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Início do Barroco no Brasil
Século XVII – Bahia – 1601.
Publicação de Prosopopeia, de Bento Teixeira.
Além da literatura, manifestou-se também nas artes
plásticas e na arquitetura, principalmente pela
obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
A Palavra Barroco
A origem da palavra
barroco é controvertida.
Alguns etimologistas
afirmam que está ligada a
um processo mnemônico
(relativo à memória),
enquanto outros afirmam
que designaria um tipo de
pérola de formato
irregular – a pérola
barroca.
Como forma de arte
O Barroco designa um estilo artístico quepredominou no século XVII, principalmente,na Europa, mas também em países da América,entre eles o Brasil, disseminado, entre outrosartistas, pelo celebrado Aleijadinho (AntônioFrancisco Lisboa, 1738-1814).
O Barroco é a arte da harmonia intensa, porvezes dramática, onde o contraste épredominante.
Vida Social no Brasil
A vida social girava em torno dos engenhos oudas grandes propriedades rurais e fazendas;
A dualidade era constante: a busca pelomodelo de civilização europeia convivia com aescravidão e a distância moral da igrejacatólica;
Eram raras as mulheres alfabetizadas. Asmeninas aprendiam a costurar, bordar e outrosofícios “exclusivamente femininos”.
Características do barroco literário
1. Cultismo:
Exagero de ideias;
Complexidade de sentimentos;
Abundância de figuras de linguagem.
Ao primeiro braço, que depois apareceu do mesmo menino
Jesus quando desapareceu do corpo.
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte fez todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.
Conceptismo
Premissa maior: Todo homem é mortal.
– Premissa menor: Sócrates é homem.
– Conclusão: Logo Sócrates é mortal.
Observe o Conceptismo no fragmento do Sermão do Mandato, do Pe.
Antônio Vieira:
– PREMISSA MAIOR:
O primeiro remédio que dizíamos é o tempo. Tudo cura o tempo, tudo faz
esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba.
– PREMISSA MAIOR:
Atreve-se o tempo a colunas de mármore, quanto mais a corações de cera!
São as afeições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de
durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas que partem do
centro para a circunferência, que, quanto mais continuadas, tanto menos
unidas.
3. Exagero
• Como reflexo do dilema o poeta exagera,
rebusca, dramatiza seus sentimentos;
• Melancolia, morbidez, valorização do trágico.
4. Contraste:
• luz x sombra;
• claro x escuro;
• terreno x espiritualidade (Carpe Diem);
• Efêmero x duradouro.
Principais autores:
Gregório de Matos Guerra – é considerado o
primeiro poeta brasileiro – por suas manifestações
satíricas sobre a Metrópole, Portugal, sobre mulheres,
religiosos e governantes, ficou conhecido como o
“Boca do Inferno” - ninguém escapava de suas
críticas.
Sua poesia dividi-se em lírica, satírica, erótica e
religiosa.
O poeta religioso
A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande
número de textos que tratam do tema da salvação espiritual
do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de
Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e
promete redimir-se. Observe:
Soneto a Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.
O poeta satírico
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à
situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador,
graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma
crítica ao então governador da Bahia Antonio Luís da Câmara
Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a religiosidade
presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio
das palavras rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por
satirizar seus desafetos.
Triste Bahia
Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
O poeta lírico
Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um
poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor. Na
poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher
bela que é constantemente comparada aos elementos da
natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta
os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela
angústia do pecado.
À mesma d. Ângela
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:
O poeta erótico
Também alcunhado de profano, o poeta exalta a
sensualidade e a volúpia das amantes que conquistou
na Bahia, além dos escândalos sexuais envolvendo os
conventos da cidade.
Necessidades Forçosas da Natureza Humana
Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.
Padre Antônio Vieira
Tornou-se notável pela qualidade dos seus
sermões, nos quais abordava assuntos morais,
filosóficos, sociais e políticos, posicionando-se
contra a corrupção, a ganância , a injustiça e a
escravidão.
Principais sermões:
Sermão da Sexágésima (1655):
O sermão, dividido em dez partes, é conhecido por
tratar da arte de pregar. Nele, Padre Antônio Vieira
condena aqueles que apenas pregam a palavra de
Deus de maneira vazia. Para ele, a palavra de Deus
era como uma semente, que deveria ser semeada
pelo pregador. Por fim, o padre chega à conclusão
de que, se a palavra de Deus não dá frutos no plano
terrreno a culpa é única e exclusivamente dos
pregadores que não cumprem direito a sua função.
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as
de Holanda (1640):
Neste sermão, o padre incita os seguidores a reagir contra as
invasões Holandesas, alegando que a presença dos
protestantes na colônia resultaria em uma série de
depredações à colônia.
Sermão de Santo Antônio (1654):
Também conhecido como "O Sermão dos Peixes", pois nele o
padre usa a imagem dos peixes como símbolo para fazer uma
crítica aos vícios dos colonos portugueses que se aproveitavam
da condição dos índios para escravizá-los e sujeitá-los ao seu
poder.
O Barroco e as outras formas de arte
Pintura - Caravaggio;
Escultura - Aleijadinho;
Se nas artes plásticas o século XVII tem
Rembrandt, El Greco, Vermeer, Velazquez e
Caravaggio, se a literatura nos dá Cervantes,
Shakespeare, Moliére, Racine, Calderón de la
Barca, a música deu poucas obras-primas de
experimentadores como Monteverde, Schuetz e
Purcell.
As figuras parecem emergir das sombras, é visível o
sofrimento no semblante das pessoas.
A deposição de Cristo, pintura de Caravaggio
"Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!"
(Gregório de Matos)
Tanto na imagem ao lado
quanto na frase de Gregório de
Matos, encontramos contraste -
no caso da foto - a vida e a
morte, no poema, o paradoxo
dos versos.Autoria desconhecida
Triste Bahia (Gregório de Matos)
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Gregório de Matos ficou conhecido como "Boca do
Inferno" por seus poemas satíricos que, entre outras
coisas, criticavam a situação econômica da Bahia
(local de origem do autor).
Nesse poema ele lamenta a situação da Bahia
(outrora rica) que é devastada pela exploração,
principalmente na época açucareira em que os
recursos naturais eram prejudicados para levar
riqueza à metrópole.
O poema termina com "Oh se quisera Deus que de
repente/Um dia amanheceras tão sisuda/Que fora de
algodão o teu capote!" que deseja que um dia a Bahia se
torne livre com a humildade de um tecido de algodão, longe
dos tecidos finos da Europa.
A melancolia com doses de saudades, pesar e exagero é uma
marca do período literário;
ANTÍTESES: Gregório retratou a época que a Bahia
enriqueceu graças à cana de açúcar "Pobre te vejo a ti, tu a
mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante"
Conceptismo no texto, já que carrega uma ideia de
raciocínio lógico e nacionalista. Também há o
emprego de metáforas;
Dualismo entre o terreno e o celestial, onde se fala
muito de Deus. Um duelo entre o antropocentrismo e
o teocentrismo. Um exemplo disso está na última
estrofe: "Oh se quisera Deus..