magia e cura kahuna - serge kahili king - 2010

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Serge Kahili King –  Magia e Cura Kahuna 

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Serge Kahili King

MAGIA E CURA

KAHUNA

Saúde Holística e Práticas deCura da Polinésia

Tradução:Marcos Malvezzi Leal

MADRAS

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Publicado originalmente em inglês sob o título  Kahuna Healing —  Holistic healthand healing practices of Polynesia, em  Theosophical Publishing House, 306 WesGeneva Road Wheaton, Illinois 60187 USA © 1983, Serge King Traduçãoautorizada do inglês 

Direitos de edição para todos os países de língua portuguesa © 2004, MadrasEditora Ltda.

Editor:Wagner Veneziani Costa

Produção e Capa: Equipe Técnica Madras

Tradução:

Marcos Malvezzi Leal Revisão: 

Augusto do Nascimento Ana Maria Balboni PalmaCIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE ________ SINDICATO

NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. ____________________

K64m King, Serge

Magia e Cura Kahuna: Saúde Holística e Práticas de cura da Polinésia/Serge HahiliKing;

tradução Marcos Malvezzi Leal. - São Paulo: Madras, 2004

Tradução de: Kahuna healing

ApêndiceInclui bibliografia

ISBN 85-7374-812-5

1. Cura pela mente. 2. Cura - Havaí. 3. Havaianos - Medicina. 4. Kahuna. I. Título.04-0798. CDD 615.851

CDU 615.85

23.03.04 __________________ 24.03.04 ________________________ 005926

Proibida a reprodução total ou parcia desta obra, de qualquer forma ou porqualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográ-ficos, sem permissão expressa do editor (Lei n? 9.610, de 19.2.1998)Todos os direitos desta edição, em língua portuguesa, são reservados pela

MADRAS EDITORA LTDA. [Rua Paulo Gonçalves, 88 — Santana

02403-020 —São Paulo —SP

Caixa Postal 12299 — CEP 02013-970 — SP

Tel.: (0 11) 6959.1127 — Fax: (0_ _11) 6959.3090

www.madras.com.br 

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Dedicatória

Este livro é dedicado a Harry L. King, meu pai emeu primeiro professor Huna; a O., que manteve oHuna vivo em mim, enquanto eu crescia e me tornavaadulto; a M'Bala, que me ensinou tanto sobre energia

 psíquica; e especialmente a Wana Kahili , cujo profundoconhecimento da filosofia e das tradições Hunatornaram possível esta apresentação.

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Índice 

Prefácio ................... ...................... ...................... ..................... ...................... ..... 06 

Capítulo 1 Os Kahunas  .......................................................................................................... 14 

O Povo da Polinésia ................................................................................... 14 O Sistema Kapu ........................................................................................... 15 Os Kahunas do Havaí ................................................................................ 16 As Ordens Kahunas ................................................................................... 20 A Ordem de Ku ...................... ............ ................... . ................... ...... ........ 21 A Ordem de Lono .................................... .................................................. 21 A Ordem de Kane ....................................................................................... 21 

Os Renegados .............................................................................................. 22 Os Kahunas Hoje ................................. ................... ......... ........................ 22 

Capítulo 2  A Tradição Interior  ........................................................................................... 23 

A "Bíblia" Kahuna ..................... ..................... ...................... ...................... . 23 O Conceito de Deus .................................................................................... 25 Kane ................................................................................................................. 25 Ku ..................................................................................................................... 26 Lono ................................................................................................................. 26 Kanaloa........................................................................................................... 26Homem Trino .............................................................................................. 27 

A Divindade .................................................................................................. 27 Espíritos ......................................................................................................... 27 Crenças e Realidade .................................................................................. 28 Vida e Morte ................................................................................................. 29 Bem e Mal ...................................................................................................... 30 Amor e Emoções ......................................................................................... 31 Relatividade ................................................................................................. 32 

Capítulo 3 Práticas Psíquicas  ......................................................................................... 34 

Níveis de Consciência .......................................................................... .....34 Primeiro Nível: Físico (Ike Papakahi) .............................. . 34 Segundo Nível: Psíquico (Ike Papalua)  ............................. 34 

Terceiro Nível: Relacionai (Ike Papakolu)  ...................... . 35 Quarto Nível: Místico (Ike Papakauna)  ............................ 35 Mente, Energia e Matéria ..................... ..................... ..................... ....... 35 Simbologia .................................................................................................... 36 Categorias de Poderes Psíquicos .................... ........... ................... ..... 37 

Telepatia (Una) ............................................................................. 37 Clarividência (Kilo/Nana Ao) ..................... ...................... ..... 38 Pré-cognição (Wanana) ........................................................... 38 Psicocinesia (Kalakupua) ...................... ...................... ............ 40 Destruição Psicocinética (Ana-ana) .................... ................ 40 

Contrafeitiçaria ........................................................................................... 42 Habilidades Psíquicas são Neutras ................... ...................... ............ 43 

Capítulo 4  Abordagem Mente/Corpo  .......................................................................... 44 

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O Eu Superior (Kane/Aumakua)  ..................... ...................... ............ 44 Mente Consciente (Lono)... ................................................................... 47 O Subconsciente (Ku) ................................................................... 47 O Corpo (Kino) ..................... ................... ................... ...................... ........ 48 Fluxo Biológico de Energia ................... ..................... ...................... ..... 49 Emoções ......................................................................................................... 51 A Natureza e a Formação de Complexos .............................. ............ 52 Pressuposições (Paulele) ...................................................................... 53 Atitudes (Kuana) ...................................................................................... 54 Complexos  (Hilina'i) ..................................................................... ..........55 Feedback  Ecológico .............................................................. ....................56

Capítulo 5 Métodos de Cura ............................................................................................ 59 

"Terapia Estratégica" .............................................................................. 59 A Abordagem Material ........................................................................... 60 Remédios ..................................................................................................... 60 Dieta ............................................................................................................... 62 Ritual ............................................................................................................. 63 Objetos Energizados ................................................................................ 63 A Abordagem Energética ....................................................................... 64 Manipulação Física .................................................................................. 64 O Corpo (Kino) .......................................................................................... 65 Manipulação de Campo ................................................ .......................... 65 A Abordagem Mental .............................................................................. 66 Percepção dos Pensamentos (Ike) ................................................... 67 Estabelecer Metas (Makiá) ......... . ..................................................... 67 Mudar (Kala) ............................................................................................. 68 Direcionar Energia (Manawa) ........................................................... 68 Falha no Tratamento ..................... .................... ....... — ................... .... 69 Cura Divina .................... ...................... ..................... ...................... ........... 70 Encerramento (Panina)  ....................................................................... 71 

Epílogo ............................................................................................. 72 

Apêndice O Código Kahuna   ........................................................................................... 75 

Regras do Código ....................................................................................... 76 Exemplos ....................................................................................................... 76 

Bibliografia Comentada sobre Huna e os Kahunas ............ 80 Outras Referências ...................... ............. , ........................ ...................... . 86 

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Prefácio 

'Tempestade de areia!" Camelos grunhindo, cavalos relinchando, e o pequeno grupode homens corria para proteger as cabeças de seus animais da poeira cortante, antes decobrir os próprios rostos com cachecóis de lã. Como era típico em Gobi, a tempestade caírasobre eles quase sem avisar. Os homens tossiam e praguejavam em mongol e inglês,aglomerando-se e cambaleando passos à frente. Um dos guias havia notado alguns montesde areia à esquerda, antes da tempestade, e era para lá que ele guiava o grupo, naesperança de encontrar alguma pequena proteção contra o vento e a areia. Minutosdepois, ele deparou com o que sobrara de um muro de tijolos de barro, remanescente dos

antigos vilarejos em ruínas que ainda pontilham o deserto. "Abrigo! Abrigo aqui!", gritou.Sua voz era abafada pelo vento e por seu cachecol, mas a mensagem foi ouvida e passadaadiante. Homens e animais marchavam adiante com esforço e dificuldade, na tentativa dese esconder entre os recessos protetores de muros caídos e pilhas de entulho.Aparentemente, o acaso sorrira para eles. 

Um dos homens, o mais jovem dos estrangeiros naquela expedição científica epolítica, abrigou-se na junção de dois muros, a alguma distância dos outros. Lá,agachou-se ao lado do cavalo para esperar que a tempestade passasse. A expediçãoda qual fazia parte era uma dentre muitas, enviadas pela Inglaterra no começo doséculo XX,  quando a Ásia ainda era um joguete nas lutas por poder entre os impériosbritânico, russo e chinês. O jovem refletia sobre tudo isso quando subitamente o solo na

frente de seus pés pareceu partir-se, abrindo um buraco diante dele. Em meio à claridadeda luz do sol, ofuscada péla cortina de areia, ele viu degraus que conduziam para o fundoescuro. Percebeu que devia estar em cima do telhado de um velho edifício, e seus passosaté provavelmente tinham enfraquecido a sustentação. Extremamente curioso e ignorandoqualquer perigo, o jovem deixou o cavalo e desceu pelos degraus. 

Pela abertura, entrava luz suficiente para lhe permitir enxergar de forma difusa oambiente; e o que viu fê-lo suspirar, surpreso. Estava numa sala de mais ou menos 9metros de comprimento por 4,5 metros de largura. As paredes de ambos os ladosmostravam o que pareciam ser afrescos, mas a iluminação filtrada através da abertura emcima não possibilitava distinguir detalhes das imagens. Deu mais alguns passos e viu umamesa na extremidade oposta. Ao se aproximar dela, percebeu que parecia mais um altar de

pedra. Bem no centro desse altar, encontrava-se uma jóia, um bracelete. Ao pegá-lo, ouviuum ruído atrás de si, e se voltou. Começava a cair areia pela abertura, ameaçandoenterrá-lo vivo. Enfiando o bracelete num bolso, correu de volta aos degraus e quaserastejou para sair. O cavalo não estava mais lá e a tempestade estava piorando. A únicacoisa que podia fazer agora era encolher-se no canto entre os escombros e esperar. 

Finalmente, a tempestade acabou. O rapaz, quase totalmente coberto de areia, tirou opano que lhe cobria a cabeça e apertou os olhos, observando um mundo diferente. O solbrilhava através de um ar limpo e não havia mais nenhum traço do buraco por onde ele sehavia espremido para entrar. A areia encobrira tudo, inclusive os pedaços do muro queserviam de abrigo. Foi então que ouviu vozes. "Harry! Harry, onde está você?" "Aqui", elegritou, e abriu caminho entre a areia, saindo do ninho protetor. Os outros tinham

encontrado o seu cavalo, e ficaram muito aliviados ao ver que ele também estava inteiro.Ninguém se interessou por sua história sobre uma sala com afrescos e um altar. Estavam

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ansiosos para sair daquela zona de areia e alcançar as estepes. Após ouvir brincadeirassobre ter sofrido uma insolação, ele não mencionou mais sua aventura, e a expediçãoprosseguiu. 

Alguns meses depois, Harry estava de volta a Londres, reportando-se ao seu superiorno departamento do governo onde trabalhava. Quase no fim de seu recital sobre sua

participação na expedição, enfiou a mão no bolso e tirou o bracelete. "O que o senhor achaque é isto?", perguntou, colocando o objeto sobre a mesa. "Parece um mapa do sistemasolar, não parece?" Harry esperava uma ligeira curiosidade, talvez alguma admiração, maso homem do outro lado da mesa parecia totalmente perplexo. Hesitante, ele apanhou obracelete e o examinou com cuidado. No centro, havia uma pedra amarela, como topázio,ao redor da qual e aleatoriamente em círculos concêntricos se encontravam outras pedrasmenores, em número total de nove. O homem dirigiu um olhar profundo a Harry e disse:"Onde conseguiu isso?" Harry lhe contou a história da tempestade e da sala que descobrirapor acaso. "Posso ficar com ele esta noite?", o homem perguntou. "Garanto-lhe que estaráem segurança." Embora surpreso, Harry concordou. 

E o dia seguinte seria o início da mais estranha aventura na vida de Harry. No

decorrer do mês seguinte, ele foi apresentado a um grupo de pessoas que não acreditavano acaso, e para as quais a descoberta do bracelete tinha um significado especial. Por fim,acabaria conhecendo' também ensinamentos que, para ele, apresentariam um novo modode ver e lidar com a realidade. E, finalmente, Harry foi adotado/iniciado pelo grupo ao qualele sempre chamou de A Organização. 

O jovem mencionado nessa narrativa era Harry Leland Loring King, meu pai, e foiassim que ele me contou a história. Por intermédio dele, também me associei àOrganização, embora a chame por outro nome. Sinto que o conhecimento obtido por meiodessa afiliação é tão importante para a saúde e felicidade, tanto em escala individualquanto mundial, que quero partilhá-lo com você de uma forma que o torne uma realidadeviva em sua vida cotidiana. 

Mas, antes, gostaria de lhe falar um pouco sobre mim e o grupo. Alguns dos leitorespodem achar difícil acreditar naquilo que vou dizer, e se quiserem ouvir-me com um péatrás, não me incomodo. O verdadeiro prato servido pelo livro começa no capítulo 2, equem quiser poderá ir direto para ele. Outros, porém, talvez se beneficiem aocompreender que há visões do mundo e algumas coisas acontecendo na vida muitodiferentes daquilo que a maioria de nós, no Ocidente, é levada a acreditar. 

Minha primeira lembrança de algo relacionado ao grupo de que estou falando é dequando eu tinha 7 anos, e meu pai me leu uma carta de um homem que, segundo ele,"observava o meu desenvolvimento". Nunca conheci tal homem, mas, mais ou menosnaquela época, comecei a cultivar um intenso interesse por astronomia, que nuncadiminuiu. De meu pai, herdei uma profunda paixão por ciência e pela natureza, e aprendi

muitas lições práticas sobre o poder da mente. Quando estava com 14 anos, meu pai meiniciou no grupo e disse que eu seria procurado por outros professores, com o passar dotempo. Um ano após a morte dele, enquanto eu fazia o primeiro ano de faculdade, fuicontatado por um homem do grupo que me disse que, por algum tempo, eu seria maistutorado através de meus sonhos. Na época, eu estava mais interessado na sobrevivênciafísica, por isso não dei muita importância à informação. Em vez de fazer o segundo ano dafaculdade, alistei-me na Marinha e mudei-me para a Califórnia. Poucos meses depois, fuiprocurado por outra pessoa do grupo, e passamos a nos encontrar regularmente durantetodo tempo que durara meu alistamento. Entre outras coisas, fui orientado para um estudode arqueologia e técnicas de examinar o passado distante. Pouco antes de terminar meuperíodo militar, fui ordenado kahuna da Ordem de Kane, tema ao qual voltarei mais

adiante. Nos cinco anos seguintes, meus estudos "extracurriculares" se centralizaram emantropologia, filosofia e religião. 

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Em 1964, já tinha constituído família, e trabalhava para uma Agência VoluntáriaAmericana, administrando programas de assistência e desenvolvimento no oeste daÁfrica. Lá, fui contatado por um membro africano do grupo, e com sua ajuda vivi algunsdos anos mais aventurosos de minha vida. Na África, envolvi-me profundamente com astécnicas de mudança social e a natureza da força vital, particularmente em suaaplicabilidade à cura. Enquanto trabalhava com os aldeãos e os burocratas do governo,promovendo o desenvolvimento socioeconômico, comecei a ver como as abordagens maisortodoxas eram ineficazes para induzir qualquer tipo de mudança duradoura. O jeitoortodoxo — e isso se aplica à medicina, psicoterapia e educação, bem como às questõessocioeconômicas —  é estabelecer um método garantido, certo, lógico e inflexível deoperação, e aplicá-lo como lei. 

Isso ficou maravilhosamente explícito numa experiência que observei em umencontro entre militantes do Corpo de Paz e uma repartição governamental local para odesenvolvimento comunitário. Os membros do Corpo de Paz estavam muito desgostososcom o modo como o governo local estava lidando com o programa de desenvolvimento,pois este não funcionava naquele campo. Em outras palavras, o método não estavaresultando nas mudanças desejadas, e a visão do Corpo de Paz era de que o governo nãolevava em conta o que os aldeãos sentiam. Um porta-voz do governo ficou muito irritado edisse: "Não há nada errado com o método. Ele foi elaborado com muita reflexão e éperfeitamente apropriado para a situação. Não há nada errado com o método. São aspessoas que devem mudar!" Ele bem podia falar em nome de todos os ortodoxos, de qual-quer lugar e época. 

Mas, um sistema assim não funciona muito bem por muito tempo, principalmenteporque as pessoas mudam continuamente. Pode parecer um paradoxo à primeira vista,mas um sistema rígido imposto de fora realmente pressupõe que as pessoas não mudam, eque há menos variedade em suas necessidades do que de fato há. Trabalhandodiretamente com as necessidades sentidas pelas pessoas, no contexto de suas situações,pude apresentar uma abordagem flexível de desenvolvimento que teve grande sucesso.Realizei coisas que o governo local, o governo federal norte-americano, e às vezes até oCorpo de Paz e os próprios aldeãos achavam, a princípio, impossíveis. E o fiz com poucosrecursos e alguns simples e básicos conceitos. O que descobri em meus anos detreinamento individual é que os mesmos princípios básicos se aplicam aodesenvolvimento pessoal bem como ao desenvolvimento social e econômico. 

No que diz respeito à cura, tive o privilégio na África de estabelecer uma profundainteração com vários curandeiros tradicionais que realmente conheciam seu ofício. Elesme ensinaram algumas coisas fascinantes sobre o que os pesquisadores modernoschamam de campos e correntes de bioenergia, e também sobre as relações entre mente ecorpo, e entre corpo e desenvolvimento. Aprendi que é possível para qualquer umtornar-se consciente da fonte de energia emocional, aumentá-la, direcioná-la e usá-la paracurar a si próprio ou outras pessoas. O que mais me impressionou foi o conhecimento deque as emoções podem curar ou ferir. Comecei a usar essa ideia em minha família, depoisensinei a eles como aplicá-la livremente sozinhos. Agora, ensinamos os outros. 

Ao voltar para os Estados Unidos, em 1971, fiz contato com um homem a quemchamarei de WK, o qual eu conhecera numa viagem anterior. WK é um kahuna havaiano, eo que ele me ensinou nos três anos seguintes mudou profundamente a minha vida e mepermitiu ajudar muitas outras pessoas a conseguir melhoras duradouras em todo aspectode suas vidas. Os temas eram suficientemente simples: amor, imaginação, crenças e anatureza do sucesso. Mas a compreensão que WK tinha deles era diferente de tudo o quenormalmente é ensinado nesta sociedade. Comecei a ver que sua visão se refletia emminha experiência pessoal. Percebi que havia nela algo a ser compartilhado. O jeito como

eu queria fazer isso, porém, causou uma calorosa discussão. Por vários motivos, há muitotempo os kahunas de minha ordem fazem seu trabalho de maneira privada, longe do olhar

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do público. Minha noção era incomum, mas finalmente foi concordado que eu deveriafundar uma nova ordem para o propósito de ensinar publicamente o conhecimento Huna.O resultado foi a Order of Huna International  (Ordem de Huna Internacional), fundada em1973 e registrada pelo estado da Califórnia como uma ordem religiosa não-sectária e semfins lucrativos. 

Entretanto, Huna —  o nome comum dado ao conhecimento kahuna —  não é umareligião. É uma filosofia de realizações que pode ser aplicada em qualquer contexto:religioso, científico, social ou pessoal. Os próprios membros da Huna International nãoprecisam abandonar sua fé tradicional para entrar na ordem, e isso inclui os kahunas.Temos cristãos Huna, judeus Huna, budistas Huna, muçulmanos Huna e assim por diante, etodos chegando à conclusão de que Huna aumenta a apreciação de suas origens religiosas.Qualquer que seja a sua religião, você é afetado pela gravidade. O conhecimento Huna éessa base. O motivo pelo qual as pessoas entram para a ordem é participar de umempreendimento mutuamente cooperativo e benéfico, pois estamos tornando esseconhecimento acessível a todos. Nosso lema é tirado de uma antiga aclamação que oskahunas havaianos faziam do alto de uma torre, e que era um oráculo:  Que aquilo que édesconhecido se torne conhecido!  

Entre 1973 e 1992, a Huna International se desenvolveu numa organização mundialde pessoas praticando e partilhando conhecimento Huna, e sua base de operações mudoupara uma antiga sede de sabedoria — a ilha de Kauai, no estado do Havaí. A partir de lá,grande variedade de projetos foi iniciada: 

 Aloha International — educação e contatos.

Hawaiian Shaman Training — cursos e aulas (treinamento xa-

manista).

Kino Mana — cursos de trabalhos corporais havaianos.

Kauai Village Museum — exibições e exposições culturais havaianas.Finding Each Other International  — contatos para desenvolver relacionamentos.

Voices ofthe Earth — um fórum para povos nativos.

Além desses, existem agora novos capítulos, professores e conselheiros em todo omundo. 

Talvez você esteja pensando agora: "Afinal, o que é esse Huna e o que é um kahuna?" Huna é uma palavra havaiana que significa "aquilo que é oculto, ou não óbvio". As vezes,nós chamamos a isso de Conhecimento Oculto, ou a Realidade Secreta. A ideia não é quealguém propositalmente a esconda, mas apenas que ela é difícil de ver. O termo kahunapode ser traduzido como "um transmissor do segredo" e era usado originalmente para

designar aqueles que pertenciam a uma ordem que praticava e ensinava o conhecimento.No Havaí moderno, porém, a palavra é usada para tudo, desde um sacerdote ou ministroocidental até curandeiros e paranormais comuns, e também para charlatões que exploramos crédulos. Aqui, nós o usamos em seu sentido original. 

Entre as pessoas que conhecem Huna atualmente, a maioria só tem conhecimento dasobras de Max Freedom Long sobre o tema. Max Long foi um estudante de psicologia,religião e ciência psíquica que fez um brilhante trabalho de desvendar boa parte doconhecimento Huna codificado na língua havaiana. Os poucos erros e distorções queaparecem em seu trabalho inicial são compreensíveis, considerando que ele nunca teveuma oportunidade de discutir suas descobertas com um kahuna. Na época em que ele viviano Havaí, no início do século XX, era contra a lei ser ou afirmar ser um kahuna, e isso

perdurou até tempos relativamente recentes. É admirável que Long tenha realizado tanto,baseando-se apenas em histórias, superstições e conhecimento distorcido. Felizmente, ele

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tinha o tipo de raciocínio excelente em fazer correlações com conhecimentos de outrasáreas e culturas, e foi capaz de enxergar através da distorção em sua maior parte. 

Para expandir um pouco mais a sua mente, gostaria de lhe passar um pouco dahistória da filosofia Huna. Dizem que a história é mais um reflexo do presente que dopassado, porque os historiadores tendem a escrever sobre o passado em termos do que a

atual geração está disposta a aceitar. O que as pessoas não aceitam não será escrito, oupelo menos não publicado. À medida que a sociedade muda, também mudam os livros dehistória. Um exemplo menor é a história dos negros nos Estados Unidos. Antes domovimento pelos direitos civis, a história deles era inexistente. Nada era ensinado nasescolas, ninguém estudava a respeito, e para todos os efeitos não existia tal coisa na mentedas pessoas, mesmo as negras. Hoje se sabe que houve muitos negros americanos heroicose importantes, e os livros de história estão sendo reescritos; mas somente porque asociedade está disposta a olhar nessa direção. 

Boa parte do que é escrito como história não passa de palpite, com o historiadordesempenhando o papel de um detetive que viaja no tempo e cujas pistas são esparsas.Quanto mais distante você mergulha no passado, mais esparsas são essas pistas. Se há

registros históricos, eles ajudam, como os hieróglifos no Egito; mas muitos povos têmhistórias orais que indicam o início de suas civilizações num passado muito mais remotodo que os historiadores modernos gostariam de admitir. Essas histórias geralmente sãoconsideradas mitos ou lendas, com a implicação de que provavelmente não sãoverdadeiras. 

A história que vou contar é parcialmente oral e parcialmente registrada. Mas a parteregistrada não existe de uma forma escrita que você entenderia. Você talvez se surpreendaao saber que algumas pessoas podem "ler" figuras pintadas em sequência e desenhosentalhados em cavernas com a mesma facilidade com que você lê esta página. De qualquermodo, esta é a história de uma filosofia que me foi contada por WK. Se você a acharinaceitável como fato, pense nela como uma tradição. Isto não afetará a sua habilidade

para usar o conhecimento Huna. ******* 

"Em algum lugar no passado, muito tempo antes da ascensão de Atlântida, uma raçade homens chegou a este sistema solar, vinda de um grupo de estrelas conhecido como asPlêiades. Alguns aterrissaram na Terra e outros em outro planeta que não existe mais.Naquela época, a Terra ficava mais próxima do Sol e a duração do ano era de exatamente360 dias. Os homens que vieram das estrelas fugiam de uma catástrofe, e tinham aintenção de encontrar paz na Terra. O processo foi lento, porém, pois encontraram aquioutros homens, remanescentes de uma civilização anterior que se havia dizimado. Tam-bém encontraram dinossauros inteligentes, e surgiram muitas batalhas por controle

territorial. Finalmente, a maior parte dos homens das estrelas se estabeleceu num continente no

Pacífico, conhecido hoje em lendas como Mu. Eles chamavam a si próprios de Povo de Mu,mas outros os chamavam de Manahuna ou Menehune, 'o povo do poder secreto', por causade sua tecnologia avançada e de seus poderes psíquicos. Eram indivíduos pequenos, comaspecto de pigmeus pelos padrões modernos, e muito laboriosos. Ó conhecimento delesera Huna, uma filosofia para se viver com sucesso. Quando perceberam estar assentadosem segurança, começaram a ensinar esse .conhecimento aos homens da Terra. Comomuitas línguas eram faladas e a língua deles era parcialmente telepática e difícil deaprender, os professores de Mu criaram uma nova língua, bem mais fácil. Esse idioma eraestruturado para conter o conhecimento Huna de forma a garantir sua sobrevivência

enquanto a língua permanecesse em uso. Hoje, conhecemos essa língua como polinésia, etraços dela são encontrados no mundo todo. 

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Vinham homens ao continente de Mu para aprender, e Mu também enviava missõesde professores a outras partes do mundo para montar escolas de vários tipos. Um bomnúmero de casamentos interraciais ocorreu entre o povo de Mu e seus vizinhos,resultando em crianças possuidoras de habilidades genéticas e memórias de seus paisnascidos nas estrelas. 

Gradualmente, aqueles que estudavam com o povo de Mu foram sendo organizadosem três ordens diferentes, cada uma praticando o conhecimento Huna com ênfase umpouco diferente. Usando termos em inglês, as ordens poderiam ser chamadas de Intuitionists (Intuitivos), lntellectuals (Intelectuais) e Emotionals (Emocionais). 

De modo geral, os Intuitivos se desenvolveram no que chamaríamos de místicos,metafísicos e psicólogos ou psicoterapeutas. Os Intelectuais se tornaram o equivalente doscientistas, técnicos e engenheiros. Os Emocionais eram mais interessados em atividadespolíticas, econômicas e atléticas. Os três tipos utilizavam em seu trabalho habilidadespsíquicas treinadas, e cada grupo ensinava e praticava várias formas de cura física. 

A parte básica da filosofia Huna é que todo ser humano tem habilidades psíquicas. Asordens treinavam as pessoas em seu uso consciente e disciplinado. No entanto, haviapessoas na Terra antes da chegada do povo de Mu que sabiam usar esse poder à vontade; eainda hoje existem indivíduos sem a menor ligação com as ordens que podem usar essespoderes psíquicos da mesma maneira. 

Por muitos séculos, as coisas estavam indo bem na Terra e uma civilização mundialestava sendo formada, quando o povo de Mu cometeu um erro fatal. Eles vinhammantendo contatos regula- res com seus irmãos que se haviam instalado no outro planetadeste sistema solar, mas, com o passar do tempo, viraram as costas para eles,concentrando-se somente na Terra. Chegou um momento em que o planeta irmãocomeçou a enviar desesperados pedidos de ajuda. O povo de lá estava à beira daautodestruição, e havia a necessidade de uma rápida intervenção. Infelizmente, o povo deMu, na Terra, ficara complacente e não queria que nada perturbasse sua paz; por isso, nãoderam ouvidos aos apelos e tentaram fingir que não lhes diziam respeito. Tal ato eracontrário à sua própria filosofia. 

Sem que nada pudesse impedi-las, as pessoas do outro planeta criavam cada vez maisterríveis armas de destruição para usar contra os outros até o momento horrível ederradeiro. Chegaram a um ponto em que destruíram todo o planeta, num enormecataclismo que abalou o sistema solar. O completo desaparecimento de um planeta inteirocausou imenso desequilíbrio, mas as forças da natureza tentaram corrigi-lo. Com isso, asórbitas dos planetas remanescentes foram perturbadas e o efeito sobre a Terra, foidevastador. Nosso planeta foi arremessado para uma nova órbita, um pouco mais distantedo sol, e a força da mudança acarretou intensa atividade vulcânica e sísmica. Velhas terrasafundaram no mar em alguns lugares, e novas terras subiram em outros. O nível de morte

e destruição era indescritível. Com o retorno de uma pequena estabilidade, os sobreviventes observavam uma nova

Terra. O continente de Mu não existia mais. Apenas algumas ilhas espalhadas aindapermaneciam intactas, num oceano imenso e vazio. Em todo o mundo, as pessoasrevertiam a uma sobrevivência primitiva e iniciavam a árdua escalada de volta àcivilização. Em muitos lugares, o povo de Mu era responsabilizado pelo que acontecera, etinha de se esconder para não ser perseguido. Esses grupos esparsos e solitários deramorigem às histórias dos mágicos "pequeninos" (little people) encontradas em quase todasas culturas. As ordens que tinham criado continuaram sem eles, exceto por um rarocontato com um número muito limitado de adeptos. 

Outras civilizações se desenvolveram e caíram. Entre elas, os brilhantes atlantes, quequase alcançaram o domínio do mundo, numa imitação menor de Mu, mas que acabaramaniquilando-se numa guerra que os enviou para o fundo do oceano. Enquanto isso, a

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tradição de Huna era mantida viva por pequenos grupos que inseriam o ensinamento nacultura do lugar onde se instalavam. A maioria deles perdeu o contato entre si, mas todoscontinuavam a ensinar, curar e treinar. Em alguns casos, foram capazes çlè manter intactaa simplicidade de Huna, mas em outros houve tamanhas distorções que o conhecimentofundamental foi praticamente perdido, e boas práticas eram realizadas com uma falsacompreensão de sua natureza. 

Após a perturbação causada pela queda de Mu, sobreviventes na Bacia do Pacífico,aos quais hoje chamamos de polinésios, aos quais reuniram-se em dois lugares parareconstruir suas cidades —  Samoa e as Ilhas Sociedade. Entre eles, havia membros dastrês ordens que atuavam como sacerdotes, curandeiros e especialistas técnicos. Só osIntuitivos mantinham contato com seus colegas no resto do mundo. Lentamente,desenvolveram sua tecnologia até o ponto de poderem construir grandes embarcações avela, capazes de transportar cem pessoas ou mais, e partiram para explorar o que sobrarade Mu. A maioria permaneceu dentro dos toscos limites do velho continente, sóocasionalmente se aventurando nas terras fronteiriças. 

O grupo que conseguiu ir mais longe, fora das fronteiras continentais, foi o dos

maoris, que se assentaram na Nova Zelândia. O nome maori significa "o povo verdadeiro"ou os habitantes originais, referindo-se tanto à origem do velho continente de Mu (comodescendentes mistos da raça estelar) quanto ao fato de serem os primeiros a seestabelecer nas novas terras descobertas. Em pouco tempo, eles perderam contato com osoutros polinésios e, exceto pela lembrança em velhos cânticos e entoações, os dois gruposforam esquecendo-se entre si, até que os exploradores ocidentais os unissem novamente. 

Outro grupo, seguindo antigas informações navegacionais contidas em antigoscânticos tradicionais, se fez ao norte a partir do Taiti e das Marquesas para aportar e seassentar nas ilhas havaianas. A primeira ilha onde aportaram foi Kauai, a mais antiga dasilhas principais, e lá eles descobriram alguns dos habitantes Menehune originais, aos quaistambém chamavam de Mu. Esse povo Mu era muito tímido, mas não belicoso, e às vezes

ajudava os recém-chegados. Eles tinham templos de pedra e aquedutos, e eramespecialistas em irrigação e construção de lagoas para peixes. Por muitos anos, os doispovos conviveram muito bem, e houve um bom número de casamentos inter-raciais. Foiessa última questão, porém, que levou o rei de Mu a tomar uma decisão dura. Ele percebeuque, se o casamento inter-racial continuasse, o povo de Mu deixaria de existir como gruposeparado, por isso resolveu que deveriam ir embora. Diz a tradição que numa noite todo opovo de Mu partiu do extremo norte de Kauai, mas ninguém sabe como ou para onde foi. 

A princípio, as três ordens de kahunas no Havaí viviam em base de igualdade, e ocomércio continuava entre o Havaí, Samoa e Taiti. No século XIII d.C., porém, um kahunasedento de poder, da ordem dos Emocionais, veio de Samoa para ajudar ostensivamentena reorganização dos Emocionais do Havaí. Em pouco tempo, ele conseguiu o controle

religioso e político das ilhas, o que resultou na perda de contato entre o Havaí e o resto daPolinésia; a construção dos grandes veleiros marítimos foi interrompida, as escolas denavegação e astronomia foram abandonadas e as pessoas se tornaram sujeitas a umareligião de superstição e restrição. A ordem dos Intelectuais foi a que mais sofreu, e muitoconhecimento foi perdido. Os Intuitivos, na maioria, foram obrigados a se esconder, e umnúmero cada vez maior de Emocionais recorria a práticas distorcidas. Por seiscentos anos,o povo do Havaí sofreu a repressão de um governo autoritário, do terrorismo psíquico e dadesordem social. Na época da chegada do capitão Cook, todas as ilhas estavam em guerra.A natureza idílica da vida polinésia era, na verdade, um grande mito perpetuado porestrangeiros que não enxergavam além da superfície. 

Enquanto tudo isso acontecia, um pequeno grupo de Intuitivos mantinha contato

telepático com o resto de sua ordem espalhada pelo mundo, e se satisfazia em trabalharnos bastidores do cenário mundial para a paz da humanidade. Agora os tempos mudaram,

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CAPÍTULO 1 

Os Kahunas 

Desde os tempos das primeiras explorações europeias no Oceano Pacífico, o mundo

ocidental acalenta uma imagem romântica dos Mares do Sul, baseada no conceito de umasociedade primitiva simples, livre de preocupações. Tem sido o sonho de muitos homensabandonar o fardo do trabalho e da família e fugir para uma ilha tropical onde só o quevocê tem a fazer é deitar-se numa rede, bebendo ponche de frutas, enquanto os nativos deaparência infantil cuidam de todas as suas necessidades. Outra atitude ocidental, menosromântica, é que antes das bênçãos da civilização, os habitantes das ilhas eram selvagensignorantes, dominados por medos supersticiosos e por uma sensualidade indisciplinada.Paralela a essa atitude é a ideia de que essas pessoas não tinham um pensamento filosóficonem conceitos abstratos, não conheciam a arte, exceto para decoração, não possuíamlivros e certamente não dispunham de nenhum tipo de ciência ou tecnologia que valesse apena mencionar. 

A verdade, porém, estabelecida por pesquisa científica em muitas áreas, é que associedades da Polinésia eram tão complexas quanto a nossa: seus códigos morais, éticos elegais eram igualmente estritos; sua arte e literatura tão ricas quanto as nossas; e sua ciên-cia, igualmente especializada. Entretanto, a orientação na qual tinham desenvolvido essesaspectos era muito diferente. Como indicam os modernos psicólogos sociais, se tentarmosjulgar as realizações de outras culturas usando a nossa como padrão, arriscaremosdistorcer esse julgamento e limitar severamente qualquer benefício que poderíamosreceber do contato com a cultura em questão. E a cultura da Polinésia tem aspectos quenos podem beneficiar em todas as esferas da vida. 

O Povo da Polinésia 

Polinésia  é um termo aplicado igualmente a uma área geográfica e a um povo quepartilha da mesma origem histórica, linguística, cultural e física. A área geralmente édefinida como um triângulo que se estende da Nova Zelândia no sudoeste do Pacífico aoHavaí, no norte, descendo até a Ilha de Páscoa, sudeste, e de volta à Nova Zelândia. E umaárea imensa, maior que o continente sul-americano, e salpicada de ilhas vulcânicas e decorais, geralmente separadas a uma distância de 3,2 quilômetros entre si. O mais notável éque toda essa área fora explorada e colonizada, e havia comércio regular entre as ilhas porcentenas, talvez milhares, de anos antes de Colombo atravessar o Atlântico. 

O povo dessa área, os polinésios, inclui os maoris, samoanos, tonganeses, taitianos,marquesanos, havaianos, pascoenses e outros, cujos nomes nos tempos modernos se

baseiam em suas regiões. Embora esses grupos sejam separados por vastas distâncias, eem alguns casos não mantenham contato entre si há séculos, há menos diferenças entreeles do que entre vizinhos próximos como os franceses e alemães. Um Maori de nariz fino

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e um havaiano de nariz grosso podem não parecer irmãos, e seus estilos de vida moldadosao ambiente podem variar muito, mas eles compartilham da mesma língua básica, dosheróis culturais, das lendas e do conhecimento interior. E aceitam uns aos outros comodescendentes da mesma raça original, como descobriu Peter Buck, um explorador mestiçomaori, viajando para outras ilhas que não tinham sequer na memória o registro de contatocom um "polinésio" de fora. 

Uma questão ainda não resolvida pelos antropólogos é qual seria a terra natal dospolinésios, além da questão da rota por eles tomada para chegar ao seu atual lar. A teoriamoderna mais aceita é que eles vieram da Indonésia, ou possivelmente da índia, epassaram pelos grupos de ilhas da Melanésia e Micronésia, no oeste do Pacífico, nocaminho. Essa teoria se baseia em parte em algumas semelhanças linguísticas menores, nasuposta origem de muitas plantas usadas pelos polinésios, em algumas similaridadestecnológicas e na noção de que, como tinham de vir de algum lugar, a origem maisprovável seria a Ásia. 

Max Freedom Long e outros propuseram que a terra natal dos polinésios ficaria noOriente Próximo. Long baseou sua idéia numa história sem comprovações contada por uminglês que vivera com uma tribo berbere no Saara. Essa tribo afirmava ter pertencido a umgrupo que tinha construído as pirâmides do Egito; eles se haviam separado do resto dogrupo que buscava uma nova terra no Pacífico. Eu passei, porém, quatro anos e meio, inciòé vindo, com os berberes, e não fui capaz de verificar tal tradição. Mais importante ainda,Long usou, de maneira impressionante, estudos linguísticos para mostrar que oconhecimento kahuna foi incorporado em partes do Antigo e do Novo Testamento daBíblia. Ele foi mais longe ainda e traçou uma rota dos grupos com destino ao Pacífico,descendo até o Mar Vermelho, ao longo da costa da África até Madagascar (cuja língua temafinidades com o polinésio), atravessando o oceano e até a índia e de lá através daIndonésia até o Pacífico, usando semelhanças filosóficas como seu principal argumento.Entretanto, outra terra nativa para os polinésios foi proposta por Thor Heyerdahl, derenome Kon Tiki, que tentou provar de uma maneira prática que os polinésios poderiamter vindo da América do Sul. 

Como observamos no prólogo, meu mentor kahuna, WK, tem uma versão bastantediferente, apoiada por pesquisadores como James Churchward, autor de vários livrossobre o continente de Mu, e Leinani Melville, autor de Children ofthe Rainbow   (Filhos doArco- íris). Segundo essa versão, a Polinésia seria a  fonte  de semelhanças culturais emoutro lugar e não o recipiente final. Obvio que pode haver dúvida tanto com relação a essateoria quanto a qualquer outra, mas esta tem a virtude de ser uma versão polinésia eresponder a muitas perguntas. Ela explica, por exemplo, por que os navegadorespolinésios, extremamente habilidosos, nunca colonizaram nenhuma área fora do triângulomencionado aqui, e de que forma os subgrupos como os maoris na Nova Zelândia podiamter antigos cânticos de navegação com instruções para viagens de barco até o Havaí.Também explica por que os grupos como os maoris, havaianos e pascoenses falam em suas

lendas sobre pessoas que já viviam nas ilhas quando eles lá chegaram. Na língua havaiana,essas pessoas eram até chamadas de Mu, e há muitas histórias sobre conflitos ecooperação com eles. Na ilha de Kauai, no arquipélago havaiano, vi pisos em templos etrabalhos de alvenaria que se assemelham muito mais aos estilos de construção pré-incasdo que a qualquer outra coisa construída pelos primeiros colonizadores polinésios. Elesteriam sido construídos pelo povo de Mu, também conhecido como os Menehune. 

O Sistema Kapu 

A questão da origem talvez nunca seja satisfatoriamente resolvida para todos, mas éum fato que os polinésios já estavam lá quando os europeus chegaram na Polinésia. Entreoutras coisas, os primeiros exploradores ocidentais encontraram um poderoso grupo deindivíduos conhecidos como kahunas,  que eram os líderes religiosos, mestres artistas e

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artesãos, médicos, advogados, professores e conselheiros políticos da sociedade. Eles e asfamílias dos chefes governavam o povo através de um sistema que seria chamado de kapu, embora a maioria dos ocidentais esteja mais acostumada com a forma tongonesa dapalavra, tabu ou taboo. 

O sistema kapu  tem sido muito difamado, porque nunca foi bem compreendido. À

palavra kapu foi associado o significado de "proibido" e ela passou a ser interpretada comoum misterioso alerta a respeito de coisas que escapam ao domínio da razão. Uma com-preensão mais completa da palavra, porém, incluiria também os sentidos de "sagrado,santo ou consagrado". O sistema kapu era na verdade um código de leis, necessário paraque qualquer sociedade funcione de maneira ordenada. Um certo bosque ou um local depesca especial podia ser declarado kapu durante uma ou mais temporadas, para não sersuperexplorado, por exemplo. Não seria diferente de nossas atuais temporadasregulamentadas de caça e pesca, mas essa visão ambiental era totalmente desconhecidapelos primeiros visitantes europeus à Polinésia, os quais não entendiam por que umaárvore ou local era kapu e outro não era. Certas partes de um templo ou pedaços de terratambém podiam ser declarados kapu porque~eram reservados para uso sacerdotal ou doschefes. O caminho até esses lugares era marcado por um par de varetas cruzadas,

encimadas por uma bola de pano branco, e os nativos se recusavam a transpor essesindicadores porque a quebra de um kapu era severamente punida. Entretanto, o mesmoeuropeu que hesitaria muito antes de violar um sinal da Coroa em seu país, como "Não seaproximar" ou "Proibida a entrada", achava que o nativo da ilha agia apenas porsuperstição. 

Os  kapus  mais difíceis de entender para o estrangeiro eram, lógico, aquelesrelacionados aos costumes. Em algumas partes da Polinésia, havia um kapu punível commorte que proibia que a sombra de uma pessoa comum se projetasse sobre um chefe. Aprincípio, tal coisa parece a mais absurda superstição, mas o estrangeiro provavelmentenão saberia que a palavra para sombra  também significava "riso", e que o evento acimamencionado podiãser interpretado como desrespeito ou lese majeste. Outro kapu  proibiaque as mulheres comessem bananas, porque a palavra para banana é parecida com otermo para genitais, e o ato seria tão ofensivo quanto o uso de palavrões de conotaçãosexual em público nos Estados Unidos. 

O  kapu,  portanto, formava a base para o sistema legal polinésio. Em sua melhoraplicação, ele reforçava a coesão e a produtividade da sociedade, mas o sistema podia ser— e freqüentemente era —  usado por chefes e sacerdotes gananciosos para exploraçãopolítica e econômica. Não raro, as rebeliões sociais e/ou emigrações eram inspiradas por  kapus exageradamente restritivos impostos ao povo pelos líderes. A severidade dos  kapus empregada por Kamehameha, o Grande, a exploração desmedida desses kapus por partede certos sacerdotes kahuna e a má interpretação psíquica de um líder kahuna oportunistaforam alguns dos principais motivos pelos quais todo o sistema kapu  no Havaí foi tãofacilmente derrubado na época do filho de Kamehameha. 

Os Kahunas do Havaí 

Como tenho mais experiência com os kahunas havaianos do que com os  tahunas taitianos ou os tohungas  dos maoris, a seção seguinte tratará do sistema havaiano, combase no registro histórico e nas discussões com WK. 

Quando ancorou na costa a sotavento de Kauai em 19 de janeiro de 1778,o capitãoJames Cook rompeu um isolamento de seiscentos anos das ilhas havaianas do resto domundo. Ao contrário da crença popular, porém, o capitão Cook e os que vieram depois nãoinvadiram uma simples ilha paradisíaca. A beleza dessas ilhas vulcânicas era, de fato,

espantosa, e quando os habitantes eram amistosos, o eram de verdade. Mas os havaianosnão eram inocentes incorruptos nem selvagens ignorantes. A sociedade deles era estru-

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turada como um pleno sistema feudal, e Cook chegou em meio a um violento tumultosocial e político. Após o breve choque inicial do contato, os europeus e sua superiortecnologia foram rapidamente explorados, com propósitos políticos, pelos pragmáticoslíderes havaianos, incluindo os kahunas. 

Nos livros de história, muito se fala do capitão Cook, e de como pensaram ser ele o

deus Lono, retornando às ilhas. De acordo com o historiador havaiano Kamakau, o povo deKauai ficou surpreso e assustado diante da visão inédita dos navios britânicosdesembarcando na costa. As pessoas não tinham idéia de quem estava nos navios. Foi umkahuna, Kuohu, que chegou à conclusão de que os barcos deviam ser o templo e os altaresde Lono porque os mastros e as velas pareciam a haste e as flâmulas usadas numacerimônia anual dedicada àquele deus. Cook e seus homens desceram na praia para umacurta visita e depois partiram para a América. A notícia se espalhou rapidamente pelasilhas, e quando Cook retornou e parou na baía de Kealakekua, na Ilha Grande do Havaí, opalco estava montado para uma manobra política incrivelmente astuta, que teria dadocerto se Cook não tivesse ficado lá muito tempo. 

A segunda chegada de Cook ocorreu numa área consagrada a Lono, e foi perto do fimdo festival anual dedicado a ele. Não há registros do que vou sugerir e WK diz que nãoconhece nenhuma tradição que confirme ou negue, mas a coincidência do momento e localonde Cook aportou, na segunda vez, é tão grande que, desconfio, houve a mão dos kahunaspor trás. Como veremos mais adiante, eles sem dúvida tinham a capacidade de saber, porclarividência, onde Cook estava e de enviar a ele mensagens telepáticas para guiá-lo até abaía onde milhares de pessoas se reuniam para o festival de Lono. Em seu diário, Cookescreveu que nunca tinha visto tanta gente reunida, em nenhuma das ilhas. Uma vez que orei da ilha do Havaí estava no processo de consolidar seu poder sobre o povo, como partede sua campanha de guerra contra Maui, fora provavelmente por sugestão de seusconselheiros kahunas que Cook foi aclamado como o próprio deus Lono, vindo paraemprestar seu mana (poder divino) ao lado que obviamente estava certo. Os chefes e oskahunas não eram tolos. Podiam reconhecer uma tecnologia superior, por mais estranhaque fosse; conheciam um homem quando o viam; e também sabiam como aproveitar umaoportunidade. Infelizmente, quanto mais tempo Cook se demorava na ilha, mais difícilficava manter a farsa de que ele era um deus. Quando finalmente partiu, depois de algumassemanas, não disfarçaram o alívio. Infelizmente, porém, Cook teve de voltar uma semanadepois para consertar um mastro quebrado. O festival já tinha acabado, o povo estavadisperso, e a recepção a Cook foi fria. As relações entre os havaianos e europeus sedeterioraram rapidamente nas duas semanas seguintes, até que Cook resolveu fazer derefém a altamente sagrada pessoa do rei por causa de um pequeno roubo por parte de umde seus súditos. Uma batalha eclodiu na praia e Cook foi morto. A questão aqui é que adesignação de Cook como o deus Lono foi apenas uma farsa politicamente inspirada parafavorecer o regime do. rei Kalaniopuu. Os chefes e kahunas sabiam o que estavam fazendo,mas àquela altura da história havaiana a "religião estatal" era apenas uma ferramenta

política usada para aumentar o poder dos chefes e certos sacerdotes, e explorar as massas. A medida que mais europeus começavam a visitar as ilhas, ouviam histórias sobre os

estranhos poderes exercidos por determinados indivíduos conhecidos como kahunas.Histórias de telepatia, clarividência, cura pelo toque, provocar morte a distância ecaminhar sobre lava incandescente se misturavam a observações de cerimônias exóticas ecânticos, à prática de massagem e medicina de ervas, e à aparente veneração de ídolosgrotescos. Era fácil rotular essas histórias como pura superstição, até alguém ficardiretamente envolvido, numa experiência pessoal. Então, tornava-se óbvio para o indi-víduo inteligente que algo de fato acontecia por trás da fachada religiosa. Não havia dúvidade que pelo menos alguns kahunas eram capazes de coisas que pareciam desafiar as leisfísicas. Quanto mais tempo se vivia nas ilhas, mais se aprendia a aceitar esse fato. 

Entretanto, por causa de quatro fatores principais, não era fácil descobrir o querealmente estava acontecendo. O primeiro era a relutância natural do cidadão ocidental,treinado em ciência, em aceitar tais habilidades como algo possível. Se fizesse isso, ele

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estaria regressando à Idade das Trevas da magia e superstição que o mundo ocidental seesforçava em deixar para trás. O segundo era a tendência natural dos visitantes deformação cristã para atribuir todas essas coisas à obra do diabo, pois de que outra maneiraos pagãos ignorantes poderiam ter esses poderes? 

O terceiro fator era que, na época da chegada dos primeiros europeus, as principais

práticas kahunas eram muito corruptas, e a maior parte do antigo conhecimento foraperdida. Enquanto um pequeno grupo mantinha praticamente intactos os antigosensinamentos, a maioria dos kahunas — especialmente aqueles envolvidos em política — tinha se degenerado a um mero sacerdócio cerimonial, com pouquíssimos membros queainda sabiam os rudimentos de coisas como telepatia e clarividência. Isso se tornaevidente na história de Hewahewa, sumo sacerdote de Kamahmeha II. Em 1819, poucodepois da morte de Kamehameha I, esse proeminente kahuna, responsável pela imagemdo deus da guerra do rei, teve uma visão na qual distinguira representantes do que pareciaser um deus muito mais poderoso aportando nas praias do Havaí. Sem dúvida influenciadopor sua familiaridade com a superior tecnologia européia e as histórias cristãs, Hewahewaacabou conquistando o apoio de colegas kahunas, chefes ambiciosos e esposas de reisinsatisfeitas para obter a abolição do sistema kapu e depor os velhos deuses. Com isso, ele

esperava conseguir as graças dos representantes do novo deus e ao mesmo temposubjugar o poder de qualquer kahuna rival. Kamehameha II, diferentemente de seu pai, erahomem de vontade fraca e, em novembro de 1819, cedeu às pressões de Hewahewa e seusseguidores. Com o ato aparentemente simples de se sentar para fazer uma refeição com asmulheres, Kamehameha II quebrou um sério kapu e abriu um precedente para chefes ecidadãos comuns. A notícia se espalhou por todo o arquipélago de ilhas, agora unido, e aspessoas, há muito oprimidas por kapus exageradamente estritos, começaram a dar vazãoaos sentimentos, queimando e destruindo templos e estátuas. Um kahuna rival deHewahewa tentou impedir isso, mas ele e seus seguidores foram massacrados em batalha.Por seis meses, depois disso, o Havaí foi uma terra sem religião e sem leis. Foi uma épocade grande confusão, porque sem os kapus e sem os deuses, não havia diretrizes firmespara conduzir um governo nem segurança psicológica. 

Finalmente, em 1820, os primeiros missionários cristãos de Boston aportaram ondeHewahewa disse que os tinha visto. Ele e seus colegas kahunas tinham trazido muitaspessoas aleijadas e doentes para o novo deus curar. Eles cantaram uma canção de boasvindas e pediram aos missionários que mostrassem o poder do novo deus, curando osnecessitados. Obvio que os missionários não podiam fazer isso, e, depois de muitaconfusão de ambos os lados, Hewahewa foi obrigado a compreender que tinhainterpretado erroneamente sua visão e destruído toda a estrutura formal religiosa e legalde sua nação por nada. Ele é conhecido nos livros de história como Hewahewa, mas essepode não ter sido seu nome verdadeiro. Os havaianos sempre tiveram muito cuidado coma escolha de nomes baseada nos significados. Parece óbvio que o infeliz sumo sacerdoterecebeu o nome de Hewahewa depois desse terrível engano, pois significa "o louco que

não reconheceu o significado". O quarto fator que interferiu na compreensão inicial do conhecimento kahuna foi a

proibição de todas as práticas kahuna por parte dos missionários cristãos convertidos empolíticos, tão logo tiveram o poder de fazer isso. De acordo com Max Long, que viveu nasilhas enquanto essa lei era válida, a lei do Havaí sobre o uso de magia para curadeterminava o seguinte: 

''Seção 1034. Feitiçaria –  penalidade. Qualquer pessoa que tente a cura de outraatravés da prática de feitiçaria, bruxaria, ana-ana, hoopiopio, hoounauna, ouhoomanamana (termos que descrevem práticas psíquicas), ou outras superstições oumétodos enganadores, deverá, quando acusada, pagar multa de uma quantia não inferior acem dólares ou ser preso por no máximo seis meses, cumprindo trabalhos forçados." Há

outra seção da lei que classifica o kahuna junto com os buncos e o define como alguém quese apresenta como kahuna, aceita dinheiro sob a alegação de ter poderes mágicos, ou

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admite que é um kahuna. Para tal coisa, a multa sobe para mil dólares ou um ano deaprisionamento.1 

Desnecessário dizer que isso era suficiente para levar todos os verdadeiros kahunasa se esconder, o que tornava extremamente difícil para um não-havaiano ter acesso aoconhecimento kahuna. Apesar da lei, porém, tanto os havaianos quanto os não-havaianos

livres de preconceitos continuavam a procurar e receber ajuda de kahunas cujaidentidade era bem protegida, e os pseudo-kahunas eram freqüentemente exibidos emcerimônias e para fins turísticos. Só recentemente a lei foi mudada, de modo que emboraainda preveja salvaguarda contra fraude, já não é mais crime ser ou afirmar ser umkahuna. 

A autodestruição de suas tradições religiosas e o poderoso impacto do Cristianismoe da tecnologia ocidental fizeram a maioria dos havaianos rejeitar a influência e osensinamentos kahunas. O conhecimento kahuna era tradicionalmente passado para um fi-lho natural ou adotado, cautelosamente; mas os fatores citados, além dos casamentosinter-raciais e a dizimação da população através de doenças introduzidas, deixaram umnúmero muito pequeno de indivíduos ainda dispostos ou capazes de continuar com ospassos de seus pais. 

No entanto, em meio a toda dificuldade, continuou existindo um núcleo de kahunasativos que continuava a praticar cura mental, emocional e física; a ajudar as pessoas amudar o futuro; e até a praticar a grandemente temida "oração de morte". Nada menosque o curador do Museu Bishop em Honolulu, William Tufts Brigham, dedicou-se duranteanos a tentar desvendar o segredo daquelas que ele sabia ser práticas kahunas válidas.Ele teve experiências pessoais de caminhar sobre o fogo, cura e oração de mortetelepática, e se convencer, sem a menor dúvida, de que algum conhecimento altamenteimportante para a humanidade ainda esperava ser dominado. Sua busca nunca tevesucesso, mas, antes de morrer, ele deixou para Max Long um legado do que tinhaaprendido, que pode ser assim resumido: 

"Sou capaz de provar que nenhuma das explicações populares da magia kahuna temfundamento. Não é sugestão, nem qualquer outra coisa conhecida na psicologia. Eles usamalgo que nós ainda temos de descobrir, e é uma coisa de importância inestimável. Sim-plesmente, temos de descobrir. Revolucionará o mundo, se o fizermos. Mudará todo oconceito da ciência. É algo que traria ordem às crenças religiosas conflitantes... Observe sempre três coisas no estudo dessa magia. Deve haver alguma forma deconsciência por trás dela, dirigindo seus processos. Controle de calor ao caminhar sobre ofogo, por exemplo. Deve.haver também alguma forma de força usada em exercer essecontrole, se ao menos pudermos reconhecê-la. E, finalmente, deve haver alguma forma desubstância, visível ou invisível, através da qual a força pode agir. Observe sempre essascoisas e, se puder encontrar pelo menos uma, ela guiará até as outras".2 

Long continuou a busca com base nessas orientações e, embora nunca tenhaestudado com um kahuna, por um período de muitos anos ele descobriu os três elementos

especificados por Brigham, conduziu experimentos para comprovar a existência deles,encontrou correlações com as descobertas de outros, em outros lugares, e descobriu aindaque o sistema kahuna de conhecimento não era limitado à Polinésia, mas espalhava-se portodo o mundo. Foi um feito notável, tornando os principais elementos desseconhecimento acessíveis ao público pela primeira vez. 

As coisas com que os kahunas lidam regularmente se tornaram hoje o tema de umainvestigação científica cada vez mais difundida bem como de um crescente interessepopular. Há laboratórios estudando a comunicação telepática, o fenômeno de estados

1 Max Fredom Long, The Secret Science Behind Miracles (Los Angeles: De Vorss & Co., 1954) 

2 Ib.

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alterados de consciência, e a influência psicocinética sobre a matéria, enquanto umnúmero cada-vez maior de corajosos médicos e psicoterapeutas vem experimentandométodos de cura não usuais, tais como imagem guiada, terapia de pressão e atransferência de energia de uma pessoa para outra. Além da resistência conservadora atudo isso, as investigações são atrapalhadas pela falta de uma teoria coerente e unificadaque explique como essas práticas funcionam. O sistema kahuna oferece tanto a práticafuncional quanto uma boa teoria de fácil aplicação. 

As Ordens Kahunas 

Kahuna é uma palavra que foi distorcida nos tempos modernos. Originalmenteusada para definir um adepto treinado, um guardião e transmissor especializado emconhecimento e poder, ela passou a ser aplicada mais recentemente aos sacerdotes eministros de religiões ocidentais, paranormais, curandeiros e até líderes de clubes desurfe. Embora isso seja compreensível, pois tais pessoas devem ser especialistas naquiloque sabem, WK afirma que um verdadeiro kahuna é aquele que foi iniciado por um pai

natural ou adotivo e treinado era conhecimento esotérico organizado, como parte de umgrupo identificável. O uso do termo com o significado de "sacerdotes, ministro ou líder" éuma extensão moderna baseada num erro de interpretação. O mesmo acontece com seuuso para designar para- normais naturais e curandeiros, que podem ou não ter recebidoconhecimento dos pais. Os havaianos tinham muitos nomes para indivíduos que usamhabilidades psíquicas. Eis alguns: 

kaula— profeta ou mágico

po'ko'i— feiticeiro ho'ola— curandeiro

mo'okiko— feiticeiro mau

ho'okalakupua— mágico ou adepto

kilo'uhane— espiritualistaho 'ike papulua— paranormal  

Os termos eram aplicados a pessoas que exerciam tais pode- res sem ser kahunas. Oskahunas podiam fazer as mesmas coisas, mas como especialistas treinados pertencentes auma ordem tradicional. Nesse caso, o indivíduo seria chamado de kahuna kaula, kahunaho'ola, etc. Além disso, vários tipos de kahunas eram treinados para ser especialistas emcoisas que não consideraríamos esotéricas hoje, tais como navegação, medicina,engenharia e meteorologia. Os kahunas eram os cientistas e especialistas técnicos de suaépoca, mas seu conhecimento se estendia a campos que mal começam a ser explorados nomundo ocidental em ampla escala. Por exemplo, um navegador seria não apenastecnicamente habilitado, mas também treinado para se comunicar com o vento e as ondas. 

Originalmente, não havia uma hierarquia estruturada entre os kahunas, o que aindase observa em duas das ordens descritas a seguir. Na verdade, as ordens eram e são maisparecidas com as guildas medievais do que com ordens religiosas na tradição ocidental.Um kahuna alcança a proeminência, não por promoção, herança ou eleição, mas simatravés do respeito por suas habilidades e conhecimento. A mais alta "posição" a que umkahuna pode aspirar é puhi okaoka, que se refere a um indivíduo bem versado em todos osramos de conhecimento. Como não possuem autoridade estruturada uns sobre os outros,os kahunas são procurados e seguidos por causa do que são capazes de fazer e do quesabem.

Em determinado momento da história, os kahunas se dividiram em três ordensamplamente definidas, como explicado por WK no prólogo. Cada uma delas enfatizava

uma abordagem específica de conhecimento e prática, mas a diferença tem menos a vercom função do que com técnica. As três utilizavam os elementos de magia descobertos por

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Max Long, e suas áreas de perícia se sobrepunham consideravelmente. Com isso emmente, examinemos agora cada uma dessas ordens. 

A Ordem de Ku 

Essa ordem era chamada de  "os  Emocionais" por WK e enfatiza uma abordagemsensual/emocional da vida. Em termos de cura, os kahunas dessa ordem são maispropensos a usar exercício, massagem e imposição das mãos como métodos detratamento. Assim como a psicoterapia, essas técnicas trabalham a liberação de emoçõesreprimidas e a descoberta de eventos passados que desencadearam os problemas atuais.Quanto ao ambiente, a abordagem consiste particularmente em tentar o controle direto deeventos e circunstâncias com a força de vontade e influenciar as emoções das outraspessoas. Esportes, política, comércio e guerra, bem como religião organizada e cerimonial,são os interesses naturais dos kahunas desta ordem. Foi ela que dominou o Havaí após achegada do poderoso kahuna Paao Samoa, por volta de 1275 d.C. Ele instituiu umahierarquia estrita na ordem de Ku e introduziu o sacrifício humano, uma prática que

decididamente não faz parte da tradição kahuna. Depois da chegada de Paao e do chefe porele instalado, todo o tráfico entre o Havaí e o mundo exterior cessou, até a vinda do capitãoCook. 

A Ordem de Lono 

A abordagem desta ordem, os "Intelectuais" de WK, é intelectual/mecânica. NoHavaí, ela gerou os médicos e cirurgiões, os agricultores, navegadores, astrônomos eastrólogos, os meteorologistas e os projetistas de navios, que orientavam a construção dasgrandes canoas oceânicas. Na cura e na psicoterapia, esses kahunas enfatizam o uso deervas e drogas, dieta e fontes naturais de energia curativa, tais como a luz do sol, sal

marinho, cristais e locais especiais descobertos da geomancia (uma forma de adivinhaçãousando supostas correntes de energia na terra). Eles vêem o ambiente como algo a sermanipulado por meio da compreensão da mecânica de sua operação. No Havaí, essa ordemsofreu muito sob o domínio da Ordem de Ku, e quando os europeus chegaram, boa partede suas artes já estava perdida. 

A Ordem de Kane 

Esses "Intuitivos" possuem uma abordagem espiritual/ integrativa. As técnicasusadas pelas outras duas ordens são consideradas ferramentas de uso temporário até se

alcançar a compreensão básica de que o mundo exterior é apenas uma reflexão dopensamento. A ênfase é a unificação ou integração de espírito, mente e corpo com opropósito do autocontrole, sendo ele a chave para o domínio da vida. Na cura, aimportância básica é dada aos efeitos do pensamento sobre o corpo, e as crenças atuaissão consideradas mais influentes do que as experiências passadas. O ambiente é vistocomo uma extensão do corpo, igualmente influenciado por pensamentos e crenças. Aimaginação é a ferramenta mais importante dessa ordem, e boa parte do treinamento dizrespeito ao uso disciplinado dela. Esses kahunas trabalham com estados alterados deconsciência e o uso refinado das habilidades psíquicas, mais do que as outras ordens. Elespoderiam ser considerados filósofos pragmáticos e, em termos de números, sempre forammenores que os kahunas de Ku e Lono. Na época do domínio de Ku no Havaí, sofrerampouco, pois trabalhavam, por assim dizer, "debaixo da terra". De acordo com WK, eles

mantinham contato com o resto do mundo por telepatia. Esta é a ordem na qual meu paifoi iniciado e onde eu recebi meu treinamento. 

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Os Renegados 

O fenômeno mais temido no Havaí era a "oração de morte", uma forma de telepatiaemocional destrutiva, freqüentemente combinada com sugestão negativa. Quase todos oskahunas que a praticavam eram renegados da ordem de Ku, embora houvesse também

feiticeiros não-kahuna que a usavam também. O epíteto mais comum aplicado a eles era kahuna'ai pilau  (kahunas que comem imundície). Fosse para ganhar poder sobre outrosou apenas por ganho financeiro, eles usavam seu conhecimento de psiquismo, psicologia eenergia emocional para ferir ou matar. Como bem sabia William Brigham, usava-se muitomais do que simples sugestão. A oração de morte podia funcionar mesmo que nãohouvesse o conhecimento consciente do que estava acontecendo; mas essa prática exigiaconsiderável habilidade por parte do praticante, e sempre que possível a sugestão erausada para facilitá-la. Felizmente, cada ordem tinha um número de kahunas especializadosem oki ou kala, formas de magia contrária que anulavam a oração de morte, tornando-ainofensiva. . 

Os Kahunas hoje 

WK supõe não haver no Havaí atualmente mais que vinte e cinco kahunas genuínos,dos quais apenas meia dúzia seria da ordem de Kane. O resto está dividido quase demaneira regular entre Ku e Lono. No entanto, muitos daqueles que se dizem kahunas sãoapenas paranormais e curandeiros individuais, ou pessoas que dão um show  aos turistas.Com poucas exceções, os genuínos kahunas, ou se retiraram totalmente da sociedade ou aela se integraram, de modo que ninguém sabe quem são ou o que podem fazer. Oconhecimento está vivo e operante, mas não é ostensivo. E, ao contrário do que muitosturistas parecem pensar, a ancestralidade havaiana não confere conhecimento kahuna.Mesmo Leinani Melville escreve que praticamente nenhum havaiano ou mestiço havaianotem a menor compreensão do que é Huna, o conhecimento kahuna. Fora do Havaí, oskahunas também são raros ou se escondem muito bem. Conheci um kahuna maori que medisse que o conhecimento interior praticamente não existe mais entre o seu povo, e meuprofessor kahuna na África teve só três aprendizes durante os quase sete anos que oconheci. Minhas tentativas de contatar os kahunas que meu pai conheceu na Inglaterranão foram bem-sucedidas. 

Alguns havaianos se irritam por eu chamar a mim mesmo de kahuna, pois não tenhouma gota de sangue havaiano, embora haja precedentes suficientes nas lendas e históriasdo Havaí para pessoas não-polinésias se tomar em kahunas. Lógico que qualquer um podealegar ser kahuna, mas muito tempo atrás alguém que WK e eu consideramos um grandekahuna nos mandou aplicar este teste: "Pelos seus frutos os conhecereis".

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CAPÍTULO 2 

A Tradição InteriorA filosofia kahuna pode ser resumida em quatro afirmações, cada uma representada

por uma única palavra-chave havaiana: 

1.  "Você cria a sua realidade (Ike)." Isso significa a sua experiência pessoalda realidade, cada parte dela. Você a cria através de suas crenças, expectativas, atitudes,

desejos, medos, julgamentos, interpretações, sentimentos, intenções e pensamentosconstantes e persistentes.

2.  "Você recebe aquilo em que você se concentra (Makia)." Os pensamentose sentimentos que você nutre, ciente ou não deles, formam o molde para trazer à sua vidaa experiência mais equivalente possível àqueles pensamentos e sentimentos.

3.  "Você é ilimitado (Kala)." Não há limites para o seu eu, não há limitesentre você e seu corpo, você e o mundo, ou você e Deus. Quaisquer divisões usadas paradiscussão são termos de função e/ ou conveniência, pois o isolamento é apenas uma útililusão.

"O seu momento de poder é agora (Manawa)." Você não está preso a nenhuma

experiência do passado nem a qualquer percepção do futuro, pois o passado é apenas umamemória e o futuro uma mera possibilidade. Você tem o poder no momento presente demudar as crenças limitantes e, conscientemente, plantar as sementes para um futuro desua escolha. Se você muda o pensamento, muda a experiência. 

Essas ideias não são exclusivas dos kahunas. Na verdade, tomei as frasesemprestadas de  Seth/Jane  Roberts para traduzir os conceitos Huna porque elas seencaixam muito bem; mas as ideias transmitidas pelas palavras podem ser encontradasem muitas fontes, nos escritos de várias épocas. Entretanto, elas nunca foram muitopopulares porque declaram que, sem exceção, todo indivíduo é responsável por suaexperiência pessoal, e isso pode ser visto como uma coisa subversiva pelos governantes eintolerável pelos governados. Curiosamente, o mal-estar produzido pela implicação de res-ponsabilidade costuma cegar as pessoas para a tremenda liberdade inerente que essa

filosofia também contém. Nas seções a seguir, abordarei outros aspectos da filosofia kahuna que estão ligados

aos anteriormente mencionados. Para esse material, bem como o dos capítulos seguintes,conto com meu treinamento como kahuna da Ordem de Kane, com a área pessoal e apesquisa literária, além das discussões com WK. 

A "Bíblia" Kahuna 

Boa parte da filosofia kahuna está incorporada na assim chamada "Canção daCriação", também conhecida como Kumulipo, que é o termo mais próximo de uma "bíblia"

kahuna que conhecemos hoje. Originalmente parte de uma tradição oral passada aoskahunas treinados em memória perfeita, ela provavelmente foi compilada mais ou menos

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na forma atual em 1700, pelo kahuna Keaulumoku. Todas as traduções já feitas (nãomuitas) são de um manuscrito que fora propriedade do rei Kalakaua, o qual tinha grandeinteresse em preservar as tradições havaianas, incluindo os segredos de Huna e a funçãodos kahunas como curandeiros. 

Na filosofia kahuna, tanto o mundo espiritual quanto o material ganham forma graças

a uma interação entre forças relativas, freqüentemente representadas por um homem euma mulher. Para cada "deus" no panteão havaiano, com poucas exceções, há um equiva-lente feminino para ajudar com a criação. Muitos são mencionados nas sete primeirasseções do  Kumulipo,  junto a versos que parecem contar a formação da vida animal evegetal na Terra. As entoações ou seções oitava e nona aparentemente falam donascimento do homem para a percepção consciente e de sua multiplicação sobre a Terra.O resto do total de 16 seções na versão Kalakaua parece ser basicamente genealogias,exceto pelo relato do herói cultural, Maui. 

Um problema que os estudiosos têm com o  Kumulipo,  porém, é que eles nãoconseguem chegar a um acordo quanto à forma de traduzir. Numa tradição oral com umalíngua como a havaiana, muita coisa depende de sutilezas de pronúncia e contexto que nãopodem ser adequadamente transmitidas por palavras escritas. Para dificultar ainda maisas coisas, os kahunas tinham o hábito de incorporar várias nuanças de significado em suasentoações, algo que os chefes faziam mesmo em suas canções de amor. Durante uma visitafeita a amigos kahunas no Havaí, disseram-me que o  Kumulipo  tinha sete nuanças designificado, e eu tive acesso a uma chave para uma dessas nuanças, com a qual estoutrabalhando no momento. Quando perguntei por que eles mesmos não a traduziam,disseram que não tinham tanta experiência com tradução quanto eu, não gostavam muitodesse tipo de trabalho e tinham coisas melhores para fazer. 

Para dar um exemplo do que está envolvido, esta é a primeira linha do Kumulipo: 

O ke au i kahuli wela ka honua  

E estas são as várias maneiras como ela foi traduzida: A roda do tempo se volta para os vestígios queimados do mundo. 

 Adolf Bastion 

Na época que mudou o calor do mundo. 

Rainha Liluokalani  

 A época em que a terra mudou em calor. 

Kakahi  

Na época em que a terra se tornou quente. 

Martha Beckwith 

Na época em que esta terra evoluiu como uma bola de fogo. 

Leinani Melville 

Sem negar que qualquer uma das traduções acima pode estar correta, eu fiz trêsoutras. A última é parte da tradução em que venho trabalhando atualmente: 

Houve uma época em que a terra sofreu uma mudança violenta. 

A semente ativa transformou a terra com paixão. 

O pensamento muda as coisas terrestres. 

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O Conceito de Deus 

A religião popular do Havaí era repleta de deuses e deusas, fantasmas, fadas, elfos,duendes e espíritos que mudavam de forma a seu bel-prazer e podiam ser amistosos ouhostis com o homem, dependendo da maneira como fossem tratados. Entretanto, essa vi-

são popular era apenas uma distorção do conhecimento kahuna. Quando os primeiros missionários no Havaí tentavam entender a língua dos

insulanos, depararam com conceitos tão estranhos ao pensamento deles que certaspalavras recebem definições completamente injustificadas. Uma dessas palavras era akua, que foi traduzida como deus.  Quando os missionários perguntaram aos havaianos qualnome davam às grandes estátuas que pareciam objetos de veneração, os nativos lhesdisseram que o nome delas era  akua.  Quando perguntaram para quem eles rezavampedindo conselho, proteção ou a realização de alguma coisa, eles disseram akua.  Mas osmissionários ficaram confusos quando perceberam que os havaianos usavam o mesmotermo para coisas que não pareciam divinas, incluindo a casta muito desprezada dosescravos. Como escreveu o missionário Lorrin Andrews em seu dicionário de havaiano em

1865, "quando da visita de estrangeiros, a palavra era aplicada a objetos artificiais, ànatureza ou propriedade de algo que os havaianos não compreendiam, como um relógiode bolso, uma bússola ou o badalo de um relógio grande, etc." Baseando-se no fato de que  akua também era o nome para a noite da lua cheia, Andrews acrescentou: "Parece que aantiga ideia de um akua  incorporava algo incompreensível, poderoso e, no entanto,completo".3 Andrews estava na pista certa, mas tanto ele quanto a maioria dos ocidentaisdescartaram as aparentes anomalias e continuaram pensando que os havaianos e seuskahunas simplesmente veneravam ídolos aos quais chamavam de deuses. 

A verdade, de importância vital para compreendermos a filosofia e as práticas doskahunas, é que akua significa "uma ideia em ação plenamente formada". É uma idéia ativaque manifesta efeitos. As raízes da palavra contêm significados que têm a ver com movi-mento ou tendência de uma pessoa para fora de si, para uma transformação e uma ação

completada. Os kahunas sabiamente utilizavam algumas dessas estruturas idealizadaspara a cura. Os quatro maiores  akua  eram  Kane, Ku, Lono  e  Kanaloa.  Se pudermosconceber que um tipo específico de ideia pode ser uma essência energética inteligente,então essas ideias podem legitimamente ser chamadas de deuses; do contrário, não. 

Kane 

Externamente,  Kane  era considerado o deus superior e mais espiritual, nuncarepresentado por uma imagem esculpida. No máximo, ele seria representado por umobjeto natural, geralmente uma pedra ereta, sem ornamentos. Era tido como um deus de

paz e amor, e seu equivalente feminino era Wahine.  Em diálogos banais, kane  significa"homem" e  wahine  "mulher".  Kane  e  Wahine  eram, portanto, símbolos equivalentes aoconceito chinês de yin e yang. Para os kahunas, Kane e sua companheira representavam oeu- deus de natureza dual presente em cada ser humano, semelhante ao "Cristo interior"dos cristãos ou à mente do Buda dos budistas. Ele/ela é, em outras palavras, a essênciaespiritual e a fonte do indivíduo, a alma, o Eu Superior ou Eu Maior. Outro termo para esse"deus pessoal" é aumakua,  que Long primorosamente traduziu como "espírito parentaltotalmente fiel"; e dois outros termos para o mesmo conceito, kumupa'a e 'ao'ao,  têm asconotações de professor e guia. Quando os europeus chegaram ao Havaí, a maioria dos

3 Lorrin Andrews, A Dictionary of the Hawaiian Language (Rultand, Vermont, e Tóquio: Charles E. Tuttle

Co., Inc., 1974) 

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havaianos reverenciava esse espírito interior apenas como uma espécie de ancestralguardião, porque as pessoas haviam misturado a fonte física de sua existência com aespiritual. Falarei mais desse akua e dos dois seguintes no capítulo sobre o método de curamente/corpo dos kahunas. 

Ku 

Ku era externamente associado à fertilidade, chuva, feitiçaria e guerra. Como termocomum, seus significados têm a ver com simbologia generativa; uma base ou estruturapara algo; uma coisa que pode ser mudada ou transformada; e algo que pode tercomplexos emocionais. Psicologicamente,  Ku  representa o que pode ser chamado de"corpo/mente"; a consciência organizadora do corpo, o recebedor de informações sobre omundo físico (visíveis e invisíveis), e o executor da ação. É tentador chamá-lo de"subconsciente", como já fiz, mas, se não compreendida a associação integral com o corpo,o termo pode ser mal entendido. Em quase toda loja para turistas no Havaí, você pôde

comprar uma estatueta de gesso de Ku,  que é um lindo exemplo da "escrita" kahuna desímbolos. A estatueta desse akua mostra um ser praticamente sem cocar (sua província é aimaginação da memória), com serpentinas descendo até o chão (envolvimento primáriocom o mundo físico), e os olhos fechados (percepção limitada). 

Lono 

Lono  era o deus da agricultura, medicina e meteorologia na religião exterior. Napsicologia kahuna, ele representa o intelecto, a porção da mente que percebe, interpreta edirige. Uma decodificação da raiz do nome revela os significados de receber informação eagir de acordo com a informação recebida; cérebro, principalmente o cérebro anterior, e

inteligência; buscar metas; criar desejos; e pensamento imaginativo. A estatueta de Lono éum ser com um cocar alto (imaginação criativa), serpentinas curtas que não chegam aochão (contato indireto com o físico), e sem olhos (dependente de outra fonte para terinformações sobre o mundo). 

Kanaloa 

Nas lendas havaianas mais antigas,  Kanaloa é   sempre mencionado como ocompanheiro de Kane, e os dois viajavam pelas ilhas em busca de fontes de água.  Kanaloa era conhecido como um deus de cura e dos oceanos, e costumava ser representado por um

polvo ou uma lula, bem como por uma figura esculpida específica. O uso do polvo/lulacomo símbolo tem a ver com a significância sagrada do número 8 e o fato de que a palavrapara as duas criaturas, he'e, significa "fluir" (como no fluxo da força vital) e "livrar" (comolivrar-se de uma doença). Após a chegada do Cristianismo às ilhas,  Kane, Ku e Lono foramcomparados à Trindade, enquanto Kanaloa assumiu o papel de satanás. 

A palavra  kanaloa  significa "seguro, firme, inconquistável", e é usada como umareferência poética para comida, um símbolo para poder. Na tradição kahuna interior, Kanaloa representa o Homem Ideal — plenamente ciente, plenamente físico e ao mesmotempo totalmente espiritual, amando e sendo amado e vivendo em contato com sua fonte.A figura esculpida mostra um ser com um cocar alto (o poder do pensamento criativo),serpentinas chegando ao chão (envolvimento direto com o físico), e os olhos bem abertos(percepção completa do mundo físico e do espiritual). 

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Homem Trino 

Na filosofia e psicologia kahuna, o homem é um ser espiritual com três aspectosrepresentados por  Kane, Ku  e  Lono.  No estado ideal, os três funcionam como um,representado por Kanaloa, e nesse estado o homem também é capaz de expressar seu

pleno potencial. Por motivos que serão mencionados em capítulos posteriores, podeocorrer a desunião, causando uma quebra de comunicação entre os três aspectos e umadiminuição da efetividade do homem na vida. Para reconquistar essa efetividade, oskahunas devem primeiro ensinar como reunificar Lono  e Ku,  o intelecto e o corpo, ou oconsciente e subconsciente. Dependendo do sucesso dessa reunificação, a união com o  Kane  também ocorre. Evidentemente, não falamos aqui de uma reunificação física, poisnão existe uma real separação, e sim da reunificação através da percepção aumentada.Simbolicamente, quando as figuras esculpidas de Lono e Ku são combinadas, o resultado é Kanaloa, o companheiro de Deus. 

A Divindade 

Quando Kane se refere a Deus, trata-se de uma referência ao eu-deus muito pessoaldo indivíduo. Os kahunas também reconhecem uma Divindade ou um Deus supremo,infinito, e o termo que usam para isso é Kumulipo, a mesma palavra usada para a Cançãoda Criação e que pode ser traduzida como "fonte de vida". Kumulipo é consideradoimanente na natureza, e a unicidade inerente de todas as coisas é aceita como umaverdade básica. Como seres concentrados na realidade física, porém, os kahunas sentemque este mundo é o objeto mais prático para estudo e desenvolvimento. A visão que elestêm deste mundo é muito mais ampla do que a visão tradicional na cultura ocidental, e suapercepção do mundo envolve pontos de vista de vários estados de consciência; por isso,eles sentem que há muito campo para trabalho no "aqui-e-agora" sem especulações inúteissobre a natureza da Divindade. Huna é uma filosofia pragmática, e não existem teólogos

entre os kahunas. Kumulipo é tudo o que existe, infinito, inerentemente amando tudo. Nãohá muito mais o que dizer sobre isso. 

Espíritos 

O deus pessoal, ou o eu-deus (Kane ou aumakua), não é limitado à humanidade, nafilosofia kahuna. Como Deus está em tudo (ou tudo está em Deus —  os kahunasconcordam com as duas premissas), tudo tem uma forma própria de percepção. Numsentido profundo, tudo é vivo, ciente e responsivo. E tudo, até mesmo aquilo que oscientistas ocidentais consideram matéria "morta", tem um Eu Superior com o qual se pode

comunicar conscientemente. A comunicação inconsciente, ou a telepatia subconsciente,está sempre ocorrendo entre nós e nosso ambiente, porque é a forma primária na qual omundo interage consigo mesmo. Um exemplo seria a maneira como as plantas reagem àdor ou ao prazer de outros seres vivos nas proximidades. Como humanos, porém, temos opotencial para a comunicação telepática consciente, deliberada, com qualquer coisa, e,portanto, o potencial para influenciar propositalmente o ambiente através de meios nãofísicos. Daí surge a ideia de que existem identidades-deus (aumakuas  ou simplesmente akuas) para grupos de coisas, assim como para os indivíduos, e de que a essência grupai émais do que a soma de suas partes. Assim, uma árvore tem seu próprio aumakua,  e afloresta — da qual ela faz parte — também, o mesmo acontecendo no resto do mundo, — ealém dele. Antigamente, um kahuna pedia permissão ao espírito de uma árvore antes decortá-la, ao espírito de um vale antes de atravessá-lo. Ele fazia isso por respeito pela fonte

que vivia em tudo, para garantir cooperação. Hoje, um kahuna pode falar com seu carro ousua casa da mesma maneira, e usar o mesmo conceito em seu trabalho de cura. 

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Como já expliquei em outros textos, a palavra inglesa spirit (espírito), aborda grandevariedade de fenômenos que os kahunas reconhecem como muito diferentes. Para sermosbreves, dentro dessa vasta categoria, os kahunas reconhecem formas-pensamento,manifestações de campos de energia, complexos aparecendo como personalidadesseparadas, efeitos de extrema sensibilidade telepática ou clarividente, o equivalente dosanjos, bem como "ideias em ação". Apesar dos contos e lendas populares, a filosofiakahuna não inclui a ideia de verdadeiros diabos, demônios ou espíritos dos mortosvagando. Estes são vistos como formas-pensamento criadas consciente ouinconscientemente, ou manifestações de complexos negativos. Entretanto, um kahunapode agir como se essas coisas existissem caso esteja tratando de alguém que acreditanelas. 

Crenças e Realidade 

Para os kahunas, a crença é a base para a experiência de qualquer realidade. A ideia éque nossa experiência é condicionada pelo que acreditamos, e só podemos experimentar

aquilo que acreditamos ser possível em algum nível de consciência. Quanto maisacreditarmos numa coisa, mais profundamente ela afeta nossa experiência. Obviamente,uma das principais tarefas do curandeiro kahuna é ajudar as pessoas a mudar suas crençasdoentias em crenças saudáveis. 

As crenças acalentadas pelas pessoas podem ser divididas em três tipos, todosmantidos ao mesmo tempo. O primeiro tipo é a pressuposição  (paulele), um estado decrença no qual não há dúvida nenhuma e a experiência consiste no que se acredita. Osegundo é a atitude (kuana), ou as crenças que abrem margem para dúvidas, mas, porserem tão habituais, continuam a influenciar a experiência. O terceiro tipo é a opinião(mana 'o), uma crença facilmente mudada à luz de um novo conhecimento. Em contraste, onovo conhecimento que contradiz pressuposições e atitudes, sozinho, raramente produzmudança. Entrarei em pormenores sobre essas crenças e seus efeitos na saúde no capítulosobre mente/corpo. 

Você cria a sua realidade por meio de suas crenças, dizem os kahunas, e as espéciesde realidades criadas também podem ser classificadas em três categorias. Os psicólogosocidentais estão familiarizados com as assim chamadas realidades subjetivas e objetivas. Aessas, os kahunas acrescentam uma terceira, que eu chamo de projetiva. 

A realidade subjetiva é pono'i, uma palavra referente ao sentido que uma pessoa temdo que é certo, apropriado, bom, moral, correto, bem- sucedido, útil, etc. É a realidade dojulgamento, e aquela que tem o maior efeito, na saúde e felicidade. Por exemplo, em minharealidade pessoal, fazer caminhadas carregando minha mochila é uma atividade positiva ebenéfica, mas na realidade pessoal de minha mulher é negativa e dolorosa. Não se trata deuma simples diferença de opinião; é uma diferença em experiência subjetiva. 

Em seguida, vem a experiência objetiva, ou, como prefiro chamá-la, realidadecompartilhada. A palavra para isso é oia'i'o, que tem significados de substância e fatos, e serefere ao modo como as coisas parecem ser, independentemente de atitudes e opiniões. Éa realidade da aparência e interpretação, da tecnologia e da lida prática com o mundomaterial. Os "fatos" de seu ambiente imediato lhe permitem comer, respirar, trabalhar,brincar e interagir com os outros, e essa é a realidade do oia'i'o.  Essa realidade é maisfacilmente mudada por meio de uma nova interpretação dos fatos, como frequentementefazem os inventores. 

O terceiro tipo de realidade é  maoli,  que significa "devido à vibração". Essa é arealidade que começa como subjetiva e se torna objetivada por meio de contínua projeçãomental. E uma realidade que você cria ou partilha da criação propositalmente, levando oseu desejo do nível de uma ideia ou imagem ao nível da experiência física. Não é uma coisaestranha que só os adeptos podem fazer após muitos anos depois de prática disciplinada.

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Você faz isso sempre que planeja e executa um projeto. Praticamente o mesmo processopode ser usado para efetuar uma cura. Os kahunas não veem a realidade como algoseparado ou fora de nós mesmos, mas tratam-na como parte essencial de um estadopsicológico. O potencial que temos é enfatizado pelo fato de que maoli  também pode sertraduzido como "um estado de alegria". 

Vida e Morte 

A palavra havaiana para vida é ola,  e a mesma palavra é usada para "um meio desustento ou renda, curar ou ser curado, bem-estar, bem, salvação, conceder vida", e outrossignificados semelhantes. As raízes dão um significado básico de emitir ou encher-se deluz, e os kahunas usam a luz como um símbolo de energia e também de perfeição. Umaideia fundamental por trás disso é que uma vida saudável, produtiva e satisfatória estáintimamente ligada a um contínuo aumento de percepção. Duas outras palavras quesignificam luz, ea  e ha,  também têm o sentido de "respiração", o que exemplifica que oduplo sentido era, aparentemente, comum em muitas filosofias antigas. Além disso, essas

duas palavras carregam significados associados ao movimento da água; e a própria água  (wai)  também é usada como um símbolo da vida. Portanto, a vida é percebida peloskahunas como algo que flui e se move em ciclos, como a respiração e a água. De fato, umafrase recorrente em lendas e orações do Havaí, wai ola, pode significar igualmente "a águada vida" e "o fluxo da vida". 

Do ponto de vista ocidental, parece natural olhar a morte como o oposto da vida, eesperar que a palavra kahuna para ela se refira a uma parada do fluxo. Em vez disso,porém, a filosofia kahuna trata a morte como continuação da vida numa direção ou estadodiferente. Isso fica evidente nos significados alternativos para os temas comuns e poéticospara a morte, em havaiano, como vemos a seguir: 

make loa— "forte desejo por algo "  hiamoe loa— "desejo de um longo sono "  ua makukoa'a'e'oia— "vida que se mantém fluindo "  ala ho'i ole mai— "o caminho sem volta"  waiho na iwi— "deixar para trás os ossos"  moe kau a ho'oilo— "tempo de sono para germinar (renascimento)"

a lele nui ka mauli— "o espírito (ou vida) fluiu "

lele ka hoaka— "o espírito (ou corpo astral) fluiu "

ha'ule— "começar a fazer algo "  Um problema importante para muitos filósofos não é apenas por que a morte ocorre,

mas por que naquele momento e daquela forma. Superficialmente, parece uma coisailógica, sem padrão ou motivo, mas isso acontece porque a cultura ocidental tende a ver a

morte como o fim, algo imposto a nós contra a nossa vontade, e pela qual não temosresponsabilidade exceto em caso de suicídio. A visão kahuna é muito diferente. A morte évista como parte da vida, tão natural quanto a mudança das estações ou a metamorfose deuma lagarta em borboleta. Ela ocorre porque faz parte do contínuo processo de vida. Oquando e o como são questões de crença pessoal e cultural. Por exemplo, se vocêdesenvolver a crença de que a velhice é uma coisa horrível, que preferiria morrer a ficarvelho, provavelmente morrerá, ainda que tenha de criar subconscientemente uma doençaou um acidente como modo de partir. E, se você tem uma crença profundamente arraigadade que, pode envelhecer com dignidade, de maneira agradável e com boa saúde,provavelmente será um centenário ativo e a sua passagem será tranquila e pacífica quandovocê sentir que sua vida já se cumpriu. E até o último momento da vida física, umamudança de crença pode mudar suas circunstâncias. Como frequentemente digo a meus

alunos, você tem um propósito e o seu Eu Superior providenciará para que esse propósito

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seja cumprido, seja em poucas horas ou cem anos, quer você esperneie e berre o tempotodo, quer se divirta e se delicie. 

Os kahunas não se importam muito com a vida após a morte porque estão maisinteressados na experiência da vida presente. De modo geral, a vida após a morte éconsiderada um lugar para se reavaliar a vida, renovar-se e rever velhos conhecidos, e ter

nova experiência e crescimento. O nome para esse estado é  Po, e os kahunas dizem que ovisitamos todas as noites em sonhos, quando estamos livres do corpo, e também em certosestados de transe. Nós nascemos de Po, visitamos Po regularmente, e a ele retomaremos,talvez para dele nascer novamente. Quando dizemos nós, a referência é ao intelecto e aocorpo (porção Lono/Ku do eu inteiro), pois o Eu Superior (dumakua) existe continuamenteem Po. A língua inglesa às vezes é uma ferramenta imprecisa para a discussão de certosaspectos de Huna. E fácil ter-se a impressão de que Po é um lugar, mas isso não é correto.  Po  é mais como um estado multidimensional existindo simultaneamente e ocupando omesmo espaço que a vida física. Uma analogia grosseira seria como vários programas detelevisão sendo transmitidos à sua volta agora, mas numa forma que você normalmentenão percebe. A vida desperta, em vigília, de acordo com Huna, é como se sintonizar a umcanal específico da realidade para obter certos tipos de experiência. A comunicação entre  

Po  e  Ao  (vida desperta) é possível porque a pessoa inteira existe nos dois mundos aomesmo tempo, e é só uma questão de mudança de percepção. Em alguns contextos,  Po também significa "Mente". 

A reencarnação faz parte da filosofia kahuna, mas o conceito é radicalmente diferenteda maioria dos outros sistemas de pensamento, porque o conceito kahuna de tempotambém é radicalmente diferente. Sucintamente, o tempo é uma forma de vibraçãoenergética, como o som ou a luz, e que —  como eles —  possui campos de frequência.Todos os "tempos" estão acontecendo ao mesmo tempo, mas nossos sentidos físicosnormalmente restringem nossa percepção a um campo específico que chamamos depresente. Com nossas mentes, somos capazes de transcender limites físicos e terconsciência daquelas porções de nosso eu total que "agora" existem em outros tempos elugares. O resultado prático desse conceito é que os kahunas não veem a vida presentecomo o resultado ou efeito de condições numa vida "anterior". Em suma, eles não aceitama ideia de uma "dívida cármica", que a pessoa deve pagar ou compensar por experiências eações em uma vida passada. Em vez disso, segundo os kahunas, você contém todas asexperiências de reencarnação dentro de si, neste momento, na forma de dados mais oumenos latentes, e a sua vida atual consiste em dados latentes para suas outras vidas. Elas oafetam assim como você as afeta. O relacionamento é antes de reflexão paralela que decausa e efeito, e o seu atual sistema de crenças determina partes de suas outras vidas quevocê pode conhecer. Você pode mudar sua crença, explorando, compreendendo e afetandovidas "passadas", ou explorando, compreendendo e afetando esta vida. De acordo com oskahunas, tudo é a mesma coisa, e o importante é chegar aos resultados desejados. 

Bem e Mal 

Qualquer filosofia cujo objetivo é servir de diretriz para a conduta humana deve lidarcom o problema do bem e do mal, conforme ele aparece no mundo. O método kahuna éextremamente prático e simples. Para começar, não há um paralelo em Huna à noção deum ser maligno como satanás, que tenta e captura as almas dos homens, e que podeconvenientemente levar a culpa pelos desvios humanos dos padrões estabelecidos poroutros homens. Os kahunas consideram satanás e outros equivalentes personificações dasideias humanas sobre o mal. Eles ensinam que cada ser humano é responsável por suaspróprias ações e pelos resultados destas. Tampouco existe um conceito de pecado contraDeus, no sentido ocidental. As leis de Deus são leis naturais, tais como a gravidade,

impulso, magnetismo, etc. Por sua natureza, essas leis não podem ser "quebradas por pe-cado" sem efeitos imediatos. Experimente pecar contra a gravidade, pulando de um

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penhasco. "Viver em pecado, desafiando as leis de Deus" é, portanto, uma impossibilidadena visão kahuna. Por outro lado, isso não significa que os homens não possam cometeratos ruins. 

Há três palavras em havaiano normalmente traduzidas como pecado, e um exameapurado delas revela muita coisa sobre o pensamento kahuna nessa área. A primeira

palavra é hala, e seu significado essencial é "errar por omissão". É a perda do caminho, afalha em fazer algo que deve ser feito. Diferentemente do pecado no sentido ocidental, oconceito se refere ao erro, um julgamento equivocado que pode e deve ser corrigido para obem do indivíduo, e da sociedade. Abandonar o local de um acidente ou não pagarimpostos são omissões que se encaixariam nessa categoria. O segundo tipo de pecado é hewa, o erro do exagero, de fazer alguma coisa em excesso e, portanto, não para o bem doindivíduo e da sociedade. Esse erro também pode e deve ser retificado. Alcoolismo, dirigirsem cuidado e perturbar a paz são atividades hewa. Nem hala nem hewa são consideradosatos malignos — estúpidos e loucos, talvez, mas não malignos. A verdadeira palavra paramal é  'ino,  que significa prejudicar alguém intencionalmente. A palavra-chave é intencional, o desejo de prejudicar deliberadamente. Isso é mais do que um erro, pois setrata de um ato consciente. É um pecado contra si próprio ou outra pessoa, um pecado

contra a vida. E como a chave é o intento, só o indivíduo que comete o ato pode de fatojulgar o que fez, pois atos semelhantes podem ser cometidos por razões diferentes. Naguerra, por exemplo, as pessoas são mortas por outras. Mas há alguns que matam porprazer, outros por medo de ser mortos, e outros ainda para defender a quem amam. Ointento faz a diferença, e o indivíduo é o juiz de si mesmo, no sentido ético. 

Usando a palavra  sociedade  em referência a qualquer tipo de grupo, os kahunasreconhecem que uma sociedade pode estabelecer qualquer regra, lei ou padrão ético quedesejar e estipular formas de punição para a desobediência. Ao mesmo tempo, umindivíduo nessa sociedade tem o direito de obedecer às leis e receber os benefícios dasociedade, ou quebrá-las e sofrer as consequências. Uma sociedade pode até estabelecer oque considera leis morais, mas elas continuam sendo as leis dessa sociedade específica enão são necessariamente apropriadas para aplicação universal. Independentemente disso,um indivíduo que acredita ser pecado quebrar as leis de sua sociedade encontrará ummeio de punir a si próprio, mesmo que a sociedade não o faça, geralmente através de umadoença ou acidente. Mas, independentemente do que uma sociedade possa ou não fazercom uma pessoa que quebra as leis, o juiz final é o eu-deus da própria pessoa. O únicopecado universal é a violência contra a vida. Isso inclui dano intencional de qualquerespécie, e se aplica também a plantas, animais ou à própria Terra, bem como aos sereshumanos. 

Amor e Emoções 

Max Long formulou um "mandamento" Huna, o qual definiu como "Não prejudicar".Entre os kahunas, porém, esse princípio é afirmado mais positivamente como um chamadopara o amor. Não há mandamentos em Huna. Há, isto sim, lógica, no sentido de umaligação necessária entre os eventos. Se você comete violência, recebe violência. Se ama, éamado. Isso nada tem a ver com mandamentos; é a natureza da vida. Seguindo a visãokahuna segundo a qual a experiência segue o pensamento e tudo é parte de um todo, vocênão pode cometer violência sem antes se sentir violento a respeito de si mesmo; não podeodiar os outros sem antes se odiar; e não pode amar sem amar a si próprio. Como disseWK: "Se você não tem uma coisa, não pode dar". O amor é orientado para o crescimento edesenvolvimento, enquanto a violência é restritiva e repressiva. O chamado para o amor,portanto, é muito prático. Se você quiser crescer e se desenvolver e apreciar a vida,pratique o amor. E, em proporção ao grau de sua prática, começando consigo mesmo, você

crescerá, se desenvolverá e apreciará a vida. 

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Para praticar o amor, porém, você precisa entender o que ele é. Para muitas pessoasda cultura ocidental, parece ser uma espécie de doença ou uma forma de traumaemocional, a julgar pelas descrições. A palavra havaiana para amor é aloha, que a maioriados turistas em Honolulu sabe que também significa "olá" e "adeus". Mas aloha é usadapara esses cumprimentos justamente porque significa amor, pois a melhor maneira decumprimentar ou se despedir das pessoas é com amor. Agora, o que é o amor? A própriapalavra responde. De acordo com as raízes, significa "crescer e prosperar alegrementejuntos", "compartilhar a experiência da vida", e "ser feliz com (alguém)". O amor é ummodo de agir em relação às outras pessoas e de sentir algo por si mesmo e pelos outros.Esse modo de agir é sempre uma espécie de cura, incentivando o objeto amado aprosperar e brilhar. Pode-se dizer, portanto, que amar é curar, e curar é amar. Lógico quequalquer coisa pode ser chamada de amor, mas o verdadeiro teste é se essa coisa incentivao crescimento e a felicidade. 

As emoções são vistas pelos kahunas como uma excitação de energia por todo ocorpo, e todas as palavras havaianas relacionadas às emoções refletem essa ideia,geralmente com o uso de imagens aquáticas, como ondas, borrifos ou água fluindo de umaforma ou de outra. O nome específico dado a uma emoção em particular depende dos

pensamentos que a acompanham. Em termos de pura sensação, você não verá umadiferença entre raiva e entusiasmo, ou ansiedade e expectativa animada. A estimulação dofluxo emocional pode vir dos seus pensamentos ou de um evento externo, mas dequalquer forma são os pensamentos que perpetuam a emoção, e uma mudança depensamento pode mudar as emoções que você experimenta. 

Relatividade 

O conceito de relatividade é muito importante na filosofia kahuna, especialmente emrelação à cura. A ideia Huna é muito semelhante ao conceito yin/yang dos chineses: tudo é

relativo a alguma coisa. Nada pode ser descrito ou experimentado exceto em relação aalguma outra coisa, pois não existem absolutos no mundo de nossa percepção. Essa é umaextensão lógica de uma pressuposição kahuna básica de que Deus, a Divindade, é infinita, einfinito significa ilimitado. Daí, podemos ter a seguinte proposição: 

Deus é infinito; Portanto Deus é toda a verdade; Portanto a verdade é infinita; Portanto tudoxjue é, é verdadeiro. 

Como o homem não percebe a infinidade, nunca pode enxergar mais do que umaporção da verdade, e essa porção depende inteiramente de seu sistema de crenças. Amedida que mudam suas crenças, também muda sua verdade, e portanto, sua experiência.

A percepção da verdade, portanto, é relativa ao estado mental. Em qualquer momentoespecífico, você só consegue experimentar uma verdade relativa. Esse conceito se expressaefetivamente na linguagem de Huna porque a maioria das palavras "código" contémsignificados relativos. A palavra  sagrado (la 'a)  também significa "amaldiçoado edeflagrado", e mesmo a palavra aloha, tão fortemente associada a alcançar, fazer contato epartilhar, tem em sua raiz significados adicionais de evitar e reter. A ideia por trás dessastraduções paradoxais é que o significado depende das circunstâncias. O significado sópode ser compreendido em relação ao seu ambiente. Portanto, as palavras só fazem plenosentido no contexto. 

Num sentido mais amplo, qualquer porção do universo é o que parece ser em relaçãoa alguma outra parte com que possa ser comparada. Não existem absolutos; não há

significado sem relacionamentos; todas as coisas são não apenas interativas, masinterdependentes. Os kahunas usam essa idéia para ajudar uma pessoa a desenvolver umsenso de significância poderosamente seguro, enquanto, ao mesmo tempo, ensinam a essa

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pessoa que curar a si própria é o mesmo que curar o mundo, e curar o mundo é curar a siprópria. Não se trata de uma perda de individualidade, mas, de uma compreensão de que aprópria individualidade é um relacionamento com o ambiente. 

As ideias filosóficas gerais brevemente apresentadas acima formam a base para aspráticas kahuna descritas nos capítulos seguintes. 

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CAPÍTULO 3

Práticas Psíquicas 

Em lendas, narrativas históricas e anedotas de viajantes, há muitos contos sobre aspráticas psíquicas dos kahunas do Havaí, práticas essas ainda observadas hoje em dia eque são uma parte essencial dos métodos de cura kahuna. Embora ainda exista muitacontrovérsia, não nos cabe aqui tentar provar a existência de habilidades psíquicas. Nestecapítulo, eu me concentrarei na explicação dos kahunas e no uso que fazem de taishabilidades. 

Níveis de Consciência 

Como descrevi no capítulo anterior, os kahunas reconhecem vários modos deperceber a realidade, e também usam vários níveis de percepção ao realizar suas práticas,

cada qual com seu conjunto de regras ou estrutura de crenças. Com isso, eles seguem oconceito psicológico de que vivemos num universo multidimensional, e que podemosalcançar diferentes efeitos e experiências, mudando nosso foco de uma dimensão, ou nível,para outra. Esses níveis supostamente coexistem, de modo que a mudança de um paraoutro envolve apenas um desvio de atenção. É algo que pode ser comparado a viver numapartamento com um único cômodo, que pode ser usado para dormir, jantar, ler ou fazeralgum trabalho criativo. Enquanto fazemos uma coisa ou outra, o cômodo não muda, masapenas o seu uso e o conceito que temos dele. WK gosta de dividir esses níveis em quatrotipos diferentes. Entretanto, os kahunas consideram todas as categorizações ou divisõesde qualquer espécie potencialmente úteis, porém arbitrárias. O isolamento é apenas umailusão conveniente. Assim, os kahunas se sentem à vontade para desenvolver qualquertipo de estrutura explanatória que sirva aos seus propósitos. Com isso em mente, vejamosos quatro níveis de WK: 

Primeiro Nível: Físico (Ike Papakahi) 

Este é o nível do que poderia ser definido como a experiência física bruta. Refere-seao reino cotidiano comum que conhecemos e no qual trabalhamos com a visão, audição,tato, paladar, olfato e sentimento. Embora não seja irreal, este é um nível de percepçãoapenas parcial. É um nível pragmático onde se constroem casas, consomem-se alimentos eas pessoas se relacionam com certa independência. Sua característica dominante é o sensoda experiência objetiva, de um isolamento entre as pessoas, objetos e eventos. 

Segundo Nível: Psíquico (Ike Papalua) 

Esse é o nível da maior parte da experiência psíquica. Nesse estado, a experiênciaobjetiva não é definida de maneira tão acentuada, pois nele você pode comunicar-se com oseu ambiente e influenciá-lo de modos que não seriam possíveis em ação estrita do

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primeiro nível. A subjetividade se torna mais importante, mas ela é usada como meio deatuar no mundo exterior. Daqui, você pode usar técnicas mentais para criar eventosobjetivos. 

Terceiro Nível: Relacionai (Ike Papakolu) 

Este é o estado da inter-relação ou da relatividade. Tempo, espaço, matéria,energia, humanos, plantas e animais se tornam conceitos relativos que interagemconstantemente e que não têm significado, exceto em relação uns aos outros. Enquanto osdois primeiros estados são orientados primariamente pela ação, este e o seguinte são maisorientados pela informação. Por exemplo: um adepto kahuna pode usar este estado paraaprender a verdadeira natureza da doença de uma pessoa, mudar para o segundo estado afim de realizar uma cura psíquica, e voltar depois ao primeiro para dar uma massagem ouum remédio de ervas, ou ainda para fazer um ritual que impressione o paciente. 

Quarto Nível: Místico (Ike Papakauna) 

Este é um estado de percepção mística da unicidade do universo. Alguns escritores ochamam de consciência cósmica,  e, embora a vivência desse nível possa alterar o modocomo uma pessoa vê a vida e resolve agir a partir de então, é um estado puramente subje-

tivo e não pode ser usado de nenhuma maneira "prática". Como exemplo, se um kahuna,sem nenhum meio de proteção física, deparasse com um leão devorador de homens,poderia usar o segundo nível para influenciar o animal telepaticamente e mandá-loembora, e poderia mudar para o terceiro nível e determinar por que se deixou cair numasituação assim, aprendendo a mudar" seu modo de pensar e não repetir o ato. Se elemudasse para o quarto nível, compreenderia que ele e o leão estão unidos no grandeesquema das coisas e o que quer que acontecesse estaria certo aos olhos do universo.Entretanto, se ele contasse somente com este estado, provavelmente seria devorado. 

Mente, Energia e Matéria 

Em sua busca pelo conhecimento dos kahunas, Max Long disse que foi orientado aprocurar três fatores: uma forma de consciência (no'ono'o), uma forma de força (mana), euma forma de substância (aka). Como as três são essenciais às práticas psíquicas kahunas,será necessário uma breve explicação de cada uma. 

Nesse contexto, a consciência (no'ono'o) é vista na forma de imaginação e tem doisaspectos. Um é o de "olhos do subconsciente" (makaku), a imaginação baseada em crençasatuais. Pode mani- festar-se como imagens da memória, sonhos, devaneios habituais ouespontâneos, e até preocupações visualizadas ou expectativas. Esse aspecto é usado nacoleta de informações psíquicas (a imaginação não é só fantasia), e geralmente é chamadode "sintonização" por sensitivos e paranormais. O segundo aspecto  (laulele) tem na raiz ossignificados de padrão embrionário e de  espalhar   ou  voar   para fora. Trata-se de

imaginação conscientemente desejada e dirigida, do tipo que um arquiteto usa antes decolocar suas ideias no papel. Com laulele, o kahuna estabelece um padrão mental para oque ele deseja alcançar, que se encaixe com a ideia filosófica da realidade projetiva. Essaideia está contida na raiz  'ono  de no'ono'o,  que significa "ansiar por algo, desejar obteralguma coisa". A ideia pretendida aqui é de uma vontade emocionalmente fortalecida efortemente dirigida. Dos vários termos havaianos equivalentes à palavra inglesa  desire(desejo), só  'ono  traz a ideia de  intenção de conseguir algo. No'ono'o  é, portanto, aimaginação criativa com propósito. 

Para o kahuna, a verdadeira chave do trabalho psíquico é a força psíquica ou o poderdivino  (mana).  Isso se refere ao poder de qualquer espécie, mas principalmente aconfiança e a energia. Como energia, é a força vital que permeia o universo, altamente

concentrada nas coisas vivas. Pode ser acumulada, focalizada e transferida de uma pessoaou um objeto para outro. Mana  parece ter muitas das características da eletricidade, do

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magnetismo e da gravidade, e os kahunas interpretam essas três coisas como variações de  mana. 

A efetividade de todas as práticas psíquicas é determinada por sua abundância ouescassez. Portanto, muita atenção deve ser dada ao modo como se aprende a aumentarconscientemente o suprimento disponível. Um modo de fazer isso é usar a imaginação

consciente ou a visualização, imaginando que o mana está aumentando — como, de fato,aumenta. Quando as práticas dessa natureza são feitas, você chega a experimentarsensações físicas no corpo, tais como correntes, formigamento ou calor, todos os sinais dofluxo do  mana  aumentado. Outro modo é praticar várias formas de respiraçãoespecializada e exercícios, semelhantes aos usados pelos iogues. Isso se baseia na ideia deque mana também se encontra no ar e pode ser atraído de maneira mais abundante pelarespiração controlada conscientemente. Certos alimentos que contêm fortesconcentrações de mana podem ser comidos, e alguns objetos como grandes quantidadesde mana  podem ser manuseados de várias maneiras. O som na forma de canções,entoações e música também pode ser usado. Sem dúvida, a prática mais comum, porém, éo desenrolar consciente da emoção. Para os kahunas, a emoção é mais do que o merosentimento; é o movimento de  mana  no corpo acompanhado por um pensamento

específico. A emoção forte é comparada à presença de uma grande concentração de  mana. O kahuna proficiente deve ser um mestre das emoções, capaz de gerá-las, dirigi-las edissipá-las à vontade. Praticamente todas as palavras descritivas usadas em Huna parapráticas psíquicas contêm raízes que indicam nitidamente o uso da emoção ao realizá-las.Observe, no entanto, o seguinte: quanto mais mana-como-confiança você tiver, menosmana-como-energia precisará; e quanto menos mana-como-confiança tiver, mais mana-como-energia precisará. 

 Aka é   a "matéria" básica do universo físico, da qual toda manifestação material éformada. A palavra tem o significado de "luminoso, transparente, sombra, reflexo, espelho,essência". Aka  funciona como um espelho que reflete padrões de pensamento no níveltanto psíquico quanto físico. Comparado ao reino do pensamento puro, é uma merasombra. Os kahunas acreditam que essa "matéria" pode ser formada e moldada por meiodo pensamento consciente e inconsciente, e age como um contêiner de mana. Quanto mais mana ela contém, mais densa parece. Algumas formas de  aka  são conhecidas pelossensitivos como matéria etérea ou astral, e, sob certas condições no estado psíquico depercepção, ela aparece como algo luminosamente transparente. As característicasrefletoras dessa matéria possibilitam a um curandeiro kahuna mudar as condições, mu-dando o pensamento. 

Simbologia 

Ao ensinar e praticar suas artes psíquicas, os kahunas fazem grande uso de

ferramentas e símbolos metafóricos. Diferentemente de alguns ocultistas ocidentais, quepodem atribuir propriedades mágicas inerentes às ferramentas físicas de seu ofício, oskahunas sabem muito bem que o propósito primário de tais ferramentas é estimular aprodução de mana pelo subconsciente, e direcionar seu fluxo em determinado sentido pelamente consciente. É evidente que qualquer objeto específico pode ser infundido com umsuprimento extra de mana, o que pode torná-lo um estimulante mais eficaz; mas as ferra-mentas usadas pelos kahunas são mais honradas pelo duplo sentido de seus nomes do quepor qualquer eficácia natural que possam ter. 

Por exemplo, uma ferramenta tradicional usada em muitos antigos rituais kahuna erauma bebida narcótica feita de raiz de awa (kava). A lógica por trás disso era que a palavra  awa significa uma "experiência desagradável ou trágica e também um canal ou passagematravés de um recife até um porto tranqüilo". Ao oferecer o awa  aos deuses, o kahunaestava na verdade realizando um ritual para convencer o subconsciente de que asexperiências amargas estavam sendo substituídas pela paz interior. Outra ferramenta

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ainda usada no Havaí para várias práticas, geralmente de proteção, é a folha de  ki  (ti),porque outros significados de ki são "força, ataque, amarrar e tirar". 

Animais, plantas, flores, peixes, pássaros, pedras e outros objetos eram todosutilizados de acordo com os vários significados em seus nomes, independentemente deseu uso como fonte extra de mana  ou por quaisquer características químicas ou

nutricionais. Os kahunas sabem que o poder real de uma palavra está em sua significânciapsicológica. O som, sozinho, pode estimular um fluxo de mana,  mas o som formado emuma palavra com impacto psicológico tem um efeito muito maior. 

Tanto para ensinar quanto para aprender, geralmente é útil aplicar metáforas. Aoaprender a teoria da eletricidade, por exemplo, um estudante pode ouvir que aeletricidade é como água passando por um cano, o fluxo é parecido com uma corrente, apressão é como uma voltagem, e a fricção contra o cano é parecida com a resistência. Oskahunas também usam metáforas de uma maneira semelhante para explicar os diferentesaspectos dos conceitos que ensinam. Veja a seguir algumas das metáforas usadas porkahunas havaianos para descrever os efeitos e as ações dos três fatores principais — pensamento imaginativo, energia ou poder, e matéria: 

PensamentosPacotes, agrupamentos, sementes, redes, teias, quaisquerinstrumentos contundentes, clubes, brotos e filhotes deanimais, peixes e flores.

PoderÁgua, chuva, nevoeiro e neblina, ondas e vagas, fogo, comida,ramos ou galhos, e cores (especialmente a vermelha).

Matéria(etérea)

Uma ponte, arco, um arco-íris, uma caverna ou gruta, corda, fio

ou cordão, sombras, um embrião, articulações do corpo,ganchos e nuvens.

Com esse simbolismo, os kahunas são capazes de ensinar seus conceitos.de umamaneira que os estudantes possam facilmente fazer associações ao mundo natural. 

Categorias de Poderes Psíquicos 

A classificação das práticas psíquicas dos kahunas apresenta um certo problemaporque as categorias ocidentais são baseadas em pressuposições muito diferentes. Para oskahunas, todas as práticas kahunas são apenas variações de um processo básico que

utiliza o pensamento, a energia e a matéria etérea, ou para comunicar ou mudar condições,ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Além disso, eles acreditam que tais práticasenvolvem extensões de nossos sentidos existentes, não "extras". Entretanto, para opropósito de nossa discussão, dividirei as práticas psíquicas kahunas nas áreas detelepatia, clarividência, pré-cognição e psicocinesia. O leitor deve compreender, porém,que essas são características de função, não de natureza, e na prática real elas sesobrepõem. A. interpretação kahuna delas difere da ocidental, em muitos aspectos. 

Telepatia (Una) 

Nesse uso kahuna mais estrito, una (telepatia) é a transmissão de pensamentos ouideias por uma ação da mente e da energia psíquica. Refere-se somente a enviar, nãoreceber, e apenas à telepatia intencional. Os kahunas acreditam que a comunicação mentalé uma função natural de todos os seres humanos, e que está em constante operação,apesar da limitada percepção das pessoas. Essa forma de comunicação inconsciente é

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parcialmente, é outras totalmente incorretas, ainda que todas sejam feitas pela mesmapessoa. 

Adivinhação, ou pré-cognição, é uma prática kahuna muito comum, e todos oskahunas adeptos a usam, pelo menos até certo ponto. Por ser incluída no treinamentokahuna, não nos surpreende que as raízes da língua contenham informações definitivas

sobre a natureza do tempo e da pré-cognição. A principal palavra para adivinhação, wanana, significa "observar os padrões do tempo". 

Nossos sentidos normais e psíquicos nos dizem que o passado é constituído deeventos já ocorridos, e o futuro, de eventos ainda não ocorridos. Parece lógico deduzir,portanto, que o presente consiste em eventos que estão ocorrendo e sendo percebidos. Aideia do tempo presente, porém, apresenta um problema para aqueles que seacostumaram a pensar em passado e futuro como conceitos objetivos. Algumas filosofiasorientais afirmam que o presente é uma ilusão porque o tempo é um fluxo contínuo dopassado até o futuro. Num certo sentido, alguns cientistas ocidentais concordam, dizendoque, como o presente não pode ser medido objetivamente, ele é apenas uma interfaceentre o passado e o futuro. Em contraste, a visão kahuna do presente é que ele envolve agama de eventos em que estamos no processo de perceber e com os quais podemosinteragir. Uma expressão usada para designar o presente é   i keia manawa, significando"neste fluxo de mana", ou "nesta autoridade de espaço/tempo". Essa idéia nos dá umavisão mais ampla do presente, a qual se encaixa mais com nossas percepções. 

A palavra mais significativa para o passado é wa'ae'oia, que significa "o período deconcordância duradoura". Ela reflete a ideia de que o passado é aquilo que lembramosdele e o que concordamos que ele é, bem como as lembranças existentes no presente.Podemos compreender melhor a ideia kahuna sobre adivinhação na frase usada para  futuro: ka wa mahope.  Literalmente, significa "o tempo que vem depois", mas  mahope também significa "resultado, consequência", indicando o ensinamento kahuna de que ofuturo é um resultado do que acontece no presente. Outra palavra para o presente, 'ano, contém essa ideia também. Seus outros significados são "semente, prole". Os kahunas

ensinam que o presente é o fruto do passado, e a semente do futuro. Portanto, aoexaminarmos com atenção o presente, podemos prever o futuro. Não há necessidade dedesviar ou transcender o tempo, pois essa seria uma possibilidade duvidosa, de qualquerforma. O futuro cresce a partir do que está acontecendo agora. 

Entretanto, isso não implica nenhuma espécie de determinação, porque o momentoatual é dinâmico, fluídico, não estático. Toda mudança de pensamento ou ação introduznovas variáveis que podem mudar o curso do futuro, e uma dessas variáveis é o próprioadivinho. Os kahunas sabem que o mero fato de expressar uma previsão já afeta o futuro.Quase todas as palavras Huna relativas a profecias contêm alusões a isso. E os kahunastambém sabem que quanto mais informações tivermos sobre o presente, mais corretasserão nossas previsões. Portanto, eles não limitam suas informações ao que existe

fisicamente, mas abrem as mentes, de maneira telepática e clarividente, para coletarinformações de tantas fontes quanto forem possíveis. 

Assim, a adivinhação consiste em expandirmos nossa percepção para incluir aspectosinvisíveis do momento atual, bem como conhecimento comum, e depois tirarmosconclusões quanto ao mais provável resultado em qualquer tempo futuro. Essa coletapsíquica de informação costuma ser um processo subconsciente, ou seja, a massa deinformações não precisa ser acessível à mente consciente. Tendo recebido a ordem decoletar informações, o subconsciente do adivinho faz uma espécie de "estimativaprovável" do futuro e a apresenta ao consciente em forma de palavras ou imagens. Os  kahunas dizem que esse é o processo empregado por todos os adivinhadores paranormais,quer eles saibam disso quer não. A forma mais correta de previsão é a referente ao futuropróximo ou àqueles eventos cujas "sementes" passadas já germinaram abundantemente,

pois nesses casos há menos oportunidade para a introdução de novas variáveis. Averdadeira capacidade do adivinho kahuna está em sua habilidade para receber e

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a crença ocidental de que nada mais se envolve no processo. Em outras ocasiões, opraticante pode usar uma técnica através da qual um objeto é "energizado" com umpensamento emocionalmente carregado, correspondente aos medos e culpas da vítima, ecolocado perto dela, de preferência em suas mãos. Esse tipo de objeto, quando usado comesse propósito, é chamado de "isca" (maunu). Também pode afetar algumas pessoas que seencontrem próximas à vítima e que sofram de algum grau dos mesmos medos e culpas. 

O feiticeiro ana-ana pode usar truques, sugestão, rumores, veneno ou qualquer outracoisa, para fazer a vítima sucumbir. Mas a parte psíquica do processo é quase idênticaàquela usada pelos kahunas curandeiros para a cura a distância. As principais diferençassão o intento, a natureza dos pensamentos e emoções usados, e o fato de que as forças dorecebedor são enfatizadas, em vez de seus medos e culpas. 

Felizmente para a humanidade, há três fatores naturais que diminuem os perigos dafeitiçaria destrutiva. O primeiro é o instinto de sobrevivência que ajuda a proteger todos,até certo ponto, dos efeitos das emoções e dos pensamentos negativos. Se isso não fosseverdade, a terra já teria sido despovoada há muito tempo. O segundo é o fato de que afeitiçaria ana-ana exige grande dose de habilidade e treinamento, e são pouquíssimas aspessoas que se submeteriam a isso, pois trata-se de algo que envolve um processodesumano extremamente repugnante. O terceiro é o fato de que os feiticeiros destrutivosem qualquer cultura têm uma vida curta porque as poderosas emoções negativas que elesgeram acabam destruindo suas próprias mentes e corpos. Apesar das histórias e lendaspopulares, não existem bruxos malignos velhos. Eles apenas parecem velhos. Um quartofator importante é que aqueles que praticam as várias formas de ana-ana e até outras maisamenas, como a "magia do amor" (hana aloha), nunca passaram impunes. 

Alguns kahunas curandeiros se especializam em determinados modos de proteger osfracos contra influência prejudicial. A seguir discutirei alguns métodos por eles usados. 

Contrafeitiçaria 

Há três categorias gerais de técnicas usadas na contrafeitiçaria kahuna. A maiscomum, por causa de sua eficácia generalizada, é  pale. As raízes da palavra se referem auma barreira contra ondas, indicando proteção contra ondas de emoção usadas em  ana-ana ou até emoções transmitidas inconscientemente. Em sua forma mais simples, pale é a visualização de um escudo envolvente de luz branca (la 'a kea), acompanhada porfortes emoções positivas e sugestões de força e proteção.  Pale  tem melhor efeito se oindivíduo aprende a usar a técnica sozinho e quando acredita em sua eficácia. Entretanto,desde que não haja uma descrença ativa, a crença completa não é necessária. Se vocêpraticar isso, nunca precisará preocupar-se com as emoções e pensamentos negativos dosoutros, sejam eles deliberados ou inconscientes. 

Outra categoria de métodos de contrafeitiçaria, usada principalmente pelosEmocionais da Ordem de Ku, envolve uma espécie de filosofia "olho por olho". Todas essastécnicas (kuni, ho'i-ho'i e 'a 'e) têm a ver com infligir destruição ao feiticeiro pelo mesmomeio usado na vítima. Numa história contada a Max Long, o ex-curador do Museu Bishopno Havaí usou uma técnica de retorno para proteger seu jovem porteiro e matar ofeiticeiro atacante. 

A terceira técnica usada em contrafeitiçaria, principalmente pelas Ordens de Lone eKane (Intelectuais e Intuitivos) é  kala,  que entre outras coisas significa "libertar umapessoa de influência maligna". Seu fundamento é libertar a vítima dos próprios medos eculpas, e "desfazer os ganchos." Essencialmente, é uma forma de psicoterapia aplicável àfeitiçaria ana-ana,  bem como uma eliminação de complexos negativos. Quero lembrar oleitor que os verdadeiros kahunas não acreditam em possessão por espíritos maus, comose fala no Ocidente, sejam eles enviados por um feiticeiro ou não. Isso fica evidente nos

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significados da raiz da palavra para exorcismo, mahiki, que indica remover as crençasnegativas do passado. 

Habilidades Psíquicas são Neutras 

As habilidades psíquicas, de acordo com os kahunas, são uma parte natural do serhumano. Todos nós as usamos diariamente e, sem elas, não poderíamos sobreviver. Acomunicação telepática com amigos e estranhos, as impressões clarividentes vindas doambiente, os palpites e sonhos divinatórios sobre o futuro, e a influência psicocinética deeventos ocorrem espontaneamente em todo homem, mulher e criança. Aqui no Ocidente, aparcialidade cultural da sociedade moderna suprimiu grandemente nossa percepçãodesses acontecimentos, exceto quando eles nos chocam ou assustam. Poucos indivíduosque geralmente são chamados de paranormais (a antiga palavra sensitivos talvez seja maiscorreta), por sua vez, não suprimiram esse tipo de percepção, fazendo uso dela de maneiramais ou menos aberta. Mas raramente têm a compreensão ou o controle do que fazem.Uma análise da vida dessas pessoas mostra, porém, que a perfeição espiritual, mental,

emocional ou física certamente não é uma exigência para a conquista dessas habilidadespsíquicas. Isso porque elas são inerentes a todos nós, e não dádivas especiais de um deuscaprichoso nem qualidades que não temos, mas precisamos obter. O que devemos obter éa capacidade de usá-las. 

Os kahunas são homens e mulheres treinados para desenvolver habilidades que elesjá possuem, para entender o que estão fazendo e controlar as práticas psíquicas à vontade.Como em todo empreendimento humano, alguns kahunas são mais habilidosos em certasáreas do que outros, e alguns preferem determinadas práticas a outras, mas todos oskahunas têm a mesma preparação e passam pelo mesmo treinamento básico.Independentemente da orientação do indivíduo, cada kahuna aprende quatro áreas quesão usadas como estrutura para maior desenvolvimento. As palavras-chave para essasáreas são aquelas mesmas usadas para a filosofia em geral (ike, makia, kala e manawa). 

Percepção (Ike).  Implica a percepção expandida de seus pensamentos, sentimentos,crenças e comportamento; a percepção destes em outras pessoas; a percepção doambiente visível e invisível. 

Concentração (Makia).  Inclui não só a concentração para aprender, mas também amanipulação da imaginação e das emoções. 

Libertação (Kala).  É um processo pela qual você se liberta das ideias e crençaslimitantes; libera seus recursos interiores de energia e habilidade; aprende a ajudar osoutros a fazer o mesmo. 

Direcionamento (Manawa).  Essa área lida com a aprendizagem de como dirigir umcontínuo fluxo de mana para se alcançar um propósito específico. 

O uso dos poderes psíquicos é fundamental para o modo de vida kahuna. Na crençadeles, a humanidade não pode alcançar seus plenos potenciais a menos que esses poderessejam conscientemente usados e desenvolvidos. 

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CAPÍTULO 4 

Abordagem Mente/Corpo

Toda a abordagem kahuna das inter-relações mente/corpo se baseia eminterpretações populares de três conceitos: mente, energia e matéria. A filosofia e a ciência

ocidental sempre foram fascinadas pelas possíveis relações entre esses itens, mas atérecentemente, a visão predominante era de que a mente e o corpo fossem entidadesseparadas. Um grande progresso já foi feito a partir dessa perspectiva dualística, com acompreensão cada vez maior do papel das emoções na doença física; mas uma verdadeiraabordagem mente/corpo como a dos kahunas ainda é considerada radical entre a maioriados profissionais de saúde. Talvez o seja, mas é altamente eficaz e absolutamente essencialpara a prática da cura kahuna. Ainda hoje a moderna frase havaiana   "hang loose"  (literalmente, espairecer, relaxar) é uma referência popular à ideia kahuna de que ainfelicidade e as doenças físicas estão diretamente relacionadas a atitudes mentais queproduzem ou aumentam a tensão. Os antigos havaianos tinham de lidar com asdificuldades da guerra, rupturas sociais e produção de alimentos, e os modernosenfrentam a discriminação social e as pressões de uma civilização tecnológica. Tanto hoje

em dia quanto antigamente, a filosofia do "espairecimento" ajuda a equilibrar a mente e ocorpo. 

Neste capítulo, discutirei mais detalhadamente o modo como os kahunas vêem amente, e seus efeitos na saúde e no comportamento; o fluxo biológico de energia; anatureza e formação de complexos; e o fator do "feedback   ecológico". Incluirei tambémcomentários comparados de psicólogos e outros indivíduos do Ocidente. 

No ensinamento kahuna, como já foi explicado, a mente possui três aspectos,denominados kane, ku e lono. Três alternativas são, respectivamente, aumakua, unihipili e uhane. Elas interagem intimamente com o corpo, kino. 

O Eu Superior (Kane/Aumakua) 

Na psicologia moderna, o equivalente a esse aspecto do eu, ou do  self,  seria o da"superalma" ou "superconsciente". Embora poucos sistemas da psicologia moderna seocupem de tal idéia, um deles é o modelo da psicossíntese de Roberto Assagioli, que diz: 

"O que distingue a psicossíntese de muitas outras tentativas de compreensãopsicológica é a posição que assumimos quanto à existência de um Eu espiritual e de uma

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Mente Consciente 

(Lono) 

A mente ou o eu lono é mais ou menos análoga à "mente consciente", na psicologia. Éaquele aspecto da mente que se concentra na realidade física, analisa-a, integra-a e forma

crenças, atitudes e opiniões sobre ela. A mente lono é uma receptora de informações sutise brutas de várias fontes e uma orientadora de ação. Se ela orienta bem ou não, é lógico,depende das crenças aceitas. Enquanto ela se achar impotente, agirá de acordo com essacrença. Os kahunas dizem que todas as convicções sobre a realidade ou são aceitas ouestabelecidas pela mente consciente, estando portanto acessíveis a ela para exame aqualquer momento. Essencialmente, essa é a descoberta de Freud de que "a ideiapatogênica... está sempre pronta e 'à mão'"11, exceto, porém, que Freud se referia alembranças, enquanto os kahunas se referem a crenças, das quais as lembranças sãoapenas representações. A ideia kahuna também é contrária ao modelo psicanalítico o qualimplica que as lembranças e memórias causadoras de efeitos são escondidas da menteconsciente. 

Quando as crenças sobre a realidade são aceitas pelo consciente (lono)  como fatosinalteráveis, então, para todos os fins práticos, a mente não pode "vê-las" como crenças,sentindo-se indefesa diante de seus efeitos. Uma pessoa que aceita o "fato" de ter umadoença incurável pode sucumbir à sua crença, embora muitas outras pessoas tenhamefetivamente curado a si próprias do mesmo mal. Boa parte da cura kahuna envolve ajudaro lono de uma pessoa a mudar sua visão dos fatos aparentes. Sentimentos e emoções sãoconsiderados pelos kahunas respostas energéticas ao estímulo de padrões de crenças,informando a mente consciente de quais crenças estão em operação. Idealmente, o lono pode, a partir daí, escolher entre seguir as emoções, não reagir a elas ou redirecioná-las.Mas sem uma compreensão de sua natureza, um lono é  propenso a tratar os sentimentos eemoções como se fossem fatos, sobre os quais não tem controle. Novamente, esse não éum conceito novo. Freud reconheceu que as ideias podiam estimular sentimentos que

podem ser convertidos através da supressão em sintomas físicos, e essa é a basesubjacente para a moderna medicina psicossomática. Maltz diz que uma emoção está "nanatureza de um sinal ou sintoma", que ela é "como um termômetro que não causa o calorna sala, mas o mede".12 

Além das faculdades da percepção, análise, integração e vontade, os kahunasatribuem à mente consciente a importante faculdade da imaginação criativa (laulele), coma qual o indivíduo imagina propositalmente uma condição que muito deseja experimentar,como uma realidade física. É com o uso dessa faculdade que você pode desenvolver novashabilidades, expandir sua percepção, resolver problemas, mudar crenças e direcionarenergia. Os kahunas insistem exaustivamente no treinamento dessa faculdade por .pausade sua tremenda importância em direcionar as atividades do subconsciente (ku)  e emproporcionar padrões para o Eu Superior. Carl Jung foi um dos primeiros psicólogosocidentais a enfatizar o uso da imaginação criativa, a qual tem ficado cada vez maispopular à medida que as pessoas se tornam cientes de seu potencial. 

O Subconsciente 

(Ku) 

11 Josef Breuer e Sigmund Freud, Studies on Hysteria, traduzido para o inglês por James Strachey

(Londres: Horgarth Press and the Institute of Psychoanalysis). 12 Maxwell Maltz, Psycho-Cybenieti cs  (Englewood Cliffs, N. J.: Prentice-Hall, Inc., 1960) 

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De certa forma, o eu ku,  ou "mente corpo" como pode ser chamado, é análogo aosubconsciente na psicologia ocidental, mas uma analogia melhor pode ser com umcomputador vivo, não material. Maltz usa essa analogia, também, embora ele costumecomparar o subconsciente com o cérebro. Os kahunas diriam que o cérebro é a expressãofísica ou a ferramenta do ku, mas essa distinção não parece ter quaisquer conseqüênciassérias. Os kahunas usam qualquer analogia apropriada para o seu propósito e que auxilie acompreensão. No antigo Havaí, o  ku  era comparado a um servo. Um kahuna modernotrabalhando numa sociedade industrializada provavelmente usaria a analogia docomputador. 

Essencialmente, as funções do ku são manter a integridade do corpo e ter uma visãogeral de suas operações, receber percepções e transmiti-las ao consciente, armazenarmemória, gerar, guardar, distribuir e transmitir energia, e seguir ordens. Na verdade,todas as funções dessa parte da mente poderiam ser condensadas no último item. Acimade tudo, como um bom servo ou um computador, ele segue ordens. O ku responde a doistipos de "programação": instinto e hábito. O instinto, como é definido aqui, refere-se atodas as assim chamadas funções involuntárias do corpo, tais como crescimento,desenvolvimento, manutenção e recepção/transmissão sensorial e "extra-sensorial". A

idéia kahuna é que essas funções são programadas no  ku  pelo eu-deus (aumakua) nomomento da concepção. Sob esse ponto de vista, a molécula do DNA seria uma expressãodessa programação, e não uma causa. O hábito inclui todo o comportamento programadono ku,  direta ou indiretamente pelo consciente (lono). E um comportamento aprendido,oposto ao instintivo. A programação direta envolveria a vontade aplicada do lono,  comoquando se aprende a dirigir um carro; a programação indireta envolve o comportamentopermitido, como por exemplo a aceitação e incorporação do medo que um pai ou mãe temde cobras ou a predisposição hereditária para uma determinada espécie de doença. Nadadisso parece discordar muito das novas psicologias; Maltz e Assagioli dão descriçõessemelhantes desse aspecto da mente. 

O impulso para a formação e manutenção de hábitos é uma das principaiscaracterísticas do ku.  Sem esse impulso, você não pode sobreviver, pois não conseguiriaaprender nem reter as técnicas de sobrevivência. Entretanto, os hábitos podem inibir ouencorajar o crescimento e desenvolvimento, dependendo da mente e do corpo, ou de suanatureza. Esse fato é a base para as técnicas de modificação de comportamento, embora oskahunas não concordem com a visão behaviorista de que os pensamentos podem serexplicados em termos de comportamento muscular implícito. Em vez disso, eles acreditamque todos os hábitos são mentais, e as respostas físicas são o resultado. Mesmo Maltz, aodescrever a felicidade como um hábito mental, está realmente falando sobre hábitosemocionais. Para os kahunas, a distinção entre hábitos mentais, emocionais e físicos éimportante, mas a moderna psicologia ocidental não parece levar isso em conta. 

Para continuarmos com a analogia do computador, pode-se dizer em termos kahunasque um programa corresponde a uma crença ou um conjunto de crenças, e que um hábito

é o programa em operação, ou a execução de uma crença. Todos os hábitos são baseadosem uma ou mais crenças. Por um processo cooperativo entre o consciente e osubconsciente, várias crenças e hábitos são organizados numa  gestalt   que se torna apersonalidade do indivíduo. Como já foi mencionado, o aspecto lono tem a capacidade deexaminar essas crenças e mudá-las, daí arrolando a cooperação do ku e do aumakua (EuSuperior) para mudar hábitos, personalidade e circunstância. 

O Corpo 

(Kino) 

O corpo físico,  kino,  é concebido pelo kahunas como uma forma-pensamentointensamente energizada. Isso é evidente nas raízes da palavra: 

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ki - emitir, um feixe (de pensamentos), força 

kia - concentrar pensamento 

ki'i - imagem 

ino - muito, intensamente 

no'o - pensamento 

O corpo é considerado uma ideia do Eu Superior expressa em forma física,modificada pelas crenças do consciente e mantida pelo mente-corpo ou pelosubconsciente. E uma expressão do eu, assim como uma pintura ou escultura é a expressãode um artista. O corpo é ao mesmo tempo um meio de projetar ideias no mundo físico eum dispositivo de feedback  ideal para experimentar os efeitos dessas ideias. O seu estadode saúde, seu desenvolvimento físico, suas disposições e sentimentos são expressões deideias, e estão sujeitos à alteração por uma mudança em seu pensamento consciente. Oconceito do corpo como uma forma-pensamento é bastante esotérico, em comparação como moderno pensamento psicológico. Este último costuma considerar o corpo uma entidadepuramente material sujeita aos efeitos do pensamento, mas certamente não um efeito dopensamento. Assagioli, que se aproxima da lógica kahuna em vários sentidos, considera ocorpo em termos mecânicos. Ele ensina que o paciente deve se desidentificar com o corpoe enfatiza que "ele é apenas um instrumento". Seu propósito é permitir que o paciente ousujeito se torne ciente de si mesmo como um centro de consciência e se livre deinterpretar a experiência só em termos de sensações físicas e comportamento. A opiniãode WK é que, embora possa ter efeitos temporariamente benéficos, tal procedimento criaum falso sentido de separação capaz de inibir o perfeito controle das funções do corpo ediminuir o senso de responsabilidade de uma pessoa pelo comportamento de seu corpo.Como ele mesmo diz: "Claro que você não deve identificar-se com o seu corpo; você émuito mais do que o corpo. Mas ele é a sua criação e por isso responde aos seus pensa-mentos". 

Relacionado ao corpo é o conceito do corpo etéreo (aka). Aqui, desviamos muito docentro da moderna psicologia e nos dirigimos aos pontos extremos de seus limites.Sucintamente, o corpo aka é algo como um corpo invisível, duplicado, ocupando o mesmoespaço que o corpo físico, e fornecendo o padrão essencial em torno do qual se forma ocorpo físico. O kino aka pode ser considerado a forma-pensamento básica do Eu Superior (aumakua), um tipo de molde. A tendência natural da mente-corpo (ku) é  seguir esse pa-drão, mas ela também tenta seguir o padrão do consciente  (lono), representado porcrenças aprendidas. A distorção, ou seja, a doença, resulta quando as ideias do  lono  sãodiferentes e suficientemente intensas para entrar em conflito com o padrão básico. Oskahunas sentem que é por causa da existência desse padrão etéreo básico que a cura docorpo pode ocorrer, pois sem esse padrão geral nada haveria para guiar o  ku nos reparosnecessários. Não consegui encontrar nada tão plausível na moderna literatura psicológicaou médica relacionado ao meio pelo qual o corpo sabe como retornar a um estado desaúde. 

Fluxo Biológico de Energia 

Os kahunas dizem que o meio pelo qual a mente afeta a matéria é  mana, a força vital.Em termos de corpo físico, essa energia se manifesta tanto como um fluxo ou correntequanto como um campo. Uma grosseira analogia é a de uma corrente elétrica e seu campomagnético circundante. As propriedades elétricas conhecidas do corpo são consideradaspelos kahunas como subprodutos da corrente e do campo mana. A principal fonte dessa

energia é o Eu Superior, que a fornece de uma maneira inexplicável em termosestritamente físicos. A melhor analogia que eu posso fazer seria a de um "buraco branco"

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no centro de seu ser por meio do qual a energia flui livremente a partir de outro universo.Há também uma interação com campos e correntes no ambiente, em forma primáriaatravés daquilo que costumamos chamar de chakras na filosofia da ioga ou de pontos deacupuntura, segundo os líderes chineses. Os principais pontos de interação ou intercâmbiosão aqueles localizados ao longo da linha que vai do períneo, frente e costas do corpo, até afontanela, bem ' como outros nas mãos e nos pés. Além disso, a força vital ou  mana é  absorvida do ambiente quando você respira ou come. Técnicas para aumentar o seusuprimento de  mana  além do normal (acumulando "sobrecarga", como diz Long) sãosemelhantes a outras abordagens encontradas em todo o mundo, ou seja, exercíciosrespiratórios especializados, consumo de alimentos e bebidas especiais, visualização, ouso de "geradores de mana" naturais ou artificiais como cristais e pirâmides, e aestimulação dos pontos de intercâmbio. Também se usa a criação consciente de emoções. 

A psicologia e a medicina ocidentais parecem estar cada vez mais interessadas noconceito aqui exposto, e as pesquisas aumentam. Entretanto, esse interesse não é novo.Josef Breuer, um colega de Freud, escreveu extensivamente sobre a "excitação tóxica", atransmissão de energia psíquica pelo sistema nervoso de maneira semelhante àeletricidade fluindo através de um fio. Foi Wilhelm Reich, porém, outro colega de Freud,

que levou o conceito de energia psíquica ao domínio de uma força física, mensurável. Suasextensas pesquisas sobre a "energia orgônica", como ele chamava essa força, resultaramem dispositivos de cura (proibidos para uso humano pela FDA) e também levaram ao quehoje é conhecido como "terapia bioenergética". Reich sem dúvida reconhecia o elo entrebioenergia (mana) e doença. Como ele teria descrito uma paciente: 

"O medo que ela tinha de mexer o pescoço existia muito antes do mal que lhecomprometeu as vértebras. De fato, o modo como ela segurava a cabeça e o pescoço eraapenas parte de uma atitude  biofísica geral que precisamos entender não como oresultado, mas sim a causa do câncer.13 

Aparentemente, porém, Reich nunca chegou a ver as crenças como a causa dasemoções, pelo menos não diretamente. Ele apresentou doze propriedades da energiaorgônica que também se aplicariam a mana como bioenergia. Cinco das mais importantessão estas: 

1.  Ela seria fundamentalmente diferente da energia eletromagnética, embora estejarelacionada a ela.

 2.  Teria de existir numa natureza não viva independente de organismos vivos.3.  Permearia e governaria o organismo inteiro, em vez de se limitar a células

nervosas individuais ou grupos de células.4.  Ela se manifestaria na produção de calor. 5.  Seria capaz de  energizar  a matéria viva; portanto, teria um efeito   positivo de

vida.14 

Tendo construído e experimentado grande número de dispositivos de energiaorgônica, e trabalhado por muitos anos com várias formas de  mana,  posso dar minhaopinião definitiva que as duas são idênticas. 

Maltz também fala de uma força vital não específica, como sendo "o segredo dacura",15 mas, com exceção de algumas pessoas que seguem o trabalho de Reich, a maior

13 Reich, Wilhelm, The Câncer Biopathy traduzido para o inglês por Andrew White (Nova Iorque: Farrar,

Strauss & Giroux, 1973).

14 Ib. 

15 Maltz, Psycho-Cybernetics. 

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Num certo sentido, a mente subconsciente  (ku) é   encarregada de incorporar aspressuposições em sua memória e no seu sistema comportamental. Não há o uso davontade aqui, mas só o impulso de seguir ordens, como um computador. Umapressuposição funciona como uma diretriz básica, e o ku só pode obedecer de acordo comsua habilidade. Assagioli propôs a seguinte lei psicológica, da qual os kahunasdiscordariam: 

"Todas as funções, e suas múltiplas combinações em complexos e subpersonalidades,adotam meios de alcançar seus objetivos sem a nossa percepção, e independente de nossavontade consciente, ou até em contrariedade a ela".19 

A ideia de uma batalha de vontades entre o consciente e o subconsciente é considerada umconceito inválido, de acordo com o ensinamento kahuna. A única batalha é entre a vontadeatual do consciente e os efeitos contínuos daquilo que foi desejado no passado. 

Atitudes 

(Kuana) 

Se as pressuposições podem ser comparadas a uma fundação, as atitudes são aestrutura construída sobre essa fundação. As atitudes também podem ser chamadas de"crenças conciliatórias", porque elas se desenvolvem como meio de conciliação comaspectos da experiência que não são perfeitamente abordados pela pressuposição. Sãomais específicas do que as pressuposições, e elas abordam as áreas cinzentas daexperiência onde alguma crença se faz necessária para que se possa agir, mas a crençaainda é aberta a dúvidas. Como as atitudes são menos seguras que as pressuposições, aspessoas frequentemente as defendem com mais emoção. Quando questionada, uma pessoase vê forçada a encarar suas inseguranças, e • isso geralmente lhe dá a sensação de seratacada a ponto de necessitar uma defesa emocional. Essa resistência a ideiasameaçadoras há muito vem sendo notada pelos psicólogos ocidentais. Freud disse: "De

fato, os psicólogos admitem, de modo geral, que a aceitação de uma nova ideia (aceitaçãono sentido de acreditar ou reconhecer como real) é dependente da natureza e datendência das ideias já unidas no ego".20 

Ele acrescentou também que uma ideia não compatível com as ideias existentesprovocaria "uma força repelente cujo propósito seria a defesa contra essa ideiaincompatível". Como você sabe, algumas das reações mais emocionais ocorrem quandosão levantadas questões sobre raça, sexo, religião e política, o que nos revela algo sobre asegurança das atitudes envolvidas. 

Contudo, quando as pressuposições são questionadas, a reação geralmente é desurpresa pelo fato de algo tão óbvio ser posto em dúvida. Maltz descrevia esse tipo de casoda seguinte maneira: "Diga a um garoto em idade escolar que ele apenas 'pensa' que não

entende álgebra, e ele duvidará de sua sanidade". 21 Como raramente ocorre uma reaçãoemocional forte quando uma pressuposição é questionada, alguns curandeiros kahunaidentificam atitudes e pressuposições pela reação ao desafio, e adaptam o tratamento deacordo com o caso. 

As atitudes derivam logicamente das pressuposições subjacentes, porque o  ku é  profundamente lógico. Aqueles que sentem que o subconsciente é irrazoável e ilógico

19 Assagioli, Psychosynthesis. 

20 Breuer e Freud, Studies on Hysteria. 

21 Maltz, Psycho-Cybernetics. 

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a apoio e progresso se manifestam nas pernas e nos pés. Com essa estrutura básica, ocorpo — assim como o resto do ambiente — pode ser "lido" para revelar crenças fontes. O feedback  ecológico inclui a atenção aos pensamentos e devaneios recorrentes, o conteúdode padrões de fala espontâneos, e as emoções recorrentes, todos sendo meios dedeterminar nossas crenças. Esses fatores também são usados no tratamentopsicossomático moderno, mas nele a ênfase está mais em mudar o comportamento do que

as crenças. Os kahunas diriam que mudar o comportamento é apenas um modo dereforçar mudanças de crença, e a mudança comportamental em si é dependente dasmudanças no pensar. 

As crenças são a base de toda experiência, dizem os kahunas. A realidade não éobjetiva, e sim subjetiva. Kristin Zambucka, mencionada anteriormente, diz: "Cabe a nóscontrolar uma atitude. Nós somos os criadores. Mude os seus pensamentos e você muda omundo".24 Curiosamente, essa ideia kahuna da realidade sendo totalmente subjetivaencontra paralelos na moderna física das partículas. Fritjof Capra, físico que comparou afísica moderna à antiga filosofia do leste da Ásia, fala de uma teoria da física atual nestestermos: 

"As estruturas básicas do mundo físico são determinadas, em última instância, pelo

modo como olhamos este mundo... (e isso) reflete a impossibilidade de separar oobservador científico dos fenômenos observados... em sua forma mais extrema, significaque as estruturas e os fenômenos que observamos na natureza nada são além de criaçõesde nossa mente analítica e habituada a categorizar".25 E no entanto, como veremos nocapítulo seguinte, os kahunas são capazes de trabalhar com as crenças na objetividade,para efetuar uma cura. 

24 Zambucka, Ano 'Ano. 

25 Fritjof Capra, citado por Oyle, Time, Space the Mind. 

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CAPÍTULO 5 

Métodos de Cura 

A cura kahuna envolve toda a pessoa —  o Eu Superior, a mente consciente, osubconsciente e o corpo — e também o ambiente da pessoa. Uma vez que o seu propósitoé efetuar uma cura e não comprovar determinado método, ela é direcionada para asnecessidades individuais. O mesmo kahuna pode usar métodos muito diferentes paratratar duas pessoas com sintomas idênticos porque as crenças delas podem ser diferentes.E as crenças, de acordo com Huna, estão na raiz de toda doença. 

A ideia kahuna de trabalhar com crenças para iniciar a cura se reflete no termohavaiano geral para saúde e cura,  ola.  Essa pequena palavra, que tem muitos outrossignificados, todos relacionados à melhora da vida de uma pessoa, talvez seja mais bemtraduzida como iluminação  (o  —  entrar;  la  —  luz, um símbolo para entendimento e

poder). Sintomas específicos são tratados como parte do processo de cura total, porque sereconhece que eles apenas servem para mascarar a verdadeira causa da doença. A palavrahavaiana para sintoma é ouli (ou  —  esconder;  li  —  emoções como medo e raiva). Poralgum motivo, os kahunas reconheceram bem cedo o que a moderna psicossomáticachama de reação de conversão, e que Freud chamava de histeria, ou a conversão de umacondição emocional como a raiva num sintoma físico como enxaqueca. A diferença é queos kahunas consideravam todos os sintomas uma forma de reação de conversão, até oponto de incluir circunstâncias pessoais como a propensão a acidentes, a pobreza ou asolidão. 

Dizer que o trabalho com crenças é o fundamento de toda terapia bem sucedida équase o mesmo que dizer o que é a hipnose, definindo o termo de maneira bemgeneralizada para incluir a ideia de aceitar a sugestão em todos os níveis. Como afirma Jay

Haley, em seu livro Uncommon Therapy: "A influência da hipnose sobre todas as formas deterapia nunca foi devidamente apreciada. Pode- se argumentar que a maioria dasabordagens terapêuticas tem sua origem nessa arte".26 Num certo sentido, podemos dizerque todos os métodos de cura kahuna são baseados na sugestão hipnótica — compreendida como mudança de crenças —  e que todos os métodos não-hipnóticosusados por eles servem meramente para facilitar esse processo. 

"Terapia Estratégica" 

A abordagem na qual o terapeuta inicia um tratamento baseado em necessidades

específicas do paciente é chamada por Haley de "terapia estratégica", quando ele escrevesobre as técnicas psiquiátricas do doutor Milton Erickson, autor de numerosos artigossobre hipnoterapia e um dos mais proeminentes praticantes dessa arte. "A terapia podeser chamada de estratégica", diz Haley, "se o clínico inicia o que acontece durante a terapiae designa uma abordagem específica para cada problema".27 Não se sabe há quanto tempoos kahunas vêm usando essa abordagem, mas WK afirma que deve ser há séculos. Falandopelo Ocidente, Haley afirma que ela só começou a proliferar a partir do meio do século XX. 

26 Jay Haley, Uncommon Therapy. Nova Iorque: Ballantine Books, 1973. 

27 Ib.

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Os métodos de cura estratégica podem ser classificados nas categorias de AbordagemMaterial, Abordagem Energética e Abordagem Mental. O modo como elas são aplicadas ecombinadas depende da natureza da doença e do sistema de crenças do paciente. Oskahunas sempre trabalham dentro do sistema de crenças do paciente, pois do contrário otratamento seria um convite à resistência ao processo de cura. Uma pessoa que acreditafirmemente no tratamento médico será tratada de acordo com sua crença, com os métodosque mais se aproximem da causa, como fazem frequentemente os modernos psiquiatras. Jáalguém que acredita em pragas será tratado nesse nível primeiro, embora os praticantesocidentais dificilmente concordariam com isso. Mesmo assim, a percepção do valor de talabordagem por parte de alguns terapeutas modernos fica evidente numa afirmação deKroger: "Temos total consciência de que a fé numa cura específica promove o sucessodessa mesma cura!"28 

A Abordagem Material 

Essa categoria inclui o uso de remédios, dieta, ritual, amuletos e qualquer outra coisa

que envolva a introdução de um objeto ou evento formal no processo de cura. Há duasbases lógicas para essa abordagem. Uma é o fato de que geralmente as pessoas são levadasa acreditar que a matéria ou os eventos exteriores são mais reais do que o pensamento. Oskahunas convertem essa crença numa ferramenta para ajudar na cura. A segunda base é ofato de que certos remédios, alimentos e objetos energizados realmente interagem com ometabolismo do corpo. 

Muito mais do que as outras abordagens, esta é altamente dependente da aceitaçãoda autoridade do curandeiro pelo paciente. WK diz que a medicina moderna é basicamentecura pela fé. O motivo de os médicos terem tanto sucesso, independentemente do tipo detratamento que oferecem, é que muita gente confia na habilidade e conhecimento deles.Por isso, o placebo pode ser tão eficaz. Se o paciente acredita firmemente na autoridade ehabilidade do curandeiro, pode curar a si próprio mesmo sem o "verdadeiro" remédio. 

Remédios 

Os kahunas têm uma visão distintamente não ortodoxa dos efeitos do remédio,baseada em sua ideia de que a doença não é causada   por bactérias, vírus ou agentescarcinogênicos, mas sim por tensão resultante de conflitos de pensamento e energiaemocional. De acordo com essa visão, as epidemias são causadas por reações individuais àtelepatia social, e não pela disseminação de infecções vindas de fatores exteriores. Emboranão tenha mencionado a telepatia como um fator na doença, Reich era de opinião que osefeitos da infecção se originavam dentro do indivíduo como resultado de tensão aguda ou

crônica. Após examinar algumas das inconsistências das teorias de infecção em voga naépoca, Reich disse: "Se essa questão for considerada com atenção, teremos de admitir ainutilidade científica da teoria dos germes no ar".29 Deixe-me explicar que os kahunas nãodizem que os germes e micróbios não existem, mas apenas que são catalisadores ousubprodutos da doença e não sua causa. Se não houvesse medo ou tensão indevida naspessoas, não haveria doença, mesmo com a presença de bactérias ou vírus associados aela. 

28 Kroger, Hypnosis and Behavior Modification. 

29 Reich, Cancer Biopathy. 

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Cabe aqui uma palavra sobre as epidemias de varíola, sarampo e doenças venéreasque quase dizimaram a população havaiana pouco depois da chegada dos europeus eamericanos. De acordo com a visão kahuna, esse foi o resultado de infecção por meio deideias, muito mais que através de micróbios. Naquela época, os kahunas dominantestinham perdido a maior parte de seu conhecimento de curas, e os médicos   Lono  eherbanários eram poucos, a estrutura religiosa e legal do Havaí estava caótica, e osestrangeiros chegaram com incrível exibição de poder e conhecimento, acompanhados porcrenças igualmente fortes sobre culpa e pecado. Não é de admirar que tantos havaianostenham sucumbido e que pouquíssimos kahunas pudessem ajudar. 

A crença kahuna de que a doença resulta de tensão é verificada nas raízes do termoHuna para remédio e tratamento médico, la 'au lapa'au. Esse termo indica nitidamente aposição kahuna de que a função do remédio é estimular um excitamento de fluxoenergético no corpo que ajudará a dissolver a doença induzida por tensão. Por essemotivo, os kahunas definem o remédio, ou medicamento, de maneira mais ampla que noOcidente. Além de elementos químicos e ervas, eles incluem partes de peixes, animais eplantas cujos nomes, natureza e aparência significam características de cura. Luzes  coloridas, vestimentas e objetos também são usados por causa de seu efeito psicológico e

fisiológico. A lula seria usada porque seu nome em havaiano (he'e) tem a conotação dedoença sendo eliminada; carne de porco pode ser usada por causa de uma semelhanteconotação numa palavra havaiana que lembra o nome usado para porco; cana-de-açúcar(ko-kea) também pode ser usada porque o nome significa "funcionar em limpar algo"; eum objeto vermelho também serve porque a cor vermelha, que é sagrada, era associada aosangue e ao poder divino ou mana. Além desses efeitos psicológicos sobre o subconsciente,os kahunas sabiam dos efeitos físicos de certos ingredientes, mas somente por suainfluência estimulante de energia e relaxante muscular, não pela capacidade dessesingredientes de "atacar" qualquer coisa supostamente invadindo o corpo, pois tal conceitoé apenas o produto de uma sociedade com crenças temerosas sobre a realidade. 

WK mencionou uma forma de remédio kahuna havaiano que acredito ser digno demais investigação. Provavelmente, a melhor tradução para ele seria "aromaterapia". Essetermo tem sido usado no Ocidente, referindo-se, porém, ao uso de essência de flores quepode ser aplicada como pomada ou ingerida, como no caso dos "florais de Bach"*,desenvolvidos por Edward Bach, M.D. O uso kahuna envolve a inalação de fragrânciasdiretamente, e pressupõe que a essência do material sendo inalado vai diretamente para acorrente sanguínea através dos pulmões, agindo com mais rapidez do que alguma coisaengolida ou colocada na pele. Embora se usem incenso e perfume no Ocidente para criaruma atmosfera e influenciar as emoções até certo ponto, não considero o uso medicinaldireto do aroma comparável à ideia kahuna, exceto o uso de inalantes para aliviarcongestão respiratória. Entretanto, encontrei um comentário de um ensaísta francês,Michel Eyquem de Montaigne, que, no século XVI, escreveu: 

"Assim os médicos (na minha opinião) poderiam usar mais e melhor os odores.

Pessoalmente, já observei com frequência que de acordo com sua força e qualidade, osodores mudam e alteram, e enlevam meu espírito, e produzem estranhos efeitos em mim"? 30 

Outra forma de "remédio" normalmente usada e apreciada pelos kahunas é a águapura, infundida com  mana  do kahuna e suas formas-pensamento acompanhantes.Tipicamente, um kahuna faz isso focando mana que sai de suas mãos ou hálito na água, aomesmo tempo em que se concentra numa imagem de cura. Obviamente, o efeito é maiorquando se diz ao paciente o que a água vai fazer por ele, e funciona melhor quando a águaestá "carregada" (energizada) do que quando não está, mesmo que o paciente não tenha

30 Informações divulgadas mutuamente, sem referências.

* Ver Autocura pelos Florais de Bach, Madras Editora, 2002. 

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corpo opera com a energia  suprida pelos alimentos e o arque ele recebe diariamente. Nojejum, o corpo deve começar a operar com suas próprias reservas de energia. Estasgeralmente são gordura e proteína armazenadas, mas a energia também é armazenada naforma de tensão muscular crônica. Durante o jejum, essa energia da tensão é ativada paraoperar no corpo, também. Como são intimamente ligadas aos conflitos de crenças, as áreasde tensão virão à tona à medida que a energia for utilizada e a tensão aliviada. Issocostuma ser acompanhado por uma liberação emocional catártica e pela dramáticaeliminação de sintomas de doenças. O jejum, usado como ferramenta, não é feito para a"purificação" do corpo, mas como meio de expor e drenar a energia de complexosprofundamente arraigados. Mesmo assim, ele é só um passo no processo de tratamento,pois, sem uma mudança no modo de pensar, os benefícios do jejum serão temporários. 

Em meus estudos de literatura relacionada, só encontrei em Reich alguma coisaespecífica sobre liberações emocionais catárticas devido à liberação de tensão muscularcrônica, mas, para os seus pacientes, isso era gerado por massagem e/ou uso de energiaorgônica. Que eu saiba, a visão kahuna dos efeitos do jejum é única. 

Ritual 

O ritual tem um papel importante na maioria das práticas de cura, tanto peloskahunas quanto pelos médicos modernos. Ele inclui tudo na situação de cura que nãotenha um efeito direto na cura, mas que sirva para convencer o paciente de que a pessoacerta está fazendo a coisa certa. Assim, um ritual nesse sentido incluiria qualquer coisa,desde uma antiga dança com cantaria enquanto se esfregam folhas ti no paciente, até ummédico moderno usando avental branco, sentado num consultório cheio de símbolos deseu sucesso e fama, calmamente dizendo ao paciente que ele sabe tudo o que tem a fazer. Oritual ajuda a estabelecer confiança na autoridade, e isso por sua vez ajuda a abrir a mentedo paciente para o processo de cura. Outras formas de ritual usadas no Ocidente são ahipnose formal, a meditação e sessões de terapia em grupo. Lógico que o ritual tambémpode ser empregado pelo curandeiro para convencer o seu próprio subconsciente de queele tem o poder de curar. 

Objetos Energizados 

Os objetos que os kahunas consideram fortes fontes de mana são frequentementeusados porque a introdução de mais mana no corpo, de qualquer que seja a fonte, costumaaliviar tensão e, portanto, os sintomas. Os kahunas acham que podem energizar pessoal-mente um objeto com o mana deles para tal fim, e Long descreve isso extensivamente, aolado de relatos de experimentos para demonstrar sua validade. Na praia em Waikiki perto

do Hotel Surfrider, há quatro "pedras de cura" que, a lenda local diz, foram energizadascom mana de kahunas que partiram séculos atrás. Entretanto, os kahunas também usamfontes naturais de mana, como pedras e cristais, certas madeiras, e lugares especiais ondeo  mana  seja supostamente mais abundante. Em  Nana I Ke Kumu,  Mary K. Pukui, umasenhora havaiana com rico conhecimento de cultura do Havaí, diz que "segundo a crençahavaiana, mana  pode ser emitido de uma rocha, dos ossos dos mortos, do remédio quecura ou da poção que mata".31 Uma das madeiras de cura favoritas era o ébano, chamadode  lama  em havaiano. O Hawaiian Dictionary   (Dicionário Havaiano) de Pukui-Elbert dizisto a respeito do ébano: "A madeira lama era usada em medicina e colocada em altares  hula  porque seu nome sugeria iluminação; cabanas eram feitas de  lama  num único dia,

31 Mary K. Pukui, E. W. Haertig, e Catherine A. Lee, Nana 1 Ke Kumu (Honolulu: Hui Hanai, 1975) 

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massagem mais profunda. Uma variação é 'a'e, referindo-se a um modo de massagearas costas com os pés.

2. Lua é uma forma de combate corpo-a-corpo, como o karatê, também praticado poresporte, como exercício e um meio de descarregar tensão emocional. Uma tradução daraiz da palavra é "eliminar completamente o sofrimento".

3. Hula costuma ser conhecida no Ocidente apenas como uma forma graciosa de dança polinésia, mas a diversão moderna se baseia num antigo sistema para a iluminação docorpo e o desenvolvimento espiritual. Um significado da raiz da palavra é "levantar achama sagrada" uma referência a um fluxo de energia como o da kundalini ioga.Mesmo em sua forma atual, os movimentos das pernas, quadris e parte superior docorpo conduzem à liberação de bloqueios de tensão muscular. Efeito semelhante éconseguido pelo antigo T'ai Ch’i Ch'uan chinês e pela moderna dança aeróbica, embora

de maneiras diferentes.

O Corpo 

(Kino) 

Há duas formas principais de manipulação de corrente usadas pelos kahunas,ambas baseadas na ideia de que o mana flui como uma corrente no corpo. 

1.  Kaomi é uma técnica semelhante à acupressão e consiste em aplicar uma pressão parabaixo em pontos especiais no corpo. A vareta usada em lomi às vezes é usada em kaomitambém, mas o mais comum é o uso dos dedos ou da base da mão. Em casos debloqueio, o paciente pode sentir uma dor aguda como o cutucão de uma agulha, nolugar onde a pressão for aplicada. Qualquer pessoa que tenha experimentado areflexologia, um tipo de massagem nos pés, saberá do que estou falando. As vezes, o

alívio do sintoma é imediato e outras vezes são necessários vários tratamentos,dependendo do nível crônico da condição e de quanto medo o paciente tem demudança. O conceito é que a pressão estimula uma interação maior entre o ponto de pressão e o mana no ambiente ou nas mãos do curandeiro, resultando num fluxo maiorque age para quebrar a tensão.

2.  Kahi é uma técnica que consiste em aplicar pressão delicada às áreas de tensão oualisá-las levemente com a mão aberta. Aos olhos do observador, a primeira pode parecer a "imposição de mãos" praticada por alguns evangélicos ocidentais e porenfermeiras que usam o "toque terapêutico"; enquanto a segunda pode parecer-se maiscom um carinho. O segredo da efetividade dessa técnica em aliviar os sintomas é aquantidade de mana emitida pelas mãos do curandeiro. Essa técnica pode ser usada

 por qualquer pessoa, já que todos emitem mana; mas, quanto mais mana for emitido,mais eficaz ela será. Para aumentar a emissão, um kahuna pode usar a visualização,esfregar ligeiramente as palmas das mãos, ou experimentar uma emoção positiva comoo amor. Não é por acaso que uma palavra variante, kahiau, significa "dar generosa ouabundantemente com o coração e sem esperar retorno".

Manipulação de Campo 

Esse método, às vezes chamado de manamana, tem a aparência do kahi, exceto que asmãos do curandeiro não tocam o paciente. Em vez disso, eles ficam a alguns centímetros

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Percepção dos Pensamentos 

(Ike) 

Se você pretende conscientemente mudar suas atitudes e pressuposições, precisaantes estar ciente daquelas que tem. Pode parecer óbvio, mas a maioria das pessoas não

presta muita atenção consciente ao que pensa e diz em termos dos efeitos potenciais queos pensamentos e palavras exercem na vida. Portanto, no início do tratamento, um kahunapode ajudar o paciente a se tornar ciente dos padrões habituais de fala, do diálogo interiore dos temas sugeridos em imagens. A atenção aos sentimentos e sonhos recorrentes e àscondições externas também .pode ser encorajada. Ao dedicar atenção a esses fatores, opaciente começa a perceber como tem reforçado suas circunstâncias indesejáveis. 

Um paciente acostumado a suprimir pensamentos indesejáveis talvez precise de umaconsiderável assistência para trazê-los à atenção consciente, como já descobriram muitospsicólogos e psiquiatras. Uma técnica que os kahunas usam para ajudar esse processo é aimagem guiada, a simulação da imaginação makaku. Makaku  pode ser traduzido como"originando no ku"  e se refere à imaginação espontânea ou estimulada que revela padrões

de crenças. Como mencionei antes, isso está se tornando cada vez mais popular noOcidente. 

Às vezes, como acontece na psicanálise, a mera percepção de hábitos indesejáveis depensamento ou discurso já será suficiente para fazer o paciente mudar imediatamente omodo de pensar, com benefícios resultantes para o corpo ou as circunstâncias. Mas, comfrequência, a percepção em si não produz mudança nenhuma. Os kahunas ensinam queisso acontece porque toda experiência contínua é mantida por hábitos, e só a percepçãonão muda um hábito. O único modo de mudar um hábito é substituí-lo por outro, o que nosleva ao passo seguinte. 

Estabelecer Metas (Makia) 

As metas, neste contexto, incluem desenvolver novas crenças e hábitos e tambémfazer planos para o futuro. O paciente recebe ajuda para desenvolver uma ideia nítidaquanto ao tipo de saúde, personalidade e ambiente que quer ter, e é auxiliado também nacompreensão do que será feito para ele alcançar o que deseja. Uma importante técnicausada em makia é pa laulele, que eu chamo de "ver e ser", e que consiste em imaginar comfirmeza uma circunstância desejável e colocar-se a si próprio no centro da imagem detodos os sentidos. É mais ou menos como o estado de espírito de um mímico durante umaapresentação. Essa técnica de imaginação "pré-treina" o subconsciente e o corpo,preparando-os para a nova experiência. Por exemplo, no caso de uma condição crônica — física, de personalidade ou ambiental —  você primeiro estabelece as novasmetas/crenças/hábitos aplicáveis, e depois usa a imaginação para pré-experimentar anova condição. Alguns psicólogos ocidentais também prescrevem essa técnica. Kroger achama de "condicionamento sensorial por imagem", e Maltz descreve uma técnicapraticamente idêntica. Assagioli justifica essa abordagem, expondo uma lei psicológicasegunda a qual "as imagens e quadros mentais tendem a produzir as condições físicas e osatos externos a elas correspondentes".34 

Autossugestões ou afirmações curtas e emocionalmente carregadas também sãousadas com makia, mas é importante que o paciente seja bem treinado para isso de modo

34  Assagioli, Psychosynthesis. 

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eficaz, para que as sugestões realmente ajudem a provocar a nova condição e não resultemsimplesmente em suprimir aquilo que ele não quer perceber. Para ser eficaz, uma sugestãoou afirmação tem de ser crível até certo ponto. Dizer "estou saudável" quando se estádoente, ou "sou feliz" quando se está triste, pode funcionar com uns e não com outros. Ouso da emoção forte ajuda aqui, assim como as técnicas como hipnose que acalmam aparte crítica/analítica do consciente. Se aparentemente houver uma significativaresistência subconsciente à mudança, então o kahuna aplica o passo seguinte. 

Mudar 

(Kala) 

Essa palavra tem os significados externos de liberação, liberdade e perdão, mas asraízes trazem o sentido de mudar o caminho  de uma pessoa. Perdoar, por exemplo, émudar o modo como você pensa sobre alguém ou alguma coisa. Para  kala funcionar, vocêdeve estar conscientemente disposto a fazer a mudança e abandonar os velhos hábitos.Sem alguma motivação positiva para mudança por parte do paciente, mesmo que recebida

telepaticamente, o kahuna geralmente nem tenta efetuar a cura. Kroger concordaria. Arespeito dos alcoólatras crônicos, ele diz que aquele que "não deseja ser ajudado, ou que éliteralmente arrastado contra a vontade, não pode ser ajudado por nenhuma abordagempsicoterápica".35 

Quando o paciente tem consciência do conflito interior a respeito de mudar umhábito, uma técnica comum é imediatamente substituir a ação, pensamento ou sentimentonegativo por seu oposto. Como a tensão muscular crônica é provocada por uma distorçãodo fluxo de energia sustentada por hábitos específicos de pensamento, segundo a teoriaHuna, uma liberação de tensão ocorrerá quando os pensamentos indesejáveis foremsubstituídos por pensamentos benéficos. Freud às vezes conseguia esse efeito, "apagando"as lembranças negativas e substituindo-as por positivas. O fator-chave aqui para oskahunas, porém, é a troca, não a supressão seguida por substituição. Para algumaspessoas, isso não é fácil porque seus hábitos podem servir a um propósito desconhecido.Assim, quando o kahuna sente que é apropriado, pode explorar a memória do pacientecom ele para interpretar por outro prisma ou até modificar eventos passados. O kahunapode também ensinar técnicas de relaxamento muscular, pois, quando os músculos estãorelaxados, é fisicamente impossível surgirem emoções negativas ou ocorrerem açõesindesejáveis. Os pensamentos negativos ainda podem ocorrer, mas, com os músculosrelaxados, a reação habitual a eles é desligada e o subconsciente (ku) é mais receptivo àinstalação de um novo padrão de hábito. É exatamente isso que acontece na hipnoterapia. 

A principal ferramenta usada para alterar um modo de pensamento negativo é aimaginação voluntária, ou laulele. Como você deve lembrar-se, essa é a imaginação em queo conteúdo é conscientemente escolhido pelo indivíduo. Seria mais correto dizer o

conteúdo vital, pois quase todo tipo de imaginação inclui pelos menos alguns elementosespontâneos  (makaku).  A imaginação deliberada  (laulele) atua como um padrão paracanalizar os pensamentos, emoções e ações em novas direções. Uma vez que esse padrãoimaginativo esteja estabelecido como um novo hábito, ele se toma makaku ou espontâneo.Isso, porém, envolve o passo seguinte. 

Direcionar Energia 

(Manawa) 

35 Kroger, Hypnosis and Behavior Modification. 

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trouxe mais alegria, felicidade, saúde e sucesso do que qualquer outra coisa que eu tenhafeito. Como se faz isso; essa cooperação com o deus-em-tudo? Bem, pessoalmenteexperimentei muitos métodos e o melhor para mim veio de um livro de ficção científica deRobert Heinlein, intitulado Stranger In a Strange Land   (Estranho numa Terra Estranha)que, aliás, contém um antigo ritual kahuna de partilha da água. No livro, há uma frasesimples usada pelo herói: "Tu és Deus". Diga isso mentalmente a todas as coisas, incluindoa si próprio, do momento em que você acorda até a hora de dormir;  acredite nisso e suavida será renovada. 

Encerramento 

(Panina) 

Algumas pessoas perguntam como eu justifico revelar desse modo o conhecimentokahuna. Elas estão acostumadas com outros grupos que guardam seus segredos comopedras preciosas, os quais seriam deflagrados se outra pessoa olhasse para eles, ou pormedo de que outros descubram que não possuem pedras preciosas. Eu não preciso de

justificativa porque não temos segredos. Huna é o segredo a ser revelado; os kahunas sãoseus guardiões, não seus carcereiros. Comunico o grito dos oráculos do antigo Havaí quesoava desde os templos: 

Que o desconhecido se torne conhecido!

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desaparecera. Eu era eu mesmo, e no entanto era TUDO. Era uma folha de grama, vibrandocom uma tremenda força interior, enquanto me esfregava  lenta e inexoravelmente contrauma rocha milhares de vezes mais pesada e mais dura que eu. Eu era a rocha, encerradanum estranho ciclo de vida cristalina afinado ao tempo galáctico. Era um pássaro, bemaquecido e aconchegado em minhas penas, dormindo e tendo meus sonhos impartilháveis.E uma árvore, um coiote, uma formiga, uma casa, um cometa, uma nuvem, o universointeiro, uma coisa de cada vez e tudo ao mesmo tempo. E eu era eu. 

Em determinado momento, fui trazido de volta à percepção física do (aqui-e-agora),ainda tremendo de êxtase. O arco-íris tinha desaparecido e as vozes se calaram, massentados à minha volta estavam todos os professores que me ajudaram nesta vida. Meupai terrestre estava lá, usando a vestimenta do Círculo de Prata. Também estava WanaKahili, que me iniciou como kahuna; M'Bala, o fetichista do oeste da África; Sufi Joe, opersa; Gordo, o bruxo; Fa Hsien, o lama chinês; Ra Ptah, Manea, Lucius, Rufus, Jarod, Narane outros. Eram todos tão reais quanto o solo onde eu estava sentado, e queria muitocumprimentar a todos com um abraço, mas senti que a ocasião era solene demais paraaquilo. No entanto, sentia o caloroso cumprimento de seus pensamentos. Depois da.algunsmomentos, um aguçado sentimento de expectativa se tornou evidente. Então, Wana Kahili

e meu pai, que estavam sentados diretamente à minha frente, separaram-se e uma figuravestida de branco e com um capuz subitamente apareceu no meio dos dois. Seguiu-se umperíodo de intenso silêncio, até que a figura de branco jogou o capuz para trás e revelouuma face de tal beleza que eu mal podia desviar os olhos dela, mas senti-me impelido afazer isso. A cada instante, o rosto mudava de forma, nacionalidade e sexo, mantendo seubrilho interior durante todo o processo. Conforme a face mudava, eu recebia uma imageminterior de associação. Ele era um artista de Mu, um cientista atlante, um exploradorlumaniano. Era Gautama, o Buda, Moisés sobre a montanha, Jesus de Nazaré e o profetaMaomé. Ele era Pele, Kuan Yin e Maria, Viracocha, Quetzalcoatl e Kanaloa. Era o Cristomanifesto, o Iluminado, o Professor de Luz. 

Algum tempo se passou, e então ele e todos os meus professores falaram numa única voz,telepaticamente, em contato direto com minha mente. Primeiro, lembraram-me do planoformado eras terrestres atrás, quando eu tinha concordado em exercer uma função, juntoa centenas de outros. Depois, recordaram minha vida atual da infância em diante,incluindo meus erros e desvios do caminho, bem como minhas iniciações e sucessos. Elesapontaram para as fraquezas que permaneciam e as forças negligenciadas e me aconselha-ram quanto às medidas corretivas para que eu fosse capaz de cumprir minha missão. 

Finalmente, eles confirmaram o que eu tinha lido nas placas no Havaí e explicaram arelação com minha missão. Quando a preleção acabou, o Cristo se adiantou em minhadireção, estendendo as mãos sobre minha cabeça. Imediatamente senti seu poder fluindoaté mim e me enchendo de Luz, enquanto ele falava estas palavras: 

Kaula, que tu sejas ungido com o poder do Espírito Santo como um de meus

sacerdotes e profetas na Nova Era. Vai e ensina e escreve sobre a presença de Deus, dosignificado e do caminho do Amor, do vasto poder e do potencial da mente humana. Vai ecura os doentes de corpo, coração e mente, e ensina-lhes também como curar a si própriose aos outros. Aconselha, instrui e abre as mentes de todos os que te procurarem, usandoesse conhecimento da mente, matéria e energia que te foi passado, e profetiza, sendoguiado pela luz interior. Estabelece templos de sabedoria na região onde esseconhecimento possa ser ensinado e praticado, e cria também comunidades onde o amor ea liberdade prevaleçam. Ajunta ao teu redor fervorosos discípulos para que sejamtreinados e ordenados para também fazer essas coisas. Usa os meios do mundo para obtertais fins. Tu sempre serás guiado pela luz interior. O teu é o caminho de Huna, a ciência doAmor, o caminho da Harmonia sobre a Terra e com a Terra, o conhecimento universal. Tue aqueles por ti guiados sereis chamados Filhos do Arco-íris, como nos dias de outrora. O

arco-íris, a estrela de sete pontas e a cruz da vida serão os símbolos de vosso caminho. 

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Inumeráveis são os caminhos até Deus, portanto fica em paz com os caminhos dosoutros, pois eles, mesmo sem saber, estão seguindo Huna, se o caminho escolhido forcerto. Como uma última palavra, começa a preparar teu povo para o tempo da GrandeEmigração, pois certamente a humanidade já escolheu como seu destino um retorno àsestrelas. 

Agora de ti despedimos, embora permaneçamos em contato através do Espírito. Nãodigas a ninguém o que viste ou ouviste até receberes um sinal. Então, tomarás conhecidaesta experiência, começarás a escrever o conhecimento das placas e iniciarás a grandeobra. E lembra-te sempre: o Amor é a chave. 

Com isso, a face do Cristo ficou mais reluzente e se estabilizou nos traços sorridentesde um grande ser, oriundo de um lugar distante, e o qual eu já vira em visões anteriores.Então, ele tocou-me no alto da cabeça com o dedo e eu fiquei inconsciente. Quandoacordei, estava sozinho em meio ao silêncio. E um novo dia amanhecia, enquanto euvoltava ao acampamento. 

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APÊNDICE 

O Código Kahuna 

Uma ocorrência relativamente frequente entre alguns seres humanos é tentaresconder o que sabem dos outros, e o modo mais comum de fazer isso em toda a históriada humanidade é usar um tipo de código secreto para a comunicação. Isso obviamente temvantagens práticas na política, nas guerras e nos tempos de perseguição religiosa.Leonardo da Vinci aprendeu sozinho a escrever de cima para baixo e de trás para a frente,de modo que ninguém conseguisse ler suas notas, a menos que conhecessem o truque doespelho. As vezes, é usada também uma língua rara. Não é incomum entre os sacerdócios ouso de alguma língua especial antiga só conhecida pelos iniciados; e, durante a SegundaGuerra Mundial, os Estados Unidos usaram com sucesso comunicadores em navajo paraconfundir os inimigos. As linguagens inventadas de brincadeira, como a língua do "P" oucoisa parecida também servem ao mesmo propósito. No antigo Havaí, os chefes tinham

construído línguas secretas artificiais, conhecidas genericamente como kake,  para poderconversar entre os cidadãos comuns sem ser compreendidos. 

Entretanto, aquilo que conhecemos como "código kahuna" não se encaixa nessamesma categoria. O propósito do código não era manter certas coisas em segredo, mastornar o conhecimento acessível. Eu tenho uma teoria, exposta em outras fontes, de que alíngua polinésia foi artificialmente construída mais ou menos da mesma maneira que oesperanto, porém com maior sucesso. De qualquer forma, os kahunas transmitiam seuconhecimento através dos significados das raízes em sua língua, usando regras especiaispara estender esses significados. Com essa técnica, grande quantidade de informaçõespodia ser transmitida por uma única palavra, quando devidamente separada. Enquanto alíngua continuasse existindo, o conhecimento continuaria disponível para qualquer pessoa

que entendesse a técnica. Evidentemente, se a técnica fosse esquecida, então a informaçãocodificada estaria perdida, mesmo que a língua continuasse viva. Parece que foi isso queaconteceu no Havaí depois da chegada de Paao, no século XIII. Na verdade, uma traduçãodo nome desse sacerdote é "uma limitação do conhecimento". 

WK e Long acham que o código kahuna é mais facilmente interpretado a partir dodialeto havaiano do polinésio; por isso, essa é a base para as referências neste livro. Afonte usada para os significados de raiz é Hawaiian Dictionary,  de Pukui e Elbert, comelaborações fornecidas por WK e meu conhecimento da cultura havaiana. 

O havaiano é uma língua simples e altamente flexível, baseada num númerorelativamente pequeno de sons. Transliterado para o inglês, há apenas sete consoantes, H,K, L, M, N, P e W (às vezes pronunciado como V), e as cinco vogais A, E, I, O e U, totalizando

doze letras. Há também um sinal de aspa única (') que substitui um som pesado, usado emoutras partes da Polinésia e que, portanto, pode ser considerado uma letra. Porém, no

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havaiano moderno, especialmente usado por não-nativos, esse sinal costuma ser omitido.Entre alguns havaianos com forte ancestralidade do Taiti, a letra K é, em alguns casos,substituída por T. Os ocidentais já se familiarizaram com a planta  ti  e as bonecas  tiki, embora no original havaiano, a pronúncia seria  ki  e  ki'i,  respectivamente. Devemosobservar que Melville discorda disso, e afirma que o T era usado no original havaiano eque, por algum motivo misterioso, os missionários obrigaram os havaianos a usar K. 

Como as nuanças linguísticas não são importantes para este livro, limito-me aexplicar que o som da aspa única entre as sílabas é como da exclamação típica da línguainglesa "oh-oh", expressando surpresa ou preocupação. 

Regras do Código 

Segundo WK, as regras a seguir são usadas para desvendar as informaçõescodificadas numa palavra, usando a palavra kahuna como exemplo. 

1.  Primeiro, os significados da palavra inteira são explicados.2.  Depois, sempre que possível, a palavra é dividida em palavras separadas, como 

ka huna e ka.hu na. 3.  Em seguida, são procuradas palavras dentro da palavra, como  kahu, ahu, huna e 

una. 4.  As sílabas individuais também são examinadas: ka, hu e na. 5.  As vogais são duplicadas também: ka'a, hu'u e na'a. 6.  E as sílabas são duplicadas: kaka, huhu, e nana. 7.  Outras extensões de significado podem ser encontradas ao se acrescentarem

várias vogais às sílabas individuais, como em kai, hui e nai. 8.  Mais extensões ainda são reveladas quando você trata a palavra como um

anagrama, gerando combinações como haka, aka, hana e kanu. 9.  Finalmente, uma decodificação apropriada exige conhecimento de referênciaspoéticas, lendárias, figurativas e simbólicas, bem como do sentido do contexto.

Decodificar a informação numa palavra-chave havaiana pode ser considerado umaarte e uma ciência. Entretanto, os significados, na maioria dos casos, podem serdeterminados por qualquer pessoa com acesso a um bom dicionário havaiano. 

Exemplos 

Já que a palavra  kahuna  foi usada para demonstrar as regras de decodificação,

examinemo-la de acordo com essas regras para descobrirmos o que os kahunas pensavamda própria profissão. 

Kahuna significa "sacerdote, ministro, feiticeiro, especialista em qualquer profissão;agir como um sacerdote ou especialista". 

Ka é  uma raiz com muitos significados, embora geralmente seja traduzida como osartigos "o/a, os/as". Outros significados são "bater, golpear, impelir; tirar água; limpar (nosentido de tirar ervas daninhas ou lama de uma lagoa, por exemplo); fazer redes e tricotar;revirar o solo ou virar uma corda (como na brincadeira de pula-corda); remover (cataratade um olho, por exemplo); prender (pássaros numa gaiola); amaldiçoar; jogar um cipó oudardos; entrada (de uma corrente); fazer alguma coisa acontecer". Aplicada na palavrakahuna, o significado de bater ou impelir se refere ao uso forçoso da energia de  mana. 

Tirar água se refere à habilidade kahuna para reduzir ou puxar a força vital  (mana)  deoutra pessoa. Esse é um efeito da oração de morte, mas também pode ser usado como

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cura, para acalmar um indivíduo altamente emocional. Extrair ervas daninhas tem a vercom a remoção da barreira da atitude e dar espaço ao fluxo livre da força vital, já que umdos símbolos dessa força é a água. Uma rede é o símbolo para um complexo psicológico ouum conjunto de crenças, não necessariamente negativas. Fazer uma rede ou tricotar,portanto, refere-se a uma técnica kahuna para construir um novo conjunto de crenças.Revirar o solo se refere à função do kahuna como agente de mudança. Remover (catarata)também tem a ver com a remoção de bloqueios psicológicos. Um pássaro éfrequentemente usado para simbolizar uma ideia ou uma pessoa. Prender significacapturar ideias ou influenciar fortemente uma pessoa. A referência à maldição é usadapara mostrar que os poderes kahuna podem ser usados para o bem ou o mal. Umacorrente de entrada (como da água) se refere à técnica kahuna de aumentar o suprimentodisponível de força vital. Fazer algo acontecer é uma referência direta à habilidade kahunaem manipular circunstâncias. 

Huna significa "partícula diminuta, pequena, miúda; escondido, secreto, esconder oudisfarçar". Huna é  o termo genérico para o conhecimento dos kahunas. Ka-huna, portanto,pode ser traduzido como "o secreto", ou mais exatamente "aquilo que está oculto,escondido ou que não é óbvio". O significado de "partícula diminuta" revela que  huna é  

uma coisa difícil de ver ou reconhecer, não necessariamente escondida de propósito. Háoutras palavras com esse significado. 

Kahu  significa "mestre, atendente honorável, guardião, enfermeiro, mantenedor,administrador, pastor; cuidar ou cozinhar num forno; queimar (como lima num fogoaceso); ferver com raiva". Essa palavra demonstra a função do kahuna como mestre eguardião do conhecimento oculto (kahu-huna) e também alguém que se importa com osoutros. A ideia de ferver com raiva e queimar (como lima) refere-se ao uso kahuna de umaenergia emocional intensificada (mana)  para cura e outras obras, já que o fogo é outrosímbolo para mana.  O conceito de um kahuna como cozinheiro será abordado noparágrafo seguinte. 

 Ahu significa "uma pilha ou coleção; um altar ou santuário; um forno; um capa curta

ou manto". Aqui é necessário uma certa extensão do conhecimento para compreender opleno sentido dessa palavra e a referência anterior a cozinhar. Com relação a cozinharnum forno, há referência implícita a comida particularmente de origem vegetal, pois acarne é cozida sobre um fogo aberto. A palavra para comida vegetal é   'ai,  com ossignificados adicionais de "comer; e exercer e desfrutar os privilégios e responsabilidadesdo poder ou de governar". Para a mente havaiana,,o cozinheiro  (kahu)  que usa fogo (mana) num forno (ahu) para preparar (kahu) comida ('ai) é uma representação direta doguardião ou do mestre (kahu) que usa a força vital (mana) num altar (ahu) para acumularou coletar (ahu) poder ou autoridade ('ai) — em outras palavras, um kahuna. A capa curtaou manto usado pelos chefes e kahunas do antigo Havaí era um símbolo de sua autoridadee poder. 

Una  significa "enviar ou transmitir, comandar, pôr em ação; enviar espíritos paracumprir uma tarefa; fatigado, cansado; esquadrinhar; insistir, perturbar, incomodar". Aquia referência é à prática kahuna de influência telepática, curando ou até fazendo mal. Afadiga ou cansaço, ou seja, uma perda de força vital, era sintoma da ação da oração demorte. 

Hu  como palavra significa "subir ou inchar (como o fermento); fermentar,transbordar, percolar, efervescer, ferver, vir à tona (como a emoção); rosnar, grunhido,zumbido; um pião; desviar do curso certo, errar o caminho; unir ou juntar-se a". Asreferências a transbordar e a subir à tona têm a ver com o uso consciente da energiaemocional para realizar determinadas práticas kahunas. Rosnar, grunhir e zumbirreferem-se ao uso do som, gerando tal energia, e o pião simboliza a energia emmovimento. Desviar do curso certo mostra novamente que a energia pode ser mal usada. A

ideia de unir-se e juntar-se nesse contexto se refere ao uso da energia para fazer contato

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abrir, empurrar, apalpar, forçar, lavar (tudo em referência à remoção de complexos com ouso de mana)".  Os principais significados de  hui  têm a ver com unir e formar umaorganização, uma referência às ordens kahuna. Huo não tem significado algum. 

Nai   significa "conquistar, e lutar para obter, esforçar-se para examinar oucompreender", objetivos e qualidades do kahuna.  Nae significa "respiração apertada"

(falta de mana);  fragrante ou de doce odor (uma referência simbólica ao perigo de setornar viciado naquilo que se faz); e dividir em partes iguais (um apelo à abordagemequilibrada)".  Nao  tem a ver com impelir e apalpar, e um intenso uso de   mana.  Nausignifica "mastigar (com a mesma conotação de nosso conhecimento digerível) eprolongar, ou prender a respiração (referência a uma técnica)". 

Essas informações são suficientes para mostrar quanto ensinamento pode emergirde uma única palavra numa sociedade que valoriza muito as tradições orais. Da palavrasimples kahuna, podemos obter um quadro relativamente nítido de umpsicólogo/metafísico/ curandeiro altamente habilidoso que usa habilidades psíquicas eforça vital para atingir seus fins, mas que também se deve precaver contra o abuso de seuspoderes. Deve ser mais fácil ver agora como a língua em si pode ser usada comoferramenta de ensino. 

Um dos meios favoritos para os kahunas instruírem seus aprendizes era apresentaros ensinamentos na forma de uma história ou lenda. Entretanto, o conhecimento nãoestava na história em si, que apenas servia como veículo, mas nos nomes dos personagensprincipais, nos locais e suas inter-relações. O que pode parecer um conto absurdamenteexagerado aos ouvidos ocidentais seria, para o kahuna, uma afirmação da filosofia ou aexplicação de uma técnica. 

Como exemplo, citarei a lenda de Moikeha, antigo chefe havaiano. E uma versãocondensada da história recontada por Martha Beckwith em Hawaiian Mythology : "Depoisde muitas provações e sofrimentos e longas viagens, Moikeha chegou à vila do popularchefe Puna, apaixonou-se pela filha dele, Ho'oipo, ganhou a mão dela num concurso dehabilidades, tornou-se o próximo chefe e foi o pai de doze filhos". 

Para efeito de aparências, essa é apenas uma excitante história de aventuras. Noentanto, em código o nome Moikeha descreve aquele que segue o curso da ação  (mo) paradominar  (mo'i) o conhecimento  (ike)  espiritual  (ha)  e alcançar grandes alturas  (keha),superando os obstáculos (ke) e o sofrimento (eha). Puna é  também uma terma ou fonte deágua (mana),  e o lar de uma pessoa, e contém significados relativos à união com o eusuperior do indivíduo. Ho'oipo, o nome da filha do chefe, significa "fazer amor ou cortejar",e contém os significados ocultos de alcançar ou se unir à verdade no reino dos deuses.Doze é um número significativo no conhecimento kahuna, e os doze filhos representam osfrutos do esforço bem-sucedido. Por trás do conto de aventuras, encontra-se a história deuma jornada espiritual.

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Bibliografia Comentada sobreHuna e os Kahunas 

Esta bibliografia não pretende ser uma lista detalhada de todos os livros sobre Hunae kahunas já publicados. Selecionei livros que considero importantes para este estudo, queme permitem expandir e esclarecer numerosos conceitos kahunas, que são simplesmenteraros ou interessantes; e que merecem ser comentados. Citarei aqui apenas a edição quetenho em minha biblioteca. 

The Secret Science Behind Miracles,  de Max Freedom Long. Los Angeles: DeVorss &Co., 1954. Max Freedom foi um estudioso de filosofia e psicologia, com conhecimentostambém em teosofia, e que passou 14 anos (1917-1931) nas ilhas do Havaí, comoprofessor e comerciante. Pouco depois de sua chegada, ele passou a se interessar pelas

práticas dos kahunas, e, com a ajuda do ex-curador do Museu Bishop, William Brigham,iniciou os estudos que durariam a vida toda, tentando descobrir os segredos doconhecimento deles. Nunca conseguiu obter nenhum diretamente de um kahuna, pois aprática desses conhecimentos estava proibida na época de sua estada nas ilhas e, quandoele retornou ao continente algum tempo depois, percebeu que a descoberta dos segredoskahunas era uma causa sem esperança. Entretanto, sua mente continuou trabalhando naquestão, e em 1935 ele teve uma súbita inspiração de examinar as palavras raízes dalíngua havaiana em busca de pistas para esse conhecimento. 

Durante um período de 36 anos, ele realizou tremendo trabalho de codificação dalíngua, realizando experimentos para testar o conhecimento obtido, e detectando oconhecimento codificado em várias culturas e religiões no mundo todo. Publicou seis

livros, um número de panfletos e fitas, muitos volumes de um boletim, todos a respeito doestudo de Huna. Hoje em dia, suas obras ainda são a principal fonte de conhecimento dosistema kahuna, e ele costuma ser citado com frequência em livros de parapsicologia,hipnose e áreas relacionadas. 

Do ponto de vista de WK, porém, embora o que conseguiu seja notável, Long cometeuvários erros que levaram à compreensão distorcida de certos ponto de Huna. 

Bem no início de  The Secret Science,  Long fez uma suposição sobre a naturezapsico-espiritual do homem, a qual, posteriormente, tratou como fato, chegando a atribuí-laa um ensinamento dos kahunas, o que não era verdade. Ao investigar a crença comum noHavaí de que um homem tem duas almas (um conceito Huna mal compreendido namentalidade popular havaiana), ele identificou corretamente duas palavras descritivaspara esses aspectos do homem —  uhane e  unihipili.  Acertou também ao associar aprimeira alma com o que podia ser chamado de "consciente" e a segunda como o"inconsciente". Infelizmente, prosseguiu depois com sua suposição errônea (na página19): 

"A raiz em uhane significa falar; por isso, o espírito cujo nome vem dessa raiz podefalar. Como só os seres humanos falam, o espírito deve ser humano. Isso levanta a questãoda natureza do outro espírito. Ele é capaz de sofrer, e os animais também são. Pode não serum homem que fala, mas pelo menos é um espírito do tipo animal, que sofre". 

Baseando-se somente nessa ideia, depois ele afirmou abertamente na página 100 que"se os kahunas estão certos em afirmar que temos em nós um espírito inferior, menos

desenvolvido, que vem do reino animal..." Tanto WK quanto Leinani Melville corroboram aexistência de informação codificada na língua havaiana e sua importância para a

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compreensão do sistema Huna, mas em nenhuma parte dos ensinamentos kahuna háindicação de que o espírito ou aspecto subconsciente é considerado menos evoluído, nemque tenha "ascendido gradualmente" (termo de Long) à forma humana após ter sido umanimal. Tampouco Long, em seus textos, tentou mostrar que o código diz isso. Ele começoucom um palpite que, por algum motivo, interpretou como algo aprendido através docódigo, e depois passou a tratá-lo como fato comprovado. 

O segundo erro de Long foi quanto ao fenômeno da possessão. Provavelmente porcausa de sua extensa leitura esotérica, Long tinha grande familiaridade com a ideia de queos espíritos dos mortos podem "invadir" uma pessoa viva e "tomar" sua vida. De fato, essacrença é comum em muitas culturas no mundo, e também era popular na religião havaianaexterna. Com o apoio desta última, Long concluiu que esse era um ensinamento kahuna, efez uma investigação apenas superficial das várias palavras para possessão e espíritosobsessores na língua havaiana. Porém, o código kahuna é muito evidente em sua revelaçãode que a possessão não envolve entidades externas. Num livreto Huna intitulado "Spirits &Possession", eu mostrei que a possessão é um processo pelo qual partes ocultas do eusão expressadas como personalidades separadas, que podem ser benignas oumalévolas, e que em nenhuma parte do código há a menor justificativa para a ideiade que uma pessoa possa ser dominada por algo de fora. Nesse caso, o ensinamentokahuna é muito próximo ao conceito da maioria dos psicólogos. 

O terceiro erro tem a ver com a função dos chamados espíritos nos fenômenosparapsicológicos. Em seus dois primeiros livros, Long deu muita ênfase a essa questão,embora ao mesmo tempo concordasse que a maioria dos fenômenos poderia serproduzida sem tais espíritos. No entanto, provavelmente estava muito influenciado porsuas leituras e relatos contados por terceiros no Havaí para abandonar de vez a ideia deespíritos. WK diz — e o código mostra — que qualquer coisa parecida com um espírito naatividade parapsicológica é de fato uma "forma-pensamento", uma condensação dematéria etérea gerada pelo uso voluntário ou involuntário de  mana  e também pelo usointenso de imagens. Isso, óbvio, transcende o que a maioria dos modernos psicólogosaceitaria, mas é um ensinamento kahuna. 

Por questão de justiça, devemos reconhecer que Long teve de lidar com muitaslimitações. Sua formação religiosa e esotérica; sua falta de acesso a um professor kahuna esua confiança em versões não-kahunas de práticas kahunas; e o dicionário que ele usava,são vários exemplos dessas limitações. O dicionário adotado por Long para o trabalho dedecodificação, por exemplo, era a obra de 1865 de Lorrin Andrews (15 mil palavras) que,segundo Pukui e Elbert, continha muitos erros de ortografia e frases truncadas. Oestudante moderno tem a vantagem de usar a edição altamente pesquisada de 1971 do Hawaiian Dictionary, de Mary Pukui e Samuel Elbert, com 26 mil verbetes. 

Huna: The Ancient Religion of Positive Thinking, de William R. Glover. Sunset Beach,

Cal.: publicação independente, sem data. Um livro pequeno e excelente sobre a versão deHuna de Max Long, e muito bem organizado. Quando eu digo "versão de Long", refiro- mea numerosas ideias sobre Huna por parte de Long, que não fizeram parte de meutreinamento e/ou para as quais não encontro justificativa na linguagem do código kahuna.Entre elas, a ideia de que temos três eus separados evoluindo desde a condição deanimais; que os kahunas acreditavam em três "graus" de  mana-,  e algumas ideiashistóricas sobre os kahunas. De modo geral, essas são diferenças de opinião, e sãorelativamente pouco importantes, comparadas à essência da filosofia Huna, ou seja, quetemos o poder de alterar nossa experiência. Glover enfatiza esse aspecto e devota a maiorparte de seu livro à "oração efetiva", num formato positivo e bem escrito que eurecomendaria a qualquer pessoa. O uso da lógica para fazer o subconsciente mudarcrenças habituais é particularmente bem apresentado e é uma das técnicas mais úteis que

já encontrei. (Nota: Glover comete um erro de ortografia na palavra havaiana paraestrangeiro ou brancos, escrevendo ha-oli ou holi, quando o termo certo é haole.) 

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Kahuna La'au Lapa'au , de Jane Gutmanis. Norfolk Island, Austrália: Island Heritage Ltd..1977). Embora trate exclusivamente dos médicos herbanários kahuna do Havaí, esse livrocontém riqueza de informações sobre a abordagem kahuna para a saúde e mostra quemesmo aqueles que se especializam em ervas podem melhorar a técnica com boapsicologia e manipulação física, bem como telepatia, clarividência, cores, astrologia e  mana. Embora os psicólogos modernos questionem a validades das últimas, para o kahunaelas simplesmente fazem parte do repertório do tratamento. 

Em seu Prólogo, Gutmanis descreve o tratamento kahuna de uma mulher, por voltado ano de 1900. O notável no processo é o óbvio entendimento, por parte do kahuna, dapsicogênese da doença; e isso ocorreu apenas cinco anos depois da publicação  Studies onHysteria, de Freud e Breuer. Também fascinante é que a mulher foi aconselhada por seumédico não havaiano a procurar um kahuna, pois ele não fora capaz de tratar suas doresde cabeça e a garganta inflamada. 

O kahuna começou o tratamento de maneira surpreendentemente moderna, pedindoo "histórico" da paciente; isto é, perguntando-lhe que problemas a preocupavam.Imediatamente, ela relatou uma briga feia com o filho, que o fizera sair de casa. As dores

começaram logo depois disso. Quando a história acabou, o kahuna ordenou que a famíliaajuntasse determinados itens necessários para o ritual de cura. Seu diagnóstico era que elacometera um erro e estava sofrendo as consequências. As dores eram o resultado de umaculpa extrema, e os "deuses" teriam de ser invocados para ajudar. Primeiro, ele pediu quea mulher fizesse uma confissão completa de sua culpa na presença da família. Em seguida,ele realizou uma purificação da casa, do quintal e de tudo nela existente para limpar aatmosfera emocional deixada pela briga. Esse procedimento faz parte da crença kahuna deque as emoções são uma forma de energia verdadeira que pode afetar o ambiente e aspessoas que entram em contato com ele. Em seguida, ele preparou a comida e as ervas,explicou sua simbologia, consagrou-as, e começou a rezar. Como a mulher era cristã,primeiro ele rezou à Trindade, pedindo ajuda para a cura. Mas como ela era havaiana, elerezou também aos antigos deuses havaianos. Dessa forma, ele incorporou todas as crençasreligiosas da mulher, num procedimento condizente com a ideia de que o tratamento devesempre ser adaptado às crenças do paciente e que o resultado é mais importante que ométodo. 

Após as orações, a maior parte da comida foi dada à mulher, e o resto dividido entreos familiares. Todos os presentes compreenderam isso como uma forma de comunhão,mas foi um momento agradável e feliz. Até esse ponto, o tratamento tinha levado oitohoras, com a mulher sendo o centro das atenções. Então, o kahuna lhe disse para ir dormire que os deuses lhe dariam um sonho, caso estivessem satisfeitos com suas oferendas. Namanhã seguinte, ela contou um sonho sobre seu filho, no qual tudo era perdoado entre osdois. Entretanto, em vez de terminar o tratamento aí, o kahuna prosseguiu e fez a mulherpassar por uma cerimônia de purificação no mar para "selar" a cura. Parte dessa cerimôniaenvolvia o visível efeito placebo de passar uma  lei  (guirlanda de flores) sobre as áreasafetadas para eliminar os últimos vestígios da doença. Antes de sair, o kahuna prescreveuque a paciente consumisse ouriço-do-mar, rico em vitaminas, todos os dias, até recuperartodo o seu vigor. 

A semelhança com a psiquiatria moderna nessa história é tão óbvia que nenhumoutro comentário é necessário. O resto do livro trata basicamente da prática da medicinacom ervas, mas Gutmanis inclui mais alguns relatos de tratamentos semelhantes a esse. 

Huna: A Beginner's Guide,  de Enid Hoffman, Gloucester, Mass.: ParaResearch, 1976.Um livro com linguagem informal, amigável, baseado nos ensinamentos de Max Long, masenfatizando a comunicação e o treinamento com o subconsciente. É uma ótima introdução

a Huna, e contém alguns conselhos excelentes sobre como usar o pêndulo para aautopercepção e o autodesenvolvimento. Hoffman observa corretamente que foi Long

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quem iniciou o uso do pêndulo em ligação ao conceito Huna de comunicação etreinamento subconsciente. 

Imagineering for Health, de Serge King. Wheaton, Ill.: Theosofical Publishing House,Quest Books, 1981. Esse livro de minha autoria não contém uma única palavra havaiananem qualquer menção aos kahunas, mas se baseia inteiramente em meu treinamento e

estudo kahuna. A primeira parte trata da natureza das crenças e da mente; a segundaparte relaciona crenças e doenças a áreas específicas do corpo; e a terceira parte é repletade técnicas de cura práticas. 

The Kahunas: Versatile Mystics of Old Hawaii,  de L. R. McBride. Hilo, Havaí: PetroglyphPress, 1972. É um excelente livrinho, escrito por um homem que obviamente temprofundo amor e grande respeito pelas coisas havaianas. No segundo capítulo, ele fala daslendas sobre os sacerdotes ou kahunas brancos trazidos de terras estrangeiras, e cita umafonte histórica que diz que "dois dos sumos sacerdotes mais proeminentes em todas asilhas eram descendentes desses estrangeiros". Há muitas informações sobre vários tiposde especialistas kahunas, incluindo curandeiros, e um bom capítulo sobre o poder daspalavras. Por todo o livro aparecem muitas palavras e frases havaianas que seriam do

interesse de qualquer pessoa que deseje fazer mais pesquisas sobre Huna. Children ofthe Rainbow, de Leinani Melville. Wheaton, 111.: Theosophical Publishing

House, Quest Books, 1969. Melville recebeu de sua avó, na década de 1930, a tarefa deescrever esse livro sobre a religião, as lendas e os deuses do Havaí pré-cristão. Ele sóterminou o livro, porém, no fim dos anos de 1960. Diz que foi ajudado por Lahilahi Webb,um ex-guarda de tesouros havaianos no Museu Bishop em Honolulu, que lhe mostroucomo decodificar a língua havaiana. Também teve ajuda de uma senhora idosa havaianaque lhe ensinou as verdades espirituais sobre as quais ele escreve. Melville insiste em usara pronúncia taitiana para palavras havaianas, dizendo em determinado ponto que "osmissionários, após se estabelecerem, criaram uma nova língua para os 'pagãos que elesvieram salvar do abismo da escuridão', usando uma de suas expressões. Eles removeram o  

R nativo e o substituíram por um L, mudaram o 7 para K, e substituíram V por W. Isso é umabsurdo linguístico, mas Melville obviamente não via os missionários com bons olhos. Elerelaciona um número de lendas, como as deve ter ouvido, e se aventura em algumastraduções altamente criativas dos versos Kumulipo. A origem dos polinésios é atribuída aMu, que ele também chama de Ta Rua, e os ensinamentos kahunas são apresentados emum estilo muito "espiritual". Cerca de um terço do livro é tomado por antigos símboloshavaianos usados em tecidos e outras coisas. Os símbolos são válidos, mas a interpretaçãode Melville quanto ao significado é passível de questionamento. 

The Kahunas: The Black —  and White - Magicians of Hawaii,  editado por Sibley S.Morrill. Boston: Branden Press, 1969. Uma coletânea de dez artigos curtos sobre oskahunas, de autores do século XIX e XX, esse pequeno livro contém interessantes materiais

históricos e pontos de vista. Em um dos artigos, Morril diz: "Realmente, se fizermos uma tentativa razoável de julgar a questão das evidênciasoferecidas, a única coisa sensata que podemos fazer é, no mínimo, realizarmos um estudosério das afirmações kahunas do Havaí —  não com o propósito de desmenti-las, masapenas para descobrir quais são os fatos, um procedimento que deveria ser adotado noexame de qualquer assunto de interesse e disputa". 

J. S. Emerson, cujo preconceito cristão é demonstrado em sua referência às "inefáveisabominações de hula",  mostra, porém, um bom discernimento quando diz, em relação auma cerimônia kahuna: "Em suma, o deus não faz o kahuna, mas o kahuna frequentementefaz o seu deus". Francis J. Green escreveu sobre o treinamento dos tohungas  (kahunas)maoris, e disse que ao fim de um período de cinco anos, o candidato tinha de passar em

quatro testes, o último dos quais era enfeitiçar um escravo ou nativo e fazê-lo cair morto.

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Como eles não eram renegados, acredito que esse teste tinha a ver com hipnose e induçãoà inconsciência com uma grande carga de mana, em vez de morte. 

The Miracle of Mana-Force,  de Madeleine C. Morris. West Nyack, N.Y.: ParkerPublishing Co., 1975. Há uma certa classe de livros que eu chamo de "pop-positivos". Elestêm títulos sugestivos, técnicas com nomes pseudotecnológicos e prometem riqueza, amor

e poder além de nossa imaginação. As vezes, apesar da "hipérbole", esses livros contêmboas informações. O livro de Morris é um desses. Os títulos dos capítulos são suficientespara afastar qualquer estudante sério de Huna (exemplos: "Campodomia da Força Mana;Apertando o Botão Mágico MFP para qualquer Quantidade de Dinheiro; Encantamétrica daForça Mana"), e a "casuística" se torna cansativa. Entretanto, o livro está cheio de técnicasbem organizadas e trabalháveis para situações muito específicas. Nesse sentido, ele supreuma necessidade que a maioria dos outros livros não satisfaz. Infelizmente, Morris afirmaque obteve todo esse conhecimento sobre mana,  os três eus e aka  diretamente de umakahuna, quando é gritantemente óbvio, a julgar pela fraseologia, que ela tirou tudo de MaxLong, sem lhe dar os devidos créditos. 

Nana I Ke Kumu, de Mary K. Pukui, E. W. Haertig, e Catherine A. Lee. Honolulu: Hui

Hanai, 1975. Uma obra ímpar,  Nana I Ke Kumu  foi publicada pelo  Queen LiliuokalaniChildrens Center, um centro para o bem-estar da criança, com o propósito de apresentar eesclarecer conceitos culturais havaianos e compará-los às modernas noções psiquiátricase psicológicas. Como dizem os autores, ele foi escrito basicamente para médicos,psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, membros do clero, etc., quetrabalham como os havaianos. Muitos equívocos culturais ocorreram entre os havaianosnecessitados e os não-havaianos envolvidos em profissões de ajuda, e esses equívocosatrapalharam grandemente a assistência efetiva. Quanto ao formato, o livro apresentapalavras ou frases havaianas representando conceitos profundamente arraigados e osexplica por meio de casuística e análise. A maioria das explicações foi obtida por MaryPukui, cujos ancestrais havaianos incluem kahunas. Como resultado, foram incluídosmuitos conceitos e práticas kahuna tradicionais, além de referências a experiênciasmísticas e psíquicas. Nas palavras dos autores: 

"Há muitas referências a ocorrências sobrenaturais ou místicas. Embora sejam dadasinterpretações e comparações psiquiátricas, necessárias para o propósito deste livro, osautores não consideram sua prerrogativa concordar ou discordar com o carátersobrenatural dos incidentes. Essas experiências místicas foram relatadas com a maiorfidelidade possível. Sua inclusão neste volume é essencial. A vida e o pensamentohavaianos não podem ser compreendidos sem que se saiba dessas experiências." 

Por todo o livro, os autores explicam repetidamente quantos havaianos modernosconfundiram o conhecimento antigo e não entendem mais as próprias tradições, conformeeram ensinadas pelos antigos kahunas. Isso geralmente resulta em desordens

psicogenéticas baseadas em crenças errôneas; desordens de uma natureza com a qual osnão-havaianos não conseguem se identificar. Os autores mencionam ainda queexperiências como ver e falar com visões, que um psiquiatra moderno poderia classificarde esquizofrenia, não são necessariamente patológicas no contexto havaiano. 

Entre as importantes ideias presentes no livro, uma que se destaca nos termos destaobra é a explicação do conceito ho'oponopono. É uma forma de terapia em família/grupopraticada desde tempos antigos até os dias atuais, geralmente conduzida por um kahunaou membro mais velho da família. A semelhança com as modernas terapias em grupo énotável. O formato básico, tirado do livro, é o seguinte: 

Oração de abertura e orações sempre que necessário. 

Uma afirmação do problema óbvio a ser resolvido ou impedido de piorar. 

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A "resolução" de cada problema sucessivo que se torna evidente (chamada de mahiki, "descascar"). 

Auto-escrutínio e discussão de condutas, atitudes e emoções individuais. 

Uma qualidade de verdade e sinceridade absolutas. 

Controle de emoções destrutivas, canalizando a discussão através do líder. Questionamento dos participantes pelo líder. 

Confissão honesta aos deuses (ou a Deus) e uns aos outros de erros, raivas eressentimentos. 

Restituição imediata ou planos para fazer a restituição assim que possível. 

Perdão mútuo e liberação de culpas, ressentimentos e tensões ocasionados pela falhacometida. 

Oração de encerramento (ritual). 

Depois da resolução de uma disputa, o líder declararia ho'omalu (paz), indicando que

o assunto está encerrado de uma vez por todas e não deve ser retomado. Um segundovolume de Nana I Ke Kumu tem ótimos capítulos sobre os kahunas e cura, sonhos, PES econceitos de autoimagem entre os havaianos. 

The Kahuna Sorcerers ofHawaii, Past and Present,  de Julius Scammon Rodman.Hicksville, N.Y.: Exposition Press, 1979. Esse livro é muito interessante e informativo sobvários pontos de vista, particularmente no que diz respeito ao real conhecimento kahuna.Nesse sentido, o livro é basicamente uma coletânea de superstições sobre os kahunas, e,embora Rodman mencione os curandeiros kahuna, ele está mais interessado ematerrorizar o leitor com histórias de maldições kahunas. O tom do livro é definido noprefácio de Evelyn Wells, que diz: 

"Se você encontrar um kahuna, sentado ao seu lado talvez diante de um balcão paraalmoçar ou num bar, ele lhe parecerá uma pessoa comum, mas você não deve dizer oufazer coisa alguma que o ofenda. Você o reconhecerá pelo brilho avermelhado em seusolhos, quando ele olhar para você. Os olhos do kahuna são vermelhos assim por causa daspoções mágicas que o ajudam a desenvolver seus extraordinários poderes". 

Essa descrição é tão pitoresca que um programa popular de TV no Havaí usou-acomo base para um programa envolvendo um kahuna, com efeitos especiais e tudo. Naverdade, a superstição sobre uma kahuna com olhos vermelhos (kahuna makole) vem dofato de makole  ser um trocadilho, um dos entretenimentos havaianos favoritos. E umacontração de maka ole, um eufemismo de maka ula, que significa "com olhos vermelhos",mas também "profeta ou mago", quando pronunciada como uma única palavra, makaula. Eos kahunas não obtêm seus poderes de poções mágicas, mas de disciplinas mentais. Alémde fazer pleno uso de contos supersticiosos, Rodman emprega insinuações quando nãoencontra fontes que sustentem suas idéias. Por exemplo, ele diz: "Não há como saberatualmente até que ponto os chineses influenciaram determinadas práticas kahunashavaianas". Prossegue dizendo que eles exerceram alguma influência simplesmenteporque estavam lá. ("Um chinês fabricava açúcar em 1802"). Essa inconstância é geral.Após reconhecer Mary K. Pukui como "a maior autoridade havaiana em questões decultura clássica", ele praticamente diz que as afirmações dela sobre as práticas kahunapré-descobertas não são confiáveis. Para dar algum crédito a Rodman, ele inclui no livroalgumas cartas e manuscritos muito interessantes de Leinani Melville; comentário críticode Charles Kenn, autoridade em cultura havaiana e um dos poucos professores da arte delua (combate corpo-a-corpo); e boas fotos históricas. Cerca de um terço do livro é

dedicado a práticas funerárias antigas e modernas e sua busca pelo tesouro de

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7/18/2019 Magia e Cura Kahuna - Serge Kahili King - 2010

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Serge Kahili King –  Magia e Cura Kahuna 

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Kamehameha, duas coisas que nada têm a ver com os kahunas, embora sejam assuntosinteressantes. 

 Ano'Ano: The Seed,  de Kristin Zambucka. Honolulu: Mana Publishing Co., 1978. Umlivro curto, escrito em estilo quase poético com lindas ilustrações, repleto deensinamentos kahuna em forma condensada. Os ensinamentos são apresentados como

uma história na qual os insulanos estão procurando a verdade sobre si próprios e seumundo. Zambucka diz que ela completou o trabalho "após muitos anos de pesquisa epintura na área do Pacífico". WK recomenda esse livro como uma boa ilustração de ideiaskahunas. Entre as ideias apresentadas, há esta, que é uma premissa fundamental daabordagem de cura psicossomática e muito apropriada como conclusão deste volume: 

"Ainda que eu viaje longe, só conhecerei o que levo comigo, pois todo homem é umespelho. Só vemos a nós mesmos refletidos naqueles que estão à nossa volta. Suas atitudese ações são reflexos das nossas. O mundo inteiro e suas condições têm seus equivalentesdentro de nós. Olhe para dentro. Corrija-se e o seu mundo mudará." 

Outras Referências 

ASSAGIOLI, Roberto. The Act ofWill. Baltimore: Penguin Books, Inc., 1974. 

BECKWITH, Martha. The Kumulipo. Honolulu: University Press of Hawaii, 1972. 

BENSON, Herbert.  The Relaxation Response.  Nova Iorque: William Morrow & Co., Inc.,1975. 

BUCK, Peter H . Vikings of the Pacific. Chicago: University of Chicago Press, 1972. 

CHURCHWARD, James. The Children of Mu. Nova Iorque: Ives Washburn, 1956. 

ELLIS, William. Polynesian Researches: Hawaii. Tóquio: Charles E. Tuttle Co., 1969. 

FEHER, Joseph, ed. Hawaii: A Pictorial History. Honolulu: Bishop Museum Press, 1969. FORNANDER, Abraham. An Account of the Polynesian Race. Tóquio: Charles E. Tuttle Co.,1969. 

HEYERDAHL, Thor. Aku-Aku. Nova Iorque: Allen and Unwin, 1958. 

KALAKAUA, David. The Legends and Myths of Hawaii. Tóquio: Charles E. Tuttle Co., 1972. 

KING, Serge V. The Hidden Knowledge of Huna Science.  Santa Monica: Huna Enterprises,1976. 

LONG, Max Freedom. Growing Into Light. Los Angeles: De Vorss, 1955. 

 _______ , The Huna Code in Religions. Los Angeles: De Vorss, 1965. 

 _______ . Psychometric Analysis. Los Angeles: De Vorss, 1959.