos autos
nenhuma evidecircncia tangiacutevel de que a apariccedilatildeo da requerente com adereccedilo de
cunho religioso criou qualquer perigo concreto para a paz na escola O medo de
que os conflitos possam surgir com pais que se oponham a que seus filhos sejam
ensinados por uma profissional usando lenccedilo de cabeccedila natildeo pode ser justificado
pela experiecircncia anterior da requerente em sala de aula tampouco eacute fundamento
para proibir a expressatildeo religiosa
Apontou-se que a mudanccedila social que estaacute associada agrave crescente pluralidade
religiosa pode ser o motivo para a legislatura estadual redefinir o grau admissiacutevel
de referecircncias religiosas permitidas nas instituiccedilotildees de ensino Ao fazecirc-lo o corpo
legislativo deve levar em consideraccedilatildeo a liberdade de religiatildeo dos professores e
dos alunos afetados o direito de cuidados e educaccedilatildeo dos pais e o dever do Estado
de neutralidade ideoloacutegica e religiosa
Em posiccedilatildeo majoritaacuteria o oacutergatildeo declarou que existe uma restriccedilatildeo funcional agrave
proteccedilatildeo dos direitos fundamentais dos funcionaacuterios puacuteblicos No caso de acesso
a um cargo puacuteblico natildeo existe uma situaccedilatildeo aberta em que interesses legais de
igual valor sejam ponderados A relaccedilatildeo juriacutedica essencial para a realizaccedilatildeo dos
direitos fundamentais na escola eacute moldada em primeiro lugar pela proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais dos alunos e dos pais A posiccedilatildeo particular de dever de um
funcionaacuterio puacuteblico tem precedecircncia sobre a proteccedilatildeo dos direitos fundamentais
em razatildeo do cargo puacuteblico que ocupa Assim o uso intransigente do lenccedilo na
cabeccedila eacute incompatiacutevel com a exigecircncia de um funcionaacuterio puacuteblico ser moderado
e neutro
Chile
2) Sentencia Rol 41006shy004 (2004) O Tribunal Constitucional do Chile asseverou
que embora o direito agrave educaccedilatildeo e a liberdade de ensino sejam diferentes existem
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numerosos e importantes viacutenculos entre eles visto que o objeto da educaccedilatildeo isto
eacute o pleno desenvolvimento da pessoa nas diferentes etapas de sua vida manifesta-
se ou implementa-se por meio do ensino seja formal ou informal Enquanto o
direito social agrave educaccedilatildeo exige a prestaccedilatildeo de accedilotildees educativas para sua satisfaccedilatildeo
o direito agrave liberdade de caacutetedra garante aos agentes educacionais a atuaccedilatildeo livre
de interferecircncia cujo exerciacutecio eacute assegurado pela Constituiccedilatildeo a todas as pessoas
singulares e coletivas sem exceccedilatildeo ou distinccedilatildeo Entre as bases constitucionais da
liberdade de ensino a Constituiccedilatildeo impotildee agrave instituiccedilatildeo oficialmente reconhecida
a proibiccedilatildeo de propagar qualquer tendecircncia poliacutetica partidaacuteria Assim os projetos
educativos empreendidos devem ser sempre realizados livremente sendo
proibido tanto ao Estado quanto aos indiviacuteduos subordinaacute-los a posiccedilotildees poliacuteticas
Colocircmbia (Corte Constitucional da Colocircmbia)
3) Sentencia T-23918 (2018) O caso versa sobre a demissatildeo sem justa causa de
professor universitaacuterio que denunciou atos de violecircncia de gecircnero e de asseacutedio no
ambiente de trabalho dentro da instituiccedilatildeo de ensino A Corte entendeu que ao
assim proceder a universidade vulnerou os direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
natildeo-discriminaccedilatildeo do docente decidindo pela reintegraccedilatildeo do professor ao
quadro de docentes
A Corte explicou que a autonomia universitaacuteria possui duas dimensotildees (i)
autorregulaccedilatildeo filosoacutefica ligada agrave liberdade de pensamento e (ii)
autodeterminaccedilatildeo administrativa relativa agrave organizaccedilatildeo interna das instituiccedilotildees
na qual se inclui a autonomia contratual Essa uacuteltima dimensatildeo permite (a) dar e
modificar seus proacuteprios estatutos (b) estabelecer mecanismos que facilitem a
eleiccedilatildeo nomeaccedilatildeo e mandato de seus diretores e administradores (c) desenvolver
planos de estudo programas acadecircmicos de treinamento de ensino cientiacuteficos e
culturais (d) selecionar professores e admitir alunos (e) assumir a preparaccedilatildeo e
aprovaccedilatildeo de orccedilamentos e (f) gerenciar seus proacuteprios ativos e recursos No
entanto a autonomia universitaacuteria em qualquer uma dessas dimensotildees protege
aquelas accedilotildees que afetam injustificadamente os direitos fundamentais dos
membros da comunidade universitaacuteria e sendo arbitraacuteria natildeo estatildeo em
conformidade com os paracircmetros da razoabilidade e da proporcionalidade Desta
forma a autonomia universitaacuteria natildeo implica poder absoluto e seu exerciacutecio
encontra limites na impossibilidade de ignorar os direitos fundamentais de seus
trabalhadores e estudantes
A Corte assinalou que existem vaacuterias manifestaccedilotildees do direito agrave liberdade de
expressatildeo que constituem o desenvolvimento e exerciacutecio de outros direitos
fundamentais como por exemplo a livre expressatildeo artiacutestica a objeccedilatildeo de
consciecircncia a liberdade religiosa a liberdade acadecircmica e os direitos de reuniatildeo
paciacutefica e de manifestaccedilatildeo em espaccedilo puacuteblico Nesse sentido a jurisprudecircncia
estabeleceu que o direito agrave liberdade de expressatildeo estaacute relacionado agrave dignidade
humana pois a possibilidade de disseminar e trocar ideias tambeacutem faz parte da
autorrealizaccedilatildeo Aleacutem disso reconheceu-se que a liberdade de expressatildeo eacute um dos
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elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de
opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do
poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para
a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente
Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais
da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de
expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e
ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se
expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)
toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada
caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos
termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma
colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de
uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade
de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os
seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a
defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave
discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas
por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente
conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e
defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a
cometer genociacutedio
4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor
deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o
magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido
expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere
adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere
apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da
liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que
consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam
determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos
gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave
criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores
procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica
a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a
Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo
pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou
antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de
aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave
participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos
da educaccedilatildeo
A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo
eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos
constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este
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processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que
inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade
A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees
essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes
cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a
realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo
concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra
determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio
simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o
objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para
alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o
desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo
insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas
especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em
que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo
5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees
de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo
titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a
liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer
que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito
garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade
docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de
acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos
estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado
pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a
convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da
liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem
livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees
Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a
qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a
melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos
Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)
6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da
Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a
liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa
A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito
de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores
assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto
natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo
docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios
organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a
liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de
escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado
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campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos
Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade
de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que
obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar
injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel
de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]
7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de
um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do
docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da
instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo
podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos
direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um
professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se
natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades
educacionais da instituiccedilatildeo
Estados Unidos da Ameacuterica2
8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por
uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da
Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira
Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona
seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador
da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra
nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)
mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com
o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens
negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher
branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse
mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso
irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis
tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente
caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada
e insubordinada o que levou a sua demissatildeo
Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da
autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos
Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso
patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente
relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que
os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas
2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-
practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes
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proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v
Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como
cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo
com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo
da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando
que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a
liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a
Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]
9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes
exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente
legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi
suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o
direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa
configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo
extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas
especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de
drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante
que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo
do uso de drogas iliacutecitas
10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o
coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao
determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo
provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades
prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees
que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo
inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo
Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas
ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais
11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma
nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento
de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da
universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o
professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino
do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro
Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da
Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do
professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma
decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo
constitucional
12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade
comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os
estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e
outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao
uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como
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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
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24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
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Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
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professores os estudantes natildeo tinham possibilidade de evitar ou escolher o corpo
docente Entendeu-se que isso originou o perigo de influecircncia - incluindo
influecircncia natildeo intencional - da professora que era considerada uma pessoa com
autoridade O direito do docente de se comportar de acordo com sua convicccedilatildeo
religiosa deve ter menor prioridade do que a liberdade de religiatildeo conflitante dos
alunos e pais durante as aulas Nos termos da Lei Fundamental os professores
devem aceitar restriccedilotildees agrave sua liberdade positiva de religiatildeo para garantir que as
aulas sejam realizadas em um ambiente de neutralidade religiosa A requerente
alegou que diferentemente de um estado secular a Repuacuteblica Federal da
Alemanha estava aberta agrave atividade religiosa inclusive nas escolas o que revela
uma neutralidade abrangente aberta e respeitosa Afirmou que as ameaccedilas
mencionadas eram meramente abstratas e teoacutericas e caso surgissem conflitos
concretos haveria meios viaacuteveis para resolvecirc-los
A Segunda Turma do Tribunal em decisatildeo majoritaacuteria acolheu o pedido da
requerente e decidiu que a Lei do Estado de Baden-Wuumlrttemberg natildeo possuiacutea base
estatutaacuteria suficientemente definida para a proibiccedilatildeo do uso lenccedilo de cabeccedila por
professores em escolas e durante as aulas Observou-se que natildeo consta dos autos
nenhuma evidecircncia tangiacutevel de que a apariccedilatildeo da requerente com adereccedilo de
cunho religioso criou qualquer perigo concreto para a paz na escola O medo de
que os conflitos possam surgir com pais que se oponham a que seus filhos sejam
ensinados por uma profissional usando lenccedilo de cabeccedila natildeo pode ser justificado
pela experiecircncia anterior da requerente em sala de aula tampouco eacute fundamento
para proibir a expressatildeo religiosa
Apontou-se que a mudanccedila social que estaacute associada agrave crescente pluralidade
religiosa pode ser o motivo para a legislatura estadual redefinir o grau admissiacutevel
de referecircncias religiosas permitidas nas instituiccedilotildees de ensino Ao fazecirc-lo o corpo
legislativo deve levar em consideraccedilatildeo a liberdade de religiatildeo dos professores e
dos alunos afetados o direito de cuidados e educaccedilatildeo dos pais e o dever do Estado
de neutralidade ideoloacutegica e religiosa
Em posiccedilatildeo majoritaacuteria o oacutergatildeo declarou que existe uma restriccedilatildeo funcional agrave
proteccedilatildeo dos direitos fundamentais dos funcionaacuterios puacuteblicos No caso de acesso
a um cargo puacuteblico natildeo existe uma situaccedilatildeo aberta em que interesses legais de
igual valor sejam ponderados A relaccedilatildeo juriacutedica essencial para a realizaccedilatildeo dos
direitos fundamentais na escola eacute moldada em primeiro lugar pela proteccedilatildeo dos
direitos fundamentais dos alunos e dos pais A posiccedilatildeo particular de dever de um
funcionaacuterio puacuteblico tem precedecircncia sobre a proteccedilatildeo dos direitos fundamentais
em razatildeo do cargo puacuteblico que ocupa Assim o uso intransigente do lenccedilo na
cabeccedila eacute incompatiacutevel com a exigecircncia de um funcionaacuterio puacuteblico ser moderado
e neutro
Chile
2) Sentencia Rol 41006shy004 (2004) O Tribunal Constitucional do Chile asseverou
que embora o direito agrave educaccedilatildeo e a liberdade de ensino sejam diferentes existem
3
numerosos e importantes viacutenculos entre eles visto que o objeto da educaccedilatildeo isto
eacute o pleno desenvolvimento da pessoa nas diferentes etapas de sua vida manifesta-
se ou implementa-se por meio do ensino seja formal ou informal Enquanto o
direito social agrave educaccedilatildeo exige a prestaccedilatildeo de accedilotildees educativas para sua satisfaccedilatildeo
o direito agrave liberdade de caacutetedra garante aos agentes educacionais a atuaccedilatildeo livre
de interferecircncia cujo exerciacutecio eacute assegurado pela Constituiccedilatildeo a todas as pessoas
singulares e coletivas sem exceccedilatildeo ou distinccedilatildeo Entre as bases constitucionais da
liberdade de ensino a Constituiccedilatildeo impotildee agrave instituiccedilatildeo oficialmente reconhecida
a proibiccedilatildeo de propagar qualquer tendecircncia poliacutetica partidaacuteria Assim os projetos
educativos empreendidos devem ser sempre realizados livremente sendo
proibido tanto ao Estado quanto aos indiviacuteduos subordinaacute-los a posiccedilotildees poliacuteticas
Colocircmbia (Corte Constitucional da Colocircmbia)
3) Sentencia T-23918 (2018) O caso versa sobre a demissatildeo sem justa causa de
professor universitaacuterio que denunciou atos de violecircncia de gecircnero e de asseacutedio no
ambiente de trabalho dentro da instituiccedilatildeo de ensino A Corte entendeu que ao
assim proceder a universidade vulnerou os direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
natildeo-discriminaccedilatildeo do docente decidindo pela reintegraccedilatildeo do professor ao
quadro de docentes
A Corte explicou que a autonomia universitaacuteria possui duas dimensotildees (i)
autorregulaccedilatildeo filosoacutefica ligada agrave liberdade de pensamento e (ii)
autodeterminaccedilatildeo administrativa relativa agrave organizaccedilatildeo interna das instituiccedilotildees
na qual se inclui a autonomia contratual Essa uacuteltima dimensatildeo permite (a) dar e
modificar seus proacuteprios estatutos (b) estabelecer mecanismos que facilitem a
eleiccedilatildeo nomeaccedilatildeo e mandato de seus diretores e administradores (c) desenvolver
planos de estudo programas acadecircmicos de treinamento de ensino cientiacuteficos e
culturais (d) selecionar professores e admitir alunos (e) assumir a preparaccedilatildeo e
aprovaccedilatildeo de orccedilamentos e (f) gerenciar seus proacuteprios ativos e recursos No
entanto a autonomia universitaacuteria em qualquer uma dessas dimensotildees protege
aquelas accedilotildees que afetam injustificadamente os direitos fundamentais dos
membros da comunidade universitaacuteria e sendo arbitraacuteria natildeo estatildeo em
conformidade com os paracircmetros da razoabilidade e da proporcionalidade Desta
forma a autonomia universitaacuteria natildeo implica poder absoluto e seu exerciacutecio
encontra limites na impossibilidade de ignorar os direitos fundamentais de seus
trabalhadores e estudantes
A Corte assinalou que existem vaacuterias manifestaccedilotildees do direito agrave liberdade de
expressatildeo que constituem o desenvolvimento e exerciacutecio de outros direitos
fundamentais como por exemplo a livre expressatildeo artiacutestica a objeccedilatildeo de
consciecircncia a liberdade religiosa a liberdade acadecircmica e os direitos de reuniatildeo
paciacutefica e de manifestaccedilatildeo em espaccedilo puacuteblico Nesse sentido a jurisprudecircncia
estabeleceu que o direito agrave liberdade de expressatildeo estaacute relacionado agrave dignidade
humana pois a possibilidade de disseminar e trocar ideias tambeacutem faz parte da
autorrealizaccedilatildeo Aleacutem disso reconheceu-se que a liberdade de expressatildeo eacute um dos
4
elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de
opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do
poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para
a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente
Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais
da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de
expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e
ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se
expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)
toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada
caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos
termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma
colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de
uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade
de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os
seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a
defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave
discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas
por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente
conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e
defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a
cometer genociacutedio
4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor
deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o
magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido
expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere
adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere
apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da
liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que
consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam
determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos
gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave
criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores
procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica
a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a
Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo
pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou
antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de
aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave
participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos
da educaccedilatildeo
A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo
eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos
constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este
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processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que
inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade
A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees
essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes
cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a
realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo
concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra
determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio
simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o
objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para
alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o
desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo
insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas
especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em
que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo
5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees
de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo
titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a
liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer
que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito
garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade
docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de
acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos
estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado
pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a
convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da
liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem
livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees
Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a
qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a
melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos
Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)
6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da
Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a
liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa
A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito
de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores
assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto
natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo
docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios
organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a
liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de
escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado
6
campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos
Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade
de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que
obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar
injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel
de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]
7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de
um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do
docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da
instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo
podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos
direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um
professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se
natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades
educacionais da instituiccedilatildeo
Estados Unidos da Ameacuterica2
8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por
uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da
Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira
Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona
seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador
da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra
nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)
mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com
o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens
negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher
branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse
mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso
irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis
tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente
caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada
e insubordinada o que levou a sua demissatildeo
Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da
autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos
Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso
patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente
relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que
os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas
2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-
practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes
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proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v
Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como
cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo
com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo
da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando
que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a
liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a
Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]
9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes
exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente
legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi
suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o
direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa
configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo
extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas
especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de
drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante
que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo
do uso de drogas iliacutecitas
10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o
coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao
determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo
provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades
prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees
que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo
inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo
Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas
ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais
11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma
nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento
de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da
universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o
professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino
do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro
Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da
Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do
professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma
decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo
constitucional
12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade
comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os
estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e
outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao
uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como
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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
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24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
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Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
3
numerosos e importantes viacutenculos entre eles visto que o objeto da educaccedilatildeo isto
eacute o pleno desenvolvimento da pessoa nas diferentes etapas de sua vida manifesta-
se ou implementa-se por meio do ensino seja formal ou informal Enquanto o
direito social agrave educaccedilatildeo exige a prestaccedilatildeo de accedilotildees educativas para sua satisfaccedilatildeo
o direito agrave liberdade de caacutetedra garante aos agentes educacionais a atuaccedilatildeo livre
de interferecircncia cujo exerciacutecio eacute assegurado pela Constituiccedilatildeo a todas as pessoas
singulares e coletivas sem exceccedilatildeo ou distinccedilatildeo Entre as bases constitucionais da
liberdade de ensino a Constituiccedilatildeo impotildee agrave instituiccedilatildeo oficialmente reconhecida
a proibiccedilatildeo de propagar qualquer tendecircncia poliacutetica partidaacuteria Assim os projetos
educativos empreendidos devem ser sempre realizados livremente sendo
proibido tanto ao Estado quanto aos indiviacuteduos subordinaacute-los a posiccedilotildees poliacuteticas
Colocircmbia (Corte Constitucional da Colocircmbia)
3) Sentencia T-23918 (2018) O caso versa sobre a demissatildeo sem justa causa de
professor universitaacuterio que denunciou atos de violecircncia de gecircnero e de asseacutedio no
ambiente de trabalho dentro da instituiccedilatildeo de ensino A Corte entendeu que ao
assim proceder a universidade vulnerou os direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
natildeo-discriminaccedilatildeo do docente decidindo pela reintegraccedilatildeo do professor ao
quadro de docentes
A Corte explicou que a autonomia universitaacuteria possui duas dimensotildees (i)
autorregulaccedilatildeo filosoacutefica ligada agrave liberdade de pensamento e (ii)
autodeterminaccedilatildeo administrativa relativa agrave organizaccedilatildeo interna das instituiccedilotildees
na qual se inclui a autonomia contratual Essa uacuteltima dimensatildeo permite (a) dar e
modificar seus proacuteprios estatutos (b) estabelecer mecanismos que facilitem a
eleiccedilatildeo nomeaccedilatildeo e mandato de seus diretores e administradores (c) desenvolver
planos de estudo programas acadecircmicos de treinamento de ensino cientiacuteficos e
culturais (d) selecionar professores e admitir alunos (e) assumir a preparaccedilatildeo e
aprovaccedilatildeo de orccedilamentos e (f) gerenciar seus proacuteprios ativos e recursos No
entanto a autonomia universitaacuteria em qualquer uma dessas dimensotildees protege
aquelas accedilotildees que afetam injustificadamente os direitos fundamentais dos
membros da comunidade universitaacuteria e sendo arbitraacuteria natildeo estatildeo em
conformidade com os paracircmetros da razoabilidade e da proporcionalidade Desta
forma a autonomia universitaacuteria natildeo implica poder absoluto e seu exerciacutecio
encontra limites na impossibilidade de ignorar os direitos fundamentais de seus
trabalhadores e estudantes
A Corte assinalou que existem vaacuterias manifestaccedilotildees do direito agrave liberdade de
expressatildeo que constituem o desenvolvimento e exerciacutecio de outros direitos
fundamentais como por exemplo a livre expressatildeo artiacutestica a objeccedilatildeo de
consciecircncia a liberdade religiosa a liberdade acadecircmica e os direitos de reuniatildeo
paciacutefica e de manifestaccedilatildeo em espaccedilo puacuteblico Nesse sentido a jurisprudecircncia
estabeleceu que o direito agrave liberdade de expressatildeo estaacute relacionado agrave dignidade
humana pois a possibilidade de disseminar e trocar ideias tambeacutem faz parte da
autorrealizaccedilatildeo Aleacutem disso reconheceu-se que a liberdade de expressatildeo eacute um dos
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elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de
opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do
poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para
a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente
Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais
da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de
expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e
ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se
expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)
toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada
caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos
termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma
colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de
uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade
de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os
seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a
defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave
discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas
por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente
conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e
defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a
cometer genociacutedio
4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor
deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o
magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido
expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere
adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere
apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da
liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que
consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam
determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos
gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave
criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores
procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica
a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a
Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo
pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou
antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de
aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave
participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos
da educaccedilatildeo
A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo
eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos
constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este
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processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que
inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade
A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees
essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes
cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a
realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo
concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra
determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio
simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o
objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para
alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o
desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo
insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas
especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em
que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo
5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees
de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo
titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a
liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer
que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito
garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade
docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de
acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos
estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado
pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a
convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da
liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem
livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees
Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a
qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a
melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos
Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)
6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da
Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a
liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa
A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito
de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores
assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto
natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo
docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios
organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a
liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de
escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado
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campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos
Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade
de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que
obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar
injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel
de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]
7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de
um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do
docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da
instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo
podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos
direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um
professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se
natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades
educacionais da instituiccedilatildeo
Estados Unidos da Ameacuterica2
8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por
uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da
Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira
Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona
seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador
da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra
nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)
mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com
o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens
negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher
branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse
mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso
irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis
tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente
caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada
e insubordinada o que levou a sua demissatildeo
Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da
autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos
Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso
patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente
relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que
os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas
2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-
practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes
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proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v
Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como
cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo
com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo
da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando
que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a
liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a
Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]
9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes
exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente
legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi
suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o
direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa
configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo
extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas
especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de
drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante
que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo
do uso de drogas iliacutecitas
10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o
coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao
determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo
provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades
prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees
que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo
inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo
Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas
ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais
11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma
nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento
de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da
universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o
professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino
do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro
Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da
Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do
professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma
decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo
constitucional
12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade
comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os
estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e
outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao
uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como
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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
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24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
13
30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
4
elementos determinantes da democracia pois promove a participaccedilatildeo e troca de
opiniotildees diferentes que por sua vez podem constituir controle do exerciacutecio do
poder atraveacutes da oposiccedilatildeo agrave arbitrariedade ou da queixa e portanto contribui para
a construccedilatildeo do puacuteblico coletivamente
Reforccedilou-se que o direito agrave liberdade de expressatildeo eacute uma das garantias essenciais
da democracia e do pluralismo e em sentido estrito refere-se ao direito de
expressar e divulgar livremente os proacuteprios pensamentos opiniotildees informaccedilotildees e
ideias sem limitaccedilatildeo atraveacutes dos meios e formas escolhidos pela pessoa que se
expressa a partir dos quais eacute derivada a proibiccedilatildeo da censura A este respeito (i)
toda expressatildeo eacute considerada protegida pela Constituiccedilatildeo a menos que em cada
caso seja convincentemente demonstrado que existe uma justificativa nos
termos da ponderaccedilatildeo com outros princiacutepios constitucionais (ii) quando haacute uma
colisatildeo normativa a posiccedilatildeo de liberdade de expressatildeo eacute privilegiada e goza de
uma prevalecircncia inicial e (iii) existe a priori a suspeita de inconstitucionalidade
de suas restriccedilotildees ou limitaccedilotildees No entanto existe um consenso de que os
seguintes discursos natildeo satildeo protegidos (a) propaganda em favor da guerra (b) a
defesa de oacutedio nacional racial religioso ou outro que constitua incitamento agrave
discriminaccedilatildeo hostilidade violecircncia contra qualquer pessoa ou grupo de pessoas
por qualquer motivo (modo de expressatildeo que abrange as categorias comumente
conhecidas) como discurso de oacutedio discurso discriminatoacuterio defesa do crime e
defesa da violecircncia) c) pornografia infantil e (d) incitamento direto e puacuteblico a
cometer genociacutedio
4) Sentencia T-58898 (1998) A liberdade acadecircmica eacute um direito que o professor
deteacutem independentemente do ciclo ou niacutevel de estudos em que desempenha o
magisteacuterio garantindo-lhe autonomia e independecircncia Ao docente eacute permitido
expressar ideias e convicccedilotildees que em seu julgamento profissional considere
adequadas e necessaacuterias incluindo a determinaccedilatildeo do meacutetodo que considere
apropriado para transmitir seus ensinamentos Por outro lado o nuacutecleo da
liberdade acadecircmica do professor incorpora um poder legiacutetimo de resistecircncia que
consiste em se opor a receber instruccedilotildees ou comandos que imprimam
determinada orientaccedilatildeo ideoloacutegica agrave sua atuaccedilatildeo como docente Em termos
gerais o processo educacional em todos os niacuteveis eacute um desafio constante agrave
criatividade e agrave busca desinteressada e objetiva da verdade e dos melhores
procedimentos para acessaacute-la e compartilhaacute-la com os alunos A adesatildeo autecircntica
a este propoacutesito exige do professor uma margem de autonomia cuja proteccedilatildeo a
Constituiccedilatildeo considera crucial proteger e garantir A liberdade acadecircmica natildeo
pode ser utilizada pelo professor para encobrir accedilotildees arbitraacuterias ou
antipedagoacutegicas que desconsideram o significado participativo do processo de
aprendizagem o qual deve ser baseado em praacuteticas democraacuteticas e aberto agrave
participaccedilatildeo de alunos e pais considerados atores e natildeo apenas sujeitos passivos
da educaccedilatildeo
A independecircncia e autonomia que a liberdade de caacutetedra outorga ao professor natildeo
eacute absoluto e estaacute sujeita aos limites que decorrem do respeito a outros direitos
constitucionais e da conformaccedilatildeo do proacuteprio processo de aprendizagem Este
5
processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que
inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade
A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees
essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes
cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a
realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo
concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra
determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio
simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o
objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para
alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o
desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo
insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas
especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em
que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo
5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees
de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo
titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a
liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer
que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito
garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade
docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de
acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos
estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado
pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a
convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da
liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem
livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees
Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a
qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a
melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos
Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)
6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da
Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a
liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa
A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito
de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores
assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto
natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo
docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios
organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a
liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de
escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado
6
campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos
Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade
de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que
obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar
injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel
de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]
7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de
um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do
docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da
instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo
podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos
direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um
professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se
natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades
educacionais da instituiccedilatildeo
Estados Unidos da Ameacuterica2
8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por
uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da
Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira
Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona
seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador
da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra
nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)
mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com
o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens
negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher
branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse
mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso
irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis
tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente
caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada
e insubordinada o que levou a sua demissatildeo
Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da
autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos
Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso
patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente
relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que
os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas
2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-
practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes
7
proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v
Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como
cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo
com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo
da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando
que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a
liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a
Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]
9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes
exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente
legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi
suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o
direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa
configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo
extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas
especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de
drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante
que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo
do uso de drogas iliacutecitas
10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o
coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao
determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo
provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades
prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees
que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo
inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo
Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas
ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais
11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma
nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento
de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da
universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o
professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino
do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro
Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da
Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do
professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma
decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo
constitucional
12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade
comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os
estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e
outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao
uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como
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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
11
24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
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Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
5
processo desdobra-se num sentido abertamente participativo e dinacircmico que
inclui professores alunos pais e em geral membros da comunidade
A intervenccedilatildeo do Estado na educaccedilatildeo pode ser expressa atraveacutes de poliacuteticas e accedilotildees
essenciais para a adequada formaccedilatildeo fiacutesica intelectual e moral dos estudantes
cuja isenccedilatildeo por motivos religiosos poria em perigo ou afetaria seriamente a
realizaccedilatildeo dos objetivos buscados De acordo com o princiacutepio da harmonizaccedilatildeo
concreta se a objeccedilatildeo de consciecircncia ou religiosa puder ser levantada contra
determinada praacutetica escolar deve-se optar pela soluccedilatildeo que permita o exerciacutecio
simultacircneo de direitos em aparente conflito que seriam superados mantendo o
objetivo didaacutetico mas modificando ou ajustando o meacutetodo planejado para
alcanccedilaacute-lo Se no entanto a poliacutetica ou accedilatildeo eacute considerada necessaacuteria para o
desenvolvimento integral do aluno e os meios de implementaccedilatildeo satildeo
insubstituiacuteveis as possibilidades de harmonizaccedilatildeo concreta satildeo reduzidas
especialmente pela necessidade de optar pelo melhor interesse do jovem caso em
que a liberdade religiosa ou objeccedilatildeo de consciecircncia dificilmente prevaleceratildeo
5) Sentencia T-09294 (1994) A comunidade em geral e em particular as instituiccedilotildees
de ensino - puacuteblicas ou privadas - professores pesquisadores e estudantes satildeo
titulares da liberdade de ensino aprendizagem e pesquisa Ressalvou-se que a
liberdade acadecircmica tem um destinataacuterio uacutenico qual seja o educador qualquer
que seja seu niacutevel ou sua especialidade Portanto a liberdade acadecircmica eacute o direito
garantido constitucionalmente a todas as pessoas que realizam uma atividade
docente visando apresentar um programa de estudo pesquisa e avaliaccedilatildeo que de
acordo com seus criteacuterios refletiraacute na melhoria do niacutevel acadecircmico dos
estudantes A liberdade acadecircmica natildeo eacute um direito absoluto sendo limitado
pelos objetivos do Estado entre os quais a proteccedilatildeo de direitos como a paz a
convivecircncia e a liberdade de consciecircncia dentre outros O desenvolvimento da
liberdade de ensino acadecircmico deve permitir que os professores determinem
livremente a forma como seratildeo ministradas as mateacuterias e realizadas as avaliaccedilotildees
Essa decisatildeo deve ser comunicada agrave direccedilatildeo da instituiccedilatildeo a fim de garantir a
qualidade de ensino e o cumprimento das obrigaccedilotildees pelos docentes visando a
melhor formaccedilatildeo intelectual dos alunos
Espanha (Tribunal Constitucional da Espanha)
6) Sentencia 1791996 (1996) A Primeira Turma do Tribunal Constitucional da
Espanha decidiu que o direito das universidades agrave autonomia assegura a
liberdade para organizar cursos universitaacuterios e combater a interferecircncia externa
A liberdade de instruccedilatildeo eacute uma ramificaccedilatildeo da liberdade de opiniatildeo e o do direito
de livremente divulgar pensamentos ideias e opiniotildees que todos os professores
assumem como direitos individuais em relaccedilatildeo agrave mateacuteria ensinada No entanto
natildeo significa que o professor tenha liberdade para regular aspectos da funccedilatildeo
docente pessoalmente com exclusividade e independentemente dos criteacuterios
organizacionais aplicados pela administraccedilatildeo do centro universitaacuterio Embora a
liberdade de instruccedilatildeo natildeo assegure um direito putativo dos professores de
escolher um assunto especiacutefico dentre aqueles que integram um determinado
6
campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos
Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade
de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que
obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar
injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel
de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]
7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de
um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do
docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da
instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo
podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos
direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um
professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se
natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades
educacionais da instituiccedilatildeo
Estados Unidos da Ameacuterica2
8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por
uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da
Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira
Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona
seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador
da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra
nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)
mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com
o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens
negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher
branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse
mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso
irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis
tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente
caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada
e insubordinada o que levou a sua demissatildeo
Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da
autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos
Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso
patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente
relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que
os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas
2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-
practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes
7
proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v
Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como
cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo
com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo
da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando
que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a
liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a
Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]
9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes
exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente
legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi
suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o
direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa
configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo
extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas
especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de
drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante
que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo
do uso de drogas iliacutecitas
10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o
coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao
determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo
provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades
prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees
que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo
inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo
Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas
ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais
11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma
nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento
de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da
universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o
professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino
do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro
Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da
Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do
professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma
decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo
constitucional
12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade
comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os
estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e
outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao
uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como
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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
11
24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
13
30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
6
campo de conhecimento e a organizaccedilatildeo de cursos seja responsabilidade dos
Departamentos Universitaacuterios natildeo se pode descartar que por vezes a liberdade
de instruccedilatildeo poderia ser violada como resultado de decisotildees arbitraacuterias que
obrigassem o corpo docente com plena capacidade de ensino e pesquisa a ensinar
injustificadamente disciplinas diferentes daquelas correspondentes ao seu niacutevel
de formaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoESP-1996-3-028rdquo]
7) Sentencia 471985 (1985) Uma atividade docente hostil ou contraacuteria agrave ideologia de
um centro de ensino privado pode ser motivo legiacutetimo para a demissatildeo do
docente desde que o fato constitutivo de ataque aberto ou furtivo agrave ideologia da
instituiccedilatildeo seja comprovado de forma clara e especiacutefica pelo empregador natildeo
podendo estar embasado em afirmaccedilotildees geneacutericas Ressalva-se que o respeito aos
direitos constitucionais implica reconhecer que o mero desacordo de um
professor em relaccedilatildeo agrave ideologia da instituiccedilatildeo natildeo justifica seu desligamento se
natildeo tiver sido externalizado ou manifestado em qualquer das atividades
educacionais da instituiccedilatildeo
Estados Unidos da Ameacuterica2
8) Jeena Lee-Walker vs NYC Dept de Educ (2016) Trata-se de accedilatildeo apresentada por
uma professora contra seu antigo empregador o Departamento de Educaccedilatildeo da
Cidade de Nova York alegando que o distrito violou seus direitos da Primeira
Emenda e do devido processo legal A autora ensinava inglecircs a alunos da nona
seacuterie e designou um livro para sua turma Nilda de Junot Diacuteaz O administrador
da escola proibiu a docente de ensinar sobre Nilda em razatildeo do uso da palavra
nigger (expressatildeo pejorativa e ofensiva para se referir agrave populaccedilatildeo negra)
mencionada em toda a obra Em outra ocasiatildeo a professora se desentendeu com
o distrito escolar ao lecionar sobre o Central Park Five caso no qual cinco jovens
negros e latinos foram condenados injustamente pelo estupro de uma mulher
branca no Central Park em 1989 O diretor assistente solicitou que a docente fosse
mais equilibrada ao ensinar sobre o caso pois a administraccedilatildeo temia que isso
irritasse desnecessariamente os estudantes negros ocasionando possiacuteveis
tumultos Depois desses dois incidentes as avaliaccedilotildees de desempenho da docente
caiacuteram consideravelmente A requerente afirma que foi rotulada como obstinada
e insubordinada o que levou a sua demissatildeo
Em 23 de novembro de 2016 o Tribunal Distrital de Nova York rejeitou o caso da
autora por entender que a demissatildeo foi justa e natildeo afrontou seus direitos
Asseverou-se que os distritos escolares podem ldquolimitar o conteuacutedo do discurso
patrocinado pela escola desde que as limitaccedilotildees sejam razoavelmente
relacionadas a preocupaccedilotildees pedagoacutegicas legiacutetimasrdquo O Tribunal acrescentou que
os planos de aula da professora e os assuntos ministrados natildeo satildeo abarcados pelas
2 Informaccedilotildees obtidas em httpslegalunccedulegal-topicsclassroom-policies-and-
practicesacademic-freedom-classroom e httpswwwthefireorgin-courtstate-of-the-law-speech-codes
7
proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v
Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como
cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo
com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo
da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando
que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a
liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a
Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]
9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes
exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente
legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi
suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o
direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa
configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo
extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas
especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de
drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante
que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo
do uso de drogas iliacutecitas
10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o
coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao
determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo
provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades
prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees
que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo
inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo
Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas
ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais
11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma
nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento
de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da
universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o
professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino
do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro
Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da
Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do
professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma
decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo
constitucional
12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade
comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os
estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e
outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao
uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como
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resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
11
24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
13
30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
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proteccedilotildees da Primeira Emenda pois agrave luz do que fora decidido no caso Garcetti v
Ceballos a autora estaria agindo na condiccedilatildeo de funcionaacuteria puacuteblica e natildeo como
cidadatilde comum Nesse cenaacuterio suas declaraccedilotildees devem ser proferidas de acordo
com suas obrigaccedilotildees oficiais natildeo podendo a Constituiccedilatildeo isolar sua comunicaccedilatildeo
da disciplina do empregador A requerente apelou agrave Suprema Corte pleiteando
que os juiacutezes decidissem se as proteccedilotildees da Primeira Emenda recaem sobre a
liberdade de expressatildeo acadecircmica Os reacuteus natildeo apresentaram resposta e a
Suprema Corte natildeo conheceu do recurso [Notiacutecias I e II sobre o caso]
9) Morse v Frederick (2007) Durante uma excursatildeo de coleacutegio alguns estudantes
exibiram uma faixa de 14 peacutes com a frase ldquoBONG HiTS 4 JESUSrdquo que era facilmente
legiacutevel Determinado aluno recusou-se a retirar o banner quando solicitado e foi
suspenso pelo diretor A suspensatildeo foi confirmada pelo superintendente da escola
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que o diretor natildeo violou o
direito do estudante agrave liberdade de expressatildeo por considerar que a referida faixa
configurava promoccedilatildeo do uso de drogas ilegais que consiste em perigo
extremamente seacuterio e palpaacutevel O Tribunal observou que as caracteriacutesticas
especiais do ambiente escolar e o interesse do governo em impedir o abuso de
drogas por jovens permitem que as escolas restrinjam a expressatildeo do estudante
que considerem razoavelmente inadequadas sobretudo no tocante agrave promoccedilatildeo
do uso de drogas iliacutecitas
10) Bair v Shippensburg University (2003) Um Tribunal Distrital Federal analisou o
coacutedigo de discurso da Universidade de Shippensburg e afirmou que ao
determinar que a expressatildeo de crenccedilas deve ser comunicada de maneira que natildeo
provoque assedie intimide ou prejudique o outro a norma violou as liberdades
prevista na Primeira Emenda O Tribunal considerou que ldquoas regulamentaccedilotildees
que proiacutebem o discurso apenas com base na reaccedilatildeo do ouvinte satildeo
inconstitucionais tanto no acircmbito das escolas puacuteblicas quanto das universidadesrdquo
Por fim observou que nem mesmo os coacutedigos que tentam proibir as chamadas
ldquopalavras de combaterdquo satildeo considerados constitucionais
11) Brown v Armenti (2001) No final do semestre um professor efetivo atribuiu uma
nota ldquoFrdquo ou ldquoreprovadordquo a um de seus alunos do curso de estaacutegio sob o argumento
de que o estudante havia assistido a apenas trecircs das quinze aulas O presidente da
universidade ordenou que a nota fosse alterada para ldquoincompletordquo mas o
professor se recusou a alterar a gradaccedilatildeo dada O docente foi suspenso do ensino
do curso e posteriormente demitido O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro
Circuito entendeu que o professor natildeo tinha direito agrave liberdade de expressatildeo da
Primeira Emenda em relaccedilatildeo agrave atribuiccedilatildeo de notas no mais as alegaccedilotildees do
professor estariam a refletir uma insatisfaccedilatildeo do professor em relaccedilatildeo a uma
decisatildeo administrativa de seu empregador Assim natildeo haveria violaccedilatildeo
constitucional
12) Hardy vs Jefferson Community College (2001) Hardy professor de uma faculdade
comunitaacuteria palestrou sobre linguagem e construtivismo social Na ocasiatildeo os
estudantes examinaram como a linguagem eacute usada para marginalizar minorias e
outros grupos oprimidos na sociedade Um estudante afro-americano se opocircs ao
uso das palavras nigger e bitch e reclamou com Hardy e seus superiores Como
8
resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
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individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
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24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
13
30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
8
resultado do subsequente desabafo foi pedido ao professor que natildeo mais
ministrasse essa aula novamente O docente queixou-se de que a escola havia
retaliado seus direitos de liberdade de expressatildeo e de liberdade acadecircmica O
Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que (1) a discussatildeo dos
termos envolvia questotildees de interesse puacuteblico e era protegida pela Primeira
Emenda e (2) o interesse do instrutor em usar o discurso natildeo foi superado pelo
interesse dos funcionaacuterios da faculdade em regular seu discurso O Tribunal
observou que ldquoHetrick v Martin eacute facilmente distinguiacutevel [deste caso] porque o
tribunal distrital havia feito descobertas significativas de fatos relacionados agrave
insatisfaccedilatildeo da administraccedilatildeo com os meacutetodos e habilidades de ensino de Hetrick
Numerosos alunos se queixaram sobre ldquosua incapacidade de compreender o que
ela estava tentando ensinaacute-los ou o que se esperava delesrdquo
13) Edwards v California University of Pennsylvania (1998) Apoacutes professar suas
crenccedilas religiosas em palestra um professor universitaacuterio teve seu pagamento
suspenso Em razatildeo disso processou a universidade por violar vaacuterios de seus
direitos constitucionais O Tribunal de Apelaccedilotildees do Terceiro Circuito rejeitou sua
alegaccedilatildeo sob o fundamento de que os direitos da Primeira Emenda dos
professores de uma universidade puacuteblica natildeo se estendem agrave escolha de seu proacuteprio
curriacuteculo ou de teacutecnicas de gerenciamento de sala de aula em contravenccedilatildeo agrave
poliacutetica ou ditames da escola Asseverou-se ainda que uma universidade assim
como um professor tem certas liberdades acadecircmicas e portanto uma
universidade pode tomar decisotildees que limitam o conteuacutedo ministrado com o
intuito de moldar seu curriacuteculo
14) Dambrot v Central Michigan University (1995) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito declarou a inconstitucionalidade da poliacutetica de discurso adotada pela
Central Michigan University O coacutedigo impugnado foi considerado como poliacutetica
discriminatoacuteria que definia o asseacutedio racial e eacutetnico como ldquoqualquer
comportamento intencional natildeo intencional fiacutesico verbal ou natildeo verbal que
submete um indiviacuteduo a um ambiente educacional empregatiacutecio ou de vida
intimidante hostil ou ofensivo humilhando ou depreciando indiviacuteduos bem
como usando siacutembolos alcunhas ou slogans que inferem conotaccedilotildees negativas
sobre a afiliaccedilatildeo racial ou eacutetnica do indiviacuteduordquo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito considerou a poliacutetica inconstitucionalmente vaga e exagerada A Corte
declarou ldquoEstaacute claro no texto da poliacutetica que a linguagem ou a escrita intencional
ou natildeo independentemente do valor poliacutetico pode ser proibida por iniciativa da
universidade rdquo Aleacutem disso respondendo ao argumento da universidade de que a
poliacutetica apenas proibia palavras que incitassem o combate e a violecircncia o Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito sustentou que mesmo supondo que esse
argumento seja verdadeiro ldquoa poliacutetica da CMU constitui discriminaccedilatildeo de
conteuacutedo porque necessariamente exige que a universidade avalie o conteuacutedo
racial ou eacutetnico do discursordquo
15) UWM Post v Board of Regents of the University of Wisconsin (1991) Tribunal
Distrital Federal julgou inconstitucional a poliacutetica adotada pela Universidade de
Wisconsin que proiacutebe o discurso aviltante agrave raccedila sexo religiatildeo cor credo
deficiecircncia orientaccedilatildeo sexual origem nacional ascendecircncia ou idade do
9
indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
10
individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
11
24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
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liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
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indiviacuteduo ou indiviacuteduos bem como a conduta que cria um ambiente intimidador
hostil ou degradante para a educaccedilatildeo trabalho ou outra atividade autorizada pela
universidade Ao derrubar o coacutedigo o Tribunal decidiu que ldquoa supressatildeo da fala
mesmo onde o conteuacutedo do discurso parece ter pouco valor e grandes custos
equivale ao controle do pensamento governamental rdquo
16) Bishop v Aronov (1990) Um professor de fisiologia referiu-se agraves suas crenccedilas
religiosas durante sua aula A universidade solicitou que ele descontinuasse essa
praacutetica conduta que entendeu como violadora de suas liberdades de expressatildeo e
de religiatildeo O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Primeiro Circuito considerou que
as accedilotildees da universidade de exercer controle sobre estilo e conteuacutedo do discurso
em atividades expressivas patrocinadas pela escola eram permissiacuteveis desde que
as accedilotildees da universidade estejam razoavelmente relacionadas a preocupaccedilotildees
pedagoacutegicas legiacutetimas O Tribunal decidiu ainda que a liberdade acadecircmica natildeo
eacute um direito independente da Primeira Emenda e se recusou a substituir seu
criteacuterio pelo da universidade Rejeitou-se o livre exerciacutecio da alegaccedilatildeo de religiatildeo
sustentando que o professor natildeo fez nenhuma sugestatildeo ou demonstraccedilatildeo de
qualquer conduta que o impedisse de professar sua religiatildeo
17) Wirsing v Board of Regents of the University of Colorado (1990) Uma professora
titular disse a seus alunos que o ensino e a aprendizagem natildeo podem ser avaliados
por nenhum teste padronizado e recusou-se a administrar os formulaacuterios de
avaliaccedilatildeo de curso da universidade em suas aulas Depois de ter sido negado um
aumento salarial por causa dessa recusa a professora argumentou que forccedilando-
a a usar os formulaacuterios de avaliaccedilatildeo a universidade interferiu arbitrariamente em
seu meacutetodo de sala de aula compeliu seu discurso e violou seu direito agrave liberdade
acadecircmica O Tribunal de Apelaccedilotildees do Deacutecimo Circuito considerou que embora
a professora possa ter o direito constitucionalmente protegido sob a Primeira
Emenda para discordar das poliacuteticas da Universidade ela natildeo tem o direito de
provar seu desacordo ao deixar de cumprir o dever imposto sobre ela como uma
condiccedilatildeo de emprego
18) Doe v University of Michigan (1989) Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o
Distrito Oriental de Michigan considerou inconstitucionais as claacuteusulas sobre
direito de discurso previstas do coacutedigo de asseacutedio da Universidade de Michigan
O coacutedigo proiacutebe qualquer comportamento verbal ou fiacutesico que estigmatize ou
vitime um indiviacuteduo com base em raccedila etnia religiatildeo sexo orientaccedilatildeo sexual
credo e que crie um ambiente intimidador hostil ou degradante para atividades
educacionais trabalho ou participaccedilatildeo na Universidade De acordo com a
jurisprudecircncia da Suprema Corte os estatutos que punem o discurso ou a conduta
com base apenas no fato de que satildeo improacuteprios ou ofensivos satildeo
inconstitucionalmente excessivos
19) Parate v Isibor (1989) Depois que um administrador ordenou que um professor
mudasse a nota final de um de seus alunos o docente processou-o alegando
violaccedilatildeo de sua liberdade acadecircmica previsto na Primeira Emenda O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que de acordo com a claacuteusula de
liberdade de expressatildeo a atribuiccedilatildeo de nota eacute comunicaccedilatildeo simboacutelica destinada
a enviar uma mensagem especiacutefica para o alunordquo Assim o ato comunicativo
10
individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
11
24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
13
30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
10
individual do professor tem direito a alguma medida de proteccedilatildeo da Primeira
Emenda Afirmou-se no entanto que os administradores da universidade
poderiam ter mudado a nota do estudante O ato inconstitucional reside em
obrigar o professor a mudar a nota
20) Lovelace v Southeastern Massachusetts University (1986) O Tribunal de
Apelaccedilotildees do Primeiro Circuito rejeitou a alegaccedilatildeo de violaccedilatildeo da liberdade
acadecircmica de ensino de membro do corpo docente cujo contrato natildeo foi renovado
depois que ele rejeitou pedidos da administraccedilatildeo no sentido de aumentar as notas
ou reduzir os padrotildees acadecircmicos aplicados a seus alunos Concluiu-se que as
universidades devem ter a liberdade de estabelecer seus proacuteprios padrotildees como
conteuacutedo do curso carga de liccedilatildeo de casa e poliacutetica de avaliaccedilatildeo Ademais a
Primeira Emenda natildeo assegura que cada professor ldquoseja um soberano para si
mesmo
21) Martin v Parrish (1986) O Tribunal de Apelaccedilotildees do Quinto Circuito confirmou
a demissatildeo de um instrutor de economia sustentando que seu uso de linguagem
profana em sala de aula de faculdade natildeo estava dentro do escopo da proteccedilatildeo da
Primeira Emenda porque natildeo constituiacutea discurso em assuntos de interesse
puacuteblico A linguagem em questatildeo natildeo era pertinente ao assunto em sua classe e
natildeo tinha funccedilatildeo educacional Aleacutem disso o linguajar de Martin natildeo estaacute
protegido pela Primeira Emenda porque foi um ataque deliberado e supeacuterfluo a
um puacuteblico cativo sem propoacutesito ou justificativa acadecircmica
22) Widmar v Vincent (1981) A Universidade do Missouri em Kansas City decidiu que
suas instalaccedilotildees natildeo poderiam mais ser usadas por grupos de estudantes para
cultos ou ensino de religiatildeo Um grupo religioso estudantil que anteriormente
tinha permissatildeo para usar as instalaccedilotildees processou a instituiccedilatildeo depois de ser
informado da mudanccedila em sua poliacutetica alegando violaccedilatildeo aos direitos da Primeira
Emenda quanto ao livre exerciacutecio religioso e agrave liberdade de expressatildeo A Suprema
Corte dos Estados Unidos assegurou o acesso agraves instalaccedilotildees puacuteblicas por
organizaccedilotildees religiosas e considerou que o Estado natildeo assume o papel de apoiar
todas as mensagens transmitidas nas suas instalaccedilotildees Ao decidir a Corte
reafirmou a aplicabilidade da Primeira Emenda ao campus das universidades
puacuteblicas estaduais sobretudo quanto ao direito agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo
23) Lindsey v Board of Regents of University System of Georgia (1979) O corpo docente
da Universidade da Geoacutergia criou um questionaacuterio sobre diferentes aspectos dessa
instituiccedilatildeo de ensino O formulaacuterio natildeo continha informaccedilotildees mostrando sua
fonte mas apenas para onde o documento anocircnimo deveria ser enviado Quando
a universidade descobriu o questionaacuterio acionou a poliacutecia para investigar se as
instalaccedilotildees da instituiccedilatildeo tinham sido usadas para imprimir o documento em
violaccedilatildeo agrave lei Um dos professores responsaacuteveis pela criaccedilatildeo e administraccedilatildeo do
questionaacuterio foi demitido Ao analisar o caso Tribunal de Apelaccedilotildees do Sexto
Circuito dos Estados Unidos julgou que um professor que distribui questionaacuterios
solicitando opiniotildees do corpo docente sobre uma ampla gama de questotildees
constituiu discurso protegido sob a Primeira Emenda salientando que as questotildees
eram de interesse puacuteblico
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24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
13
30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
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24) Papish v Board of Curators of the University of Missouri (1973) Uma estudante da
Universidade de Missouri distribuiu determinado jornal estudantil em que fora
publicado o artigo intitulado ldquoMotherfucker Acquittedrdquo sobre a absolviccedilatildeo de um
membro do grupo radical ldquoUp Against the Wall Motherfuckerrdquo A jovem foi
expulsa por violar o coacutedigo de conduta que exigia que os alunos ldquoobservassem
padrotildees de conduta geralmente aceitosrdquo e proibia ldquoconduta ou discurso
indecenterdquo A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que uma escola
tem discricionariedade para formular sua regulamentaccedilatildeo de padrotildees de contuta
Ao expulsar a aluna sem demonstrar qualquer perturbaccedilatildeo nos processos
educacionais a escola violou seus direitos constitucionais de liberdade de
expressatildeo
25) Hetrick v Martin (1973) Uma integrante do corpo docente disse a seus alunos
calouros Eu sou uma matildee solteira e tambeacutem discutiu a Guerra do Vietnatilde e o
projeto militar Depois que seu contrato natildeo foi renovado ela processou a
universidade alegando violaccedilatildeo de seus direitos da Primeira Emenda O Tribunal
de Apelaccedilotildees do Sexto Circuito considerou que a universidade baseou sua decisatildeo
natildeo nas declaraccedilotildees da professora mas porque considerava sua filosofia de
ensino incompatiacutevel com os objetivos pedagoacutegicos da universidade Sustentou-
se ainda que a liberdade acadecircmica natildeo abrange o direito de uma professora natildeo
efetiva de ter seu estilo de ensino isolado da revisatildeo de seus superiores apenas
porque seus meacutetodos e filosofia satildeo considerados aceitaacuteveis em algum lugar da
profissatildeo de docente
26) Healy v James (1972) O presidente do Central Connecticut State College negou
status oficial a um grupo de estudantes de esquerda associado agrave violecircncia em
outras instituiccedilotildees O presidente declarou que a filosofia do grupo era antiteacutetica
agraves poliacuteticas da escola detinha ldquoduvidosardquo independecircncia da organizaccedilatildeo nacional
e seria uma influecircncia destrutiva na faculdade Sem status oficial o grupo natildeo
poderia anunciar suas atividades no jornal do campus postar notiacutecias em quadros
de avisos de faculdades ou usar as instalaccedilotildees do campus para reuniotildees Nesta
decisatildeo a Suprema Corte dos Estados Unidos primeiramente afirmou os
direitos da Primeira Emenda atribuiacutedos aos estudantes de universidades puacuteblicas
no tocante agrave liberdade de expressatildeo e de associaccedilatildeo Asseverou que de acordo
com os precedentes da Suprema Corte essas proteccedilotildees constitucionais se aplicam
com a mesma forccedila em um campus universitaacuterio estadual como em comunidade
em geral Assinalou-se que a proteccedilatildeo vigilante das liberdades constitucionais
natildeo eacute mais vital do que na comunidade das escolas americanas Reconheceu-se
que a sala de aula das instituiccedilotildees de ensino superior e seus arredores satildeo
peculiarmente um mercado de ideias e natildeo haacute qualquer violaccedilatildeo a algum
fundamento constitucional ao reafirmar a dedicaccedilatildeo da naccedilatildeo americana agrave
salvaguarda da liberdade acadecircmica
27) Clark v Holmes (1972) Um professor natildeo teve seu contrato renovado depois que
aconselhou alunos em vez de encaminhaacute-los aos conselheiros profissionais da
universidade em curso sobre sauacutede deu ecircnfase a questotildees sexuais aconselhou
estudantes com a porta do escritoacuterio fechada e menosprezou outros membros da
equipe em discussotildees com o corpo estudantil O Tribunal de Apelaccedilotildees do Seacutetimo
12
Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
13
30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
COAJstfjusbr
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Circuito dos Estados Unidos considerou que as discussotildees do professor com
colegas sobre o conteuacutedo do curso natildeo eram assuntos de interesse puacuteblico
Ademais ele atuava na condiccedilatildeo de professor e natildeo como cidadatildeo particular O
interesse da universidade como empregadora superou qualquer interesse de livre
expressatildeo que o professor pudesse ter O Tribunal considerou que natildeo
concebemos a liberdade acadecircmica como uma licenccedila para a expressatildeo
descontrolada em desacordo com os conteuacutedos curriculares estabelecidos e
internamente destrutivos do bom funcionamento da instituiccedilatildeo Sustentou-se
ainda que certo interesse legiacutetimo do Estado pode limitar o direito do professor
de dizer o que lhe agrada por exemplo (1) o dever de manter a disciplina ou a
harmonia entre colegas de trabalho (2) a necessidade de confidencialidade (3) a
obrigaccedilatildeo de restringir a conduta que impede o desempenho adequado e
competente do professor em suas tarefas diaacuterias e (4) o interesse de encorajar o
relacionamento iacutentimo e pessoal entre o empregador e seus superiores onde essa
relaccedilatildeo exige lealdade e confianccedila
28) Tinker v Des Moines Independent Community School District (1969) Trecircs
estudantes do ensino meacutedio foram suspensos por usar braccediladeiras pretas em
protesto contra a Guerra do Vietnatilde Embora este caso tenha surgido em uma
escola puacuteblica eacute igualmente aplicaacutevel a instituiccedilotildees puacuteblicas de ensino superior
A Suprema Corte dos Estados Unidos considerou que os direitos da Primeira
Emenda satildeo assegurados a todos os estudantes que podem expressar suas
opiniotildees oralmente e por escrito bem como simbolicamente desde que
materialmente e substancialmente natildeo atrapalhem as aulas ou outras atividades
escolares O Tribunal considerou que assim como estudantes possuem direitos
fundamentais que devem ser respeitados eles mesmos devem cumprir com suas
obrigaccedilotildees perante o Estado A Corte salientou que os direitos da Primeira
Emenda aplicados agrave luz das caracteriacutesticas especiais do ambiente escolar estatildeo
disponiacuteveis para professores e alunos e natildeo se limitam ao mero desejo de evitar o
desconforto que sempre acompanha um ponto de vista impopular
29) Keyishian v Board of Regents of the University of the State of New York (1967) O
Conselho de Regentes de Nova York preparou uma lista de organizaccedilotildees
subversivas incluindo o Partido Comunista e determinou que a participaccedilatildeo
nessas organizaccedilotildees seria motivo suficiente para a demissatildeo de um professor A
Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucionais as regras
administrativas e os estatutos de Nova York destinados a impedir o emprego de
professores escolares e universitaacuterios ditos subversivos em instituiccedilotildees
educacionais estatais e fadados a demiti-los se considerados culpados de atos
traidores ou revoltosos Entendeu-se que essas normas satildeo imprecisas pois um
docente natildeo poderia prever se as declaraccedilotildees sobre doutrina abstrata seriam
proibidas ou se apenas o discurso destinado a incitar a accedilatildeo seria motivo para
despedimento Ressaltou-se que a naccedilatildeo americana estaacute profundamente
comprometida em salvaguardar a liberdade acadecircmica que eacute de valor
transcendente para todos e natildeo apenas para os professores envolvidos Essa
liberdade eacute portanto uma preocupaccedilatildeo especial da Primeira Emenda que natildeo
tolera leis que lanccedilam uma camada de ortodoxia sobre a sala de aula
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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
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30) Sweezy v New Hampshire (1957) A Suprema Corte dos Estados Unidos avaliou
se o Procurador Geral de New Hampshire poderia processar um indiviacuteduo por se
recusar a responder perguntas sobre uma palestra realizada na universidade
estadual acerca do Partido Progressista dos Estados Unidos O Tribunal assentou
que a essencialidade da liberdade na comunidade das universidades americanas eacute
ldquoquase autoevidenterdquo Em uma democracia ningueacutem deve subestimar o papel vital
desempenhado por aqueles que orientam e treinam nossa juventude Impor
qualquer camisa de forccedila aos liacutederes intelectuais de faculdades e universidades
colocaria em risco o futuro de nossa naccedilatildeo americana Professores e estudantes
devem sempre permanecer livres para inquirir estudar e avaliar para ganhar nova
maturidade e compreensatildeo caso contraacuterio nossa civilizaccedilatildeo ficaraacute estagnada e
morreraacute [Resumo natildeo oficial]
Franccedila
31) Deacutecision 83-165 DC (1984) O Conselho Constitucional da Franccedila definiu que
os regulamentos que regem os professores natildeo podem limitar o direito agrave livre
comunicaccedilatildeo de ideias e opiniotildees garantidas pelo artigo 11 da Declaraccedilatildeo dos
Direitos do Homem A independecircncia do ensino e da pesquisa por professores
universitaacuterios possui natureza constitucional e deriva de um princiacutepio
fundamental reconhecido pelas leis da Repuacuteblica [Resumo inserido na base de
jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoFRA-1984-S-
001rdquo]
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
32) Vogt v Germany (1995) O caso versa sobre o afastamento da Srordf Vogt professora
que lecionava em uma escola secundaacuteria puacuteblica em razatildeo de sua filiaccedilatildeo no
Partido Comunista Alematildeo (DKP) A escola justificou a sanccedilatildeo disciplinar sob o
argumento de que a docente descumpriu seu dever constitucional de lealdade
poliacutetica O Tribunal Europeu de Direitos do Homem salientou que haacute vaacuterias
razotildees para considerar a demissatildeo de um professor como sanccedilatildeo grave o efeito na
reputaccedilatildeo do docente a perda de meios de subsistecircncia e a dificuldade de
encontrar um posto de trabalho equivalente Constatou-se que o uacutenico risco
inerente ao cargo ocupado pela sra Vogt era a possibilidade de que ela pudesse
doutrinar seus alunos No entanto nenhuma criacutetica foi feita a ela sobre este ponto
Pelo contraacuterio seu trabalho na escola havia sido aprovado por unanimidade aleacutem
disso a duraccedilatildeo do processo disciplinar mostrou que as autoridades natildeo
consideravam urgente a necessidade de afastar os estudantes da sua influecircncia
Aleacutem disso a requerente nunca fez declaraccedilotildees anticonstitucionais ou adotou
uma atitude contraditoacuteria fora da escola Por uacuteltimo o fato de a DKP natildeo ter sido
proibida significava que as atividades poliacuteticas da docente eram perfeitamente
14
liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
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liacutecitas Embora a Corte tenha admitido que um Estado democraacutetico tem o direito
de exigir que os funcionaacuterios puacuteblicos sejam leais agrave Constituiccedilatildeo entendeu que as
razotildees apresentadas pelo Governo natildeo foram suficientes para demonstrar de
forma convincente que foi necessaacuterio despedir a profissional Assim concluiu-se
que a demissatildeo de uma docente do serviccedilo puacuteblico por conta de suas atividades
poliacuteticas em nome do Partido Comunista Alematildeo (DKP) configura medida severa
e desproporcional em afronta aos direitos agrave liberdade de expressatildeo e de
associaccedilatildeo [Resumo inserido na base de jurisprudecircncia da Comissatildeo de Veneza
com a seguinte identificaccedilatildeo ldquoECH-1995-3-014rdquo][Legal Summary]
Secretaria de Documentaccedilatildeo
Coordenadoria de Anaacutelise de Jurisprudecircncia
Jurisprudecircncia Internacional
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