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ÁGUA PARA A VIDA, ÁGUA PARA TODOS 1 CADERNOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL LIVRO DAS ÁGUAS ÁGUA PARA A VIDA ÁGUA PARA TODOS

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  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    1

    C A D E R N O S D E E D U C A O A M B I E N T A L

    L I V R O D A S G U A S

    GUA PARA A VIDA

    GUA PARA TODOS

  • 2EXPEDIENTE

    Secretria Geral WWF-BrasilDenise Ham

    Superintendente de Conservao WWF-BrasilRosa Lemos de S

    Coordenao WWF-BrasilLarissa Costa Programa de Educao Ambiental e Samuel Roiphe Barrto Programa gua para a Vida

    Textos e Concepo PedaggicaAndre de Ridder Vieira Instituto Supereco

    Colaborao nos TextosLarissa Costa WWF-Brasil e Mnica Pilz Borba

    PesquisaAlbina Cusmanich Ayala, Eliane Santos, Luciana Nocetti Croitor, Maria Ficaris, Vinicius Madazio e Instituto Supereco

    Reviso Tcnico-pedaggicaAnita Pereira do Amaral, Elite Ribeiro Valotto, Mnica Osrio Simons e CEAG

    ColaboraoAnderson Falco, Mariana Antunes Valente e Waldemar Gadelha Neto WWF-Brasil

    RevisoVicente Emygdio Alves

    IlustraesRonaldo Coutinho

    Ilustraes em Massa de ModelarLiliane Dornellas

    Projeto Grfico e EditorialVia Impressa Projetos Editoriais Ltda

    Editorao EletrnicaVia Impressa Projetos Editoriais Ltda

    CTP/ImpressoLaborprint Grfica e Editora

    Dados Internacionais de Catalogao (CIP)

    WWF-Brasil.

    Cadernos de Educao Ambiental gua para Vida , gua para Todos:Livro das guas / Andre de Ridder Vieira texto:; Larissa Costa e SamuelRoiphe Barrto coordenao Braslia: WWF-Brasil, 2006

    72 p. 28 cm.Bibliografia.ISBN - 85-86440-18-3

    1. Educao Ambiental. 2. Recursos Hdricos. 3. Meio Ambiente. I. Vieira, Andrede Ridder. II. Costa, Larissa. III. Barrto, Samuel Roiphe. IV. Ttulo. V. Ttulo: Livrodas guas.

    CDD 372.357CDU 372.32

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    3

    Textos

    Andre de Ridder Vieira

    Realizao

    L I V R O D A S G U A S

    GUA PARA A VIDA

    GUA PARA TODOS

    C A D E R N O S D E E D U C A O A M B I E N T A L

  • 4Educao Ambiental pelas guas do Brasil

    O WWF-Brasil tem a grande satisfao de apresentar os Cadernos de Educao Ambiental

    gua para Vida, gua para Todos. Com eles, queremos convid-lo a embarcar conosco numa

    importante misso.

    Os Cadernos de Educao Ambiental gua para Vida, gua para Todos so um material educativo

    que objetiva envolver as pessoas com o cuidado das guas do Brasil. O primeiro dos dois volu-

    mes da publicao, o Livro das guas, traz um conjunto de informaes sobre a situao das

    guas no pas e visa estimular a pesquisa, a vontade de conhecer e de participar no seu cuidado

    e gesto. O segundo, um Guia de Atividades, sugere uma srie de aes e prticas para sensibi-

    lizar, construir conhecimentos, despertar a criatividade ao lidar com questes ambientais e cha-

    mar pessoas e grupos ao pelo meio ambiente.

    Sugerimos que o Livro das guas e o Guia de Atividades andem sempre de mos dadas, pois

    a interao entre eles certamente enriquece e amplia as possibilidades de uso do material. No

    deixe de visitar as pginas centrais dos dois volumes, l voc vai encontrar dados e curiosida-

    des, orientaes e sugestes para o seu uso. Vai encontrar ainda, indicaes de conexes entre

    o Livro das guas e o Guia que podem ajudar bastante no planejamento e aprofundamento do

    trabalho com o tema.

    As publicaes se destinam a todos que se interessem e queiram se aventurar pelo tema das

    guas, do meio ambiente e da educao ambiental. O material muito verstil e pode ser adap-

    tado por educadores, professor, monitores, recreacionistas, gestores sociais, lderes comunitrios

    e outros, no desenvolvimento de atividades de educao ambiental e mobilizao social com

    vrios pblicos. Por meio de uma linguagem simples e interessante, quase uma conversa, ele nos

    convida a olhar no espelho das guas e buscar nossa imagem refletida. Seja no trabalho, na

    faculdade, no condomnio ou na comunidade, basta querer inovar e recriar as atividades de acor-

    do com a sua realidade local.

    Quando utilizados no espao da escola, os Cadernos de Educao Ambiental gua para Vida,

    gua para Todos podem ser uma tima oportunidade de trabalhar questes ambientais. Eles so

    um instrumento pedaggico muito favorvel construo de processos transversais em Educa-

    o Ambiental. Que tal sua escola adotar a conservao da gua como tema gerador? Vale lem-

    brar que o desenvolvimento destas atividades poder ser melhor se trabalhado de forma integra-

    da ao Projeto Pedaggico da escola e se forem fruto de um esforo conjunto de professores,

    coordenadores e supervisores pedaggicos e o diretor da escola juntamente com toda a comuni-

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    5

    dade escolar. Ao trazer para dentro do seu espao as questes do mundo real, discutindo

    problemas e assumindo responsabilidades na mudana, a escola realiza seu importante

    papel na construo social.

    A gua, bem fundamental para a vida, influencia nossa histria, cultura, formas de viver e

    cotidiano. Ela est dentro de ns, como 70% do nosso corpo, e em toda parte. um reflexo

    do que somos. Sem ela a vida se esvai e nosso lindo Planeta Azul pode at mudar de cor.

    O Brasil o pas mais rico do mundo em recursos hdricos. Conta com 13,7% da gua

    doce disponvel do planeta, alm de abrigar enorme biodiversidade como o Pantanal

    a maior rea mida continental do mundo e a Vrzea Amaznica, a mais extensa floresta

    alagada da Terra. Apesar da privilegiada situao quanto quantidade e qualidade de

    suas guas, nossos recursos hdricos no vm sendo utilizados de forma correta e res-

    ponsvel. Super explorao, despreocupao com os mananciais, m distribuio, polui-

    o, desmatamento e desperdcio so fatores que demonstram a falta de cuidado com

    este valioso bem. O mau uso pe em risco a vida de todos os seres vivos e afeta direta-

    mente as diversas atividades humanas.

    A Misso gua para a Vida, gua para Todos um desafio para resgatar nossa ligao

    com a Terra, rever nossas aes individuais e coletivas e compartilhar reflexes com outras

    pessoas sobre como vamos cuidar das guas do Brasil. Leia, use, adapte e reinvente estes

    Cadernos. Eles so apenas um ponto de partida desta importante misso.

    Venha conosco! Cuidemos das guas do Brasil e de ns!O futuro est nas nossas mos!

    Denise HamSecretria Geral

    WWF-Brasil

    Larissa CostaPrograma de Educao Ambiental

    WWF-Brasil

    Samuel Roiphe BarrtoPrograma gua para a Vida

    WWF-Brasil

  • 608 Captulo 1 - Espelho dguaDistribuio da gua na terra

    Distribuio da gua doce no mundo

    De onde vem e para onde vai a gua que usamos

    Tabela sobre usos e abusos da gua

    Principais conflitos

    16 Captulo 2 - Fontes dguaCuidando dos mananciais

    Mananciais importantes para o abastecimento em capitais brasileiras

    A importncia de proteger as reas midas

    20 Captulo 3 - O sorriso de um rioO respeito pela vocao de um rio

    Caso Tiet

    Caso So Francisco

    24 Captulo 4 - De bem com a vidaQuando a sade fica doente

    Doenas transmitidas pela gua,

    Quando o meio ambiente fica doente

    Fazendo a nossa parte

    Abastecimento de gua, esgoto, lixo e energia nas escolas brasileiras,

    A gua que salva (soro caseiro)

    30 Captulo 5 - A ltima gotaDisponibilidade de gua no mundo x concentrao populacional

    Um pas de contrastes

    O grande jogo da vida

    A livre negociao da gua

    36 Captulo 6 - No fundo do pooDesmatamento

    Agricultura mal planejada

    Construo de reservatrios e barragens

    Minerao

    Sumrio

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    7

    Uso inadequado e desordenado do solo

    Despejo de efluentes

    Poluio difusa e fontes geradoras de poluio da gua x impacto

    42 Captulo 7 - guas sem fronteiras: a gesto depende de cada umO que e como se forma uma bacia hidrogrfica

    Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hdricos

    Os Comits de Bacias Hidrogrficas e suas competncias

    Como participar de um comit

    Por dentro das leis das guas

    Outorga: o direito de uso da gua

    Cobrana: cobrar hoje e poupar para o futuro

    Fundamentos da poltica de gesto de recursos hdricos

    O papel de cada um

    50 Captulo 8 - Janelas do futuroETA

    ETE

    Sanitrio seco

    Gesto integrada do lixo

    Reuso e reciclagem das guas

    Captao de gua da chuva

    Dessanilizao da gua

    Biorremediao

    Fundindo gua e floresta

    Eficincia energtica

    Sistema de irrigao

    Planos de manejo sustentvel

    58 Captulo 9 - Ciranda dguaMsicas, oraes e poemas com a gua

    62 Captulo 10 - Unindo os pingos dguaA mobilizao nas escolas e na comunidade

    65 Referncias bibliogrficas e dicas de sites

  • 8Espelho dgua

    A ONU Organizao das Naes Unidas escolheu o perodo de 2005 a 2015 comoa Dcada Internacional da gua, com o lema: gua, fonte de Vida. O ano de 2003 tambm foium marco para o tema, sendo considerado o Ano Internacional da gua Doce. um convite paraparar e refletir sobre de que gua estamos falando. Reflexo, gua e reflexo se misturam, paratentarmos entender por que tanto se discute sobre o assunto.

    Falamos de um elemento natural, cuja falta impede a vida na Terra; de um bem universal e dedireito de todos; de um elemento sem cor, sem cheiro e sem sabor, mas que pode inspirar artistas,msicos e poetas; de um meio de purificao e renovao da alma como acreditam os ndios e ossacerdotes; do fludo do tero materno que germina as sementes de nossas vidas e de um bemeconmico que garante o desenvolvimento e o progresso.

    H muitas definies para a gua. Convidamos cada um a se debruar sobre um lago, sobre umrio ou uma fonte. Que imagem ns vemos refletida? Reflexo, do latim reflectere, significa voltarpara trs, uma tomada de conscincia. Como cada um v e sente o elemento gua em sua vidae de que forma se relaciona com ele?

    O tema da campanha da ong WWF-Brasil e de nossa misso gua para a Vida, gua paraTodos um desafio para resgatar nossa ligao com a Terra, rever nossas aes individuais ecoletivas e compartilhar reflexes com os demais integrantes do Planeta Azul.

    A superfcie da Terra dominada, em 75%, pelas guas. Os 25% restantes so terras emersas, ouseja, acima da gua. Tamanha abundncia de gua cria condies essenciais para a vida emantm o equilbrio da natureza.

    Quem pensa que tanta gua est disponvel para o consumo humano est enganado, pois somen-te 2,7% de gua doce e grande parte est congelada ou embaixo da superfcie do solo.

    1

    Fontes: www.rededasaguas.org.br

    Distribuio da gua na Terra

    gua salgadagua doce

    Distribuio da gua doceno mundo

    Gelo das calotas polaresgua subterrneaLagos e pntanosRiosAtmosfera

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

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    A gua de fcil acesso, dos rios, lagos e represas, representamuito pouco do total de gua doce disponvel. Mas gua docetambm no significa gua potvel. Para isso a gua precisa serde boa qualidade, estar livre de contaminao e de qualquer subs-tncia txica. Acredita-se que menos de 1% de toda a gua docedo Planeta est em condies potveis. Realizando a atividade gua Vida e Indigesto de um curso dgua do Guia deAtividades, ficar bem mais fcil entender a situao.

    O problema se agrava, quando a quantidade de gua doce, deque tambm necessita a prpria natureza, tem mltiplos usos,sendo utilizada, ao mesmo tempo, por todos os habitantes doplaneta e muitas vezes de forma pouco sustentvel.

    S a agricultura consome 70% da gua doce mundial. A irriga-o sem tecnologia gera grandes desperdcios e, consideran-do-se a pecuria, os pastos e a gua para os rebanhos, o con-sumo ainda maior. Essas atividades, juntas, tambm geramoutros impactos, como a remoo de grandes reas de vege-tao e das matas ciliares, que protegem os rios e o solo, ecausam a poluio das guas pelo despejo dos agrotxicos.

    Estaramos em melhor situao, se houvesse bom uso e boagesto dos recursos hdricos. Afinal, o pior hbito o desper-dcio e o desconhecimento. Muitos ainda pensam: Tem muitagua, ento, para que economizar?

    World Bank, 2001

    Usos da gua no mundo

    AgriculturaIndstriaUso domstico

    A gua faz parte dopatrimnio do planeta.Cada continente, cadapovo, cada nao,cada regio, cadacidade, cada cidado, plenamenteresponsvel aos olhosde todos.

    Artigo 1 da Declarao Universaldos Direitos da gua

    Inst

    ituto

    Sup

    erec

    o

  • 10

    As informaes a seguir podem colaborar com a atividade gua Vida do Guia de Atividades.

    Na locomoo de navios,barcos e balsas.

    Nas usinas hidreltricas, nagerao de energia maremotriz,

    nos moinhos dgua, nasbarragens e represas.

    Varrendo caladas com gua limpa; deixando a torneira abertaao escovar os dentes, fazer a barba, lavar a loua; lavando o

    carro com a mangueira; tomando banhos demorados; torneiraspingando e vazamentos. Poluindo a gua limpa: lanando lixoe esgoto nos rios e crregos ou no vaso sanitrio, entupindo

    os encanamentos; no limpando a caixa dgua.

    Desperdcio de gua na rede de distribuio pelosvazamentos.Sistema de abastecimento de gua ineficiente,

    saneamento bsico, coleta e tratamento de esgoto, vazamentos,no tratando os esgotos coletados que sero devolvidos aos

    cursos dgua. Planejando de forma inadequada a gesto dosrecursos hdricos: separando a administrao da gua daadministrao do solo, da gua subterrnea, da gua desuperfcie, do suprimento de gua e dos ecossistemas

    aquticos, poucos processos de reuso da gua.

    Vazamentos, falta de manuteno de equipamentos, nas regasdos jardins, nas atitudes dos turistas. Lanando o esgoto sem

    tratamento e o lixo diretamente nos rios, crregos e praias.

    Vazamentos, equipamentos desregulados, lavagem de pisose ambientes das fbricas com desperdcio.Poluindo a gua

    durante a produo e, depois, devolvendo-a, sem tratamento aoscursos dgua. Pouco investimento em processos de reuso de gua.

    Tcnicas de irrigao que desperdiam muita gua em vazamentos.Utilizando excessivamente produtos e adubos qumicos. Jogando

    embalagens vazias no solo e nos cursos dgua. Desmatando reasde vegetao nativa e de proteo dos cursos dgua. Provocando

    a eroso do solo pelo mau planejamento do plantio.

    Vazamentos, lavagem de pisos e ambientes de trabalho,pelas atitudes dos funcionrios e usurios dos serviosde comrcio. Falta de manuteno dos equipamentos.

    Lanando lixo, leo e esgoto.

    Falta de manuteno dos bebedouros dos animais, desperdciode gua nos chuveiros para aliviar o calor, na lavagem dos

    estbulos, vazamentos nos encanamentos e redes de irrigaodas pastagens, tcnicas de irrigao que gastam muita gua.Causando eroso nos pastos, assoreando os cursos dgua,jogando lixo, restos de animais e fezes nos rios e crregos.

    Desmatando grandes reas de vegetao.

    Degradando cursos dgua; poluindo a gua com leo, lixoe resduos da lavagem dos motores e mbarcaes.Degradando

    as margens dos rios: desbarrancamento das margens pelasembarcaes, provocando a eroso e o assoreamento.

    Planejando de forma inadequada os projetos e obras: mudanano regime das guas, desmatamento, perda da fauna nativa,

    alagamento de grandes reas com a necessidade de remoode populaes ribeirinhas.

    Segmento Usando gua Abusando e esbanjando gua

    Geraode energia

    Domstico

    Pblico

    Lazer,turismo eesporte

    No abastecimento em geral,na higiene, na limpeza,

    na culinria, na rega de jardime hortas.

    Na limpeza de repartiespblicas, lavagem de ruas,

    manuteno de fontese chafarizes, rega de parquese reas verdes, em incndios,

    como meio de transportedos efluentes domsticos

    e industriais.

    No abastecimento da redehoteleira, passeios, hidrovias,

    manuteno de piscinas, represas,esportes nuticos, marinas.

    Industrial

    Em todos os processosprodutivos, no resfriamento

    e lavagem de equipamentos, pisose ptios, banheiros e restaurantes.

    Agricultura Na irrigao de todosos tipos de cultura.

    Comrcio

    Na limpeza geral e nos diversosusos em restaurantes,

    supermercados, postos degasolina, lava-a-jato, hospitais,

    armazns, consultriosodontolgicos, entre outros.

    PecuriaNo fornecimento de gua paraos animais e na manuteno

    das pastagens.

    Navegaoe transporte

    Fonte: Tabela construda a partir das referncias bibliogrficas pesquisadas.

    Espelho dgua1

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    11

    A Renovao do Fluido da VidaAo olharmos para cima, vemos gua caindo do cu. Ao olharmos parabaixo, vemos gua brotando do cho. Subindo no alto de uma monta-nha, podemos sentir o vapor refrescante das nuvens. Podemos ter aexperincia de andar sobre lagos congelados ou deslizar sobre a neve.

    Onde olharmos, encontraremos gua slida, lquida ou gasosa. Pareceque cada tipo tem uma origem diferente, mas, graas ao seu poder mgi-co, a gua consegue se renovar em tantos lugares e ao mesmo tempo.

    Vamos seguir as gotas?

    A gua que est nos mares e oceanos evapora com o aumento da tem-peratura, subindo para a atmosfera; encontrando camadas de ar frio,condensa-se e forma as nuvens. Do cu, ela cai na forma de chuva,granizo ou neve, indo para os mares ou terra. Ao cair, uma parte escorrepelos terrenos, formando riachos e rios, que podem atravessar cidades,Estados ou pases. Corre das partes mais altas para as mais baixas,at encontrar um lago, um mar ou um oceano. Outra parte da gua infiltra-se no solo, at encontrar uma rocha que no a deixa passar, preenchen-do todos os poros ou aberturas que encontra, alimentando as reservasde gua subterrnea chamadas lenis freticos e aqferos.

    A mensagem da gua.O cientista japons Masaru Emotocoleta amostras para sua pesquisaplanetria, a fim de constatar a influ-ncia do ambiente sobre a gua. Elefoi um dos principais conferencistasdo Frum Mundial da gua, realizadoem Kyoto, Japo, em maro de 2003.Seu trabalho vem levando conclu-so de que a gua pode ser um ve-culo de transmisso de paz e harmo-nia por onde ela passa. Seu livro,Messages from Water, traz vrias fo-tografias de cristais de gua, indican-do sua qualidade sob um ponto devista energtico. Experincias sub-metendo amostras de gua msicae a palavras vm provocando umarevoluo nos meios cientficos. Aosom das palavras amor e gratidotem-se um dos mais belos cristais degua j fotografados. Por outro lado,sob o som de palavras agressivas,obtm-se cristais com formasdistorcidas. A nascente de gua puraque jorra das montanhas tambmmostra maravilhosos desenhos geo-mtricos em padres cristalinos, aopasso que guas poludas e txicasde reas industriais, estagnadas oude tubulaes e represas mostramestruturas cristalinas disformes. Parasaber mais visite o site www.hado.net

    Ao som de palavras amorosas.

    Ao som de palavras agressivas.

    Cr

    dito

    : w

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    o.ne

    t

    Fonte: Heat, R. Hidrologia Bsica das guas Subterrneas. United States Geological Survey WaterSup Paper 2220. wwwcetesb.sp.gov.br

  • 12

    Aqfero Massa rochosa

    com alta porosidadee permeabilidade,

    contida entrepacotes de rochas

    impermeveis,que acumula

    gua subterrnea em quantidade

    e com vazo elevada,permitindo a sua

    explorao em fontesnaturais ou atravsde poos tubularesperfurados no local

    para atingir o aqferoem profundidade.

    Fonte: www.unb.br/ig/glossario

    Durante bilhes de anos, a gua vem se reciclando naturalmente, semfronteiras ou barreiras geogrficas, garantindo vida na Terra e multipli-cando seu uso de diversas formas.

    Em funo de seu ciclo natural, acredita-se que a gua nunca desapare-cer. Entretanto, se o mau uso continuar, encontrar gua potvel sercada vez mais difcil e raro, pois a contaminao ou poluio acontecefacilmente e pode ocorrer em qualquer fase do ciclo.

    At pouco tempo, o Planeta funcionava como um autopurificador e seussistemas naturais de filtragem eram suficientes para garantir a limpezados poluentes. O aumento da taxa populacional, somado ao modelo dedesenvolvimento, propiciou o crescimento desordenado das cidades e olanamento de lixo e esgotos sem tratamento nos corpos dgua. Inds-trias que lanam produtos txicos e o uso irracional de gua na agriculturalevaram ao aumento crescente da demanda por gua. A reduo de re-as verdes pelos desmatamentos vem alterando a quantidade e a qualida-de da gua e o clima. Os mecanismos de defesa da Terra acabaram seenfraquecendo e hoje temos um estresse de gua. Quem j passou poruma situao de estresse pode entender o que acontece.

    Apesar do volume de gua ser o mesmo desde a formao do planetaTerra, o consumo vem aumentando, principalmente nos ltimos 100 anos,conforme mostra o Grfico 1.

    Fonte: Aurelir Nobre Barreto engenheiro agrnomo M. Sc. Irrigao e Drenagem,pesquisador da Embrapa Algodo

    Grfico 1. Valores dos volumes de gua consumida no mundo de 1900 at 2000nos diferentes setores.

    Espelho dgua1

    Uso urbanoUso industrialUso agrcola

    1900 1920 1940 1960 1980 2000

    5000

    4000

    3000

    2000

    1000

    0

    Km3

    Os recursos naturaisde transformao da

    gua em gua potvelso lentos, frgeise muito limitados.

    Assim sendo, a guadeve ser manipulada

    com racionalidade,precauo eparcimnia.

    Artigo 3 da Declarao Universaldos Direitos da gua.

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    13

    O ciclo natural da gua no tem barreiras, o que aumenta nossa responsabili-dade com o fluido da vida. Qualquer ao danosa para a gua, em nvel local,pode trazer problemas para milhares de pessoas em nvel regional e mundial. como jogar uma gota de tinta em um copo dgua. Ela se espalha rapida-mente, mudando a configurao de toda a gua do copo.

    De onde vem e para onde vai a gua que usamos?

    A gua que chega at ns, ou que utilizada de alguma forma, tambm retornapara a natureza. Captada de um crrego, rio, lago ou reservatrio e levada atuma ETA Estao de Tratamento de gua para se tornar potvel, fica armaze-nada em reservatrios, de onde ser distribuda por meio das redes adutoraspara as nossas torneiras.

    A atividade Aquamvel e Do Rio ao Copo, do Guia de Atividades,pode contribuir para vivenciar a difcil tarefa de captar a gua.

    A maior parte da populao urbana abastecida por este processo. No meiorural, muitas comunidades tm que se virar para obteno da gua, individualou coletivamente.

    Toda gua utilizada em casa transforma-se em esgoto ou efluente, devendoser direcionada por meio de uma rede oficial coletora para uma ETE Estaode Tratamento de Esgoto. Consulte o captulo Janelas do Futuro paracompreender melhor este processo. Na estao, o esgoto tratado se transfor-ma em gua, sendo devolvida aos rios em condies de no prejudic-los,incluindo peixes e outros organismos aquticos.

    Nem sempre o acesso gua tratada, coleta e ao tratamento de esgotos realidade de todos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tstica-IBGE, em 2001, ainda existiam 116 municpios brasileiros sem abaste-cimento de gua, 33 sem coleta de lixo e 2.658 sem rede de esgoto no Brasil.Os captulos A ltima Gota e De Bem com a Vida mostram as desigual-dades sociais causadas pela falta dgua e de saneamento. Esta realidadeinspirou o tema Fraternidade e gua gua, Fonte de Vida, da CampanhaNacional da Fraternidade, em 2004.

    A Crise da gua, apontada pelos tcnicos e cientistas, ser enfrentada portodos, mas sero as populaes mais pobres as mais sujeitas a contamina-es diretas, pois continuaro a usar os crregos e rios, muitas vezes polu-dos, para higiene e abastecimento de gua.

    Segundo a UNESCO, na metade deste sculo, pelo menos dois bilhes depessoas, em 48 pases, sofrero com a falta de gua. Os habitantes deIsrael e da Palestina j vivem esta realidade. O que pensar sobre a situa-o dos brasileiros nos prximos anos? Para pensar no futuro, divirta-secom as atividades Dirio de um rio e Meu mundo, nosso ambiente,do Guia de Atividades.

    Agora vamos conhecer um pouco de nossa histria e mergulhar nos demaiscaptulos do Livro das guas.

    Brasil das guasformosas

    Os rios caudaesde que esta provinciahe regada soinumeraveis,e alguns mui grandes,e mui formosas barras,no fallando emas ribeiras, ribeirose fontes de que todaa terra he muitoabundante, e soas guas de ordinariomui formosas,claras, e salutiferas,e abundantes deinfinidade de peixesde varias especies,dos quaes h muitode notavel grandurae de muito preo,e mui salutiferos,e do-se aos doentespor medicina. (...)

    Ferno Cardim, sculo XVI

    Voc j pensouque as mesmas

    molculas de guaque os dinossauros

    beberam ou quebanharam Clepatrapodem estar dentro

    de voc nesteinstante?

  • 14

    Quando os europeus chegaram ao Brasil ficaram extasiados com a formosura das terras e aabundncia das guas. Observavam os ndios, que j utilizavam a floresta, a gua para beber,para a higiene geral, ou para os rituais e prticas simblicas. Foram aprendendo com eles omelhor jeito de sobreviver num clima tropical.

    Alm de utilizar os rios para atividades domsticas, os desbravadores fizeram deles verdadeirastrilhas de orientao. A navegao facilitou o acesso ao interior das terras brasileiras, permitido afixao de moradias em novas reas. Ao longo de rios e crregos foi se povoando o Nordeste como aproveitamento das guas para a produo de cana e acar para exportao. Em Minas Ge-rais, o Regimento das guas concedia aos garimpeiros o uso das guas para trabalhar na mine-rao. No Vale do Paraba e no interior de So Paulo, as guas da Mata Atlntica garantiram boaslavouras de caf e pastos verdejantes para a criao do gado leiteiro. Foi nesse contexto que oBrasil foi se desenvolvendo.

    Na construo das vilas, povoados e cidades, geralmente escolhiam-se reas elevadas, sendoque os fundos das casas eram voltados aos rios, despejando neles lixo e esgoto, desde o incioda urbanizao.

    Com o passar do tempo, as necessidades bsicas passaram a ganhar outras propores. A guatornou-se via de transporte, fora motriz de moinhos e energia. De l para c, a gua tornou-seuma grande ferramenta econmica para a urbanizao e a industrializao, mas nesse caminhode progresso que tambm esto as razes da degradao ambiental do Brasil.

    Somos hoje 6 bilhesde habitantes com umconsumo mdio dirio

    de 40 litros de guapor pessoa, bebendo,

    tomando banho,escovando os dentes,

    lavando as mos. A cadaminuto de chuveiro

    utilizamos 3 a 6 litrosde gua. Um europeu

    gasta de 140 a 200 litrospor dia, um norte-americano, de 200

    a 250 litros e,em algumas regies

    da frica, 15 litros pordia. Segundo os dadosda SABESP, gastando200 litros por dia, emSo Paulo, estamos desperdiando!!!

    www.sabesp.com.br

    Voc ver no grfico do captulo A ltima gotaque a concentrao de pessoas em centrosurbanizados provocou um enorme crescimento doconsumo de gua. Em cidades mdias e regiesmetropolitanas, como So Paulo e Recife, a faltade gua faz parte do dia-a-dia. Muitas fontes es-to poludas ou simplesmente secaram. Na RegioMetropolitana de So Paulo, segundo a SABESP Companhia do Saneamento Bsico do Estado deSo Paulo o consumo mdio dirio por habitantechega a 200 litros.

    O Pas continua sendo visto, por brasileiros e es-trangeiros, como uma das mais valiosas fontes degua doce do Planeta. Com um bom planejamentode distribuio e uso eficiente do potencial hdrico,gua no dever faltar ao Brasil. O que ainda falta a conscientizao e o combate ao desperdcio,uma melhor eficincia dos governos no abasteci-mento de gua e saneamento, uma gesto integra-da dos recursos hdricos e o compromisso das em-presas pblicas e privadas em conservar a quali-dade da gua.

    Espelho dgua1

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

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    O primeiro passo reconheceros nossos principais conflitos:

    Desconsiderao das caractersticas de cada regio paraa implementao dos processos de gesto das guas.

    Participao ainda muito pequena da sociedade na gestodos recursos hdricos e no cumprimento das leis ambientais.

    Necessidade de melhor estruturao dos rgos ambientais paracooperao e cumprimento de suas funes, como a fiscalizao.

    Poucos investimentos voltados preveno da poluio da gua,como sistemas de tratamento e esgotamento sanitriose programas de educao ambiental.

    Ausncia de monitoramento da qualidade das guas subterrneas,como os aqferos, e de seus processos de explorao,fundamentais para o abastecimento de gua, principalmenteno semi-rido.

    Degradao dos ecossistemas aquticos e obras que alteraramos ciclos hidrolgicos.

    Disposio inadequada dos resduos slidos, provocandoa contaminao do solo e da gua.

    Enchentes peridicas nos grandes centros urbanos, agravadaspelo crescimento desordenado das cidades, ocupao de reasde alto risco ambiental, como encostas de morros,vrzeas de rios e reas de mananciais.

    Agricultura mal planejada, com o uso abusivo de agrotxicos,resultando no desmatamento das bacias hidrogrficas,em processos erosivos e de contaminao do solo e das guas,no empobrecimento das vegetaes nativas e reduodas reservas de gua do solo.

    Inexistncia de prticas efetivas de gesto integradados mltiplos usos dos recursos hdricos.

    Conhecer e reconhecer o nosso espao fsico, as caractersticas e necessida-des regionais, o regime e distribuio de nossas guas, a fragilidade de nossanatureza, os fatores scio-culturais e o saber de nossos povos pode levar aum novo olhar sobre as guas do Brasil. Um olhar para romper as fronteirasgeogrficas e, como a gua, unir cidades, Estados e pases em uma novaprtica de cooperao.

    Gesto integradaDeve levar em contatodos os tipos deuso do recurso,quem ser beneficiadoe em que quantidadee qualidade a guaser utilizada.Observe a tabelados diferentes tiposde uso das guas.

    Fonte: www.unb.br/ig/glossario

  • 16

    Fontes de gua2

    Ao redor de riachos, bicas, minas dgua e chafarizes reu-niam-se os viajantes para um descanso merecido. Nas som-bras da Mata Ciliar se refrescavam e nos corpos dguabanhavam-se, matavam a sede, tratavam os animais eabasteciam os cantis para a longa viagem.

    Desde os velhos tempos, buscamos as fontes de gua. Coma urbanizao, foi preciso pensar em formas de levar a guamais facilmente para o consumo dirio: captando, tratando edistribuindo. Os rgos governamentais e as empresas pri-vadas passaram a retirar dos crregos, rios, regiesalagadias, lagos, represas ou at mesmo das guas sub-terrneas a gua para o uso geral, priorizando-a para o con-sumo humano. As fontes responsveis pelo abastecimentode uma regio so chamadas mananciais. Voc sabe dequal manancial vem a gua que voc consome?

    Antigamente, as nascentes das fazendas eram preserva-das, mas, com o aumento das reas para plantio, as leisde preservao passaram a ser desrespeitadas. O mesmoocorreu nas reas urbanas pela ocupao desordenada.Estamos diante de mais um desafio: na prpria fonte quea quantidade, a qualidade e a disponibilidade da gua es-to sendo comprometidas.

    A maioria das grandes cidades brasileiras est localizadano que seria o domnio da Mata Atlntica, da qual restaapenas 8%, conforme estudos da Fundao SOS Mata Atln-tica. O solo sem rvores facilmente carregado pelas chu-vas, junto com o lixo, o esgoto, o entulho e embalagens deagrotxicos para dentro dos cursos dgua. No que sobroudo solo recortado, h moradias de vrios tipos, aglomera-das no meio de chcaras, fbricas e pontos comerciais,onde se passa a produzir ainda mais lixo e esgoto.

    Uma sociedade comprometida pode redesenhar a sua his-tria buscando melhorar a gesto dos seus mananciais. preciso reconhecer que as reas dos mananciais soprioritrias para o abastecimento pblico, acima de qual-quer interesse, e protegidas por leis.

    Veja no captulo guas sem Fronteiras informaessobre a Poltica Nacional de Recursos Hdricos. Esta prevtaxas de ocupao que evitem o adensamento da popula-o, ndices de aproveitamento da gua, restries e fiscali-zao de elementos poluidores e manejo da vegetao.

    As informaes sobre mata ciliar iro colaborar com a ativida-de Ecofutebol do Guia de Atividades.

    Mata CiliarAssim como os cliosprotegem os olhos, a mataciliar protege as nascentes,crregos e rios. O termoMata Ciliar significa qualquerformao florestal namargem de cursos dgua.As Matas Ciliares foramreduzidas drasticamente e,quando presentes,normalmente so vestgios.Segundo o Cdigo Florestal(Lei 4.771 de 15/-09/65), obrigatria a conservaode 30 m de mata paracursos dgua com at10 m de largura. Por que to importante preservaras Matas Ciliares?Porque contribuem para:

    escoamento das guasda chuva;

    diminuio do pico dosperodos de cheia;

    estabilidade das margense barrancos de cursosdgua;

    ciclo de nutrientesexistentes na gua,entre outros.

    Fonte:www.educar.sc.usp.br

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

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    A questo dosmananciais est

    presente no CdigoFlorestal Brasileiro;na Lei no 6.938/81

    da Poltica Nacionaldo Meio Ambiente;

    na Lei no 6.766/79 doParcelamento do Solo

    e na Lei no 9.605/98 dosCrimes Ambientais.Vamos descobrir se

    existem leis estaduaise municipais

    especficas, na suaregio, para a questo

    dos mananciais?

    A populao deve conhecer as leis e cumpri-las. Programas de educa-o ambiental tm uma importante contribuio para traduzir as leis emprtica. A proposta da Misso gua para a Vida gua paraTodos, do Guia de Atividades, no pode ficar de fora.

    A implantao das APRMs (reas de Proteo de Mananciais) conside-ra a bacia hidrogrfica como uma unidade de planejamento e gestodos mananciais. Assim, as bacias tambm necessitam ser recupera-das e protegidas, com a participao de todos, coordenada pelos go-vernos e apoiada pelas ONGs, empresas privadas, associaes demoradores e escolas.

    Consulte o captulo gua sem Fronteiras para saber mais sobreBacias Hidrogrficas e sua gesto.

    Por meio dos instrumentos de gesto de recursos hdricos, possveldefinir qual ser a qualidade final de gua desejada para um rio, ummanancial ou uma bacia hidrogrfica. A OMS (Organizao Mundial daSade) sugere:

    Monitoramento: levantar, de forma organizada e regular, os dados de qualidade da gua emlocais selecionados, para atender os objetivos de uso humano, e acompanhar a evoluo daqualidade ao longo do tempo. As empresas e universidades tm um papel importante nasredes de monitoramento;

    Vigilncia: observar as aes na bacia hidrogrfica, especialmente aquelas que mais afetama qualidade das guas dos mananciais;

    Estudo especial: desenvolver uma campanha ou trabalho, para tratar da soluo de conflitos.

    Nota: Tabela estruturada a partir de informaes obtidas em entrevistas fornecidas at a impresso do material.O trabalho de pesquisa contou com o apoio de diversos profissionais e instituies envolvidas com a questo da gua em suas regies.

    Rio Descoberto

    Rio Meia Ponte

    Rio Cuiab

    Crrego Guariroba

    97%40%

    Regio Cidades Principal manancialde abastecimentoResponsabilidade do manancialno abastecimento da populao

    CENTRO-OESTE

    NORDESTE

    Braslia

    Goinia

    Cuiab

    Campo Grande

    62%50%

    Cerca de 65%

    55%

    Fortaleza

    Recife

    Rio Jaguaribe

    Rio Tapacur

    SUDESTE

    Sistema Cantareira

    Rio das Velhas

    Sistema Jucu/Santa Maria

    Sistema Paraba do Sul/Guand

    So Paulo

    Belo Horizonte

    Vitria

    Rio de Janeiro

    53%42%

    Cerca de 25%80%

    45 a 50%66 %99,5%

    SULCuritiba

    Florianpolis

    Porto Alegre

    Sistema Irai Tarum Iguau

    Sistema Cubato - Piles

    Guaba

    NORTE

    Belm

    Manaus

    Rio Branco

    Palmas

    Rio Guam

    Rio Negro

    Rio Acre e Igaraps

    Ribeiro Taquaruu

    75%90%85%70%

  • 18

    Fontes de gua2

    As prticas sugeridas pela OMS podem se transformar em idias para incrementar a Missogua para a Vida, gua para Todos, do Guia de Atividades, a ser desenvolvida na sua regio.Conhea e anote algumas dicas e prticas de preservao e recuperao dos mananciais. Algumaspodem ser feitas individualmente, outras requerem um grupo mobilizado com o apoio de instituies etodas devem ser lembradas nos momentos de deciso, como eleies, oramentos participativos ecriao de comits gestores.

    proteger e recuperar as APPs reas de preservao permanente, compostas de vegetao naturalao longo dos rios, lagoas, lagos e reservatrios naturais e artificiais;

    armazenar, coletar e dar destino adequado ao lixo; evitar o desmatamento e promover aes de recuperao das reas degradadas; incentivar a criao e a participao em comits, cmaras tcnicas e grupos de trabalho vinculados

    proteo dos recursos hdricos;

    Ao participar dos Comits de Bacias, voc pode colaborar ao:

    planejar os usos mltiplos da gua, respeitando limites, capacidades e qualidade para cada tipo deuso;

    estabelecer planos de saneamento, tratamento de esgotos domsticos e industriais, para atender asparticularidades de cada bacia hidrogrfica e seus recursos hdricos;

    elaborar, implementar e respeitar os planos diretores para uso ordenado do solo; ter cuidados no uso do solo e da gua, inclusive no destino final das embalagens de agrotxicos; estabelecer penalidades para as aes que desrespeitam as leis de proteo dos mananciais; adotar novas idias sugeridas pela sua comunidade.

    A indignao das gotas dgua de So Paulo

    ...No agento mais morar aqui. Tem tanto esgoto, que nem garrafa jogada na gua afunda!, diz a alagoana Maria, queh dois anos habita as margens da Represa Billings, o maior manancial da RMSP Regio Metropolitana de So Paulo.Indignada com tanto lixo espalhado, restos de entulho, esgoto a cu aberto e um monte de gente empilhada nas casas,engolindo rvores e nascentes da represa, ela pensa em voltar com os filhos para Unio dos Palmares (AL).

    Do outro lado da cidade, outra Maria fica indignada: O que voc tem a ver com isso, se eu pago pela gua?. Destavez Maria Paula, moradora de um bairro nobre de So Paulo, irritada porque Seu Artur lhe chamou ateno pelo fatode ter ficado trs dias seguidos lavando a calada com a mangueira. Seu Artur mais um, entre tantos paulistanos,afetados pelo racionamento de gua. Faz trs meses que no chove e a gua que chega casa de seu Artur e deDona Maria Paula vem do Sistema Cantareira, responsvel por abastecer quase 55% da populao da RMSP.

    Outros 3,8 milhes de paulistanos, que vivem das guas da represa da Guarapiranga, esto no mesmo barco.A Guarapiranga produz menos gua do que lhe retirada. Apesar de, no total, os mananciais do Sistema Guarapirangasomarem 10,3 mil litros por segundo, as Estaes de Tratamento Alto do Boa Vista e Teodoro Ramos operam com vazomdia de 12,5 mil litros por segundo. Ou seja, quase 2 mil litros por segundo so retirados a mais do que se deveria.

    Do lado de c, na prpria Guarapiranga vivem cerca de 650 mil pessoas, a maioria em loteamentos clandestinos e favelasque tambm produzem esgoto. Darivan, morador antigo da Guarapiranga, madrugou para chegar ao trabalho. Justo hoje,seu Marlow, marido de D. Maria Paula, que, por sua vez, vizinha de seu Artur, lhe pede para lavar a sua BMW com amesma mangueira que D. Maria lavou a calada h trs dias. D para ficar indignado, mas ordem do patro.

    Histria inspirada em dados reais da situao de escassez de gua enfrentada por So Paulo, com dados extradosdos editoriais da Folha de So Paulo e Estado, ano 2003.

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

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    O Guabacontribui com

    99,5% parao abastecimento

    de gua dePorto Alegre.E o inverso:

    Qual aresponsabilidadede cada cidadode Porto Alegre

    para com oGuaba?

    A importncia de proteger as reas midas

    Alm das fontes de guas do Planeta temos ainda reas midas, ou seja,reas onde a gua aparece na superfcie, prxima dela, ou cobre parte dossolos, temporria ou permanentemente. Os pntanos e charcos, as zonasribeirinhas e os mangues so alguns exemplos. So reas onde a gua fator determinante das condies ambientais e da fauna e da flora local.

    As reas midas do Planeta tm grande importncia ecolgica e social porseu valor cientfico, econmico, cultural e recreativo. A Conveno de Ramsar,realizada em Ramsar/Ir, s margens do mar Cspio, em 2 de fevereiro de1971, originou um tratado inter-governamental cujo objetivo a cooperaointernacional para a conservao e preservao de zonas midas ou reasalagveis do Planeta. Cerca de 119 pases do mundo assinaram a Conven-o, totalizando mais de mil zonas de preservao espalhadas pelos conti-nentes. Em 24 de setembro de 1993, o Brasil considerado o quarto pas domundo em superfcie de reas midas, validou sua participao na conven-o. Dentre elas, destacam-se as seguintes reas de preservao:

    Reserva de Desenvolvimento Sustentvel de Mamirau (AM),destacada no captulo Janelas do Futuro.

    rea de Proteo Ambiental da Baixada Maranhense (MA). rea de Proteo Ambiental das Reentrncias Maranhenses (MA). Parque Estadual Marinho do Parcel Manuel Luiz (MA). Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (MT). Parque Nacional da Lagoa do Peixe (RS). Parque Nacional do Araguaia (TO) com a ilha do Bananal, a maior ilha

    fluvial do mundo.

    Pantanal Matogrossense (MT)

    W

    WF/

    Can

    on -

    Frit

    z P

    lki

    ng

  • 20

    3 O sorriso de um rio

    O rio uma pessoa.Tem nome.Este nome muitovelho porque o rio,ainda que sempremorra, muito antigo.Existia antes doshomens e antesda aves. Desde queos homens nasceram,amaram os rios e tologo souberam falarlhes deram nomes.

    Rmy de Gourmont

    Se fizssemos uma viagem no tempo, h pelo menos 4 mil anos a.C.,j encontraramos nos rios um instrumento poltico de poder. A posseda gua era uma forma de dominao dos povos da Mesopotmia, quehabitavam os arredores dos rios Tigre e Eufrates. Controlando as en-chentes e a gua para a irrigao e abastecimento das populaes, ascivilizaes estabeleceram seus territrios e suas formas de relaeshumanas.

    H milhares e milhares de anos, os povos do Nilo, Amarelo, Indu eindgenas estabelecem suas aldeias, com sabedoria, sempre prximasde rios. Por nosso Brasil afora, encontram-se vrios rios e crregos comnomes de origem indgena, geralmente referindo-se a alguma caracte-rstica visual: Paran (semelhante ao mar), Ita (gua da pedra), Ipiranga(rio vermelho), Irati (terra das abelhas), e assim por diante. Os bandei-rantes e outros expedicionrios abriram caminhos pelas matas em bus-ca de riquezas naturais e, com freqncia, tiveram que usar os rioscomo parada e passagem. Vilas, vilarejos e povoados foram surgindo,usando os rios como verdadeiras cercas vivas.

    Reserva de Desenvolvimento Sustentvel de Mamirau (AM)

    Foto

    : Mar

    cos

    Am

    end

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    21

    Conhecendo a trajetria de vida dos rios, conhecemos a nossa histria. Pode-mos constru-la com as idias da atividade O Dirio de um rio, do Guiade Atividades.

    Os rios so muito mais do que espaos que contm gua. Eles abrigam umarica biodiversidade de fauna e de flora e nos oferecem mltiplos benefcios.Para acelerar o progresso, muitos rios foram modificados e encontraram pelafrente desmatamentos, queimadas, atividades extrativistas, agrotxicos, cons-trues de estradas e obras hidrulicas, moradias irregulares e muito lixo. Emalguns casos, no possvel mais reconhecer a sua forma e qualidade origi-nal. Grandes rios ligados histria da humanidade esto quase por morrer, emalguns trechos: o Nilo, no Egito, o Ganges, na ndia, o Amarelo, na China, oTiet, no Brasil.

    Consultando o captulo No Fundo do Poo, veremos que um rio a veiaprincipal do sistema circulatrio das guas e conheceremos como este siste-ma corre o risco de adoecer, pelos impactos que as guas podem sofrer.

    A recuperao do desenho original e das funes ecolgicas de um cursodgua, conhecida como renaturalizao, requer uma mudana radical defatores e interesses, principalmente em uma regio urbana. Grande parte darea de vrzea dos rios teria que ser abandonada, ou seja, avenidas marginaisdesativadas, habitaes desapropriadas, empresas retiradas, para que o re-gime natural fosse novamente respeitado. Na maioria dos casos, esta soluono vivel economicamente.

    Rio So Joo (RJ)

    E voc?Conhece bem

    a histria do riode sua cidade?

    Como ele era nopassado, como no presente

    e qual sero seu futuro?

    WW

    F/C

    anon

    - E

    dw

    ard

    Par

    ker

  • 22

    O sorriso de um rio

    Mas, se possvel devolver o sorriso a uma boca cheia de cries, comobturaes, limpeza e orientaes de higiene, tambm possvel fazerum rio sorrir novamente, com a sua revitalizao. A lgica deste proces-so tentar recuperar o rio devolvendo-lhe a vida e priorizando as condi-es da qualidade da gua. Veja as associaes que voc pode fazercom o tratamento dentrio: deixar os rios e crregos livres da ao dos elementos poluidores,

    evitando o lanamento de lixo e esgotos sem tratamento;implementando e melhorando as redes coletoras de esgotos, bemcomo um sistema adequado de coleta, tratamento e disposio dosresduos slidos;

    proteger as matas ciliares j existentes e promover a reposio davegetao nas margens, evitando a eroso e o assoreamento;

    proporcionar uma evoluo no curso das guas, com reas adicio-nais para a recuperao da forma mais natural possvel;

    melhorar os rios j canalizados, buscando valorizar e adaptar a pai-sagem para o seu aproveitamento, como a recreao e o lazer;

    investir em programas de educao ambiental que orientem as pes-soas para a importncia da sade do rio e a manuteno do trata-mento realizado.

    Importantes rios brasileiros esto doentes e influenciando todo o siste-ma circulatrio das guas das Bacias Hidrogrficas a que pertencem.

    O respeito pela vocao de um rio

    Se no nascemos para ser advogados, porque alguns insistemque tenhamos esta profisso? O mesmo pode acontecer comalguns rios, como o Uacum, no municpio de PresidenteFigueiredo, a 140 Km de Manaus (AM). Suas terras, cerca de2.380 Km2 da floresta amaznica, foram inundadas pelo lagoda hidreltrica de Balbina. A usina j foi implantada h anos eat agora a energia produzida pela hidreltrica, em plena car-ga, insuficiente para garantir o abastecimento dos habitantesde Manaus. A falta de chuva pode deixar Balbina sem gerarenergia, por meses, durante o ano. H problemas de manuten-o e o custo da energia gerada pela usina muito superior aode outras regies produtoras de energia do pas (Jornal Estadode So Paulo, 23/08/1998 e 22/04/1999) .

    Renaturalizao muito comumvermos a canalizaodos crregos.Isso traz uma sriede gastos futuroscom inundaese alagamentos.Hoje, a soluomais econmica preservar as margens,transformando-as emum local agradvel.A renaturalizao dosrios e crregos buscaresgatar os valoressimblicos, ecolgicose paisagsticos desseslugares, apresentandoalternativas evalorizando osespaos urbanos.

    Fonte: www.manuelzao.ufmg.br

    3

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

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    Rio Tiet

    Com cerca de 1100 km de extenso, quase um tero da rea total do Estado de So Paulo, o rio Tiet tem suanascente junto ao Municpio de Salespolis, na Serra do Mar. um rio que corre em direo contrria doOceano, lanando suas guas no rio Paran, em Itapura, perto do Mato Grosso. Obras hidrulicas e constru-es de barragens ligaram seus 400 km contnuos de franca navegabilidade aos 600 km navegveis do alto dorio Paran, criando a hidrovia Tiet-Paran. Como parte da histria de colonizao de nosso pas, o rio deuorigem a vrios povoados, quando os bandeirantes penetraram em suas margens em busca de ouro e pedraspreciosas. So Paulo teve a energia necessria para garantir o seu desenvolvimento com o rio Tiet e hoje elefaz parte da estrada que expande a fronteira econmica do Brasil com o Cone Sul. Banhos e competiesesportivas, em suas guas limpas, so atividades de uma poca distante.Em 1976, o ministro das Minas e Energia prometia revista Veja fazer uma pescaria no Tiet at o final dogoverno Geisel. Em 1992, 13 anos aps o mandato do presidente Ernesto Geisel, um abaixo-assinado, nico nahistria do Pas, reuniu mais de 1 milho de assinaturas pedindo a despoluio do rio. Iniciou-se o projeto Tiet,que j investiu mais de 1,1 bilho de reais, financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento. Mesmocom todo esse investimento ainda no podemos e nem poderemos por muitos anos pescar no rio. A primeiraetapa do projeto Tiet ampliou a coleta de esgotos na Regio Metropolitana de So Paulo de 70% para 79% eo tratamento passou de 24% para 65%, at 2001.A segunda etapa est orada em 400 milhes de dlares e deve ampliar a coleta de esgoto para 82% dosmoradores at final de 2006. A previso que, s depois da terceira etapa, o volume de esgoto despejado noTiet seja zerado.

    Fontes: SABESP e Fundao SOS Mata Atlntica

    Rio So Francisco

    Apelidado carinhosamente de Velho Chico, o rio So Francisco vem sendo explorado, desde 1852, com umpedido de Dom Pedro II para que se descobrisse suas potencialidades. Em 1913, o rio teve a construo daprimeira hidreltrica do Brasil, Delmiro Gouveia. Sua bacia ocupa 8% do territrio nacional, incluindo osEstados de MG, BA, GO, PE, SE e AL, alm do Distrito Federal. O trecho que vai da nascente, na Serra daCanastra em Minas Gerais, at Pirapora e inclui a barragem de Trs Marias, um dos mais importantes dovale. Alm de ser a regio que mais contribui com as guas do rio, o nascedouro e o maior reduto depeixes. Aps muitos debates polmicos foi prevista a transposio do rio So Francisco, que significadesviar parte de suas guas para captar 26 metros cbicos por segundo (m/s), para abastecer as bacias dosRios Jaguaribe (CE), Apodi (RN), Piranhas-Au (PB e RN), Paraba (PB), Moxot (PE) e Brgida (PE). Essasguas sero usadas para o abastecimento humano e para matar a sede dos animais. No se sabe muitobem quais os impactos ambientais que essa obra pode ocasionar na regio e essa questo vem sendodiscutida em todas as esferas do governo. A atuao do CEIVASF Comit da Bacia Hidrogrfica do RioSo Francisco e a criao de um Plano de Conservao e de Revitalizao Hidro-Ambiental da BaciaHidrogrfica do Rio So Francisco so importantes iniciativas para a sua proteo.

    Fonte:CEIVASF

  • 24

    4 De bem com a vida

    O galo canta ou o despertador toca. Todos os dias a gente levanta paraestudar, para trabalhar ou para se divertir. Tirando fora a preguia, o querealmente nos leva a desistir da idia de sair da cama ficar doente. Tersade condio fundamental para qualquer humano ser produtivo.No estamos falando somente de doena, mas sim de estar de bemcom a vida e com o nosso ambiente. A OMS Organizao Mundial daSade considera a sade como um estado de completo bem estar fsi-co, mental e social, e no apenas a ausncia da doena.

    A gua tem um importante papel nos trs estados da sade citadospela OMS, sendo fator de incluso ou excluso social. Populaes semacesso a gua tratada e saneamento ambiental so expostas a doen-as, ambientes sem esttica e m qualidade de vida.

    A gua tem uma contribuio fundamental para a sade e o bem-estardos seres humanos, auxiliando no controle e preveno das doenas,nos hbitos higinicos e nos servios de limpeza pblica; nas prticasesportivas e recreativas e na segurana coletiva, como meio de comba-te ao incndio. Na sade do meio ambiente, a gua o fluido da vida,mantendo o equilbrio e a beleza esttica do cenrio natural. Na econo-mia mundial, a sade do bolso pode ser muito mais afetada, quandogastamos para tratar a gua contaminada ou uma doena gerada porela do que quando prevenimos a degradao dos recursos hdricos.

    Quando a sade fica doente

    O consumo de gua contaminada, a falta de acesso ao saneamentoambiental e as condies de higiene inadequadas so responsveispelos problemas mais graves de sade, especialmente nas popula-es empobrecidas. Observemos alguns nmeros:

    mais de 1,1 bilho de pessoas,no mundo, no possuem aces-so gua de qualidade(www.rededasaguas.org.br);

    mais de 10 milhes depessoas morrem a cadaano, em decorrncia dedoenas relacionadas ingesto de gua contami-nada e falta de sanea-mento, sendo a maioriacrianas abaixo de cincoanos de idade (Organiza-o Mundial da Sade);

    atualmente, as doenasinfecciosas muitas de-las relacionadas qualida-de da gua matam duasvezes mais do que o cn-cer (Sinais Vitais 2003,Worldwatch Institute).

    Saneamentoambiental

    Conjunto de aes queenvolve o abastecimento

    de gua potvel, serviosde esgotamento sanitrio,

    coleta e tratamento dosresduos, drenagemurbana e controle de

    vetores e reservatrios dedoenas transmissveis

    com a finalidade deproteger e melhorar

    as condies de vidarural e urbana.

    Fontes: www.cidades.gov.br ewww.funasa.gov.br

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    25

    Segundo dadosdo Sistema

    nico de Sade,a cada R$1,00investido emsaneamento,as cidades

    economizamR$5,00 emmedicina

    curativa da redede hospitais

    e ambulatriospblicos.

    Fonte: PNSB-IBGE 2001

    Falta de rede coletora de esgoto no Brasil em distritos*

    Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico. Ano 2000. *Distritos=municpios e povoados

    Mortalidade proporcional por doena diarrica aguda em menores de 5 anos

    Fonte: Ministrio da Sade/Funasa/CENEPI . SIM Sistema de Informaes sobre Mortalidade.Perodo: 1998 Mortalidade proporcional: percentual dos bitos informados.

    Mortalidade proporcional por doena diarrica aguda em menores de 5 anos

    Fonte:Ministrio da Sade/Funasa/CENEPISIM Sistema de Informaes sobreMortalidade. Perodo: 1998Mortalidade proporcional:percentual dos bitos informados.

  • 26

    O censo realizado pelo IBGE, em 2000, registra quase 170 milhes de brasileiros habitando 5507distritos (municpios e povoados). Destes, cerca de 59% no possuem rede coletora de esgoto.Assim, podemos imaginar por que quase 7% das mortes, em 1998, de crianas menores de cincoanos, foram causadas por diarria aguda.

    Segundo dados da Secretaria de Ateno Sade do Ministrio da Sade, o Brasil teve, de 2001at julho de 2003, relatadas e identificadas, cerca de 780 mil internaes devido a vrias doenascausadas pela gua, gastando quase 152 milhes de reais. Das regies do Pas, a Bahia teve omaior ndice de internaes, com 124.484 casos, seguida de Pernambuco, com 75.889 casos.

    A forma mais comum de contrair doenas contagiosas a ingesto de gua e de alimentoscontaminados, mas algumas podem ser transmitidas por vetores animais ou contato direto com agua contaminada.

    Doena Modo de transmisso

    Clera

    Amebase

    Gastroenteriteviral

    Hepatite A

    Desinteriabacilar

    Esquistossomose

    Dengue

    Com suporte na gua: quando os agentes cau-sadores da doena so transportados diretamentena gua que a pessoa consome.

    Pela ingesto de alimentos ou gua contaminadacom matria fecal com os cistos da Entamoeba.Pode-se adquirir de outras formas, mas so bemmenos freqentes e esto restritas praticamente apessoas com a imunidade comprometida.

    Pela ingesto de alimento ou gua contaminada.

    Pela ingesto de gua e alimentos contamina-dos ou diretamente de uma pessoa para outra.O consumo de frutos do mar est particular-mente associado com a transmisso, uma vezque esses organismos concentram o vrus porfiltrarem grandes volumes de gua contamina-da. A transmisso atravs de transfuses, usocompartilhado de seringas e agulhas contamina-das tambm pode acontecer.

    Associada higiene: quando h insuficincia degua para a higiene bsica.

    Com base na gua: quando a doena transmiti-da por algum animal que vive na gua, ou quepassa parte de seu ciclo de vida em outros animaisaquticos, podendo causar infeco por meio docontato da larva com a pele da pessoa ou pelaingesto da gua contaminada.

    Associada a vetores desenvolvidos na gua:quando as infeces so transmitidas por insetosque usam a gua para procriar ou que picam nasregies prximas da gua.

    Vbrio cholera

    Entamoebahistolytica

    Rota vrus

    Vrus de hepatite A

    Bactria shigella

    Schistossoma mansoni,um verme parasita

    Vrus Flaviviridae,transmitido pela picada

    de um mosquito, oAedes aegypti

    Diarria abundante, vmitos ocasionais,rpida desidratao, acidose, cibrasmusculares e colapso respiratrio.

    Disenteria aguda, com febre, calafriose diarria sanguinolenta.

    Diarria, vmitos, levando desidrata-o grave.

    Febre, mal-estar geral, falta de apetite,ictercia.

    Fezes com sangue e pus, vmitos eclicas.

    Na fase aguda: coceiras e dermatites,febre, tosse, diarria, enjos, vmitose emagrecimento. Na fase crnica, ge-ralmente assintomtica, diarria alterna-se com perodos de priso de ventre, adoena pode evoluir para um quadromais grave com aumento do fgado ecirrose, aumento do bao, hemorragiasprovocadas por rompimento de veiasdo esfago, e ascite ou barriga dgua,isto , o abdmen fica dilatado.

    Febre, prostrao, dor de cabea e do-res musculares generalizadas. erupesna pele (parecidas com rubola), cocei-ra principalmente em palmas e plan-tas, nuseas, vmitos, dor abdominal,diarria, tonturas ao sentar-se oulevantar-se.

    Agente causador Sintomas

    Fontes: Ministrio da Sade/Secretaria de Ateno Sade/Fundao Nacional de Sade

    4 De bem com a vida

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    27

    Veja o nmero de internaes no Brasil de 2001 at julho de 2003: 616.090 casos de diarria e gastroenterite de origem infecciosa presumida,

    sendo gastos 116 milhes de reais; 2.998 casos de esquistossomose, sendo gastos 911 mil reais; 123.697 casos de dengue clssico e febre hemorrgica, sendo gastos

    28 milhes.

    Prevenir o melhor remdio. Muito sofrimento e gastos poderiam ser evita-dos oferecendo melhorias no acesso gua de boa qualidade e no saneamen-to bsico. Outras aes, como ferver a gua antes de beber, purificar a guacom cloro, lavar as mos e cuidados de higiene ao preparar os alimentos,tambm podem ajudar a reduzir grande parte dos problemas.

    Dicas de medidas preventivas

    Melhorar a distribuio e oferecer, de forma contnua, gua de boa qualidadepara o consumo humano.

    Promover a desinfeco adequada da gua. Oferecer sistema de esgotamento sanitrio adequado. Melhorar o saneamento diretamente nos domiclios. Evitar o consumo de fontes opcionais de gua, que possam estar contaminadas. Coletar regularmente, acondicionar e dar um destino final adequado ao lixo

    e s embalagens descartveis. Conscientizar os grupos de risco. Promover a educao sanitria. Melhorar a disponibilidade e a quantidade de gua suficiente para bebida, alimentao, banho,

    lavagem das mos e dos utenslios de cozinha. Melhorar os hbitos de higiene das pessoas. Isolar audes e reservatrios contaminados . Evitar e controlar a reteno de gua, em especial, das chuvas, em vasos, pneus, vasilhames,

    e outros ambientes que proporcionam locais apropriados para o desenvolvimento dos mosquitos. Abastecer as reas rurais com gua potvel para evitar o contato direto das pessoas com reas

    de proliferao de mosquitos. Evitar a permanncia nos locais prximos de gua e em horrios de maior incidncia dos mos-

    quitos transmissores das doenas. Investir em medicamentos preventivos, em vacinaes e em drenagens dos criadouros.

    Por que, em plenosculo 21, quando

    pesquisas paracombater doenas

    graves comoo cncer e a AIDS

    esto toavanadas, ainda

    gastamos recursoscom doenas dotempo de nossosantepassados?

    As doenastransmitidas pela

    gua atingemsomente as classes

    sociais menosfavorecidas ou

    tambm as elites?

    A gua que salva

    O soro caseiro a maneira mais rpida de evitar a desidratao em crianas com diarria - uma doena que mata pela perda de gua, desal e de potssio. Esta terapia salva, pelo menos, um milho de crianas por ano no mundo. Poderia salvar mais, se as mes preparassemo soro de maneira correta e hidratassem a criana logo no primeiro dia e aos primeiros sintomas da doena, sem deixar de lev-la a umposto de sade. A receita do soro caseiro deve ser feita com as colheres de medida oficiais, distribudas pela UNICEF, pela Pastoral daCriana, em igrejas e postos de sade. Ao fazer a receita com as colheres comuns, existe o perigo de errar a quantidade de sal, o que podeprovocar convulses numa criana desidratada. Toda colher-medida traz o modo de fazer o soro na sua superfcie, mas poderemos sersolidrios e responsveis, orientando as mes de forma prtica. Dica de consulta: www.pastoraldacrianca.org.br

  • 28

    A gua no deveser desperdiada,nem poluda,nem envenenada.De maneira geral,sua utilizao deve serfeita com conscinciae discernimento paraque no se cheguea uma situao deesgotamento oude deterioraoda qualidade dasreservas atualmentedisponveis.

    Artigo 7 da Declarao Universalde Direitos da gua

    Quando o meio ambiente fica doente

    E quem no tem rede de saneamento? Alguns fazem ligaes clandesti-nas na rede oficial de esgoto, mas a maioria lana os resduos em bueiros,terrenos, crregos e rios, ficando mais expostos a contaminaes. muitagente usando, abusando e poluindo a gua. Ao mesmo tempo, faltamaes governamentais eficientes para diminuir esses conflitos. Ento,como pretender que o meio ambiente tenha sade? No final, ns mesmos que pagaremos pela sua recuperao, como, por exemplo, peladespoluio do rio Tiet/SP, um dos mais poludos do Brasil.

    As pessoas no podem ser saudveis, se o seu ambiente tambm noo for. Nosso sentido visual aguado traz um grau de exigncia que vaialm da questo sanitria, to fundamental para a nossa sade. Quere-mos viver num ambiente belo e limpo, o que compreende manter asfunes dos ecossistemas em equilbrio, remover a sujeira ou resduosnocivos sade. O atendimento a estas condies tem um alto custo.No caso da gua, a parte mais dispendiosa no seu cuidado a constru-o, operao e manuteno de estaes de tratamento para a remo-o da cor e turbidez, sabor, odor e eliminao de seres que causamdoenas, deixando a gua com bom aspecto.

    Quanto mais o meio ambiente se degrada, mais perde sua qualidadeou sade, e mais caro ser recuper-lo. O estudo guas, Cidades eFlorestas, realizado pela ong WWF e pelo Banco Mundial, relata o casointeressante e positivo da cidade de Nova Iorque, que investiu cercade 1,5 bilho de dlares em preveno durante 10 anos, para manter,em condies de uso, suas reas de mananciais. Se tivesse investidonos mtodos tradicionais, buscando gua cada vez mais longe pormeio de grandes projetos de engenharia, gerando conflitos pela dis-puta da gua com outras regies, ou tratando a gua para removermetais pesados e outros poluentes, teria gasto 6 vezes mais, ou seja,cerca de 8 bilhes de dlares.

    Fazendo a nossa parte

    Vrias organizaes nacionais e internacionais, governamentais e no governamentais tm alertado so-bre a crise social da gua. Elas colocam como desafio e responsabilidade de todos a melhoria dosservios de acesso gua de boa qualidade e de saneamento. Para que esta meta seja atingida necessrio conhecer, com clareza, a realidade de cada regio do pas.

    No Brasil, a quantidade e qualidade de informaes sobre o estado de seus corpos de gua, principal-mente pelas suas dimenses continentais, diferenas geogrficas regionais e grandeza dos problemasde poluio e pobreza, ainda so muito pequenas.

    No captulo guas sem fronteiras, voc ver que um de seus princpios desenvolver umatecnologia de redes de monitoramento da qualidade de gua, acompanhando, de forma contnua, suasmodificaes. Para tanto a ao dos governos, universidades e pesquisadores muito importante, mascada brasileiro tambm pode dar uma contribuio: promover aes de educao ambiental e de educao para a sade, no seu ambiente de estudo,

    trabalho e lazer, para a conservao da gua e a melhoria das condies de higiene das pessoas; identificar, informar e mobilizar as autoridades e instituies sobre a realidade da gua de sua regio;

    4 De bem com a vida

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    29

    criar grupos de voluntrios para proteo das nascentes e reas de mananciais; promover um diagnstico da situao ambiental, econmica e social da gua, num determinado lugar e, a

    partir desse estudo, criar novas aes para os voluntrios. facilitar o acesso e circular informaes e alternativas para as populaes em situao de risco social.

    Que tal voc promover um chat sobre a situao das guas na sua regio, convidando especialistas einteressados em debater o tema? Esta idia est desenvolvida, passo a passo, na atividade Animandoum Chat Aqutico, do Guia de Atividades.

    Voc consegue levantar dados da sua escola ou comunidade para comparar e analisar com os dados da tabelaabaixo?

    Abastecimento de gua

    Regies

    BrasilNorte

    NordesteSudeste

    Centro-oesteSul

    N de Escolasdo Ensino Fundamental

    172.508 24.47581.87837.8078.523

    19.825

    RedePblica

    78.4915%

    39%34%7%

    15%

    PooArtesiano

    23.92015%47%16%6%

    16%

    Cacimba,Cisterna e Poo

    49.24117%65%9%3%6%

    Fonte, RioIgarap e Riacho

    23.53837%35%18%3%7%

    guaInexistente

    3.77514%74%7%2%3%

    Esgoto sanitrio

    Regies

    BrasilNorte

    NordesteSudeste

    Centro-oesteSul

    N de Escolasdo Ensino Fundamental

    172.508 24.47581.87837.8078.523

    19.825

    RedePblica

    44.6952%

    26%54%5%

    13%

    EsgotoFossa

    107.00415%54%13%5%

    13%

    EsgotoInexistente

    22.27536%58%2%2%2%

    Destinao do lixoRegies

    BrasilNorte

    NordesteSudeste

    Centro-oesteSul

    N de Escolasdo Ensino Fundamental

    172.508 24.47581.87837.8078.523

    19.825

    ColetaPeridica

    76.7106%

    33%36%8%

    17%

    Reutiliza

    1.2384%

    12%18%3%

    63%

    Queima

    70.95124%50%13%4%9%

    Recicla

    5.2792%8%

    35%4%

    51%

    Joga emoutra rea

    30.59215%77%4%1%3%

    Abastecimento de energia eltrica

    Regies

    BrasilNorte

    NordesteSudeste

    Centro-oesteSul

    N de Escolasdo Ensino Fundamental

    172.508 24.47581.87837.8078.523

    19.825

    RedePblica

    126.1187%

    44%28%6%

    15%

    GeradorPrprio

    3.29362%26%6%5%1%

    EnergiaSolar

    1.48819%56%13%7%5%

    EnergiaInexistente

    42.44832%59%5%3%1%

    Fonte para todas as tabelas: MEC/INEP, 2002

  • 30

    5 A ltima gota

    O mundo nofoi presenteado

    pelos nossosantepassados,

    mas emprestadopor nossos filhos.

    Provrbio africano

    Olhar a imensido do Planeta Azul d uma sensao de grandeza, de que agua algo que nunca vai faltar. Pensando bem, a quantidade de gua noplaneta, de fato, no se altera porque seu ciclo natural se responsabiliza pelasua manuteno.

    No podemos dizer o mesmo dos seres humanos, que se multiplicam rapida-mente e agrupam-se em espaos, cada vez mais urbanizados. Cada um, dosmais de 6 bilhes que vivem atualmente, precisando de milhares de gotasdgua para satisfazer as suas necessidades bsicas. Multiplicando todos oshabitantes por milhares de gotas d como resultado um grande consumo degua; somando as atitudes e comportamentos do desperdcio poluio, che-gamos a uma relao desigual entre natureza e seres humanos.

    Segundo a ONU Organizao das Naes Unidas, a metade dos 12.500 km3

    de gua doce disponveis no planeta j est sendo utilizada e, nos prximosvinte anos, esperado que a mdia mundial de gua disponvel, por habitante,diminua um tero. Imaginem duas em cada trs pessoas vivendo uma situa-o crtica de escassez de gua.

    Filmes que nos transportam ao futuro falam desse cenrio, mas a crise j antiga. Em 1967, israelenses e rabes j guerreavam por causa do desvio debacias hidrogrficas para o abastecimento de gua e, hoje, no Oriente Mdio ealgumas regies na frica, na sia, na China e na ndia, a disponibilidade degua para o consumo quase insustentvel.

    Um pas de contrastes

    Se o Brasil j rico em biodiversidade, quando o assunto gua doce, nodeixamos a desejar. Atramos os olhares do mundo todo. Segundo a ANA Agncia Nacional de guas, somos a maior potncia hdrica do planeta, com

    Fonte: UNESCO/ IHP Regional Office of Latin Amrica and the Caribbean, 2002

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    31

    13,7% do total mundial, garantida pela gua dos rios, em especial de trsgrandes bacias, Amaznica, So Francisco e Paran; pelo rico volume dechuvas tropicais; e pela maior reserva de gua doce subterrnea do mun-do, o aqfero Guarani, cujo tamanho igual ao territrio da Inglaterra,Frana e Espanha juntas e que cruza a fronteira de sete Estados brasilei-ros, avanando pelos territrios argentino, paraguaio e uruguaio.

    A maior parte de nossas guas doces est concentrada na Regio Ama-znica, onde mora a menor fatia da populao, com menos de 5 habitan-tes por km2. A regio sudeste, com mais de 100 habitantes por km2, abastecida pela Bacia do Atlntico Sudeste que detm somente 2,5% dedescarga dos rios. H ainda muitos brasileiros vivendo na seca, como nosemi-rido do nordeste, com baixa disponibilidade de gua e rios nocontnuos. Castigadas pela pobreza, comum vermos mulheres e crian-as nordestinas, assim como as mulheres indianas na sia, andaremquilmetros e quilmetros em busca de gua para as suas famlias.

    O IPA ndice de Pobreza e de gua vem sendo utilizado para caracte-rizar o estado de desenvolvimento de uma regio. O ndice demonstraque no s a quantidade de recursos disponveis que determina onvel de pobreza de um pas, mas tambm a sua eficcia. Os critriosavaliados so: recursos disponveis, acesso, capacidade, uso da guae impactos ambientais. Assim, mesmo ocupando uma boa posio naeconomia mundial, o Brasil alcanou a 50a colocao no IPA no estudodo CEH Centro para Ecologia Humana e CMA Conselho Mundial dagua, envolvendo 147 pases. Tal resultado pode ser atribudo formaineficiente do uso domstico, industrial e agrcola, agravado pelo cres-cimento populacional e pela falta de redes gerais e oficiais de abasteci-mento de gua para cerca de 12,10% de distritos, municpios e povoa-dos brasileiros. (IBGE, 2000).

    A diferena entre ricos e po-bres tambm aparece nas so-lues alternativas utilizadaspelas regies que mais care-cem de rede geral de abas-tecimento de gua. No nor-deste, as principais fontesalternativas de gua utiliza-das so chafarizes, audes,bicas, minas, cisternas, en-quanto, no sul, so os poosartesianos particulares. Valelembrar que, quanto mais po-os construirmos, mais esta-remos provocando o rebaixa-mento dos lenis freticos,tornando-se mais difcilalcan-los.

    Como garantir guapara todos, se a sua

    distribuio ocorre demaneira desigual no

    Planeta?Algumas regiesso privilegiadas,

    umas vivemem regime deracionamento,

    outras em completaescassez. Em geral, hmuita gua boa onde

    mora quase ningum epouca gua saudvelem reas densamente

    povoadas.

    Falta de rede geralde abastecimento de gua

    no Brasil (por regies)

    44,8% Nordeste31,5% Sul9,0% Sudeste8,0% Norte6,7% Centro-Oeste

    Fonte: adaptado do IBGE, Diretoriade Pesquisas, Departamento de Populaoe Indicadores Sociais, Pesquisa Nacionalde Saneamento Bsico 2000.

    Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

    Distribuio dos RecursosHdricos por populao em %

    do total no Brasil

    Fonte: SIH/Aneel, 1996, IBGE, 1996

    Recursos HdricosPopulao

    6,98

    68,5

    0

    28,9

    13,

    30 6,4

    115

    ,70

    42,6

    56

    15,5

    6,50

  • 32

    O grande jogo da vida

    Como vencer a distncia entre os vrios Brasis?No grande jogo da vida temos uma seleo forma-da por 170 milhes de brasileiros (Censo IBGE,2000), mas com equipes que jogam de maneiradesigual. Entre eles, tambm segundo o IBGE, cer-ca de 44 milhes passam fome, quase 10 milhesde famlias, e 8,8 milhes de famlias no possuemacesso gua potvel. Como tornar o jogo equili-brado para os Joss, Marias e tantos outros cida-dos espalhados pelos cantos do Pas?

    A desigualdade social e a cultura do desperd-cio estimulam cada um a jogar da maneira comolhe convm. Este retrato est presente nas aesindividuais e coletivas de descaso com a gua,somado ainda ao problema da guadesperdiada nas redes pblicas de distribui-o, que chega a at 40% em alguns casos, porcausa de vazamentos.

    A perda e o mau uso do potencial econmico dagua no Pas devem-se ao desconhecimento dapopulao sobre a dimenso real da crise dagua. Mas a situao principalmente resultadoda falta de um planejamento integrado do gover-no, incluindo o tema gua como estratgico emtodas as discusses e setores governamentais.Faltam investimentos para o uso e a proteomais eficiente da gua e a garantia de uma dis-tribuio equilibrada.

    Milhares de brasileiros iniciam, ao mesmo tem-po, sua jornada diria. Na floresta, na cidade ouno serto, todos comeam, de alguma forma, suavida com a gua.

    Enquanto isso, todos os dias, em vrias partesdo Planeta, outros milhes de habitantes continu-am a abusar, desperdiar e poluir a gua.

    Continuar ou no no jogo da vida depende deum esforo conjunto, com equipes equilibradas,tticas adequadas e planejadas de acordo comcada situao. Cada brasileiro, atuando como co-responsvel por esta seleo de jogadores, re-conhece que a gua potvel e o saneamento sodireitos humanos bsicos e fundamentais paratodos. O que precisa ser mudado e onde investirnossos esforos e recursos?

    5 A ltima gota

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    33

    A livre negociao da gua

    Com a escassez mundial de gua potvel, algumas regies esto negociandoacordos para traz-la de lugares distantes, com a construo de aquedutos,explorao ou transposio de rios. No Brasil, a transposio das guas do rioSo Francisco tem gerado inmeras discusses. Ao mesmo tempo, empresasganham espao e direito para explorar fontes de gua e ampliar seus serviosde saneamento bsico. Voc j percebeu a expanso do negcio da gua?Qual a quantidade de marcas de gua que existem nas prateleiras dos super-mercados? Quantas lojas vendem garrafes de gua potvel para as nossascasas e escritrios? A gua, um bem de primeira necessidade, est sendotratada como um bem econmico, sujeito livre negociao.

    A gua como mercadoria vem sendo debatida por movimentos ambientalistas ehumanitrios preocupados com os impactos sobre as diversas espcies deseres vivos e seus ecossistemas, bem como a dificuldade de acesso guapara as populaes mais pobres. Os grupos alertam para o caso de as empre-sas se apossarem de guas subterrneas, podendo vend-las como gua mine-ral, enquanto para o abastecimento da populao utilizam-se as guas superfi-ciais, mais sujeitas contaminao. Outra justificativa que as guas do subsolose renovam mais lentamente que as guas de rios e lagos. A mesma reflexo sefaz na execuo de grandes obras de transposio, que resolvero os proble-mas por algum tempo, mas afetaro milhares de seres vivos.

    A gua no somenteherana de nossospredecessores;ela , sobretudo,um emprstimo aosnossos sucessores.Sua proteo constituiuma necessidadevital, assim comoa obrigao moraldo homem paracom as geraespresentes e futuras.

    Artigo 5 da Declarao Universaldos Direitos da gua

    Um caso para pensar:Eleio e plebiscito no sul da Amrica guas de Outubro por Eduardo Galeano

    Um par de dias, antes de que, no norte da Amrica, se elegesse o presiden-te do planeta, no sul da Amrica, houve eleies e houve plebiscito numpas ignorado, um pas secreto, chamado Uruguai. Nessas eleies ganhoua esquerda, pela primeira vez na histria nacional, e, neste plebiscito, pelaprimeira vez na histria mundial, o voto popular ops-se privatizao dagua e confirmou que a gua um direito de todos. Tambm o plebiscito dagua foi uma vitria contra o medo. A opinio pblica uruguaia sofreu umbombardeio de extorses, ameaas e mentiras. Ao votar contra a privatizaoda gua, amos sofrer a solido e o castigo e amos condenar-nos a umporvir de poos negros e charcos fedorentos. Tal como nas eleies, noplebiscito venceu o senso comum. As pessoas votaram, confirmando que agua, recurso natural escasso e finito, deve ser um direito de todos e no umprivilgio daqueles que podem pag-lo. E as pessoas confirmaram, tam-bm, que no se chupa o dedo e sabem que mais cedo do que tarde, nummundo sedento, as reservas de gua sero tanto ou mais cobiadas do queas reservas de petrleo. Os pases pobres, mas ricos em gua, tm queaprender a defender-se. Mais de cinco sculos se passaram desde Colombo.At quando continuaremos a trocar ouro por espelhinhos? No valeria apena que outros pases submetessem o tema da gua ao voto popular?Numa democracia, quando verdadeira, quem deve decidir?

    Fonte: www//resistir.info

    Em situaesde racionamento,baldes j guardamlugar nas filas paraa chegada de guanas zonas ruraise caminhes de

    gua potvel rodampelas cidades,abastecendo

    aqueles que pagampelo servio. No

    mercado da gua,quantos podero

    pagar um litrode gua potvel

    engarrafada?

    Inst

    ituto

    Sup

    erec

    o

  • 34

    Apesar de a lei no 9.433, no Brasil, declarar a gua como um bem de domnio pblico e proibir suaprivatizao, ainda existem lacunas relacionadas gua subterrnea e conflitos no que diz respei-to ao Marco Regulatrio do setor de saneamento ambiental. Tais problemas podem gerar situa-es em que o interesse econmico se sobreponha s necessidades da populao e da natureza.Um exemplo de conflito que merece destaque foi a disputa entre vrios setores do Governo Fede-ral, Estaduais, Municipais e a sociedade civil organizada no caso da transposio das guas doRio So Francisco.

    A Cpula Mundial de Desenvolvimento Sustentvel, em Johanesburgo, frica do Sul, em 2002,reuniu vrios governos do mundo, organizaes da sociedade civil, agncias das Naes Unidas,instituies financeiras multilaterais, que se comprometeram a reduzir pela metade o nmero depessoas que hoje no tm acesso gua de boa qualidade no mundo, cerca de 1,4 bilho, e queno dispem de redes de esgotos, em torno de 2,3 bilhes, incluindo:

    atender necessidades bsicas: gua boa e suficiente e condies sanitrias para todos; garantir suprimento alimentar: especialmente para os pobres e os mais vulnerveis pelo uso da

    gua; proteger os ecossistemas: garantindo sua integridade via gerenciamento sustentvel dos re-

    cursos hdricos; promover a cooperao pacfica entre os Estados envolvidos e seus diferentes usos da gua,

    pelo gerenciamento sustentvel do nvel de base dos rios; gerenciar riscos: oferecendo segurana a partir de aes que evitem as doenas transmitidas

    pela gua; valorar a gua: gerenciar a gua a partir de seus diferentes valores (econmicos, sociais,

    ambientais, culturais); cobrar o uso para recuperar os custos de fornecimento, levando emconta a eqidade e as necessidades dos pobres;

    gerenciar a gua: envolvendo o pblico e os interesses de todos; garantir a integrao entre gua e indstria: implantando indstrias mais limpas com respeito

    qualidade da gua e s necessidades de outros usurios; garantir a integrao entre gua e energia: permitindo que a gua desempenhe seu papel-

    chave na produo de energia para suprir o crescimento de demanda desta; garantir a base do conhecimento sobre a gua, tornando-o universalmente disponvel; promover a integrao entre gua e cidades: reconhecendo os desafios distintos de um mundo

    crescentemente urbanizado, onde o interesse econmico se sobrepe s necessidadesda populao e da natureza.

    Para atingir essas metas, precisa-mos rever nossos conceitos, hbi-tos e comportamentos. Alm decuidar dos nossos rios e de eco-nomizar gua, produzir e consumirtambm so atos de cidadania.A gua matria-prima fundamen-tal na produo de itens e servi-os importantes para nossa vida,mas, quando consumimos em ex-cesso, tambm estamos desper-diando este precioso bem.

    5 A ltima gota

    1 kg de acar1 litro de gasolina

    1 kg de papel1 kg de alumnio

    1 kg de carne1 kg de frango1 kg de cereais

    1 kg de frutas ctricas1 kg de razes e tubrculos

    100 litros10 litros

    250 litros100 mil litros15 mil litros6.000 litros1.500 litros1.000 litros1.000 litros

    Para afabricao de...

    O consumo mdiode gua de...

    Fonte: ONU e www.mw.pro.br

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    35

    muito importante sensibilizar produtores e consumidores a pensarem em suas responsabilidadesfrente aos desafios do consumo sustentvel. Estimular as indstrias a refletirem sobre como osistema de produo pode afetar o meio ambiente e a sociedade e o que podem fazer para diminuiresses impactos: tendo critrios na captao da gua, evitando o desperdcio, promovendo arecirculao da gua no processo de produo e devolvendo a gua limpa para os rios. Estimular osconsumidores a pensarem sobre a compra de um determinado produto, levando em consideraose realmente necessitam dele, como o modo de fabricao e quais as alternativas no mercado quej respeitam o meio ambiente e a sociedade. Na compra de uma verdura, por exemplo, adquire-seum produto agrcola cuja produo consome muita gua. Hoje j existem tecnologias que, alm deno usarem adubos qumicos, evitam o desperdcio de gua na irrigao.

    Na produo responsvel, cada indstria preocupa-se com o uso dos recursos naturais, garantin-do a existncia deles para as geraes futuras e a continuidade de uso das matrias-primas nasua produo.

    No consumo responsvel, cada pessoa preocupa-se com seu consumo pessoal, em ser solidrioe respeitar as comunidades, fazer a sua parte, somando a sua ao com a de outras pessoas. Asescolas tm um papel fundamental na formao de consumidores responsveis. Um barco, umgalpo, uma sala de aula ou um quintal de um stio so espaos nos quais educadores e alunospodem compartilhar seus interesses e reconhecer aqueles que respeitam seu ambiente e seusvalores. Esta idia precisa ultrapassar os muros das escolas e ser difundida em todos os lugares.

    Assim, veja quando a gotinha se torna triste ou feliz:

    A cada minuto de banho voc gasta de 3 a 6 litros. Quantoslitros voc precisa para se banhar? Ser que voc um consu-midor sustentvel?

    Escovar os dentes com a torneira fechada.

    Lavar o carro, durante meia hora, com uma mangueira abertaconsome cerca de 600 litros. Um balde faz o mesmo trabalho egasta s 60 litros. Em So Paulo existe uma lei que probe lavarcarros nas ruas da cidade.

    Instalar torneiras com fechamento automtico, em escolas eempresas, pode economizar cerca de 25% da gua.

    Consertar pequenos vazamentos, como um buraco de 2 mil-metros, pode economizar at 3200 litros de gua em um dia.Isso significa abastecer uma famlia de 4 pessoas por quaseum ms.

    Regular a vlvula da descarga pode diminuir em trs vezes oconsumo de gua. Troc-la por vasos sanitrios com volumede descarga reduzido pode economizar at 40% de gua.

    Reutilizar gua da mquina de lavar roupa para lavar o cho dacozinha, rea de servio e quintal.

    Educar as pessoas.

    Criar incentivos econmicos para quem consome gua de for-ma mais eficiente.

  • 36

    6 No fundo do poo

    Vamos fazer uma comparao entre o nosso corpo e a gua. No ser humano, o sistema circulatriotem vrias veias e artrias que conduzem o sangue por todo o corpo, transportando oxignio enutrientes essenciais vida de todos os rgos. Neste ciclo, o sangue constantemente renova-do, mas a sua quantidade permanece a mesma. A rede hidrogrfica tambm responsvel portransportar as condies de vida a todos os seres, sendo a gua renovada naturalmente pelo seuciclo. Sangue e gua podem ter um mesmo e triste final, se o sistema circulatrio for entupido pelocolesterol ou poludo pelas gorduras, tendo sua fluidez alterada, assim como nossos rios sodegradados pelo assoreamento, pelo lanamento de poluentes ou pelos solos impermeabiliza-dos. A quantidade de sangue pode ser afetada, se a pessoa tiver uma hemorragia, assim comoquando retiramos grandes volumes de gua de um rio para diversos fins, numa velocidade equantidade maiores do que a capacidade de renovao natural das guas superficiais. Em ambosos casos, o sistema entra em colapso pelos impactos causados. Pessoas e rios podem morrer.

    Toda e qualquer ao humana que afete, direta ou indiretamente, no todo ou em parte,o meio ambiente pode ser definida como impacto ambiental..... No caso da gua, o primeiro e maissignificativo impacto a viso de propriedade que o ser humano estabeleceu: Somos donos dagua e ponto final. Vemos a gua como uma mercadoria ou como um bem sempre disponvel,esquecendo-se de sua funo principal na natureza. Por essa razo ou por falta de conhecimento,simplesmente nos permitimos us-la e polu-la de diversas formas e acima do seu limite.

    Limite!Limite!Limite!Limite!Limite! Esta uma palavra conhecida de todos. Sabemos exatamente quando algum passa doslimites... Esgota a nossa pacincia...Ou quando esgotamos todas as nossas possibilidades at irao fundo do poo. Esta uma expresso que comea a fazer parte do cenrio da gua.

    Vejamos alguns impactos que afetam diretamente a quantidade e qualidade das guas doces.

    Desmatamento

    A vegetao tem influncia direta sobre a distribuio de gua no planeta, atuando no regime daschuvas, na umidade do solo e no volume dos rios. como se tivssemos uma balana a serequilibrada. Quando a chuva cai em uma regio arborizada, escoa lateralmente pelos troncos efolhas das rvores e alcana o solo de forma suavizada, diminuindo o impacto da gota ao cair no

    cho. Uma parte desta gua evaporada ou absorvida antesde chegar ao solo. A transpirao das plantas ajuda a controlara circulao de quase metade de toda a chuva que cai sobre aterra. A camada orgnica da superfcie do solo, que funcionacomo uma esponja, retm a outra parte da gua e isso contri-bui para que ela mantenha a sua umidade. Assim, a gua su-perficial que ser levada para os rios lanada aos poucos,evitando as enchentes durante as estaes midas. Duranteas secas, a gua armazenada ser fornecida ao meio ambien-te atravs do seu fluxo natural.

    A capacidade das plantas de reter gua e de restitu-la at-mosfera condiciona o regime hdrico em escala regional e glo-bal. possvel imaginar as conseqncias sobre o clima deum desmatamento em grande escala?

    Se o clima pode ficar ruim, a gua pode ficar pior. Quandoretiramos a cobertura vegetal de um lugar, deixamos o solodesprotegido. A capacidade do terreno de reter a gua da chu-va diminuda e esta passa a escorrer muito rpido, arrastan-

    Fazemos um convite,para que cada um nasua regio procure

    identificar que tipo deimpactos podem fazera ltima gota do poosecar. As descobertas

    podem surgir comas sugestes do Guia

    de Atividades,em especial,

    a realizao dasatividades de

    investigao e buscade conhecimento.

  • G U A P A R A A V I D A , G U A P A R A T O D O S

    37

    Vamos compararo comportamentoda gua da chuvaquando cai sobre

    as rvores ou sobrea grama, sobre umacalada ou sobre um

    solo desmatado?

    do a camada superficial do solo. Alm de se iniciar um processo deeroso e de perda da fertilidade do solo, os materiais arrastados com agua vo se acumular no fundo de rios, lagos e fontes, deixando o leitodo rio cada vez mais raso, ou seja, ocasionando o seu assoreamento.....

    Agricultura mal planejada

    O Brasil chega a perder, todo ano, toneladas de solos frteis em razo deuma agricultura mal planejada, aliada prtica de monocultura extensiva,queimadas e desmatamentos. Junto com o solo, tambm perdemos gua,quando a eroso carrega os sedimentos, causando o assoreamento doscursos dgua. Se a quantidade de gua fica comprometida, a qualidadeno fica para trs. A necessidade de aumentar a produo tem levado osagricultores a utilizarem fertilizantes e agrotxicos de forma exagerada esem critrio. Muitas vezes, o aumento de reas produtivas invade asmatas ciliares, comprometendo os corpos dgua da regio. Os produtosqumicos usados diretamente nas plantaes e suas embalagens des-cartadas a cu aberto, apesar de existirem alguns programas de coletadeste material, so levados at os rios, crregos e lagos, ou acabaminfiltrando-se no solo, contaminando as guas subterrneas. Os descui-dos no so poucos: o rio Miranda, no Mato Grosso do Sul, encontra-seafetado pelo assoreamento causado pelo cultivo intensivo de arroz; oaqfero Guarani est contaminado pelos agrotxicos das atividades agr-colas e o rio So Francisco, carregado de substncias txicas que vmdas atividades de carvoaria.

    Consultando o captulo Espelho dgua, vemos que a irrigao,sem tecnologia, representa um grande impacto causado pela agricultu-ra. Alm de consumir muita gua, el