louis berkhof - teologia sistemática portuguÊs
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Teologia Sistemtica
Louis Berkhof
Ttulo do original em Ingls
Systematic Theology
1990 Direitos reservados pelo autor. Publicado com a devida autorizao por Luz Para o
Caminho, Caixa postal 130, CEP 13001-970, Campinas, So Paulo, Brasil.
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Berkhof, Louis
Teologia Sistemtica/ Louis Berkhof; trad. por
Odayr Olivetti. Campinas: Luz Para o Caminho,
1990.
791p.
1. Teologia doutrinal crist Estudo. I. Ttulo
CDD 230.07
1 Edio, 1990 3.000 exemplares.
2 Tiragem, 1992 3.000 exemplares.
3 Tiragem, 1994 3.000 exemplares.
4 Tiragem, 1996 3.000 exemplares.
5 Tiragem, 1998 3.000 exemplares.
6 Tiragem, 2000 3.000 exemplares.
Editora Cultura Crist
Digitalizador desconhecido Doado por Marcos S. Ramos
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Prefcio
Agora que minha teologia sistemtica est sendo novamente impressa, o prefcio pode ser
curto. No necessrio dizer muita coisa acerca da natureza da obra, visto que ela tem estado
perante o pblico durante mais de quinze anos e tem sido amplamente usada. Tenho todas as
razes para estar agradecido pela maneira bondosa como ela tem sido recebida, pelo testemunho
favorvel de muitos crticos e pelo fato de o livro estar sendo agora usado como livro-texto em
muitos seminrios teolgicos e institutos bblicos em nosso pas, e de que tm sido feitos pelos
pedidos do estrangeiro de permisso para traduzi-la em outras lnguas. Estas so as bnos que
eu no previa, pelas quais estou profundamente agradecido a Deus. A Ele toda a honra. E se a
obra puder continuar sendo uma bno em muitas partes da igreja de Jesus Cristo,
simplesmente aumentar o meu reconhecimento da abundante graa de Deus.
L. BERKHOF
Grand Rapids, Michigan,
1 de agosto de 1949.
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NDICE
Primeira Parte: A DOUTRINA DE DEUS I. A Existncia de Deus................................................................................................................................................. 11
A. Lugar da Doutrina de Deus na Dogmtica. .......................................................................................................... 11 B. Prova Bblica da Existncia de Deus. ................................................................................................................... 12 C. A negao da existncia de Deus em suas Vrias Formas. .................................................................................. 13 D. As Assim Chamadas Provas Racionais da Existncia de Deus. ........................................................................... 18
II. A cognoscibilidade de Deus ..................................................................................................................................... 21 A. Deus Incompreensvel e, contudo, Cognoscvel. ................................................................................................. 21 B. Negao da Cognoscibilidade de Deus. ............................................................................................................... 22 C. Auto-Revelao, Requisito de todo Conhecimento de Deus ................................................................................ 26
III. Relao do Ser e dos Atributos de Deus ................................................................................................................. 33 A. O Ser de Deus. ..................................................................................................................................................... 33 B. A Possibilidade de Conhecer o Ser de Deus ........................................................................................................ 35 C. O Ser de Deus Revelado em Seus Atributos ........................................................................................................ 37
IV. Os nomes de Deus .................................................................................................................................................. 39 A. Os Nomes de Deus em Geral. .............................................................................................................................. 39 B. Os Nomes do Velho Testamento e Seu Significado ............................................................................................. 40 C. Os Nomes do Novo testamento e Seu Significado. .............................................................................................. 42
V. Os atributos de Deus em geral ................................................................................................................................. 44 A. Avaliao dos Termos Empregados ..................................................................................................................... 44 B. Mtodo de Determinao dos Atributos de Deus. ................................................................................................ 44 C. Sugestes Feitas Quanto s Divises dos Atributos. ............................................................................................ 47
VI. Os Atributos Incomunicveis ................................................................................................................................. 50 A. Existncia Autnoma de Deus. ............................................................................................................................ 50 B. A Imutabilidade de Deus ...................................................................................................................................... 51 C. A Infinidade de Deus. .......................................................................................................................................... 52 D. A Unidade de Deus. ............................................................................................................................................. 54
VII. Os Atributos Comunicveis .................................................................................................................................. 57 A. A Espiritualidade de Deus. .................................................................................................................................. 58 B. Atributos Intelectuais. .......................................................................................................................................... 59 C. Atributos Morais. ................................................................................................................................................. 63 D. Atributos de Soberania ......................................................................................................................................... 69
VIII. A Trindade Santa ................................................................................................................................................. 75 A. A Doutrina da Trindade na Histria ..................................................................................................................... 75 B. Deus como Trindade em Unidade ........................................................................................................................ 76 C. As Trs Pessoas Consideradas Separadamente. ................................................................................................... 83
(AS OBRAS DE DEUS) I. Os decretos Divinos em Geral ................................................................................................................................... 92
A. A Doutrina dos Decretos na Teologia. ................................................................................................................. 92 B. Nomes Bblicos para os Decretos Divinos. .......................................................................................................... 93 C. A Natureza dos Decretos Divinos. ....................................................................................................................... 94 D. As Caractersticas do Decreto Divino. ................................................................................................................. 95 E. Objees Doutrina dos Decretos. ...................................................................................................................... 97
II. Predestinao ......................................................................................................................................................... 101 A. A Doutrina da Predestinao na Histria. .......................................................................................................... 101 B. Termos Bblicos para a Predestinao................................................................................................................ 103 C. O Autor e os Objetos da Predestinao .............................................................................................................. 105 D. As Partes da Predestinao. ............................................................................................................................... 106 E. Supra e Infralapsarianismo. ................................................................................................................................ 110
III. Criao em Geral .................................................................................................................................................. 119 A. A doutrina da Criao na Histria. ..................................................................................................................... 119 B. Prova Bblica da Doutrina da Criao. ............................................................................................................... 120 C. A Idia da Criao .............................................................................................................................................. 121 D. Teorias Divergentes a Respeito da origem do Mundo. ...................................................................................... 130
IV. Criao do Mundo Espiritual ................................................................................................................................ 133 A. A Doutrina dos Anjos na Histria ...................................................................................................................... 133 B. A Existncia dos Anjos ...................................................................................................................................... 135
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C. A Natureza dos Anjos. ....................................................................................................................................... 136 D. Nmero e organizao dos Anjos. ..................................................................................................................... 137 E. O servio dos Anjos ........................................................................................................................................... 139 F. Os Anjos Maus. .................................................................................................................................................. 140
V. Criao do Mundo Material ................................................................................................................................... 143 A. O Relato Bblico da Criao .............................................................................................................................. 143 B. O Hexameron, ou a Obra dos Dias Separados. .................................................................................................. 144
VI. Providncia ........................................................................................................................................................... 158 A. Providncia em Geral ......................................................................................................................................... 158 B. Preservao. ....................................................................................................................................................... 162 C. Concorrncia. ..................................................................................................................................................... 164 D. Governo. ............................................................................................................................................................ 168 E. Providncias Extraordinrias ou Milagres. ......................................................................................................... 169
Segunda Parte: A DOUTRINA DO HOMEM COM RELAO A DEUS I. A Origem do Homem .............................................................................................................................................. 172
A. A doutrina do Homem na Dogmtica. ............................................................................................................... 172 B. Relato Bblico da Origem do Homem. ............................................................................................................... 172 C. A Teoria Evolucionista da Origem do Homem. ................................................................................................. 174 D. A Origem do Homem e a Unidade da Raa. ...................................................................................................... 179
II. A Natureza do Homem ........................................................................................................................................... 182 A. Os Elementos Constitutivos da Natureza Humana. ........................................................................................... 182 B. A Origem da Alma no Indivduo........................................................................................................................ 187
III. O Homem Como a Imagem de Deus .................................................................................................................... 193 A. Conceitos Histricos da Imagem de Deus no Homem. ...................................................................................... 193 B. Dados Bblicos a Respeito da Imagem de Deus no Homem. ............................................................................. 194 C. O Homem Como a Imagem de Deus.................................................................................................................. 196 D. A Condio Original do Homem como a Imagem de Deus. .............................................................................. 200
IV. O Homem na Aliana das Obras .......................................................................................................................... 203 A. A Doutrina da Aliana das Obras na Histria. ................................................................................................... 203 B. O Fundamento Bblico da Doutrina da Aliana das Obras. ............................................................................... 205 C. Elementos da Aliana das Obras. ....................................................................................................................... 207 D. A Situao Atual da Aliana das Obras. ............................................................................................................ 209
O HOMEM NO ESTADO DE PECADO I. A Origem do Pecado ............................................................................................................................................... 212
A. Conceitos Histricos a Respeito da Origem do Pecado. .................................................................................... 212 B. Dados Bblicos a Respeito da Origem do Pecado. ............................................................................................. 213 C. A Natureza do Primeiro Pecado ou da Queda do Homem. ................................................................................ 215 D. O Primeiro Pecado ou a Queda como Ocasionada pela Tentao...................................................................... 216 E. A Explicao Evolucionista da Origem do Pecado. ........................................................................................... 218 F. Os Resultados do Primeiro Pecado. .................................................................................................................... 219
II. O Carter Essencial do Primeiro Pecado ................................................................................................................ 221 A. Teorias Filosficas a Respeito da Natureza do Mal. .......................................................................................... 221 B. A Idia Bblica do Pecado. ................................................................................................................................. 225 C. O Conceito Pelagiano de Pecado. ...................................................................................................................... 227 D. O Conceito Catlico romano do Pecado. ........................................................................................................... 229
III. A Transmisso do Pecado ..................................................................................................................................... 232 A. Resenha Histrica. ............................................................................................................................................. 232 B. A Universalidade do Pecado .............................................................................................................................. 234 C. A Relao do pecado de Ado com o da Raa. .................................................................................................. 235
IV. O Pecado na Vida da Raa Humana ..................................................................................................................... 239 A. O Pecado Original. ............................................................................................................................................. 239 B. O Pecado Fatual. ................................................................................................................................................ 246
V. A Punio do Pecado ............................................................................................................................................. 251 A. Punies Naturais e positivas. ............................................................................................................................ 251 B. A Natureza e o Propsito das Punies. ............................................................................................................. 252 C. O Castigo Efetivo do Pecado. ............................................................................................................................ 254
O HOMEM NA ALIANA DA GRAA I. Nome e Conceito da Aliana ................................................................................................................................... 258
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A. O Nome. ............................................................................................................................................................. 258 B. O conceito. ......................................................................................................................................................... 259
II. A Aliana da Redeno .......................................................................................................................................... 261 A. A discusso Separada Disto Desejvel. ........................................................................................................... 261 B. Dados Bblicos Quanto Aliana da Redeno. ................................................................................................ 261 C. O Filho na Aliana da Redeno. ....................................................................................................................... 262 D. Requisitos e Promessas da Aliana da Redeno............................................................................................... 265 E. Relao desta Aliana com a Aliana da Graa. ................................................................................................ 266
III. Natureza da Aliana da Graa ............................................................................................................................... 268 A. Comparao da Aliana da Graa com a Aliana das Obras. ............................................................................ 268 B. As Partes Contratantes. ...................................................................................................................................... 268 C. O Contedo da Aliana da Graa. ...................................................................................................................... 272 D. Caractersticas da Aliana da Graa. .................................................................................................................. 273 E. Relao de Cristo com a Aliana da Graa. ....................................................................................................... 278
IV. O Aspecto Duplo da Aliana ................................................................................................................................ 280 A. Uma Aliana Externa e uma Interna. ................................................................................................................. 280 B. A Essncia e a Administrao da Aliana. ......................................................................................................... 281 C. Uma Aliana Condicional e uma Absoluta. ....................................................................................................... 281 D. A Aliana como Relao Puramente Legal e como Comunho de Vida. .......................................................... 281 E. Participao na Aliana como uma Relao Legal. ............................................................................................ 283
V. Diferentes Dispensaes da Aliana ...................................................................................................................... 286 A. O Conceito Adequado das diferentes Dispensaes. ......................................................................................... 286 B. A Dispensao do Velho Testamento. ............................................................................................................... 289 C. A Dispensao do Novo Testamento. ................................................................................................................ 295
Terceira Parte: A DOUTRINA DA PESSOA E OBRA DE CRISTO
A PESSOA DE CRISTO I. A Doutrina de Cristo na Histria ............................................................................................................................. 298
A. Relao entre Antropologia e Cristologia. ......................................................................................................... 298 B. A Doutrina de Cristo antes da Reforma. ............................................................................................................ 298 C. A Doutrina de Cristo Depois da Reforma. ......................................................................................................... 301
II. Nomes e Naturezas de Cristo ................................................................................................................................. 306 A. Os Nomes de Cristo ........................................................................................................................................... 306 B. As Naturezas de Cristo. ...................................................................................................................................... 309
III. A Unipersonalidade de Cristo ............................................................................................................................... 315 A. Exposio do Conceito da Igreja a Respeito da Pessoa de Cristo. ..................................................................... 315 B. Prova Bblica da Unipersonalidade de Cristo. .................................................................................................... 316 C. Os Efeitos da Unio das Duas Naturezas em uma Pessoa. ................................................................................. 317 D. A Unipersonalidade de Cristo, um Mistrio. ..................................................................................................... 319 E. A Doutrina Luterana da Comunicao de Atributos. ......................................................................................... 319 F. A Doutrina da Knosis em Suas Vrias Formas. ............................................................................................ 321 G. A Teoria da Encarnao Gradual. ...................................................................................................................... 324
OS ESTADOS DE CRISTO I. O Estado de Humilhao ......................................................................................................................................... 326
A. Introduo: A Doutrina dos Estados de Cristo em Geral. .................................................................................. 326 B. O Estado de Humilhao. ................................................................................................................................... 327
II. O Estado de Exaltao ........................................................................................................................................... 339 A. Notas Gerais Sobre o Estado de Exaltao ........................................................................................................ 339 B. Os Estgios do Estado de Exaltao................................................................................................................... 340
OS OFCIOS DE CRISTO I. Introduo: O Ofcio Proftico ................................................................................................................................ 351
A. Observaes Introdutrias Sobre os Ofcios em Geral. ..................................................................................... 351 B. O Ofcio Proftico. ............................................................................................................................................. 352
II. O Ofcio Sacerdotal ................................................................................................................................................ 356 A. A Idia Bblica de Um Sacerdote. ...................................................................................................................... 356 B. A Obra Sacrificial de Cristo. .............................................................................................................................. 357
III. Causa e necessidade da Expiao ......................................................................................................................... 362 A. A Causa Motora da Expiao............................................................................................................................. 362
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B. Conceitos Histricos da necessidade da Expiao. ............................................................................................ 363 C. Provas da Necessidade da Expiao. .................................................................................................................. 365 D. Objees Doutrina da Absoluta Necessidade da Expiao. ............................................................................ 366
IV. A Natureza da Expiao ....................................................................................................................................... 368 A. Declarao da Doutrina da Expiao Substitutiva e Penal. ................................................................................ 368 B. Objees Doutrina da Expiao Substitutiva e penal ou da Satisfao. .......................................................... 376
V. Teorias Divergentes da Expiao ........................................................................................................................... 379 A. Teorias da Igreja Primitiva. ................................................................................................................................ 379 B. A Teoria da Satisfao, de Anselmo (Teoria Comercial). .................................................................................. 380 C. A Teoria da Influncia Moral. ............................................................................................................................ 381 D. A Teoria do Exemplo. ........................................................................................................................................ 382 E. A Teoria Governamental. ................................................................................................................................... 383 F. A Teoria Mstica. ................................................................................................................................................ 384 G. A teoria do Arrependimento Vicrio.................................................................................................................. 385
VI. Propsito e Extenso da Expiao ........................................................................................................................ 388 A. O Propsito da Expiao. ................................................................................................................................... 388 B. A Extenso da Expiao. .................................................................................................................................... 389
VII. A Obra Intercessria de Cristo ............................................................................................................................ 396 A. Prova Bblica da Obra Intercessria de Cristo. .................................................................................................. 396 B. Natureza da Obra Intercessria de Cristo. .......................................................................................................... 397 C. As Pessoas Por Quem e as Coisas Pelas Quais Ele Intercede. ........................................................................... 399 D. Caractersticas da Sua Intercesso. .................................................................................................................... 400
VIII. O Ofcio Real ..................................................................................................................................................... 402 A. O Reinado Espiritual de Cristo. ......................................................................................................................... 402 B. O Reinado de Cristo Sobre o Universo. ............................................................................................................. 406
Quarta Parte: A DOUTRINA DA APLICAO DA OBRA DE REDENO I. Soteriologia em Geral .............................................................................................................................................. 409
A. Relao entre Soteriologia e os Loci Anteriores. ............................................................................................... 409 B. A Ordo Salutis (a Ordem da Salvao). ............................................................................................................. 409
II. Operaes do Esprito Santo em Geral................................................................................................................... 418 A. Transio Para a Obra do Esprito Santo. .......................................................................................................... 418 B. Operaes Gerais e Especiais do Esprito Santo. ............................................................................................... 419 C. O Esprito Santo Como o Despenseiro da Graa Divina. ................................................................................... 421
III. Graa Comum ....................................................................................................................................................... 427 A. Origem da Doutrina da Graa Comum. ............................................................................................................. 427 B. Nome e Conceito da Graa Comum. .................................................................................................................. 429 C. A Graa Comum e a Obra Expiatria de Cristo. ................................................................................................ 432 D. Relao Entre a Graa Especial e a Comum. ..................................................................................................... 434 E. Meios Pelos Quais Opera a Graa Comum. ....................................................................................................... 435 F. Frutos da Graa Comum. .................................................................................................................................... 437 G. Objees Doutrina Reformada da Graa Comum. .......................................................................................... 439
IV. A Unio Mstica ................................................................................................................................................... 443 A. Natureza da Unio Mstica. ................................................................................................................................ 443 B. Caractersticas da Unio Mstica. ....................................................................................................................... 446 C. Conceitos Errneos da Unio Mstica. ............................................................................................................... 447 D. Significado da Unio Mstica. ............................................................................................................................ 448
V. Vocao em Geral e Vocao Externa ................................................................................................................... 450 A. Razes Para Discutir Primeiro a Vocao. ........................................................................................................ 450 B. Vocao em Geral. ............................................................................................................................................. 453 C. Vocao Externa. ............................................................................................................................................... 455
VI. Regenerao e Vocao Eficaz ............................................................................................................................. 462 A. Termos Bblicos Para a Regenerao e Suas Implicaes. ................................................................................ 462 B. Emprego do Termo Regenerao na Teologia. .................................................................................................. 462 C. A Natureza Essencial da Regenerao. .............................................................................................................. 465 D. A Vocao Eficaz em Relao Vocao Externa e Regenerao. ................................................................ 466 E. A Necessidade da Regenerao. ......................................................................................................................... 469 F. A Causa Eficiente da Regenerao. .................................................................................................................... 470 G. O Emprego da Palavra de Deus Como Instrumento da Regenerao. ............................................................... 471 H. Conceitos Divergentes de Regenerao. ............................................................................................................ 474
VII. Converso ............................................................................................................................................................ 478 A. Os Termos Bblicos Para Converso. ................................................................................................................ 478
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B. A Idia de Converso. Definio. ...................................................................................................................... 480 C. Caractersticas da Converso. ............................................................................................................................ 482 D. Elementos Diferentes na Converso. ................................................................................................................. 484 E. A Psicologia da Converso. ................................................................................................................................ 485 F. O Autor da Converso. ....................................................................................................................................... 488 G. Necessidade da Converso. ................................................................................................................................ 489 H. Relao da Converso com Outros Estgios do Processo de Salvao. ............................................................. 490
VIII. F ....................................................................................................................................................................... 492 A. Termos Bblicos Para F. ................................................................................................................................... 492 B. Expresses Figuradas Empregadas Para Descrever a Atividade da F. ............................................................. 494 C. A Doutrina da F na Histria. ............................................................................................................................ 495 D. A Idia de F na Bblia. ..................................................................................................................................... 497 E. A F em Geral .................................................................................................................................................... 499 F. A F no Sentido Religioso e Particularmente a F Salvadora. ........................................................................... 500 G. F e Certeza. ...................................................................................................................................................... 506 H. O Conceito Catlico Romano de F. ................................................................................................................. 508
IX. Justificao ........................................................................................................................................................... 510 A. Termos Bblicos Para Justificao e Seus Significados. .................................................................................... 510 B. A Doutrina da Justificao na Histria............................................................................................................... 511 C. Natureza e Caractersticas da Justificao. ......................................................................................................... 513 D. Elementos da Justificao. ................................................................................................................................. 514 E. Esfera em Que Ocorre a Justificao. ................................................................................................................. 516 F. Ocasio em que se da a Justificao. .................................................................................................................. 517 G. Base da Justificao. .......................................................................................................................................... 523 H. Objees Doutrina da Justificao. ................................................................................................................. 524 I. Conceitos Divergentes de Justificao. ............................................................................................................... 524
X. Santificao ............................................................................................................................................................ 527 A. Termos Bblicos Para Santificao e Santidade. ................................................................................................ 527 B. A Doutrina da Santificao na Histria. ............................................................................................................. 529 C. A Idia Bblica de Santidade e Santificao....................................................................................................... 531 D. Natureza da Santificao. ................................................................................................................................... 532 E. Caractersticas da Santificao. .......................................................................................................................... 534 F. O Autor e os Meios da Santificao. .................................................................................................................. 535 G. Relao da Santificao com Outros Estgios da Ordo Salutis. ........................................................................ 536 H. O Carter Imperfeito da Santificao Nesta Vida. ............................................................................................. 538 I. Santificao e Boas Obras. .................................................................................................................................. 541
XI. A Perseverana dos Santos ................................................................................................................................... 546 A. A Doutrina da Perseverana dos Santos na Histria. ......................................................................................... 546 B. Exposio da Doutrina da Perseverana. ........................................................................................................... 546 C. Prova da Doutrina da Perseverana. ................................................................................................................... 547 D. Objees Doutrina da Perseverana. ............................................................................................................... 549 E. A Negao Desta Doutrina Torna a Salvao Dependente da Vontade Humana. .............................................. 550
Quinta Parte: A DOUTRINA DA IGREJA E DOS MEIOS DE GRAA
A IGREJA I. Nomes Bblicos da Igreja e a Doutrina da Igreja na Histria. ................................................................................. 554
A. Nomes Bblicos da Igreja. .................................................................................................................................. 554 B. A Doutrina da Igreja na Histria. ....................................................................................................................... 557
II. Natureza da Igreja .................................................................................................................................................. 561 A. A Essncia da Igreja........................................................................................................................................... 561 B. O carter Multiforme da Igreja........................................................................................................................... 563 C. Vrias Definies da Igreja ................................................................................................................................ 566 D. A igreja e o Reino de Deus. ............................................................................................................................... 567 E. A Igreja e as Diferentes Dispensaes ............................................................................................................... 569 F. Os Atributos da Igreja......................................................................................................................................... 571 G. As Marcas da Igreja ........................................................................................................................................... 575
III. O Governo da Igreja ............................................................................................................................................. 579 A. Diferentes Teorias a Respeito do Governo da Igreja. ........................................................................................ 579 B. Os Princpios Fundamentais do Sistema Reformado ou Presbiteriano. ............................................................. 581 C. Os Oficiais da Igreja........................................................................................................................................... 585 D. As Assemblias Eclesisticas............................................................................................................................. 589
IV. O Poder da Igreja. ................................................................................................................................................. 594
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A. A Fonte do Poder da Igreja. ............................................................................................................................... 594 B. A Natureza Deste Poder. .................................................................................................................................... 595 C. Diferentes Espcies de Poder Eclesistico. ........................................................................................................ 596
OS MEIOS DE GRAA I. Os Meios e Graa em Geral ..................................................................................................................................... 605
A. A Idia dos Meios de Graa ............................................................................................................................... 605 B. Caractersticas da Palavra e dos Sacramentos Como Meios de Graa ............................................................... 605 C. Conceitos Histricos a Respeito dos Meios de Graa ........................................................................................ 607 D. Elementos Caractersticos da Doutrina Reformada dos Meios de Graa. .......................................................... 609
II. A Palavra Como Meio de Graa ............................................................................................................................ 611 A. Sentido da Expresso Palavra de Deus Neste Contexto. ................................................................................ 611 B. A Relao da Palavra com o Esprito Santo. ...................................................................................................... 612 C. As Duas Partes da Palavra de Deus Considerada Como Meio de Graa. ........................................................... 613 D. O Trplice Uso da Lei. ....................................................................................................................................... 615
III. Os Sacramentos em Geral ..................................................................................................................................... 618 A. Relao Entre a Palavra e os Sacramentos. ........................................................................................................ 618 B. Origem e Sentido da Palavra Sacramento. ...................................................................................................... 618 C. Partes Componentes do Sacramento. ................................................................................................................. 619 D. Necessidade dos Sacramentos. ........................................................................................................................... 620 E. Os Sacramentos do Velho e do Novo Testamentos Comparados. ...................................................................... 621 F. Nmero dos Sacramentos. .................................................................................................................................. 622
IV. O Batismo Cristo ................................................................................................................................................ 624 A. Analogias do Batismo Cristo............................................................................................................................ 624 B. A Instituio do Batismo Cristo. ...................................................................................................................... 626 C. A Doutrina do Batismo na Histria. ................................................................................................................... 628 D. O Modo Prprio do Batismo. ............................................................................................................................. 630 E. Legtimos Administradores do Batismo. ............................................................................................................ 633 F. Os Objetos do Batismo ....................................................................................................................................... 634
V. A Ceia do Senhor ................................................................................................................................................... 648 A. Analogias da Ceia do Senhor em Israel. ............................................................................................................ 648 B. A Doutrina da Ceia do Senhor na Histria. ........................................................................................................ 649 C. Nomes Bblicos para a Ceia do Senhor. ............................................................................................................. 650 D. Instituio da Ceia do Senhor. ........................................................................................................................... 651 E. As Realidades Significadas e Seladas na Ceia do Senhor. ................................................................................. 654 F. A Unio Sacramental ou a Questo da Presena Real de Cristo na Ceia do Senhor. ......................................... 656 G. A Ceia do Senhor Como Meio de Graa ou Sua Eficcia. ................................................................................. 659 H. As Pessoas para as Quais Foi Instituda a Ceia do Senhor. ................................................................................ 661
Sexta Parte: A DOUTRINA DAS LTIMAS COISAS
ESCATOLOGIA INDIVIDUAL Captulo Introdutrio. ................................................................................................................................................. 664
A Escatologia na Filosofia e na Religio. ............................................................................................................... 664 B. A Escatologia na Histria da Igreja Crist ......................................................................................................... 665 C. Relao da Escatologia com o Restante da Dogmtica. ..................................................................................... 667 D. O Nome Escatologia. ...................................................................................................................................... 669 E. Contedo da Escatologia: Escatologia Geral e Individual.................................................................................. 669
I. Morte Fsica ............................................................................................................................................................. 671 A. Natureza da Morte Fsica. .................................................................................................................................. 671 B. Relao Entre o Pecado e a Morte. .................................................................................................................... 672 C. Significado da Morte dos Crentes. ..................................................................................................................... 673
II. A Imortalidade da Alma ......................................................................................................................................... 675 A. Diferentes Conotaes do Termo Imortalidade. ............................................................................................. 675 B. Testemunho da Revelao Geral Quanto Imortalidade da Alma. .................................................................... 676 C. Testemunho da Revelao Especial Quanto Imortalidade da Alma. ............................................................... 677 D. Objees Doutrina da Imortalidade Pessoal e Seus Modernos Substitutos. .................................................... 679
III. O Estado Intermedirio ......................................................................................................................................... 682 A. Conceito Bblico de Estado Intermedirio. ........................................................................................................ 682 B. A Doutrina do Estado Intermedirio na Histria. ............................................................................................... 683 C. A Construo Moderna da Doutrina do Sheol-Hades. ....................................................................................... 684 D. A Doutrina Catlica Romana a Respeito do Domicilio da Alma Depois da Morte. .......................................... 689
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E. O Estado da Alma Depois da Morte, Um Estado de Existncia Consciente. ..................................................... 691 F. O Estado Intermedirio no um Estado de Provao ou Prova Posterior. ....................................................... 695
ESCATOLOGIA GERAL I. A Segunda Vinda de Cristo ..................................................................................................................................... 698
A. A segunda Vinda, um Evento nico. ................................................................................................................. 698 B. Os grandiosos Eventos que Precedero a Parousia. ........................................................................................... 699 C. A Parousia ou a Segunda Vinda Propriamente Dita. .......................................................................................... 706
II. Correntes Milenistas............................................................................................................................................... 711 A. Premilenismo ..................................................................................................................................................... 711 B. Ps-Milenismo ................................................................................................................................................... 719
III. A Ressurreio dos Mortos ................................................................................................................................... 724 A. A Doutrina da Ressurreio na Histria. ............................................................................................................ 724 B. Prova Bblica da Ressurreio. ........................................................................................................................... 725 C. A Natureza da Ressurreio. .............................................................................................................................. 726 D. A Ocasio da Ressurreio. ............................................................................................................................... 728
IV. O Juzo Final......................................................................................................................................................... 732 A. A Doutrina do Juzo Final na Histria. .............................................................................................................. 732 B. Natureza do Juzo Final. ..................................................................................................................................... 733 C. Conceitos Errneos a Respeito do Juzo. ........................................................................................................... 733 D. O Juiz e os Seus Assistentes .............................................................................................................................. 735 E. As Partes que Sero Julgadas ............................................................................................................................. 736 F. A Ocasio do Juzo. ............................................................................................................................................ 736 G. O Padro do Juzo. ............................................................................................................................................. 737 H. As Diferentes Partes do Juzo. ........................................................................................................................... 738
V. O Estado Final ....................................................................................................................................................... 739 A. O Estado Final dos mpios. ................................................................................................................................ 739 B. O Estado Final dos Justos. ................................................................................................................................. 740
INDICE DE PASSAGENS BIBLICAS ...................................................................................................................... 773
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Primeira Parte: A DOUTRINA DE DEUS
I. A Existncia de Deus
A. Lugar da Doutrina de Deus na Dogmtica.
As obras de dogmtica ou de teologia sistemtica geralmente comeam com a Doutrina de
Deus. A opinio prevalecente tem reconhecido sempre este procedimento mais lgico, e ainda
continua apontando na mesma direo. Em muitos casos, mesmo aqueles cujos princpios
fundamentais pareceriam exigir outro arranjo, continuam na prtica tradicional. H boas razes
para comear com a Doutrina de Deus, se partirmos da admisso que a Teologia o
conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem so todas as
coisas. Em vez de surpreender-nos de que a dogmtica comece com a Doutrina de Deus, bem
poderamos esperar que seja completamente um estudo de Deus, em todas as suas ramificaes,
do comeo ao fim. Como uma questo de fato, isto exatamente o que se pretende que seja,
embora somente o primeiro locus ou captulo teolgico trate diretamente de Deus, enquanto que
as partes ou loci subseqentes tratam dele de maneira mais indireta. Iniciamos o estudo de
teologia com duas pressuposies a saber: (1) Que Deus existe; (2) Que Ele se revelou em Sua
Palavra divina. E por esta razo no nos impossvel comear com o estudo de Deus. Podemos
dirigir-nos a Sua revelao para aprender o que Ele revelou a respeito de Si mesmo e a respeito
de Sua relao para com as Suas criaturas. Tm-se feito tentativas no curso dos tempos para
distribuir o material da dogmtica de tal modo que exiba claramente que ela no apenas em um
locus, mas em sua totalidade, um estudo de Deus. Isto foi feito pela aplicao do mtodo trinitrio,
que dispe o assunto da dogmtica sob os trs ttulos: (1) O Pai; (2) O Filho; (3) O Esprito Santo.
Esse mtodo foi aplicado em algumas das primeiras obras sistemticas, foi restaurado ao favor
geral por Hegel, e se pode ver ainda na Dogmtica Crist, de Martensen. Uma tentativa
semelhante foi feita por Breckenridge, quando dividiu o assunto da dogmtica em (1) O
Conhecimento de Deus Objetivamente Considerado; (2) O Conhecimento de Deus subjetivamente
Considerado. Nem um nem outro destes podem ser considerados como tendo tido sucesso.
At o comeo do sculo XIX era quase geral a prtica de comear o estudo da dogmtica
com a doutrina de Deus, mas ocorreu uma mudana sob a influncia de Schleiermacher, que
procurou salvaguardar o carter cientfico da teologia com a introduo de um novo mtodo. A
conscincia religiosa do homem substituiu a palavra de Deus como a fonte da teologia. A f na
Escritura como autorizada revelao de Deus foi desacreditada e a compreenso humana,
baseada na apreenso emocional ou racional do homem, veio a ser o padro do pensamento
religioso. A religio gradativamente tomou o lugar de Deus como objeto da teologia. O homem
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deixou de ser ou de reconhecer o conhecimento de Deus como algo que lhe foi dado na Escritura
e comeou a orgulhar-se de Ter a Deus como seu objeto de pesquisa. No curso do tempo tornou-
se comum falar do descobrimento de Deus feito pelo homem, como se o homem alguma vez O
tivesse descoberto; e toda descoberta feita nesse processo foi dignificada com o nome de
revelao. Deus vinha no final de um silogismo, ou como o ltimo elo de uma corrente de
raciocnio, ou como a cumeeira de uma estrutura de pensamento humano. Sob tais
circunstncias, era simplesmente natural que alguns considerassem incoerncia comear a
dogmtica pelo estudo de Deus. Antes surpreendente que tantos, a despeito do seu
subjetivismo, tenham continuado a seguir a ordem tradicional.
Contudo, alguns perceberam a incongruncia e partiram por outro caminho. A obra dogmtica
de Schleiermacher dedica-se ao estudo e anlise do sentimento religioso e das doutrinas nele
envolvidas. Ele no trata da doutrina de Deus de maneira conexa, mas apenas em fragmentos, e
conclui a sua obra com uma discusso sobre a Trindade. Seu ponto de partida antropolgico, e
no teolgico. Alguns telogos intermedirios foram to influenciados por Schleiermacher que,
logicamente, comearam os seus tratados de dogmtica com o estudo do homem. Mesmo nos
dias presentes esta ordem seguida ocasionalmente. Acha-se um notvel exemplo disto na obra
de O. A. Curtis em The Christian Faith. Esta comea com a doutrina do homem e conclui com a
doutrina de Deus. Poderia parecer que a teologia da escola de Ritschl requeresse ainda outro
ponto de partida, desde que encontra a revelao objetiva de Deus, no a Bblia como na palavra
divinamente inspirada, mas em Cristo como fundador do Reino de Deus, e considera a idias do
Reino como o conceito central e absolutamente dominante da teologia. Contudo, dogmticos da
Escola de Ritschl, como Herrmann, Haering e Kaftan, seguem, pelo menos formalmente, a ordem
usual. Ao mesmo tempo, h vrios telogos que em suas obras comeam a discusso da
dogmtica propriamente dita com a doutrina de Cristo ou da Sua obra redentora. T. B. Strong
distingue entre teologia e teologia crist, define esta ltima como a expresso e anlise da
encarnao de Jesus Cristo, e faz da encarnao o conceito dominante em todo o seu Manual of
Theology.
B. Prova Bblica da Existncia de Deus.
Para ns a existncia de Deus a grande pressuposio da teologia. No h sentido em
falar-se do conhecimento de Deus, se no se admite que Deus existe. A pressuposio da
teologia crist um tipo muito definido. A suposio no apenas de que h alguma coisa,
alguma idia ou ideal, algum poder ou tendncia com propsito, a que se possa aplicar o nome de
Deus, mas que h um ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que a origem de todas as
coisas e que transcende a criao inteira, mas ao mesmo tempo imanente em cada parte da
criao. Pode-se levantar a questo se esta suposio razovel, questo que pode ser
respondida na afirmativa. No significa, contudo, que a existncia de Deus passvel de uma
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demonstrao lgica que no deixa lugar nenhum para dvida; mas significa, sim, que, embora
verdade da existncia de Deus seja aceita pela f, esta f, se baseia numa informao confivel.
Embora a teologia reformada considere a existncia de Deus como pressuposio inteiramente
razovel, no se arroga a capacidade de demonstrar isto por meio de uma argumentao racional.
Dr. Kuyper fala como segue da tentativa de faz-lo: A tentativa de provar a existncia de Deus ou
intil ou um fracasso. intil se o pesquisador acredita que Deus recompensa aqueles que O
procuram. um fracasso se se trata de uma tentativa de forar, mediante argumentao, ao
reconhecimento, num sentido lgico, uma pessoa que no tem esta pistis.1
O Cristo aceita a verdade da existncia de Deus pela f. Mas esta f no uma f cega,
mas f baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra
de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelao de Deus na natureza. A prova bblica sobre
este ponto no nos vem na forma de uma declarao explcita, e muito menos na forma de um
argumento lgico. Nesse sentido a Bblia no prova a existncia de Deus. O que mais se
aproxima de uma declarao talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 ... necessrio que
aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam. A Bblia pressupe a existncia de Deus em sua declarao inicial, No principio criou
Deus os cus e a terra. Ela no somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas,
mas tambm como o Sustentador de todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivduos
e naes. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da
Sua vontade, e revela a gradativa realizao do Seu grandioso propsito de redeno. O preparo
para esta obra, especialmente na escolha e direo do povo de Israel na velha aliana, v-se
claramente no Velho Testamento, e a sua culminao inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se
com grande clareza nas pginas do Novo testamento. V-se Deus em quase todas as pginas da
Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelao de Deus constitui a
base da nossa f na existncia de Deus, e a torna uma f inteiramente razovel. Deve-se notar,
contudo, que somente pela f que aceitamos a revelao de Deus e que obtemos uma real
compreenso do seu contedo. Disse Jesus, Se algum quiser fazer a vontade dele, conhecer a
respeito da doutrina, se ela de Deus ou se eu falo por mim mesmo, Joo 7.17. este
conhecimento intensivo, resultante de ntima comunho com Deus, que Osias tem em mente
quando diz, Conheamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor, Osias 6.3. O incrdulo no
tem nenhuma real compreenso da palavra de Deus. As palavras de Paulo so pertinentes nesta
conexo: Onde est o sbio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste sculo? Porventura no
tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo no o
conheceu por sua prpria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crem, pela loucura da
pregao, 1 Corntios 1.20, 21.
C. A negao da existncia de Deus em suas Vrias Formas.
1 Dict, Dogm., De Deo I, p. 77 (traduo de L. B. ao ingls).
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Os estudiosos de religies comparadas e os missionrios freqentemente do testemunho do
fato de que a idia de Deus praticamente universal na raa humana. encontrada at mesmo
entre as mais atrasadas naes e tribos do mundo. Isto no significa, contudo, que no h
indivduos que negam a existncia de Deus completamente, nem tampouco que no h um bom
nmero de pessoas em terras crists que negam a existncia de Deus como Ele revelado na
Escritura, uma Pessoa de perfeies infinitas, auto-existente e auto-consciente, que realiza todas
as coisas segundo um plano predeterminado. esta ltima forma de negao que temos
particularmente em mente aqui. Ela pode assumir vrias formas e, na verdade, tem assumido
vrias formas no curso da histria.
1. A ABSOLUTA NEGAO DA EXISTNCIA DE DEUS. Como acima foi dito, h forte prova
da presena universal da idia de Deus na mente humana, mesmo entre as tribos no civilizadas
e que no tem recebido o impacto da revelao especial. Em vista deste fato, alguns chegam a
negar a existncia de pessoas que negam a existncia de Deus, que haja verdadeiros ateus, a
saber, os ateus prticos e os tericos. Os primeiros so simplesmente pessoas no religiosas,
pessoas que na vida prtica no contam com Deus, e vivem como se Deus no existisse. Os
ltimos so em regra, de um tipo mais intelectual, e baseiam a sua negao num processo de
raciocnio. Procuram provar que Deus no existe usando para este fim aquilo que lhes parece
argumentos racionais conclusivos. Em vista da semen reliogionis implantada em todos os seres
humanos, pela criao do homem imagem de Deus, seguro admitir que ningum nasce ateu.
Em ltima anlise, o atesmo resulta do estado moral pervertido do homem e do seu desejo de
fugir de Deus. deliberadamente cego para o instinto mais fundamental do homem, para as
necessidades mais profundas da alma, para as mais elevadas aspiraes do esprito humano, e
para os anseios de um corao que anda tateando em busca de um ser mais alto; cego para
estas realidades e as procura suprimir. Esta supresso prtica ou intelectual da operao da
semen reliogionis freqentemente envolve prolongados e penosos conflitos.
No se pode duvidar da existncia de ateus prticos, visto que tanto a Escritura como a
experincia a atestam. A respeito dos mpios o Salmo 14.1 declara: Diz o insensato no seu
corao: no h Deus (cf. Sl 10.4b). E Paulo lembra aos Efsios que eles tinham estado
anteriormente sem Deus no mundo, Efsios 2.12. A experincia tambm d abundante
testemunho da presena deles no mundo. Eles no so necessariamente mpios notrios aos
olhos dos homens, mas podem pertencer aos assim chamados homens decentes do mundo,
embora consideravelmente indiferentes para com as coisas espirituais. Tais pessoas muitas vezes
tm a conscincia do fato de que esto em desarmonia com Deus, tremem ao pensar em
defront-lo e procuram esquec-lo. Parecem Ter um secreto prazer em exibir o seu atesmo
quando tudo vai bem, mas sabido que dobram os seus joelhos em orao quando sua vida entra
repentinamente em perigo. Na poca presente, milhares desses ateus prticos pertencem
Associao Americana para o Progresso do Atesmo.
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Os ateus tericos so doutra espcie. Geralmente so de um tipo mais intelectual e procuram
justificar a afirmao de que no h Deus por meio de argumentao racional. O professor Flint
distingue trs espcies de atesmo terico, a saber, (1) Atesmo dogmtico, que nega
peremptoriamente a existncia de um ser divino; (2) Atesmo ctico, que duvida da capacidade da
mente humana de determinar se h ou no h um Deus; (3) Atesmo crtico, que sustenta que no
h nenhuma prova vlida da existncia de deus. Estes freqentemente caminham de mos dadas,
mas mesmo o mais moderado deles realmente declara que toda e qualquer crena em Deus
uma iluso.1 Nesta diviso se ver que o agnosticismo tambm aparece como uma espcie de
atesmo, classificao que desagrada a muitos agnsticos. Deve-se ter em mente, porm, que o
agnosticismo referente existncia de Deus, embora admitindo a possibilidade da sua realidade,
deixa-nos sem um objeto de culto e adorao exatamente como faz o atesmo dogmtico.
Contudo, o verdadeiro ateu o ateu dogmtico, o homem que faz a afirmao categrica de que
no h Deus. Essa afirmao pode significar uma de duas coisas: ou que ele no reconhece Deus
nenhum, de nenhuma espcie, no erige nenhum dolo para si mesmo, ou que no reconhece o
Deus da escritura. Ora, h muitos poucos ateus que na vida prtica no modelam alguma espcie
de Deus para si prprios. H um nmero muito maior daqueles que teoricamente pem de lado
todo e qualquer deus; e um nmero ainda maior dos que romperam com o Deus da Escritura. O
atesmo terico geralmente est arraigado em alguma teoria cientfica ou filosfica. O monismo
materialista, em suas vrias formas, e o atesmo normalmente andam de mos dadas. O
idealismo subjetivo absoluto pode ainda deixar-nos a idia de Deus, mas nega que haja qualquer
realidade que lhe corresponda. Para o humanista moderno Deus simplesmente significa o
esprito da humanidade, o sentimento de integralidade, meta racial e outras abstraes desta
espcie. Outras teorias no somente do lugar a Deus; tambm pretendem manter a sua
existncia, mas certamente excluem o Deus do tesmo, um Ser pessoal supremo, o Criador, o
Preservador, e o Governador do Universo, distinto de Sua criao e, contudo, em toda parte
presente nela. O pantesmo funde o natural e o sobrenatural, o finito e o infinito numa s
substncia. Muitas vezes fala de Deus como base oculta do mundo fenomenal, mas no O
concebe como pessoal e, portanto dotado, como dotado de inteligncia e vontade. Ousadamente
declara que tudo Deus, assim se envolve naquilo a que Brightman chama a expanso de
Deus, de modo que temos muito de Deus, visto que Ele inclui tambm todo o mal do mundo.
Isto exclui o Deus da escritura, e at aqui claramente atesta. Spinoza pode ser chamado O
homem intoxicado por Deus, mas o seu Deus certamente no o Deus que os cristos cultuam e
adoram. Seguramente, no pode haver dvida da presena de ateus tericos no mundo. Quando
David Hume expressou dvida a respeito da existncia de um ateu dogmtico, o Baro dHolbach
replicou: Meu caro senhor, neste momento estais sentado mesa na companhia de dezessete
pessoas dessa classe. Os que so agnsticos quanto existncia de Deus podem diferir um
tanto do ateu dogmtico, mas eles, como estes ltimos, deixam-nos sem Deus.
1 Anti-Theories, p.4s.
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2. FALSOS CONCEITOS ATUAIS DE DEUS QUE ENVOLVEM NEGAO DO
VERDADEIRO DEUS. Em nossos dias h vrios conceitos falsos de Deus, conceitos que
envolvem a negao do conceito testa de Deus. Basta nesta conexo uma breve indicao dos
mais importantes destes falsos conceitos.
a. Um Deus imanente e impessoal. O tesmo sempre acreditou num Deus que
transcendente e imanente. O desmo retirou deus do mundo, e deu nfase Sua transcendncia,
em detrimento da Sua imanncia. Sob a influncia do pantesmo, porm o pndulo pendeu noutra
direo. Identificou Deus com o mundo e no reconheceu um Ser divino distinto da Sua criao e
infinitamente exaltado acima dela. Por intermdio de Schleiermacher, a tendncia de fazer Deus
um Ser em linha de continuidade com o mundo obteve um ponto de apoio na teologia. Ele ignora
completamente o Deus transcendente e s reconhece um Deus que pode ser conhecido pela
experincia humana e se manifesta na conscincia crist como causalidade absoluta, qual
corresponde um sentimento de dependncia absoluta. Os atributos que atribumos a Deus, so,
nesta maneira de ver, meras expresses simblicas dos vrios modos assumidos por este
sentimento de dependncia, idias subjetivas sem nenhuma realidade correspondente. Suas
representaes de Deus mais antigas e posteriores parecem diferir um pouco, e os intrpretes de
Schleiermacher diferem quanto maneira pela qual as suas afirmaes devam ser harmonizadas.
Contudo, Brunner parece estar certo quando diz que, para Schleiermacher, o universo toma o
lugar de Deus, embora seja usado este ltimo nome; e que ele concebe a Deus como idntico ao
universo e como a unidade subjacente ao universo. Muitas vezes parece que a distino entre o
mundo como uma unidade e o mundo em suas multiformes manifestaes. Ele fala muitas vezes
de deus como o Universum ou o Welt-All, e argumenta contra a personalidade de Deus; apesar
disso, incoerentemente, fala como se pudssemos Ter comunho com Ele em Cristo. Estas
opinies de Schleiermacher, fazendo de Deus um Ser em linha de continuidade com o mundo,
dominou grandemente a teologia do sculo passado, e esta opinio que Barth combate com a
sua forte nfase a Deus como O Totalmente Outro.
b. Um Deus finito e pessoal. A idia de um Deus finito ou deuses finitos no nova; to
antiga como politesmo e o henotesmo. A idias harmoniza-se com o pluralismo, no porm com
o monismo filosfico bem com o monotesmo teolgico. O tesmo sempre considerou Deus como
um Ser pessoal, absoluto, de perfeies infinitas. Durante o sculo XIX, quando a filosofia
monstica estava em ascendncia, tornou-se comum identificar o Deus da teologia com o Absoluto
da filosofia. Mais para o fim do sculo, porm, o termo Absoluto, como uma designao para
Deus, caiu em descrdito, em parte por causa de suas implicaes agnsticas e pantesticas, e
em parte como resultado da oposio idia do Absoluto na filosofia, e do desejo de excluir toda
metafsica da teologia. Bradley considerava o deus da religio crist como uma parte do Absoluto,
e James defendia um conceito de Deus que estava mais em harmonia com a experincia humana
de que com a idia de um Deus infinito. Ele elimina de Deus os atributos metafsicos de auto-
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existncia, infinidade e imutabilidade, e declara supremos os atributos morais. Deus tem um meio-
ambiente, existe no tempo, e elabora uma histria exatamente como ns o fazemos. Em vista do
mal existente no mundo, Ele deve ser imaginado como limitado em conhecimento ou no poder, ou
em ambos. As condies do mundo tornam impossvel crer num Deus bondoso, infinito em
conhecimento e poder. A existncia de um poder superior amistoso para com o homem e com o
qual este pode comungar satisfaz todas as necessidades e experincias prticas da religio.
James concebia este poder como pessoal, mas no desejava expressar-se como se acreditasse
num Deus finito ou em vrios deuses finitos. Bergson acrescentou a este conceito de James a
idia de um Deus em luta e em crescimento, constantemente envolvendo em seu meio-ambiente.
Outros que defendiam a idias de um Deus finito, embora de diferentes maneiras, so Hobhouse,
Shiller, James Ward, Rashdall e H.G. Wells.
c. Deus como personificao de uma simples idia abstrata. Ficou muito em voga na moderna
teologia liberal considerar o nome de Deus como um simples smbolo, representando algum
processo csmico, uma vontade ou poder universal, ou um ideal elevado e abrangente. Repete-se
com freqncia a afirmao de que, se Deus criou o homem Sua imagem, o homem agora est
devolvendo o cumprimento criando a Deus imagem do homem. Diz-se a respeito de Harry Elmer
Barnes que uma vez ele disse numa de suas aulas de laboratrio: Cavalheiros, agora vamos criar
Deus. Essa foi uma rude expresso de uma idia muito comum. A maioria dos que rejeitam o
conceito testa de Deus ainda professa f em Deus, mas este um Deus de sua prpria
imaginao.. A forma que ele assume numa ocasio particular depende, segundo Shailer
Matthews dos atuais modelos de pensamento. Nos tempos anteriores guerra, o padro
dominante era o de um soberano autocrtico, que exigia obedincia absoluta; agora o de um
governante democrtico, disposto a servir a todos que lhe esto subordinados. Desde os dias de
Comte tem havido a tendncia de personificar a ordem social da humanidade como um todo e de
cultuar esta personificao. Os assim chamados melhoristas ou telogos sociais revelam a
tendncia de identificar Deus de algum modo com a ordem social. E os neopsicologistas dizem-
nos que a idia de Deus uma projeo da mente humana, que em seus primeiros estgios
inclinada a formar imagens de suas experincias e a revesti-las de uma semi-personalidade.
Leuba de opinio que esta iluso de Deus no ser necessria. Umas poucas definies
serviro para mostrar as tendncias dos dias presentes. Deus o esprito imanente da
comunidade (Royce). Deus aquela qualidade da sociedade humana em desenvolvimento (E.
S. Ames). A palavra deus um smbolo para designar o universo em sua capacidade ideal de
formao (C.B. Foster). Deus o nosso conceito, nascido da experincia social, dos elementos
que desenvolvem personalidade e os elementos de explicao pessoal do nosso ambiente
csmico, como o qual estamos organicamente relacionados (Shailer Matthews). Mal se precisa
dizer que o Deus assim definido no um Deus pessoal e no responde s necessidades mais
profundas do corao humano.
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D. As Assim Chamadas Provas Racionais da Existncia de Deus.
No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existncia de
Deus. Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela influncia de Wolff. Alguns deles
j tinham sido sugeridos, em essncia, por Plato e Aristteles, e outros foram acrescentados
modernamente por estudiosos da filosofia da religio. Somente os mais comuns podem ser
apresentados aqui.
1. O ARGUMENTO ONTOLGICO. Este argumento foi apresentado em vrias formas por
Anselmo, Descartes, Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por
Anselmo. Este argumenta que o homem tem a idia de um ser absolutamente perfeito; que a
existncia atributo de perfeio; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir.
Mas evidente que no podemos tirar uma concluso quanto existncia real partindo de um
pensamento abstrato. O fato de que temos uma idia de Deus ainda no prova a Sua existncia
objetiva. Alm disto, este argumento pressupe tacitamente como j existente na mente humana o
prprio conhecimento da existncia de Deus que teria que derivar de uma demonstrao lgica.
Kant declarou, com nfase, insustentvel este argumento, mas Hegel o aclamou como um grande
argumento em favor da existncia de Deus. Alguns idealistas modernos sugeriram que ele poderia
ser proposto de forma um tanto diferente, como a que Hocking chamou, O registro da
experincia. Em virtude podemos dizer: Tenho idia de Deus: portanto, tenho experincia de
Deus.
2. O ARGUMENTO COSMOLGICO. Este argumento tem aparecido em diversas formas.
Em geral se apresenta como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa
adequada; sendo assim, o universo tambm tem que ter uma causa adequada, isto , uma causa
indefinidamente grande. Contudo, o argumento no produz convico, em geral. Hume questionou
a prpria lei de causa e efeito, e Kant assinalou que, se tudo que existe tem uma causa adequada,
isto se aplica tambm a Deus, e, assim, somos suposio de que o cosmo teve uma cauda nica,
uma causa pessoal e absoluta, e, portanto, no prova a existncia de Deus. Esta dificuldade levou
a uma construo ligeiramente diversa do argumento como, por exemplo, a que B.P.Bowne fez. O
universo material aparece como sistema interativo e, portanto, como uma unidade que consiste de
vrias partes. Da, deve haver um Agente Integrante que veicule a interao das vrias partes ou
constitua a base dinmica da existncia delas.
3. O ARGUMENTO TELEOLGICO. Este argumento tambm causal e, na verdade,
apenas uma extenso do imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda
parte o mundo revela inteligncia, ordem, harmonia e propsito, e assim implica a existncia de
um ser inteligente e com propsito, apropriado para a produo de um mundo como este. Kant
considera este argumento o melhor dos trs que mencionamos, mas alega que ele no prova a
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existncia de Deus, nem de um criador, mas somente a de um grande arquiteto que modelou o
mundo. superior ao argumento cosmolgico no sentido de que explicita aquilo que no
firmado no anterior, a saber, que o mundo contm evidncias de inteligncia e propsito. No se
segue necessariamente que este ser o Criador do mundo. A prova teolgica. Diz Wright.1
indica apenas a provvel existncia de uma mente que, ao menos em considervel medida,
controla o processo do mundo, suficiente para explicar a quantidade de teleologia que nele
transparece. Hegel considerava este argumento vlido, mas o tratava como um argumento
subordinado. Os telogos sociais dos nossos dias rejeitam-no, juntamente com todos os outros
argumentos, como puro refugo, mas os neotestas o aceitam.
4. O ARGUMENTO MORAL. Como os outros argumentos, este tambm assumiu diferentes
formas. Kant tomou seu ponto de partida no imperativo categrico, e deste deferiu a existncia de
algum que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem. Em sua opinio,
este argumento muito superior a qualquer dos outros. o argumento em que se apia
principalmente, em sua tentativa de provar a existncia de Deus. Esta pode ser uma das razes
pelas quais este argumento mais geralmente reconhecido do que qualquer outro, embora nem
sempre com a mesma formulao. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes
observada entre a conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam na vida presente,
e acham que isso requer um ajustamento no futuro que, por sua vez, exige um rbitro justo. A
teologia moderna tambm o usa amplamente, em especial na forma de que o reconhecimento que
o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existncia
de um ser santo e justo, no torna obrigatria a crena em um Deus, em um Criador ou em um
Ser de infinitas perfeies.
5. O ARGUMENTO HISTRICO OU ETNOLGICO. Em geral este argumento toma a
seguinte forma: Entre todos os povos e tribos da terra h um sentimento religioso que se revela
em cultos exteriores. Visto que o fenmeno universal, deve pertencer prpria natureza do
homem. E se a natureza do homem naturalmente leva ao culto religioso, isto s pode achar sua
explicao num ser superior que constituiu o homem um ser religioso. Todavia, em resposta a
este argumento, pode-se dizer que este fenmeno universal pode ter-se originado num erro ou
numa compreenso errnea de um dos primitivos progenitores da raa humana, e que o culto
religioso referido aparece com mais vigor entre as raas primitivas e desaparece medida que
elas se tornam civilizadas.
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