lÍngua portuguesa 1º ano - volume ii centro de ensino ... · unidade iii – barroco em portugal...

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1 LÍNGUA PORTUGUESA 1º Ano - Volume II Centro de Ensino Médio Setor Oeste Organização e Elaboração: Professora Edna Torres. CEMSO

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SUMÁRIO

Unidade I – BARROCO 03

Unidade II - ESTRUTURA DAS PALAVRAS 08

Unidade III – BARROCO EM PORTUGAL 14

Unidade IV – FORMAÇÃO DE PALAVRAS 22

Unidade V – BARROCO NO BRASIL 31

Referências Bibliográficas - 32

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--

BARROCO

As Vaidades da Vida Humana (c.1645) Harmen Steenwyck

.

O BARRCO foi um movimento

cultural e artístico que se estendeu do final do século XVI

até o início do século XVIII. Começou na Itália e alcançou

vários países europeus e algumas de suas colônias, como

o Brasil.

CONTEXTO HISTÓRICO

1) REFORMA PROTESTANTE Causas:

MORAIS - Imoralidade e corrupção do clero católico; nicolaísmo; simonia; indiferença com os necessitados.

ECONÔMICAS - A Igreja Católica era a instituição mais rica da época, motivando a cobiça dos nobres e burgueses. Defendia o

preço justo, prejudicando o lucro comercial dos burgueses.

POLÍTICAS - A Igreja Católica se considerava herdeira da autoridade romana, podendo intervir na política, legitimar o poder

temporal e cobrar impostos.

RELIGIOSAS - A Igreja Católica exercia o monopólio da salvação, isso permitia a criação de doutrinas e costumes que, para os

reformadores, eram considerados falsos: infalibilidade papal, indulgências, relíquias sagradas e a Inquisição.

SOCIAIS - A igreja Católica passou a ser considerada a grande responsável por toda a miséria e exploração dos menos favorecidos,

pelo fato de condenar a revolta e legitimar o poder feudal.

Conjuntura favorável à reforma protestante:

CULTURAL: Renascimento (Humanismo e Cientificismo).

POLÍTICA: Fortalecimento das Monarquias, questionava-se o caráter supranacional da Igreja Católica, além do envio de dinheiro

para Roma.

ECONÔMICA-SOCIAL: Ascensão da burguesia.

RELIGIOSA: Surgimento de várias “seitas”.

UNIDADE I

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2) CONTRARREFORMA OU REFORMA CATÓLICA

3) UNIÃO IBÉRICA

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ARTE BARROCA Durante o Renascimento o homem cresceu bastante, adquiriu autoconfiança, se tornou senhor da terra, mares, ciência

e arte; libertou-se aos poucos da fé medieval. Essa libertação foi marcada principalmente pela Reforma Protestante que atingiu diretamente a igreja.

A Companhia de Jesus foi fundada para combater o Protestantismo. Durante esse momento de dualismo e contradição surgiu o Barroco que expressava artisticamente todo o período.

O espírito contraditório da época que se dividiu entre as influências do Renascimento e da religiosidade foi registrado pela arte barroca.

A arte barroca foi um importante instrumento de propaganda religiosa do cristianismo católico. Por isso mesmo, o caráter apelativo das obras é mais evidente e explorado que em outros períodos. É uma arte voltada para o espectador, conativa, que recorre ao apelo emocional como forma de atingir a mente.

Em uma época de conflitos espirituais e religiosos, o estilo barroco traduz a tentativa angustiante de conciliar forças antagônicas: Bem e Mal, Deus e Diabo, Céu e Terra, Pureza e Pecado, Alegria e Tristeza, Paganismo e Cristianismo, Espírito e Matéria.

Suas características gerais são: Emocional sobre o racional; seu

propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio.

Busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas.

Entrelaçamento entre a arquitetura e escultura.

Violentos contrastes de luz e sombra (chiaroscuro - palavra italiana para “luz e sombra” ou, mais literalmente, “claro-escuro”).

Pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.

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A escultura barroca A escultura barroca privilegia sobretudo o movimento. Em vez de estarem em repouso, as figuras são flagradas em plena ação. Elas são retratadas em gestos bruscos e repentinos, os corpos estão retorcidos e os músculos tensos, provocando um intenso efeito teatral.

A Arquitetura barroca Na arquitetura barroca, os conceitos de volume e simetria vigentes no Renascimento são substituídos pelo dinamismo e pela teatralidade. O produto desse novo modo de desenhar os espaços são edificações em que, mais do que a exatidão da geometria, prevalece a superposição de planos e volumes, um recurso que tende a produzir diferentes efeitos visuais, tanto nas fachadas quanto no desenho dos interiores.

LITERATURA BARROCA Assim como as outras manifestações artísticas, a literatura barroca vai refletir, na sua forma e nos seus conteúdos, as

contradições e os conflitos de uma época marcada por grandes transformações e contrastes. Assim, a literatura atinge uma

complexidade e um rebuscamento baseados na emoção, no questionamento da razão e no apelo aos sentidos. O excesso de

ornamentos, o abuso no emprego de figuras de linguagem (como a antítese, a hipérbole, o paradoxo, a metáfora e o hipérbato)

e a exuberância da imaginação (como se os escritores buscassem imitar a escultura e a pintura) contribuem para uma linguagem

de difícil compreensão e de acesso a poucos.

CARACTERÍSTICAS:

(Conteúdo)

Conflito entre visão antropocêntrica e teocêntrica; Fusionismo (fusão das visões medieval e renascentista);

Oposição entre o mundo material e o mundo espiritual;

Conflito entre razão e fé;

Cristianismo;

Morbidez, pessimismo e feísmo (a miséria da condição humana é explorada);

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Idealização amorosa; sensualismo e sentimento de culpa cristão;

Consciência da efemeridade do tempo; reflexões sobre a fragilidade humana, crítica à vaidade;

Gosto por raciocínios complexos, intrincados, desenvolvidos em parábolas e narrativas bíblicas;

Rebuscamento;

Carpe diem.

(Forma)

Gosto pelo soneto.

Emprego da medida nova (versos decassílabos/poesia).

Gosto pelas inversões e por construções complexas e raras; emprego frequente de figuras de linguagem

como antítese, o paradoxo, a metáfora, a metonímia etc.

Cultismo e Conceptismo: duas orientações artísticas Na linguagem barroca, observam-se duas tendências distintas, mas complementares: o

cultismo (também chamado de gongorismo) e o conceptismo (também conhecido por

quevedismo).

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ATIVIDADES

Os poemas a seguir são de autoria de Gregório de Matos, o principal poeta Barroco

brasileiro. Leia-os e responda às questões propostas.

DESENGANOS DA VIDA HUMANA

METAFORICAMENTE

É a vaidade, Fábio, nesta vida,

Rosa, que da manhã lisonjeada,

Púrpuras mil, com ambição dourada,

Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida,

Por mares de soberba desatada,

Florida galeota empavesada,

Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza

Com presunção de Fênix generosa,

Galhardias apresta, alentos preza:

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa

De que importa, se aguarda sem defesa

Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

Que és terra Homem, e em terra hás de tornar-te, Te lembra hoje Deus por sua Igreja,

De pó te faz espelho, em que se veja A vil matéria, de que quis formar-te.

Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te,

E como o teu baixel sempre fraqueja Nos mares da vaidade, onde peleja,

Te põe à vista a terra, onde salvar-te.

Alerta, alerta pois, que o vento berra, E se assopra a vaidade, e incha o pano,

Na proa a terra tens, amaina, e ferra.

Todo o lenho mortal, baixel humano Se busca a salvação, tome hoje terra, Que a terra de hoje é porto soberano.

1) No texto I, o eu lírico diz a seu interlocutor, Fábio, o que pensa sobre a vaidade, um tema que fazia parte das preocupações do homem do barroco. Para explicar o que é vaidade, ele emprega três metáforas, distribuídas nas três primeiras estrofes. a) A que é comparada a vaidade na primeira estrofe? E na segunda? E na terceira?

b) O que há de comum entre a vaidade e cada um desses elementos?

2) No texto I, na última estrofe, os três elementos comparados à rosa são retomados e o eu lírico menciona o destino de cada um deles: a penha(pedra) aguarda a nau; o ferro aguarda a planta; a tarde aguarda a rosa.

a) O que a pedra, o ferro e a tarde podem provocar, respectivamente, na nau, na planta e na rosa?

b) Portanto, o que há em comum entre estes três elementos: nau, planta e rosa?

c) Relacione a característica comum desses três elementos com a vaidade e conclua: qual é a opinião do eu lírico sobre a vaidade?

3. Os dois poemas apresentam aspectos em comum, como, por exemplo o tipo de composição, as imagens e o tema: compare-os e responda: a) Que tipo de composição poética foi empregada nos dois textos? b) os dois poemas são ricos em imagens. Uma das imagens do texto I é criada pela metáfora da nau (embarcação). Destaque do texto II um verso que corresponde a mesma imagem.

4. A linguagem barroca geralmente busca expressar estados de conflito espiritual. Por isso faz uso de inversões, antíteses e paradoxos, entre outros recursos. Identifique nos textos: a) exemplos de inversão quanto à estrutura sintática. b) exemplos de antíteses ou paradoxos.

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5) Observe estes versos do texto II: “Nos mares da vaidade, onde peleja, Te põe à vista a terra, onde salvar-te” A visão sobre a vaidade expressa no texto II difere da expressa no texto I? Justifique sua resposta.

6. Se para o eu lírico dos textos nada é constante, então qual é a única saída para o ser humano?

ESTRUTURA DAS PALAVRAS

OBSERVE AS PEQUENAS PARTES QUE FORMAMA A PALAVRA “IMPERDÍVEIS”:

IM+PERD+Í+VE+IS

Essas pequenas partes são denominadas morfemas: elementos formadores da palavra ou ELEMENTOS MÓRFICOS.

MORFEMAS são as unidades mínimas de significação que formam a palavra.

São vários os tipos de morfemas que uma palavra pode apresentar:

UNIDADE II

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RADICAL

É o morfema que contém o significado básico da palavra. A ele são acrescidos os demais morfemas.

Exemplos:

OBSERVAÇÃO: As várias palavras formadas de um mesmo radical são denominadas palavras cognatas ou simplesmente

cognatos. Há palavras formadas apenas de radical. É o caso dos nomes terminados em vogal tônica ou em consoante.

Exemplos: sofá, amor, café, cipó, tatu, sucuri, animal, dor, paz etc.

VOGAL TEMÁTICA

Vogal temática é a vogal que se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos verbos, distinguem-se três

vogais temáticas: A, E e I.

Vogal A

Caracteriza os verbos da 1ª conjugação. Exemplos:

buscar, buscavas, etc.

Vogal E

Caracteriza os verbos da 2ª conjugação. Exemplos:

romper, rompemos, etc.

Vogal I

Caracteriza os verbos da 3ª conjugação. Exemplos:

proibir, proibirá, etc.

OBSERVAÇÃO: A VOGAL TEMÁTICA do verbo PÔR é o e, presente no seu infinitivo arcaico poer.

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VOGAIS TEMÁTICAS DOS NOMES: -a, -e, -o, quando em posição final átona.

Exemplos:

Banana, mesa, laranja, cobra.

Leite, verde, estudante, mestre.

Banco, sono, belo, menino.

TEMA

Tema é o grupo formado pelo radical mais vogal temática, já pronto para receber outros morfemas:

BUSCA-, ROMPE-, PROIBI-

DESINÊNCIA

Morfema que indica gênero e número dos nomes e pessoa, número, tempo e modo dos verbos.

Há, portanto, dois tipos de desinência.

DESINÊNCIAS NOMINAIS: -a, e –s, que indicam, respectivamente, o feminino e o plural dos nomes (substantivos, adjetivos,

numerais e pronomes).

MENINAS MENIN radical

A desinência de gênero

S desinência de número

DESINÊNCIAS VERBAIS: são as desinências que indicam número e pessoa (desinências número-pessoais – DPN) e modo e tempo

(desinências modo-temporais – DMT) dos verbos.

CANTÁVAMOS CANT Radical

Á vogal temática

VA desinência modo-temporal (DMT)

MOS Desinência número-

pessoal (DNP)

OBSERVAÇÃO a) O –O final átono de palavras que possuem dois gêneros (menino/menina; belo/bela etc.) pode não ser tomado

como desinência de masculino, mas como vogal temática. Nessa concepção, menino e belo possuem desinência zero de gênero, tratando-se o masculino de uma forma não marcada.

b) Também o singular pode ser tomado como uma forma não marcada, com desinência zero de número, pela ausência do –s que é a desinência de plural.

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c) A vogal final átona –a dos nomes é desinência de gênero na oposição masculino/feminino: gato/gata, belo/bela etc. Quando não há essa oposição, trata-se de vogal temática apenas: mesa, cadeira etc.

AFIXO Morfema acrescentado ao radical para a formação de novas palavras. Há, também, dois tipos de afixos.

PREFIXOS: são os afixos colocados antes do radical.

IN + FELIZ = INFELIZ

prefixo radical palavra nova

SUFIXOS: são os afixos colocados após o radical.

FELIZ + MENTE = FELIZMENTE

radical sufixo palavra nova

VOGAL E CONSOANTE DE LIGAÇÃO

São morfemas usados por questão eufônica, para facilitar a pronúncia de certas palavras.

CAFÉ radical

I vogal de ligação

CULTURA radical

CAFEICULTURA palavra nova

CHÁ radical

L consoante de ligação

EIRA sufixo

CHALEIRA palavra nova

OBSERVAÇÃO Modernamente, a vogal e a consoante de ligação têm sido anexadas ao radical ou ao afixo, gerando, assim, formas variantes: -zinho = variante de –inho.

ATIVIDADES

1. Leia um trecho da canção de Pedro Bento e Zé da Estrada.

Boiada

Boiada, triste boiada na estrada cheia de pó

Boi, o meu coração também caminha tão só

Levando junto a saudade, velha esperança guardada

Vai carregando a tristeza a passo lento na estrada. (...)

a) Que sentimento o eu lírico expressa na canção?____________________________________________________________

b) Qual é a relação do título como o sentimento expresso pelo eu lírico?__________________________________________

c) Identifique os morfemas que formam a palavra boiada. _____________________________________________________

2. Identifique os tipos de morfemas destacados nas palavras abaixo:

a) Conhecimento d) Estudo g) nascer

b) cantava e) comestível h) flor

c) desconhecido f) incontrolável i) chaleira

3) Classifique cada elemento estrutural das formas verbais, conforme o exemplo abaixo.

RADICAL VOGAL TEMÁTICA DES. MODO-TEMPORAL(DMT) DES. NÚMERO-PESSOAL (DNP) TEMA

PRECISARÍAMOS PRECIS A RÍA MOS PRECISA

RADICAL VOGAL TEMÁTICA DES. MODO-TEMPORAL(DMT)

DES. NÚMERO-PESSOAL (DNP)

TEMA

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A) FALAREMOS

B) CONVERSAVA

C) CARREGARÍAMOS

D) DECLARÁSSEMOS

E) GOSTEI

4) Leia o título de uma notícia veiculada na internet.

Quanto mais você usa o Facebook, mais infeliz você fica https://www.cartacapital.com.br/blogs/midiatico/quanto-mais-voce-usa-o-facebook-mais-infeliz-voce-e-9560.html

a) Identifique uma palavra derivada no título da notícia.

b) Como essa palavra é formada?

c) Que outras palavras podem ser formadas da mesma maneira?

5) Em cada item, indique a palavra que difere do grupo quanto aos afixos. Justifique sua resposta.

a) Esverdeado – despreocupadamente – imprudente – deslealdade – incompreensível

____________________________________________________________________

b) Loucamente – casualidade – compreensível – indispensável – pobreza – sonífero

____________________________________________________________________

c) Descaso – preconceito – irreal – desamor – impróprio – resto

____________________________________________________________________

6) descubra quais das palavras abaixo contêm vogal ou consoante de ligação e circule essas letras:

ESCOLARIDADE – RASCUNHO – ALVINEGRO – PAULADA – TRICOTAR – INSETICIDA – MARGEM – PARISIENSE - POBRE

7) forme verbos acrescentando ao mesmo tempo prefixos e sufixos às palavras do quadro.

TARDE GESSO RICO POBRE VERDE

MARCO INICIAL – 1580 – Morte de Camões e Início da União Ibérica.

MARCO FINAL – 1756 – Fundação da Arcádia Lusitana.

CONTEXTO HISTÓRICO:

1578 – Desaparecimento de D. Sebastião, rei de Portugal, na batalha de Alcácer-Quibir, na África.

1580 – D. Felipe II, rei da Espanha, assume o trono de Portugal e o país passa ao domínio espanhol, ou seja, há a

união da Península Ibérica.

1580 – Morte de Camões.

UNIDADE III

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CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS: Forte influência artística da Espanha devido à unificação ibérica. A

produção literária do período é marcada pelo forte poder da Igreja católica a partir da Contrarreforma e

manifesta muitos elementos da arte espanhola (Góngora, Velázquez e Cervantes). Em outra vertente, há uma

recusa dessa cultura, como forma de resistência à unificação e a retomada de aspectos do Humanismo português.

PRINCIPAIS AUTORES: Padre Antônio Vieira (1608-1687), Rodrigues Lobo (c.1580-1622), Dom Francisco

Manuel de Melo (1608-1666), Sóror Violante do Céu (c.1602-1693), Sóror Mariana Alcoforado (1640-1723).

ATIVIDADES

Texto para análise

Neste sermão, Vieira utiliza seu poder argumentativo para tratar da tarefa do pregador em uma terra corrompida.

Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que

façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa,

havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou

porque a não se deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina que lhe dão, a não

querer receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa

salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores

se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo servem a seus apetites.

{...}

Suposto, pois, que, ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar; que se há- de- fazer a este sal, e que se há de fazer

a esta terra? O que se há -de fazer ao sal que não salga? Se o sal perder a substância e a virtude, e o pregador faltar à doutrina e

ao exemplo, o que se lhe há-de fazer, é lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado de todos. Quem se atreverá a dizer tal

cousa, se o mesmo cristo a não pronunciará? Assim como não há de quem seja mais digno de reverência e de ser posto sobre a

cabeça, que o pregador que ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o desprezo e de ser metido debaixo dos pés o

que com a palavra ou com a vida prega o contrário.

Isto é o que se deve fazer ao sal que não salga.

A origem do sebastianismo

Com o desaparecimento de D. Sebastião (a quem Camões dedicou “Os lusíadas”) na guerra de Alcácer-Quibir,

criou-se em Portugal a crença de que ele poderia estar vivo. Com o passar dos anos, porém, essa possibilidade

foi se tornando cada vez mais inviável.

Considerado morto D. Sebastião, Portugal passou ao domínio espanhol em 1580. Mas, mesmo assim, o povo

português, principalmente as camadas mais humildes, continuou esperando que o rei voltasse para pôr fim à

dominação espanhola.

D. Sebastião nunca voltou, mas o mito atravessou séculos, misturando-se ao fanatismo religioso. Chegou até

mesmo ao Brasil, onde influenciou o movimento liderado pelo fanático Antônio Conselheiro, no sertão da

Bahia, no final do século XIX.

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1. Neste sermão, os pregadores são comparados ao sal da terra. Qual é, segundo o texto, a função daquele que prega?

a) Vieira inicia o sermão com a fala de Cristo aos pregadores para fazer um questionamento aos seus ouvintes. Qual é

ele?

b) Explique por que esse questionamento é, na verdade, uma estratégia para iniciar o raciocínio que será apresentado

ao longo do texto.

2. Releia.

“Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra não se deixa salgar.”

a) A partir desse trecho, Vieira levanta hipóteses sobre os motivos pelos quais a pregação não consegue eliminar a

corrupção. Quais são os motivos por ele apontados?

b) Segundo o texto, que razões têm os fiéis para não acatarem as palavras dos pregadores?

c) De que recursos estilísticos Vieira se vale para construir sua argumentação? Explique.

d) Explique de que maneira esse recurso contribui para que a argumentação seja eficaz e convença os leitores?

3. Qual é a conclusão a que Vieira chega sobre o pregador?

4. Você acha que as colocações feitas por Vieira permanecem válidas até hoje? Nos dias atuais, ainda é possível identificar

“o sal que não salga e “a terra que não se deixa salgar”? Explique.

FORMAÇÃO DE PALAVRAS

O léxico de uma língua é dinâmico. Há palavras que caem em desuso, outras adquirem novos significados e há ainda

aquelas que vão sendo criadas de acordo com novas necessidades. Na formação de palavras, a língua portuguesa obedece,

basicamente, a dois processos principais: derivação e composição.

DERIVAÇÃO

Há vários tipos de derivação.

UNIDADE IV

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Derivação é o processo pelo qual palavras novas são criadas a partir de outras já existentes na língua. As palavras novas são

denominadas derivadas e as que lhes dão origem, primitivas.

DERIVAÇÃO PREFIXAL OU POR PREFIXAÇÃO

Ocorre com o acréscimo de prefixo à palavra primitiva.

IN Prefixo

FELIZ Palavra primitiva

INFELIZ Palavra nova (derivada)

DERIVAÇÃO SUFIXAL OU POR SUFIXAÇÃO

Ocorre com o acréscimo de sufixo à palavra primitiva.

FELIZ palavra primitiva

MENTE Sufixo

FELIZMENTE palavra nova (derivada)

DERIVAÇÃO PREFIXAL E SUFIXAL

Ocorre com acréscimo de prefixo e sufixo.

IN Prefixo

FELIZ Palavra primitiva

MENTE Sufixo

INFELIZMENTE Palavra nova (derivada)

DERIVAÇÃO PARASSINTÉTICA

Ocorre com acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Não existe a palavra nem só com prefixo nem só com sufixo, como no

processo anterior.

EM Prefixo

POBR(E) Palavra primitiva

ECER sufixo

EMPOBRECER Palavra nova, derivada

(existe apenas com dois afixos: prefixo e sufixo)

OBSERVAÇÃO A derivação parassintética é também chamada de parassíntese.

DERIVAÇÃO REGRESSIVA

Ocorre com redução da palavra primitiva, pela retirada de sua parte final.

AJUDAR – A AJUDA PERDER – A PERDA VENDER – A VENDA

DEBATER – O DEBATE CORTAR – O CORTE ATACAR – O ATAQUE

ATRASAR – O ATRASO CHORAR – O CHORO APELAR – O APELO

OBSERVAÇÃO A) Pelos exemplos, percebe-se que este processo é muito usado para formar substantivos abstratos derivados de

verbos: são os substantivos deverbais ou pós-verbais. B) No caso de substantivos concretos, como casa, planta, perfume etc., e dos respectivos verbos casar, plantar,

perfumar, ocorre derivação por sufixo (casa + ar = casar, planta + ar = plantar, perfume + ar = perfumar): os verbos é que são derivados dos substantivos.

DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA

Ocorre quando se emprega uma palavra com valor de uma classe gramatical que não é propriamente a sua.

Os bons têm suas recompensas ↓ Adjetivo substantivado

O professor explicou bem claro o tema da redação ↓ Adjetivo adverbializado

OBSERVAÇÃO A derivação imprópria é mais um processo estilístico ou semântico do que morfológico

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COMPOSIÇÃO

Composição é o processo pelo qual palavras novas são formadas pela junção de duas ou mais palavras, ou seja, de dois ou mais

radicais. Essas palavras são denominadas COMPOSTAS em oposição às SIMPLES, que possuem um só radical.

A junção das palavras, no processo da composição, pode ocorrer basicamente de duas maneiras.

COMPOSIÇÃO POR JUSTAPOSIÇÃO

É a junção em que as palavras não sofrem alteração fonética.

PONTA + PÉ PONTAPÉ

GIRA+SOL GIRASSOL

PORTA+BANDEIRA PORTA-BANDEIRA

COMPOSIÇÃO POR AGLUTINAÇÃO

É a junção em que as palavras sofrem alteração fonética.

PLAN(O) + ALTO PLANALTO (QUEDA DO “O”

ÁGU(A) + ARDENTE AGUARDENTE (QUEDA DO “A”)

PERN(A) + ALTA PERNALTA (QUEDA DO “a”)

Casos especiais de composição

Há palavras compostas que não são formadas a partir de outras palavras da língua portuguesa, mas de radicais pertencentes a

outras línguas.

São dois os tipos de composição com esses radicais.

COMPOSTOS ERUDITOS

São palavras compostas de radicais apenas latinos ou apenas gregos.

AGRÍCOLA agri- (latim) + -cola(latim)

PSICULTURA Psici- (latim) + -cultura(latim)

PENTÁGONO Penta- (grego) + -gono(grego)

ODONTOLOGIA Odonto-(grego) + -logia(grego)

HIBRIDISMO

São palavras compostas de radicais de línguas diferentes.

MONOCULTURA Mono-(grego) + cultura (latim)

BUROCRACIA Buro-(francês) + -cracia(grego)

ABREUGRAFIA Abreu- (português) + grafia-(grego)

ALCOÔMETRO Álcool- (arábe) + -metro(grego)

PREFIXOS LATINOS

Prefixos Significados Exemplos

a-, ab-, abs- Afastamento, separação Abstenção, abdicar

a-, ad-, ar-, as- Aproximação, direção Adjunto, advogado, arribar, assentir

ambi- Ambiguidade, duplicidade Ambivalente, ambíguo

ante- Anterioridade Anteontem, antepassado

aquém- Do lado de cá Aqué-mar

bene-, bem- Excelência, bem Beneficente, benfeitor

bis-, bi- Dois, duas vezes, repetição Bípede, binário, bienal

com- (con-), co- (cor-)

Companhia, contiguidade Compor, conter, cooperar

contra- Oposição Controvérsia, contraveneno

cis- posição, aquém de Cisandino, Cisalpino

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de-, des- Separação, privação, negação, movimento de cima para baixo

Deportar, demente, descrer, decair, decrescer, demolir

dis- Separação, negação Dissidência, disforme

e- ,em- ,em- Introdução, superposição Engarrafar, empilhar

e-, es-, ex- Movimento para fora, privação Emergir, expelir, escorrer, extrair, exportar, esvaziar, esconder, explodir

extra- Posição exterior, excesso Extraconjugal, extravagância

intra-, Posição interior Intrapulmonar, intravenoso

i-, im-, in- Negação, mudança Ilegal, imberbe, incinerar

infra- Abaixo, na parte inferior Infravermelho, infraestrutura, infra-renal

intra-, intro- Movimento para dentro Imersão, impressão, inalar, intrapulmonar, introduzir

justa- Posição ao lado Justalinear, justapor

o-, ob- Posição em frente, oposição Obstáculo, objeto, obsceno, opor, ocorrer

per- Movimento através de Perpassar, pernoite

pos- Ação posterior, em seguida Pós-datar, póstumo

pre- Anterioridade, superioridade Pré-natal, predomínio

pro- Antes, em frente, intensidade Projetar, progresso, prolongar

preter-, pro- Além de, mais para frente Prosseguir

re- Repetição, para trás Recomeço, regredir

retro- Movimento mais para trás Retrospectivo

PREFIXOS GREGOS

Prefixos Significados Exemplos

acro- Alto Acrobata, acrópole

aero- casa Aerodinâmica

agro- Campo Agrônomo, agricultura

antropo- Homem Antropofagia, filantropo

homo- Igual Homônimo, homógrafo

idio- Próprio Idioma, idioblasto

macro-, megalo- Grande, longo Macronúcleo, megalópole

metra- Mãe, útero Endométrio, metrópole

meso- Meio Mesóclise, mesoderme

micro- Pequeno Micróbio, microscópio

mono- Um Monarquia, monarca

necro- Morto Necrópole, necrofilia, necrópsia

nefro- Rim Nefrite, nefrologia

odonto- Dente Odontalgia, periodontista, odontologia

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oftalmo- Olho Oftalmologia, oftalmoscópio

onto- Ser, indivíduo Ontologia

orto- Correto Ortópteros, ortodoxo, Ortodontia

pneumo- Pulmão Pneumonia, dispnéia

RADICAIS GREGOS

Radicais Significados Exemplos

-agogo O que conduz Demagogo, pedagogo

-alg, -algia Sofrimento, dor Analgésico, cefalalgia, lombalgia

-arca O que comanda Monarca, heresiarca

-arquia Comando, governo Anarquia, autarquia, monarquia

-cracia Autoridade, poder Aristocracia, plutocracia, gerontocracia

-doxo Que opina Paradoxo, heterodoxo

-dromo Corrida, pista, Hipódromo

-fagia Ato de comer Antropofagia, necrofagia

-fago Que come Antropófago, necrófago

-filo, -filia Amigo, amizade Bibliófilo, xenófilo, lusofilia

-fobia Inimizade, ódio, temor Xenofobia, aracnofobia

-fobo Aquele que odeia Xenófobo, hidrófobo

-gamia Casamento Monogamia, poligamia, plasmogamia

-gene Que gera, origem Heterogéneo, alienígena

-gênese Geração Esquizogénese, meta-génese

-gine Mulher Andrógino, ginecóforo

-grafia Descrição, escrita Caligrafia, geografia

-gono Ângulo Pentágono, eneágono

-latria Que cultiva Idolatria

-log, -logia Que trata, estudo Psicólogo, andrologia

-mancia Adivinhação Cartomante, quiromancia

-mani Loucura, tendência Megalomaníaco

-mania Loucura, tendência Cleptomania

-metro Que mede Barómetro, termómetro

-morfo Forma, que tem a forma Amorfa, zoomórfico

-onimo Nome Sinónimo, topónimo

-polis, -pole Cidade metrópole

-potamo Rio Mesopotâmia, hipopótamo

-ptero Asa Helicóptero

-scopia O que faz ver Endoscopia, telescópio

-sofia Sabedoria, saber Filosofia, teosofia

-soma Corpo Cromossomo

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-stico Verso Monóstico, dístico

-teca Lugar, colecção Biblioteca, hemeroteca

-terapia Cura, tratamento Hidroterapia, termoterapia

-tomia Corte, divisão Nevrotomia, vasectomia, anatomia

-topo Lugar Topografia, Topónimo

-tono Tom Barítono, monótono

RADICAIS LATINOS

Radicais Significados Exemplos

aristo- Melhor Aristocracia

arqueo- Antigo Arqueologia, arqueólogo

anthos- Flor Antologia, crisântemo, perianto

atmo- Ar Atmosfera

auto- Mesmo, próprio Autoajuda, autômato

baro- Peso, pressão Barômetro, barítono

biblio- Livro Bibliófilo, biblioteca

bio- Vida Biologia, anfíbio

caco- Mau Cacofonia, cacoete

cali- Belo Caligrafia, calígrafo

carpo- Fruto Pericarpo

céfalo- Cabeça Cefalópodes, cefaleia, acéfalo

cito- Célula Citoplasma, citologia

copro- Fezes Coprologia, coprofagia

cosmo- Mundo Microcosmo, cosmonauta

crono- Tempo Cronômetro, diacrônico

dico- Em duas partes Dicotomia, dicogamia

eno- Vinho Enologia, enólogo

entero- Intestino Enterite, disenteria

etno- Povo étnico, etnia, etnografia

filo-, filia- Amigo, amizade Filósofo, filantropia, filotelia

fono- Som, voz Fonética, disfonia

gastro- Estômago Gastrite, gastronomia

hemo- Sangue Hemorragia, hemodiálise

hidro- Água Hidravião, hidratação

higro- Úmido Higrófito, higrômetro

hipo- Cavalo Hipódromo, hipopótamo

-ambulo Que anda Noctâmbulo, sonâmbulo

-cida Que mata Fraticida, inseticida

-cola Que habita Arborícola, silvícola

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-cultura Que cultiva Triticultura, vinicultura

-evo Idade Longeva, longevidade

-fero Que contém ou produz Mamífero, aurífero

-fico Que faz ou produz Benéfico, maléfico

-forme Que tem a forma Cordiforme, uniforme

-fugo Que foge Vermífugo, centrífugo

-grado Grau, passo Centígrado

-luquo Que fala Ventríloquo

-paro Que produz Ovíparo

-pede Pé Velocípede, bípede

-sono Que soa Uníssono

-vago Que vaga Noctívago

-voro Que come Carnívoro, herbívoro, onívoro

OUTROS MEIOS USADOS PARA CRIAR PALAVRAS NOVAS Além dos dois processos básicos de formação das palavras – derivação e composição – há palavras formadas por outros meios.

ABREVIAÇÃO

tevê -> abreviação de televisão

pneu -> abreviação de pneumático

quilo -> abreviação de quilograma

moto -> abreviação de motocicleta

ONOMATOPEIA

(podemos chamar também de reduplicação)

Consiste na criação de palavras que procuram reproduzir certos ruídos ou sons. Exemplos:

reco-reco / tique-taque / zum-zum

SIGLA

O processo de formação de palavras por meio da sigla emprega a utilização das letras iniciais de uma organização, entidade ou

associação. Alguns exemplos:

ONU -> Organização das Nações Unidas

Detran -> Departamento de trânsito

USP -> Universidade de São Paulo

ABREVIAÇÃO VOCABULAR

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(podemos chamar também de redução)

A abreviação consiste na utilização de parte de uma palavra no lugar da sua totalidade. Vamos ver alguns exemplos:

AUTO = automóvel EXTRA = extraordinário MOTO = motocicleta QUILO= quilograma

CINE = cinema FOTO = fotografia PNEU= pneumático TEVÊ= televisão

ACRÔNIMO O acrônimo, ou sigla, é uma forma de composição de palavras que consiste em juntar letras ou sílabas de outras palavras para dar origem a uma nova. Na maioria dos casos (mas nem sempre), o acrônimo serve para designar nomes próprios, não sendo, portanto, um processo tradicional de formação de palavras.

Os acrônimos podem ser de duas categorias: Silabáveis Formam efetivamente uma nova palavra, podendo ser pronunciada de acordo com as normas do idioma.

Infraero (Infraestrutura Aeroportuária)

USP (Universidade de São Paulo)

Petrobrás (Petróleo Brasileiro)

Não silabáveis Não formam propriamente uma palavra, sendo constituídos apenas pelas iniciais das palavras, sendo necessária a pronúncia do nome de cada letra.

FMI

MST

SPC

PSDB

SIGLONIMIZAÇÃO

Consiste na redução de nomes ou expressões empregando a primeira letra ou sílaba de cada palavra.

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ESTRANGEIRISMO O estrangeirismo é o processo que consiste em introduzir uma palavra de um idioma estrangeiro dentro do português. Pode receber nomes diferentes de acordo com o idioma de origem, como anglicismo (do inglês), galicismo (do francês), germanismo (do alemão), etc. Não são consideradas estrangeirismos as palavras de origem latina, bem como as palavras brasileiras de origem tupi. O estrangeirismo pode ser de duas categorias: Com aportuguesamento: consiste em adaptar a grafia do idioma estrangeiro para o português.

Exempos: abajur (do francês “abat-jour”), algodão (do árabe “al-qutun”), lanche (do inglês “lunch”), etc.

Sem aportuguesamento: consiste em conservar a forma original da palavra.

Exemplos: networking, mise-en-scène, pizza, etc.

ATIVIDADE DE FIXAÇÃO – FORMAÇÃO DAS PALAVRAS - I 3. Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade e responda às questões.

No meio do caminho

.

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No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.

g) Forme palavras pelo processo de derivação sufixal a partir de:

CAMINHO

PEDRA

h) Retire do texto duas palavras formadas pelo processo de derivação sufixal:

____________________________________________________________

i) Apedrejar é uma palavra derivada de pedra. Escreva por qual processo de formação ela foi criada:

____________________________________________________________

2) Identifique nos itens a seguir a palavra que difere do grupo quanto ao tipo de derivação.

d) DESCONTENTE-IMPERFEITO-DESLEAL-INDIRETO-COMERCIANTE-COMPATRIOTA

____________________________________________________________________

e) VENDEDOR-TERRESTRE-AMÁVEL-ORGULHOSO-PERFUMADO-DESIGUALDADE

____________________________________________________________________

f) ENTARDECER-ENVELHIMENTO-AMALDIÇOAR-ATUALIZAR-DESCAMPADO

____________________________________________________________________

3) Destaque os prefixo e os sufixos das palavras da atividade anterior e reescreva-os:

_________________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________________

4) Por derivação regressiva, forme substantivos a partir dos verbos em destaque. Reescreva as frases, fazendo as adaptações

necessárias.

a) É proibido atacar os animais.

b) Respeitar o idoso é um dever de todo cidadão.

c) Não é conveniente atrasar nas reuniões.

d) Faltar um dia à escola significa perder conteúdos essências ao conhecimento.

5) Em cada frase a seguir, identifique o processo de derivação imprópria. Mencione a palavra e a mudança de classe gramatical

ocorrida.

a) O jantar foi servido aos convidados.

b) Ela cativou-nos com a beleza do olhar.

c) Ele falava alto na reunião.

d) Os maus serão castigados.

e) Seu mal é não saber perdoar.

f) Meu viver é cheio de alegria.

g) Ele anda rápido demais.

PREFIXOS E SUFIXOS GREGOS E LATINOS

Leia o poema do gaúcho Mário Quintana.

Poeminha do contra

Todos estes que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão...

Eu passarinho!

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a) Comparativamente à palavra passarinho, que sentido se poderia atribuir à palavra passarão?

b) Considerando a palavra com esse sentido, qual seria o processo de formação dela? E da palavra passarinho?

c) Que outro sentido a palavra passarão pode adquirir no contexto do poema?

Escreva o significado de cada prefixo latino a seguir e dê um exemplo.

a) Ambi –

b) Justa-

c) Bis-, bi-

d) Per-

e) Contra-

f) Pre-

g) Intra-

h) Ultra-

Escreva o prefixo grego que corresponde a cada significado abaixo e dê um exemplo.

a) privação, negação.

f) superior, excesso.

b) oposição, ação contrária.

g) inferior, escassez.

c) dificuldade, mau estado.

i) em torno de.

d) movimento para fora.

j) posição em frente, anterior.

e) movimento para dentro

Destaque e reescreva os prefixos das palavras abaixo e indique sua origem (gregos e latinos).

a) Ambíguo e)intravenoso

b) Arquiduque f)eufonia

c) Encéfalo g)opressor

d) Percorrer

Indique o par de palavras do quadro que contém prefixo grego e latino com sentidos iguais e escreva seu significado.

PALAVRAS COM PREFIXOS LATINOS PALAVRAS COM PREFIXOS GREGOS

Incapaz Retroceder Supracitado Ingerir Prefácio

Arquipélago Prognóstico Anarquia Endoscopia Apogeu

Escreva uma palavra para cada tipo de sufixo: nominal, verbal e adverbial. Destaque o sufixo e mencione o que ele

indica.

_________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________________________

UNIDADE V

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(Período 1601/1767) Desenvolveu-se tardiamente no Brasil. Transmissor da cultura europeia e das leis católicas

entre os nativos e os cativos. Teve maior impulso entre 1720-1750 com a fundação de várias academias literárias

por todo o país.

Diferentemente do Barroco europeu, que se voltou principalmente às exigências de um público aristocrático, o

Barroco brasileiro nasceu e se desenvolveu em condições bastante diferentes, ganhando características

próprias, como as que se veem na poesia do baiano Gregório de Matos.

SÍNTESE: busca da conciliação entre matéria e espírito.

MARCO INICIAL: 1601 – Prosopopeia – Bento Teixeira

MARCO FINAL: 1767 – Obras – Cláudio Manuel da Costa

CONTEXTO HISTÓRICO:

Contrarreforma Católica;

Unificação Ibérica;

Povoamento do interior;

Bandeirantes (1600);

Engenho colonial (cana-de-açúcar) (1600);

Recife dos holandeses (1630).

Século XVII. O Brasil era o grande celeiro da cana-de-açúcar. Os colonos portugueses que vinham para

cá estavam interessados na exploração da cana-de-açúcar e no enriquecimento rápido. Poucos entre eles

sabiam ler e escrever. Entretanto, aos poucos foi surgindo na colônia um grupo de pessoas cuja formação

intelectual acontecia em Portugal – geralmente advogados, religiosos ou homens de letras, na maioria

filhos de comerciantes ricos ou de fidalgos instalados no Brasil. Essa elite foi responsável pelo

nascimento de uma literatura brasileira, inicialmente frágil, presa a modelos lusitanos e sem um público

consumidor ativo e influente.

A realidade brasileira era muito diferente da portuguesa. Tratava-se de um centro de comércio, de

exploração da cana-de-açúcar; de uma realidade de violência, em que se escravizava o negro e se

perseguia o índio. Não se via aqui o luxo e a pompa da aristocracia europeia, que, como público

consumidor, apreciava e estimulava o refinamento da arte.

Apesar disso, os modelos literários portugueses chegaram ao Brasil, e o Barroco, cujas origens se

confundem com as da nossa própria literatura, deu seus primeiros passos. Não havia sentimento de grupo

ou de coletividade: a literatura produzida em meio ao espírito de aventura e de ganância da mentalidade

colonialista foi fruto de esforços individuais. Aqueles que escreviam, encontravam na literatura um

instrumento para criticar e combater essa mentalidade, para moralizar a população por meio dos

princípios da religião ou, ainda, para dar vazão a sentimentos pessoais profundos.

O Barroco no Brasil ganhou impulso entre 1720 e 1750, quando foram fundadas várias academias

literárias por todo o país. Nas artes plásticas, esse desenvolvimento só aconteceu no século XVIII,

quando, em decorrência da descoberta do ouro em Minas Gerais, construíram-se igrejas de estilo

barroco por todo o país.

CARACTERÍSTICAS:

o Conflito entre fé e razão;

o Emprego frequente de antíteses, jogos de palavras, incisões sintáticas.

REPRESENTANTES:

PADRE ANTONIO VIEIRA (1608-1697)

Teocentrismo crítico.

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Principal representante da oratória sacra em Língua Portuguesa, embora seus sermões abordem

temas que ultrapassam a esfera religiosa.

Segue o estilo conceptista e critica o cultismo, mas o cultismo também está presente em seus

sermões.

Combateu a escravidão indígena. Era tido como um homem de ação, um visionário e orador.

ESTRUTURA DO SERMÃO

A estrutura consagrada para os sermões no século XVII envolvia quatro passos, em que ficava

clara a preocupação com as ideias que marcaram a corrente conceptista do Barroco.

EXÓRIDO: o orador começa a expor o plano a que vai submeter-se e as ideias que vai

defender.

INVOCAÇÃO (Pedido de inspiração): o orador pede auxílio divino para expor suas ideias.

CONFIRMAÇÃO: desenvolvimento e exposição do tema, realçado com alegorias, sentenças

e exemplos.

PERORAÇÃO (Conclusão): o orador, recapitulando tudo o que foi dito, termina com um

desfecho vibrante para impressionar os fiéis e estimulá-los a seguirem os ensinamentos

bíblicos apresentados.

GREGÓRIO DE MATOS (1633-1696) - “Boca do Inferno”.

Filho de família abastada, possuidora de engenho de cana-

de-açúcar e muitos escravos, Gregório de Matos Guerra nasceu em

1633(?), em Salvador (BA). Estudou direito na Universidade de

Coimbra. Lá chegou a exercer o cargo de juiz de órfãos, casou-se,

ficou viúvo, e voltou para o Brasil em 1681.

Aqui aceitou os cargos de vigário-geral e de tesoureiro-mor

da Igreja, funções que exerceu recusando-se a usar a batina e

fazendo duras críticas à ordem que servia, já exibindo seu tom

satírico. Foi desligado do cargo, casou-se novamente, mas a vida

boêmia o atraía. Abandonou a mulher para ser cantor e repentista

no Recôncavo baiano. Dono de uma inteligência crítica e de uma

"língua solta", acabou desagradando o governador da Bahia com

seus versos satíricos direcionados à arquidiocese e aos políticos.

Foi preso e exilado em Angola, onde viveu um ano.

De volta ao Brasil, foi proibido de viver na terra onde

nasceu e acabou se estabelecendo em Recife. Ali faleceu em 1696.

CARACTERÍSITCAS DE SUA OBRA

A Obra de Gregório de Matos

A vasta obra de Gregório de Matos permaneceu inédita por muito tempo, até que entre 1923 e

1933 a Academia Brasileira de Letras publicou-a. No entanto, muitos textos se perderam, pois foram

guardados em manuscritos e com critérios desconhecidos, de modo que muitos poemas são de autoria

duvidosa, já que Gregório teve muitos imitadores anônimos. A Academia publicou sua obra em seis volumes,

assim reunidos: I - Obra Sacra; II - Obra Lírica; III - Obra Graciosa; IV e V - Obra Satírica e; VI - Obra

Última.

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Poesia lírico-amorosa: Também refletindo a dualidade barroca, os poemas lírico-amorosos de Gregório de

Matos refletem o amor tanto como fonte de prazer como de dor e sofrimento. A mulher amada ora é

idealizada num neoplatonismo amoroso, elevando-a a uma condição quase divina, ora é motivo de perdição,

já que desperta no eu lírico o desejo carnal. Dono de um estilo requintado e vigoroso, Gregório de Matos

deixa mostras da influência recebida da lírica camoniana.

Poesia satírica: o talento satírico de não poupou ninguém. Clérigos e políticos, comerciantes e

colonizadores, negros e mulatos, ninguém escapou à ferocidade de seus versos. Às vezes usando um

humor sutil e malicioso, outras desfechando críticas virulentas, com empregos de termos de baixo calão

e obscenidades, retratou principalmente a Bahia do século XVIII, as injustiças sociais, a insensibilidade

da nobreza, a maledicência dos escravos, a hipocrisia do clero.

Poesia religiosa: a poesia religiosa de Gregório de Matos exprime com mestria os conflitos e a dualidade

do movimento Barroco. O poeta mostra-se dividido entre o pecado e a esperança da salvação, entre a

culpa e a virtude. Mas sua postura nem sempre é de submissão diante de Deus, principalmente nos

poemas da mocidade em que chega a ter uma posição desafiadora à força divina. Muitas vezes ele se

comporta como um advogado empreendendo sua própria defesa diante do juiz eterno, usando argumentos

como as contradições observadas no mundo e as máximas bíblicas. A antítese, a metáfora e a metonímia

são as figuras de linguagem prediletas nessas composições.

Poesia encomiástica: São poesias de elogio, de circunstância (festas, homenagens, etc).

“Douto, prudente, nobre, humano, afável. / Reto, ciente, benigno e aprazível. / Único, singular, raro, inflexível. /

Magnífico, preclaro, incomparável.”

(Ao desembargador Belchior da Cunha Brochado).

CARACTERÍSTICAS DE SUA OBRA:

Cultismo.

Influências de Camões, Petrarca, Góngora e Quevedo.

Uso do soneto e da medida nova.

BARROCO MINEIRO

Versão do Barroco que predominou com um estilo próprio em Minas Gerais

O Barroco Mineiro foi uma versão peculiar do Barroco que se desenvolveu em Minas Gerais entre os séculos XVIII e XIX. Com estilo e características próprias, o movimento recebeu influências artísticas do Barroco Europeu e do barroco que predominava em outras partes do Brasil como Salvador e Rio de Janeiro.

Preservando as características de dualidade e contradições do movimento artístico, em Minas Gerais, o barroco começou a se desenvolver como um estilo de personalidade própria que deixou sua marca na história da arquitetura, da pintura e da escultura.

Caracterizada pela pompa e grandiosidade, a arte barroca mineira é rica em detalhes, cores e ornamentos em ouro. O barroco mineiro explorou os materiais típicos da região, como o cedro e a pedra-sabão, criando assim uma arte autêntica e carregada de características peculiares.

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A arquitetura, a pintura, a escultura sacra e a música tiveram destaque no barroco mineiro. Evocando a religião em cada detalhe, o barroco mineiro seguiu a tendência da Arte Barroca, crescendo, sobretudo, em torno das igrejas e confrarias. As maiores expressões do barroco mineiro foram:

Mestre Ataíde (Manuel da Costa Ataíde) (1762 -1830) - Destacou-se na pintura. Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) (1730 ou 1738-1814). Sua obra está distribuída em onze cidades

mineiras. A maior parte em Ouro Preto. Suas obras mais importantes estão na cidade de Congonhas do Campo.

Contexto histórico

O Barco tornou-se uma das formas de expressão artística mais visíveis no Brasil entre o século XVII e a primeira

metade do século XVIII. As primeiras manifestações do Barroco no Brasil ocorreram em Salvador e em Recife, centros

urbanos da época. Mas o auge desse movimento artístico só aconteceu nas cidades mineiras do Ciclo do Ouro, nas

quais o apogeu do ouro favoreceu um rápido crescimento.

O período de rápido crescimento dos centros urbanos necessitava de controle e organização. Assim, surgiu a

irmandade dos leigos, responsável pela organização da celebração dos ofícios, práticas religiosas e o exercício

solidário.

As irmandades se consolidaram como formas de organização religiosa e social. A arte e a religião foram usadas

como forma de controle e as associações de leigos foram as financiadoras do trabalho dos artífices, artistas e artesãos

do período. Portanto, a quantidade expressiva de construções religiosas e o mecenato leigo não podem ser

desassociadas do Barroco Mineiro.

Nessa época, a capitania de Minas Gerais experimentou um crescimento cultural favorecido pela

movimentação comercial, pelo enriquecimento com mineração e pela forte religiosidade dos povos das minas. Esses

aspectos possibilitaram que a região vivesse o apogeu das artes no Brasil.

Apesar de se fazer presente em outras vilas e povoados mineiros como Diamantina, Serro, Mariana,

Tiradentes, Sabará, São João del-Rei, Congonhas, o centro principal do Barroco Mineiro foi a região de Vila Rica, atual

cidade e Ouro Preto.

Características do Barroco Mineiro

Em Minas Gerais, o barroco assumiu particularidades, mas não abandonou a sua principal característica de

explorar temas religiosos. A temática sacra se fez presente no Barroco Mineiro, mesmo nos pequenos

detalhes. Pinturas e esculturas com temas cristãos, ornamentos em ouro e materiais nobres, imagens revestidas com

película de ouro e santos em relevo. Essas são algumas das características observadas nas obras barrocas mineiras.

Pintura

Utilizando cores vivas e tropicais, o barroco mineiro se diferenciou do resto do mundo, adotando um estilo

próprio na pintura. As melhores representações da pintura barroca mineira podem ser observadas nas decorações

internas das igrejas.

Nas capelas foram pintados forros, colunas, arcadas e medalhões. Esses elementos formavam uma

composição sacra com figuras como anjos e santos, rodeando um personagem ou cena principal entre nuvens e halos

de glória.

Diferente dos templos das outras regiões do Brasil, a decoração dos templos mineiros apresentava pinturas

de grandes dimensões. As decorações mineiras usavam um tabuado corrido nos forros, ao contrário dos templos

litorâneos que usavam caixotões emoldurados com relevos, onde as pinturas eram feitas em seções separadas. Outra

característica da pintura barroca é a perspectiva ilusionista, que buscava uma continuidade visual da arquitetura real

do templo.

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Teto da Igreja

de São

Francisco de

Assis, em

Ouro Preto,

pintado por

Mestre Ataíde.

Arquitetura

A geografia montanhosa e irregular permitiu que o barroco mineiro desenvolvesse uma arquitetura bem peculiar. O

terreno repleto de morros e de vales colaborou para uma forma de urbanização atraente.

Nos pontos mais altos de cada cidade foram construídos os templos religiosos mais importantes, assim a beleza das igrejas

se misturavam com a beleza natural da região. A topografia acidentada possibilitou a criação de cenários que ainda hoje fascinam

quem conhece as cidades mineiras, berço do estilo barroco.

Além das igrejas, surgiram edifícios públicos e inúmeras moradias com inovações artísticas pareciam acompanhar a vida

econômica e financeira da região que prosperava.

Escultura

O Barroco Mineiro também apresentou suas peculiaridades na escultura. Devido ao isolamento do litoral, o que dificultava

a importação de peças portuguesas, os artistas optaram por utilizar os materiais típicos da região como cedro e a pedra-sabão,

adaptando-os às necessidades das obras para driblar algumas limitações técnicas e materiais.

Paixão de Cristo: escultura criada por Aleijadinho, exposta no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.

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Diferente de outras escolas como Bahia e Pernambuco, que estavam muito mais ligadas ao estilo formal da arte europeia,

o Barroco Mineiro se caracterizou pela diversidade e pelo ecletismo. Nesse sentido, a escultura no Barroco Mineiro não segue

padrões acadêmicos, priorizando usar cores mais uniformes e feições mais ingênuas e joviais.

LEIA O POEMA ABAIXO, PARA RESOLVER AS QUESTÕES PROPOSTAS:

AOS AFETOS E LÁGRIMAS DERRAMADAS NA AUSÊNCIA DA DAMA A QUEM QUERIA BEM. GREGÓRIO DE MATOS Ardor em firme coração nascido Pranto por belos olhos derramado;

Aqui

temos

uma

pergunta

retórica.

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Incêndio em mares de água disfarçado; Rio de neve em fogo convertido: Tu, que em um peito abrasas escondido; Tu, que em um rosto corres desatado; (incontido) Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal em chamas derretido. Se és fogo como passa brandamente, Se és neve, como queima com porfia? (insistência) Mas ai, que andou Amor em ti prudente! Pois para temperar a tirania, (equilibrar o domínio do Amor) Como quis que fosse a neve ardente, Permitiu parecesse a chama fria. ” Gregório de Matos 01 – Quais são os dois elementos da natureza que se opõem e representam as contradições que o sentimento amoroso desperta no eu lírico?

a) O que cada um deles simboliza no poema?

b) Nas duas primeiras estrofes, quais as imagens e metáforas utilizadas pelo eu lírico para fazer referência a esses elementos? 02 – Releia: “Incêndio em mares de água disfarçado; Rio de neve em fogo convertido”.

a) Qual é a figura de linguagem que indica a tensão entre os opostos? Explique.

b) Há outros exemplos dessa figura no poema? Quais?

d) O Barroso apresenta não apenas o confronto dos opostos, mas também sua fusão ou aproximação. Como ela pode ser observada nos versos transcritos? 03 – Quem é o interlocutor a que o eu lírico se refere na segunda e na terceira estrofes?

a) Como ele é caracterizado?

b) Qual é o questionamento feito pelo eu lírico nesses versos? 04 – No soneto, vemos a habilidade de Gregório de Matos em trabalhar a linguagem para conciliar os opostos. Releia os versos a seguir, observando os trechos destacados em negrito e em itálico. “Se és fogo, como passas brandamente, Se és neve, como queimas com porfia?” “Como quis que aqui fosse a neve ardente, Permitiu parecesse a chama fria.”

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a) No início do poema, o eu lírico apresenta a oposição entre o calor e o frio, o fogo e a água, a paixão e a contenção (ou refreamento). Explique de que maneira os dois primeiros versos transcritos acima encaminham a fusão que ocorrerá entre esses elementos opostos no fim do poema.

b) As expressões destacadas nos dois últimos versos são paradoxos, construídos a partir da oposição dos mesmos elementos: frio x calor; fogo x neve. Elas encerram o mesmo sentido? Por quê?

c) Considerando que a neve simboliza a prudência/o controle e o fogo, a paixão, qual é o significado, no contexto do poema, das expressões “neve ardente” e “chama fria”? 05 – O eu lírico afirma que o Amor “temperou” sua tirania. De que maneira isso foi feito? Por quê? 06 – Releia a linha do tempo. Que acontecimento ilustra como o século XVII era uma época dividida entre a razão e a fé? a) Explique de que forma esse acontecimento exemplifica o contexto que gera o conflito do ser humano durante o Barroco.

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E que justiça a resguarda? ............................Bastarda. É grátis distribuída? .....................................Vendida. Que tem, que a todos assusta?.....................Injusta.

Valha-nos Deus, o que custa. O que El-Rei nos dá de graça, Que anda a justiça na praça Bastarda, Vendida e Injusta.

1.Podemos afirmar que o poema foi construído empregando a técnica de “disseminação e recolha” .Como isso se dá?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ABAURRE, Maria Luiza M. Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2010.

CEREJA, Willian Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português, Linguagens 1. 7ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2010.

DE NICOLA, José. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione,2003.

DE NICOLA, José. Literatura Portuguesa: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 1999.

DE NICOLA, José. Português: ensino médio, volume 1. São Paulo: Scipione, 2005.

PASCHOALIN, Maria Aparecida & SPADOTO, Neusa Teresinha. Gramática: Teoria e Atividades. 1ª Edição. São Paulo: FTD: 2014.

Ser Protagonista: Língua portuguesa, 1º Ano: ensino médio/ obra coletiva. 2ª Edição. São Paulo: Edições SM, 2013.

SETTE, Graça (et al.) 2ª Português: trilhas e tramas, volume 1/ Edição. São Paulo: Leya 2016.