linguagem virtual – um novo cÓdigo? · os homens, permitindo-lhes ultrapassar as barreiras do...
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SUZETE OLIVEIRA DA SILVA
LINGUAGEM VIRTUAL – UM NOVO CÓDIGO?
TELÊMACO BORBA
2008
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
Superintendência da Educação
Programa de Desenvolvimento Educacional
eduEEEducacional
Linguagem Virtual – Um Novo Código?
Suzete Oliveira da Silva
RESUMO
Este artigo objetiva descrever todo o processo de estudo e pesquisa realizado no âmbito do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, criado pelo Governo do Estado do
Paraná. O surgimento da Internet, com sua linguagem diferenciada, facilitou muito o
intercâmbio comunicacional tornando-se a forma mais rápida e dinâmica de comunicação.
A partir do levantamento da temática – a influência da linguagem virtual, o trabalho
consistiu-se de várias etapas, com vistas a analisar, refletir e investigar se essa linguagem
tem ou não influência na produção textual dos alunos em ambiente formal de sala de aula.
Palavras-chave: Internet – Linguagem – Virtual
ABSTRACT
This article has the objective to describe all the process of study and research made in the
scope of “PDE” – Educacional Development Program – created by the Governmente of
State of Paraná. To besides, the arising of Internet, with its differentiated language, turned
very easy the communicative interchange, became itself the easier and dynamic way of the
communication. From the survey of the subject matter the influence of the virtual language
– the assignment consisted of a series of stages, with the objective to analyse, to refletct and
investigate if this language has or not influence on the text production of students in formal
environmente of classroom.
Key words: Internet – Language - Virtual
A autora é professora graduada e com especialização em
Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG). Trabalha há 16 anos na Rede Pública
Estadual do Estado do Paraná e atualmente participa do PDE
– Programa de Desenvolvimento Educacional.
INTRODUÇÃO
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança. Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.
Luís Vaz de Camões
Este trabalho justifica-se em cumprimento às exigências do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE desenvolvido pelo Governo do Estado do Paraná e
traz uma síntese de todo o processo de desenvolvimento do projeto, desde a proposição de
estudo até o momento de implementação da proposta na escola.
O programa caracterizou-se como um projeto de capacitação profissional, em que os
participantes, além do avanço na carreira e da qualificação profissional e pessoal, puderam
contribuir para a melhoria na qualidade da educação paranaense.
Em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa, as atividades consistiram
em estudos orientados, leituras, pesquisas, seminários temáticos, cursos, encontros de áreas
específicas, o que resultou na elaboração do Plano de Trabalho, que definiu o objeto de
estudo proposto pelo professor PDE e norteou todo o processo de execução do projeto.
O gerenciamento e monitoramento do desenvolvimento das atividades, bem como a
integração dos professores PDE com as IES e com a SEED, deu-se através de um sistema
online denominado SACIR – Sistema de Acompanhamento e Integração em Rede.
Em conseqüência da proposta do Plano de Trabalho foi elaborado, com vistas a
responder aos problemas levantados teoricamente, um material didático-pedagógico – OAC
(Objeto de Aprendizagem Colaborativo), destinado a todos os professores da rede
interessados em integrar os novos recursos tecnológicos a mudanças metodológicas
qualitativas e ao processo de ensino-aprendizagem.
Paralelamente, desenvolveu-se uma atividade em ambiente virtual denominada
Grupo de Trabalho em Rede, em que o professor PDE atuou como orientador e mediador,
compartilhando conhecimentos com os demais professores da rede pública estadual. Essa
atividade configurou-se em um importante momento de articulação, troca de experiências,
discussões e sugestões.
Como principal atividade prática, destaca-se a Proposta de Implementação no
ambiente escolar, que contou com a participação do corpo docente e discente do Colégio
Estadual Professora Maria Aparecida Militão de Souza Pereira de Telêmaco Borba. Esta
atividade, que se constituiu numa investigação e intervenção pedagógica, permitiu ao
professor PDE desenvolver e avaliar os objetivos propostos no Plano de Trabalho.
O surgimento e a influência de uma nova modalidade de escrita, característica dos
ambientes virtuais, foi a problemática levantada para pesquisa e desenvolvimento dos
trabalhos do professor PDE.
Essa proposta se justifica pela percepção generalizada de que a escrita se altera
quando usada em ambiente virtual.
O uso da escrita ao longo da história estimulou e desenvolveu a comunicação entre
os homens, permitindo-lhes ultrapassar as barreiras do tempo e do espaço na emissão e
recepção de mensagens, facilitando o intercâmbio de informações, além de contribuir para o
desenvolvimento intelectual e social do ser humano.
Atualmente, o mundo situa-se num processo de integração mundial, conhecido como
globalização. Surge, então, um novo espaço comunicativo sem fronteiras geográficas,
políticas, culturais e ideológicas e, cada vez mais, as pessoas superam barreiras e podem
interagir a vontade.
Não há como negar que, há décadas, a sociedade vive mergulhada direta ou
indiretamente no mundo da tecnologia, e isso provocou significativas transformações nas
formas de comunicação, determinando novos conceitos, valores e linguagens. Pessoas do
mundo inteiro estão interligadas em tempo real através da Internet, que passou a ser
imprescindível nas comunicações formais e informais.
A rapidez com que essa nova forma de comunicação foi se desenvolvendo nos
últimos anos, causou uma revolução nos hábitos e costumes de toda a sociedade e contribuiu
para o surgimento de um estilo de discurso específico: mais rápido, dinâmico e com uma
linguagem diferenciada.
Assim, com o avanço das novas tecnologias, o processo de comunicação e expressão
entre as pessoas está cada vez mais diferenciado, sendo mediado pelo computador, que se
faz presente em todos os setores. A maioria dos relacionamentos sociais e comerciais, hoje,
se dá através dos recursos oferecidos pela Internet, o que está modificando as formas de
utilização da linguagem, principalmente escrita.
Em virtude dessa modernização da língua e da constante busca de agilidade no
processo de comunicação, constata-se que a língua é viva e que está em constante
transformação, adquirindo novos elementos e colocando em desuso outros; acompanhando,
assim, as transformações sociais , econômicas e culturais dos povos. Segundo o professor
Antonio Marmo Cassoni (1999)1, “não é possível, por um longo período de tempo, todo
mundo falar sempre do mesmo jeito, isso é irreal.”
Podemos observar essas mudanças através da história da língua e dos processos de
transformação pelos quais ela já passou.
A língua, como uma convenção social, tem como base de estudo a forma padrão;
porém, devemos considerar as variantes lingüísticas de acordo com seus diversos níveis de
realizações: geográfico, escolarização, cultural, idade , sexo, profissão, classe
socioeconômica. A competência da comunicação escrita e falada, nas diferentes situações e
adequações de uso, ressalta a variação da utilização da linguagem em determinados
contextos.
De acordo com Mikhail Bakhtin (2003, p 261 ), “todos os diversos campos da
atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se que o caráter e as
formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana.” Para o
autor, a relação lingüística entre os seres humanos se dá por meio de enunciados (orais e
escritos), sendo estes, o processo básico de estabelecimento do discurso (interlocução) e,
obrigatoriamente, envolve um contexto específico e interlocutores correspondentes a esse
contexto, com seus valores e interesses.
Bakhtin argumenta ainda, que, dentro de uma dada situação lingüística o
falante/ouvinte produz uma estrutura comunicativa que se configurará em formas-padrão
relativamente estáveis de enunciados, pois são formas marcadas a partir de contextos sociais
e históricos, que vieram se desenvolvendo ao longo do tempo. A esses enunciados (unidades
reais de comunicação), Bakhtin denomina de “gêneros do discurso”, os quais, devido a sua
heterogeneidade, podem ser separados em dois grupos: gêneros primários e gêneros
secundários.
Os gêneros primários são constituídos dos tipos de diálogos orais informais, como a
linguagem cotidiana das reuniões sociais e familiares, os telefonemas, etc.
Os gêneros secundários aparecem em circunstâncias de uma comunicação mais
1 . Disponível em: www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0101/12.htm. Acesso em 05/07/2007
complexa, oficializada, geralmente mediada pela escrita, como romances, artigos,
conferências, textos científicos, etc.
Assim, como afirma Bakhtin, “a riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são
infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multiforme atividade humana e porque
em cada campo dessa atividade é integral o repertório de gêneros do discurso, que cresce e
se diferencia à medida que se desenvolve e se complexifica um determinado campo.” (2003,
p.262)
Com base nessa noção de gênero, constatamos que as novas tecnologias
comunicacionais propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais: e-mails, chats, fóruns,
blogs, MSN, vídeo-conferências e outros que, segundo Marcuschi, são denominados de
“gêneros virtuais” ( MARCUSCHI, 2005 p.18).
Marcuschi afirma ainda que “esses gêneros emergentes são relativamente variados,
mas a maioria deles tem similares em outros ambientes, tanto na oralidade como na escrita.
Contudo, sequer se consolidaram, já provocam polêmicas quanto à natureza e proporção de
seu impacto na linguagem e na vida social (2005, p.13).”
Os gêneros virtuais são concretizados por uma linguagem diferenciada. Conforme
Othero (2004)2, “uma nova forma de escrita característica dos tempos digitais foi criada.
Frases curtas e expressivas, palavras abreviadas ou modificadas para que sejam escritas no
menor tempo possível; afinal, é preciso ser rápido na Internet. Como a conversa é em tempo
real e pode se dar com mais de um usuário ao mesmo tempo, é preciso escrever
rapidamente.”
A linguagem utilizada no meio virtual, além de ser mais uma das inúmeras variantes
de uso da língua, está alterando e transformando as características do processo de
comunicação, principalmente o escrito.
Essa linguagem, que se utiliza da escrita informal e que se aproxima muito da língua
falada no cotidiano, é também denominada de “internetês”. Provavelmente, ela foi se
estruturando no intuito de simplificar e agilizar a digitação. Na Internet, o usuário escreve
como fala. As palavras e expressões não seguem uma forma rígida nem a norma padrão.
Cada um se expressa da forma que melhor lhe convém.
2 Gabriel de Ávila Othero é mestre em Lingüística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Disponível em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4773001D8 Acesso em 06/07/2007
O uso dessa linguagem própria do ambiente virtual passou a se constituir como um
estilo de discurso específico e contribuiu para a formação de novos grupos ou categorias, os
“internautas”, que, ao utilizarem esse estilo, criam e desenvolvem habilidades comunicativas
específicas. Conforme Grespan (1999)3, o internauta foge das normas rígidas da língua
escrita, já que não tem tempo para redigir o seu texto e fazer um planejamento prévio do seu
discurso. Deste modo, muitas vezes cria abreviações, símbolos e sinais que tornam mais
rápida a comunicação.
Há uma revalorização e recriação da linguagem escrita utilizada no meio virtual:
descompromisso com a forma padrão, utilização da linguagem informal, troca de letras,
expressões exageradas, palavras abreviadas, ausência de concordância e regência, ausência
de pontuação e acentuação, criação de novos termos, invasão de símbolos, ícones e outros
elementos.
Dadas as devidas dimensões, a linguagem virtual, que também é sujeita a regras
dentro do seu universo de uso, não pode ser ignorada, pois sua utilização se configura em
uma nova possibilidade de comunicação mundial.
Segundo Mário A. Perini (2005 p.36), há duas línguas no Brasil: uma que se escreve
(que recebe o nome de Português) e que deve ser aprendida na escola; e outra que se fala
(que pode chamar de vernáculo) que é a língua materna dos brasileiros. Assim, a linguagem
virtual, com suas características específicas, juntamente com essas “duas línguas”, passa a
fazer parte de um tripé nas formas de comunicação e expressão dos falantes da língua
portuguesa.
Acredita-se, portanto, que a escrita virtual e a escrita formal não podem ser vistas de
formas separadas, como se ambas existissem em contextos totalmente isolados. É necessário
que se questione qual o papel da escrita, virtual ou não, e qual é o lugar que ambas ocupam
no mundo contemporâneo, em que a tecnologia é um recurso inovador. Assim, definidas as
regras de funcionamento e suas especificidades, pode-se dimensionar o papel histórico e
social de cada uma.
3 Disponível em: WWW.URL:http://www.terravista.pt//AguaAlto/3560/pesquisa.html. Acesso em 05/07/2007
1. OAC – TECNOLOGIA EM FAVOR DO CONHECIMENTO
“ Cada época tem tido uma forma própria de comunicar-se: os sons do tambor, o fogo, os sinais com panos ou bandeiras, o bilhetinho, o telefone, o telégrafo, e agora o telefone fixo-móvel, a internet, e os telemóveis.” (BENEDITO, 2003. p 191)
Em atendimento às preocupações e reflexões relativas ao uso da linguagem virtual,
principalmente em ambiente escolar, foi elaborado um OAC (Objeto de Aprendizagem
Colaborativo) com vistas a contribuir para o aprimoramento e enriquecimento das práticas
pedagógicas e disponibilizar aos educadores sugestões de atividades, textos, indicações de
leituras e outros recursos didáticos que podem ser utilizados como suporte pedagógico,
auxiliar no planejamento das aulas e propiciar reflexão sobre essa nova modalidade de
linguagem, o “internetês”.
Esse material, que propõe a integração entre o conhecimento e a utilização das novas
tecnologias, vem ao encontro do que Philippe Perrenoud cita em seu livro “Dez novas
competências para ensinar: “Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o
senso crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de
pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar e classificar, a leitura e a análise de
textos e de imagens, a representação de redes, de procedimentos e de estratégias de
comunicação” ( PERRENOUD, 2000. p.128).
Nesse OAC, disponível no Portal Dia-Dia-Educação do Governo do Estado do
Paraná, pode-se encontrar uma variedade de recursos que irão contribuir, não só para o
aprimoramento das práticas pedagógicas, mas também, para o enriquecimento e atualização
do professor.
O tema é introduzido por meio de um relato sobre a problematização do conteúdo
abordado no OAC pautado nas considerações de Luiz Antônio Marcuschi, Antônio Marmo
Cassoni e Marcos Bagno. Esses três autores enfatizam os processos de transformações da
língua portuguesa e ressaltam que as mudanças ocorridas na comunicação com o
surgimento da Internet é uma realidade que pode influir nas futuras transformações por que a
língua irá passar.
Além de um referencial metodológico que embasa toda reflexão acerca da
problematização do conteúdo – a linguagem virtual, há nesse OAC sugestões de leituras (
livros, entrevistas, notícias, crônica, histórias em quadrinhos) que oferecem uma diversidade
de gêneros textuais; pois, conforme Meurer, “o trabalho em sala de aula com diferentes
gêneros textuais contribui para uma prática pedagógica eficaz, capaz de formar leitores
conscientes da realidade circundante” (MEURER, 2002. p. 256).
O embasamento teórico para explicar o surgimento dos novos gêneros textuais a
partir da tecnologia: e-mail, chats, blogs, vídeo-conferências e outros, pautou-se nas
definições teóricas dos gêneros do discurso de Mikhail Bakhtin.
O livro “A Leitura nos Oceanos da Internet’, de Ezequiel Theodoro da Silva (2003)
fornece subsídios para que se compreenda o atual papel da Internet como um recurso
aplicado à educação e como ferramenta de disseminação de conhecimento e pesquisa.
Aborda também que a leitura e a produção de textos têm tomado novos rumos, indicando os
prós e os contras dessa nova prática.
“A Língua de Eulália: Novela Sociolingüística” de Marcos Bagno (1997) procura
mostrar que o uso de uma linguagem “diferente”, nem sempre pode ser considerado como
um “erro” e que o modo “estranho ou diferente” das pessoas falarem ou escreverem pode ser
explicado por algumas ciências como a lingüística, a história, a sociologia e até mesmo a
pisicologia. Aponta que a língua portuguesa está em constante variação e modificação e que
o maior preconceito apontado entre o português-padrão e o português-não-padrão, não são
exatamente as diferenças lingüísticas que prevalecem, mas sim, as diferenças sociais.
Numa entrevista “Escrevendo em tempos de Internet”, o professor Luiz Augusto
Fischer aborda as mudanças ocorridas na escrita com o surgimento da Internet e aponta
algumas características dessa nova modalidade. Ele evidencia o aumento da comunicação
escrita pós Internet e afirma que esse novo código não “contamina” a escrita formal da
escola, desde que os alunos sejam preparados para a utilização das variadas formas de
comunicação em diferentes situações em que estiverem inseridos (formal ou informal).
Outra sugestão de leitura são as histórias em quadrinhos, gênero que se configura
como um recurso lúdico que o professor pode utilizar como material didático para
diversificar e enriquecer o trabalho com a leitura e escrita. A revista Cebolinha nº 221
(novembro/2004) apresenta um novo personagem da Turma da Mônica: Bloguinho – um
garoto aficcionado por Internet, que se comunica com toda a turma usando somente o
“internetês”. Maurício de Sousa, ao trazer o “internetês” para as histórias em quadrinhos,
apresenta de forma divertida as características e a utilização dessa nova linguagem que se
espalhou rapidamente.
Uma crônica de TõeRoberto, propositalmente toda escrita em “internetês”, busca
retratar de maneira bem humorada a linguagem virtual que, presume-se, deva ser usada
somente no ambiente virtual.
O trabalho com a notícia pode ampliar o universo de leitura tanto do professor como
do aluno. Esse gênero fornece inúmeras possibilidades de trabalho: debate de assuntos que
estabelecem relações entre o indivíduo e o mundo que o cerca; diferentes interpretações de
um mesmo assunto; estudo das especificidades do gênero em questão. Duas notícias são
destaques nesse OAC.
Em “Amantes de Internet descobrem ser casados um com o outro. Agora, ambos
querem o divórcio sob a alegação de traição” fica evidente que as novas formas de
comunicação online, principalmente a Internet, estão alterando significativamente os
relacionamentos, além de mostrar o lado negativo das relações pela Internet, pois nem
sempre o que se tem na tela é verdadeiro ou real.
“Smiley completa 25 anos espalhando alegria pelo mundo” apresenta a origem das
carinhas formadas por dois pontos, um hífen e um parêntese, que posteriormente viriam a ser
chamadas de “emoticons”. Os “emoticons” são recursos utilizados pelos internautas que
expressam as mais variadas situações, ações, emoções e sentimentos.
A título de informação e atualização , destaque para a curiosidade “O verbo deletar já
foi aportuguesado”. Além do verbo “deletar” e outros termos da informática, a Academia
Brasileira de Letras lançou vocabulário com 6.000 novas palavras que estavam em uso, mas
não eram oficiais. Agora, essas palavras além de reconhecidas, passam a ter uma grafia
oficial definida e são aceitas como palavras da língua portuguesa escrita no Brasil.
Vários sítios com informações, artigos, imagens, bibliografias, reportagens e links
permitem ao professor se atualizar, ampliar e aprofundar o seu campo de pesquisa.
O sítio ESCOLA2000 apresenta palestras e entrevistas com
personalidades na área da educação, depoimentos, projetos de aprendizagem de alunos e
relatos de professores de diferentes escolas do Brasil. Possibilita a pesquisa através de textos
e artigos, vídeos que abordam o tema “educação e tecnologia”, links, bibliografias e
glossário com termos ligados às novas tecnologias. Há também espaço para a interação
virtual através de fóruns, reuniões virtuais e enquetes.
Sob a coordenação do professor, escritor e jornalista Hélio Consolaro, o sítio
PORTRASDASLETRAS traz artigos, livros comentados, dicionário disponível para
consulta, literatura (teoria, estudo de textos, poesias, crônicas, contos, documentos),
questões polêmicas e curiosidades da língua portuguesa, temas e orientações para se fazer
uma boa redação, entrevistas, questões de gramática e lingüística. Enfim, disponibiliza em
ambiente virtual a pesquisa, o conhecimento e esclarecimentos sobre a nossa língua
portuguesa.
No sítio MARCOS BAGNO, além de sua biografia, é possível conhecer um pouco
mais sobre o trabalho desse escritor, lingüista e professor: produções bibliográficas e
científicas, artigos, entrevistas, reportagens, fórum de discussões. Há também sugestões de
leituras e indicação de links relacionados à área de lingüística e língua portuguesa.
É possível conhecer as belíssimas instalações do Museu da Língua Portuguesa, na
Estação da Luz, em São Paulo, visitando o sítio MUSEU DA LINGUA PORTUGUESA.
Neste sítio, além do histórico do museu, pode-se encontrar uma grande quantidade de textos
de autores importantes sobre a história e a realidade da língua portuguesa, glossário e
bibliografia separados por autor ou por assunto para facilitar a pesquisa. Através de imagens
variadas, filmes, vídeos, músicas e poesias, é possível obter um conjunto de informações
audiovisuais de caráter histórico, social e cultural sobre a língua portuguesa.
As indicações de músicas, vídeos e filmes trazem subsídios para um trabalho
contextualizado, onde o professor pode desenvolver atividades de reflexão sobre as
características desse novo processo comunicacional – a Internet, e questionamentos sobre os
avanços tecnológicos e sua influência na vida diária das pessoas e de toda a sociedade.
A música “Por Onde Andará Stephen Fry?” de Zeca Baleiro (1997) apresenta o
avanço tecnológico e a sua influência na vida diária das pessoas. A proliferação da Internet
tem mudado os costumes da sociedade, inclusive as formas e recursos utilizados para a
comunicação. A letra aponta as grandes “soluções” oferecidas pela Internet para auxiliar e
facilitar a vida das pessoas em situações diversas do cotidiano. Coloca-se, também, a
influência da língua inglesa no ambiente digital e a facilidade do intercâmbio de
informações com pessoas do mundo inteiro.
É fato consumado que os usuários da Internet, principalmente os jovens, na
necessidade de se comunicarem em um curto espaço de tempo, renunciam aos padrões
formais da língua e escrevem de uma maneira diferenciada, utilizando a linguagem,
denominada “internetês”. Para ilustrar tal situação, O vídeo “2003 – Português.com” retrata
de forma animada as conseqüências da utilização da linguagem virtual em sala de aula pelos
alunos.
Como forma de diversificar o trabalho, o professor pode se utilizar de filmes para
apresentar um conteúdo, explorar um assunto já trabalhado, provocar reflexão acerca de um
objetivo proposto, aprofundar determinado tema tratado previamente ou simplesmente
como ilustração. Para este fim, são indicados no OAC dois filmes: Farenheit 451
(Inglaterra, 1966) e Mensagem para Você (EUA, 1998).
O filme “Farenheit 451” evidencia a necessidade vital da cultura escrita. Neste filme,
as personagens vivem num mundo em que as leituras são proibidas e as pessoas vivem
absorvidas pela televisão, os bombeiros têm como única função incinerar livros e,
conseqüentemente, idéias. O conflito se dá quando muitas personagens se revoltam e passam
a memorizar o conteúdo das obras clássicas – são os homens-livro.
Em "Mensagem para Você, a personagem principal se envolve com um
desconhecido com quem conversa todos os dias pela Internet. O filme aborda a utilização do
ambiente virtual como principal meio de comunicação e a mudança nas relações com o
surgimento da Internet.
O OAC caracteriza-se como um suporte pedagógico que o professor pode utilizar
como ferramenta para subsidiar o seu trabalho em sala de aula e levar aos alunos uma
variedade de atividades e conteúdos atualizados. Assim, para instrumentalizar o professor,
há propostas de atividades que podem ser incorporadas à metodologia de ação da disciplina
e trabalhadas na perspectiva interdisciplinar.
Como proposta de atividade sugere-se a criação de fórum (espaço virtual
colaborativo), que permitirá aos alunos, através de discussão simultânea, dar opiniões sobre
um assunto específico, trocar informações, dar sugestões ou criticar. Além disso, outras
questões são levantadas: debates, pesquisas, entrevistas, produção de textos.
Dentro da perspectiva interdisciplinar, apresenta-se um trabalho conjunto entre os
professores de língua portuguesa, língua inglesa e história, ressaltando a origem e a evolução
da língua através dos tempos e a influência de outros idiomas, não só na língua, mas na
cultura em geral.
A partir das idéias contidas no livro “O laptop de Leonardo” de Bem Shneiderman
(2007), faz-se uma reflexão e contextualização sobre o real papel das tecnologias em nossas
vidas. Para esse autor, a tecnologia só faz sentido quando aplicada como ferramenta para o
desenvolvimento da criatividade, interatividade e ensino/aprendizado mais qualificado, bem
como, da melhora na qualidade de vida das pessoas.
Diante desta realidade e de todos os recursos disponíveis atualmente, faz-se
necessário que a escola incorpore essa nova visão de comunicação calcada nos avanços
tecnológicos e repense seus métodos, conteúdos e currículo; bem como a postura do
professor, que passa de transmissor de conhecimentos a coordenador e orientador da
aprendizagem frente ao surgimento de uma nova modalidade de comunicação e expressão
mediada pelo computador. Para Laura Liguori ( In Litwin, 1997, p.90), a utilização da
Internet como recurso didático pode melhorar a aprendizagem sempre que se analise o seu
uso com critérios pedagógicos, tais como:
a) o aproveitamento que se faz das características próprias da ferramenta
informática; a capacidade de interação aluno/informação; a capacidade de
retroalimentar a aprendizagem dos alunos;
b) a contribuição para a aprendizagem desde uma perspectiva inovadora, isto é, que
favoreça a participação solidária entre os alunos, possibilite a pesquisa, a
aprendizagem por descoberta e a recriação dos conhecimentos; apresente uma
visão integradora em sua concepção e propicie o tratamento interdisciplinar dos
temas do currículo;
c) as modalidades do trabalho em aula.
Assim sendo, o professor deve pensar e planejar suas aulas e utilizar de forma
objetiva e direcionada os recursos tecnológicos disponíveis.
Esse OAC, com todas as propostas de trabalho para o professor, contempla as
Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica do Estado do Paraná
que se propõe a formar usuários competentes da língua, de modo que, pela fala, escrita e
leitura, exercitem a linguagem de forma consistente e flexível, adaptando-se a diferentes
situações de uso.
Neste contexto, o professor, para ensinar Língua Portuguesa hoje, deve compreender
a linguagem midiática como uma variante em evidência e considerar como objeto de estudo
os variados gêneros textuais que surgem nesse meio: e-mails, chats, blogs, fóruns e outros;
afinal, como se sabe, os textos são a representação de toda a produção cultural de uma
época, e a escrita virtual faz parte dessa nossa produção neste momento. Portanto, ainda de
acordo com as Diretrizes, deve-se considerar que “o gênero, antes de constituir um conceito,
é uma prática social e deve orientar a ação pedagógica com a língua, privilegiando o contato
real do estudante com a multiplicidade de textos produzidos e que circulam socialmente”
(DCE, 2006. p. 21).
De acordo com a professora Gláucia da Silva Brito, numa entrevista interativa4, a
escrita utilizada na Internet é informal e traz todas as características da diversidade e
variabilidade do português falado no Brasil. Ela ressalta ainda, que a ortografia é artificial,
uma decisão política e que a língua é natural. No entanto, sabe-se que a ortografia oficial é
necessária em determinadas instâncias de produção de texto. Portanto, é necessário que, nas
aulas de Língua Portuguesa, os professores utilizem metodologias que mostrem aos alunos
que a linguagem deve ser adequada às diversas situações de comunicação. Ou seja, tudo
depende dos seguintes fatores: quem diz, o quê, a quem, como, quando, onde, por que e
visando a que efeito.
No tocante à ação pedagógica, além de disponibilizar aos alunos modelos diversos de
gêneros textuais, é preciso encaminhar uma reflexão sobre o uso de cada um deles,
considerando o contexto de uso e os seus interlocutores. É compreensível que quanto maior
for o contato do aluno com diferentes gêneros textuais, maior será a sua capacidade de
refletir sobre os mecanismos lingüísticos que constituem o processo comunicativo. Também
é relevante o desenvolvimento de habilidades comunicativas relativas à linguagem virtual e
ao seu uso, o que Marcuschi denomina de “letramento digital” (MARCUSCHI, 2005. p.15).
Portanto, o educador, além de compreender a evidência (ascensão) dos novos
“gêneros virtuais” com suas características específicas de linguagem e considerá-los como
objeto de estudo nas atividades escolares, deve incorporar essa nova visão de informação e
integrar-se às novas tecnologias levando em conta que a inserção do computador e todas as
suas potencialidades no processo educacional lhe possibilitará diversificar e aprimorar suas
aulas.
Assim, considerando Perrenoud, “Se não se ligar, a escola se desqualificará. A escola
não pode ignorar o que se passa no mundo. Ora, as novas tecnologias da informação e da
comunicação transformam espetacularmente não só nossas maneiras de comunicar, mas
também de trabalhar, de decidir, de pensar.” (PERRENOUD, 2000. p. 125)
2.PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO – AÇÃO & INTERAÇÃO
A escrita do meio virtual tem gerado muitas polêmicas. Pais, professores e 4 Disponível em: http://www.educacional.com.br/entrevistas/interativa_adultos/entrevista008.asp Acesso em 05/07/2007
especialistas em Língua Portuguesa têm se preocupado com a prática desse novo paradigma
textual em relação aos padrões tradicionais estruturados na história e cultura do povo.
Paralelo a isso, questiona-se se a linguagem virtual não estaria invadindo o mundo real e
transgredindo a norma padrão de nossa língua.
As opiniões são divergentes quando se trata da influência da linguagem virtual nos
padrões formais da língua escrita. Alguns especialistas em Língua Portuguesa acreditam que
essa linguagem não terá nenhuma influência na prática de produção de texto formal (dentro
e fora da sala de aula), ou seja, deve ficar restrita ao ambiente virtual. No entanto, há quem
acredite que ela pode influir nas futuras transformações por que a língua irá passar nos
próximos anos.
Para o professor Antonio Marmo Cassoni (1999)5, a “Internet está influenciando
muito a língua e o mundo virtual já tem uma linguagem própria e que, por mais que a
gramática tente segurar esse fenômeno, ele já aconteceu.” Ele diz ainda que “(...)
caminhamos para uma linguagem universal via computador e que os usuários da Internet
criaram e continuam criando novos códigos.”
Essa nova forma de escrita, que se utiliza da informalidade e que incorpora algumas
características da fala, faz parte da realidade do dia-a-dia de toda a sociedade, e está
alterando e transformando as características do processo de comunicação escrita mundial.
Diante dessa realidade, devemos considerar não só as ferramentas tecnológicas que
surgem a cada instante, mas também as influências que elas estão exercendo nos hábitos e
costumes da população; bem como, nas formas e recursos utilizados para a comunicação.
Com o propósito de verificar a interferência ou influência da linguagem virtual nas
produções textuais dos alunos em sala de aula, foi desenvolvido um trabalho com uma turma
de vinte e cinco alunos do primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual
Professora Maria Aparecida Militão de Souza Pereira, de Telêmaco Borba, todos eles com
idade compreendida entre 15 e 17 anos, sendo 14 alunos do sexo masculino e 11 do sexo
feminino. Destes, 84% apenas estudam e 16% trabalham ou exercem algum outro tipo de
atividade.
A implementação, que se constituiu numa atividade planejada e executada em
ambiente escolar com o objetivo de sistematizar a investigação pedagógica, iniciou-se com
5 Disponível em: www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0101/12.htm. Acesso em 05/07/2007
uma reunião com a direção, equipe pedagógica e professores para a apresentação da
proposta e a divulgação do cronograma de ações que seriam executadas ao longo do
desenvolvimento do projeto.
Os professores e toda a equipe pedagógica foram muito receptivos. Todos
consideraram o tema “ linguagem virtual” bastante pertinente para o momento que estamos
vivenciando hoje, pois a Internet é realidade e já faz parte do dia a dia da sociedade, embora
alguns alunos e professores ainda não tenham acesso a ela.
Além disso, levantou-se a importância desse trabalho inovador, pois viabilizou o
repasse dos conhecimentos adquiridos durante todo o período de realização do PDE (estudos
e pesquisas) aos demais professores do Colégio propiciando reflexão, a integração entre a
teoria e a prática e criando-se condições efetivas para a construção do saber coletivo.
Nessa reunião, foi apresentado ao corpo docente do Colégio um vídeo com a
mensagem “A ÁGUIA” , em que mostra o processo pelo qual a ave passa ao chegar aos
trinta anos para renovar-se e viver mais trinta. Após reflexão, os professores colocaram a
pertinência da mensagem, contextualizando-a com a situação apresentada, pois, assim como
a águia, é preciso determinação e coragem para enfrentar os desafios do cotidiano e estar em
constante renovação, renascendo a cada momento e aprendendo com todas as situações que
nos são oferecidas. Foi apontada também a importância do professor buscar novos
conhecimentos, novos desafios e se encorajar para poder interagir com o mundo moderno de
maneira participativa e transformadora.
Todas as informações da Proposta de Implementação (inclusive a mensagem) foram
repassadas aos professores participantes do Grupo de Trabalho em Rede, que postaram no
portal suas considerações e sugestões de textos, vídeos, atividades e referencial teórico.
Além disso, foi solicitado aos mesmos que elaborassem um Plano de Proposta de
Implementação de acordo com temática apresentada pelo professor PDE e a realidade de
cada participante do GTR, considerando formas possíveis de adequar a proposta à sua
realidade e área de atuação.
A professora Gláucia Dziubate, participante do GTR, colocou que “o enfoque na
linguagem virtual nesse momento é relevante, pois abarca os principais envolvidos no
processo de interação e comunicação no espaço escolar: língua – aluno – professor.”
A professora Maria do Carmo Silva Ramos (Iracema d’Oeste) informou que após
tomar conhecimento da proposta de implementação no GTR, realizou-a em uma turma de 8ª
série do Ensino Fundamental. Ela desenvolveu atividades variadas com seus alunos
(pesquisa, questionário com demais professores e com alunos, leitura e reflexão de textos
diversos) e relatou que o trabalho foi muito gratificante e proveitoso, pois pôde constatar,
após levantamento de dados, que 84% de seus alunos sabe que a linguagem da Internet
deve ser usada apenas no ambiente virtual.
O primeiro contato direto com os alunos selecionados para a execução do trabalho se
deu por meio de entrevista escrita, cujo objetivo foi traçar o perfil desses adolescentes,
verificando características, preferências, expectativas e oportunidades e também levantar
dados relevantes para verificar a possível interferência da linguagem virtual na escrita dos
alunos.
De acordo com a entrevista, constatou-se que, dos vinte e cinco alunos da turma,
apenas 9 ( 36%) possui computador em casa; porém, 68 % tem celular. O acesso à Internet
não é possível para 64% dos alunos, apenas 36 % deles a utilizam de vez em quando ou já
utilizaram em casa de amigos ou em lan house. Muitos, no entanto, não têm
conhecimento dos diversos recursos que a Internet oferece. Diante desse fato, as atividades
realizadas durante o desenvolvimento da proposta passaram a ter um caráter de “inclusão
digital”, ou seja, a maioria dos alunos tomou conhecimento dos diferentes “gêneros
virtuais”:MSN, blog, fórum e até mesmo a navegação pelos sites, no laboratório de
informática do colégio.
Durante uma das aulas, os alunos tiveram a oportunidade de usar os computadores
para “navegar” à vontade pela Internet e tomar conhecimento das ferramentas que esse
recurso oferece e da variedade de conteúdos disponíveis. Utilizando o Google, puderam
acessar vários sítios: YouTube, jogos, músicas, clips, curiosidades, etc.
Verificou-se através da entrevista, que os alunos têm conhecimento relevante sobre a
linguagem utilizada no computador; mas, por falta de oportunidade não a utilizam com
freqüência. Ela fica restrita às mensagens enviadas pelo celular. Com relação às
características dessa linguagem, 72% afirmou que a conhece, destacando a rapidez,
abreviações e liberdade de expressão.
Dos alunos entrevistados que utilizam ou já utilizaram a Internet e os que possuem
celular, 60% afirmou que procura escrever corretamente suas mensagens utilizando a língua
padrão e 40% apontou que usa uma linguagem mais descontraída, mais informal e com
abreviações para facilitar e agilizar a comunicação; porém, sabem que essa linguagem deve
ficar restrita ao ambiente virtual.
Para verificar a relação dos alunos com a prática de leitura e escrita, foram
levantados dados referentes ao gosto de leitura e a facilidade para escrever. A maioria dos
alunos afirmou que gosta de ler, mas não possui o hábito de leitura de jornais ou revistas;
preferem histórias em quadrinhos. Só lêem romances quando solicitados pelo professor.
Dos entrevistados, 48% afirmou que gosta de escrever, mas enfrenta dificuldades na
exposição das idéias e 52 % não gosta, só escreve quando são “obrigados” a produzir um
texto solicitado em sala de aula pelo professor. Para a maioria dos alunos, um dos
problemas na produção de textos é a falta de idéias na hora da redação e a preocupação com
a utilização das normas da língua padrão (para eles a ortografia). Muitas vezes, a produção
fica comprometida pela falta de domínio dessa linguagem. Eles afirmaram que escrevem
pouco para ter poucos erros.
Como sugestão da professora Rosane Maria Bobato (GTR), os alunos assistiram ao
vídeo “Seqüestrador Gramático6” que apresenta uma situação de seqüestro, em que o
seqüestrador corrige gramaticalmente a fala errada dos guardas, destacando através de um
texto humorístico a importância e o uso do “bom português. A seguir, fizeram uma análise
dos termos usados e da situação peculiar apresentada, pois de acordo com o contexto, o
bandido é que “deveria” falar errado. Também questionou-se a heterogeneidade da língua e
as múltiplas possibilidades de uso em todas as situações (formais e informais), e que a falta
de escolaridade, a falta de conhecimento da norma padrão, falta de interesse ou
descompromisso com a língua culta, comprometem o desempenho lingüístico dos falantes.
Leituras de textos de diferentes gêneros sobre o assunto em questão serviram como
suporte teórico para embasar as produções textuais dos alunos ao longo do desenvolvimento
das atividades ( crônica, carta, e-mail, artigo de opinião)
O primeiro texto trabalhado com os alunos foi “A vida pelo telefone” de Walcyr
Carrasco (2006, p.11), uma crônica que retrata as dificuldades de comunicação nessa época
moderna. Após leitura e interpretação oral do texto, foi solicitado aos alunos que
comentassem por escrito a afirmação do último parágrafo do texto “...Inventou-se de tudo
para facilitar a comunicação. Às vezes acredito que, justamente por causa disso, ela anda se
tornando cada vez mais difícil.”
A maioria das respostas levantou a questão de que a tecnologia, com todos os seus
recursos (telefone, celular, bip, telefone de linha digital, telefone sem fio, fax), deveria
favorecer ou facilitar a comunicação, porém está contribuindo para distanciar as pessoas,
6 Disponível em: HTTP://br.youtube.com/watch?v=vd9s_FVIIM4 Acesso em 27/06/2008
pois os encontros pessoais entre amigos estão se tornando cada vez mais raros e a
comunicação virtual está substituindo a comunicação real. Ou seja, a contradição entre o
aumento de possibilidades de comunicação à distância e a diminuição de possibilidades de
comunicação pessoal. A comunicação tornou-se mais fácil, porém, solitária e impessoal. Foi
apontado também que a vida cotidiana (namoro, trabalho, relacionamentos, compras, etc) é
vivida em boa parte pelo telefone e pela Internet e que as pessoas não precisam mais sair de
casa para ter acesso a diversos tipos de serviços: compras, bancos, notícias, etc. Uma análise
das respostas escritas dos alunos constatou apenas ocorrências de abreviação: “não – ñ”,
“para – p/”, “está – tá”, “porque – pq”, “cada – cd” e erros de ortografia.
O livro “Antologia da Carta no Brasil: me escreva tão logo possa” (2005),
organizado por Marcos Antonio de Moraes, é uma coletânea de cartas representativas que
retratam os caminhos da correspondência no Brasil ao longo da história com as
características peculiares de redação de cada época, desde o descobrimento até os dias de
hoje. Desse livro, foram selecionados alguns textos para serem trabalhados:
a) “Carta de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel, rei de Portugal” (21 de abril a 1 de
maio de 1500 – Relato sobre o encantamento diante da natureza brasileira e o esforço de
descrever o índio brasileiro, a partir de valores europeus – 2005, p.25);
b) “Carta de Álvares de Azevedo a sua mãe (Maria Luiza Silveira da Mota e
Azevedo” (São Paulo, 12 de junho de 1849 – O estudante de Direito descreve a vida insípida
de São Paulo – 2005, p.57); “
c) “Carta de Machado de Assis a Lima Oliveira” (Rio de Janeiro, 18 de novembro de
1904 – agradecimento ao amigo pela carta de condolências por ocasião da morte de sua
esposa – 2005, p.87);
d) “Carta de Mário de Andrade a Rodrigo Mello Franco de Andrade” (São Paulo, 1
de novembro de 1937 - Situações engraçadas vividas por um grupo de estudantes, em
viagem a Bertioga à procura de uma ruína histórica – 2005, p.97);
e) “E-mail do jovem poeta Rodrigo Ponts ao irmão Ricardo” ( São Paulo, 6 de abril
de 2003 – Relato da vivência de um jovem paranaense em São Paulo – 2005, p.135);
A turma foi dividida em cinco equipes de cinco alunos cada uma e cada equipe
recebeu uma das cartas para fazer um trabalho de pesquisa enfocando a época, o contexto de
produção da correspondência, o tipo de organização textual, análise da linguagem utilizada e
do vocabulário. Além de livros, os alunos utilizaram a Internet do colégio para fazer a
pesquisa (o estudo do vocabulário, biografia do autor, época de produção, período literário)
e os trabalhos foram digitados, impressos e entregues à turma no momento das
apresentações em sala de aula.
Os alunos atingiram os objetivos propostos, pois perceberam as variações da
linguagem entre os documentos e levantaram algumas questões referentes às formas de se
elaborar uma carta ao longo dos tempos: os materiais utilizados para a escrita (pedra, tábua,
pergaminho, diversos tipos de papel, meio virtual), os instrumentos utilizados (estilete,
caniço, penas de aves, penas metálicas, lápis, caneta-tinteiro, caneta esferográfica, teclado),
as partes essenciais de uma mensagem e o estilo de produção conforme a época.
A seguir, foi lido e analisado um texto escrito em linguagem virtual: “E-mail de uma
universitária para sua amiga” (2005, p.153) para que os alunos o reescrevessem utilizando a
norma padrão. Essa atividade foi bastante interessante, pois ao “traduzirem” o texto,
perceberam a dificuldade de entendimento da mensagem e comentaram que essa linguagem
só tem razão de ser em ambiente virtual, pois quem não tem conhecimento desse “código”
tem dificuldades em entender o que está escrito. Ponderaram também, que a apropriação da
norma padrão é necessária para as situações formais (orais e escritas) que exigem o uso da
linguagem culta. Também constataram, quanto à forma, algumas semelhanças com as cartas
que foram analisadas anteriormente: vocativo, assinatura, data, despedida.
Na seqüência das atividades, os alunos foram ao laboratório de informática,
simularam uma sala de bate-papo e, em duplas, produziram um e-mail observando a
linguagem, o interlocutor e a situação. Os textos produzidos foram impressos e expostos no
mural da sala.
Como ilustração, os alunos assistiram ao vídeo “2003 – Português.com7” que
apresenta uma situação em que a linguagem virtual é usada em um texto solicitado pelo
professor como tarefa de casa. Após ler o texto e constatar o tipo de linguagem utilizada, o
professor considera o trabalho totalmente errado. A seguir, orienta o aluno e solicita que ele
reescreva o texto utilizando a linguagem formal e só então lhe atribui nota pelo trabalho.
A partir do vídeo, foram realizadas discussões e reflexões sobre o assunto abordado,
momento em que os alunos fizeram a exposição de seus pontos de vista ressaltando que
sabem das conseqüências de se utilizar a linguagem virtual ou mesmo coloquial nos textos
ditos “formais”. A maioria dos alunos tem noção das diferenças entre a linguagem virtual, a
7 Disponível em: HTTP://www.youtube.com/watch?v=w11-rvu4VGY Acesso em: 20/12/2006
coloquial, empregada em situações informais, no dia-a-dia, com os amigos, com a família e
até na Internet e a linguagem padrão (formal), que para eles é a linguagem empregada na
sala de aula, nas produções de textos solicitadas pelos professores e nos conteúdos estudados
nas diversas disciplinas.
No mês de junho, em uma avaliação de Geografia cedida pela professora, foram
detectadas algumas transgressões à norma ortográfica: “muito – mto”, “de – d”, “com – c/”,
“para – p/”, “não – ñ”, “também – tbm”. Essas constatações não são propriamente
influência do meio virtual, elas são bastante freqüentes e já ocorrem há algum tempo na
produção dos alunos. São ocorrências “comuns”, conforme fala da professora da disciplina.
Como proposta de produção de texto, os alunos redigiram um texto argumentativo
enfatizando a temática trabalhada: “ A Internet em nossas vidas”.
Após análise dos textos e de todas as atividades realizadas, constatou-se que a
linguagem dos internautas não está influenciando a produção textual desses alunos no
ambiente escolar. Apenas foram detectadas algumas abreviações ou simplificações como:
“ñ”, ao invés de “não; “p/” no lugar de “para”, “q” no lugar de “que”, “qdo” ao invés de
“quando”, “c/” no lugar de “com”, “vc”, ao invés de “você”e alguns erros de ortografia.
Exemplificando:
“... algum tempo atrás, qdo (quando) não havia Internet, p/ (para) fazer uma pesquisa
era preciso ler vários livros, estudar bastante para saber sobre o assunto. Hoje podemos
fazer uma pesquisa em questão de minutos.”
“... hoje tudo se tornou mais fácil. Podemos “se” comunicar c/ (com) pessoas do
mundo inteiro sem sair de casa.”
“ Fazer pesquisas, jogar, fazer compras, pagar contas, passar o tempo são algumas
das comodidades q (que) a tecnologia oferece...”
“... também gosto mto (muito) de navegar na Internet. Só não concordo c/ (com) uma
coisa, com a linguagem “errada” que nós usamos...”
“O lado positivo da Internet é q todos tem (sic) acesso livre e rápido, tbm (também) a
(sic) informação de todos os tipos”
“... vc (você) imagina a vida de hoje sem a Internet? Pois é, ñ (não) dá nem pra
imaginar...”
Assim, os erros detectados nas atividades propostas: simplificações, reduções e
abreviações de palavras são apenas semelhantes às transgressões praticadas no ambiente
virtual e estão há tempos presentes na escrita dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diferentemente do que se supunha no início da pesquisa, a linguagem virtual não
tem influenciado a produção textual dos alunos selecionados. Diante do trabalho realizado,
é possível inferir que a pouca utilização do computador pela maioria dos alunos, seja fator
primordial para essa questão, pois os alunos estão inseridos num contexto em que a maioria
não tem acesso regular à tecnologia, mesmo sabendo que ela está presente no nosso
cotidiano.
De acordo com o trabalho realizado e com base nos dados coletados, ficou evidente
que os problemas relacionados à escrita nas produções de texto são os já levantados ao longo
do processo de ensino-aprendizagem: limitações em relação às estruturas básicas da língua,
domínio precário da norma padrão, falta de leitura e, como conseqüência, pouca criatividade
no desenvolvimento de um assunto. Portanto, usando ou não o computador, acessando ou
não a Internet, os alunos têm limitações lingüísticas que decorrem da defasagem de uma
aprendizagem eficaz ao longo de sua vida escolar.
Entretanto, é questão importante para a escola e para o professor a reflexão sobre
essa realidade. Além de uma proposta pedagógica que atenda às dificuldades com o ensino
da língua materna, é importante que a informática seja inserida no currículo e professores
recebam capacitação e habilitação para explorar os conteúdos da rede, trabalhar com os
alunos de forma diferenciada e utilizar-se das tecnologias como ferramenta auxiliar para
tornar as aulas mais atrativas, oferecer conteúdos atualizados e informações em tempo real;
porque, dentro de pouco tempo, quem não tiver conhecimento em informática (mesmo
básico) terá as chances reduzidas de se inserir nesse novo contexto social.
Diante dessa realidade, podemos destacar a importância do Programa PDE para a
educação básica do Estado do Paraná, que efetivamente proporcionou a seus participantes,
no primeiro ano, afastamento total das atividades escolares e o retorno ao meio acadêmico
para rever e atualizar os conceitos pedagógicos. Com suportes tecnológicos necessários
disponíveis para o desenvolvimento de todas as atividades, pôde-se redimensionar as
práticas educativas numa perspectiva moderna e inovadora, proporcionando aos professores
condições para realizar um trabalho diferenciado e voltado aos novos recursos tecnológicos
.
Porém, convém ressaltar que o desenvolvimento das atividades no segundo ano ficou
parcialmente comprometido em virtude do retorno do professor à sala de aula (mesmo com
redução da carga horária), uma vez que a docência requer planejamento de atividades,
pesquisa e comprometimento quanto ao cumprimento dos objetivos propostos ao longo de
cada bimestre.
O Programa de Desenvolvimento Educacional –PDE tornou-se um marco para a
educação paranaense, uma vez que, a qualidade na melhoria do ensino está diretamente
ligada à capacitação e à atualização dos profissionais da educação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sua luz, força e sabedoria nesse momento tão delicado...
A minha família, pela confiança e incentivo sempre;
À professora orientadora Silvana Oliveira, pela disposição e carinho nas orientações;
À amiga PDE Sônia Bittencourt Morski - Uma vez elite, sempre elite...
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