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  • 1

  • 2Manual de Primeiros Socorros

    Manual de Primeiros Socorros

    '2003 - Ministrio da Sade

    permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada afonte.

    Tiragem: 2.000 exemplares

    Edio, distribuio e informaes:Ministrio da SadeFundao Oswaldo Cruz - FIOCRUZVice Presidncia de Servios de Referncia e AmbienteNcleo de BiosseguranaAv. Brasil 4036 sala 715 e 716 Manguinhos21040 361, Rio de Janeiro, R.J.Fone: (21) 3882 9158Fax: (21) 2590 5988

    Impresso no Brasil /Printed in Brazil

    ISBN:

    FICHA CATALOGR`FICA

    Brasil, Ministrio da Sade. Fundao Oswaldo Cruz. FIOCRUZ.Vice Presidncia de Servios de Referncia e Ambiente.Ncleo de Biossegurana. NUBio

    Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro.FundaoOswaldo Cruz, 2003.

    170p.1. Primeiros Socorros.2. Atendimento emergencial.

  • 3Ministrio da SadeMinistro Barjas Negri

    Fundao Oswaldo CruzPresidentePaulo Marchiori BussVice-Presidncia de Pesquisa e Desenvolvimento TecnolgicoEuzenir Nunes SarnoVice-Presidncia de Ensino e Recursos HumanosTnia Celeste Matos NunesVice-Presidncia de Desenvolvimento Institucional, Informaoe ComunicaoPaulo Ernani Gadelha VieiraVice-Presidncia de Servios de Referncia e AmbienteAry Carvalho de Miranda

    AutorTelma Abdalla de Oliveira Cardoso

    ColaboradorIvana Silva

    RevisoJoaquim Moreira Nunes

    Digitalizao de ImagensJos Pereira ArdionsElias Azeredo de OliveiraAilton Santos

    Tratamento de ImagensAilton Santos

    Projeto Grfico, Diagramao e Capa:Ailton Santos

  • 4Manual de Primeiros Socorros

    SUM`RIO

    Pgina

    APRESENTAO 6

    PREF`CIO 7

    INTRODUO 8

    I - CAPTULO GERAL 9

    Consideraes Gerais 9Etapas Bsicas 9 Avaliaao do local do acidente 10

    Proteo vtima 11Avaliao e exame do acidentado 11

    Funes, Sinais Vitais e de Apoio 15Asfixia 30Ressuscitao Cardio-Respiratria 32

    Identificao da PCR 34Estado de Choque 47Transporte de Acidentados 51Hemorragias 67Corpos Estranhos 79

    II - CAPTULO EMERGNCIAS CLNICAS 86

    Edema Agudo de Pulmo 86Infarto do Miocrdio 88Crise Hipertensiva 90Clica Renal 92Comas Diabtico e Hipoglicmico 93Hipertermia 96Insolao 97Exausto pelo Calor 99Cibras de Calor 100Diarria 100Choque Eltrico 102Desmaio 105Alteraes Mentais 107

  • 5Convulso 107Neurose Histrica 110Alccolismo agudo 112

    III - CAPTULO EMERGNCIAS TRAUM`TICAS 114

    Ferimentos 114Ferimentos na Cabea 115Leses Oculares 115

    Traumatismo Torcico 116Traumatismo Abdominal 117Leses de Tecidos Moles 118Contuses 121Escoriaes 123Esmagamentos 123Amputaes 124Queimaduras 126

    Queimaduras Trmicas 134Queimaduras Qumicas 137Queimaduras por Eletricidade 138Queimaduras por Frio 140

    Bandagens 142Leses Traumato-Ortopdicas 151

    Entorses e Luxaes 153Fraturas 156

    Mordeduras de Animais 161

    IV - CAPTULO ENVENENAMENTO E INTOXICAO 165

    Intoxicaes Medicamentosas 166Plantas Venenosas 175Acidentes com Animais Peonhentos e Venenosos 177

    V - CAPTULO OUTRAS OCORRNCIAS 199

    Acidentes radioativos 200Partos de emergncia 204

    REFERNCIAS 205

  • 6Manual de Primeiros Socorros

    APRESENTAO

  • 7PREF`CIO

    Esta publicao tem como principal escopo orientar profissionais,que embora no sejam diretamente ligados rea de assistncia sade,so servidores da Fundao Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), que desejem secapacitar para atuar na primeira abordagem de um acidentado, prestando-lhe os primeiros e fundamentais cuidados. O que se pode afirmar comembasamentos tericos e prticos que dessa primeira abordagem estfreqentemente a depender o xito de todas as demais fases de tratamentoe reabilitao, portanto, tambm vale a pena ressaltar que de tal maneiraimportante este momento inicial de abordagem do acidentado (clnico outraumtico) que se pode afirmar ainda que o futuro da vtima, quanto asua integridade como indivduo, com seqelas ou sem elas, possibilidadesde reabilitao, qualidade de vida ps-acidente e mesmo vida e morte,dependem deste primeiro momento, realizado por profissional de outrasreas, porm treinados em prticas de primeiros socorros. Este Manual dePrimeiros Socorros visa tambm possibilitar a caracterizao entre acidentes,ambientes de trabalho e ocupaes, o que indispensvel para que haja asegurana e a qualidade de sade dos trabalhadores.

    Faz parte, assim, ao se tentar influir no processo de melhoria doatendimento das emergncias clnicas e cirrgicas do Sistema nico deSade (SUS) em permanente crise em nosso Estado, ao definir previamente(antes do encaminhamento a servios especializados) as condies vitaisdo acidente.

    Este Manual contem informaes capazes de bem orientar aqueleprofissional da FIOCRUZ disposto a ser tambm um primeiro socorrista emsituaes de emergncia, claro est que no pretenso de seusorganizadores que ele seja sozinho um instrumento capaz de resolver todosos problemas dos muitos e variados acidentes possveis em nossos locaisde trabalho, mas ainda que ele seja uma nica fonte de informaes prontae acabada, certamente incompleta e necessita de freqentes atualizaese revises. H tambm a necessidade de identificao dos profissionais ede um treinamento das tcnicas aqui recomendados.

    Ao editar este Manual a FIOCRUZ reafirma o seu secular compromissocom as aes de sade pblica e de resguardo e promoo da sade detodos os trabalhadores desta instituio.

    Joaquim Moreira Nunes

    Prefcio

  • 8Manual de Primeiros Socorros

    INTRODUO

    Com o aumento da complexidade das tarefas executadas pelasdiversas Unidades da FIOCRUZ, os riscos tornam-se cada vez mais presentese eminentes, requisitando medidas no sentido de evitar a ocorrncia defatos catastrficos. O Ncleo de Biossegurana, da Vice Presidncia deServios de Referncia e Ambiente, preocupado em atender cominformaes a comunidade da Fundao Oswaldo Cruz, elaborou o Manualde Primeiros Socorros, concentrando esforos multidisciplinares no sentidode subsidiar aes preventivas nos agravamentos de acidentes ou de malessbitos.

    Podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidadosimediatos que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vtima deacidentes ou de mal sbito, cujo estado fsico pe em perigo a sua vida,com o fim de manter as funes vitais e evitar o agravamento de suascondies, aplicando medidas e procedimentos at a chegada de assistnciaqualificada.

    Qualquer pessoa treinada poder prestar os Primeiros Socorros,conduzindo-se com serenidade, compreenso e confiana. Manter a calmae o prprio controle, porm, o controle de outras pessoas igualmenteimportante. Aes valem mais que as palavras, portanto, muitas vezes oato de informar ao acidentado sobre seu estado, sua evoluo ou mesmosobre a situao em que se encontra deve ser avaliado com ponderaopara no causar ansiedade ou medo desnecessrios. O tom de voz tranqiloe confortante dar vtima sensao de confiana na pessoa que o estsocorrendo.

    O desenvolvimento das atividades nas instituies de sade pblicaoferece riscos especficos de acidentes de trabalho, sendo assim, osfuncionrios destas instituies devem ter conhecimentos de princpiosbsicos em primeiros socorros.

  • 9CAPTULO IGERAL

    Consideraes Gerais

    Neste Manual fornecemos orientaes em situaes de acidentes afim de subsidiar o atendimento a um acidentado.

    Lembramos que a funo de quem est fazendo o socorro :

    1.Contatar o servio de atendimento emergencial da FIOCRUZ (NUST- Ncleo de Sade do Trabalhador/DIREH).

    2. Fazer o que deve ser feito no momento certo, afim de:a.Salvar uma vidab.Prevenir danos maiores

    3.Manter o acidentado vivo at a chegada deste atendimento.4.Manter a calma e a serenidade frente a situao inspirando

    confiana.5.Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao

    acidentado.6.Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado,

    afastando-as do local do acidente, evitando assim causar o chamado"segundo trauma", isto , no ocasionar outras leses ou agravar as jexistentes.

    7.Ser o elo das informaes para o servio de atendimentoemergencial.

    8.Agir somente at o ponto de seu conhecimento e tcnica deatendimento. Saber avaliar seus limites fsicos e de conhecimento. Notentar transportar um acidentado ou medic-lo.

    O profissional no mdico dever ter como princpio fundamentalde sua ao a importncia da primeira e correta abordagem ao acidentado,lembrando que o objetivo atend-lo e mant-lo com vida at a chegadade socorro especializado, ou at a sua remoo para atendimento.

    Etapas Bsicas de Primeiros Socorros

    O atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em etapasbsicas que permitem a maior organizao no atendimento e, portanto,resultados mais eficazes.

    Captulo I Geral

  • 10

    Manual de Primeiros Socorros

    1. Avaliao do Local do Acidente

    Esta a primeira etapa bsica na prestao de primeiros socorros.Ao chegar no local de um acidente, ou onde se encontra um

    acidentado, deve-se assumir o controle da situao e proceder a umarpida e segura avaliao da ocorrncia. Deve-se tentar obter o mximode informaes possveis sobre o ocorrido. Dependendo das circunstnciasde cada acidente, importante tambm:

    a) evitar o pnico e procurar a colaborao de outras pessoas, dandoordens breves, claras, objetivas e concisas;

    b) manter afastados os curiosos, para evitar confuso e para terespao em que se possa trabalhar da melhor maneira possvel.

    Ser gil e decidido observando rapidamente se existemperigos para o acidentado e para quem estiver prestando

    o socorro

    A proteo do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor daavaliao da ocorrncia e do afastamento de pessoas curiosas ou quevisivelmente tenham perdido o autocontrole e possam prejudicar aprestao dos primeiros socorros

    importante observar rapidamente se existem perigos para oacidentado e para quem estiver prestando o socorro nas proximidades daocorrncia. Por exemplo: fios eltricos soltos e desencapados; trfego deveculos; andaimes; vazamento de gs; mquinas funcionando. Devem-seidentificar pessoas que possam ajudar. Deve-se desligar a corrente eltrica;evitar chamas, fascas e fagulhas; afastar pessoas desprotegidas dapresena de gs; retirar vtima de afogamento da gua, desde que o faacom segurana para quem est socorrendo; evacuar rea em risco iminentede exploso ou desmoronamento.

    Avaliar o acidentado na posio em que ele se encontra, s mobiliz-lo com segurana (sem aumentar o trauma e os riscos), sempre que possveldeve-se manter o acidentado deitado de costas at que seja examinada, eat que se saiba quais os danos sofridos. No se deve alterar a posio emque se acha o acidentado, sem antes refletir cuidadosamente sobre o queaconteceu e qual a conduta mais adequada a ser tomada.

    Se o acidentado estiver inconsciente, por sua cabea em posiolateral antes de proceder avaliao do seu estado geral.

    preciso tranqilizar o acidentado e transmitir-lhe segurana econforto. A calma do acidentado desempenha um papel muito importante

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    na prestao dos primeiros socorros. O estado geral do acidentado podese agravar se ela estiver com medo, ansiosa e sem confiana em quemest cuidando.

    2. Proteo do Acidentado

    Avaliao e Exame do Estado Geral do acidentado

    A avaliao e exame do estado geral de um acidentado de emergnciaclnica ou traumtica a segunda etapa bsica na prestao dos primeirossocorros. Ela deve ser realizada simultaneamente ou imediatamente "avaliao do acidente e proteo do acidentado".

    O exame deve ser rpido e sistemtico, observando as seguintesprioridades:

    Estado de conscincia: avaliao de respostas lgicas (nome, idade,etc).

    Respirao: movimentos torcicos e abdominais com entrada e sadade ar normalmente pelas narinas ou boca.

    Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangueque se perde. Se arterial ou venoso.

    Pupilas: verificar o estado de dilatao e simetria (igualdade entreas pupilas).

    Temperatura do corpo: observao e sensao de tato na face eextremidades.

    Deve-se ter sempre uma idia bem clara do que se vai fazer, parano expor desnecessariamente o acidentado, verificando se h ferimentocom o cuidado de no moviment-lo excessivamente.

    Em seguida proceder a um exame rpido das diversas partes docorpo.

    Se o acidentado est consciente, perguntar por reas dolorosas nocorpo e incapacidade funcionais de mobilizao. Pedir para apontar onde a dor, pedir para movimentar as mos, braos, etc.

    Cabea e Pescoo

    Sempre verificando o estado de conscincia e a respirao doacidentado, apalpar, com cuidado, o crnio a procura de fratura,hemorragia ou depresso ssea.

    Proceder da mesma forma para o pescoo, procurando verificar opulso na artria cartida, observando freqncia, ritmo e amplitude, correros dedos pela coluna cervical, desde a base do crnio at os ombros,procurando alguma irregularidade. Solicitar que o acidentado movimente

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    lentamente o pescoo, verificar se h dor nessa regio. Movimentar lentae suavemente o pescoo, movendo-o de um lado para o outro. Em casode dor pare qualquer mobilizao desnecessria.

    Perguntar a natureza do acidente, sobre a sensibilidade e a capacidadede movimentao dos membros visando confirmar suspeita de fratura nacoluna cervical.

    Coluna Dorsal

    Perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal correr amo pela espinha do acidentado desde a nuca at o sacro. A presena dedor pode indicar leso da coluna dorsal.

    Trax e Membros

    Verificar se h leso no trax, se h dor quando respira ou se h dorquando o trax levemente comprimido.

    Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braos e verificara existncia de dor ou incapacidade funcional. Localizar o local da dor eprocurar deformao, edema e marcas de injees. Verificar se h dor noabdome e procurar todo tipo de ferimento, mesmo pequeno. Muitas vezesum ferimento de bala pequeno, no sangra e profundo, comconseqncias graves.

    Apertar cuidadosamente ambos os lados da bacia para verificar seh leses. Solicitar vtima que tente mover as pernas e verificar se h dorou incapacidade funcional.

    No permitir que o acidentado de choque eltrico ou traumatismoviolento tente levantar-se prontamente, achando que nada sofreu. Eledeve ser mantido imvel, pelo menos para um rpido exame nas reas quesofreram alguma leso. O acidentado deve ficar deitado de costas ou naposio que mais conforto lhe oferea.

    Exame do acidentado Inconsciente

    O acidentado inconsciente uma preocupao, pois alm de se terpoucas informaes sobre o seu estado podem surgir, complicaes devido inconscincia.

    O primeiro cuidado manter as vias respiratrias superioresdesimpedidas fazendo a extenso da cabea, ou mant-la em posio lat-eral para evitar aspirao de vmito. Limpar a cavidade bucal.

    O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do acidentadoconsciente, s que com cuidados redobrados, pois os parmetros de fora

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    e capacidade funcional no podero ser verificados. O mesmo ocorrendocom respostas a estmulos dolorosos.

    importante ter cincia que nos primeiros cuidados ao acidentadoinconsciente a dever ser mnima.

    A observao das seguintes alteraes deve ter prioridade acima dequalquer outra iniciativa. Ela pode salvar uma vida:

    Falta de respirao; Falta de circulao (pulso ausente); Hemorragia abundante; Perda dos sentidos (ausncia de conscincia); Envenenamento.Observaes:1.Para que haja vida necessrio um fluxo contnuo de oxignio

    para os pulmes. O oxignio distribudo para todas as clulas do corpoatravs do sangue impulsionado pelo corao. Alguns rgos sobrevivemalgum tempo sem oxignio, outros so severamente afetados. As clulasnervosas do crebro podem morrer aps 3 minutos sem oxignio.

    2.Por isso mesmo muito importante que algumas alteraes oualguns quadros clnicos, que podem levar a essas alteraes, devem terprioridade quando se aborda um acidentado de vtima de mal sbito. Soelas:

    obstruo das vias areas superiores; parada crdio-respiratria; hemorragia de grandes volumes; estado de choque (presso arterial, etc); comas (perda da conscincia); convulses (agitaes psicomotoras); envenenamento (intoxicaes exgenas); diabetes mellitus (comas hiper e hipoglicmicos); infarto do miocrdio; e queimaduras em grandes reas do corpo.3.Toda leso ou emergncia clnica ocorrida dentro do mbito da

    Instituio deve ser comunicada ao NUST - Ncleo de Sade do trabalhador/ DIREH, atravs de uma ficha de registro especfica e anotada no "livro deregistro de acidentes".

    4. importante ter sempre disponvel os nmeros dos telefones e osendereos de hospitais e de centros de atendimento de emergncia;;socorro especializado para emergncias cardacas; planto da ComissoNacional de Energia Nuclear; locais de aplicao de soros antiveneno decobra e de outros animais peonhentos e centro de informaes txico-farmacolgicas.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Resumo

    Para o bom atendimento imprescindvel:1.Manter a calma. Evitar pnico e assumir a situao.2.Antes de qualquer procedimento, avaliar a cena do acidente e

    observar se ela pode oferecer riscos, para o acidentado e para voc. EMHIPTESE NENHUMA PONHA SUA PRPRIA VIDA EM RISCO.

    3.Os circunstantes devem ser afastados do acidentado, com calmae educao. O acidentado deve ser mantido afastado dos olhares decuriosos, preservando a sua integridade fsica e moral.

    4.Saiba que qualquer ferimento ou doena sbita dar origem auma grande mudana no ritmo da vida do acidentado, pois o colocarepentinamente em uma situao para a qual no est preparado e quefoge a seu controle. Suas reaes e comportamentos so diferentes donormal, no permitindo que ele possa avaliar as prprias condies desade e as conseqncias do acidente. Necessita de algum que o ajude.Atue de maneira tranqila e hbil, o acidentado sentir que est sendobem cuidado e no entrar em pnico. Isto muito importante, pois aintranqilidade pode piorar muito o seu estado.

    5.Em caso de bito sero necessrias testemunhas do ocorrido. Obtera colaborao de outras pessoas dando ordens claras e concisas. Identificarpessoas que se encarreguem de desviar o trnsito ou construir umaproteo provisria. Uma tima dica dar tarefas como, por exemplo:contatar o atendimento de emergncia, buscar material para auxiliar noatendimento, como talas e gaze, avisar a polcia se necessrio, etc.

    6.JAMAIS SE EXPONHA A RISCOS. Utilizar luvas descartveis e evitar ocontato direto com sangue, secrees, excrees ou outros lquidos.Existem vrias doenas que so transmitidas atravs deste contato

    7.Tranqilizar o acidentado. Em todo atendimento ao acidentadoconsciente, comunicar o que ser feito antes de executar para transmitir-lhe confiana, evitando o medo e a ansiedade.

    8.Quando a causa de leso for um choque violento, deve-sepressupor a existncia de leso interna. As vtimas de trauma requeremtcnicas especficas de manipulao, pois qualquer movimento errado podepiorar o seu estado. Recomendamos que as vtimas de traumas no sejammanuseadas at a chegada do atendimento emergencial. Acidentadospresos em ferragens s devem ser retirados pela equipe de atendimentoemergencial.

    9.No caso do acidentado ter sede, no oferea lquidos para beber,apenas molhe sua boca com gaze ou algodo umedecido.

    10.Cobrir o acidentado para conservar o corpo quente e proteg-lodo frio, chuva, etc.

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    11.Em locais onde no haja ambulncia, o acidentado s poder sertransportado aps ser avaliado, estabilizado e imobilizado adequadamente.Evite movimentos desnecessrios.

    12.S retire o acidentado do local do acidente se esse local causarrisco de vida para ele ou para o socorrista. Ex: risco de exploso, estradaperigosa onde no haja como sinalizar, etc.

    A pessoa que est prestando os primeiros socorros deveseguir um plano de ao baseando-se no P.A.S., que so astrs letras iniciais a partir das quais se desenvolvem todasas medidas tcnicas e prticas de primeiros socorros.Prevenir - afastar o perigo do acidentado ou o acidentadodo perigoAlertar - contatar o atendimento emergencial informandoo tipo de acidente, o local, o nmero de vtimas e o seuestado.Socorrer - aps as avaliaes

    Funes, Sinais Vitais e de Apoio

    Introduo

    A atividade de primeiros socorros pressupe o conhecimento dossinais que o corpo emite e servem como informao para a determinaodo seu estado fsico.

    Alguns detalhes importantes sobre as funes vitais, os sinais vitaise sinais de apoio do corpo humano precisam ser compreendidos.

    Funes Vitais

    Algumas funes so vitais para que o ser humano permanea vivo.So vitais as funes exercidas pelo crebro e pelo corao. Mas paraexercerem suas funes, estes rgos executam trabalhos fsicos e qumicos,transformando a prpria vida em uma macro-representao das atividadesda menor unidade funcional do corpo: a clula.

    Cada tecido constitudo por clulas, e da vida delas que dependea vida dos seres vivos. As clulas tiram nutrientes para sua vida diretamentedo meio onde se encontram, devolvendo para este mesmo ambiente os

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    produtos finais de sua atividade metablica. A captao e liberao destassubstncias so reguladas pela membrana plasmtica, cuja permeabilidadeseletiva e mecanismo de transporte ativo permitem clula trocar com omeio somente o que deve ser trocado. Muitos processos dependem deum adequado diferencial de concentrao entre o interior e exterior daclula.

    Para permitir igualdade nas concentraes dos componentes dolquido intersticial, os tecidos do organismo so percorridos por uma densarede de vasos microscpicos, que so chamados de capilares.

    O sangue que chega aos capilares traz nutrientes e oxignio que sopassados continuamente para os tecidos. O sangue arterial rico emnutrientes. O sangue venoso mais pobre e transporta gs carbnico ecatablitos.

    O sangue no se deteriora graas atividade de rgos vitais comoos pulmes, rins e aparelho digestivo, que permanentementerecondicionam o sangue arterial. Os rins participam do mecanismo deregulao do equilbrio hidroeletroltico e cido-bsico e na eliminao desubstncias txicas.

    O aparelho digestivo incrementa o teor sanguneo de substratosorgnicos, ons e outros agentes metablicos, como as vitaminas, porexemplo. O fgado age como rgo sintetizador e como modificador dacomposio do sangue, participando nos mecanismos da excreo desubstncias txicas.

    Os pulmes e a poro condutora do aparelho respiratrio tm comofuno principal fornecer oxignio e remover dixido de carbono resultanteda reao de combusto nas clulas. O pulmo no apenas um rgorespiratrio. Ele desempenha uma funo importante no equilbrio trmicoe no equilbrio cido-bsico. Os movimentos ventilatrios so controladospelo Sistema Nervoso Central e esto parcialmente sob nossa vontade. Arespirao, no entanto, um mecanismo involuntrio e automtico.

    As funes vitais do corpo humano so controladas pelo SistemaNervoso Central, que estruturado por clulas muito especializadas,organizadas em alto grau de complexidade estrutural e funcional. Estasclulas so muito sensveis falta de oxignio, cuja ausncia provocaalteraes funcionais. Conforme ser advertido outras vezes neste manual,chamamos a ateno para que se perceba que:

    O prolongamento da hipxia (falta de ar) cerebraldetermina a morte do Sistema Nervoso Central e com istoa falncia generalizada de todos os mecanismos da vida,

    em um tempo de aproximadamente trs minutos.

  • 17

    Captulo I Geral

    Para poder determinar em nvel de primeiro socorro, como leigo, ofuncionamento satisfatrio dos controles centrais dos mecanismos da vida, necessrio compreender os sinais indicadores chamados de sinais vitais.

    Sinais Vitais

    Sinais vitais so aqueles que indicam a existncia de vida. So reflexosou indcios que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Ossinais sobre o funcionamento do corpo humano que devem sercompreendidos e conhecidos so:

    Temperatura, Pulso, Respirao, Presso arterial.Os sinais vitais so sinais que podem ser facilmente percebidos,

    deduzindo-se assim, que na ausncia deles, existem alteraes nas funesvitais do corpo.

    A medio e avaliao da presso arterial so excelentesfontes de indicao de vitalidade do organismo humano.

    Este assunto no ser tratado neste manual, pois suaverificao exigir conhecimento e instrumental

    especializado, o que dificulta a sua utilizao ao nvel deprimeiros socorros.

    Temperatura Corporal

    A temperatura resulta do equilbrio trmico mantido entre o ganhoe a perda de calor pelo organismo. A temperatura um importante indicadorda atividade metablica, j que o calor obtido nas reaes metablicas sepropaga pelos tecidos e pelo sangue circulante.

    A temperatura do corpo humano est sujeita a variaes individuaise a flutuaes devido a fatores fisiolgicos como: exerccios, digesto,temperatura ambiente e estado emocional (Quadro I). A avaliao diriada temperatura de uma pessoa em perfeito estado de sade nunca maiorque um grau Celsius, sendo mais baixa pela manh e um pouco elevada nofinal da tarde. Existe pequena elevao de temperatura nas mulheres apsa ovulao, no perodo menstrual e no primeiro trimestre da gravidez.

  • 18

    Manual de Primeiros Socorros

    Nosso corpo tem uma temperatura mdia normal que varia de 35,9a 37,2C. A avaliao da temperatura uma das maneiras de identificar oestado de uma pessoa, pois em algumas emergncias a temperatura mudamuito.

    O sistema termorregulador trabalha estimulando a perda de calorem ambientes de calor excessivo e acelerando os fenmenos metablicosno frio para compensar a perda de calor. Graas a isto, o homem um serhomeotrmico que, ao contrrio de outros animais, mantm a temperaturado corpo constante a despeito de fatores externos.

    Quadro I - Variao de temperatura do corpo

    Perda de Calor

    O corpo humano perde calor atravs de vrios processos que podemser classificados da seguinte maneira:

    Eliminao - fezes, urina, saliva, respirao.Evaporao - a evaporao pela pele (perda passiva) associada

    eliminao permitir a perda de calor em elevadas temperaturas.Conduo - a troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto

    maior a quantidade de sangue que circula sob a pele maior a troca decalor com o meio. O aumento da circulao explica o avermelhamento dapele (hipermia) quando estamos com febre.

    Verificao da Temperatura

    Oral ou bucal - Temperatura mdia varia de 36,2 a 37C. Otermmetro deve ficar por cerca de trs minutos, sob a lngua, com opaciente sentado, semi-sentado (reclinado) ou deitado.

    oproCodarutarepmeTedoairaV oproCodarutarepmeTedoairaV oproCodarutarepmeTedoairaV oproCodarutarepmeTedoairaV oproCodarutarepmeTedoairaV

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    lamron-buS 63-43

    lamroN 73-63

    lirbefodatsE 83-73

    erbeF 93-83

    )aixerip(atlaerbeF 04-93

    )aixeriprepih(atlaotiumerbeF 14-04

  • 19

    No se verifica a temperatura de vtimas inconscientes, crianasdepois de ingerirem lquidos (frios ou quentes) aps a extrao dentriaou inflamao na cavidade oral.

    Axilar - Temperatura mdia varia de 36 a 36,8C. A via axilar a maissujeita a fatores externos. O termmetro deve ser mantido sob a axilaseca, por 3 a 5 minutos, com o acidentado sentada, semi-sentada (reclinada)ou deitada.

    No se verifica temperatura em vtimas de queimaduras no trax,processos inflamatrios na axila ou fratura dos membros superiores.

    Retal - Temperatura mdia varia de 36,4 a 37,C. O termmetro deverser lavado, seco e lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por 3minutos com o acidentado em decbito lateral, com a flexo de um membroinferior sobre o outro.

    No se verifica a temperatura retal em vtimas que tenham tidointerveno cirrgica no reto, com abscesso retal ou perineorrafia.

    A verificao da temperatura retal a mais precisa, pois a quemenos sofre influncia de fatores externos.

    O acidentado com febre, muito alta e prolongada, pode terleso cerebral irreversvel. A temperatura corporal abaixo

    do normal pode acontecer aps depresso de funocirculatria ou choque.

    Febre

    A febre a elevao da temperatura do corpo acima da mdia nor-mal. Ela ocorre quando a produo de calor do corpo excede a perda.Tumores, infeces, acidentes vasculares ou traumatismos podem afetardiretamente o hipotlamo e com isso perturbar o mecanismo de regulagemde calor do corpo. Portanto, a febre deve ser vista tambm como um sinalque o organismo emite. Um sinal de defesa.

    Devemos lembrar que pessoas imunodeprimidas podem ter infecesgraves e no apresentarem febre.

    A vtima de febre apresenta a seguinte sintomatologia: Inapetncia (perda de apetite) Mal estar Pulso rpido Sudorese Temperatura acima de 40 graus Celsius Respirao rpida

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Hiperemia da pele Calafrios Cefalia (dor de cabea)

    Primeiros Socorros para Febre

    Aplicar compressas midas na testa, cabea, pescoo, axilas e virilhas(que so as reas por onde passam os grandes vasos sanguneos).

    Quando o acidentado for um adulto, submet-la a um banho frioou cobri-la com coberta fria. Podem ser usadas compressas frias aplicadassobre grandes estruturas vasculares superficiais quando a temperaturacorporal est muito elevada.

    O tratamento bsico da febre deve ser dirigido para as suas causas,mas em primeiros socorros isto no possvel, pois o leigo deverpreocupar-se em atender os sintomas de febre e suas complicaes. Drogasantipirticas como aspirina, dipirona e acetaminofen so muito eficientesna reduo da febre que ocorre devido a afeces no centrotermorregulador do hipotlamo, porm s devem ser usadas aps odiagnstico.

    Devemos salientar que os primeiros socorros em casos febris sdevem ser feitos em temperaturas muito altas (acima de 400C), por doismotivos j vistos:

    a febre defesa orgnica ( o organismo se defendendo de algumacausa) e

    o tratamento da febre deve ser de suas causas.

    Pulso

    O pulso a onda de distenso de uma artria transmitida pela pressoque o corao exerce sobre o sangue. Esta onda perceptvel pela palpaode uma artria e se repete com regularidade, segundo as batidas docorao.

    Existe uma relao direta entre a temperatura do corpo e a freqnciado pulso. Em geral, exceto em algumas febres, para cada grau de aumentode temperatura existe um aumento no nmero de pulsaes por minuto(cerca de 10 pulsaes).

    O pulso pode ser apresentado variando de acordo com suafreqncia, regularidade, tenso e volume.

    a) Regularidade (alterao de ritmo) Pulso rtmico: normal Pulso arrtmico: anormal

    b) Tenso

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    c) Freqncia - Existe uma variao mdia de acordo com a idadecomo pode ser visto no Quadro II abaixo.

    Quadro II - Variao da freqncia

    d) Volume - Pulso cheio: normal Pulso filiforme (fraco): anormal

    A alterao na freqncia do pulso denuncia alterao na quantidadede fluxo sanguneo.

    As causas fisiolgicas que aumentam os batimentos do pulso so:digesto, exerccios fsicos, banho frio, estado de excitao emocional equalquer estado de reatividade do organismo.

    No desmaio / sncope as pulsaes diminuem.Atravs do pulso ou das pulsaes do sangue dentro do corpo,

    possvel avaliar se a circulao e o funcionamento do corao esto normaisou no. Pode-se sentir o pulso com facilidade:

    Procurar acomodar o brao do acidentado em posio relaxada. Usar o dedo indicador, mdio e anular sobre a artria escolhida

    para sentir o pulso, fazendo uma leve presso sobre qualquer um dospontos onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma pessoa.

    No usar o polegar para no correr o risco de sentir suas prpriaspulsaes.

    Contar no relgio as pulsaes num perodo de 60 segundos. Nesteperodo deve-se procurar observar a regularidade, a tenso, o volume e afreqncia do pulso.

    Existem no corpo vrios locais onde se podem sentir os pulsos dacorrente sangunea.

    lamronosluP lamronosluP lamronosluP lamronosluP lamronosluP airteaxiaF airteaxiaF airteaxiaF airteaxiaF airteaxiaF

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    mpb09-08 sona7edamicasanairC

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    mpb031-011 onamuedoxiabasanairC

    mpb061-031 sodicsan-mceR

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Recomenda-se no fazer presso forte sobre a artria,pois isto pode impedir que se percebam os batimentos.

    O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar aspontas de 2 a 3 dedos levemente sobre o pulso da pessoa do ladocorrespondente ao polegar, conforme a figura abaixo.

    Figura 1- Pulso radial e carotdeo

    O pulso carotdeo o pulso sentido na artria cartida que se localizade cada lado do pescoo. Posicionam-se os dedos sem pressionar muitopara no comprimir a artria e impedir a percepo do pulso (Figura 1).

    Do ponto de vista prtico, a artria radial e cartida so mais fceispara a localizao do pulso, mas h outros pontos que no devem serdescartados. Conforme a Figura 2.

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    Figura 2 - Local de localizao de pulso

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Respirao

    A respirao uma das funes essenciais vida. atravs dela queo corpo promove permanentemente o suprimento de oxignio necessrioao organismo, vital para a manuteno da vida.

    A respirao comandada pelo Sistema Nervoso Central. Seufuncionamento processa-se de maneira involuntria e automtica. arespirao que permite a ventilao e a oxigenao do organismo e isto socorre atravs das vias areas desimpedidas.

    A observao e identificao do estado da respirao de umacidentado de qualquer tipo de afeco conduta bsica no atendimentode primeiros socorros. Muitas doenas, problemas clnicos e acidentes demaior ou menor proporo alteram parcialmente ou completamente oprocesso respiratrio. Fatores diversos como secrees, vmito, corpoestranho, edema e at mesmo a prpria lngua podem ocasionar aobstruo das vias areas. A obstruo produz asfixia que, se prolongada,resulta em parada cardo-respiratria.

    O processo respiratrio manifesta-se fisicamente atravs dosmovimentos ritmados de inspirao e expirao. Na inspirao existe acontrao dos msculos que participam do processo respiratrio, e naexpirao estes msculos relaxam-se espontaneamente. Quimicamenteexiste uma troca de gazes entre os meios externos e internos do corpo. Oorganismo recebe oxignio atmosfrico e elimina dixido de carbono. Estatroca a hematose, que a transformao, no pulmo, do sangue venosoem sangue arterial.

    Deve-se saber identificar se a pessoa est respirando e como estrespirando. A respirao pode ser basicamente classificada por tipo efreqncia. O Quadro III apresenta a classificao da respirao quanto aotipo.

    A freqncia da respirao contada pela quantidade de vezes queuma pessoa realiza os movimentos combinados de inspirao e expiraoem um minuto. Para se verificar a freqncia da respirao, conta-se onmero de vezes que uma pessoa realiza os movimentos respiratrios: 01inspirao + 01 expirao = 01 movimento respiratrio.

    A contagem pode ser feita observando-se a elevao do trax se oacidentado for mulher ou do abdome se for homem ou criana. Pode serfeita ainda contando-se as sadas de ar quente pelas narinas.

    A freqncia mdia por minuto dos movimentos respiratrios variacom a idade se levarmos em considerao uma pessoa em estado normalde sade. Por exemplo: um adulto possui um valor mdio respiratrio de14 - 20 respiraes por minuto (no homem), 16 - 22 respiraes porminuto (na mulher), enquanto uma criana nos primeiros meses de vida40 - 50 respiraes por minuto.

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    Captulo I Geral

    Quadro III - Tipos de respirao

    Fatores fisiopatolgicos podem alterar a necessidade de oxignioou a concentrao de gs carbnico no sangue. Isto contribui para adiminuio ou o aumento da freqncia dos movimentos respiratrios. Anvel fisiolgico os exerccios fsicos, as emoes fortes e banhos friostendem a aumentar a freqncia respiratria. Em contra partida o banhoquente e o sono a diminuem.

    Algumas doenas cardacas e nervosas e o coma diabtico aumentama freqncia respiratria. Como exemplo de fatores patolgicos quediminuem a freqncia respiratria podemos citar o uso de drogasdepressoras.

    Os procedimentos a serem observados e os primeiros socorros emcasos de parada respiratria sero estudados a frente.

    Presso Arterial

    A presso arterial a presso do sangue, que depende da fora decontrao do corao, do grau de distensibilidade do sistema arterial, daquantidade de sangue e sua viscosidade.

    Embora no seja recomendvel a instruo a leigos da medio dapresso arterial com o aparelho, para no induzir a diagnsticos noautorizados aps a leitura, julgamos necessrio descrever de maneirasucinta as caractersticas da presso arterial e a sua verificao.

    oaripseredsopiT oaripseredsopiT oaripseredsopiT oaripseredsopiT oaripseredsopiT

    ainpuE ainpuE ainpuE ainpuE ainpuE sotnemivomropassecorpeseuqoaripseR aidmaicnqerfan,sedadlucifidmes,seraluger

    ainpA ainpA ainpA ainpA ainpA elaviuqE.soirtaripsersotnemivomsodaicnsuaa .airtaripseradarapa

    ainpsiD ainpsiD ainpsiD ainpsiD ainpsiD sotnemivomsodoucexeanedadlucifiD .soirtaripser

    ainpidarB ainpidarB ainpidarB ainpidarB ainpidarB sotnemivomsodaidmaicnqerfanoiunimiD .soirtaripser

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    ainpotrO ainpotrO ainpotrO ainpotrO ainpotrO odatnesaripsersodatnedicaO

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    Manual de Primeiros Socorros

    No adulto normal a presso arterial varia da seguinte forma: Presso arterial mxima ou sistlica - de 100 a 140 mm Hg

    (milmetros de mercrio). Presso arterial mnima ou diastlica - de 60 a 90 mm Hg.A presso varia com a idade, por exemplo: uma pessoa com a idade

    entre 17 a 40 anos apresenta a presso de 140 x 90, j entre 41 a 60 anosapresenta presso, de 150 x 90 mm de Hg.

    A pessoa com presso arterial alta sofre de hipertenso e apresenta,dentro de certos critrios de medio, presso arterial mnima acima de95 mm Hg e presso arterial mxima acima de 160 mm Hg. A pressomuito baixa (hipotenso) aquela em que a presso mxima chega a baixarat a 80 mm Hg.

    No Quadro IV apresentamos exemplos de condies que alteram apresso arterial:

    Quadro IV - Condies que levam alterao na presso arterial

    importante perguntar vtima sua presso arterial epassar essa informao ao profissional que for prestar o

    socorro especializado.

    Uma pessoa com hipertenso dever ser mantida com a cabeaelevada; deve ser acalmada; reduzir a ingesto de lquidos e sal e ficar sobobservao permanente at a chegada do mdico. No caso do hipotenso,deve-se promover a ingesto de lquidos com pitadas de sal, deit-lo echamar um mdico.

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    evargaigarromeH esorelcsoiretrA

    evargaimenA

  • 27

    Medio da presso arterial

    Posio da pessoa: Sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada(esta a melhor posio):

    Material: Esfigmomanmetro e estetoscpioTcnica:a) Tranqilizar a pessoa informando-a sobre a medio de presso.b) Brao apoiado ao mesmo nvel do corao para facilitar a

    localizao da artria braquial.c) Colocar o manguito ao redor do brao, a cerca de 4 dedos da

    dobra do cotovelo. Prender o manguito.d) Fechar a sada de ar e insuflar at que o ponteiro atinja a marca

    de 200 mm Hg. Pode ser necessrio ir mais alto.e) Posicionar o na artria umeral, abaixo do manguito e ouvir se h

    batimentos.f) Abrir a sada de ar lentamente e ouvir os batimentos regularesg) Anotar a presso indicada pelo ponteiro que ser a Presso Arte-

    rial Mxima.h) A presso do manguito vai baixando e o som dos batimentos

    muda de ntido desaparecendo. Neste ponto deve-se anotar a PressoArterial Mnima. s vezes o ponto de Presso Mnima coincide com odesaparecimento do som dos batimentos.

    Sinais de Apoio

    Alm dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existemoutros que devem ser observados para obteno de mais informaessobre o estado de sade de uma pessoa. So os sinais de apoio; sinais queo corpo emite em funo do estado de funcionamento dos rgos vitais.

    Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia,parada cardaca ou uma forte batida na cabea, por exemplo. Os sinais deapoio tornam-se cada vez mais evidentes com o agravamento do estadodo acidentado. Os principais sinais de apoio so:

    Dilatao e reatividade das pupilas Cor e umidade da pele Estado de conscincia Motilidade e sensibilidade do corpo

    Dilatao e Reatividade das Pupilas

    A pupila uma abertura no centro da ris - a parte colorida do olho- e sua funo principal controlar a entrada de luz no olho para a formaodas imagens que vemos. A pupila exposta luz se contrai. Quando h

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    pouca ou quase nenhuma luz a pupila se dilata, fica aberta. Quando apupila est totalmente dilatada, sinal de que o crebro no est recebendooxignio, exceto no uso de colrios midriticos ou certos envenenamentos.

    A dilatao e reatividade das pupilas so um sinal de apoio importante.Muitas alteraes do organismo provocam reaes nas pupilas (QuadroV). Certas condies de "stress", tenso, medo e estados de pr-choquetambm provocam considerveis alteraes nas pupilas.

    Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de umafonte lateral, de preferncia com o ambiente escurecido. Se no for possveldeve-se olhar as pupilas contra a luz ambiente.

    Quadro V - Alteraes orgnicas que provocam reaes nas pupilas

    Cor e Umidade da Pele

    A cor e a umidade da pele so tambm sinais de apoio muito til noreconhecimento do estado geral de um acidentado. Uma pessoa podeapresentar a pele plida, cianosada ou hiperemiada (avermelhada e quente).

    A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nasextremidades dos membros, onde as alteraes se manifestam primeiro(Quadro VI). A pele pode tambm ficar mida e pegajosa. Pode-se observarestas alteraes melhor no antebrao e na barriga.

    Quadro VI - Alteraes orgnicas que provocam modificaes nacor e umidade da pele

    salipupsadoartnecnocuooatalidmacovorpeuqsearetlA salipupsadoartnecnocuooatalidmacovorpeuqsearetlA salipupsadoartnecnocuooatalidmacovorpeuqsearetlA salipupsadoartnecnocuooatalidmacovorpeuqsearetlA salipupsadoartnecnocuooatalidmacovorpeuqsearetlA

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    aleramaeleP .aimenetoracrepih,aicretcI

  • 29

    Estado de Conscincia

    Este outro sinal de apoio importante. A conscincia plena o estadoem que uma pessoa mantm o nvel de lucidez que lhe permite percebernormalmente o ambiente que a cerca, com todos os sentidos saudveisrespondendo aos estmulos sensoriais.

    Quando se encontra um acidentado capaz de informar com clarezasobre o seu estado fsico, pode-se dizer que esta pessoa est perfeitamenteconsciente. H, no entanto, situaes em que uma pessoa pode apresentarsinais de apreenso excessiva, olhar assustado, face contrada e medo.Esta pessoa certamente no estar em seu pleno estado de conscincia.

    Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio, estado de choque,estado de coma, convulso, parada cardaca, parada respiratria,alcoolismo, intoxicao por drogas e uma srie de outras circunstnciasde sade e leso.

    Na sncope e no desmaio h uma sbita e breve perda de conscinciae diminuio do tnus muscular. J o estado de coma caracterizado poruma perda de conscincia mais prolongada e profunda, podendo oacidentado deixar de apresentar gradativamente reao aos estmulosdolorosos e perda dos reflexos.

    Motilidade e Sensibilidade do Corpo

    Qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ouincapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, estobviamente fora de seu estado normal de sade. A capacidade de movere sentir partes do corpo so um sinal que pode nos dar muitas informaes.

    Quando h incapacidade de uma pessoa consciente realizar certosmovimentos, pode-se suspeitar de uma paralisia da rea que deveria sermovimentada. A incapacidade de mover o membro superior depois de umacidente pode indicar leso do nervo do membro. A incapacidade demovimento nos membros inferiores pode indicar uma leso da medulaespinhal.

    O desvio da comissura labial (canto da boca) pode estar a indicarleso cerebral ou de nervo perifrico (facial). Pede-se vtima que sorria.Sua boca sorrir torta, s de um lado.

    Pedir vtima de acidente traumtico que movimente osdedos de cada mo, a mo e os membros superiores, os

    dedos de cada p, o p e os membros inferiores.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Quando um acidentado perde o movimento voluntrio de algumaparte do corpo, geralmente ela tambm perde a sensibilidade no local.Muitas vezes, porm, o movimento existe, mas o acidentado reclama dedormncia e formigamento nas extremidades. muito importante oreconhecimento destas duas situaes, como um indcio de que h lesona medula espinhal. importante, tambm, nestes casos tomar muitocuidado com o manuseio e transporte do acidentado para evitar oagravamento da leso. Convm ainda lembrar que o acidentado de histeria,alcoolismo agudo ou intoxicao por drogas, mesmo que sofra acidentetraumtico, pode no sentir dor por vrias horas.

    A verificao rpida e precisa dos sinais vitais e dos sinaisde apoio uma chave importante para o desempenho de

    primeiros socorros. O reconhecimento destes sinais dsuporte, rapidez e agilidade no atendimento e salvamento

    de vidas.

    Asfixia

    Introduo

    Asfixia pode ser definida como sendo parada respiratria, com ocorao ainda funcionando.

    causado por certos tipos de traumatismos como aqueles queatingem a cabea, a boca, o pescoo, o trax; por fumaa no decurso deum incndio; por afogamento; em soterramentos, dentre outros acidentes,ocasionando dificuldade respiratria, levando parada respiratria.

    Nesse caso, a identificao da dificuldade respiratria pela respiraoarquejante nas vitimas inconscientes, pela falta de ar de que se queixamos conscientes, ou ainda, pela cianose acentuada do rosto, dos lbios edas extremidades (dedos), servir de guia para o socorro vtima.

    Se as funes respiratrias no forem restabelecidasdentro de 3 a 4 minutos,as atividades cerebrais cessarototalmente, ocasionando a morte.O oxignio vital para o

    crebro.

  • 31

    Principais Causas

    A. Bloqueio da passagem de ar.Pode acontecer nos casos de afogamento, secrees e espasmos

    da laringe, estrangulamento, soterramento e bloqueio do ar causado porossos, alimentos ou qualquer corpo estranho na garganta.

    B. Insuficincia de oxignio no ar.Pode ocorrer em altitudes onde o oxignio insuficiente, em

    compartimentos no ventilados, nos incndios em compartimentosfechados e por contaminao do ar por gases txicos (principalmenteemanaes de motores, fumaa densa).

    C. Impossibilidade do sangue em transportar oxignio.D. Paralisia do centro respiratrio no crebro.Pode ser causada por choque eltrico, venenos, doenas, (AVC),

    ferimentos na cabea ou no aparelho respiratrio, por ingesto de grandequantidade de lcool, ou de substncias anestsicas, psicotrpicos etranqilizantes.

    E. Compresso do corpo.Pode ser causado por forte presso externa (por exemplo,

    traumatismo torcico), nos msculos respiratrios.

    O sinal mais importante dessa situao a dilatao daspupilas.

    Primeiros Socorros

    A primeira conduta favorecer a passagem do ar atravs da bocae das narinas

    Afastar a causa. Verificar se o acidentado est consciente Desapertar as roupas do acidentado, principalmente em volta do

    pescoo, peito e cintura. Retirar qualquer objeto da boca ou da garganta do acidentado,

    para abrir e manter desobstruda a passagem de ar. Para assegurar que o acidentado inconsciente continue respirando,

    coloque-a na posio lateral de segurana. Iniciar a respirao de socorro (conforme relatado a frente), to

    logo tenha sido o acidentado colocado na posio correta. Lembrar quecada segundo importante para a vida do acidentado.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Repetir a respirao de socorro tantas vezes quanto necessrio,at que o acidentado de entrada em local onde possa receber assistnciaadequada.

    Manter o acidentado aquecido, para prevenir o choque. No dar lquidos enquanto o acidentado estiver inconsciente. No deixar o acidentado sentar ou levantar. O acidentado deve

    permanecer deitado, mesmo depois de ter recuperado a respirao. No dar bebidas alcolicas ao acidentado. Dar ch ou caf para

    beber, logo que volte a si. Continuar observando cuidadosamente o acidentado, para evitar

    que a respirao cesse novamente. No deslocar o acidentado at que sua respirao volte ao nor-

    mal. Remover o acidentado, somente deitado, mas s em caso de ex-

    trema necessidade. Solicitar socorro especializado mesmo que o acidentado esteja

    recuperado.

    Ressuscitao cardo-respiratria

    Introduo

    A ressuscitao cardo-respiratria (RCR) um conjunto de medidasutilizadas no atendimento vtima de parada cardo-respiratria (PCR). Oatendimento correto exige desde o incio, na grande maioria dos casos, oemprego de tcnicas adequadas para o suporte das funes respiratriase circulatrias.

    A RCR uma tcnica de grande emergncia e muita utilidade.Qualquer interferncia ou suspenso da respirao espontnea constituiuma ameaa vida. A aplicao imediata das medidas de RCR uma dasatividades que exige conhecimento e sua execuo deve ser feita comcalma e disposio. A probabilidade de execuo da atividade de RCR bem pequena, porm se a ocasio aparecer, ela pode representar a diferenaentre a vida e a morte para o acidentado.

    Podemos definir parada cardaca como sendo a interruporepentina da funo de bombeamento cardaco, que pode ser constatadapela falta de batimentos do acidentado (ao encostar o ouvido na regioanterior do trax do acidentado), pulso ausente (no se consegue palparo pulso) e ainda quando houver dilatao das pupilas (menina dos olhos),e que, pode ser revertida com interveno rpida, mas que causa mortese no for tratada.

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    Chamamos de parada respiratria o cessamento total da respirao,devido falta de oxignio e excesso de gs carbnico no sangue.

    Principais Causas

    A parada cardaca e a parada respiratria podem ocorrer por diversosfatores, atuando de modo isolado ou associado. Em determinadascircunstncias, no possvel estabelecer com segurana qual ou quais osagentes que as produziram. Podem ser divididas em dois grupos, e aimportncia desta classificao que a conduta de quem est socorrendovaria de acordo com a causa.

    PrimriasA parada cardaca se deve a um problema do prprio corao,

    causando uma arritmia cardaca, geralmente a fibrilao ventricular. A causaprincipal a isquemia cardaca (chegada de quantidade insuficiente desangue oxigenado ao corao).

    So as principais causas de paradas cardacas em adultos que noforam vtimas de traumatismos.

    SecundriasA disfuno do corao causada por problema respiratrio ou por

    uma causa externa. So as principais causas de parada cardo-respiratriaem vtimas de traumatismos.

    a)Oxigenao deficiente: obstruo de vias areas e doenaspulmonares.

    b)Transporte inadequado de oxignio: hemorragia grave, estadode choque, intoxicao por monxido de carbono.

    c)Ao de fatores externos sobre o corao: drogas e descargaseltricas.

    No ambiente de trabalho deve-se dedicar especial ateno a trabalhoscom substncias qumicas, tais como o monxido de carbono, defensivosagrcolas, especialmente os organofosforados, e trabalhos em eletricidade,embora o infarto do miocrdio ou um acidente grave possa ocorrer nasmais variadas situaes, inclusive no trajeto residncia-trabalho-residncia,ou mesmo dormindo.

    A rpida identificao da parada cardaca e da parada respiratria essencial para o salvamento de uma vida potencialmente em perigo. Umaparada respiratria no resolvida leva o acidentado parada cardaca devidoa hipxia (falta de ar) cerebral e do miocrdio.

    Se o corao para primeiro, as complicaes sero maiores, pois achegada de oxignio ao crebro estar instantaneamente comprometida:os msculos respiratrios perdem rapidamente a eficincia funcional;ocorre imediata parada respiratria podendo ocorrer leso cerebralirreversvel e morte.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    A Figura 3 d uma noo da relao entre o lapso de tempo decorridoentre a identificao de parada cardo-respiratria e a possibilidade desobrevivncia, com a instituio dos mtodos de suporte bsico de vida.

    1 min: 98 % 3,5 min: 25% 5 min: 5%

    Figura 3 - Probabilidade de Recuperao

    Identificao de PCR

    A parada cardo-respiratria o exemplo mais expressivo de umaemergncia mdica. Somente uma grande hemorragia externa e o edemaagudo de pulmo devem merecer a primeira ateno antes da paradacardaca. A identificao e os primeiros atendimentos devem ser iniciadosdentro de um perodo de no mximo 4 minutos a partir da ocorrncia,pois os centros vitais do sistema nervoso ainda continuam em atividade. Apartir deste tempo, como j vimos, as possibilidades de recuperaotornam-se escassas. A eficcia da reanimao em caso de parada cardacaest na dependncia do tempo em que for iniciado o processo dereanimao, pois embora grande parte do organismo permaneabiologicamente vivo, durante algum tempo, em tais condies,modificaes irreversveis podem ocorrer no crebro, em nvel celular. Sea PCR for precedida de dficit de oxigenao, este tempo ainda menor.

    A ausncia de circulao do sangue interrompe a oxigenao dosrgos. Aps alguns minutos as clulas mais sensveis comeam a morrer.Os rgos mais sensveis falta de oxignio so o crebro e o corao. Aleso cerebral irreversvel ocorre geralmente aps quatro a seis minutos(morte cerebral). Os acidentados submetidos a baixas temperaturas(hipotermia) podem suportar perodos mais longos sem oxignio, pois oconsumo de oxignio pelo crebro diminui.

    No atendimento de primeiros socorros, durante a aproximao,devemos observar elementos como imobilidade, palidez e os seguintes

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    sinais que identificaro efetivamente uma parada cardo-respiratria, a fimde iniciarmos o processo de ressuscitao, do qual depender a reabilitaoou no do acidentado. Ao iniciar o atendimento devemos verificar o nvelde conscincia, tentando observar as respostas do acidentado aos estmulosverbais: "Voc est bem?". Se o acidentado no responder, comunicarimediatamente ao atendimento especializado. Posicionar o acidentado emdecbito dorsal, sobre superfcie plana e rgida.

    Os seguintes elementos devero ser observados para a determinaode PCR:

    Ausncia de pulso numa grande artria (por exemplo: cartida).Esta ausncia representa o sinal mais importante de PCR e determinar oincio imediato das manobras de ressuscitao cardo-respiratria.

    Apnia ou respirao arquejante. Na maioria dos casos a apniaocorre cerca de 30 segundos aps a parada cardaca; , portanto, umsinal relativamente precoce, embora, em algumas situaes, fracasrespiraes espontneas, durante um minuto ou mais, continuem a serobservada aps o incio da PC. Nestes casos, claro, o sinal no tem valor.

    Espasmo (contrao sbita e violenta) da laringe.Cianose (colorao arroxeada da pele e lbios).Inconscincia. Toda vtima em PCR est inconsciente, mas vrias

    outras emergncias podem se associar inconscincia. um achadoinespecfico, porm sensvel, pois toda vtima em PCR est inconsciente.

    Dilatao das pupilas, que comeam a se dilatar aps 45 segundos deinterrupo de fluxo de sangue para o crebro. A midrase geralmente secompleta depois de 1 minuto e 45 segundos de PC, mas se apresentar emoutras situaes. Deste modo, no utilizar a midrase para diagnstico da PCRou para definir que a vtima est com leso cerebral irreversvel. A persistnciada midrase com a RCR sinal de mau prognstico. um sinal bastante tardioe no se deve esperar por ele para incio das manobras de RCR.

    Ressuscitao cardo-respiratriaA - Abertura das vias areas

    B - Ventilao artificialC - Suporte circulatrio

    Apresentamos no Quadro VII e na Figura 4, a seguir, a seqncia desuporte bsico de vida em um adulto, para orientao do pessoal que faros primeiros atendimentos emergenciais em casos de acidentes.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Quadro VII - Seqncia de suporte bsico de vida em adulto

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    Captulo I Geral

    Figura 4 - Instrues gerais

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    Manual de Primeiros Socorros

    Limitaes da Ressuscitao cardo-respiratria

    A ressuscitao cardo-respiratria no capaz de evitar a leso ce-rebral por perodos prolongados. Com o tempo (minutos) a circulaocerebral obtida com as compresses torcicas vai diminuindoprogressivamente at se tornar ineficaz. Durante a ressuscitao cardo-respiratria a presso sistlica atinge de 60 a 80 mmHg, mas a pressodiastlica muito baixa, diminuindo a perfuso de vrios rgos entre osquais o corao. As paradas por fibrilao ventricular s podem serrevertidas pela desfibrilao.

    O suporte bsico da vida sem desfibrilao no capaz de mantera vida por perodos prolongados. A reverso da parada cardo-respiratriana maioria dos casos tambm no obtida, deste modo necessrio sesolicitar apoio ao atendimento especializado com desfibrilao e recursosde suporte avanado.

    Posicionamento para a Ressuscitao cardo-respiratria

    a)Do acidentado: Posicionar o acidentado em superfcie plana e firme. Mant-lo em decbito dorsal, pois as manobras para permitir a

    abertura da via area e as manobras da respirao artificial so mais bemexecutadas nesta posio.

    A cabea no deve ficar mais alta que os ps, para no prejudicaro fluxo sangneo cerebral.

    Caso o acidentado esteja sobre uma cama ou outra superfcie maciaele deve ser colocado no cho ou ento deve ser colocada uma tbua sobseu tronco.

    A tcnica correta de posicionamento do acidentado deve serobedecida utilizando-se as manobras de rolamento.

    b)Da pessoa que esta socorrendo: Este deve ajoelhar-se ao lado do acidentado, de modo que seus

    ombros fiquem diretamente sobre o esterno do acidentado.

    Primeiros Socorros

    A conduta de quem socorre vital para o salvamento do acidentado.Uma rpida avaliao do estado geral do acidentado que vai determinarquais etapas a serem executadas, por ordem de prioridades. A primeiraprovidncia a ser tomada estabelecer o suporte bsico da vida, para talo acidentado dever estar posicionado adequadamente de modo a permitira realizao de manobras para suporte bsico da vida.

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    Adotar medidas de autoproteo colocando luvas e mscaras.O suporte bsico da vida consiste na administrao de ventilao

    das vias areas e de compresso torcica externa. Estas manobras de apoiovital bsico constituem-se de trs etapas principais que devem ser seguidas:

    desobstruo das vias areas; suporte respiratrio e suporte circulatrio.O reconhecimento da existncia de obstruo das vias areas pode

    ser feito pela incapacidade de ouvir ou perceber qualquer fluxo de ar pelaboca ou nariz da vtima e observando a retrao respiratria das reassupraclaviculares, supra-esternal e intercostal, quando existem movimentosespontneos. A obstruo poder ser reconhecida pela incapacidade deinsuflar os pulmes quando se tenta ventilar a vtima.

    A ventilao e a circulao artificiais constituem o atendimentoimediato para as vtimas de PCR. A ventilao artificial a primeira medidaa ser tomada na RCR. Para que essa ventilao seja executada com sucesso necessria manuteno das vias areas permeveis, tomando-se asmedidas necessrias para a desobstruo.

    Nas vtimas inconscientes a principal causa de obstruo a quedada lngua sobre a parede posterior da faringe.

    Como causa ou como conseqncia da PR, pode ocorrer oclusoda hipofaringe pela base da lngua ou regurgitao do contedo gstricopara dentro das vias areas. Observar provveis leses na coluna cervicalou dorsal, antes de proceder s recomendaes seguintes.

    Para manter as vias areas permeveis e promover sua desobstruo,para tanto colocar o acidentado em decbito dorsal e fazer a hiper-extensoda cabea, colocando a mo sob a regio posterior do pescoo doacidentado e a outra na regio frontal. Com essa manobra a mandbula sedesloca para frente e promove o estiramento dos tecidos que ligam afaringe, desobstruindo-se a hipofaringe.

    Em algumas pessoas a hiper-extenso da cabea no suficientepara manter a via area superior completamente permevel. Nestes casos preciso fazer o deslocamento da mandbula para frente. Para fazer isso necessrio tracionar os ramos da mandbula com as duas mos. Por umadas mos na testa e a outra sob o queixo do acidentado. Empurrar amandbula para cima e inclinar a cabea do acidentado para trs ate que oqueixo esteja em um nvel mais elevado que o nariz. Desta maneirarestabelece-se uma livre passagem de ar quando a lngua separada daparte posterior da garganta. Mantendo a cabea nesta posio, escuta-see observa-se para verificar se o acidentado recuperou a respirao. Emcaso afirmativo, coloque o acidentado na posio lateral de segurana.

    Em outras pessoas, o palato mole se comporta como uma vlvula,provocando a obstruo nasal expiratria, o que exige a abertura da boca.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Assim, o deslocamento da mandbula, a extenso da cabea e aabertura da boca so manobras que permitem a obteno de uma viasupragltica, sem a necessidade de qualquer equipamento. Alm disso,pode ser preciso a limpeza manual imediata da via area para removermaterial estranho ou secrees presentes na orofaringe. Usar os prpriosdedos protegidos com leno ou compressa.

    Duas manobras principais so recomendadas para a desobstruomanual das vias areas:

    a)Manobra dos Dedos CruzadosPressionar o dedo indicador contra os dentes superiores e polegar -

    cruzado sobre o indicador - contra os dentes inferiores (Figura 5).

    Figura 5 - Varredura digital

    b) Manobra de Levantamento da Lngua / MandbulaDeve ser feita com o acidentado relaxado. Introduzir o polegar

    dentro da boca e garganta do acidentado. Com a ponta do polegar, levantara base da lngua. Com os dedos segurar a mandbula ao nvel do queixo etraz-la para frente.

    Outra forma prtica de desobstruir as vias areas o uso depancadas e golpes que so dados no dorso do acidentado em sucessorpida. As pancadas so fortes e devem ser aplicadas com a mo em con-cha entre as escpulas da vtima. A tcnica deve ser feita com o pacientesentado, deitado ou em p.

    Algumas vezes a simples execuo de certas manobras suficientepara tornar permeveis as vias areas, prevenir ou mesmo tratar uma paradarespiratria, especialmente se a PR, devida a asfixia por obstruo e esta removida de imediato. Em muitos casos, porm, torna-se necessrio aventilao artificial.

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    Suporte Respiratrio

    A ventilao artificial indicada nos casos de as vias areas estarempermeveis e na ausncia de movimento respiratrio.

    Os msculos de uma pessoa inconsciente esto completamenterelaxados. A lngua retroceder e obstruir a garganta. Para eliminar estaobstruo, fazer o que foi descrito anteriormente.

    Constatada a permeabilidade das vias areas e a ausncia demovimento respiratrio, passar imediatamente aplicao da respiraoboca a boca.

    Lembrar de que quando encontrarmos um acidentado inconsciente,no tentar reanim-lo sacudindo-o e gritando.

    1. Respirao Boca a Boca

    Universalmente a ventilao artificial sem auxlio de equipamentosprovou que a respirao boca a boca a tcnica mais eficaz naressuscitao de vtimas de parada cardo-respiratria. Esta manobra melhor que as tcnicas de presso nas costas ou no trax, ou olevantamento dos braos; na maioria dos casos, essas manobras noconseguem ventilar adequadamente os pulmes.

    O ar exalado de quem est socorrendo contm cerca de 18% deoxignio e considerado um gs adequado para a ressuscitao desdeque os pulmes da vtima estejam normais e que se use cerca de duasvezes os volumes correntes normais.

    Para iniciar a respirao boca a boca e promover a ressuscitaocardo-respiratria, deve-se obedecer a seguinte seqncia:

    Deitar o acidentado de costas.Desobstruir as vias areas. Remover prtese dentria (caso haja),

    limpar sangue ou vmito.Pr uma das mos sob a nuca do acidentado e a outra mo na

    testa. Inclinar a cabea do acidentado para trs ate que o queixo fique

    em um nvel superior ao do nariz, de forma que a lngua no impea apassagem de ar, mantendo-a nesta posio.

    Fechar bem as narinas do acidentado, usando os dedos polegar eindicador, utilizando a mo que foi colocada anteriormente na testa doacidentado.

    Inspirar profundamente.Colocar a boca com firmeza sobre a boca do acidentado, vedando-

    a totalmente (Figura 6).Soprar vigorosamente para dentro da boca do acidentado, at notar

    que seu peito est levantando.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Figura 6 - Ventilao boca a boca

    Fazer leve compresso na regio do estmago do acidentado, paraque o ar seja expelido.

    Inspirar profundamente outra vez e continuar o procedimento naforma descrita, repetindo o movimento tantas vezes quanto necessrio(cerca de 15 vezes por minuto) at que o acidentado possa receberassistncia mdica.

    Se a respirao do acidentado no tiver sido restabelecida aps astentativas dessa manobra, ela poder vir a ter parada cardaca, tornandonecessria a aplicao de massagem cardaca externa.

    2. Mtodo Holger - Nielsen

    Deitar o acidentado de bruos com uma das mos sobre a outra,embaixo da cabea.

    Virar a cabea do acidentado de lado, deixando livres a boca e o nariz.Ajoelhar em frente cabea do acidentado e segurar cada um dos

    braos do mesmo, logo acima dos cotovelos.Levantar os braos do acidentado at sentir resistncia.Baixar os braos do acidentado.Colocar imediatamente, as palmas das mos abertas sobre as costas

    do acidentado (um pouco acima das axilas).Inclinar para frente o seu prprio corpo sem dobrar os cotovelos e

    fazer presso sobre as costas do acidentado, mantendo seus braos sobreelas, mais ou menos na vertical.

    Prosseguir ritmadamente, repetindo os movimentos descritos noitem anterior, cerca de 10 vezes por minuto.

  • 43

    Observao:a)Para calcular a durao de cada tempo, contar baixo e sem pressa.b) Assim que comear a respirao artificial, pedir a outra pessoa

    para desapertar a roupa do acidentado, principalmente no peito e pescoo.

    3. Mtodo Sylvester

    Tambm aplicado quando no puder ser feito o mtodo boca a boca.Colocar o acidentado deitado com o rosto para cima e pr algo por

    baixo dos seus ombros, para que ele fique com a cabea inclinada para trs.Ajoelhar de frente para o acidentado e pr a cabea dele entre seus joelhos.Segurar os braos do acidentado pelos pulsos, cruzando-os e

    comprimindo-os contra o peito dela.Segurar os braos do acidentado primeiro para cima, depois para

    os lados e a seguir para trs, em movimentos sucessivos.

    Massagem Cardaca Externa ou Compresso Torcica

    o mtodo efetivo de ressuscitao cardaca que consiste emaplicaes rtmicas de presso sobre o tero inferior do esterno.

    O aumento generalizado da presso no interior do trax e acompresso do corao fazem com que o sangue circule. Mesmo com aaplicao perfeita das tcnicas a quantidade de sangue que circula estentre 10% a 30% do normal.

    Para realizar a massagem cardaca externa deve-se posicionar a vtimaem decbito dorsal como j citado anteriormente.

    Posicionar ajoelhado, ao lado do acidentado e num plano superior,de modo que possa executar a manobra com os braos em extenso.

    Em seguida apoiar as mos uma sobre a outra, na metade inferiordo esterno, evitando faz-lo sobre o apndice xifide, pois isso tornaria amanobra inoperante e machucaria as vsceras. No se deve permitir que oresto da mo se apie na parede torcica. A compresso deve ser feitasobre a metade inferior do esterno, porque essa a parte que est maisprxima do corao. Com os braos em hiper-extenso, aproveite o pesodo seu prprio corpo para aplicar a compresso, tornando-a mais eficaz emenos cansativa do que se utilizada a fora dos braos.

    Aplicar presso suficiente para baixar o esterno de 3,8 a 5 centmetrospara um adulto normal e mant-lo assim por cerca de meio segundo. Oideal verificar se a compresso efetuada suficiente para gerar um pulsocarotdeo palpvel Com isso se obtm uma presso arterial mdia e umcontorno de onda de pulso prximo do normal.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Figura 7 - Tcnica de massagem cardaca externa

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    Em seguida remover subitamente a compresso que, junto com apresso negativa, provoca o retorno de sangue ao corao. Isso sem retiraras mos do trax da vtima, garantindo assim que no seja perdida aposio correta das mos.

    As compresses torcicas e a respirao artificial devem sercombinadas para que a ressuscitao cardo-respiratria seja eficaz. Arelao ventilaes/compresses varia com a idade do acidentado e como nmero de pessoas que esto fazendo o atendimento emergencial.

    A freqncia das compresses torcicas deve ser mantida em 80 a100 por minuto. Com a pausa que efetuada para ventilao, a freqnciareal de compresses cai para 60 por minuto.

    A aplicao da massagem cardaca externa pode trazerconseqncias graves, muitas vezes fatais. Podemos citar dentre elas,fraturas de costelas e do esterno, separao condrocostal, ruptura devsceras, contuso miocrdica e ruptura ventricular. Essas complicaes,no entanto, podero ser evitadas se a massagem for realizada com a tcnicacorreta. , portanto, muito importante que nos preocupemos com a corretaposio das mos e a quantidade de fora que deve ser aplicada.

    A massagem cardaca externa deve ser aplicada em combinao coma respirao boca a boca. O ideal conseguir algum que ajude para queas manobras no sofram interrupes devido ao cansao.

    absolutamente contra indicado cessar as massagens porum tempo superior a alguns segundos, pois a corrente

    sangnea produzida pela compresso externa inferior normal, representando apenas de 40 a 50% da circulao

    normal. Portanto, qualquer interrupo maior no processodiminuir a afluncia de sangue no organismo.

    O Quadro VIII d as freqncias consideradas ideais, para o trabalhode ressuscitao combinada de respirao boca a boca e massagemcardaca externa com um ou duas pessoas socorrendo.

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    Quadro VIII - Freqncia das manobras de Ressuscitao Cardo-respiratria

    No caso de duas pessoas estarem socorrendo, a pessoa que seencarrega da respirao boca a boca poder controlar a pulsao carotdea.Convm lembrar que o pulso palpado durante a massagem cardaca externano suficiente para indicar uma circulao eficaz. A sensao de pulsopode ser devida transmisso da compresso pelos tecidos moles. Amanuteno ou aparecimento da respirao espontnea durante amassagem cardaca externa, associada ou no respirao boca a boca, o melhor indcio de ressuscitao cardo-respiratria satisfatria.

    No se deve desanimar em obter a recuperao darespirao e dos batimentos cardacos do acidentado.

    preciso mandar que procurem socorro mdicoespecializado com a maior urgncia. preciso ter

    pacincia, calma e disposio. Qualquer interrupo natentativa de ressuscitao da vtima at a chegada desocorro especializado implicar fatalmente em morte.

    Reavaliao

    Verificar pulso carotdeo aps um minuto de ressuscitao cardo-respiratria e depois a cada trs minutos.

    Se pulso presente, verificar presena de respirao eficaz.- Respirao presente: manter a vtima sob observao.- Respirao ausente: continuar os procedimentos de respirao

    artificial e contatar com urgncia o atendimento especializado. Se o pulso ausente, iniciar RCR pelas compresses torcicas.

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    aossep10 )acobaacob(20 51

    saossep20 )acobaacob(10 50

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    Verificar dimetro das pupilas.

    Erros Comuns na Execuo da Ressuscitao cardo-respiratria

    Posio incorreta das mos. Profundidade de compresses inadequada Incapacidade de manter um selamento adequado ao redor do nariz

    e da boca durante a ventilao. Dobrar os cotovelos ou joelhos durante as compresses levando

    ao cansao. Ventilaes com muita fora e rapidez levando distenso do

    estmago. Incapacidade de manter as vias areas abertas. No ativao rpida do atendimento especializado.

    Estado de Choque

    O choque um complexo grupo de sndromes cardiovascularesagudas que no possui, uma definio nica que compreenda todas assuas diversas causas e origens. Didaticamente, o estado de choque se dquando h mal funcionamento entre o corao, vasos sangneos (artriasou veias) e o sangue, instalando-se um desequilbrio no organismo.

    O choque uma grave emergncia mdica. O correto atendimentoexige ao rpida e imediata. Vrios fatores predispem ao choque. Com afinalidade de facilitar a anlise dos mecanismos, considera-se especialmentepara estudo o choque hipovolmico, por ter a vantagem de apresentaruma seqncia bem definida. H vrios tipos de choque:

    Choque Hipovolmico

    o choque que ocorre devido reduo do volume intravascularpor causa da perda de sangue, de plasma ou de gua perdida em diarriae vmito.

    Choque Cardiognico

    Ocorre na incapacidade de o corao bombear um volume de sanguesuficiente para atender s necessidades metablicas dos tecidos.

    Captulo I Geral

  • 48

    Manual de Primeiros Socorros

    Choque Septicmico

    Pode ocorrer devido a uma infeco sistmica.

    Choque Anafiltico

    uma reao de hipersensibilidade sistmica, que ocorre quandoum indivduo exposto a uma substncia qual extremamente alrgico.

    Choque Neurognico

    o choque que decorre da reduo do tnus vasomotor normalpor distrbio da funo nervosa. Este choque pode ser causado, porexemplo, por transeco da medula espinhal ou pelo uso de medicamentos,como bloqueadores ganglionares ou depressores do sistema nervoso cen-tral.

    O reconhecimento da iminncia de choque de importncia vitalpara o salvamento da vtima, ainda que pouco possamos fazer para re-verter a sndrome. Muitas vezes difcil este reconhecimento, mas podemosnotar algumas situaes predisponentes ao choque e adotar condutaspara evit-lo ou retard-lo. De uma maneira geral, a preveno consideravelmente mais eficaz do que o tratamento do estado de choque.

    O choque pode ser provocado por vrias causas, especialmente deorigem traumticas. Devemos ficar sempre atentos possibilidade dechoque, pois a grande maioria dos acidentes e afeces abordadas nestemanual pode gerar choque, caso no sejam atendidos corretamente.

    Causas Principais do Estado de Choque

    Hemorragias intensas (internas ou externas) Infarto Taquicardias Bradicardias Queimaduras graves Processos inflamatrios do corao Traumatismos do crnio e traumatismos graves de trax e abdmen Envenenamentos Afogamento Choque eltrico Picadas de animais peonhentos Exposio a extremos de calor e frio Septicemia

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    No ambiente de trabalho, todas as causas citadas acima podemocorrer, merecendo especial ateno os acidentes graves com hemorragiasextensas, com perda de substncias orgnicas em prensas, moinhos,extrusoras, ou por choque eltrica, ou por envenenamentos por produtosqumicos, ou por exposio a temperaturas extremas.

    Sintomas

    A vtima de estado de choque ou na iminncia de entrar em choqueapresenta geralmente os seguintes sintomas:

    Pele plida, mida, pegajosa e fria. Cianose (arroxeamento) deextremidades, orelhas, lbios e pontas dos dedos.

    Suor intenso na testa e palmas das mos. Fraqueza geral. Pulso rpido e fraco. Sensao de frio, pele fria e calafrios. Respirao rpida, curta, irregular ou muito difcil. Expresso de ansiedade ou olhar indiferente e profundo com pupilas

    dilatadas, agitao. Medo (ansiedade). Sede intensa. Viso nublada. Nuseas e vmitos. Respostas insatisfatrias a estmulos externos. Perda total ou parcial de conscincia. Taquicardia

    Preveno do Choque

    Algumas providncias podem ser tomadas para evitar o estado dechoque. Mas infelizmente no h muitos procedimentos de primeirossocorros a serem tomados para tirar a vtima do choque.

    Existem algumas providncias que devem ser memorizadas com ointuito permanente de prevenir o agravamento e retardar a instalao doestado de choque.

    DEITAR A VTIMA: A vtima deve ser deitada de costas. Afrouxar asroupas da vtima no pescoo, peito e cintura e, em seguida, verificar se hpresena de prtese dentria, objetos ou alimento na boca e os retirar.

    Os membros inferiores devem ficar elevados em relao ao corpo.Isto pode ser feito colocando-os sobre uma almofada, cobertor dobradoou qualquer outro objeto. Este procedimento deve ser feito apenas se nohouver fraturas desses membros; ele serve para melhorar o retornosanguneo e levar o mximo de oxignio ao crebro. No erguer os membros

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    inferiores da vtima a mais de 30 cm do solo. No caso de ferimentos notrax que dificultem a respirao ou de ferimento na cabea, os membrosinferiores no devem ser elevados.

    No caso de a vtima estar inconsciente, ou se estiver consciente,mas sangrando pela boca ou nariz, deit-la na posio lateral de segurana(PLS), para evitar asfixia, conforme demonstrado na Figura 8.

    Figura 8 - Posio lateral de segurana

    RESPIRAO: Verificar quase que simultaneamente se a vtima respira.Deve-se estar preparado para iniciar a respirao boca a boca, caso avtima pare de respirar.

    PULSO: Enquanto as providncias j indicadas so executadas,observar o pulso da vtima.No choque o pulso da vtima apresenta-se rpidoe fraco (taquisfigmia).

    CONFORTO: Dependendo do estado geral e da existncia ou no defratura, a vtima dever ser deitada da melhor maneira possvel. Isso significaobservar se ela no est sentindo frio e perdendo calor. Se for preciso, avtima deve ser agasalhada com cobertor ou algo semelhante, como umalona ou casacos.

    TRANQUILIZAR A VTIMA: Se o socorro mdico estiver demorando,tranqilizar a vtima, mantendo-a calma sem demonstrar apreenso quantoao seu estado. Permanecer em vigilncia junto vtima para dar-lhesegurana e para monitorar alteraes em seu estado fsico e deconscincia.

    Em todos os casos de reconhecimento dos sinais esintomas de estado de choque, providenciar

    imediatamente assistncia especializada. A vtima vainecessitar de tratamento complexo que s pode ser feitopor profissionais e recursos especiais para intervir nestes

    casos.

  • 51

    Transporte de Acidentados

    Introduo

    O transporte de acidentados um determinante da boa prestaode primeiros socorros. Um transporte mal feito, sem tcnica, semconhecimentos pode provocar danos muitas vezes irreversveis integridadefsica do acidentado. Existem vrias maneiras de se transportar umacidentado. Cada maneira compatvel com o tipo de situao em que oacidentado se encontra e as circunstncias gerais do acidente. Cada tcnicade transporte requer habilidade e maneira certa para seja executada. Quasesempre necessrio o auxlio de outras pessoas, orientadas por quemestiver prestando os primeiros socorros.

    De uma maneira geral, o transporte bem realizado deve adotarprincpios de segurana para a proteo da integridade do acidentado;conhecimento das tcnicas para o transporte do acidentado consciente,que no pode deambular; transporte do acidentado inconsciente; cuidadoscom o tipo de leso que o acidentado apresenta e tcnicas e materiaispara cada tipo de transporte.

    Em muitos tipos de transporte teremos de contar com o auxlio deum, dois ou mais voluntrios. Para estes casos a tcnica correta tambmvaria de acordo com o nmero de pessoas que realizam o transporte. Otransporte de vtimas assunto que suscita polmicas. Devemos tentartroca de informaes entre pessoas que tenham experincias, no intuitode transform-las em exemplos teis. Alm disto, trata-se de assunto emque a proficincia depende quase que exclusivamente de prtica ehabilidade fsica. importante praticar o mximo possvel, at que se tenhacerteza de que no restam dvidas.

    Algumas regras e observaes genricas e tericas devem seraprendidas e conscientizadas por todos, independentemente de suashabilidades fsicas para realizar o transporte de um acidentado. Apesar deno ser de nossa competncia conveniente que conheamos algumasprticas relativas atividade de resgate de vtimas de acidentes.

    Resgate

    A prpria existncia da atividade de primeiros socorros estabeleceimplicitamente o atendimento do acidentado no prprio local da ocorrnciade uma emergncia, acidente ou problema clnico. Muitas vezes, dadas spropores e circunstncias em que ocorrem outros eventos, existe perigopara quem est socorrendo e para as vtimas.

    Se um acidentado, por exemplo, est se afogando, ou exposto a

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    descargas eltricas, gases e outras substncias txicas, inflamveis ouexplosivas e corrosivas, o primeiro cuidado a ser tomado o resgate domesmo. Quem socorre dever ser capaz de identificar a quantidade e aqualidade dos riscos que se apresentam em cada caso e saber como re-solver o problema, evitando expor-se inutilmente. preciso tambm terconscincia da necessidade de agir rigorosamente dentro de seus limites ede sua competncia. Nos casos de resgate de vtimas de acidentes, sdepois de efetuado o resgate que podemos assumir a iniciativa de prestaros primeiros socorros.

    Independentemente da atuao do pessoal da segurana, se existir,quem for socorrer dever estar sempre preparado para orientar ou realizarele mesmo o resgate. preciso estudar com ateno as noes de resgateque esto contidas nos itens sobre choque eltrico, incndio, gases esubstncias txicas. Deve ainda ter sempre consigo informaes e nmerosde telefones dos hospitais, servios de ambulncia e centro de informaestxico-farmacolgicas.

    Transporte de Acidentados

    As tcnicas e orientaes contidas aqui so as mesmas desenvolvidas,acatadas e recomendadas internacionalmente pela Liga de Sociedade daCruz Vermelha e do Crescente Vermelho, conforme estabelecido no Cursode Formao de Monitores de Primeiros Socorros, na Cruz VermelhaBrasileira, Caderno n 2, captulo 10, 1973.

    O transporte de acidentados ou de vtimas de mal sbito requer dequem for socorrer o mximo cuidado e correo de desempenho, com oobjetivo de no lhes complicar o estado de sade com o agravamento dasleses existentes.

    Antes de iniciar qualquer atividade de remoo e transporte deacidentados, assegurar-se da manuteno da respirao e dos batimentoscardacos; hemorragias devero ser controladas e todas as leses traumato-ortopdicas devero ser imobilizadas. O estado de choque deve serprevenido. O acidentado de fratura da coluna cervical s pode sertransportado, sem orientao mdica ou de pessoal especializado, noscasos de extrema urgncia ou iminncia de perigo para o acidentado epara quem estiver socorrendo-o.

    Enquanto se prepara o transporte de um acidentado, acalm-lo,principalmente demonstrando tranqilidade, com o controle da situao. necessrio estar sereno para que o acidentado possa controlar suasprprias sensaes de temor ou pnico. recomendvel o transporte depessoas nos seguintes casos:

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    Vtima inconsciente. Estado de choque instalado. Grande queimado. Hemorragia abundante. Choque. Envenenado, mesmo consciente. Picado por animal peonhento. Acidentado com fratura de membros inferiores, bacia ou coluna

    vertebral. Acidentados com luxao ou entorse nas articulaes dos membros

    inferiores.

    O uso de uma, duas, trs ou mais pessoas para o transporte de umacidentado depende totalmente das circunstncias de local, tipo de acidente,voluntrios disponveis e gravidade da leso. Os mtodos que empregamum a duas pessoas socorrendo so ideais para transportar um acidentadoque esteja inconsciente devido a afogamento, asfixia e envenenamento.Este mtodo, porm, no recomendvel para o transporte de um feridocom suspeita de fratura ou outras leses mais graves. Para estes casos,sempre que possvel, deve-se usar trs ou mais pessoas.

    Para o transporte de acidentados em veculos, alguns cuidadosdevem ser observados. O corpo e a cabea do acidentado devero estarseguros, firmes, em local acolchoado ou forrado. O condutor do veculodever ser orientado para evitar freadas bruscas e manobras queprovoquem balanos exagerados. Qualquer excesso de velocidade deverser evitado, especialmente por causa do nervosismo ou pressa em salvar oacidentado. O excesso de velocidade, ao contrrio, poder fazer novasvtimas. Se for possvel, deve ser usado o cinto de segurana.

    Antes de remover um acidentado, os seguintesprocedimentos devem ter sido observados:Restaurao ou manuteno das funes respiratria ecirculatriaVerificao de existncia e gravidade de lesesControle de hemorragiaPreveno e controle de estado de choqueImobilizao dos pontos de fratura, luxao ou entorse.

    Para o transporte, cuidar para que se use veculo grande eespaoso, a ser dirigido por motorista habilitado. Almdisto:Acompanhar e assistir o acidentado durante o transporte,

    Captulo I Geral

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    Manual de Primeiros Socorros

    verificando e mantendo as funes respiratria ecirculatria, monitorizando o estado de conscincia epulso, sempre que for necessrio, solicitado ou naausncia de pessoal de sade especializado para realizarestas aes.Orientar o motorista para evitar freadas sbitas emanobras que provoquem balanos.Assegurar o conforto e segurana do acidentado dentrodo veculo transportador.Sempre que possvel anotar e registrar, de prefernciaem papel, todos os sinais e sintomas observados e aassistncia que foi prestada. Estas informaes devemacompanhar o acidentado, mesmo na ausncia de quem osocorreu, e podem vir a ser de grande utilidade noatendimento posterior.

    Mtodos de Transporte - uma pessoa s socorrendo

    Transporte de Apoio

    Passa-se o brao do acidentado por trs da sua nuca, segurando-acom um de seus braos, passando seu outro brao por trs das costas doacidentado, em diagonal (Figura 9).

    Figura 9 - Transporte de apoio

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    Este tipo de transporte usado para as vtimas de vertigem, dedesmaio, com ferimentos leves ou pequenas perturbaes que no ostornem inconscientes e que lhes permitam caminhar.

    Transporte ao Colo

    Uma pessoa sozinha pode levantar e transportar um acidentado,colocando um brao debaixo dos joelhos do acidentado e o outro, bemfirme, em torno de suas costas, inclinando o corpo um pouco para trs(Figura 36). O acidentado consciente pode melhor se fixar, passando umde seus braos pelo pescoo da pessoa que o est socorrendo. Caso seencontre inconsciente, ficar com a cabea estendida para trs, o que muito bom, pois melhora bastante a sua ventilao.

    Figura 10 - Transporte ao colo

    Usa-se este tipo de transporte em casos de envenenamento ou picadapor animal peonhento, estando o acidentado consciente, ou em casosde fratura, exceto da coluna vertebral.

    Transporte nas Costa