literatura de intervenção
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Os músicos e cantores de intervenção sofreram aperseguição do regime do Estado Novo.
Nomes como os de Vitorino, Fausto, Adriano deOliveira e Zeca Afonso, entre outros, foram sinónimode contestação, oposição, luta pela liberdade.
Literatura e Revolução
Vitorino Fausto Adriano C. Oliveira
Zeca Afonso
As suas músicas e atuações eram proibidas, de modo
que a sua voz fazia-se ouvir sorrateiramente.
Muitos deles sofreram a prisão e exílio.
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A canção «A formiga no carreiro» de Zeca Afonso foi
editada porque a fábula expressa nessa composição
parece não ter sido interpretada pelos serviços de
censura.
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A FORMIGA NO CARREIROA formiga no carreiroVinha em sentido contrárioCaiu ao TejoAo pé dum septuagenárioLarpou trepou às tábuasQue flutuavam nas águasE de cima duma delasVirou-se pró formigueiroMudem de rumoJá lá vem outro carreiro
A formiga no carreiroVinha em sentido diferenteCaiu à ruaNo meio de toda a genteBuliu abriu as gâmbiasPara trepar às varandasE de cima duma delasVirou-se pró formigueiroMudem de rumoJá lá vem outro carreiro
Literatura e Revolução
A formiga no carreiroAndava à roda da vidaCaiu em cimaDuma espinhela caídaFurou furou à bravaNuma cova que ali estavaE de cima duma delasVirou-se pró formigueiroMudem de rumoJá lá vem outro carreiro
José Afonso, Venham mais cinco, 1973.
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A contestação ao Estado Novo e o 25 de Abril foram os momentos mais marcantes no que diz respeito à música de intervenção. Temas como "Grândola Vila Morena", de Zeca Afonso ou a "Tourada" de Fernando Tordo, tornaram-se intemporais e fizeram história. Ary dos Santos
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“Grândola, Vila Morena” é a canção emblemática da Revolução dos Cravos e de todos os que participaram no Movimento das Forças Armadas (M.F.A.); é o sinal para avançar com as tropas para derrubar o regime vigente de Marcelo Caetano; é o símbolo da vitória da democracia.
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Quanto à letra da canção, observamos que se faz o elogio de determinados valores e, de forma subentendida, a denúncia dos desvios e aberrações das instituições político-sociais salazaristas.
Literatura e RevoluçãoGrândola, vila morenaTerra da fraternidadeO povo é quem mais ordenaDentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidadeO povo é quem mais ordenaTerra da fraternidadeGrândola, vila morena
Em cada esquina um amigoEm cada rosto igualdadeGrândola, vila morenaTerra da fraternidade
Terra da fraternidadeGrândola, vila morenaEm cada rosto igualdadeO povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheiraQue já não sabia a idadeJurei ter por companheiraGrândola a tua vontade
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Escrita no final de
1972, "Tourada" foi a canção
escolhida para representar
Portugal no Festival
Eurovisão da Canção
1973, interpretada em
português por Fernando
Tordo.
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A canção tem uma letra que foi claramente entendida em Portugal como uma metáfora em que se comparava a tourada ao decrépito regime ditatorial do Estado Novo, a canção é uma crítica à sociedade portuguesa daquele tempo:
Entram velhas doidas e turistasentram excursõesentram benefícios e cronistasentram aldrabõesentram marialvas e coristasentram galifõesde crista.
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Na letra faz-se uma crítica ao snobismo e hipocrisia da sociedade:
Entram cavaleiros à garupado seu heroísmoentra aquela música malucado passodoblismoentra a aficionada e a caducamais o snobismoe cismo...
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Critica-se as contradições existentes na sociedade e os lucros de alguns:
Entram empresários moralistasentram frustraçõesentram antiquários e fadistase contradiçõese entra muito dólar muita genteque dá lucro as milhões.
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Na letra faz-se uma alusão à chamada Primavera marcelista, uma pretensa mudança efetuada no governo de Marcelo Caetano (mudavam os nomes, por exemplo, censura passou a ter o nome de "exame prévio", mas na prática pouco mudava):
estamos na praça da Primavera.
Canções de resistência ou canções de protesto,consideradas após a revolução de Abril de 1974como canções de intervenção são constituídas porpoemas e músicas de denúncia de um presente derepressão e surgem como luta por um mundomelhor.
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Fontes:
http://lusofonia.com.sapo.pt/literatura_portuguesa/literatura_engajada_PTsecXX.htm