luta por via do direito penal contra certas formas e manifestações de racismo e xenofobia - ue -...

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III (Actos aprovados ao abrigo do Tratado UE) ACTOS APROVADOS AO ABRIGO DO TÍTULO VI DO TRATADO UE DECISÃO-QUADRO 2008/913/JAI DO CONSELHO de 28 de Novembro de 2008 relativa à luta por via do direito penal contra certas formas e manifestações de racismo e xenofobia O CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA, Tendo em conta o Tratado da União Europeia, nomeadamente os artigos 29. o e 31. o e a alínea b) do n. o 2 do artigo 34. o , Tendo em conta a proposta da Comissão, Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu ( 1 ), Considerando o seguinte: (1) O racismo e a xenofobia constituem violações directas dos princípios da liberdade, da democracia, do respeito pelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamen- tais, bem como do Estado de direito, princípios nos quais assenta a União Europeia e que são comuns aos Estados- -Membros. (2) O Plano de Acção do Conselho e da Comissão sobre a melhor forma de aplicar as disposições do Tratado de Amesterdão relativas à criação de um espaço de liber- dade, de segurança e de justiça ( 2 ), as Conclusões do Conselho Europeu de Tampere de 15 e 16 de Outubro de 1999, a Resolução do Parlamento Europeu de 20 de Setembro de 2000, sobre a posição da União Europeia na Conferência Mundial contra o Racismo e a situação actual na União ( 3 ) e a Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a actualização semestral do Painel de Avaliação dos progressos realiza- dos na criação de um espaço de «liberdade, segurança e justiça» na União Europeia (segundo semestre de 2000) requerem uma acção neste domínio. No Programa da Haia de 4 e 5 de Novembro de 2004, o Conselho re- corda o seu firme compromisso de oposição a todas as formas de racismo, anti-semitismo e xenofobia, tal como já expresso pelo Conselho Europeu em Dezembro de 2003. (3) A Acção Comum 96/443/JAI do Conselho, de 15 de Julho de 1996, relativa à acção contra o racismo e a xenofobia ( 4 ) deverá ser seguida de novas medidas legis- lativas que respondam à necessidade de aproximar ainda mais as disposições legislativas e regulamentares dos Es- tados-Membros e de eliminar os obstáculos a uma coo- peração judiciária eficaz que provêm essencialmente da divergência entre as abordagens jurídicas dos Estados- -Membros. (4) De acordo com a avaliação da Acção Comum 96/443/JAI e com os trabalhos efectuados noutras instâncias interna- cionais, tais como o Conselho da Europa, subsistem al- gumas dificuldades no que respeita à cooperação judiciá- ria, sendo por conseguinte necessário continuar a apro- ximar as disposições de direito penal dos Estados-Mem- bros de forma a assegurar a aplicação eficaz de uma legislação clara e completa para combater o racismo e a xenofobia. (5) O racismo e a xenofobia representam uma ameaça aos grupos de pessoas que são alvo de comportamentos dessa natureza. É necessário definir uma abordagem co- mum deste fenómeno em termos de direito penal na União Europeia para garantir que o mesmo comporta- mento constitua uma infracção em todos os Estados- -Membros e para que sejam previstas sanções efectivas, proporcionadas e dissuasivas aplicáveis às pessoas singu- lares e colectivas que tenham cometido essas infracções ou que por elas sejam responsáveis. (6) Os Estados-Membros reconhecem que a luta contra o racismo e a xenofobia requer vários tipos de medidas num quadro circunstanciado e não pode limitar-se ao âmbito penal. A presente decisão-quadro circunscreve-se a lutar por via do direito penal contra formas particular- mente graves de racismo e xenofobia. Uma vez que as tradições culturais e jurídicas dos Estados-Membros são até certo ponto diferentes, sobretudo neste domínio, não é actualmente possível a plena harmonização dos respec- tivos direitos penais. PT 6.12.2008 Jornal Oficial da União Europeia L 328/55 ( 1 ) Parecer emitido em 29 de Novembro de 2007 (ainda não publicado no Jornal Oficial). ( 2 ) JO C 19 de 23.1.1999, p. 1. ( 3 ) JO C 146 de 17.5.2001, p. 110. ( 4 ) JO L 185 de 24.7.1996, p. 5.

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Legislação portuguesa sobre Luta por via do direito penal contra certas formas e manifestações de racismo e xenofobia - UE - 2009

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  • III

    (Actos aprovados ao abrigo do Tratado UE)

    ACTOS APROVADOS AO ABRIGO DO TTULO VI DO TRATADO UE

    DECISO-QUADRO 2008/913/JAI DO CONSELHO

    de 28 de Novembro de 2008

    relativa luta por via do direito penal contra certas formas e manifestaes de racismo e xenofobia

    O CONSELHO DA UNIO EUROPEIA,

    Tendo em conta o Tratado da Unio Europeia, nomeadamenteos artigos 29.o e 31.o e a alnea b) do n.o 2 do artigo 34.o,

    Tendo em conta a proposta da Comisso,

    Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu (1),

    Considerando o seguinte:

    (1) O racismo e a xenofobia constituem violaes directasdos princpios da liberdade, da democracia, do respeitopelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais, bem como do Estado de direito, princpios nos quaisassenta a Unio Europeia e que so comuns aos Estados--Membros.

    (2) O Plano de Aco do Conselho e da Comisso sobre amelhor forma de aplicar as disposies do Tratado deAmesterdo relativas criao de um espao de liberdade, de segurana e de justia (2), as Concluses doConselho Europeu de Tampere de 15 e 16 de Outubrode 1999, a Resoluo do Parlamento Europeu de 20 deSetembro de 2000, sobre a posio da Unio Europeiana Conferncia Mundial contra o Racismo e a situaoactual na Unio (3) e a Comunicao da Comisso aoConselho e ao Parlamento Europeu sobre a actualizaosemestral do Painel de Avaliao dos progressos realizados na criao de um espao de liberdade, segurana ejustia na Unio Europeia (segundo semestre de 2000)requerem uma aco neste domnio. No Programa daHaia de 4 e 5 de Novembro de 2004, o Conselho recorda o seu firme compromisso de oposio a todas asformas de racismo, anti-semitismo e xenofobia, tal comoj expresso pelo Conselho Europeu em Dezembro de2003.

    (3) A Aco Comum 96/443/JAI do Conselho, de 15 deJulho de 1996, relativa aco contra o racismo e axenofobia (4) dever ser seguida de novas medidas legis

    lativas que respondam necessidade de aproximar aindamais as disposies legislativas e regulamentares dos Estados-Membros e de eliminar os obstculos a uma cooperao judiciria eficaz que provm essencialmente dadivergncia entre as abordagens jurdicas dos Estados--Membros.

    (4) De acordo com a avaliao da Aco Comum 96/443/JAIe com os trabalhos efectuados noutras instncias internacionais, tais como o Conselho da Europa, subsistem algumas dificuldades no que respeita cooperao judiciria, sendo por conseguinte necessrio continuar a aproximar as disposies de direito penal dos Estados-Membros de forma a assegurar a aplicao eficaz de umalegislao clara e completa para combater o racismo ea xenofobia.

    (5) O racismo e a xenofobia representam uma ameaa aosgrupos de pessoas que so alvo de comportamentosdessa natureza. necessrio definir uma abordagem comum deste fenmeno em termos de direito penal naUnio Europeia para garantir que o mesmo comportamento constitua uma infraco em todos os Estados--Membros e para que sejam previstas sanes efectivas,proporcionadas e dissuasivas aplicveis s pessoas singulares e colectivas que tenham cometido essas infracesou que por elas sejam responsveis.

    (6) Os Estados-Membros reconhecem que a luta contra oracismo e a xenofobia requer vrios tipos de medidasnum quadro circunstanciado e no pode limitar-se aombito penal. A presente deciso-quadro circunscreve-sea lutar por via do direito penal contra formas particularmente graves de racismo e xenofobia. Uma vez que astradies culturais e jurdicas dos Estados-Membros soat certo ponto diferentes, sobretudo neste domnio, no actualmente possvel a plena harmonizao dos respectivos direitos penais.

    PT6.12.2008 Jornal Oficial da Unio Europeia L 328/55

    (1) Parecer emitido em 29 de Novembro de 2007 (ainda no publicadono Jornal Oficial).

    (2) JO C 19 de 23.1.1999, p. 1.(3) JO C 146 de 17.5.2001, p. 110.(4) JO L 185 de 24.7.1996, p. 5.

  • (7) Na presente deciso-quadro, ascendncia dever ser entendida como referindo-se primordialmente a pessoas ougrupos de pessoas que descendem de pessoas susceptveisde serem identificadas por determinadas caractersticas(tais como a raa ou a cor), mesmo que no persistamnecessariamente todas essas caractersticas. Apesar disso,devido sua ascendncia, essas pessoas ou grupos depessoas podem ser sujeitas a dios ou violncias.

    (8) Religio dever ser entendida como referindo-se, emsentido lato, a pessoas que so definidas por referncias suas convices ou crenas religiosas.

    (9) dio dever ser entendido como referindo-se ao diobaseado na raa, cor da pele, religio, ascendncia ouorigem nacional ou tnica.

    (10) A presente deciso-quadro no impede os Estados-Membros de aprovarem disposies de direito interno queestendam as alneas c) e d) do n.o 1 do artigo 1.o acrimes dirigidos contra um grupo de pessoas que sejadefinido por outros critrios que no a raa, cor, religio,ascendncia ou origem nacional ou tica, tais como oestatuto social ou as convices polticas.

    (11) H que garantir que as investigaes e as aces penaisrelativas a infraces que digam respeito a racismo exenofobia no dependam de denncia ou de apresentao de queixa por parte das vtimas, que so muitas vezesespecialmente vulnerveis e mostram relutncia em mover aces judiciais.

    (12) A aproximao dos direitos penais dever servir paracombater mais eficazmente as infraces de carcter racista e xenfobo, promovendo uma plena e efectiva cooperao judiciria entre os Estados-Membros. As dificuldades que possam existir neste domnio devero ser tidasem conta pelo Conselho ao rever a presente deciso-quadro na perspectiva de analisar a necessidade de medidasadicionais neste domnio.

    (13) Atendendo a que o objectivo da presente deciso-quadro,a saber, assegurar que as infraces de carcter racista exenfobo sejam punidas em todos os Estados-Membroscom pelo menos um nvel mnimo de sanes efectivas,proporcionadas e dissuasivas, no pode ser suficientemente realizado pelos Estados-Membros actuando individualmente, dada a necessidade de essas regras serem comuns e compatveis, e uma vez que esse objectivo pode,pois, ser melhor alcanado ao nvel da Unio Europeia, aUnio pode tomar medidas em conformidade com oprincpio da subsidiariedade referido no artigo 2.o doTratado da Unio Europeia e consagrado no artigo 5.odo Tratado que institui a Comunidade Europeia. Em conformidade com o princpio da proporcionalidade consagrado neste ltimo artigo, a presente deciso-quadro noexcede o necessrio para atingir aquele objectivo.

    (14) A presente deciso-quadro respeita os direitos fundamentais e observa os princpios reconhecidos pelo artigo 6.odo Tratado da Unio Europeia e pela Conveno Europeia para a Proteco dos Direitos do Homem e dasLiberdades Fundamentais, nomeadamente nos artigos10.o e 11.o, e reflectidos na Carta dos Direitos Fundamentais da Unio Europeia, em especial nos captulos II eVI.

    (15) Consideraes relacionadas com a liberdade de associaoe a liberdade de expresso, em especial a liberdade deimprensa e a liberdade de expresso noutros meios decomunicao social conduziram a que, em muitos Estados-Membros, se previssem no direito interno garantiasprocessuais e normas especficas no tocante determinao ou limitao da responsabilidade.

    (16) A Aco Comum 96/443/JAI dever ser revogada, umavez que, com a entrada em vigor do Tratado de Amesterdo, da Directiva 2000/43/CE do Conselho, de 29 deJunho de 2000, que aplica o princpio da igualdade detratamento entre as pessoas, sem distino de origemracial ou tnica (1) e da presente deciso-quadro, se tornar caduca,

    APROVOU A PRESENTE DECISO-QUADRO:

    Artigo 1.o

    Infraces de carcter racista e xenfobo

    1. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que os seguintes actos sejam punveis comoinfraces penais quando cometidos com dolo:

    a) A incitao pblica violncia ou ao dio contra um grupode pessoas ou os seus membros, definido por referncia raa, cor, religio, ascendncia ou origem nacional ou tnica;

    b) A prtica de algum dos actos a que se refere a alnea a) peladifuso ou distribuio pblicas descritos, imagens ou outrossuportes;

    c) A apologia, negao ou banalizao grosseira pblicas decrimes de genocdio, crimes contra a Humanidade e crimesde guerra definidos nos artigos 6.o, 7.o e 8.o do Estatuto doTribunal Penal Internacional, contra um grupo de pessoas ouseus membros, definido por referncia raa, cor, religio,ascendncia ou origem nacional ou tnica, quando essescomportamentos forem de natureza a incitar violnciaou dio contra esse grupo ou os seus membros;

    d) A apologia, negao ou banalizao grosseira pblicas doscrimes definidos no artigo 6.o do Estatuto do Tribunal Militar Internacional, anexo ao Acordo de Londres de 8 deAgosto de 1945, contra um grupo de pessoas ou seus membros, definido por referncia raa, cor, religio, ascendnciaou origem nacional ou tnica, quando esses comportamentosforem de natureza a incitar violncia ou dio contra essegrupo ou os seus membros.

    PTL 328/56 Jornal Oficial da Unio Europeia 6.12.2008

    (1) JO L 180 de 19.7.2000, p. 22.

  • 2. Para efeitos do n.o 1, os Estados-Membros podem optarpor punir apenas os actos que forem praticados de modo susceptvel de perturbar a ordem pblica ou que forem ameaadores, ofensivos ou insultuosos.

    3. Para efeitos do n.o 1, a referncia religio visa abranger,pelo menos, o comportamento que constitui um pretexto parapraticar actos contra um grupo de pessoas ou os seus membros,definido por referncia raa, cor, ascendncia ou origem nacional ou tnica.

    4. Aquando da aprovao da presente deciso-quadro ouulteriormente, qualquer Estado-Membro pode fazer uma declarao no sentido de s tornar punvel o acto de negao oubanalizao grosseira dos crimes referidos nas alneas c) e/ou d)do n.o 1 se esses crimes tiverem sido estabelecidos por umadeciso transitada em julgado de um tribunal nacional desseEstado-Membro e/ou de um tribunal internacional, ou apenaspor uma deciso transitada em julgado de um tribunal internacional.

    Artigo 2.o

    Instigao e cumplicidade

    1. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que seja punvel a instigao prtica dos actosreferidos nas alneas c) e d) do n.o 1 do artigo 1.o

    2. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que seja punvel a cumplicidade com a prticados actos referidos no artigo 1.o

    Artigo 3.o

    Sanes penais

    1. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que os actos referidos nos artigos 1.o e 2.o sejampunveis com sanes efectivas, proporcionadas e dissuasivas.

    2. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que os actos referidos no artigo 1.o sejam punveis com pena com durao mxima de, pelo menos, um a trsanos de priso.

    Artigo 4.o

    Motivao racista e xenfoba

    Para outras infraces que no sejam as referidas nos artigos 1.oe 2.o, os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que a motivao racista e xenfoba seja considerada circunstncia agravante ou, em alternativa, possa ser tidaem conta pelos tribunais na determinao das sanes.

    Artigo 5.o

    Responsabilidade das pessoas colectivas

    1. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que as pessoas colectivas possam ser consideradas responsveis pelos actos referidos nos artigos 1.o e 2.o,praticados em seu benefcio por qualquer pessoa, agindo indi

    vidualmente ou enquanto membro de um rgo da pessoacolectiva, que nela ocupe uma posio dominante, baseada:

    a) Nos seus poderes de representao da pessoa colectiva;

    b) No seu poder para tomar decises em nome da pessoacolectiva; ou

    c) Na sua autoridade para exercer controlo no mbito da pessoa colectiva.

    2. Para alm dos casos previstos no n.o 1 do presente artigo,os Estados-Membros devem tomar as medidas necessrias paraassegurar que uma pessoa colectiva possa ser considerada responsvel caso a falta de vigilncia ou de controlo por parte deuma pessoa referida no n.o 1 do presente artigo tenha tornadopossvel a prtica, por uma pessoa que lhe esteja subordinada,dos actos referidos nos artigos 1.o e 2.o, em benefcio dessapessoa colectiva.

    3. A responsabilidade de uma pessoa colectiva, nos termosdos n.os 1 e 2 do presente artigo, no exclui a instaurao deaco penal contra as pessoas singulares que sejam autoras oucmplices dos actos referidos nos artigos 1.o e 2.o

    4. Entende-se por pessoa colectiva qualquer entidade quegoze desse estatuto por fora da legislao nacional aplicvel,com excepo dos Estados ou de outros organismos pblicosno exerccio da autoridade do Estado e das organizaes internacionais de direito pblico.

    Artigo 6.o

    Sanes aplicveis s pessoas colectivas

    1. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que uma pessoa colectiva considerada responsvel nos termos do n.o 1 do artigo 5.o seja punvel com sanesefectivas, proporcionadas e dissuasivas, nomeadamente multasou coimas e eventualmente outras sanes, designadamente:

    a) Excluso do benefcio de vantagens ou auxlios pblicos;

    b) Interdio temporria ou permanente de exercer actividadecomercial;

    c) Colocao sob vigilncia judicial;

    d) Dissoluo por via judicial.

    2. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara assegurar que uma pessoa colectiva considerada responsvel nos termos do n.o 2 do artigo 5.o seja punvel com sanesou medidas efectivas, proporcionadas e dissuasivas.

    Artigo 7.o

    Normas constitucionais e princpios fundamentais

    1. A presente deciso-quadro no tem por efeito alterar aobrigao de respeito pelos direitos fundamentais e pelos princpios jurdicos fundamentais, incluindo a liberdade de expresso e de associao, consagrados no artigo 6.o do Tratado daUnio Europeia.

    PT6.12.2008 Jornal Oficial da Unio Europeia L 328/57

  • 2. A presente deciso-quadro no tem por efeito impor aosEstados-Membros a obrigao de tomarem medidas contrriasaos princpios fundamentais em matria de liberdade de associao e de liberdade de expresso, em especial a liberdade deimprensa e a liberdade de expresso noutros meios de comunicao social, que resultem das tradies constitucionais ou dasnormas que regem os direitos e as responsabilidades da imprensa e de outros meios de comunicao social, e as respectivas garantias processuais, caso essas normas se prendam com adeterminao ou a limitao da responsabilidade.

    Artigo 8.o

    Abertura de investigaes ou instaurao de aces penais

    Cada Estado-Membro deve tomar as medidas necessrias paraassegurar que as investigaes ou as aces penais relativas aosactos referidos nos artigos 1.o e 2.o no dependam de dennciaou de apresentao de queixa de uma vtima desse acto, pelomenos nos casos mais graves em que o acto em causa tenhasido praticado no territrio.

    Artigo 9.o

    Competncia

    1. Cada Estado-Membro deve tomar as medidas necessriaspara determinar a sua competncia relativamente aos actos referidos nos artigos 1.o e 2.o, caso o acto em causa tenha sidopraticado:

    a) Na totalidade ou em parte, no seu territrio; ou

    b) Por um dos seus nacionais; ou

    c) Em benefcio de uma pessoa colectiva cuja sede se situe noterritrio desse Estado-Membro.

    2. Ao determinar a sua competncia nos termos da alnea a)do n.o 1, cada Estado-Membro deve tomar as medidas necessrias para assegurar que essa competncia seja extensiva aoscasos em que o acto for praticado por meio de um sistemainformtico e em que:

    a) O acto for praticado estando o seu autor fisicamente presente no seu territrio, quer o acto envolva ou no materialarmazenado num sistema informtico situado no seu territrio;

    b) O acto envolver material armazenado num sistema informtico situado no seu territrio, quer o seu autor se encontreou no fisicamente presente no seu territrio quando praticao acto.

    3. Os Estados-Membros podem decidir no aplicar, ou aplicar apenas em circunstncias ou casos especficos, a regra decompetncia enunciada nas alneas b) e c) do n.o 1.

    Artigo 10.o

    Aplicao e reviso

    1. Os Estados-Membros devem tomar as medidas necessriaspara dar cumprimento s disposies da presente deciso-quadro at 28 de Novembro de 2010.

    2. Os Estados-Membros devem transmitir ao Secretariado--Geral do Conselho e Comisso, at mesma data, o textodas disposies que transpem para o respectivo direito internoas obrigaes que lhes incumbem por fora da presente deciso--quadro. Com base num relatrio elaborado pelo Conselho apartir destas informaes e num relatrio escrito da Comisso,o Conselho verifica, at 28 de Novembro de 2013, em quemedida os Estados-Membros deram cumprimento s disposiesda presente deciso-quadro.

    3. Antes de 28 de Novembro de 2013, o Conselho deverever a presente deciso-quadro. Para preparar esta reviso, oConselho deve solicitar aos Estados-Membros que comuniquemeventuais dificuldades havidas ao nvel da cooperao judiciriano que respeita aos actos referidos no n.o 1 do artigo 1.o. Almdisso, o Conselho pode solicitar Eurojust que lhe apresenteum relatrio sobre quaisquer problemas de cooperao judiciria entre os Estados-Membros neste domnio resultantes de diferenas entre as legislaes nacionais.

    Artigo 11.o

    Revogao da Aco Comum 96/443/JAI

    revogada a Aco Comum 96/443/JAI.

    Artigo 12.o

    Aplicao territorial

    A presente deciso-quadro aplicvel a Gibraltar.

    Artigo 13.o

    Entrada em vigor

    A presente deciso-quadro entra em vigor na data da sua publicao no Jornal Oficial da Unio Europeia.

    Feito em Bruxelas, em 28 de Novembro de 2008.

    Pelo Conselho,A Presidente

    M. ALLIOT-MARIE

    PTL 328/58 Jornal Oficial da Unio Europeia 6.12.2008