má-fé e defesa: aproximações e distanciamentos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Deparameno de Filosofia !"lio Fonseca Coim#ra Má-fé e defesa: aproximações e distanciamentos !ra#al$o apresenado % disciplina His&ria da Filosofia Conempor'nea( como re)uisio para apro*a+,o- .rofessor/a01 Andr2 A#a$ 3elo Hori4one 5678

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISFaculdade de Filosofia e Ciências HumanasDeparameno de Filosofia

!"lio Fonseca Coim#ra

Má-fé e defesa: aproximações e distanciamentos

!ra#al$o apresenado % disciplina His&ria daFilosofia Conempor'nea( como re)uisio paraapro*a+,o-

.rofessor/a01 Andr2 A#a$

3elo Hori4one5678

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Introdução

A no+,o de li#erdade na o#ra O ser e o nada de 9ean .aul Sarre em

impor'ncia cenral no corpo da ar:umena+,o do e;o( pois ser*ir< de fio conduor 

 para deecarmos a no+,o de $umanidade em Sarre- N,o )ue ela se=a sua essência( mas

 pelo fao de ser seu ra+o onol&:ico( de forma )ue )uando di4emos da li#erdade

esamos( por conse:uine( di4endo am#2m da)uilo )ue nos consiui en)uano seres

$umanos( no pensameno de Sarre

Com efeio( a no+,o de an:"sia denro da o#ra :an$a desa)ue( =< )ue ela 2(

am#2m( e;press,o da realidade $umana e( porano( da li#erdade- Nessa perspeci*a( a

an:"sia a:re:a>se % $umanidade sarreana no mesmo :rau em )ue ela 2 o afeo

resulane da consciência da li#erdade( por isso( um afeo $umano por e;celência-

? ra#al$o a)ui apresenado preende discuir a no+,o de an:"sia em ermos da

esreia rela+,o )ue man2m com a li#erdade( em Sarre( aponando seus poss@*eis

realces para a)uilo )ue o auor c$amar< de m<>f2 e seus conraponos com a no+,o de

defesa em Freud- Nesse cone;o( ca#e per:unar1 em )ue medida o conceio de m<>f2 2

consru@do na o#ra de Sarre como um de:rau para alcan+ar um o#=ei*o espec@fico( )ual

2( pro*ar a o ser $umano 2 um ser li*re para( enfim( consruir o seu pro=eo de

sociedade-

A liberdade e a angústia

A #ase para pensarmos a no+,o de $umanidade empre:ada na o#ra O ser e o

nada 2 a rela+,o so#redeerminada )ue Sarre esa#elece enre o  ser e o nada( da )ual

emer:e a li#erdade- ? nada( no+,o no in@cio da o#ra um ano )uano o#scura( *ai

rece#endo conornos na medida em )ue paricipa esreiamene com a funda+,o do ser( pois l$e 2 ri#u<ria mas am#2m par@cipe de sua funda+,o( sendo a)uilo pelo )ual ele  

o nada se e;pressa( ou nas pr&prias pala*ras de Sarre /567701

? nada( n,o susenado pelo ser( dissipa>se en)uano nada( e reca@mos no ser- ? nada

n,o pode se nadificar a n,o ser so#re um fundo de ser1 se um nada pode e;isir( n,o 2

anes ou depois do ser( nem de modo :eral( fora do ser( mas no #o=o do ser( em seu

cora+,o( como um *erme- /p- B0

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A me<fora do *erme( nesse rec$o( 2 alusi*a( pois conse:ue capar %)uilo )ue

remee1 a an:"sia- A consaa+,o da e;isência de um *erme 2( na maioria da *e4es(

si:no de um )uadro paol&:ico- As *erminoses s,o em sua maioria doen+as em )ue o

or:anismo 2 corro@do )uase sempre de modo )ue os sinomas fa4em pouco

esardal$a+o- ? *erme( criaura de corpo mole( adapa>se aos mais *ariados $a#ias(

 pro*ocando sempre a*ers,o e incmodo- No enano( parado;almene( ainda assim 2 um

animal )ue em sua impor'ncia( como no caso das min$ocas( *ermes capa4es de arar a

erra e orn<>la ade)uada ao planio- Em sua essência( o *erme es< sempre

escamoeado( *i*o nas profunde4as dos seres( em sua dimens,o ne:ai*a( na medida em

)ue e;ise fora da posii*idade clara dos fenmenos- V@*ido nas profunde4as( o ser do

*erme se alimena do a*essos cu=a superf@cie posii*a l$es re*ese- L<( insalado( *i*e>se

uma *ida ineira senindo os seus efeios sem nunca se aperce#er dele- Da mesma forma(

um indi*@duo pode senir efeios da an:"sia sem nunca se dar cona da)uilo )ue ela 2

@ndice1 a li#erdade- Aparenemene disforme( a an:"sia 2 inro=eada en)uano afeo

ori:in<rio( marca maior da li#erdade dos $omens( =< )ue escancara( em sua

ne:ai*idade( a li#erdade e o aspeco conin:encial esruuralmene deerminado do ser 

$umano- .or2m( como um indi*@duo li*re por defini+,o pode *i*er oda uma *ida sem

dela se ornar cnscio

A li#erdade em Sarre /56770 n,o de*e ser *isa como um ari#uo essencial(

muio menos uma faculdade da alma apa a ser encarada e descria isoladamene /p-

BB0 Muio pelo conr<rio1 a essência do ser $umano 2 um desdo#rameno da li#erdade-

A essência do ser $umano ac$a>se em suspensa na li#erdade /p- B0( cu=o c$,o duro

2 o nada( na medida em )ue onolo:icamene o nada se fa4 presene( ou( como diria

Sarre( nadifica>se-

A c2le#re frase( a )ual di4 )ue o $omem 2 o ser pelo )ual o nada *em ao

mundo /p -B0 apona( em senido esrio( para a)uilo )ue nos consiui en)uano seresre:idos pela li#erdade( a sa#er( a conin:ência- Se cindimos a realidade da forma )ue

operamos( 2 por)ue somos deli#eradamene impulsionados % isso- A princ@pio( parece

raar>se de um parado;o( mas se( como )ueria Sarre( esamos de fao condenados %

li#erdade( 2 por)ue esamos de fao senenciados a escol$er( endo por conse)uência )ue

o camin$o escol$ido poderia am#2m n,o er sido- Se c$amamos um deerminado

o#=eo de mesa( ou deposiamos nossa f2 na ciência para remediar os males da

$umanidade( 2 por um mero acidene( um aspeco conin:encial )ue nos le*ou % isso- Eisso se mosra ,o *erdadeiro )uano poderia am#2m n,o er sido- No =ar:,o sarreano(

J

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o nada emana do $omem na medida em )ue ese( para *i*er( fa4 escol$as deli#eradas de

ne:ar elemenos da realidade em pro*eio de ouros- .romo*e recores do  ser-em-si

operando so#re ese o  ser-para-si( eseio so#re o )ual os pro=eos $umanos s,o

consru@dos-

Consciene de sua li#erdade( de seu poencial de a+,o so#re o mundo( o

indi*@duo depara>se com an:"sia de ser no mundo- K na e;press,o de sua consciência

da li#erdade )ue a an:"sia emer:e como afeo $umano por defini+,o( =< )ue sua rai4

enconra>se e;aamene no seu poder de nadifica+,o( endo( por indu+,o( a li#erdade

como )uociene onol&:ico-

K nesse insane )ue a an:"sia re*ela a @nima rela+,o )ue man2m en)uano

afeo ransformador- En)uano facicidade( o indi*@duo enconra>se al como es<(

en:a=ado nos pro=eos )ue o circunda- A an:"sia *em % ona e;aamene )uando o

su=eio( cnscio de sua li#erdade( dar>se>< cona )ue possui oal responsa#ilidade so#re

a ranscendência da)uilo )ue 2( en)uano indi*@duo( e da sociedade )ue o rodeia- Nisso(

*emos )ue a an:"sia sarreana :an$a for+a diane de um cone;o decisi*o

 propriamene dio( onde su=eio se *ê insisenemene inerro:ado pelo mundo(

demandado a escol$er- Num cero senido( a an:"sia fa4 #roar o senimeno de

responsa#ilidade com o )ual o su=eio em de se $a*er em *irude das escol$as )ue

oma- Com efeio( reside na an:"sia o poencial de ranscendência do $omem( se=a no

 plano indi*idual ou na colei*idade1

Ela 2 mais do )ue um simples senimeno( 2 uma condi+,o da a+,o )ue impulsiona o

$omem( denro de uma pluralidade de possi#ilidades( a a:ir com responsa#ilidade( em

rela+,o a si mesmo e aos ouros- A an:"sia n,o separa o $omem da a+,o :erando

acomoda+,o( mas 2 inerene % pr&pria a+,o- /MEL?( p- 5( 566J0

? $omem 2 respons<*el por si mesmo na medida em )ue 2 li*re para decidir 

so#re seu pr&prio desino na medida em )ue 2 a)uilo )ue 2 en)uano facicidade( o )ue

n,o o impede de ser oura coisa en)uano ranscendência( pois 2 apenas o $omem(

nadificado( afeado pela an:"sia )ue l$e 2 decorrene( enconra>se li*re o #asane para

deli#erar so#re o fuuro )ue o espera- K a an:"sia( no limie( en)uano afeo primordial(

)ue con*ida o $omem a reieradamene ressi:nificar seus aos- Com isso( ela n,o seria

nada al2m de um sinoma )ue nos )uesiona acerca dos fundamenos de nossos aos e

escol$as( aos )uais es,o sempre em suspenso na li#erdade( no nada porano- A an:"sia

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2 o nada pois 2 fi:urai*a do fao de )ue( em seu fundameno( nossos aos e pro=eos s,o

es*a4iados de seu senido pleno( =< )ue s,o conin:enes( e por isso s,o( da mesma

forma )ue poderiam n,o er sido-

.or2m( se o $omem 2 an:"sia( e se a an:"sia 2 a consciência da li#erdade( por 

)ue a an:"sia 2 ,o rara en)uano fenmeno per:una>se Sarre-

? fil&sofo indica a)ui )ue se por um lado( o $omem 2 an:"sia( e o $omem 2

fundamenalmene li*re( por )ue em :eral as pessoas n,o es,o an:usiadas .ois o

$omem es< sempre en:a=ado em seu mundo( en*ol*ido em seus pro=eos de *ida( dir< o

fil&sofo- ? $omem( imerso na realidade( oma>a como um curso *erdadeiro( "nico )ue

 poderia ser- A consciência do $omem em a+,o 2 consciência irrefleida /p- 60( di4

Sarre- Nesse cone;o( o en:a=ameno incondicionado do $omem em rela+,o % seus

 pro=eos de e;isência s,o em senido concreo um aneparo frene a an:"sia )ue se

enconra em esado laene- Um ipo muio paricular dessa condua de fu:a frene a

li#erdade( ane a an:"sia( porano( 2 o )ue Sarre /56770 c$ama de m<>f21

 N,o se raa( pois( de e;pulsar a an:"sia da consciência ou consiu@>la em fenmeno

 ps@)uico inconsciene simplesmene( posso ficar de m<>f2 na apreens,o da an:"sia )ue

sou( e esa m<>f2( desinada a preenc$er o nada )ue  sou na min$a rela+,o comi:o

mesmo( implica precisamene esse nada )ue ela suprime- /p- 0

A m<>f2( podemos inerprear( 2 @ndice de um auo>en:ano- Isso pois( na &ica de Sarre(

o fenmeno da m<>f2 2 caracer@sico pelo fao de ne:ar a consciência al:o do )ual ela

mesma =< 2 consciene1 a sua li#erdade- N,o se raa( para o fil&sofo( de uma modalidade

de ne:a+,o donde o cone"do ne:ado se ransfere a uma oura ins'ncia do plano

 ps@)uico e;emplificado pelo inconsciene- A m<>f2 2 uma condua )ue $a#ia os

meios recndios da consciência de si1 2 a consciência ne:ando>se a si mesma-

/MEL?( p-J( 566J0

K a parir desse elemeno conceiual da filosofia sarreana )ue o ra#al$o se prope a

apresenar al:uns emparel$amenos enre o conceio de m<>f2 de Sarre e o de defesa

 ps@)uica de Si:mund Freud-

A má-fé sartreana e a defesa freudiana

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Sarre /56770 se apropria do e;emplo da psican<lise freudiana( onde a $ip&ese

do inconsciene n,o seria mais )ue um modalidade de m<>f2 cienificamene re*esida1

 Na inerprea+,o psicanal@ica( por e;emplo( usa>se a $ip&ese de uma censura(

conce#ida como lin$a de demarca+,o > com alf'nde:a( ser*i+o de passapores( conrole

de di*isas ec- > de modo a resa#elecer a dualidade do en:anador e do en:anado- ?

insino > ou( se

 preferirmos( as endências primordiais e os comple;os de endências consiu@dos por 

nossa $is&ria indi*idual > represena a)ui a realidade. ? insino n,o 2 nem verdadeiro

nem falso, por)ue n,o e;ise  para si. Simplesmene 2( como esa mesa( nem *erdadeira

nem falsa( apenas real- Ouano %s sim#oli4a+es conscienes do insino( n,o de*em ser 

omadas por aparências( mas por faos ps@)uicos reais- A fo#ia( o lapso( o son$o e;isem

realmene a @ulo de faos de consciência concreos( assim como pala*ras e aiudes domeniroso s,o conduas concreas e realmene e;isenes- Simplesmene o su=eio es<

diane desses fenmenos como o en:anado frene %s conduas do en:anador1 consaa>os

na sua realidade e de*e inerpre<>los- H< uma verdade das conduas do en:anador1 se o

en:anado pudesse *incul<>las % siua+,o em )ue se ac$a o en:anador e seu pro=eo de

menira( eses ornar>se>iam pares ine:ranes da *erdade( a @ulo de conduas

menirosas- /p- 80

A perspeci*a de Sarre )uer real+ar o aspeco de en:anador e rapaceiro )ue

inconsciene eria em rela+,o % *ida consciência- A inerprea+,o espec@fica dessa

 passa:em omada de maneira isolada( permie noar a2 mesmo um om sarc<sico-

Se ao discorrer so#re a m<>f2( Sarre fa4 )ues,o de marcar a diferen+a enre esa

e menira( =usamene para delinear suas apro;ima+es e disanciamenos( por )ue ele

fa4 do insconsciene freudiano uma ins'ncia fundamenalmene en:anadora Se o

$omem doado de m<>f2 re*ela de imediao uma indiferen+a em rela+,o %

responsa#ilidade por seus aos( Sarre apona( por uma *ia indirea( para os mecanismos

de defesa sofisicadamene esmiu+ados por Freud e seus comenadores en)uano aos

 pr&prios de um en:anador( )uando( na *erdade( n,o seria disso )ue se raa- Ao )ue me

 parece( a $ip&ese de Sarre n,o seria si:no de um compromeimeno descrii*o de uma

aiude fundamenalmene $umana frene % e*enos e realidades insupor<*eis( mas( ao

conr<rio( ser*e de ra+ado para o pro=eo e;isencialisa de sua filosofia- Sua an<lise

 porano se es:ueira ao 'm#io moral( =usamene por caraceri4ar como co*arde o

$omem doado de m<>f2- Seu pressuposo 2 claro1 o indi*@duo a:e de m<>f2 pois 2

consciene da *erdade )ue rene:a( porano se aco*arda diane da an:"sia )ue acarrea

B

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em enfrenar a sua li#erdade esruural- .ara Sarre( dio de oura forma( o indi*@duo se

esconde de si mesmo( e por isso 2 co*arde-

C$amemos a)ui( de maneira pro*is&ria( essa aiude de ne:a+,o se=a ela

en:anosa ou n,o( pois em al:um plano psicol&:ico /consciene ou inconsciene0 o

su=eio 2 porador dessa *erdade- .ensado nos ermos de Sarre( parece muio plaus@*el

c$amarmos essa aiude de m<>f2( e( em se:uida( aponarmos na)uele )ue dela se *ale

uma aiude clara de co*ardia- Ha*eremos de concordar com Sarre /sPd01

Aos )ue a si pr&prios esconderem por esp@rio de seriedade ou com desculpas

deerminisas a sua li#erdade oal( apelida>los>ei de co#arde aos ouros )ue enarem

demonsrar )ue a sua e;isência era necess<ria( )uando ela 2 a pr&pria conin:ência do

aparecimeno do $omem na erra( c$ama>los>ei de safados- Mas co#ardes ou safadosn,o podem ser =ul:ados sen,o no plano da esria auenicidade- /p- 50

K ineressane noar a ressal*a )ue Sarre fa4 ao final do rec$o( di4endo )ue os

cobardes  e  safados  s& podem ser =ul:ados no  plano da estrita autenticidade( )ue

consise em omar uma consciência l"cida e *er@dica da siua+,o( em assumir as

responsa#ilidades e os riscos )ue al siua+,o compora( em rei*indic<>la no or:ul$o ou

na $umil$a+,o( %s *e4es no $orror e no &dio- /SAR!RE( p- 85( 7B0

Sarre( para raificar a sua prima4ia do li*re>ar#@rio( ena *arrer odas as formas

de deermina+,o do $omem( colocando( como pre*alene( a li#erdade como elemeno

deerminane nas escol$as dos indi*@duos- Consoane com o seu pro=eo de $umanidade(

o primado da li#erdade em Sarre somado( ao conceio de m<>f2( en)uano aiude

co*arde frene %s escol$as premenes )ue a realidade nos impe( parece omar corpo na

eleolo:ia do pro=eo filos&fico sarreano- A ar:umena+,o de Sarre 2 en*iesada pois

des*ela a)uilo )ue ele pro=ea so#re a $umanidade( n,o a)uilo )ue desa se depreende

nos seus nuances- Sua proposa 2 :eneralisa pois desconsidera o )ue pro*oca a m<>f2  ou a)uilo )ue a)ui c$amo pro*isoriamene de ne:a+,o focando mais os resulados

dessa aiude( sem rele*ar os moi*os )ue o le*am a dene:ar a sua li#erdade-

Sua ar:umena+,o es< respassada por =u@4os morais em rela+,o ao )ue ele

c$ama de co*ardia( principalmene se colocada em ermos da auenicidade- Coloca

como $ori4one poss@*el a capacidade de se con$ecer plenamene( para com isso

assumir as responsa#ilidades )ue ser,o as condi+es da mudan+a indi*idual e colei*a-

 Nesse senido( a elucu#ra+,o sarreana se disancia da perspeci*a freudiana cu=asformula+es foram pensadas so#re os casos cl@nicos e s,o( porano( resolu+es e&ricas

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)ue *isa*am e;plicar a sua incidência )ue em como pressuposo um modelo de

$umanidade $o##esiana- Freud( assim( es< muio disane do pro=eo filos&fico de

Sarre( pois o prop&sio a )ue ser*e( #em ou mal( 2 o da cl@nica( e suas $ip&eses es,o

compromeidas com os processos de an<lise dos seus pacienes-

K no seu escrio O mal-estar na civilização )ue Freud coloca( por uma *ia de

compreens,o adoada a)ui( )ue a aparene ineire4a da nossa sociedade esconde as

frauras do nosso psi)uismo- A predomin'ncia do princ@pio do pra4er do psi)uismo( se

le*ada a ca#o( ornaria in*i<*el a e;isência em sociedade- Como parid<rio de Ho##es(

Freud ad*o:a )ue a con*i*ência em sociedade 2 fruo de um esfor+o sem precedenes-

As o#=e+es )ue desde a sua 2poca( passando por Sarre( e a2 os dias de $o=e( os cr@icos

da *ida em sociedade *em fa4endo aponam( em :rande medida( para irreconcili<*el

enai*a de con*i*er com ouro so# um pano de fundo social )ue n,o l$es limie o

 princ@pio de o#en+,o do pra4er- Nesse senido( consru@mos la+os para aplacar o

ana:onismo )ue impera em rela+,o ao aspeco coercii*o da sociedade e a con*i*ência

com o ouro- As reli:ies e as uopias pol@icas seriam( na *is,o de Freud seu cr@ico

mais fore si:no dessas enai*as de esa#elecermos espa+os de con*i*ência( onde o

erri&rio pol@ico seria( em *ers,o macro( um espa+o apo a acol$ido dos la+os afei*os

e sociais( com #ase na remodula+,o dos afeos se;uais primii*os em afeos su#limados

  amor( apre+o( carin$o-

A concep+,o de $umanidade em Freud apresena n@idas disin+es em rela+,o a

concep+,o sarreana( e isso de*e ser considerado para o percurso e&rico produ4ido por 

am#os os auores- Com isso( 2 imporane pensar em modos de conrapor a no+,o de

m<>f2 na o#ra de Sarre a parir da no+,o de defesa no pensameno freudiano- Se:undo

Laplanc$e e .onalis /780( defesa refere>se1

Con=uno de opera+es cu=a finalidade 2 redu4ir( suprmir )ual)uer modifica+,osuscep@*el de pr em peri:o a ine:ridade e a cons'ncia do indi*@duo #iopsicol&:ico-

 Na medida em )ue o e:o se consiui como ins'ncia )ue incarna esa cons'ncia e )ue

 procura manê>la( ele pode ser descrio como o su=eio e o o#=eo desas opera+es- /p-

7870

 N,o 2 imporane( para os fins a)ui proposos pelo ra#al$o( elucidar os

mecanismo espec@ficos de defesa )ue Freud enumera em sua o#ra- Mas( ao conr<rio(

res:aar a impor'ncia )ue a defesa :an$a no aparel$o ps@)uico para a manuen+,o doe)uil@#rio #iopsicol&:ico- A compreens,o do fenmeno parece ser mais suilmene

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analisada( na medida em )ue considera o papel fundamenal )ue a defesa man2m com a

manuen+,o da *ida ps@)uica e( porano( de *ida em sociedade- Em senido esrio(

Freud( ao fundar esse conceio( es< di4endo( em oura pala*ras( )ue ceras coisas s,o

cindidas da ins'ncia consciene n,o sem moi*o- E 2 =usamene por seu car<er 

*ioleno( inoler<*el e insusen<*el( )ue eri:imos mecanismos de defesa( na maioria das

*e4es e;remamene prec<rios( para nos proe:er de cone"dos e lem#ran+as )ue

infli:em incmodo( e por isso mesmo de*em permanecer recalcados num plano

 ps@)uico ao )ual n,o emos acesso- Ine*ia*elmene( a apresena+,o delineada do

conceio a)ui n,o conse:ue e*iar um cero reducionismo( mas a ese :eral me parece

ade)uada( na medida em )ue a separa+,o do corpo ps@)uico por Freud 2 proposial de

modo )ue( a parir da cl@nica( ele pde o#ser*ar )ue :rande pare desse cone"dos )ue

eram raados durane as sesses( se *in$am % consciência( eram com cuso

ele*ad@ssimo-

.or seu lado( a compreens,o de Sarre do fenmeno da m<>f2 parece ser 

consoane % um ipo muio especifico de aiude- Num cero senido( os conceios n,o se

e;cluem- ? )ue se depreende 2 )ue( no limie( oda m<>f2 seria uma forma de defesa(

mas nem oda defesa seria uma modalidade de m<>f2-

Considerações finais

Ao pensarmos com Freud( o conceio de m<>f2 em Sarre parece niidamene

ser*ir ao pro=eo e;isencialisa e emancipa&rio do $omem- Q#*io( de maneira al:uma

de*emos colocar o pensameno de Freud para conrapor % um suposo $edonismo na

filosofia sarreana- .or2m( a sua confian+a a#solua na li#erdade( aliado % sua cren+a na

auenicidade como marcadores de um indi*@duo criicamene colocado diane da

realidade s,o( ao refleirmos a parir dos rudimenos e&ricos freudianos( uma cren+au&pica numa consciência )ue ainda n,o mosrou conse:uir se susenar de p2- A

$ip&ese psicanal@ica indica para al:o )ue( apesar de n,o ser posii*amene confirmado

 pela o#ser*a+,o fenomênica( parece e;plicar com propriedade e*enos )ue pareciam

o#scuros-

Em senido ro#uso( a psican<lise freudiana n,o descara a li#erdade( mas( ao

conr<rio( seria para a eoria psicanal@ica al:o de uma li#erdade deermin@sica( em

)ue( a#ai;o da superf@cie da consciência( parece $a*er um um#ral de cone"dos )ue l$eara*essa e( por conse:uine( n,o pode ser desconsiderado-

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