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Lição 1 – 2EM Atividade I Ninguém nasce sabendo ler: aprende-s a ler à medida que se vive. Se “ler livros” geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida: a leitura do vôo das arribações que indicam a seca [...] independe da aprendizagem formal e se perfaz na interação cotidiana com o mundo das coisas e dos outros. Como entre tais coisas e tais outros incluem-se também livros e leitores, fecha-se o círculo: lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode (nem costuma) encerrar-se nela. Do mundo da leitura à leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de saber e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder de sedução nos estreitos círculos da escola. Lajolo, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993. 1. No primeiro parágrafo, a autora refere-se a “outras leituras”. Quais são elas? Cite alguns exemplos. 2. “Lê-se para viver melhor”, afirma a autora. Você concorda com essa afirmação? Justifique. 3. Explique o sentido da expressão “do mundo da leitura à leitura do mundo”. Atividade II O contingente de analfabetos ainda é insuportavelmente grande 16 milhões de brasileiros não sabem ler e escrever O analfabetismo no Brasil está sendo reduzido. Em 1980, 25,9% da população acima de 15 anos não sabia ler e escrever. Em 1991, esse número caiu para 19,7%; em 2000, baixou para 13,6% e, em 2001, para 12,4%. A melhora dos índices merece ser celebrada, mas o contingente de analfabetos ainda é insuportavelmente grande: 16 milhões de brasileiros em pleno século 21 não sabem ler e escrever. O dado pode ser considerado vergonhoso, mesmo quando comparado a outros países da América Latina. A taxa de analfabetismo da Argentina é de 3,2%, e a da Costa Rica, de 4,4%. O Brasil perde até mesmo para países bem mais pobres, como o Equador (8,4%) e o Peru (10,1%). A situação piora quando se leva em conta o chamado analfabeto funcional, isto é, aquela pessoa que, apesar de conhecer as letras e saber escrever o próprio nome, é incapaz de redigir um bilhete simples ou compreender um texto. No Brasil, são considerados analfabetos funcionais todos os que tenham menos de quatro anos de estudo. Por esse critério, há mais 34 milhões de analfabetos funcionais. No total, são 50 milhões de o contingente de analfabetos ainda é insuportavelmente grande o n´mero de brasileiros com seriíssimas deficiências de aprendizado. Como a população com mais de 15 anos já atinge 106 milhões, temos que quase a metade dos brasileiros adultos é analfabeta ou analfabeta funcional. Para efeitos práticos, a distinção entre os dois conceitos é quase que acadêmica. Os prejuízos do analfabetismo para a cidadania são conhecidos. Pessoas que não sabem ler têm maiores dificuldades para fazer valer seus direitos. A própria mobilidade social fica comprometida. O impacto é tão devastador que o analfabetismo é a um só tempo sintoma e causa de pobreza. Filhos de pais analfabetos têm maiores chances de tornarem-se também eles analfabetos, num dos mais perversos mecanismos de reprodução da miséria. Para que haja mais justiça no país, é preciso que o analfabetismo e a baixa escolaridade sejam eliminados. Folha de São Paulo, 6/6/2003. 1. O que faz com que o autor do texto relativize a celebração da queda do índice de analfabetismo no Brasil? 2. Qual é a diferença entre o analfabeto e o analfabeto funcional, segundo o texto? 3. Explique a relação que o autor estabelece entre analfabetismo, cidadania e pobreza. Atividade III Proposta de redação Conte sua história de convivência com a leitura e a escrita. Lembre-se de experiências positivas e negativas (professores, família, amigos, etc.) que envolveram o desenvolvimento dessas habilidades. Termine seu texto relacionando sua experiência à de milhares de brasileiros que pouca familiaridade têm com essas atividades. Atividade IV Leia os textos abaixo e responda às questões.

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Page 1: Lição 1 - 2 EM

Lição 1 – 2EM Atividade I

Ninguém nasce sabendo ler: aprende-s a ler à medida que se vive. Se “ler livros” geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida: a leitura do vôo das arribações que indicam a seca [...] independe da aprendizagem formal e se perfaz na interação cotidiana com o mundo das coisas e dos outros.

Como entre tais coisas e tais outros incluem-se também livros e leitores, fecha-se o círculo: lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode (nem costuma) encerrar-se nela.

Do mundo da leitura à leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de saber e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder de sedução nos estreitos círculos da escola.

Lajolo, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993. 1. No primeiro parágrafo, a autora refere-se a “outras leituras”. Quais são elas? Cite alguns exemplos. 2. “Lê-se para viver melhor”, afirma a autora. Você concorda com essa afirmação? Justifique. 3. Explique o sentido da expressão “do mundo da leitura à leitura do mundo”. Atividade II

O contingente de analfabetos ainda é insuportavelmente grande 16 milhões de brasileiros não sabem ler e escrever

O analfabetismo no Brasil está sendo reduzido. Em 1980, 25,9% da população acima de 15 anos não sabia ler e escrever. Em 1991, esse número caiu para 19,7%; em 2000, baixou para 13,6% e, em 2001, para 12,4%. A melhora dos índices merece ser celebrada, mas o contingente de analfabetos ainda é insuportavelmente grande: 16 milhões de brasileiros em pleno século 21 não sabem ler e escrever.

O dado pode ser considerado vergonhoso, mesmo quando comparado a outros países da América Latina. A taxa de analfabetismo da Argentina é de 3,2%, e a da Costa Rica, de 4,4%. O Brasil perde até mesmo para países bem mais pobres, como o Equador (8,4%) e o Peru (10,1%).

A situação piora quando se leva em conta o chamado analfabeto funcional, isto é, aquela pessoa que, apesar de conhecer as letras e saber escrever o próprio nome, é incapaz de redigir um bilhete simples ou compreender um texto. No Brasil, são considerados analfabetos funcionais todos os que tenham menos de quatro anos de estudo. Por esse critério, há mais 34 milhões de analfabetos funcionais. No total, são 50 milhões de o contingente de analfabetos ainda é insuportavelmente grande o n´mero de brasileiros com seriíssimas deficiências de aprendizado. Como a população com mais de 15 anos já atinge 106 milhões, temos que quase a metade dos brasileiros adultos é analfabeta ou analfabeta funcional. Para efeitos práticos, a distinção entre os dois conceitos é quase que acadêmica.

Os prejuízos do analfabetismo para a cidadania são conhecidos. Pessoas que não sabem ler têm maiores dificuldades para fazer valer seus direitos. A própria mobilidade social fica comprometida. O impacto é tão devastador que o analfabetismo é a um só tempo sintoma e causa de pobreza. Filhos de pais analfabetos têm maiores chances de tornarem-se também eles analfabetos, num dos mais perversos mecanismos de reprodução da miséria. Para que haja mais justiça no país, é preciso que o analfabetismo e a baixa escolaridade sejam eliminados.

Folha de São Paulo, 6/6/2003. 1. O que faz com que o autor do texto relativize a celebração da queda do índice de analfabetismo no Brasil? 2. Qual é a diferença entre o analfabeto e o analfabeto funcional, segundo o texto? 3. Explique a relação que o autor estabelece entre analfabetismo, cidadania e pobreza. Atividade III Proposta de redação Conte sua história de convivência com a leitura e a escrita. Lembre-se de experiências positivas e negativas (professores, família, amigos, etc.) que envolveram o desenvolvimento dessas habilidades. Termine seu texto relacionando sua experiência à de milhares de brasileiros que pouca familiaridade têm com essas atividades. Atividade IV Leia os textos abaixo e responda às questões.

Page 2: Lição 1 - 2 EM

Veríssimo, L. F. Aventuras da Família Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

Escrever livros se tornou fácil demais, e não foi por causa dos computadores. Autores que escreviam do jeito

antigo, à mão ou à máquina, achavam que os livros escritos num PC eram literatura de segunda, porque o processo de escrever tinha se tornado simples demais. Essas máquinas eram inimigas da arte literária, e o inimigo era conhecido por “processamento eletrônico de textos”. Inimigo similar já tinha erguido sua cabeça hedionda na Renascença, quando muita gente achava que a cultura literária estava ameaçada pela imprensa. Os livros impressos também podiam ser lidos e por muito mais gente, portanto era impossível fechar os olhos ao progresso. Mesmo assim, por muito tempo uma obra impressa não foi considerada um livro de verdade, mas um reles substituto.

Gaarder, J. O vendedor de histórias (adaptado). São Paulo, Companhia das Letras, 2004. 1. Explique o que o desenho humorístico quer comunicar. 2. Como você traduz o “inimigo” do texto? 3. Que expressão do texto encontra correspondência na mensagem do Cartum?