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Literário, sem frescuras!
ISSN ISSN ISSN ISSN 1664166416641664----5243 5243 5243 5243
O SEU JEITO DE EXPRESS@R O SEU JEITO DE EXPRESS@R O SEU JEITO DE EXPRESS@R O SEU JEITO DE EXPRESS@R @ VID@ ESTÁ @QUI!@ VID@ ESTÁ @QUI!@ VID@ ESTÁ @QUI!@ VID@ ESTÁ @QUI!
Ano 2 Ano 2 Ano 2 Ano 2 ---- Maio Maio Maio Maio ---- 2011 2011 2011 2011 ---- Edição no. 9Edição no. 9Edição no. 9Edição no. 9
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ISSN ISSN ISSN ISSN 1664166416641664----5243 5243 5243 5243
LITERÁRIO, SEM FRESCURAS
Genebra, primavera de 2011
No. 9
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hhhhhhhhhhuyuyuytuyhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhjkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
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Varal do Brasil - Maio de 2011
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EXPEDIENTE
Revista Literária VARAL DO BRASIL®
ISSN 1664ISSN 1664ISSN 1664ISSN 1664----5243 5243 5243 5243
NO. 9- Genebra - CH
Copyright Vários Autores
O Varal do Brasil é promovido, organizado e divul-
gado pelo site:
www.coracional.com
Site do VARAL: www.varaldobrasil.com
Textos: Vários Autores
Colaboradora: Paula Barrozo
Ilustrações: Vários Autores
Revisão parcial de cada autor
Revisão geral VARAL DO BRASIL
Composição e diagramação: Jacqueline Aisenman
Editora-Chefe: Jacqueline Aisenman
A distribuição ecológica, por e-mail, é gratuita.
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to e de uma minibiogra�ia para o e-
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Genebra
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As estações representam na natureza de maneira tão bela nossas próprias estações. Somos quentes, desesperados, frios, reservados, coloridos, alegres, desprendidos, chorosos! Nunca somos apenas uma coisa, somos sempre muito e tanto.
Aqui no Varal é o que encontramos, pessoas que se encontram nas várias estações da vida e do coração e que nos trazem a palavra e a imagem como elas são, sem retoques. Pensam, sen-tem e brindam nossos sentidos com uma emoção difícil de igualar.
No site do Varal também vemos esta diversidade e aproveitamos momentos de puro prazer com o talento das pessoas que participam: Fotografias, pinturas, receitas culinárias, livros, música e muito mais.
E tudo isto é muito bom se pensarmos que o mundo em que vivemos passa, infelizmente, por uma hora dura, onde desgraças, catástrofes e crimes inomináveis fazem parte do cotidiano.
Lemos jornais que nos contam os infortúnios; se ligarmos a televisão lá estará tudo também. Ao nosso redor a dimensão das tristezas é muitas vezes insuportável. É quando vemos faces da natureza do planeta e do homem que gostaríamos de nunca conhecer. Mas que existem.
Diante da mazela que vinga em nossas vidas e pisoteia nossos olhos e corações, o que fazer além de chorar?
Ajudar, com certeza! Porque sem a ajuda de cada um não há como preservar nem o planeta e nem os seres vivos que o habitam, sejam eles cães e gatos abandonados ou crianças tratadas como lixo.
Educar, com certeza! Porque devemos, sempre!, nos lembrar que o governo somos nós e que a educação é responsabilidade máxima da família. É a educação recebida em casa que irá cri-ar raízes e desabrochar em galhos e folhas de humanidade diante da sociedade. Sem a base familiar não há como educar depois. Nem escolas, nem o mundo lá fora poderão substituir a educação primeira que vem do berço.
E, finalmente, fazer arte! Muita arte! Porque é a arte que alivia as dores, que nos permite tra-duzir as tristezas, canalizar os medos, realçar a bondade e o amor.
Sem a arte, o que seríamos? O que seria dos que sofrem? O que seria da vida?
Façamos arte, amigos! Que a arte ajuda, educa e transforma!
Sejamos simples, sejamos puros em nossa arte: que ela venha do coração, que não seja inte-lectualizada e não afaste um público que precisa, mais do que nunca, de muitas formas de ar-te!
Sejamos a arte!
Abraços da Equipe do Varal!
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• ANTONIO VENDRAMINI NETO
• JACI SANTANA
• CARLOS ROBERTO DE SOUZA
• DÚLCIO ULYSSÉA JR.
• ELIANE ACCIOLY
• JOSÉ CARLOS PAIVA BRUNO
• LORENI F. GUTIERREZ
• ISABEL CRISTINA S. VARGAS
• ANDRÉ LUIS MANSUR
• AMÍLTON MACIEL MONTEIRO
• ANNA RIBEIRO
• PAULA BARROZO
• MARIA GORETI DE O. ULBRICHT
• CARLOS D.
• CRISTIANE STANCOVIK
• DÉ BARRENSE
• MADHU MARETIORE
• FÁBIO RENATO VILLELA
• FÁTIMA DIÓGENES
• FÁTIMA VENUTTI
• GILBERTO N. DE OLIVEIRA
• MARIA LAUDECY F. DE CARVALHO
• LUIZ EDUARDO GUNTHER
• MIRIAM DE SALES OLIVEIRA
• NORÁLIA DE MELLO CASTRO
• ROZELENE FURTADO DE LIMA
• SANDRA L. STABILE
• SONIA NOGUEIRA
• TERESINKA PEREIRA
• MARCELO DE OLIVEIRA SOUZA
• YARA DARIN
• WALNÉLIA CORRÊA PEDERNEIRAS
• VÓ FIA
• CHAJAFREIDAFINKESZSTAIN
• AGUINALDO BECHELLI
• VAL BEAUCHAMP
• VARENKA DE FÁTIMA ARAÚJO
• ICLÉIA INÊS R. SCHWARZER
• LEÔNIA OLIVEIRA
• RUI MARTINS
• SÉRGIO GIBIM ORTEGA
• JU PETEK
• JANIA SOUZA
Ge
ne
bra
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Vozes no silêncio da noite afagaram os meus ouvi-dos
Eram os meus ascendentes chorando a pátria dis-tante
Falaram de suas terras deixadas sem destino De uma colheita sem realizar...
Querem voltar... Para rever os parreirais
Manchas vermelhas nas camisas De sangue e de vinho sangrando na saída
Choro de mulheres com crianças na barriga
Contaram sobre uma época Quando aportaram nas águas verdes do Brasil
Percorrendo os confins de Treviso Para ganhar o mar azul saindo de Nápoles Na busca de ilusões sonhos e conquistas
O navio trouxe pessoas e à alma da família
O tempo passou... Passou... Passou...
Estou voltando com as cinzas do passado... Dos homens e mulheres...
Que sentiram as sensações de outrora... Em uma terra de sonhos...
Mar revolto... Velhas canções... Na passagem por águas e terras africanas
No começo de velho continente Deixo cair um pouco de nuvem cinza no oceano
Guardadas em velhas garrafas de vinho Para recordar o caminho
Daqueles que por ali passaram em vida
É o fim de um verão Em um colóquio de sentimentos
No Transatlântico branco Europeu Percorrendo o caminho inverso
De águas aquecidas pelos sonhos no oceano
Parti do porto esperança Do universo de minha vida
Correu uma lágrima na face sonhadora
Fiquei angustiado na saída... Mas com uma vontade imensa de chegar...
Para as cinzas espalhar No seio e no cio da terra onde nasceram
Replantei a semente dos velhos capitães...
Na terra dos antepassados...
Por Antonio Vendramini Neto
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Os Miseráveis
Por Jaci Santana
Hoje, não quero falar de amores perdidos .
Quero falar do cotidiano que me cerca;
Da vida lá fora; dessa gente que passa,
Em murmurantes desafios diários.
Quero falar desses rostos,
Que se aglomeram
Na soleira da porta do “Café Paradiso;”
Que cruzam o salão,
Em desconcertante fúria matinal.
Quero falar desses rostos,
Que passam inexpressivos,
Entre ruas e calçadas,
Em desatinada indiferença.
Que olham vitrines,
Sem, ao menos, perceber,
O chão onde pisam.
Quero falar das ruas que todos os dias,
Abrigam os pobres miseráveis do Brasil.
Das crianças sujas e empoeiradas,
Que esmolam aos transeuntes,
Por um pedaço de pão.
Quero falar desses pobres miseráveis,
Que ali entrincheirados pelo frio gélido
Da manhã,
Esboçam um insuportável gemido,
Pela fome que lhes corrói a carne,
Dias e noites sem cessar.
Quero falar desses pobres miseráveis,
Pertencentes ao mesmo grupo de desespe-rados,
Que lutam pela vida em desatinada aflição,
Tentando, entre sorrisos e lágrimas,
Esconder a dor que se alastra,
A tantas outras gerações que passam...
Keith Harris
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Paula Barrozo
Convida : O poeta e editor Carlos Roberto de Souza :
1964: Nasce em Machado-MG
1966: Muda-se para São Paulo/SP, onde sur-
ge sua paixão pelo Cinema.
1995: Retorna para Machado, passando a pes-
quisar a trajetória do Cinema local.
2005: Edita a Revista do Cinema Machadense
(1911-2005)
2006: Compõe três letras gravadas pela ban-
da finlandesa “Força Macabra”
2008: Lança o livro “O Anjo e a Tempestade”
sob o pseudônimo Agamenon Troyan.
2008: Edita o Fanzine Episódio Cultural
2009: Edita o Jornal Ciclone
2010: Novo membro da Academia Machaden-
se de Letras
2010: Destaque do ano (Troféu Carlos Drum-
mond de Andrade”/Itabira-MG)
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A Caixa de Pandora Quando criança
Eu falava com os anjos, Enxergava o mundo Com os olhos da Inocência. Cresci, tornei-me um homem Cheio de ideias, metas e planos. Abri minha caixa de Pandora E só encontrei o engano. Revoltado e sem esperança, lancei-a ao mar Junto com a minha frustração Que, calada, não se manifestou. E agora, o que fazer? O passado sepultei, O presente neguei, O que dirá o meu futuro? Arrependido, voltei ao penhasco e, Ofegante, a caixa procurei. Por um momento, desesperançoso, orei. O que eu desejava não aconteceu, Mas uma resposta um anjo me deu: Revelou-me que sem lutar Um homem derrotado se torna. Sem objetivos e sem sonhos Sua vida é vazia de glórias. *Do livro “O ANJO E A TEMPESTADE”, de Agamenon Troyan
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Câncer!
Ali está ele! Quieto e devorador,
Escondido em seu D.N.A. Destrói, neutraliza
Aniquila tudo em volta
Em tudo ele corre: Em cada ponto, em cada vírgula,
Sem reticências.
Ousa roubar-lhe O resquício que lhe resta de vida: O vazio, o zero, o nada absoluto!
Ele se aloja em um repúdio Sinônimo de antônimo feliz.
... A cada instante a vida se esgota.
Tu enxergarás na escuridão benigna, Porém, ele, em clareza, no Tártaro.
Sofrerá calado, extirpado, Em trevas malignas
O livro "O Anjo e a Tempestade " foi editado em 2008 pela Editora Nelpa (30 exemplares). A capa é uma concepção da artista plástica carioca Mel Gama (www.melgama.com).
São 94 páginas de poesias e contos. Depois editei novamente com a Editora Insanno (50 exemplares). A tiragem baixa se deve ao custo alto em lançar um livro no Brasil.
Pretendo relançá-lo, ainda este ano, através da Câmara Brasileira do Jovem Escritor.
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A vitória de um dia
Por Dúlcio Ulysséa Jr.
Como posso enxergar
Se tenho os olhos vendados como a justiça
Se manipulam a população com um monte de informação
Deixando suas mentes com preguiça
Bitolados e controlados
Sejam da raça branca negra ou mestiça
Encilhados ou educados ?
Gente boa, inteligentíssima
Mas sem nem um pouco de perícia
Acanhados acuados assim prostrados pelo poder
Por essa supremacia inescrupulosa
Que não deixa o povo aprender
Povo amado encurralado
Sofrido e aborrecido
Tendo apenas que sobreviver
Lado a lado com seus esposos,
junto a eles seus filhos lindos
Já nem tem o que comer
Mas o Homem é vitorioso
E um dia mostra pra seu povo
Que ainda podemos vencer
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ESCULTUR@S
Por Eli[n_ @]]ioly
P_qu_n[s _s]ultur[s ^_ fios ^_ [r[m_ r_v_sti^os por fios
^_ nov_los, intitul[^[s
OS @TR@VESS@DORES
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TIC TAC
Por José Carlos Paiva Bruno
Compasso da jornada, passo a passo... Sempre posso; doces do paço! Gostoso como um abraço... Carinhoso em laço... Castelo onírico casto... Perene graça da face... Imaginação dum tempo de fadas... Madrinhas, Contagem dos corações... Sabedoria do primeiro Rebe de Chabad! Luz que burla a escuridão da prisão russa... Sintonia fina ectoplasma, Pasma em doze luzes do dia e dúzia da noite... Tetragramas... Pijamas do riso e do sono do Rabi Zalman... Ponteiros telegramas... Tramas divinas... Conexões cristalinas... Mimos do Criador... Amor! Parada do relógio de Karin Fischer... Primeira foto da Alma? Nosso corpo glorioso em calma... Disse Padre Quevedo... Sem medo, Troca do corpo material... Sublime Conto... Parapsicológico Ponto, Criatura Criador Encontro... Certeza d’eternidade... Afinidade sem fim!
Gonzaguinha e a batida de um coração... Morte abatida meu irmão...
Mas e a Vida... Cronômetro da ilusão... Certeza d’outra dimensão... Mas o que é; o que é? Senão o sapatinho da Cinderela... Fellini Bela,
Adormecida carruagem em sono profundo... Profuso em fuso da roca...
Doze badaladas... Abóbora da contradição... Abóbada da emoção... Comunicação... Reencontro em ação... Visual da voz e aura...
Carecemos das fábulas... Celestiais da Ciência... Experiência... Talento desses seres mágicos... Homens e Mulheres explosão! Canção...
Coragem do dedinho na represa... Presa da pressa da solidariedade...
Postura da cura... Tal qual vasilhas de barro, curadas em eternidade... Porque o Amor é a Alma da vontade... Almadraque da subida...
Fim da cela temporária... Qual roubar o algoz, e seu cárcere atroz!
Talvez a funda de Davi abatendo Golias... Afunda egoísmo tirano... Fim deste profano... Vitória daquele por seu Amo... Fim do cigano... Adeus engano... Prometida Terra aos de Fé... Vença sempre Josué! Em minutos, segundos e horas; dias, noites e anos... Vençamos... Assim, tique-taques solares gnomos, ou mecânicos de Silvestre II, Bailam a sonata da vida; passando ao pulso em Santos Dumont, Aquele nosso herói da Torre Eiffel, 14 bis aplauso em bis de voo pulsar... Amizade Cartier; voando qual Hemingway em sinos, dobrando por ti...
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Emanuel Medeiros Vieira nasceu em Florianópolis, SC, em 1945. Morou muitos anos em Brasília e hoje reside em Salvador. Formado em Direito pela UFRGS (1969). Foi cineclubista, professor, crítico de cinema, editor, vendedor de livros, jornalista e funcionário público. É detentor de diversos prêmios literários nacionais. Tem 17 livros publicados. Terminou uma lon-ga obra intitulada “Cerrado Desterro”, espécie de memórias de geração, que será publicada pela Thesaurus Editora. Ativo militante da política es-tudantil, foi dirigente do IEPES, embrião da Fundação Pedroso Horta. Re-dator de discursos parlamentares, foi membro do conselho editorial do jor-nal “Movimento”, e correspondente em SC do semanário “Opinião”. Sua obra foi elogiada e estudada – entre outros escritores e críticos – por Car-los Drummond de Andrade, Otto Maria Carpeaux, Afrânio Coutinho, Antô-nio Cândido, Mário Quintana, Caio Fernando Abreu, Antonio Olinto, Hélio Pólvora, Carlos Appel, Assis Basil, Moacyr Scliar, Jorge de Sá, Rubem Mauro Machado, Anderson Braga Horta, Ronaldo Cagiano, Salim Miguel, Silveira de Souza, Flávio Cardozo, Alberto Crusius, Antônio Carlos Vilaça, Leo Gilson Ribeiro, Lourenço Cazarré, Ruy Espinheira Filho, Dionísio da Silva, Nei Duclós, Antônio Hohlfeldt, Celso Huffell, José Santiago Naud, Nelson Hoffmann, Herculano Farias, Rodrigo de Haro, Pedro Port, Joanyr de Oliveira e Paulo Leminski. Em “Cerrado Desterro” (com cerca de 50 de-poimentos de amigos) medita, entre outros temas – sobre sua participação e de outros amigos de geração – como Luiz Travassos –, na luta. contra a ditadura militar, a clandestinidade, a prisão política, a saída do país, e o seu incansável trabalho em favor da anistia política.
EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
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Estou lançando oficialmente o livro O menino que colecio-nava sonhos, de minha autoria o qual foi apresentado ao publico no dia 02/04 em evento realizado na livraria Sarai-va, do Center Norte shopping, em São Paulo – Sp.
Darlan Hayek Soares
O menino que colecionava sonhos conta a história de An-tony, um garoto de oito anos, pobre, que sofre com o alcoolis-mo da mãe, Sophia, e a humilhação dos colegas de escola. Ami-gos ele só tem um, Tommy, um garoto que assim como ele so-nha em ser feliz. Antony não tem brinquedos e nem perspecti-vas, mas ele tem um ótimo coração e a pureza que só as crian-ças têm. A mãe um dia lhe disse que ele não deveria se preocu-par em realizar seus sonhos e sim ajudar as outras pessoas a realizarem os seus. E por que não? Antony descobre que ajudar aos outros pode ser muito mais divertido que ele pensara, e descobre que ver as pessoas felizes é a melhor maneira de sen-tir-se feliz. Venha aprender como ser feliz fazendo os outros felizes. Aprenda com Antony lições de amor, companheirismo e dedicação.
Um livro emocionante, capaz de mudar o mundo em que vive-mos.
A apresentação foi um grande sucesso, contando com um excelente público.
Para este livro consegui alguns exemplares em promoção para os amigos. Serão apenas algumas unidades, já que o preço é definido
pela editora , junto com as livrarias.
Estou passando o livro aos interessados, com dedicatória , autógrafo, e marcador de páginas pelo valor de R$ 19,90.
Essa é uma promoção de lançamento. São poucas unidades. Depois só será possível adquiri-lo nas livrarias pelo preço de mercado.
Aproveitem, divulguem aqueles que gostam de uma boa leitura.
Os pedidos devem ser feitos diretamente pa-ra [email protected] ou diretamente comigo.
Aproveite para presentear. Todos os livros vão com dedicatória per-sonalizada para a pessoa presenteada
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ALMA GÊMEA
Por Loreni F. Gutierrez.
Naquele dia, quando a vi chegando a entrada
Numa lentidao quase contida
Confesso que a senti meio perdida
Passei por ela e nao lhe disse nada.
Observei-a um pouco e percebi
Alguma coisa magica em seu andar
E tambem me dirigira no olhar
Uma mensagem que nao compreendi.
Era quase uma maneira de implorar
Como alguem que chega e quer �icar.
E tantas vezes mais passei por ela
Mas dei continuidade a minha vida
Sem nunca perguntar, sequer, quem era.
Tempos depois partiu, enternecida,
E so entao soube quem era:
Era o porto seguro dos anos de espera
Era a “alma gemea de minha vida”.
Guardo comigo as marcas de meu desencanto
Logo eu, que a esperara tanto!
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O QUE IMPORTA
Isabel Cristina Silva Vargas
Não importa o nome, se Maria, Joana ou Teresa. Não importa a raça, a profissão a crença nem a condição financeira.
Importa o que temos no coração e na mente, qual nossa visão de mundo, com que cores o pintamos, o que recebemos de nossa família, como somos no presente e o que buscamos. Isto não tem a ver com idade, pois sempre é tempo de esperança, sempre é tempo de semear. Não importa quem vai colher os frutos. Isto é doação, generosidade, dar sem olhar a quem.
Importa nossa alegria, nosso desejo de realização, a capacidade de sonhar, a tena-cidade para enfrentar desafios, a maturidade de perceber que não se ganha sempre, que a vida não é só feita de momentos bons e alegres.
Importa ter a dignidade de recomeçar do nada, quando é preciso nos desmontar para podermos nos recompor.
Importa abrir espaço para o diálogo, exercitar a ternura, a solidariedade, a capaci-dade de perdoar e a disposição de não se acomodar.
É importante evoluir com a vida, não ficar paralisado pelo medo da idade, das mu-danças físicas.
É verdade que algumas coisas pioram a visão, a memória, a agilidade, em muitas ocasiões, entretanto, podemos aprimorar outras áreas, como a inteligência, a sabedoria a paciência, a tolerância, a solidariedade, a amizade.
Importa conviver com alegria, diluir as dores, aprender com os erros, construir re-lacionamentos saudáveis para manter o espírito forte, dar o melhor de si para superar as adversidades, vencer os temores, ter confiança que o futuro pode ser melhor e isto depen-de de como somos hoje e de como estamos nos preparando para vivê-lo.
Importa, sobretudo, ter fé, e ter a sensibilidade para perceber a presença divina nas pequenas coisas do dia a dia e sentir a sua presença constante em nossas vidas e em nossos corações.
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Paula Barrozo
Convida : O Jornalista e escritor ANDRÉ LUIS MANSUR
Nasceu no Rio de Janeiro – RJ, publicou o livro ´Manual do Serrote - nos botequins da vida, sem contas nem despesas´, pela editora Bruxedo, (www.manualdoserrote.blogspot.com), ´O Velho Oeste Carioca´, sobre a História da zona oeste do Rio de Janeiro, pela editora Ibis Libris, e "A rebelião dos si-nais", de ficção, pela editora Multifoco. Colaborou em jornais como crítico literário e reuniu todos os textos feitos desde 1995 no blog seu blog, www.criticasmansur.blogspot.com
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DUZENTOS ANOS DE ENCHENTES
Por que uma tragédia precisa se repetir indefi-
nidamente? O temporal que provocou o caos
no Rio de Janeiro, com mais de 200 mortes,
carrega um elemento ainda mais dramático,
pois está perto de se completar 200 anos uma
enchente devastadora que assolou a cidade
entre os dias 10 e 17 de fevereiro de 1811 e que
ficou conhecida como as “águas do monte”,
pois a chuva descia dos muitos morros do
centro do Rio e alagava tudo, provocando des-
lizamentos, desmoronamentos e muitas mor-
tes.
De lá para cá, pelo visto nada mudou. Quer
dizer, mudou para pior, pois a cidade se alas-
trou, sem nenhum planejamento urbano, e
hoje apresenta uma situação para a qual não
vejo solução, da mesma forma que em São
Paulo as enchentes do Tietê vão continuar
provocando o caos na cidade.
Nas “águas do monte”, parte do extinto morro
do Castelo, berço da cidade, desmoronou, le-
vando junto muitas casas. As igrejas da cidade
acabaram acolhendo os muitos desabrigados,
por ordem do príncipe D. João, e o principal
meio de transporte na cidade acabou sendo a
canoa, herança dos indígenas (chegou a haver
uma batalha de canoas na Baía de Guanabara
na época da guerra entre portugueses contra
franceses e tamoios pela conquista da cidade)
e que encontra sua referência nas balsas dos
bombeiros hoje em dia para tirar gente de
ônibus, nas pranchas de surfe e até nos peda-
linhos da Lagoa Rodrigo de Freitas, que inva-
diram a rua e serviram de condução para
quem queria fugir das enchentes.
Segundo conta o importante historiador Viei-
ra Fazenda, citado por José Antônio Nonato e
Núbia Melhem Santos no excelente livro “Era
uma vez o morro do Castelo”, começou a cho-
ver torrencialmente às 11 da manhã do dia 10
e “a borrasca, longe de amainar, continuou
incessante durante sete longos dias de verda-
deiro suplício para os habitantes desta heróica
e leal cidade”. As ruas, assim como hoje, vira-
ram “caudalosos rios”, o Campo de Santana se
transformou em uma grande lagoa e muita
gente morreu soterrada nas casas que ruíram
com a grande massa de terra que desceu do
morro do Castelo, principalmente as casas do
antigo Beco do Cotovelo, na parte do morro
que ficava defronte à Ilha das Cobras.
Uma canção muito popular no século XIX
guardou na memória dos cariocas a tragédia
de 1811. Dizia:
Varal do Brasil - Maio de 2011
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- Vem cá Bitu! Vem cá Bitu! Vem cá, vem cá, vem cá... - Não vou lá, não vou lá, não vou lá, Tenho medo de apanhar! - Cadê o teu camarada? - Água do Monte o levou... Não foi água, não foi nada, Foi cachaça que o matou.
Registrada por Santa Ana Nery, a letra de “Vem cá Bitu!” deve ser acompanhada pela melo-dia da cantiga de roda “Cai, cai, balão” e Bitu, segundo conta Vieira Fazenda, parece ter existido mesmo. Teria sido um dos mortos entre as casas soterradas pelo morro do Castelo. Sua triste cantiga, pelo visto, ecoa até hoje entre os escombros desta cidade que não conse-gue absorver as tais intempéries da natureza.
“ManualdoSerrote”
Definição : "Indivíduo dedicado a tirar o melhor proveito das situações, adversas ou não, utilizan-do-se, para isso, de esperteza, raciocínio rápido e planejamento. Um bom serrote age em qualquer ambiente, sem ofender ninguém, principalmente a sua imagem, garantin-do assim o campo sempre livre para suas investidas".
APRESENTAÇÃO
Publicado originalmente em 1825, o "Código dos homens hones-tos", de Honoré de Balzac, ensina o leitor presumivelmente ho-nesto a reconhecer os larápios e golpistas que estão, a toda hora, a circudá-lo, e traça uma linha de defesa para aqueles que dese-jam se precaver. Quase dois séculos se passam e vêm agora André Luis Mansur, Francisco Rosa Lemos e Sandro Nunes surpreender-nos com es-se Manual do Serrote, um livro que pode ser considerado, em termos de proposta, a antítese perfeita do guia balzaquiano.
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Sim, pois o que ensina o Manual do Serrote é a forma mais sofisticada de ladroagem: o serrotismo.
Como definir esta prática que parece nova mas é milenar, que parece absurda mas é real, que parece
moralmente condenável mas pode ser vista também como profissão honrada?
Tomemos como referência o ventanista, aquele ladrão dos bons tempos que entrava pelas janelas das
casas, não acordava a família, saía de fininho, não usava armas.
Pois, em relação ao ventanista, o serrote (adepto do serrotismo), é um santo. É certo e líquido que a
família vitimada pelo ventanista terá, no dia seguinte, um grande aborrecimento, ao passo que as víti-
mas do serrotismo, ao serem serrotadas (é assim que se diz) não raro ficam agradecidas por estarem
mais pobres, comovem-se consigo próprias, são tomadas pela sensação de que seus laços de amizade
com o serrote saíram fortalecidos e de que o ser humano é um animal viável.
Pode-se dizer até que, na escala social, o serrote ocupa uma posição importante no sentido de azeitar
as relações entre os indivíduos. A existência do serrote é, pois, de indiscutível utilidade pública.
Sim! O serrote, afinal de contas, desconhece o ato do furto! Não usa a violência. Nem meios ilegais.
Além disso, os bens ambicionados pelo serrote são recebidos das mãos das próprias vítimas, sem que
qualquer mal físico ou moral lhes tenha sido impingido ou que alguma lei tenha sido contrariada.
Mais detalhes não dou.
Apenas digo que, ao descrever esta fascinante atividade, os autores criam toda uma infraestrutura ima-
ginária que, por um momento, chega a fazer duvidar de que o serrotismo exista. Só para, em seguida,
revelarem-nos, à medida que lemos o manual, uma verdade atordoante: todos somos serrotes, e todos
somos serrotados, diariamente, sob sol ou chuva, na vigília e no sono, no amor e no trabalho, no senti-
do estrito, e nas várias escalas que as relações podem assumir.
Por Arnaldo Bloch.
Introdução
O objetivo deste manual é muito simples: explicar o que é a serrotagem, ou o serrotismo, como tam-bém é chamado, e mostrar a diferença entre esta prática e a malandragem. O serrote é uma figura muito conhecida, presente em todos os lugares, principalmente em bares e botequins. O serrote basi-camente serra qualquer coisa, uma bebida, um almoço, telefones, cartões de crédito, mas nunca a conta. Tanto que os bolsos de sua calça ou bermuda são devidamente apertados, para que na hora derradeira (a de pagar) sua carteira fique presa e alguém diga: "Pode deixar, na próxima você paga." Pretendemos com este livro mostrar diversas técnicas de serrotagem e também um pouco do cotidia-no e da origem desta prática. Falaremos, portanto, do Congresso Mundial de Serrotagem, que reúne serrotes consagrados, como o italiano Giuseppe Serrottini, o escocês James McSerrott III e o chileno Gonçalo Serrotierrez. Explicaremos técnicas como a do gás, utilizada quando o botijão está no fim; a da leitura do jornal do vizinho; a do telefone celular, que o serrote pede emprestado a alguém porque "seu cartão estava vazio e ele não sabia." Daremos dicas também, como a da leitura de almanaques e horóscopos, para puxar assunto, e a do gestual, utilizada para expressar decepção quando, por exem-plo, o sujeito para quem o serrote pediu para trocar um cheque não apareceu na hora de pagar a con-ta.
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Falaremos, também, de Dom Serrote de la Plata, o único Grande Mestre do Serrotismo, que vive numa montanha da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro e possui uma técnica tão desenvolvida que precisa viver isolado da sociedade. Muitas pessoas chegam a ficar sem as roupas quando vão à sua casa, e ele mesmo já teve problemas de vista quando serrotou o colírio de uma vítima. Mas o objetivo principal deste manual, encomendado pela Associação dos Serrotes Anônimos (Asa), é o de acabar com a confusão entre as definições e as figuras do serrote e do malandro. O adepto da malan-dragem é alguém que pensa apenas em tirar vantagem, enquanto o serrotismo é muito mais do que is-so, é uma arte, uma prática de convívio social. Tanto é assim que o autêntico serrote é uma figura queri-da e muitas vezes desempenha uma função social. Já houve casos de pessoas solitárias, amarguradas com a vida, que encontraram na figura do serrote sua única companhia. Uma recomendação: este livro não deve ser serrotado, em obediência à máxima: "Otário é quem em-presta, mais otário é quem devolve."
SERROTE DE LEITURA
Três coisas o serrote não compra: relógio, isqueiro (no caso dos fumantes)
e jornal. Os dois primeiros itens são indispensáveis para puxar assunto
com a vítima e o último é para se manter bem informado, condição impor-
tante para a prática da serrotagem.
Sentado ao lado da vítima num meio de transporte, ou em qualquer ou-
tro recinto, o serrote aguarda a abertura do jornal ou revista. É preciso
estar com o exame de vista em dia, pois muitas vezes as condições de ob-
servação não são ideais (luz fraca, vento, jornal ou revista num ângulo desfavorável para a leitura).
Aberto o objeto de interesse, que também pode ser um livro, folheto, ou qualquer coisa que valha a
pena ser serrotada, o serrote, discretamente e com o canto dos olhos, observa se a vítima está atenta
à leitura. Se estiver, o serrote pode começar imediatamente sua atividade, mas sempre mantendo o
corpo num nível alguns centímetros para trás em relação ao corpo da vítima, para que ela não perce-
ba estar sendo serrotada.
Por algum motivo ainda não identificado, vítimas do serrotismo por leitura costumam se tornar
bastante agressivas quando percebem o que está acontecendo. Houve inclusive o caso, famoso nos
compêndios de serrotagem, de uma vítima que percebeu estar sendo serrotada num ônibus e escre-
veu em letras bem grandes numa folha colocada entre duas páginas de um jornal que estava lendo:
“VAI LER O C...”
Situações como esta devem sempre ser evitadas, daí o cuidado que o serrote deve ter em sempre
seguir os procedimentos recomendados. Nas viagens longas durante a manhã, de trem ou de ônibus,
o serrote não precisa se preocupar, pois é quase certo que ele vai encontrar um exemplar inteiro de
um jornal no canto de um banco.
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DOM SERROTE
Vive nas montanhas de um bairro da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro aquele
que é considerado o maior serrote do mundo: Dom Serrote de la Plata. Foi o único a ter
recebido o título de Grande Mestre, que lhe foi conferido num dos últimos congressos
dos quais participou. Também é conhecido como "Vovô Serrote" e sua figura desperta
fascínio em serrotistas do mundo inteiro, tanto profissionais quanto amadores.
Infelizmente, Dom Serrote precisa viver isolado, pois sua habilidade, além de vasta, é incontrolável.
Acontecia que muitas pessoas iam visitá-lo e saíam literalmente sem roupa, pois Dom Serrote fazia
seu trabalho de forma quase inconsciente, incontrolável, como foi dito.
Houve o caso de um senhor que saiu da visita sem dentadura e outro que estava disposto a ir ao hos-
pital para retirar uma prótese do joelho e entregá-la a Dom Serrote, mas foi convencido a desistir.
Uma mulher saiu também disposta a raspar seus belos e longos cabelos e vendê-los a Dom Serrote,
mas também foi dissuadida e desistiu. O isolamento do Vovô Serrote, que foi determinado pela Con-
federação Nacional de Serrotagem, também teve como objetivo resguardar a própria saúde do Grande
Mestre, pois uma vez ele quase ficou cego quando viu uma pessoa usando colírio e serrotou algumas
gotas. Felizmente, não houve maiores complicações para seus olhos.
De qualquer maneira, mesmo com o isolamento, todo ano, um pouco antes do Congresso, um serrote
altamente experimentado grava um depoimento de Dom Serrote para ser exibido no encerramento
do Congresso. Geralmente, causa grande emoção.
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RECEITAS PORTUGUESAS
http://www.gastronomias.com/
Papos-de-anjo de Mirandela Ingredientes: • 500 g de açúcar ; • 3 ou 4 colheres de sopa de doce de fruta ; • 8 ovos, mais 7 gemas ; • 1 colher de chá de canela ; açúcar para polvilhar Confecção: Na preparação para estes papos-de-anjo pode ser utilizado qualquer doce de fruta (incluindo de abóbora), com excepção dos doces de maça, marmelada ou qualquer geleia. Leva-se o açúcar ao lume com um copo de água (cerca de 2 dl) e deixa-se ferver até se obter ponto de espadana (117º C). Adiciona-se o doce escolhido e deixa-se ferver novamente até se obter o mesmo ponto. Retira-se então o doce do lu-me e depois de se ter deixado arrefecer um pouco adicionam-se os ovos, que foram previamente muito bem batidos com as gemas. Junta-se ainda a canela. Distribui-se o preparado obtido por forminhas de queques muito bem untadas com manteiga e levam-se a cozer em forno moderadamente quente (cerca de 200º C). Desenformam-se e polvilham-se com açúcar.
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ADOTE UM PATUTO FLORIPA
Florainópolis - SC
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LUIZ GARRIDO
FOTOGRAFIAS
Em 1968, o carioca Luiz Garrido foi para Paris, onde iniciou sua carreira como repórter fotográfico na sucursal da revista Manchete. Lá estudou fotografia na Faculdade de Vincen-nes e na École Nationale de Photographie Française. Foi ainda durante o perí-odo parisiense que o fotógrafo começou a se interessar por retratos, tendo clicado várias personalidades internacionais como: John Lennon, Alfred Hi-tchcock, Gina Lollobrigida, Alain Delon, entre outros. De volta ao Rio, em 1971, dedicou-se a fotografia de moda e publicidade, tendo sido colaborador assíduo de revistas como: Vogue (Brasil e França), Interview, Cláudia Moda, Moda Brasil, Elle (Brasil, França e Itália), Playboy, Big (EUA) e G.Q. (Inglaterra).
Fernando Torres
Tom Jobim
LIVRO: RETRATOS - TÉCNICA, COMPOSIÇÃO E
DIREÇÃO
Luiz Garrido, um dos maiores especialistas em retratos do Brasil, apre-senta neste livro seus segredos, técnicas e truques para fazer retratos de personagens e de beleza, conhecimento desenvolvido após anos de tra-balho para revistas como Vogue, Elle, Playboy, entre outras. Aprenda como iluminar bem a cena e extrair em cada retrato a alma de cada per-sonagem. O autor conta como fez os retratos de 24 personalidades famo-sas do país, como Tom Jobim, Pedro Bial, Faustão, Oscar Niemeyer, Lu-la e Jô Soares. Garrido também mostra como fotografar retratos de bele-za para, por exemplo, capas de revista e editoriais. Tudo ilustrado com os esquemas de luz, ficha técnica de captura e equipamentos usados pa-ra produzir cada retrato.
Isadora Ribeiro
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Comum-de-dois
Por Amilton Maciel Monteiro
O que separa o antes do depois
É uma linha tão tênue e tão delgada,
Que em verdade ela não separa nada,
Tal qual o que ocorre ao menos a nós dois!
Homem e mulher nós somos, minha amada,
E tão unidos, tão colados, pois
Que já nos chamam até “comum-de-dois”,
Galhofa para a qual damos risada!
Não sei por que é que Deus nos faz assim:
Eu grudado em você, e você em mim,
Como o hoje se gruda ao amanhã!
O Pai do Céu, talvez, agrade a gente
Pra que tenhamos vida mais cristã
E o nosso amor perdure eternamente!
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Mulheres de Sempre
Por Anna Ribeiro
Mulheres de Ontem Mulheres de Hoje
Entre poemas e flores, Seu nome é Mulher
Mulher, mulher, Mulher criação
Mulher dos Anjos Mulher dos Diabos
Mulher ousada Mulher Danada Mulher Amada
Mulher audaciosa Mulher desiludida
Mulher Paixão Mulher da Vida
... SANTA MULHER ! Da vida que fere, que ao mesmo tempo prazeres dá.
MULHERES que tem nelas vida de muitas MULHERES.
BENDITAS MULHERES!
Marias
Tela de Anna Ribeiro
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Paula Barrozo Achei esse poema Maravilhoooooso, romântico e de grande sabedoria !!!!! Nos faz refletir e ver como é Linda a Vida e como é Bom Vi-ver !!!! Basta olhar com os olhos do coração e ouvir com os ouvidos da alma !!!!
LINDA NOITE
Não vale a pena mergulhar nos sonhos e se esquecer de viver.
Viva, sonhe, sorria, supere-se, brilhe e ame. Viva intensamente a aurora de cada dia.
Faça de cada momento um devaneio contínuo. Torne-se mais e mais forte.
Sonhe... E conquiste seus sonhos. Acorde a cada amanhecer
com a certeza de que tudo poderá acontecer. Sorria...
E consiga todos os bens que o sorriso pode lhe dar. Pois sempre que você sorrir uma estrela há de brilhar.
Supere-se... Seja melhor do que você já é.
Conquiste superioridade a cada dia. Faça tudo o que você quiser.
Brilhe... E seja brilhante até nos passos em falso que a vida dá.
Tente, tente até conseguir o que quer. Brilhe o máximo que você puder.
Ame... “É impossível ser feliz sozinho!“
UMA ÓTIMA NOITE...
(autor desconhecido “por mim”)
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NEM TUDO QUE É O QUE PARECE
Por Maria Goreti de Oliveira Ulbricht
Eram dezoito horas e quinze minutos mais ou menos, de um lindo dia de sol e calor, quando Luiz, chegou em casa desesperado. Sua fisionomia estava mais carregada do que de costume, nas mãos trazia o pão e o leite, e num ritmo apressado chegou até a cozinha reclamando: Não! Não! Sou um cara azarado mesmo! Tudo acontece comigo! Puxa vida! Eu estava na fila da padaria, lá no supermercado Fazendão, conversando com uns amigos, que também espe-ravam pela fornada de pão quentinho, quando começou um zumbido no meu ouvido. E não para! Nossa, eu vim dirigindo com este zumbindo, não é fácil não! Fica difícil prestar aten-ção, ou se concentrar em alguma coisa, com esse barulho, invadindo a minha cabeça. Coisa de doido! O Hugo tinha razão! Ele contava que tinha um zumbido no ouvido, que quase o deixava doido... é não é fácil, não! Esse zumbido deixa qualquer um doido!
Eu queria interrompê-lo, mas ele desorientado, quase não me dava oportunidade, falava, fa-lava... E eu queria dizer à ele, que eu também estava ouvindo o mesmo que ele, desde a hora que ele apareceu ali na cozinha. Quando ele me deu uma brechinha, me atrevi a dizer: Cal-ma! Calma, Luiz! O zumbido está contigo...
Mas, é claro que está comigo! Estás surda? Ou não estás querendo entender o que estou te contando?
Não! Não! Eu, também estou ouvindo este zumbido. Ele está vindo de ti. Me aproximei dele, querendo ver se o barulho estava saindo do alarme do carro, já que era um barulho diferente, nada que eu tivesse escutado antes. Parecia um som eletrônico...
Nisso, ele indignado, detesta ser contrariado, afastou-se da cozinha para fechar a porta da sala, que havia deixado aberta quando entrou, pois estava com as mãos ocupadas. Foi quan-do então gritei!
Volta Luiz! Volta! O som foi junto contigo, por tanto deve ser mesmo um ruído vindo do alar-me do carro...
Ele voltou repetindo, é claro que o som está comigo! Estou ouvindo, desde do supermercado, até agora. Só pode estar comigo, está no meu ouvido, estou quase ficando louco, louco! Não sei, como alguém pode conviver com este zumbido no ouvido. Vou te dizer uma coisa Goreti, se eu não ficar bom desse zumbido, eu juro que dou um tiro na minha cabeça... ah! Dou! Viver com esse zumbido eu não vou conseguir não.
Fui chegando perto e me abaixando um pouco, para ficar com meus ouvidos na altura da cin-tura dele, onde havia pendurado o chaveiro com as chaves e o alarme do carro. Só assim, eu poderia me certificar se era dali que estava sendo emitido àquele som. Mas, para minha sur-presa, o zumbido não era do alarme do carro.
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Ao passar com a cabeça perto do braço dele, notei que o zumbido partia do relógio de pulso dele. Um relógio grande, preto, com a pulseira emborrachada, caro, próprio para mergulho de grande profundidade, que ele havia comprado, há muitos anos, só para ser usado quando fos-se andar de barco ou lancha.
É daqui! É do teu relógio! É do relógio, que está vindo este som... um som fininho e ensurde-cedor.
Luiz, incrédulo, passa a mão e apressadamente arranca o relógio do pulso. Leva o até a orelha esquerda para se certificar, se é mesmo dele, que saí o tal ruído.
E era!
Pegou uma caixinha de ferramenta e retirou apressadamente a bateria do relógio. E como num passe de mágica, tudo serenou, o barulho cessou, e nós caímos na gargalhada.
Era a própria comédia da vida privada!
Tudo não passou de um relógio, que resolveu despertar para avisar ao seu dono, que ele esta-va à mais de 6 mil metros de profundidade no fundo do mar.
E cá pra nós, ainda bem que não fui eu que comprei o relógio, se não a culpa “do mico”, como sempre, seria minha.
Ufa! Que alívio!
Por pouco ele não ficou doido, ou pelo menos mais doido do que já é. Ai! Ai!
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Harmonia
Por Carlos D
Falei com as estrelas que gostam de dançar
de realçar a beleza do universo a brilhar
Sempre que o fico a olhar
meu espirito me lança um desafio de encantar me propõe uma dança
Dançar com o universo por entre as estrelas
pelo vácuo me dispersar acompanhando os planetas
Esta musica afinal
é o universo a cantar a harmonia sem igual
do sentir, do amar
Para o universo sentir temos que saber meditar
a natureza conseguir ouvir o nosso eu querer amar
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Palpite
Por Cristiane Stancovik
Ah se eu soubesse Se eu tivesse Se eu falasse
Agisse Pudesse
Merecesse Tudo...
Tudo bem! Eu, não...
Não viveria tão... Assim, tão emocionante
Vida incerta Certeza que não!
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SAUDADE
Por Dé Barrense
ME DIGA
COMO TIRAR SAUDADE
SAUDADE
NÃO TIRA NÃO!
A SAUDADE FICA
GUARDADA NUM CANTO
DO NOSSO CORAÇÃO
QUEM FOI EMBORA
E NÃO VOLTOU
QUEM FICOU, NÃO ESQUECEU NÃO!
A DOR DE UMA SAUDADE
É COMPARADA A SECA NO SERTÃO
OS OLHOS FICAM
SEM BRILHO IGUALZINHO
UMA NOITE SEM LUAR
E MESMO COM AS ESTRELAS
FICA DIFICIL DE ENXERGAR,
E QUANDO ESTOU
NO MEU RANCHO
E COMEÇO A PENSAR
AS LÁGRIMAS ROLAM
NO MEU ROSTO MEU AMIGO!
É A SAUDADE DELA
QUE NÃO CONSIGO APAGAR
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ROMARIA (NO TERRITÓRIO DOS AFETOS)
(Carta para Lucas, Clarice, Célia, Maurício e Américo) Uma missiva sentimental demais Por Emanuel Medeiros Vieira
“Só uma palavra me devora: aquela que o meu coração não
diz”. (Suely Costa) Não reparem: é romaria interior, fragmentada carta não postada, pobre prosa poética, tosco hino de amor, sentimental demais, ouvindo Elis Regina (ela também nasceu em 1945) e Renato Teixeira. Peço que toquem “Romaria” no dia da minha partida – hora de descer aos sete palmos. (Queria também outras duas músicas, mas não é de bom dar muito trabalho nessa hora.) Se algo ficar na retina de vocês, será na riqueza de al-guma recordação, somos criaturas da memória, finitos continuamos sendo, um dia, estaremos unidos numa coisa só: pó, estrume, rio, mar, fundidos nesse cosmos. Nessa carta, eu queria informar – quando eu for embora, se quiserem me “ver”, indico três locais: A servidão que leva à casa azul e branca da Lagoinha (havia um pé de pitanga), na minha mítica Desterro (não a cidade desfigurada de hoje), a Ilha em que nasci. O segundo local: o Parque da Cidade, ou na entrada da SQS 114, em Brasília – no pilotis do meu bloco, onde peguei o Lucas no colo, ele só tinha poucos meses de vida, eu saía do hospital, mas a infecção ainda estava no meu corpo, vieram recidivas, mas isso agora não importa, a grama estava seca, comecei a chorar, e fui tomar um cafezinho com rosquinha na padaria, pois
havia “sobrevivido” contra a previsão dos médicos (haviam me dado só dois dias de vida), já tendo recebi-do a unção dos enfermos por três vezes. O tom parece piegas? É. Me perdoem. Estava escutando também “Jesus Alegria dos Ho-mens”, de Bach, e “Yesterday”. São as três músicas que, afetivamente, mais me tocam nesse dia de hoje, no mês em que, se me for permitido, completarei 66 anos. Hoje, no primeiro dia do mês de março de 2011, não consigo escrever de outra forma. Há muito gestava o texto. Já fizera vários rascunhos. A morte? Passagem. O tempo – que antes me atormentava – está mais sere-nado no meu coração. Ele – segundo o meu saudoso amigo Caio Fernando Abreu –, é um orixá que não incorpora porque humano algum suportaria o seu peso. Insisto (antes de dar os trâmites por findos), olhando bem, você me enxergarão “além de mim”. O terceiro lugar no qual vocês me “verão”, será aqui em Salvador, na Praça Castro Alves, um local maravilhoso, onde amo contemplar a Baía-de-Todos-os Santos. Se Ele Existir, foi um dos locais em que cheguei muito perto Dele. E agora anoitece. A raiz do meu amor por vocês é irrevogável – vai comigo à eternidade. Nos três locais, vocês me verão, sim, me enxergarão além do esquecimento, além desta breve passagem, além de mim, além da vida, além do pó do que serei. Sim, me verão – estrela, semente, ou bússola em busca de um oceano maior. (E ensinem para os seus filhos: é nosso dever reconhe-cer o mérito de quem cumpre a vida.) (Salvador, fevereiro e março de 2011)
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SUÍÇA
Fonte: http://www.eda.admin.ch/
Cultura e Tradição
Você conhece a catedral de Berna, o castelo de
Chillon em Montreux, a catedral de Notre Da-
me de Lausanne, os castelos de Bellinzona, os
escritórios da ONU em Genebra ou a catedral
de Zurique?
Sabía, que música suíça não só é o famoso
cantar a tirolesa (“jodeln”), tocar o Alphorn
ou Acordeom e que o filme do Suíço Xavier
Koller „
“Reise der Hoffnung” ganhou um Oscar em
1991?
Que tal o Carnaval de Basiléia, a Escalade de
Genebra, o Sechseläuten de Zurique ou o Zi-
belemärit em Berna?
Já ouviu falar de Le Corbusier, Mario Botta,
do ousado projeto do estádio olímpico “Ninho
de Pássaro”, em Beijing, que é da autoria dos
arquitetos suíços Herzog & de Meuron, res-
ponsáveis também pelo projeto do novo cen-
tro de dança em São Paulo? E lhe diz alguma
coisa os nomes Pipilotti Rist, Albert Anker,
Alberto Giacometti, Jean Tinguely, Max Bill,
Max Frisch, Friedrich Dürrenmatt ou Robert
Walser?
Todos estes exemplos nas áreas de arqui-
tetura, arte, literatura, filme, música, tradi-
ções e festas são apenas uma pequena amos-
tra de toda variedade e do charme da cultura
suíça. Ela é influenciada pelas diferentes regi-
ões geográficas (as montanhas do Jura no
norte, a planície central da Suíça (o chamado
Mittelland) e os Alpes no sul), pelo plurilin-
guismo, e pelo contato com a cultura dos paí-
ses vizinhos (Alemanha, França, Itália, Áus-
tria e o Principado de Liechtenstein).
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Mardi 19 juillet 2011 OUVERTURE DES PORTES À 16:30
• ROCK/POP/ELECTRO Jack Johnson
The National
Patrice & The Supowers
Bloody Beetroots Death Crew 77
Tame Impala
Pulled Apart By Horses
Concrete Knives
Oy
Pierre Omer
Dans La Tente
• CHANSON Cali
Katerine
Zaz
Florent Marchet
• VILDU MONDE Calypso Rose
Choc Quib Town
Bomba Estéreo
Mercredi 20 juillet 2011 OUVERTURE DES PORTES À 16:30
• ROCK/POP/ELECTRO The Chemical Brothers
Portishead
AaRON
Beirut
Angus & Julia Stone
Beak>
Bonobo (live)
June & Lula
Anika
Nasser
Oh! Tiger Mountain
Beataucue
Yokonoe
Überreel
• VILLAGE DU MONDE Admiral T
Systema Solar
Jeudi 21 juillet 2011 OUVERTURE DES PORTES À 16:30
• ROCK/POP/ELECTRO The Strokes
PJ Harvey
Jean-Louis Aubert
The Dø
Congotronics vs Rockers
Anna Calvi
Mama Rosin & Hipbone Slim
Avi Buffalo
King Charles
• GROOVE/HIP HOP/REGGAE Tarrus Riley
Queen Ifrica & Tony Rebel
Kara Sylla Ka
Mosquito
Professor Wouassa
• VILLAGE DU MONDE Afrocubism
Raul Paz
Los De Abajo
http://yeah.paleo.ch
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http://yeah.paleo.ch
Vendredi 22 juillet 2011 OUVERTURE DES PORTES À 16:30
• ROCK/POP/ELECTRO James Blunt
Les Cowboys Fringants
Stromae
Shaka Ponk
Round Table Knights
Fiona Daniel
We Love Machines
La Fanfare En Pétard
• GROOVE/HIP HOP/REGGAE Soprano
Danakil
Pigeon John
Solillaquists of Sound
Binary Audio Misfits
Trip In
• VILLAGE DU MONDE Los Van Van
Calle 13
Aurelio
The Creole Choir of Cuba
Samedi 23 juillet 2011 OUVERTURE DES PORTES À 15:30
• ROCK/POP/ELECTRO Surprise guest star
Robert Plant & The Band of Joy
Metronomy
Moriarty
Noisettes
William White
The BellRays
Selah Sue
The Bewitched Hands
Irma
Madjo
Ventura
Captain Moustache & Fredo Igna-zio
Welington Irish Black Warrior
Great Black Waters
• VILLAGE DU MONDE Chucho Valdés
Renegades Steel Orchestra
Joaquin Diaz
Dimanche 24 juillet 2011 OUVERTURE DES PORTES À 15:30
• ROCK/POP/ELECTRO Yael Naïm
Cocoon
Lilly Wood & The Prick
Missill DJ Set
The Hillbilly Moon Explosion
Sheila She Loves You
The National Fanfare of Kade-bostany
• CHANSON Eddy Mitchell
Camélia Jordana
Karimouche
Aliose
Mr Dame
• VILLAGE DU MONDE Boukman Eksperyans
Yumuri y Sus Hermanos
Joaquin Diaz
Varal do Brasil - Maio de 2011
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Por Madhu Maretiore
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CARNAVAL DA SEGREGAÇÃO
(E curta reflexão sobre a instala-ção de usinas nucleares) EMANUEL MEDEIROS VIEIRA O carnaval, pelo menos na Bahia, virou a celebra-ção do “apartheid” e da segregação. Os cantores famosos que já ganham rios de dinhei-ros, ganharam mais. Como observou Emiliano José, são vários os “apartheids” da organização do carnaval em Salva-dor nos últimos anos. Os “cordeiros” (as pessoas que seguram as cordas dos blocos, onde entram quem pode pagar os aba-dás) são submetidos a um regime de trabalho se-miescravo – são “negros convertidos em guardiãs dos brancos bem nascidos, protegidos por cordas”. São obrigados a sustentar as cordas, afastando a multidão a que eles mesmo pertencem. Resumindo: de um lado, a multidão de fora das cordas. De outro, os que pagam proteção e brincam no in-terior das mesmas. Reconheça-se o esforço do Ministério Público para diminuir a exploração. Mas a segregação não desaparece. Como observou o jornalista citado, “há turistas que chegam aos hotéis, embarcam nos ônibus, descem protegidos por seguranças, entram nas cordas, e dali voltam para suas camas, sem sequer interagir com Salvador, com a complexidade da cidade.” Com esse tipo de privatização do espaço que deve-ria ser de todos, com privilégio para tais blocos, o chamado folião “pipoca” é marginalizado. Os camarotes representam outro tipo de “apartheid”. Uma plateia da dita elite vê o trio elétrico passar, e paga alto para fruir o espetáculo. Muitos que participavam de blocos de rua e com-batiam a ditadura, agora estão nos camarotes. Preferem terceirizar responsabilidades (ABANDONANDO OS APOSENTADOS E O FUN-CIONALISMO PÚBLICO COM SEUS SALÁRIOS DE FOME), e culpar Obama por tudo o que de ruim acontece. Quem conhece um pouco de Freud, sabe que tal postura poderia ser qualificada de “mecanismo compensatório”, álibi ou truque mental para não assumir as próprias responsabilidades.
Não é má vontade. É só ler os jornais. Os que fo-ram eleitos para combater a funesta herança carlis-ta, hoje estão aliados a muitos remanescentes da ditadura. Mas conheço antecipadamente a reação de vários petistas e simpatizantes camuflados ou envergo-nhados: culparão o mensageiro (o autor destas li-nhas) e não a mensagem (o modelo de governo). É como culpar o termômetro pela febre. Oferecem circo (o pão é pouco...), e o governador dito “progressista” quer a todo custo instalar uma usina nuclear na Bahia, mesmo com o “apocalipse” japonês. O carnaval virou também virou espetáculo televisi-vo. Alpinistas sociais e atores de segunda, querem a todo custo aparecer. Mesmo cantores conhecidos, não criticam tais jo-gadas. Ficam quietos para ganhar mais dinheiro. Afastaram-se da Bahia real. Repetem os estereótipos para turistas, e negam as raízes. Não querem misturas. Esquecem-se que Salvador é uma cidade de maio-ria negra. Nos camarotes, “os palácios se reproduzem em am-bientes cinematográficos, devidamente aromatiza-dos, a depender do gosto do freguês, o ar condicio-nado evitando ou minimizando o suor.” Que um dia, no carnaval da Bahia, as cordas sejam abolidas e as praças e as ruas sejam do povo. E que voltem os verdadeiros blocos de rua* *O governador da Bahia, Jacques Wagner, se lesse as minhas linhas, provavelmente, logo as desquali-ficaria. Ele chamou de besteirol um belo texto do baiano João Ubaldo Ribeiro, contra a ponte Salvador-Itaparica. Governador: desista da instalação de uma usina nuclear na Bahia! Infelizmente, vários amigos (que, no seu íntimo sabem que eu tenho razão) não vão me apoiar. Di-rão que é “jogo da direita”. Como se usina nuclear fosse algo bom para o socia-lismo e a esquerda! Como escreveu Jânio de Freitas, “só mesmo a irra-cionalidade dos racionais para continuar espalhan-do usinas nucleares em seus países. O Brasil, é cla-ro, vai para Angra3 e planeja mais”. (Salvador, março de 2011)
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RECEITAS PORTUGUESAS
http://www.gastronomias.com/
Bacalhau à Lagareiro Ingredientes: Para 6 pessoas • 4 postas de bacalhau grosso (600 g aprox.) • 2 dl de azeite • 4 dentes de alho • sal • pimenta • 1 limão • 2 ovos • pão ralado • 2 colheres de sopa de manteiga ou de margarina 4 dl de azeite Confecção: Corta-se o bacalhau em quadrados grandes e põe-se de molho durante 24 horas, mudan-do a água duas ou três vezes. Uma ou duas horas antes de se cozinhar, escorre-se o bacalhau, cobre-se com leite e tem-pera-se com os dentes de alho cortados às rodelas, sal, pimenta e sumo de limão. Em seguida escorrem-se e passam-se os filetes de bacalhau pelos ovos batidos e por pão ralado e dispõem-se numa frigideira de barro. Sobre cada filete coloca-se uma nozinha de manteiga ou de margarina. Deita-se o azeite na frigideira (não deve cobrir o bacalhau) juntamente com duas colheres de sopa do leite que serviu para temperar o bacalhau. Leva-se a assar no forno regando de vez em quando com o molho. O bacalhau deve ficar muito louro. Come-se bem quente com batatas cozidas. À parte serve-se uma boa salada.
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ANDRÉ MADI
André Madi lança Os Olhos Mu-sicais
O artista revela seu jeito peculiar neste CD que homenageia a MPB
Com mais de 200 composições de sua auto-ria, André Madi está empenhado no lança-mento da segunda edição do CD Os Olhos Musicais, que conta com duas composições do primo Tito Madi, canções autorais e par-cerias, com participações de Arthur Maia (baixo e produção), Carlos Bala (bateria), Ki-ko Continentino (piano elétrico), da cantora e compositora Kay Lyra e do próprio Tito.
A obra já recebeu elogios de artistas consa-grados como Djavan, Chico Pinheiro, maes-tro Eduardo Souto Neto, entre outros. Em agosto de 2008, fez o show de lançamento no SESC Santana (SP), ao lado de Marcelo Mariano (baixo), Adriano Trindade (bateria), com participações das artistas Kay Lyra, Kei-la Abeid e Fernanda Fróes, com quem assina a parceria “Vila Madalena”, elogiada pelo crí-tico e escritor Nelson Motta.
Este cantor, compositor e instrumentista de São José do Rio Preto desenvolveu um estilo particular em sua obra, o que lhe rendeu os prêmios de melhor música e melhor arranjo (com “Samba Partido”), no Festival Nacional de Música de São José do Rio Preto, em 2005, conquistando o segundo lugar na clas-sificação geral e a premiação de seu arranjo.
Atualmente, o artista faz parte do cenário musical independente. Durante uma tempo-rada no Rio de Janeiro, acompanhou como violonista a cantora e compositora Kay Lyra, em shows que tiveram participações especi-ais de Carlos Lyra, Cláudio Lyra e Tito Madi. Duas de suas parcerias com Kay Lyra foram gravadas no CD Kandagawa, trabalho inde-pendente produzido por Maurício Maestro,
músico e arranjador do grupo vocal Boca Li-vre.
Em 2009, gravou ao lado do renomado pia-nista Paulo Calasans um DVD em formato intimista e mais jazzístico do CD, no SESC Pinheiros, em São Paulo, no contexto do show “Onde Estão Eles”, uma homenagem aos cantores do Brasil. Neste show, canções de Lulu Santos, Djavan, João Bosco, entre parcerias e canções autorais.
André começou a estudar violão aos 11 anos no Conservatório Carlos Gomes de sua cida-de natal, São José do Rio Preto. Trazendo na bagagem influências do samba, jazz, bossa nova e rock'n roll, André Madi teve a oportu-nidade de dividir o palco ainda com o violo-nista e compositor Chiquito Braga, Arthur Maia (um de seus grandes parceiros), Maurí-cio Maestro, Glauton Campello, Margareth Menezes, Izzy Gordon, Gabriel Moura, entre outros nomes. Entre seus parceiros, desta-cam-se ainda a artista portuguesa Catarina dos Santos, Beatriz Azevedo, a poeta e escri-tora portuguesa Kátia Drummond, João Via-na, Cláudio Lyra e Simone Guimarães.
http://www.myspace.com/andremadi
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JARDINS
Por Fábio Renato Villela
O verso caído de um amor ressequido, segue a folha de Outono na trilha do abandono.
Uma lágrima caída
fertiliza a dor sofrida, pois amores acabados são jardins violados.
Suspira-se o fim dos delírios a chegada de velhos martírios e a falta do canteiro de lírios.
Agora,
após a nossa Aurora, nuvens apagam o Sol
e só resta tua ausência no lençol.
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O Reencontro
Por Fátima Diógenes
Aproxima-se o encontro... Estranhamente ela se recolhe à fase de ser só sua, como versa Cecília Meireles em seu poema Lua Adversa... E não sente vontade de falar com ele antes da data marcada... Talvez para não macular este momento apenas seu em que se prepara...Para ele e para si...Escolhe roupas, calçados, peças intimas...Nada lhe parece suficientemente bonito... Diante do grande espelho que tem em seu quarto depara-se com sua insegurança...Sente-se tão comum...Palmilha as coxas, as nádegas, a barriga e os seios...Ah!, Por que não frequentei pelo menos a metade das aulas pagas na academia de ginástica?...Pensa irritada... Sempre tão sem tempo!... Toca seu rosto vasculhando as ru-gas de expressão dos anos bem vividos... Ainda bem que usei pelo menos o creme noturno durante os últimos tempos, diz aliviada...Olha pras velas coloridas, pro incenso, óleo de massagem, chocolates e outras coisas que comprou sem saber direito se vai ter coragem de usá-las com ele...Com uma timidez adolescente se pergunta se ele achará tudo aquilo uma grande bobagem...Há anos que não se encontram!...Percebe então que esta falta de intimidade a assusta mais que tudo... Mais que as rugas, estrias ou qualquer outra coisa... Eram tão jovens e já viveram tantas coisas entre aquele último encontro e o que se aproxi-ma!...Senta-se na cama onde todas aquelas coisas estão à espera de serem colocadas na mala e não sabe o que fazer...Desistir?...Não, não fará isto consigo nem com ele... Ir?...Não parece querer fazer outra escolha... Seu coração se descompassa...Fecha os olhos e respira profundamente (para momentos assim as aulas de Yoga são de grande valia)...Diz para si mesma que tudo será como tiver que ser... Aos poucos começa a organizar a mala colocan-do dentro dela todo o seu desejo de viver o melhor nos dias que estão por vir.
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ÚLTIMA VEZ
Por Fátima Venutti
O corpo cru e exposto.
O desejo mergulhei
Na salmoura da minha ira:
Teus nãos à minha entrega,
Querer vestido de enganos.
Coxas em lâmina.
Leque sobre teu vértice.
Desejo em sinfonia. Salaz.
Dedos profanos singrando
Minhas mulheres, em procissão.
Profecia do passado.
Orgia de línguas secas,
Em bocas serradas.
Nãos-inversos em quase verdades;
Nãos-poderes.
Nãos em hálitos umedecidos.
Teu. Meu querer.
Verdades incompletas sublinhadas.
Subliminares nas roupas vazias
Perfiladas pelo chão.
Foi quase.
Quase domei teus medos
Aurora de dúvidas
Mal dormidas em teus porquês.
Sépia, vomitei a noite no bidê
Naufraguei meus eus
Entupi um único mundo de vazio.
Miro o corpo: exposto e cru.
A alma tingida de preto
Declara a morte súbita dos sentimentos.
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TEMPESTADE
O mais novo livro de Fátima Venutti
Sinopse: O projeto Tempestade , desenvol-vido há mais de dois anos, veio fortalecer a idios-sincrasia da poeta frente aos recentes aconteci-mentos geográficos ocorridos no Vale do Itajaí e no mundo, desde novembro/2008. O discurso da poesia vem trazer à tona o verdadeiro sentido de responsabilidade do Homem em seu meio (medos, intempéries, revoltas e mesmo distúrbios de perso-nalidade misturados a sentimentos de desencon-tros culturais, sociais e morais) e de como suas ações são refletidas no espaço em que vive ao lon-go do tempo. Através da poética, Fátima Venutti intenciona registrar, difundir e discutir os parâmetros sociais, culturais e morais, além de propor a discussão da responsabilidade do Ho-mem na conservação e manutenção de seu espaço social, além de instigar outros "gritos" de almas de poetas adormecidos e esquecidos no leitor.
(... ) " Para dar forma ao tema, o pro-jeto gráfico se utilizou dos conceitos polares
yin-yang da filosofia chinesa, além de ilustrações simples cujo traço imaturo e espiralado remete o leitor à ingenuidade da infância. Segundo a sua criadora, ''a escolha pela dualidade, assim como pelo estilo minimalista, tem por finalidade ressal-tar os contrastes tratados no livro (nascimento/morte, infância/velhice, sofrimento/prazer), transpostos pela visão da realidade fluída e em constante transformação observada pela autora''.(...)
PREFÁCIO : Celestino Sachet - Escritor, membro da Academia Catarinense de Letras e Mestre em Literatura Brasileira
(...) " O vento sopra em todas as direções e por isso o vento-verso de Fátima Venutti é ver-so, é estrofe, é poema com múltiplas formas estru-turais que é pra mexer na tempestade-água da Natureza e torná-la brisa-sonora da Arte Poéti-ca!"(...)
POSFÁCIO: Rubens da Cunha - Poeta e Cro-nista ( Jornal A Notícia )- Mestre em Literatura
Brasileira pela UFSC
(...) " Tempestade. Tempo. Potestade. Força quimérica da poesia. Palavra alçada entre raios e trovões e ventos. Ventos-lobos uivando poemas. Espetáculo, speculum. Poeta e poiesis amalgamados. Eis aqui uma poeta que "de unhas cravadas, / extirpou barbas e espremeu / um a um, cada verme recolhido. / e fez-se um rio de sangue em sua face." Eis aqui uma poesia mace-rada pela linguagem firme, quase antiga, passio-nal, linguagem carne-rasgada que se impõe em violência e delicadeza . "(...)
ORELHA: Rosane Magaly Martins - Advoga-da, Poeta, Escritora, membro da Academia Catari-nense de Letras e Artes - ACLA
"O céu me ameaça e antecipa a noite que terei agora, em pleno dia. Meus me-dos arrepiam a pele e tento acalmá-los com incenso de Palma abençoada no Domingo de Ramos. Coloco toalhas so-bre os espelhos, pois é perigoso olhar para eles em dias assim. É nesse cená-rio que leio "TEMPESTADE", mais re-cente livro de poema escrito por Fátima Venutti. Entre páginas sou arrebatada, me encontro e me amedronto com sua rapidez, acidez e avidez de cada raio e trovão poéticos que integram a obra." (...)
TEMPESTADE: à venda na Livraria Catari-nense / Curitiba (toda a rede) acesse: http://www.livrariascuritiba.com.br/tempestadeautcatarinen-se,product,LV281660,3393.aspx
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PROMOTORES DA DESGRAÇA
Por Gilberto Nogueira de Oliveira
O torturador insano,
Provoca a dor,
Sorri friamente
Para a vítima indefesa.
Tem seu nome protegido.
Então começa a cumprir
Sua nefasta missão.
Defender o Brasil
Contra a ameaça comunista.
Porque ele tem tanto medo dos comunistas?
São apenas a ínfima minoria.
No ambiente mofado
Sente-se um cheiro de maconha.
Sente-se que tudo está podre e baixo.
Colocam o cientista, brutalmente
Submisso num pau-de-arara,
E introduz em seu ânus
Algo que a vítima não vê.
De repente o ar é cortado
Com um grito de loucura,
Seguido de uma gargalhada
Cínica e estridente.
Seria o torturador um ser humano,
Ou o ser humano, um torturador?
Onde se escondem esses trastes,
Frios capachos do poder
Militarista e imperialista?
Serão os futuros milionários?
Talvez, se não ficarem loucos... também.
Pelo fato de não terem alma,
É que atingem com violência
A alma do ser humano.
São paus mandados do poder,
Que não ouvem os apelos
Dos pobres desgraçados,
E lhes atingem a alma
Para sempre.
Sempre.
Logo larga o cientista
E vai atender uma mulher.
Ela, profissional de saúde.
O torturador, também.
Ele, em sua sanha sanguinária;
Ela, em sua fúria desgraçada;
Ele obedece uma ordem ignóbil;
Ela reclama uma ordem lógica.
Ela é tudo,
Ele é nada.
Sem ligar para seus pensamentos
Ele se pôs a trabalhar.
Deu-lhe um forte bofetão, incisivo,
Sem saber com ódio de que?
E lhe quebrou os molares.
Chamou-lhe de puta e vagabunda,
Comunista e subversiva.
E mordeu-lhe os lábios,
E se deliciou com o sangue,
E zombou do sofrimento.
Ela, gritando;
Ele, conduzindo.
Ele mandava no mundo. Era amigo dos caras.
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De repente ela gritou:
Eu não falo!
Você falou!
E ela disse:
Não o que você quer!
Ele disse:
Eu quero o seu sangue!
Ela disse:
Acendam o lampião
Que eu nada enxergo.
Puta enxerga de longe!
Disse ele na sua demência.
É a escoria da sociedade.
Logo acendeu o lampião
E depois ateou fogo
À pobre infeliz,
Que gritava sem parar,
Até que parou e morreu feliz
Por conseguir não falar.
Quando terminou de trabalhar a mercadoria
Morta e toda queimada,
O homem do governo
Foi atender um velho
Com seus oitenta anos.
Como o velho não aceitou
Denunciar o próprio filho,
Foi parar no pau-de-arara,
Do qual jamais sairia vivo.
Logo foi atender outra mulher
Que cuspiu-lhe o rosto.
Por isso foi torturada
Com choques elétricos,
Diante do próprio filho,
Apenas uma criança
De apenas dez anos.
Ao primeiro grito de horror,
Seu pequeno filho
Avançou para o torturador.
Logo recebeu um chute
Na altura do ouvido
E caiu tremulo, silencioso.
Não satisfeito, o torturador
Pegou uma barra de ferro,
E com um golpe raivoso
Acabou matando a criança,
Que babava sangue,
Enquanto ele espumava de raiva.
Então a mãe em prantos, pediu:
Me mate também!
E o torturador respondeu:
Não! Você vai falar!
Vai ficar viva até falar!
Depois eu lhe mato
E lhe arranco o coração!
Logo o torturador
Aplicou-lhe um choque elétrico.
Sua intensidade foi tanta
Que sua alma se arremessou,
E ela morreu sufocada.
E parou de sofrer.
Depois o torturador
Disse a todos os presentes,
Que iria para outro lugar
Dar aulas de torturas,
Por ordem direta de Médici.
Lá chegando, os outros irracionais
O olharam com orgulho.
Logo começou a sessão:
No pau-de-arara, uma adolescente
Com apenas quinze anos,
Completamente despida.
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Um aluno levantou-se,
E queria participar de perto
Da macabra sessão.
O profissional de saúde
Elogiou sua iniciativa.
Quando o torturador
Deu o primeiro choque na moça,
O aluno disse:
Deixe que eu a estupre antes,
Essa puta comunista.
É toda sua.
Se acertar fazer as coisas
Vai ser promovido, imediatamente.
O aluno violentou a moça
Que gritava sem parar.
Ao terminar o estupro,
Pegou um bastão elétrico
E enfiou em sua vagina,
Com grande violência.
Ele descobriu que o torturador
Era impotente sexual.
Todos o aplaudiram,
E o rapaz foi promovido.
E o torturador disse:
O Brasil está orgulhoso de você.
Sempre haverá tortura
Sempre haverá desgraça.
Sempre haverá império.
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JACQUELINE AISENMAN
Em Livros
No Brasil:
Livrarias Curitiba e Catarinense de Porto Ale-gre à São Paulo ou pelos site da Livraria Curi-tiba Design Editora
http://www.livraria-camoes.ch/html/livros.php
http://www.designeditora.com.br/site/
NA SUÍÇA:
LIVRARIA CAMÕES António Medeiros 18, Bd. James Fazy - 1201 Genève - Suisse (022) 738 85 88 Ou visite o site: http://www.livraria-camoes.ch/html/livros.php
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PARTICIPAÇÃO NO VARAL NO. 10
Envie seus textos para o e-mail [email protected] em formato Word .
Envie uma biografia breve acompanhada de uma ou duas fotos e dados para contato (e-mail, blog, site, etc.). Se usar pseudônimo e não desejar que seu nome verdadeiro seja colocado no Varal ou no site, envie uma biografia do seu pseudônimo. Não serão aceitas biografias e fotos Incorporadas aos e-mails, apenas em anexo.
Será escolhido apenas um texto de cada autor sendo:
- poemas de no máximo duas páginas contendo 20 linhas;
- contos e crônicas com um máximo de três páginas de 25 linhas;
- os envios deverão ser feitos até o dia 10 de JUNHO (todo texto que chegar após esta data será observado automaticamente para o Varal no. 11).
- será dada a prioridade aos que enviarem com maior antecedência.
FAÇA SUA ESTA CAUSA!
ADOTAR É ANIMAL
AJUDANIMAL, GRUPO DE AJUDA E AMPARO
AOS ANIMAIS DO ABC
www.ajudanimal.org.br
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EU E A BIBLIOTECA
Por Maria Laudecy Ferreira de Carvalho
Eita, que paixão danada
quando a gente quer bem
pois de manhã cedo quer
conviver e se dá bem,
olhar, pegar, sentir, usar
e até se lambuzar
nas coisas que ela tem.
Ela tem perfume de bugarí
tem gosto de querer mais
tem olhos fechados até você abrir
Seu coração pulsa feliz
se as páginas você sentir.
Por isso de manhã bem cedo
cheguei a lhe perguntar:
amiga biblioteca porque que às 7:00 h
aberta você não está?
Passei a noite sonhando
em cedo te encontrar.
E suas mãos apertar
e um abraço poder te dar.
– Ela me respondeu tristonha:
_ É . . . pois é, essa gente não sabe me valorizar
Se fosse por mim meu amor,
Com tantos corações aqui dentro
cedo distribuía o amor.
Agora que me abriram
vem pra cá, me abre lodo danado
Isso sim é ser leitor.
Esse casamento da certo
Aqui e aonde for.
Leitor é ser Biblioteca
e biblioteca é ser leitor.
E assim foram,
são e serão felizes para sempre.
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CAMINHOS E DESTINO
Por Luiz Eduardo Gunther
Perder-se
devagar,
sozinho.
Obrigar-se
a reencontrar
o caminho.
Sinalizar-se
e achar-se:
destinar-se?
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Castro Alves
(E Dia Nacional da Poesia)
Emanuel Medeiros Vieira
“Estamos em pleno mar... Dois infinitos/Ali se es-treitaram num abraço insano/Azuis dourados/Qual dos dous é o céu? Qual o oceano?...”
(Versos de “Navio Negreiro”, de Castro Alves)
A praça Castro Alves, em Salvador (que tem umas das mais belas vistas que conheço), se transfor-mou na segunda-feira, dia 14 de março – Dia Naci-onal da Poesia -, no palco das comemorações pelo 164ª aniversário do nascimento do chamado poeta dos escravos que, como observou alguém, se man-tém firme e forte a mirar a cidade, do alto da praça que leva o seu nome.
(O Dia da Poesia foi criado em homenagem ao po-eta baiano.)
O poeta Douglas de Almeida foi organizador do evento que homenageou Castro Alves, muito apro-priadamente no Dia Nacional da Poesia.
As comemorações começaram às 9h, na Praça da Piedade, e seguiram pelas ruas do centro, termi-nando na Praça Castro Alves, onde poemas foram declamados.
“O objetivo é fazer com que as pessoas tomem o gosto pela leitura através da poesia”, explicou o organizador.
A festa teve um bolo de 164 centímetros em refe-rência aos anos de nascimento do poeta, e contou com a participação de cerca de 200 pessoas (em plena manhã de segunda-feira ).
Não, a Bahia não é só carnaval...
O evento teve também a presença de jovens estu-dantes do Colégio Estadual Ypiranga, que fica no sobrado em que Castro Alves viveu seus últimos dias, no Largo Dois de Julho.
O estudante Iago Barbosa, de 11 anos, recitou al-guns trechos do poema “Baile na Flor”.
Ele revelou: “A poesia faz parte da minha vida. Nos meus estudos, ela é peça-chave. Através dela, consigo desenvolver melhor a minha leitura e até
criar minhas próprias poesias”.
Repito: Iago tem apenas11 anos.
Como repito à redundância, os poetas, como os cegos, enxergam na escuridão.
Saber que um jovem de 11 anos está preocupado com a leitura e tem consciência da importância da poesia, nutre de esperanças o meu coração.
Como diria o meu pai, nem tudo está perdido.
Ou como acreditava Machado de Assis, alguma coisa escapa do naufrágio das ilusões.
(Repetindo não textualmente o mestre, diria que a literatura enobrece, honra e consola.)
Para Douglas de Almeida, a figura mítica de Castro Alves está no imaginário das pessoas.
Quem vive em Salvador, sabe bem disso.
E ele viveu apenas 24 anos.*
*Castro Alves nasceu em 14de março de 1847, na Fazenda Cabaceiras, antiga Freguesia de Muritiba, perto da Vila de Curralinho, hoje cidade Castro Alves.
Morreu em 6 de julho de 1871, em Salvador.
Curta vida? Sim. Muito breve. Mas tempo suficien-te para construir uma bela obra (lírica e social), e denunciar, com incrível força (que resiste ao tem-po) a escravidão e a brutalidade do tratamento dispensado aos escravos – como as condições de-sumanas em que eles viajavam nos navios negrei-ros.
Referência iluminadora, Castro Alves continuará entre nós. Para sempre. Saudando o povo baiano e brasileiro na linda praça que leva o seu nome.
Viva Castro Alves! Viva a poesia!
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Ô ABRE ALAS QUE EU QUERO PASSAR...
Por Miriam de Sales Oliveira
... contando a história das marchinhas que tanto alegraram os carnavais de outrora.
Elas tem origem nas marchas populares portuguesas, inclusive as marchas militares, com suas batidas fortes - bum, bum - e compasso binário com melodias simples, fáceis de memorizar e cantar. Rimas pobres, porém enriquecidas pelas melodias, que, no Brasil, também se inspira-ram na polca, no ragtime e no one-step .
Mas, o forte das marchinhas são as letras pican-tes,buliçosas,críticas,caricaturais,maliciosas,brejeiras,canalhas,cheias de duplo sentido, ense-jando a que o povão modificasse a letra a seu bel prazer, inclusive, substituindo palavras por palavrões; como não existe pecado ao sul do Equador, principalmente no Carnaval, os foliões arregaçam, como se diz, sem medo da policia.
Antes de desaparecerem para dar lugar ao samba-enredo, as marchinhas eram imbatíveis nas sátiras e ninguém escapava de ser ridicularizado, pois a marchinha é democrática: não poupa ninguém, nem o reinem o bispo, nem o papa.
Mas, seus alvos favoritos são os políticos (como apanham esses malandros, nossa!) e as mino-rias como os gays, os cornos, as mulheres feias ou boazudas, os padres, os funcionários, as me-nininhas más de famílias boas, não há o que não seja aproveitado.
As marchinhas tinham que se desenvolver no Rio, irreverente pela própria natureza e dos anos 20 até meados dos anos 50 reinaram absolutas nos nossos carnavais, desde a primeira compo-sição criada em 1899,Ô Abre Alas", de Chiquinha Gonzaga. Depois vieram as clássicas: Cidade Maravilhosa, que virou o hino do Rio de Janeiro, Pierrô Apaixonado, a Jardineira, Touradas em Madri, Chiquita Bacana, Taí, Papai Adão...
No Nordeste as marchinhas ainda são cantadas, nas ruas, nos cordões carnavalescos. Ai, isso assim tá muito bom, isso assim tá bom demais...As deliciosas marchinhas não podem morrer!
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Reencontro
Por Norália de Mello Castro
Não sei quando começou
Meu amor à cebola.
Lembro da emoção que senti
Quando li a ode à cebola.
Emocionada, parei.
Procurei o ar a sentir
Cada palavra que ele dizia,
Enquanto o coração perguntava:
Como pode um homem dizer
Tanta coisa de uma cebola...
Uma cebola?
Ali estava a força a emocionar
Uma jovem que não sabia o que dizer,
Nem pensar, em tão grande amor.
O Poeta da Ode à Cebola conquistou-a.
A sensação daquele instante permaneceu
para sempre
E somente agora pode a jovem dizer:
Da cebola se extrai a força vital;
De cada pedacinho adocicado,
O mais poderoso elixir,
O mais encantador fio de prata,
Fios de ouro e até fios de estrumes.
Cantarolando assim o amor,
A vida escorre,
Sustentada,
Sublimada,
Encantada pelo toque da música,
Que vem vibrante pelos ares.
Extraída da Mãe Terra,
Emoção primeira da ode à cebola,
Peles sobrepostas
Formando
A flor.
A cebola cresceu.
Permanece intacta assim mesmo:
No ar: o cheiro ardido.
No chão: o gosto adocicado.
Na mão: o alimento consumido.
Na força: mais um dia que nasce pleno.
Diante de Neruda,
As palavras somem.
Mesmo assim, continuarei
A buscar
A beleza desse reencontro.
Suores amaciados
Aconchego jamais deixado,
Coberta de plumas e vento,
Coberta de lágrimas e risos,
Coberta de felicidade intensa,
Em ler e sentir palavras de um Mestre:
O dia resplandece inteiro.
(segue)
Varal do Brasil - Maio de 2011
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Ah! Neruda tu vens...
Tu vens pleno, assim,
Total em mim.
Ah! Neruda!
Tuas odes elementares,
Vinho, tomate, pão e,
Naturalmente, a cebola,
Seres poderosos e simples
Que nos dá a Mãe Terra.
E tu, a conclamar integração,
Gentilezas
Para o alimento que nos dá a Natureza.
Tu lanças teu grito de alerta:
Quando aprenderemos, Mestre, que tudo
É parte do todo e nós, parte do tudo?
Faltam ainda gentilezas outras para essa
equação.
A Mãe Terra estremeceu. Talvez por
cansaço,
Talvez por revolta, sei lá, de tanto
descaso.
E a natureza chorou e estremeceu.
O Haiti foi dizimado e sofrimento total
Se instalou no planeta.
Silêncio se fez.
Então, o que fazer meu Poeta?
Tuas odes elementares voltaram com força.
Do amor a uma cebola que se expandia.
Do amor do trigo ao pão que deve ser
partilhado.
Do amor do tomate, capaz de abrir porta
aos visitantes.
Do vinho que faz aumentar os sons dos
risos.
Do amor que acalanta corações feridos.
Do amor que germina e cresce por entre
plantas.
Do amor que se embebeda das cores do arco-íris.
Do amor que nasce
No barro,
Na água,
No céu,
Nas palavras levadas pelo vento.
Me curvo a ti, meu poeta, e bendigo
Aos céus por ter lido suas palavras.
Poderosas palavras
A mostrar
Que nosso lar é aqui
E que o amor está nele.
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MÃE POESIA
Por Rozelene Furtado de Lima
Além das fronteiras da percepção
Procurei o sopro divino da inspiração
Usar o tempo livre para imaginar
Rascunhar no tapete de papel e voar
Dar ouvido a voz interior e anotar
Sensações, falas sopradas ao vento
Denunciar libertando os sentimentos:
Amargura, tristeza, dor, amor e alegria
Alinhavados na bainha da mesma fantasia
Mas, a vida me envolveu e me ocupou.
Trocou meus planos e o tempo passou.
Conquistei um amor, filhos e casa... ganhei
Como profissional da família... dediquei
Livros esquecidos ficaram me aguardando
Vigilantes, papel e lápis me espreitando.
Segui juntando pedras em unidade
Passava o tempo e lavava a saudade
Esfregando a vida enxaguava a dor
Na água corrente perfumava o amor
Secava as gotas de lágrimas no chão
Palavras no varal letras de sabão
Emoções armazenadas na bacia
Até que reencontrei a mãe poesia
Mostrou-me que poeta não tem idade
Tem é determinação e muita vontade
Revi o sonho perdido dos braços da vida
Desvencilhei-me dos emaranhados da lida
Voltei a ler a sabedoria inserida nos versos
Espalhadas desde sempre por todo universo
Orquestradas no ritmo de idiomas e dialetos
Entre acentos, vírgulas e pontos eu borboleto
Palavras unidas na fonética dançam rimando,
Como sementes na boa terra vão brotando.
Que expressam a emoção nos diversos temas
Que sejam eternizados poetas e poemas!
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Escritor Valdeck Almeida
Por Sandra L. Stabile
Vou lhe contar a história De um homem lutador, Essa eu posso confirmar Pois é homem de muito valor, Conheço sua história e tudo que ele passou. Valdeck é um poeta espetacular, Quem duvida tem que vê-lo Suas poesias declamar, Ler suas Antologias Pelas letras viajar. Leiam suas colunas em jornais, Revistas, em todo lugar Delas aprenderá que todos podem escrever e sonhar, Valdeck abre portas no FALA ESCRITOR Para você falar E junto com o seu fundador Leandro de Assis oportunidade lhe dar.
Esse Projeto todo mundo expia, Grande é sua euforia Homem de fé, sonhador, Por muito tempo seu sucesso sonhou Por seus méritos Deus lhe abençoou, Hoje ele é conhecido seja onde for, Tudo isso ele conseguiu Com honestidade profissionalismo e amor! Amigo siga em frente, Seja um historiador, Não se deixe derrotar Pois você é grande escritor. Ninguém nesse mundo tem poder para mudar As páginas escritas do seu livro Que lá no Céu escrito está.
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No Amanhecer
Por Sonia Nogueira
O sol tímido por detrás da serra
Mostrava no olhar ainda sonâmbulo
Silêncio e sossego que a paz encerra
Estática a pedra sonho relâmpago
Toda vegetação ainda confabula
O vento parou pra compartilhar
Do momento sereno que rotula
Na tela, a natureza, o verbo amar
Na janela do quarto o vento sopra
Vi na estrada sem passos, sem rumo
A ave sedenta no bico molhava
No verde da água bebendo o sumo
Senti a beleza na arte da criação
Na singeleza o comando da mão
Tela de Sonia Nogueira
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ELIZABETH TAYLOR
Por Teresinka Pereira
Todas queríamos ser
Elizabeth Taylor.
Uma vez pintei
meu cabelo de negro
e calçava sapatos
com saltos tão altos
que não podia equilibrar-me
sobre meus anos juvenis.
Era menina e fazia o papel
de mulher fatal
Em cada dedo ostentava
um anel de cristal colorido
e de minha voz os homens
fingiam apaixonar-se
enquanto as outras jovens
morriam de inveja...
Hoje a mídia nos diz
que Elizabeth Taylor
não era imortal
Mas dentro da morte
ela desvendou sua verdadeira
e heroica historia
de artista humanitária.
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MÁRCIA OLIVEIRA
TALENTO BRASILEIRO EM GENEBRA
Festa de aniversário tem que ter alegria, muita alegria! Toda criança merece ter sua data especial marcada por um momento inesquecível.
E Márcia usa seu talento para dar vida e cor a estes momentos!
Márcia, talento brasileiro em Genebra fazendo da arte mais do que profissão, um orgulho!
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CASQUINHAS DE OVOS DE GALINHA DECORADOS PARA A PÁSCOA
COMO FAZER AS CASQUINHAS DE OVOS DE GALINHA:
Abrir numa ponta um buraco bem pequeno no ovo (da galinha) tirando a gema e a clara, lavar e deixar secar.
PINTURA:
1 par de luvas.
1 toca.
4 cores de tinta óleo (para pintura de parede)
Num recipiente com meio litro de água, colocar uma colher de cada cor de tinta.
1 vaso pequeno com areia e palitos de madeira para colocar as casquinhas pintadas para secar.
Com o palito de madeira pegar a casquinha pelo buraco passando a mesma no recipiente com as tintas, cuidando para não entrar tinta na parte interior da mesma, fincar o palito com a casquinha já pintada na areia. Depois de pintar seis casquinhas recolocar a tinta. Feito a pintura com todas as casqui-nhas, deixar secar (no sol ou na sombra) por dois dias, recolhendo a noite para não puxar umidade. Aconselhamos não fazer em dia de chuva ou nublado, as mesmas ficarão sem brilho. Deve-se usar as luvas para não sujar as mãos com a tinta e a touca para não cair cabelos no recipiente e nas casquinhas.
RECHEIO
Rendimento 12 unidades
4 xícaras de amendoim torrados e limpados (sem casca)
2 xícaras de açúcar
1 xícara de agua
Os amendoins devem ser torrados no forno em 180 graus por 30 minutos, cuidando para não queimar, caso seja necessário deixar mais alguns minutos para torrar isso varia de forno. Colocar a agua e o açúcar para ferver ao formar as bolhas de ares maiores acrescentar os amendoins e deixar ferver por mais 10 minutos sempre mexendo, depois reti-rar do fogão mexendo ate que os amendoins fiquem soltos. Deixe os mesmos esfriar (se os mesmos são feitos na parte da manhã a tarde podem ser colocados nas casquinhas).
FECHAMENTO DAS CASQUINHAS
1 tubo de cola
1 pacote de forminhas para negrinhos
1 suporte para ovos (papelão)
Preencher as casquinhas com os amendoins frios. Passar cola ao redor bem no inicio do buraco da casquinha, colocar a forminha de negrinho, deixar secar num suporte para ovos.
Sugestão: as casquinhas podem ser fechadas com outros papeis a sua escolha, bem como dese-nhos decorativos de Páscoa.
Bernadete Ruckhaber Schwarzer
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BOLO NINHO DE PÁSCOA
5 ovos
3 xícaras de açúcar
1 xícara de agua
Meia xícara de azeite
2 xícaras e meia de farinha de trigo
1 colher de sopa de fermento
Bater com a batedeira os ovos com a agua ate encher a bacia, acrescentar o açúcar ate virar num creme, acrescentar o azeite, a farinha aos poucos e por ultimo o fermento só mexer com a co-lher não bater mais com a batedeira.
RECHEIO
1 caixa de leite condensado
Meia xícara de amendoim moído (opcional), se colocar o amendoim ferver por mais ou menos 6 minutos.
Corte a massa ao meio, colocar o leite condensado com os amendoins e sobre ela a outra parte.
COBERTURA
1 caixa de creme de leite
3 colheres de chocolate em pós 50% cacau
300 gramas de chocolate granulado
6 ovinhos de páscoa pequeninhos
1 coelhinho de chocolate
Meia xícara de açúcar
Ferver em fogo médio sempre mexendo ate ficar com liga.
Cobrir o bolo, no centro por o coelhinho e ao redor decorar com os ovinhos.
Bernadete Ruckhaber Schwarzer (veja os dados de Bernadete em nosso site na seção Eles Fazem Artesanato.
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A tragédia do Rio de Janeiro serve como aviso para as diversas instituições educacionais brasileiras, quanto à violência nas escolas, bulling e outros tipos de agressões que muitas vezes chegam perto de terminar com esse desfecho trágico e ninguém sequer tem conhe-cimento.
Uma das grandes dificuldades que o sistema educacional encontra é aglutinar diversos tipos de estudantes em um só local, ninguém sabe de onde ele vem, a sua formação fami-liar e o mais importante, se ele já teve entrada em delegacias ou instituições similares.
Essas pessoas juntas em sala de aula, o ano inteiro, são uma verdadeira caixa de surpre-sas, positivas ou negativas, principalmente quando a violência está crescendo nas gran-des cidades, particularmente em Salvador.
A Escola ainda está desprotegida, quem tem a incumbência de fiscalizar a entrada, na maioria das vezes está despreparado, uns têm até medo de impedir a entrada de pessoas estranhas, que entram em unidades educacionais quando desejarem.
Esse é mais um triste aviso de como é gritante a insegurança nas escolas públicas, de co-mo reina a violência e agressões físicas e morais nos nossos ambientes educacionais.
A nossa sociedade está cada vez mais violenta, por diversos motivos, contudo o principal motivo é a família desestruturada, pois não existirá nenhum governo que possa ensinar respeito, amor e consideração entre as pessoas e isso nunca é tarde para ensinar e procu-rar disseminar entre os nossos filhos, porque se cada um fizer a sua parte, todos lucrarão no futuro e a Escola não será mais um ambiente de medo, desavenças, brigas etc., será o que ela sempre foi: um ambiente de união pela aprendizagem, que hoje infelizmente não está sendo.
SOBRE A TRAGÉDIA DE 7 DE ABRIL DE 2011
Por Marcelo de Oliveira Souza
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ALMA GÊMEA
Por Yara Darin (by Sun)
Como esquecer este sedutor...
Como esquecer este beijo sem pudor...
Como esquecer este olhar...
que não se cansou em me procurar...
Como esquecer este menino...
que só me chama de menina...
Quem sou eu...
Quem é você...
Almas gêmeas buscando o amor...
tão idênticas..
tão sinceras...
tão profundas...
Que seja para a eternidade...
este grande reencontro....
do nosso inesquecível ...
amor invencível....
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que existe...
Por Walnélia Corrêa Pederneiras
De fato, a vida é um presente. Dificuldades ou não, independente
mesmo que pare ou desista, continua sabe-se como, mas prossegue!!
Vai em frente e não, à frente, essa existência palpável até certo ponto.
Realidade às vezes dura, outras bem suave mas o que a torna mais agradável
é mais que material, é quase insondável... Dádiva de um tempo atual,
que está no local, na hora, no momento evidente, consciente e por isso, dissertável
...o momento! Sim, porque ao reler, já passou. Uma luz, quase impessoalidade
muito embora para poetá-la, imprescindível olhar, ver, fechar os olhos, abri-los
agradecer, observar esse conjunto de acontecimentos que alicerça a existência do Ser
Mas depois que passa, é relativo... Até para a frase agora, que encerra o pensamento
sequioso de Conhecimento e sentido de vida... mérito ou demérito, intuição ou sentimento
sépala que nutre de ideias este ser pensante...
Guilherme Corrigliano
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SABER LER
Por EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
A maior parte das imagens que circulam hoje são frutos de um impulso econômico, para criar produtos e mercados de consumo, não para cele-brar o espírito humano ou para aprendermos mais ou sermos melhores. É pura e simplesmente para fazer mais dinheiro. Então, neste sistema, se você lê profundamente uma imagem publicitária, você a destrói, como diz Alberto Manguel. A publicidade – é claro que não digno nada de no-vo – é feita para “convencer”, manipular as emo-ções mais primárias e, muitas vezes, para enganar. E para tapear um povo prostrado e sem cultura não é difícil. Vejam as tantas igrejas (o supermercado universal da fé), os tantos políticos, os tantos bingos camu-flados, os tantos sindicalistas, os tantos banquei-ros, os tantos usineiros, os tantos grileiros, os tan-tos marqueteiros: todos impunes. Enfim, é o reino da trambicagem. Então – seguindo as pegadas do autor citado – é fundamental que possamos novamente recuperar a dignidade humana de ler imagens para buscar as verdadeiras, para voltarmos a ser criaturas da me-mória. Precisamos “saber ler”. Sabendo ler, aprendemos com as gerações passa-das e com a nossa própria. O que quero dizer? Uma mulher não é solitária porque não usa o sa-bonete tal, o perfume daquela marca. Não vai ser “amada”’ se usar aquele jeans. O sorriso da “felicidade plena” (que você obterá se conseguir tal produto) é pura enganação. Todos os carros são maravilhosos, cada banco é melhor do que o outro. Quando vemos as propagandas de mil cervejas, com mulheres gostosonas, malhadas e sorridentes, a mensagem é essa: se bebermos tais produtos, viveremos naquele clima de festa eterna. E tudo isso vai entrando no inconsciente. É subliminar, é
lavagem cerebral. Na segunda-feira temos o resultado no noticiário: carros que viraram ferro retorcido dirigidos por motoristas bêbados. Não, não é moralismo: é defesa da vida. E atores famosos, que já tem muito dinheiro, fa-zem as tais propagandas de bebida alcoólica. Exagero? Não creio. Acho, no mínimo, antiético. É pura cobiça. Quem faz propaganda de remédio, deveria ingerir antes o produto e só depois fazer a publicidade. A Xuxa, Luciano Hulk e tantos outros que ga-nham muito dinheiro fazendo publicidade, usam aqueles serviços dos quais dizem mil maravilhas? A partir deste aprendizado, poderemos enfrentar as imagens da Coca-Cola e de todas as marcas. Lendo “Madame Bovary”, de Flaubert, você perce-be que a infelicidade da mulher não deriva do fato dela não usar o perfume tal. As razões são outras, muito mais profundas. O problema é que estamos vivendo um momento de enorme velocidade e de pouca concentração. (Emanuel Medeiros Vieira)
INSPIRAÇÃO E TRANSPIRAÇÃO
Me perguntaram numa escola em Brasília: “Como se faz um bom livro?” Eu sorri, sala cheia, jovens de 20 anos. Sabia de cor a resposta de Somerset Maugham: “Há três regras para se escrever um bom livro. In-felizmente, ninguém sabe quais são.” Porque escrever não tem receita. Tem inspiração sim. Mas tem muito trabalho. “Transpiração”, dis-ciplina. Há que começar a faina diária mal rompe a aurora. Todos os dias, todos. E ler, muito. Reler. Ler mais. Sempre. Até o último suspiro. Se pararmos de ler, vamos morrer.
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O aprendizado da escrita é misterioso. “O processo de aprender a escrever é desanimador porque é inexplicável”, afirma Alberto Man-guel. Ele complementa: “A leitura é uma atividade pela qual os governos sempre manifestaram um limi-tado entusiasmo” É claro. A leitura abre os espíritos. A literatura “revela”. A verdade liberta. Com ela no seu coração, você não votaria mais por ter recebido uma esmola, um saco de cimento ou algumas telhas. Ler sempre incomoda os ditadores, os napoleões tupiniquins, desagrada os poderosos, os idiotas e medíocres de plantão.
E, no geral, eles estão nos órgãos ditos culturais, com o seu vasto número de funcionários entedia-dos, seus burocratas mesquinhos e seus lanches vespertinos, suas panelinhas burlescas, que que-rem camuflar o seu enorme vazio com roupas chics ou retóricas e preciosismos. Não enga-nam. Não adianta. São figuras que merecem a piedade. Serão varridos por qualquer vento sul. Podem receber prebendas, se acham “sérios”, às vezes assinam colunas diárias. Mas serão sempre figuras menores: aquelas que morrerão sem a solidariedade de si mesmas. Manguel lembra que Pinochet proibiu “Dom Quixote”, de Cervantes. Lógico, o leitor lendo Quixote descobriria a alma nazista do facínora sanguinário que foi o ditador chileno, uma besta do Apocalipse sul-americano. Penso no que disse um republicano espanhol (pai de um escritor) que passou muitos anos numa prisão política: “Até na cadeia vocês serão mais felizes de gostarem de ler.”
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CARNAVAL GUERREIRO
Por Vó Fia
Entre os anos trinta a quarenta, o carnaval era comemorado de uma maneira especial na Vila de São João, porque durante aqueles três dias a comunidade parava seus afazeres e dedicava todo o seu tem-po as alegrias e divertimentos próprios da época; a diferença estava no modo de brincar, começava de maneira normal.
No primeiro dia os blocos e ranchos saiam as ruas cantando e dançando as marchinhas e sam-bas da ocasião, tudo simples e lindo e sem nenhum problema, era o carnaval tradicional e muito bem comportado, os rapazes fantasiados de piratas, palhaços e outras mais e as moças vestidas de campo-nesas, fadas, dançarinas etc.
Ninguém saia com qualquer vestimenta que ofendesse os bons costumes e se os rapazes bebi-am pouco álcool, as moças nada bebiam além de guaraná ou ponches de frutas, e com isso se garantia a paz durante os desfiles, os mais abonados levavam um Lança Perfume Rodouro para perfumar as jovens.
E assim acontecia nos dois primeiros dias, porque na chamada Terça Feira Gorda, mudava tu-do, porque o Boi entrava na festa e era bem assim: o Boi era uma armação de bambu trançado for-mando o corpo encimado por uma caveira do Boi toda enfeitada de fitas e flores e um tecido alegre cobria os bambus.
Dois homens fortes entravam na armação e movimentavam o Boi; atrás vinha o cortejo com boiadeiros, toureiros, palhaços, dançarinas e a figurante principal que era a Catirina dona do Boi, fechando o a alegre desfile vinham os batuqueiros fazendo um barulho ensurdecedor com seus ins-trumentos.
Eram berrantes, tambores, reco-recos, cuícas e pandeiros e as vozes de homens e mulheres can-tando sempre esse refrão: esse boi é bunito ei boi, esse boi é brabo ei boi, esse boi é pintado ei boi, pega o boi Catirina ei boi e lá na frente o Boi investia no povão que corria, ria e se divertia fazendo coro no ei boi.
Até ai tudo bem, mas a Catirina era um mulato forte vestido de mulher, com a cara pintada de branco, uma peruca loura, seios enormes formados por dois mamões verdes e os grossos lábios pinta-dos de um vermelho berrante e que na realidade se chamava Sebastião, mas tinha um apelido que odiava.
O apelido do Sebastião era Retegé e ele virava fera quando alguém o chamava assim; antes da saída do Cortejo do Boi, o chefe da brincadeira avisava a todos para não se lembrarem do apelido do Sebastião de maneira nenhuma, todos prometiam e o cortejo saia em paz e com muita animação.
Depois de bons goles de cachaça um gaiato se esquecia da promessa e cantava: pega o boi Re-tegé ei boi e estourava a guerra, porque o mulato tirava a saia da Catirina e partia aos murros e chu-tes em quem aparecesse pela sua frente e o povo que tinha lá as suas rixas aproveitava a ocasião.
Em pouco tempo todo mundo batia em todo mundo, era aquela correria e gritaria infernal até a pouca policia do lugar aparecer para acabar com o tumulto, mas o jeito era dar tiros para o alto, por-que era pouca policia para muito cidadão, ao som dos tiros a situação era controlada, os feridos reti-rados e o Boi seguia em frente, com o povo cantando; Esse Boi é bunito ei boi, pega o boi Catirina ei boi...
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COMOVOCE5 VE5 AVIDA?
Todos as pessoas possuem uma maneira dife-
rente de ver a vida e de expressar esta visão.
Algumas escrevem, outras pintam, fotogra-
fam, desenham, cantam, tocam um instru-
mento, esculpem, fazem artesanato… Dentro
de cada um de nós existe um ar�sta. Algumas
vezes escondemos tanto que nem mesmo os
familiares sabem que temos aquele jei�nho
especial!
Que tal mostrar pra gente? Que tal enviar para
o site do VARAL DO BRASIL o que você faz e
dar uma chance para que possamos conhecer
melhor você?
Leia as instruções nas seções « ELES » no
www.varaldobrasil.com
E-mail: [email protected]
E mãos à obra: a vida é agora!
CONSULADO-GERAL DO BRASIL EM ZURIQUE
Stampfenbachstrasse 138
8006 Zürich-ZH
Fax: 044 206 90 21
www.consuladobrasil.ch
Consulat Général du Brésil
54, rue de Lausanne
1202 Genève
Horário de atendimento ao público: de
segunda a sexta-feira das 09:00 às
14:00
(de 02.07.2010 a 12.07.2010, o ingresso
no Consulado será até 13:00)
Telefones
Tel. : 022 906 94 20
Fax : 022 906 94 35
Horário de atendimento telefônico: de
segunda a sexta-feira das 13:00 às
16:00
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Varal do Brasil - Maio de 2011
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chajafreidafinkelsztain
Onde existem as verdades?
Na pessoa que as afirma
Na pessoa que as nega
No que leio todos os dias
No jornal que me informa
No livro que me identifico
Onde moram as verdades?
Num código que decifro
Concordo e...
Muitas vezes não sigo.
Quantos de nós transgredimos?
Por que mentimos?
Por que nos escondemos dela?
Quanto um espelho revela?
Um tempo passado ou presente
Ele está lá gritando estridente
Mas, fingimos que não ouvimos
Quanto uma introspecção levanta?
Deitada dentro da gente
Lá está ela
Machucando, lutando para sair
Mas você a segura sempre
Pois de tanto mentir
Acaba se convencendo
Que tudo o que for mentira
Virou a pura verdade...
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ENTRE QUATRO PAREDES OBRA DE JANIA SOUZA PUBLICADA PELA CORPOS EDITORA DO PORTO/PORTUGAL
A Corpos Editora de propriedade do poeta Ex-Ricardo dePinho Teixeira, empreendedor literário da cidade do Porto em Portugal, lançou em solo luso a obra "ENTRE QUATRO PAREDES", quarto li-vro de autoria de Jania Souza e terceiro na categoria poema.
Jania Souza participou de seleção em 2009 e, como estava envolvida com o lançamento de seus li-vros Fórum Íntimo e Magnólia, a besourinha perfumada publicados no Brasil pela Editora Alcance no Rio Grande do Sul e em Natal/RN, na mesma ocasião, não viu o e-mail do concurso comunican-do sua seleção. Em junho de 2010, ao rever sua caixa de e-mail para atualizar, encontrou a comuni-cação e, rapidamente, contatou a editora para saber se a mesma ainda estava interessada em produ-zi-la, pois o prazo para publicação do prêmio seria em janeiro de 2010. Foi atendida com muita gen-tileza e respeito profissional, sendo reativada as negociações além mar. E, um ano após o primeiro cronograma, a obra foi lançada neste mês de janeiro de 2011. Encontra-se a venda na Livraria e Café da Corpos na cidade do Porto e no endereço eletrônico a seguir.
ENTRE QUATRO PAREDES será lançado brevemente em Natal para que a autora possa com-partilhar sua nova obra com o público potiguar.
Quem for à cidade do Porto, pode deliciar-se com a programação da Corpos Livraria e Café, que tem tudo a ver com nossas livrarias envolvidas com programação lítero cultural, como a Livraria Sicilia-
no do Shopping Midway Mall.
Corpos Livraria/Café
Aberto de 2ª a 6ª Entre as 15H e as 20H.
Rua do Almada, 253, 2º andar, sala 23 4050-032
Porto/ Portugal No nosso espaço pode encontrar todos os título editados pela corposeditora, Worldartfriends editora e editora
Egoiste. Pode também encomendar livros via telefone:
220939062 Estamos disponíveis para atividades:
-Sessões de Poesia -Apresentações
-Exposições de Pintura e Fotografia -Exibição de cinema de autor
Visite-nos!"
Varal do Brasil - Maio de 2011
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Por que ajudar os animais?
Você sabia que no Brasil milhões de cães e gatos
vivem nas ruas, passando fome, frio e todos os
�pos de necessidades? Cerca deles 70% acabam
em abrigos e 90% nunca encontrarão um lar. Par-
te será ví�ma ainda de atropelamentos, espanca-
mentos e todos os �po de maus tratos.
Infelizmente, não é possível solucionar este pro-
blema da noite para o dia. A castração dos ani-
mais de rua é uma solução para diminuir as futu-
ras populações mas não resolve o problema do
agora. Sendo assim, algumas coisas que você po-
de fazer para ajudar um animal carente hoje:
Adotar um animal de maneira responsável
Voluntariar-se em algum abrigo.
Doar alimento (ração) e/ou remédios para abri-
gos.
Contribuir financeiramente com ONGs.
Nunca abandonar seu animal
Como o Clube vive? Somente de doações. Todas
as nossas contas são públicas, assim como extra-
tos bancários e notas fiscais.
Como ajudar o Clube? Para manter esses mais de
400 peludos em nosso abrigo, contamos hoje
apenas o trabalho dos voluntários e com o dinhei-
ro de doações. Todos podem ajudar, seja divul-
gando o Clube, seja adotando um animal ou mes-
mo doando dinheiro, ração ou medicamentos.
Qualquer doação, de qualquer valor por menor
que seja, é bem-vinda. As contas do Clube bem
como o des:no de todo o dinheiro estão abertas
para quem quiser
BRADESCO (banco 237 para DOC)
Agência: 0557
CC: 73.760-7
Titular: Clube dos Vira-Latas
CNPJ: 05.299.525/0001-93 Ou
Banco do Brasil (banco 001 para DOC)
Agência: 6857-8
CC: 1624-1
Titular: Clube dos Vira-Latas
CNPJ: 05.299.525/0001-93
(Saiba mais sobre o Clube em h�p://fr-
fr.facebook.com/ClubeDosViraLatas?ref=ts)
O CLUBE DOS VIRA-LATAS é uma organização não governa-
mental, sem fins lucra�vos, que mantém em seu abrigo ho-
je mais de 400 animais que são cuidados e alimentados dia-
riamente. Boa parte desses animais chegou ao Clube após
atropelamentos, acidentes, maus tratos e abandono. Nosso
obje�vo é resgatá-los das ruas, tratá-los e conseguir um lar
responsável para que eles possam ter uma vida feliz.
Varal do Brasil - Maio de 2011
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RECEITAS PORTUGUESAS
http://www.gastronomias.com/
Arroz de Forno à Antiga Ingredientes: Para 8 a 10 pessoas • 500 g de carne de vaca • 200 g de carne de porco ou um pedaço de presunto • 1 chouriço de carne ou meio salpicão • meia galinha • 2 cebolas • salsa • serpão • 1 kg de arroz • sal e pimenta 1 colher de chá de açafrão Confecção: Põe-se ao lume uma panela com 2 litros de água. Deixa-se levantar fervura e, nessa altura, introduzem-se as carnes, uma cebola às rodelas, a salsa e o serpão. Depois de tudo cozer muito bem (cerca de 1 hora), coa-se o caldo e juntasse-lhe o açafrão dissolvido num pouco de água fria. Junta-se ainda uma cebola às rodelas e um ramo de salsa. Deita-se o caldo num alguidar de barro preto e leva-se ao lume. No momento em que começar a ferver, juntasse-lhe o arroz, que deve ser de muito boa qua-lidade. Deixa-se levantar fervura rapidamente e com o lume forte, introduzindo-se em seguida no forno até secar.
Varal do Brasil - Maio de 2011
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VII PRÊMIO LITERÁRIO VALDECK ALMEIDA DE
JESUS – CRÔNICAS
EDIÇÃO EM HOMENAGEM A ESCRITORES BAIANOS
1 - O Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus visa
estimular novas produções literárias e é dirigido a can-
didatos de qualquer nacionalidade, residentes no Brasil
ou no exterior, desde que seus trabalhos sejam escri-
tos em língua portuguesa.
2 – As inscrições acontecem de 01 de janeiro a até 30
de novembro, através do e-mail val-
[email protected] (CRÔNICAS de até 20 linhas,
minibiografia de até cinco, endereço completo, com
CEP e fone de contato, com DDD). Os textos devem vir
DENTRO do corpo do e-mail. Inscrições incompletas
serão desclassificadas. Vale a data de postagem no e-
mail. NÃO SERÃO ACEITAS INSCRIÇÕES PELOS COR-
REIOS.
3 - A crônica deve ser inédita, versando sobre qual-
quer tema (exceto apologia ao uso de drogas, conteú-
do racista, preconceituoso, propaganda política ou in-
tolerância religiosa ou de culto). Terão preferências os
textos sobre escritores baianos da contemporaneidade.
Entende-se como escritores contemporâneos aqueles
cuja obra ainda não foi lançada por grandes editoras e
que não são conhecidos do grande público. Cada autor
responderá perante a lei por plágio, cópia indevida ou
outro crime relacionado ao direito autoral. A inscrição
implica concordância com o regulamento e cessão dos
direitos autorais apenas para a primeira edição do li-
vro.
4 - Uma equipe de escritores faz a seleção de apenas
um texto por autor. A premiação é a publicação do
texto selecionado em livro, em até seis meses do en-
cerramento das inscrições. Os escritores selecionados
devem criar um blog gratuito, após a divulgação do
resultado do concurso, para dar visibilidade ao traba-
lho de todos os participantes. Os casos omissos serão
decididos soberanamente pela equipe promotora.
5 - O autor que desejar adquirir exemplares do livro
deverá fazê-lo diretamente com a editora ou com o
organizador do prêmio. Os primeiros dez classificados
receberão um exemplar gratuitamente. Os demais po-
dem receber, a critério da organização do evento e da
disponibilidade de recursos financeiros.
MODELO DE FICHA DE INSCRIÇÃO:
Paulo Pereira dos Santos
Rua Santo André, 40 – Edf. Pedra – Apt. 201
35985-999 – Portão
Belo Horizonte-MG
(31) 3366-9988, 8877-8999
Modelo de minibiografia:
Paulo Pereira dos Santos é natural de Santana-PB. Es-
critor, poeta e jornalista, tem dois livros publicados:
“Antes de tudo” e “Até amanhã”. Paticipa de cinco an-
tologias de poesias. Graduado em comunicação social.
Menção honrosa em diversos concursos de poesia, tem
dois livros no prelo e pretende lançá-los em 2012.
Projeto publicado no site do PNLL do Ministério da Cul-
tura
Lançamentos:
1ª Antologia: Bienal do Livro da Bahia, em abril/2005
E 2007.
2ª Antologia: III Corredor Literário da Paulista, em
outubro/2007.
3ª Antologia: Na 20ª Bienal do Livro de São Paulo e na
3ª Feira do Livro de Sergipe, em 2008 e na 9ª Bienal
do Livro da Bahia;
4ª Antologia: Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em
setembro de 2009 e no Espaço Castro Alves, num
grande shopping da Bahia.
5ª Antologia: Bienal do Livro de São Paulo, em
21.08.2010.
MAIS INFORMAÇÕES: VALDECK ALMEIDA DE JESUS
TEL: (71) 8805-4708
E-MAIL: [email protected]
Site do Organizador: WWW.GALINHAPULANDO.COM
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ENTRE OS MORROS DA MINHA INFÂNCIA
Um livro de Jacqueline Aisenman
Entre os Morros da Minha Infância está à venda com renda
cem por cento rever�da ao Hospital de Caridade Senhor Bom
Jesus dos Passos de Laguna, Santa Catarina.
Encontre aqui:
Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus Passos
R. Osvaldo Aranha, 280, Centro
Cep: 88790-000, Laguna SC
Fones: Central telefônica: (0xx)48 3646-0522 / DPVAT: (0xx)
48 3646-1237 / Fax: (0xx)48 3644-0728
h�p://www.hospitallaguna.com.br/
VOCÊ SABIA?
A revista VARAL DO BRASIL circula
no Brasil do Amazonas ao Rio
Grande do Sul... Também leva seus
autores até a América Latina, Amé-
rica do Norte e, claro, pela Europa.
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Site: www.varaldobrasil.com
Varal do Brasil - Maio de 2011
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SUL DA BAHIA: PARAÍSO AMEAÇADO EMANUEL MEDEIROS VIEIRA Queria falar sobre uma viagem pelo interior da Bahia, no carnaval, rodando quase 2000 quilômetros. Neste relato, vou concentrar minha meditação no belo Sul do Estado, mais especificamente, à região cacaueira (cuja geografia literária, conheci aos 20 anos, lendo os romances de Jorge Amado, como o belo “Terras do Sem Fim”). E é exatamente essa linda região que está sendo ameaçada. O Sul da Bahia é caracterizado por seu enorme patrimônio ecológico – paisagens de valor histórico e espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção. Neste lugar especial é que está sendo preparada a instalação do Complexo Porto Sul, com graves im-pactos, conforme denúncias de mais de 90 organizações da sociedade civil, que já assinaram um ma-nifesto pelo desenvolvimento sustentável e contra a referida obra. A região do empreendimento é parte da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada e Rio Alma-da, com manguezais, dunas e restingas e espécies raras da fauna e flora, locais que seriam gravemente afetados. A área onde se prevê construir o complexo tem uma importância planetária no que tange à sua mega-biodiversidade, como observa a Rede Sul da Bahia Sustentável, que tem se mobilizado contra o em-preendimento . É reconhecida pela UNESCO como reserva da Biosfera da Mata Atlântica e foi objeto de narrativas de importantes naturalistas – tais como Von Martius, Von Spix e Charles Darwin – que descreveram a região, constatando sua beleza natural, sua rica biodiversidade e os recifes de coral lá presentes. Estudos mostram que há alternativas menos impactantes e mais eficientes em termos econômicos, sociais e ambientais. Além disso, atividades como o cacau, o turismo ambiental e a pesca – que são economicamente viá-veis e de baixo impacto socioambiental –, valorizam a vocação da região. O porto oferecerá poucos empregos, exigindo a contratação de mão de obra fora da região, promoven-do o crescimento desordenado e caótico das cidades e vilas. A cultura do cacau é responsável por mais de 50% de toda a riqueza produzida no Sul da Bahia e em-prega cerca de 200 mil pessoas. Muitos empreendedores plantam cacau em meio à Mata Atlântica, com impacto mínimo na floresta. Só a região no entorno de Ilhéus, possui uma das maiores frotas pesqueiras da Bahia, empregando mais de sete mil pessoas. A região também vem se tornando um polo relevante de tecnologia e produção científica – atividades que, por suas características não trazem impactos ambientais. O turismo baseado no modelo de desenvolvimento sustentável, tem papel fundamental no combate à pobreza. O Sul da Bahia é um dos destinos mais importantes do Brasil, graças à natureza exuberante e ao patri-mônio histórico. A Bahia não merece tal Porto. Itacaré é um dos lugares mais bonitos do litoral brasileiro. O local também será afetado. Deixo para outra meditação: o governador quer trazer a todo custo uma usina nuclear para a Bahia. Às vezes, penso que o Apocalipse está nos nossos calcanhares. Alguns não percebem, outros ironizam e debocham de tais reflexões. O que está em jogo é a vida. Sim, a vida. Quando a maioria dos seres humanos descobrirem a Besta, poderá ser tarde – muito tarde – para a salvação. (Salvador, março de 2011).
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A Fundação Brasilea tem o prazer de convidá-los para esta exposição no nosso Centro Cultural .
ADALARDO NUNCIATO SANTIAGO
PSICOREALISMO
O artista
Adalardo Nunciato Santiago
estara presente.
15.04.2011 - 19.05.2011
Abertura: quarta-feira e sexta-feira 14 até 18 horas, quinta-feira 14 até 20 horas, ou com visi-ta agendada
PSICOREALSIMO. UMA VISTA PESSOAL.
Alguém me perguntou porque eu classificava minhas pinturas como psicorealistas. Respondi que, afinal, uma pessoa que se inclui no mundo da arte normalmente acaba por ser classificada, procurará alguma classificação para rotular suas produções ou deverá, se per-guntado por terceiros a que tipo de escola pertence, como, aliás, aconteceu comigo várias ve-zes, ter uma resposta. Os seres humanos, observo, são especialistas em criar rótulos, defini-ções. Estabelecem parâmetros e outras formas de distinguir uma ideia ou um objeto de outro. Eu poderia ser considerado um pintor cubista, um surrealista, um impressionista, etc., mas resolvi deixar os nomes do passado de lado e eleger um novo nome: PSICOREALISTA.
www.brasilea.com
A coleção permanente de Walter Wüthrich encontra-se aberta.
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A CIDADE QUE NAO DORME NEW YORK
Por Val Beauchamp
Um dos fatores que atrai turistas a Nova York, é sua fama de "capital do mundo". Sim, ela é. "The city", como é chamada a famosa Manhattan pelos "locals", cobre uma área de 780 quilômetros quadrados, com sua diversi-ficada arquitetura, culturas e raças. Parte da estrutura arquitetônica belissimamente já assentada contrasta com os novos empreen-dimentos destes últimos dois séculos.
Temos que dar um viva o Romantismo, que como todos sabemos desde o século XVIII estabeleceu não só no trivial do dia a dia, como transcendeu os valores da existên-cia humana com seus conceitos.
A Escola do Romantismo criou e projetou a arquitetura de Nova York. Tudo o que des-frutamos hoje foi minunciosamente projeta-do, todavia dentro de uma guerra competiti-va. Seu espaço, sua economia e sua cultura continuam latentes. E veteranos de Guerra como os arquitetos: Howard Roark (Daily News Building), Richard Morris (Carnegie Hall e o Metropolitan Museum of Art), John McComb Jr. e Joseph François Mangin (o City Hall [prefeitura], obra Neoclássica), Cass Gilbert (New York Life Insurance Bldg e US Court House), Carrere & Hasting (New York Public Library) etc., entre tantos, nos presentearam com esta paisagem urbana ma-ravilhosa e que faz da cidade, por si mesma, uma atração com suas obras e encantos. Para qualquer direção que se caminhe, estamos sempre cercados por um maravilhoso cartão postal.
As avenidas foram traçadas paralelas entre o Leste e o Oeste, sendo divididas pela 5a- Ave-nida. E suas ruas as cortando em sentido contrário ligando o Norte ao Sul da Ilha. Dentro desta estrutura a cidade oferece de tudo. Um passeio ao "Central Park" ao
"Botanic Garden" ou ao "Bronx Zoo", por exemplo, nos transporta a outra realidade, quase com ressonância na frase de Nietzche: "A alma nobre se auto reverencia", na ilha há espaço para isto.
Creio ser fácil para o turista em Nova York sentir-se perdido em meio às expectativas quanto à cidade e em suas buscas numa Nova York tão diversificada. Levando-se em consi-deração o sentido que cada um tem em sua vida e sua bagagem cultural particular, o mais importante é o que cada ser humano consegue vislumbrar e digerir em sua primei-ra visita à Big Apple. É justamente o primeiro impacto causado pela cidade que influirá em sua capacidade de projetar o que será dali em diante.
Um artigo de Carlos Alberto Schimidt de Azevedo nos coloca dentro desta realidade de projeção. A possibilidade de investimentos aqui e fantástica; por conseguinte a possibili-dade de intercambio de investimentos se tor-na ainda maior, pois com a ajuda da internet, sabemos através do "Brazilian Chamber of Commerce in NY" (Câmara do Comercio do Brasil em NY), sobre as magnificas "swaps" (trocas) imobiliárias entre imóveis desta cidade e muitos das nossas cidades bra-sileiras, principalmente na Costa Atlântica. Consequentemente se precipitando este in-tercâmbio turístico, poderemos aquecer o fantástico fator socioeconômico, mesmo com invernos rigorosos, como o de 2011.
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Nosso Momento
Por Varenka de Fátima Araújo
Procurando em parte.
No caminho que percorremos Descobrimos junto nosso momento
Vivenciamos com intensidade Apenas por nós dois
Ébrios de amor, loucura sentida Entramos num templo sagrado
Entre fragrâncias e cheiro de amor Firmamos juras de amor
Trocamos os anéis, mãos acertadas Uma união abençoada
Aproveitamos, pois, o momento
Brotando beijos e caricias Intensificando nosso desejo ardente
Sedentos para serem realizados Amor vivido, eterno no tempo
Nosso momento jamais esquecido
Imagem
de V
oorikvergeet
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Amor Meu, Amor Seu
Por Icléia Inês Ruckhaber Schwarzer
Hoje por muitos momentos me peguei pensan-do em você
O que realmente sentes por mim?
Por que me deixas tanto tempo sem noticias?
Qual o motivo deste afastamento?
Devo sentir tanta saudade de você?
Como posso sentir tudo isso se nem sei como tu és?
Não conheço teu cheiro
Não conheço teus secretos
Não conheço tuas vontades
Não conheço nada seu
Queria poder sentir teu abraço
Queria poder sentir tuas mãos
Queria ouvir sua respiração ao pé do ouvido
Sentimentos que afloram sem perceber
Sentimentos puros e inocentes
Sentimentos que podem crescer em almas sin-ceras
Desejo poder cuidar deste jardim
Desejo colher estas flores
Desejo regar com você este belo jardim
Venha vamos viver a felicidade deste amor
Venha vamos conhecer
O verdadeiro amor
Amor não tem idade
Amor não tem preconceito
Amor não tem medo
Amor é amar alguém da maneira que ela é
Amor é viver um intenso amor
Sem mesmo saber ou conhecer
Quando se nasce para viver este destino
De um modo ou de outro
Este amor desabrocha
Em jardins diferentes e até distantes
Assim como o nosso
Amor meu, amor seu
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Publicar ou não publicar, eis a questão. Tantos escri-tores já fizeram essas reflexões em busca de justifi-cativas para a retirada de um original da gaveta, a fim de entregá-lo aos possíveis leitores e à crítica. Elencar as justificativas é fácil, mas enfrentar o me-do do julgamento, nem sempre. José Alberto de Souza deu esse passo pensando, tal-vez, no tempo inexorável e decidiu “não passar em brancas nuvens”. Agora os leitores têm em mãos seus contos cheios de vida, recheados de humanida-de, de humor ou de drama. Vão seguir caminhos desconhecidos provocando reflexões, risos e identifi-cações, completando o ciclo que é a verdadeira razão para alguém escrever: ser lido. A repercussão que o livro “Para não dizerem que passei em brancas nuvens” possa ter, já não depende de seu autor e, apesar do medo da frustração, para a qual raramente estamos preparados, ele apostou na sua necessidade de partilhar frações preciosas da vida cotidiana com aqueles que agora abrem este volume. A leitura será agradável com certeza, e mais uma vez a mágica acontecerá: navegaremos em outras águas e descobriremos outros humanos como nós.
José Alberto de Souza nasceu em Jaguarão, RS. É casado com Gislaine Fagundes de Souza, com quem tem dois filhos: Jerônimo e Gil-berto e é avô de Mariana. É formado em Engenharia Mecânica pela UFRGS. Aposentou-se em 2001 como Técnico do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul. Em 1989, participou da Oficina de Cri-ação Literária da PUCRS, coordenada por Luiz An-tônio de Assis Brasil. Integrou a antologia “Contos de Oficina 5” (Ed. Acadêmica), com três contos. Fez parte do grupo Fábula, quando publicou mais três contos na antologia “Mais ao Sul do que eu pensa-va” (AGE, 1993). Colaborou com trabalhos nas cole-tâneas “Julinho 100 anos de história” (AGE, 2000) e “Olhares sobre Jaguarão” (Evangraf, 2010). É editor do blogue: http://poetadasaguasdoces.blogspot.com/
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MINHA GRÉCIA
Por Leônia Oliveira
Não são teus mares que me seduzem,
Mares há em todas as costas.
Nem tampouco é tua mitologia que me fascina,
Mitos há em todos os povos.
Não é tua anatomia que me excita,
Já percorri a anatomia feminina.
O que em ti há que me fascina
É o que desconheço,
O secreto da tua trajetória,
A possibilidade de haveres
Sem que eu perceba.
Fotografia de Christian Salaun
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Órgão emigrante
entra em crise
Rui Martins
Publicado em abril no Direto da Redação
Apenas seis meses depois de empossado, sur-ge uma crise dentro do conselho de emigran-tes, CRBE, que deveria provocar uma sua re-avaliação conceitual pelo novo governo. A crise aparente é a insatisfação de muitos su-plentes por não serem informados pelos titu-lares eleitos e de sequer poderem ir partici-par, mesmo como observadores, da reunião do CRBE, do 2 ao 6 de maio, em Brasília.
Na verdade, há uma disfuncionalida-de provocada talvez pela distância entre os membros do CRBE, agravada por uma difi-culdade de comunicação e de avaliação das expectativas e mesmo pela não integração de alguns membros dentro do grupo de traba-lho. Muitos se queixam da falta de retorno e de um contato próximo da Subsecretaria diri-gida por diplomatas, à qual está subordinado o CRBE, enquanto uma minoria de membros cumpridora de suas tarefas constata um imo-bilismo quase geral.
Porém, essa avaria funcional não é a causa principal. Ela decorre de um erro conceitual de criação. A falha não está na diferença de
capacidade organizacional dos membros e nem na maneira protocolar como são trata-dos pelo Itamaraty, mais habituado com uma direção verticalizada. A falha vem do projeto inicial.
O erro foi o de começar pelo fim e não pelo começo. Como se procurou frisar na I Confe-rência de emigrantes, em julho de 2008, o ponto de partida deveria ter sido uma Comis-são Mista de Transição para se estudar e ava-liar a instituição de um órgão emigrante in-dependente do Itamaraty. A função do MRE seria, naquela época, só a de lançadora do projeto de uma política brasileira de emigra-ção.
Porém, o governo, mal orientado e desconhe-cendo sua própria emigração, optou pela fór-mula paternalista de se criar um conselho de emigrantes encarregado de assegurar a inter-locução, a palavra enfática utilizada, entre o governo e os emigrantes. Só que a teoria na prática é outra coisa.
Como se iria criar um conselho representati-vo dos emigrantes? Optou-se por eleições e foram eleitos representantes de grupos e ape-nas alguns representantes de emigrantes. Com receio de serem ultrapassados pelos emigrantes, o Itamaraty lhes concedeu ape-nas uma assessoria sem qualquer poder de escolha ou de decisão. As eleições intempes-tivas, pois o mandato de Lula ia terminar e se queria concluir o mostruário da política da emigração, ocorreram sob denúncias de frau-des e de votos de cabresto.
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O resultado foram 28 mil votantes num total de 3,5 milhões de emigrantes, uma proporção ridícula em termos de representatividade. E qual a função desse órgão hipoteticamente re-presentativo dos emigrantes? Apresentar ao governo as reivindicações dos emigrantes. E, depois de terem sido detectadas umas 150 de-mandas principais, já se começa a cair forçosa-mente numa repetição anual.
Tudo se torna extremamente frustrante, quan-do se sabe que o governo pelo MRE discutiu com os outros ministérios e entidades gover-namentais as principais reivindicações dos emigrantes na III Conferência de emigrantes, sem a presença dos representantes dos emi-grantes no CRBE. Só uma voz se levantou para manifestar sua estranheza diante disso, porém os outros, conscientes de sua incapacidade de poder fazer alguma coisa, discutiam cartões de visita.
A gota d´água foi uma consulta feita por um dos conselheiros eleitos ao ter descoberto, meio por acaso, que um dos titulares não po-deria participar de todo o encontro do CRBE em maio, em Brasília. Para evitar que essa ir-regularidade ocorresse, a consulta invocava a necessidade da convocação do suplente substi-tuto. E aí ocorreu o inacreditável – o Itamaraty interferiu junto ao empregador do titular im-possibilitado de comparecer, para obter sua dispensa. E conseguiu.
Só que – e aí o chamado escândalo – descobriu-se que o empregador do titular era o Consula-do de Barcelona, ou seja, o titular do CRBE ti-nha conseguido recentemente um emprego no Centro de Estudos Brasileiros daquela cidade. Ora, de tutor do movimento emigrante, o Ita-maraty tinha conseguido ser também parte in-tegrante do Conselho de Emigrantes. E, se nin-guém protesta quando o chamado Conselho de Cidadania dos emigrantes terá como presiden-te o cônsul local, imaginou-se que ninguém levantaria a objeção de incompatibilidade fun-ção.
É verdade que o membro do CRBE exerce uma função voluntária, não remunerada (bastante
econômica para o Itamaraty que aposta na vai-dade de cada um) mas, segundo o decreto de criação, trata-se de função de alta relevância e, por isso, sua representatividade dos emigran-tes não pode ser acumulada com o exercício de uma função, mesmo por contrato local, numa repartição pública federal.
O vínculo empregatício advém do recibo de pagamento, se o salário foi versado por um ór-gão do governo, cria-se a presunção de assala-riado do governo e, portanto, impossibilitado de exercer ao mesmo tempo um cargo privati-vo de emigrantes. No caso de a recente criação do CRBE não ter provocado um regulamento a respeito, decorre uma incompatibilidade deon-tológica ou moral.
Porém, o governo poderia utilizar esse quipro-quó no CRBE para reavaliar sua política da emigração. Como disse um conselheiro suplen-te, « o governo assinou um Decreto criando o CRBE, mas nada impede que assine um outro Decreto ».
A solução, como temos afirmado desde 2007, é começar pelo começo e criar primeiro uma Se-cretaria de Estado dos Emigrantes, que com um quadro misto competente, com a contri-buição de todos os Ministérios, fixará as linhas estruturais da política de emigração. Ao mes-mo tempo, a bancada do governo obterá do Congresso a PEC criando os parlamentares emigrantes e, em terceiro lugar, se criará um amplo Conselho de Emigrantes.
E, coisa fundamental, tudo deverá ser feito sem a tutela do Itamaraty, inspirado num con-ceito de autodeterminação dos emigrantes.
PS. Apesar dessa questão em debate ter provo-cado reações pessoais, enfatizo mais uma vez que se trata de uma questão conceitual e políti-ca, que não envolve nem conselheiros do CRBE e nem diplomatas do Itamaraty, consi-derados como pessoas.
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Edeilton dos Santos: Nascido na cidade de Barra-Bahia
às margens do Rio São Francisco, tem o seu nome listado no
primeiro dicionário de autores baianos com a sua obra
“INSPIRAÇOES DE UM RIBEIRINHO”, livro “POEMAS” ano
de 2006. Antologias poéticas que participa, tem sua poesia
“NA CAPITAL” na antologia ano 3 de Valdeck Almeida de Je-
sus, na antologia o que é que a Bahia tem? Tem sua poesia
“PESCADORES DE ITAPUÔ lançado pela editora Literis,
também tem sua poesia “ESPERANÇA” na antologia Nordeste
de poesia, lançou seu primeiro CD “BARRANCOS DO VELHO
CHICO” voz e violão produção independente tem seu 2º CD
“IMPOSSIVEL ESQUECER” gravado em 2009, produção in-
dependente de Dé Barrense em parceria com Venicio Assun-
ção.
O seu terceiro trabalho, com o titulo “POESIAS E CANÇÕES”,
à convite do escritor e jornalista Valdeck Almeida de Jesus
para musicá-los 14 poesias do livro o Feitiço contra o Feiticei-
ro do Escritor Valdeck, e no filme Espelho D´água tem trecho
da sua musica “FUMAÇA BRANCA” fazendo parte da trilha
sonora do mesmo, que é musica do CD Barrancos do Velho
Chico.
___________________________________
O CD BARRANCOS DO VELHO CHICO
É um trabalho independente gravado em 2000, onde relato a vida do povo ribeirinho as margens do Rio São Francisco, suas belezas, alegrias, sofrimentos e cultura, letras de músicas dos meus antepassados que ficaram em minha memória. Relato em algumas músicas o desvio do rio São Francisco, porque tendo Deus arquitetado o mesmo só Ele poderá mexê-lo. Ain-da lembro quando os “vapores” chamados de gaiolas navega-vam, nas águas do velho Chico, tudo isso me fez escrever, o CD BARRANCOS DO VELHO CHICO e a herança do passado jamais posso esquecer, porque também fui filho de pescador daquelas águas barrentas, que muito naveguei e muito me banhei.
DÉ BARRENSE
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O TEMPO DE VOLTA
Por Sérgio Gibim Ortega
Tempo... quanto tempo,
trouxe-me uma saudade
perto de mim...
Tempo... já faz muito tempo
que vivo
sofrendo assim.
Se eu pudesse
reviver o passado,
queria trazer
ao meu lado... você
de volta pra mim.
Mas o que me importa,
se foi a distância
ou o destino
que nos separou.
Se o tempo faz saudade,
na minha memória
a saudade trouxe
você de volta pra mim.
Que importa?
Varal do Brasil - Maio de 2011
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GIRASSOL
Por Ju Petek
Gira Girassol
Gira ao sol o girassol
gira a si mesmo
gira lento gira quente
busca efêmera da luz
um perfume inexistente
clara evidente
que traga a mente
gira disforme a busca da luz
traz no circulo a alma afundada
atormentada
acorrentada.
Gira estonteante
apalpante
dilacerante.
Gira girassol
a procura do sol
ahhhhhh ......
que venha invadir
inundar
iluminar
retornar
à essência
em ser apenas
um lindo girassol
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Carrossel da Irmandade da Vida
Por Jania Souza
Em borbulhas de amor, dedo da Criação
descerra névoa da escuridão na revelação dos dias.
Seu sopro, berço suntuoso da vida
abre as páginas da poesia
escrita com a raridade e a perfeição ímpar
do Idealizador da beleza da diversidade da vida.
Formas multiplicam-se do uni ao pluri
em bandejas, verdes matas cerradas
desertos de areia, de sal, de gelo e até de al-mas...
A vida espalha-se por terras, rios e ar
na enchente de viventes sobre campos, oceanos, montanhas
até nas profundezas desconhecidas por todos os mortais
donde se ouve o silêncio do canto das flores
sepultura da paz, outrora reino do horizonte sem fim
no abraço à eternidade em pleno arrebol de alegria infinda.
Gotas de orvalho são lágrimas de prazer
sobre a magia debulhada da diversidade da vida.
A passarada entoa convite à reflexão sobre caos no planeta.
O arco-íris, essência da própria felicidade, sorri
e todos se encantam com a mensagem das cores
e o milagre da vida repete-se simples, constante, sem fim.
Tórrido vendaval esse amor aos sentidos
secreto segredo da abelha rainha
imã na atração à beleza da diversidade da vida.
Seu voo ébrio entre aromas sensuais e díspares
polemiza luxúria no mágico distúrbio de infindos tons
irresistível porta aos pecados humanos mundanos
rico oceano em fulgor, variedade de infinitas espé-cies
empréstimo ao brilho da harmonia do poder do universo.
Nem mesmo os parcos jardins de espinhos e egoís-mo ego
(veneno aterrador a devastar a vida no ecossiste-ma)
conseguem destruir a força da restauração dos sá-bios dedos das crianças
resistência aguerrida na preservação de todas as espécies.
Ante a resposta dos vivos à necessidade da vida
a Criação em sinfonia rejubila-se
com a variedade diversa da vida
numa beleza de encanto único, imperdível!
Maravilha magnífica de todos os sentidos
permeia a relação de baleias, homens, rouxinóis, andorinhas
comunhão do cosmo com o carrossel da irmanda-de da vida.
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DICIONÁRIO DE MULHERES Uma obra que você não pode deixar de ter!
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RÁDIO RAIZONLINE (http://www.raizonline.com/radio)
Com uma equipe de cultura de primeira qualidade como: ARLETE PIEDADE – DANIEL TEIXEIRA – JOÃO FURTADO – JOAQUIM SUSTELO – MAG-DA e muitos outros valores da cultura de língua portuguesa.
Daniel Teixeira
«Raizonline em Palavras Ditas»
todas as 2ªs Feiras das 22 h às 24 horas, com resumo e comentários sobre
os textos publicados no Jornal Raizonline da semana publicado no dia.
«Amigos de Sempre»
Todos os sábados das 22 às 24 horas (hora portuguesa) é um programa de
poesia / literatura / cultura geral lusófona e universal analisada e comenta-
da.
Arlete Piedade
Ouçam o meu programa Falar Poesia no horário das 23h à 2h
da madrugada de quarta para quinta - feira !
Musica, Divulgação de Poesia e Amizade.
Podem enviar para o meu e-mail: [email protected] poemas da autoria dos próprios e histórias curtas passadas na vossa vida ou de que tenham conhecimen-to e queiram partilhar. Para o Brasil no horário das 19 h ás 22 h de quarta - feira. América Latina e restantes países ver horas correspondentes neste Mapa dos Fusos Horários Mundiais: http://24timezones.com/hora_certa.php e lusófonos aqui.
Ouça o Programa de Joaquim Sustelo, SABOREANDO, às terças feiras,
das 22 às 24 horas, nesta rádio. Musica e muita poesia declamada.
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Genebra
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Por Maria de Fatima Barreto Michels Muito atento ao seu trabalho, ele estava sempre lá. Fazendo o piso, assentando tijolos, colocando tu-bulações, reboco e revestimento cerâmico. Sem elevador, subíamos seis andares diariamente, acom-panhando e fotografando a obra. Achei interessante a superfície daquele banco. Sobre aquele tosco banco o Manoel recortava com a serra mármore, ou maquita como ele dizia, os pisos e azulejos nos tamanhos necessários. A tábua que formava a parte do assento do banco estava a cada dia com mais sulcos, linhas retas que se cruzavam. Ali também ficavam pequenas porções de massa que respingavam quando o pedreiro subia para fazer o emboço na parte mais alta da parede da churrasqueira. Comecei a clicar semanal-mente o banco e o fazia em horários diversos para obter tons que variassem. Com alternadas posi-ções do sol no bairro Mar Grosso, eu ficava observando a história que, numa linguagem diferente, ia sendo escrita na madeira daquele banco. Em outro continente, na cidade de Genebra, uma escritora também criava, digitando no computador, as suas linhas. Antes de eu começar a observar a construção, outros homens já haviam trabalhado muito por ali, fi-nalmente vieram o pintor, o carpinteiro, e o eletricista e todos eles continuaram a utilizar o banco. Muitas pessoas trabalhavam e cada qual ia deixando seu autógrafo, naquele prédio. Lá da Suíça a Jacqueline convidava poetas e contistas, através da internet, para que juntos erguessem uma obra em forma de palavras. Um dia a escritora contratou a publicação dos textos de 38 brasileiros, dos quais entre ela uma dezena de lagunenses. Eu e Isabella, estudante de design industrial, sugerimos fotos diversas para a capa do livro, mas para nossa surpresa, entre flores, céu e mar a editora escolheu justamente uma parte daquele assento de banco que reunia muitas marcas. Tais riscos, na imagem fotográfica, convergem para uma rachadura que há na tábua. A fresta forma uma linha que liga horizontalmente ou, pode-se dizer, na qual estão dependurados muitos dos sinais de uma especial semiótica da construção civil. O livro se chama Varal Antológico, porque ele nasceu da revista virtual Varal do Brasil e trata-se de uma coletânea onde estão reunidos muitos autores. Fundamentada “numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado” poderíamos dizer que a fotografia, na capa do li-vro, conseguiu estender um metafórico varal. Um fio que começa com a escritora lá na Europa e vem até o pedreiro aqui no Brasil. Impossível aqui não me lembrar do filósofo e educador Paulo Freire: “Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.” Diferentes meios e formas de expressão: na obra civil as ferramentas, na literatura as palavras. A foto da capa é o comprovante dos inúmeros operários que naquele banco nos ajudaram a estender o VA-RAL ANTOLÓGICO. Quem não gosta de poesia? Quem não precisa de um varal?
O PEDREIRO E O ESCRITOR
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