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MANUAL PARA VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO CONTEXTO DA AIDPI Amira Consuelo Figueiras Isabel Cristina Neves de Souza Viviana Graziela Rios Yehuda Benguigui OPS/FCH/CA/05.16.P

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MANUAL PARA VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO CONTEXTO DA AIDPI

Amira Consuelo FigueirasIsabel Cristina Neves de SouzaViviana Graziela RiosYehuda Benguigui

OPS/FCH/CA/05.16.P

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OPS/FCH/CA/05.16.P

MANUAL PARA VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

NO CONTEXTO DA AIDPI

Amira Consuelo FigueirasIsabel Cristina Neves de Souza

Viviana Graziela RiosYehuda Benguigui

Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na InfânciaSaúde da Criança e do Adolescente

Saúde Familiar e Comunitária

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OPS

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Biblioteca Sede OPAS – Catalogação-na-fonte

Organização Pan-Americana da SaúdeManual para vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI.

Washington, D.C.: OPAS, © 2005.(Serie OPS/FCH/CA/05.16.P)

ISBN 92 75 72606 X

I. Título II. SerieIII. Figueiras, Amira Consuêlo de MeloIV. Souza, Isabel Cristina Neves de V. Rios, Viviana Graziela V. Benguigui, Yehuda

1. DESENVOLVIMENTO INFANTIL2. CUIDADOS INTEGRAIS DE SAÚDE3. FATORES DE RISCO4. CUIDADO DA CRIANÇA5. BEM-ESTAR DA CRIANÇANLM WA 320

OPS/FCH/CA/05.16.P © Organização Pan-Americana da Saúde

A Organização Pan-Americana da Saúde irá considerar de modo muito favorável as solicitações de autori¬zação para reproduzir ou traduzir, integral-mente ou em parte, esta publicação. As solicitações deverão ser encaminhadas à Área de Saúde da Criança e do Adolescente, Unidade Técnica deSaúde Familiar e Comunitária, Atenção Integrada às Doenças Prevalentes da Infância - AIDPI.

Pan American Health Organization525 Twenty-third Street, N.W.Washington, D.C., 20037

As denominações usadas nesta publicação e o modo de apresentação dos dados não fazem pressupor, por parte da Secretaria da Organização Pan-Americana da Saúde, juízo algum sobre a consideração jurídica de nenhum dos países, territórios, cidades ou áreas citados ou de suas autoridades,nem a respeito da delimitação de suas fronteiras.

A menção de determinadas sociedades comerciais ou nome comercial de certos produtos não implica a aprovação ou recomendação por parte daOrganização Pan-Americana da Saúde com preferência a outros análogos.

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< Conteúdo >

I. Autores, colaboradores e Instituições envolvidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

II. Prefacio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

III. Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

IV. Vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI: Referencial teórico 11

V. Marco introdutório. Vigilância do desenvolvimento infantil no contexto da AIDPI 17

VI. Avalie o desenvolvimento da criança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

VII. Vigilância do desenvolvimento da criança menor de 2 meses . . . . . . . . . . . . . . . . 21

VIII. Vigilância do desenvolvimento da criança de 2 meses a dois anos de idade . . . . 28

IX. Algumas orientações para promoção do desenvolvimento infantil saudável . . . . . 37

X. Exercícios com vídeo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

XI. Exercícios escritos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

XII. Anexos

Quadro 1. Criança menor de 2 meses de idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

Ficha de avaliação—menor de 2 meses de idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Quadro 2. Criança de 2 meses a dois anos de idade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

Ficha de avaliação—2 meses a dois anos de idade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Quadro de figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Gráfico de crescimento CDC-perímetro cefálico meninas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Gráfico de crescimento CDC-perímetro cefálico meninos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 3 >

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< I. Autores, colaboradores e Instituições envolvidas >

Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 4 >

Autores

Amira Consuêlo de Melo Figueiras Profa. de Pediatria da UFPA; Coordeenadora doPrograma Caminhar de Atenção à Criança comTranstorno no Desenvolvimento do HospitalBetina Souza Ferro-UFPA, Belém, Pará, Brasil.

Isabel Cristina Neves de SouzaProfa. de Pediatria da UFPA; Geneticista doPrograma Caminhar/UFPA e do Programa deEstimulação Precoce da URE-MIA, Belém, Pará, Brasil.

Viviana Graziela RiosPediatra, Neurologista Infantil do Hospital deNiños "Orlando Alassia" de Santa Fe, Argentina.

Yehuda BenguiguiChefe Unidade, Saúde da Criança e doAdolescente, Área de Saúde Familiar eComunitária, Organização Pan-Americana daSaúde, Organização Mundial da Saúde,OPAS/OMS, Washington, DC., EE.UU.

Colaboradores

Helia Molina MilmanProfesora de Saúde Pública, Departamento deSaúde Pública, Escola de Medicina Pontificia Universidad Católica de Chile, Santiago,Chile.

Horacio LejarragaChefe do Serviço de Crescimento eDesenvolvimento, Hospital de Pediatria Garrahan,Centro Colaborativo OPAS/OMS, Buenos Aires,Argentina.

Flavio Osvaldo LandraCoordenador Médico, Departamento Programasde Saúde. Instituto Nacional de DoençasRespiratórias Emilio Coni, Ministério de Saúde yAmbiente, Santa Fe, Argentina.

Juan Carlos BossioChefe de Departamento Programas de SaúdeInstituto Nacional de Doenças Respiratórias EmilioConi, Ministério de Saúde y Ambiente, Santa Fe,Argentina.

Lea Maria Martins SalesMestre em Psicologia, Prof. de Psicologia da UFPA,Universidades Federal do Parã, Belém, Parã, Brasil.

Mariela LabathPediatra do Hospital de Niños "Orlando Alassia"de Santa Fé, Argentina.

Maria da Conceição Furtado SobrinhoPediatra, Vice-Diretora da Unidade de ReferênciaEspecializada Materno-Infantil-Adolescente.

Matilde Ferreira CarvalhoTerapêuta Ocupacional da Secretaria de Saúde doEstado do Ceará- Fortaleza, Ceará-Brasil.

Regina Hilda Ferreira BritoFisioterapêuta do Programa Caminhar-UFPA e doPrograma de Estimulação Precoce da Unidade deReferência Especializada Materno-Infantil-Adolescente, Belém, Pará, Brasil.

Alice HassanoMestre em Pediatria, Prof. do Departamento dePediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, Riode Janeiro, RJ. Brasil.

Regina Lúcia Ribeiro MorenoTerapêuta Ocupaciomnal do Hospital Albert Sabin,Fortaleza, Ceará, Brasil.

Sergio Javier AriasChefe de Divisão Epidemiologia, DepartamentoProgramas de Saúde Instituto Nacional deDoenças Respiratorios Emílio Coni, Ministério daSaúde e Ambiente, Santa Fé, Argentina.

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Saulo de Melo FigueirasAnalista de Marketing, MBA pela Escola Superiorde Propaganda e Marketing de São Paulo, S.P.,Brasil.

Luci Pfiffer MirandaPediatra, Coordenadora do Grupo de Trabalho deAtenção à Criança com Necessidades Especiais daSociedade Brasileira de Pediatria-Brasil.

Veronica Said de CastroMédica Pediatra, Escola de Saúde Pública doCeará. Fortaleza, Ceará, Brasil.

Raimunda Helena Pitanga FeioNeoropediatra do Programa Caminhar/UFPA,Belém, Pará, Brasil.

Instituições envolvidas

• OPAS/OMS – Organização Pan-Americana deSaúde

• SESPA – Secretaria Estadual de Saúde• SESMA – Secretaria Municipal de Saúde de

Belém• SPP – Sociedade Paraense de Pediatria -

Departamento de Atenção à Criança comNecessidades Especiais

• Unidade de Referência Especializada Materno-Infantil-Adolescente – SESPA – Programa deEstimulação Precoce

• UFPA – Universidade Federal do ParáHospital Universitário Bettina Ferro de SouzaDepartamento de Assistência Materno-Infantil II Departamento de Psicologia

• UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo,Departamento de Pediatría

• INER – Instituto Dr. Emilio Coni, Santa Fe,Argentina

• Hospital De Niños Dr. Orlando Alassia, Santa Fe,Argentina

• ESP-CE – Escola de Saúde Pública do Estado doCeará

Autores, colaboradores e Instituições envolvidas < 5 >

Os autores querem registrar sua homenagem à

Dra. Márcia Regina Marcondes Pedromônico,que faleceu durante o processo de edição deste manual.

A Dra. Pedromônico era psicóloga, com doutorado e professora da graduação epós-graduação do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina daUniversidade de São Paulo. Foi quem primeiro acreditou na proposta de utilizar aestratégia da AIDPI como metodologia para a vigilância do desenvolvimento infan-til. Com seus conhecimentos técnicos apoiou na montagem da tabela com os mar-cos do desenvolvimento. Sempre esteve disponível para o intercambio de idéias quevisassem a melhoria deste material.

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Se a sobrevivência infantil é uma das principais questões pendentes que nos legou o século XX, garantir um crescimento edesenvolvimento saudáveis a todos na primeira infância é um objetivo que, já iniciadoo século XXI, lhe deve estarindissoluvelmente associado.

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 7 >

Se a sobrevivência infantil é uma das principaisquestões pendentes que nos legou o século XX,garantir um crescimento e desenvolvimentosaudáveis a todos na primeira infância é um objeti-vo que, já iniciado o século XXI, lhe deve estarindissoluvelmente associado.

Os avanços realizados, especialmente nas últimasdécadas, com relação à prevenção de doenças e aotratamento eficaz de muitas delas, tiveram umaimportante repercussão nas condições gerais de vidada população mundialmente, inclusive na Regiãodas Américas. Nos últimos vinte anos a expectativade vida da população aumentou, e uma proporçãoimportante deste aumento decorreu do impactoobtido pelos países com seus esforços para reduzir amortalidade infantil. O número de mortes antes doscinco anos foi drasticamente reduzido entre o inícioda década de 80 e o final dos anos 90, e alcançouem 2000 a meta fixada de reduzi-las em um terçocom relação ao número de 1990.

Esta importante realização nem sempre foi acom-panhada por uma melhoria nas condições de vidados meninos, das meninas e de suas famílias. Aocontrário, na década de 90 houve uma deterio-ração nas condições econômicas e sociais de vas-tos setores da população do continente, e ascondições de vida da infância estiveram muitoaquém do que seria adequado para garantir-lheum bom estado de saúde. Neste contexto, é tarefaessencial a implementação de intervenções ade-quadas, que contribuam para a prevenção dedoenças, para sua detecção precoce e tratamentoeficaz, bem como para a promoção da saúde.

Desde meados da década de 90, a AtençãoIntegrada às Doenças Prevalentes da Infância,AIDPI, revelou-se uma estratégia adequada parapôr à disposição das famílias um conjunto básicode intervenções baseadas na evidência científicadisponível e que permitem prevenir e tratar eficaz-mente as principais doenças e problemas que afe-tam a saúde nos primeiros anos de vida. A AIDPI

também contribuiu para fomentar a aplicação demedidas de promoção da saúde que dão aos paisos conhecimentos e práticas para o cuidado ade-quado da saúde de seus filhos.

A aplicação da AIDPI teve importantes benefíciospara a qualidade da atenção prestada às criançastanto nos serviços de saúde como em casa e nacomunidade. Entre eles, pode-se considerar comoum dos mais importantes o fortalecimento de umavisão integrada da saúde infantil, que muda o foco deatenção das doenças específicas que podem afetá-la.

Incorporar à estratégia os dados substanciais e aspráticas usados para avaliar a condição de desen-volvimento dos meninos e meninas contribui aindamais para fortalecer esta visão integrada da saúdeinfantil. Permite, além disso, otimizar o uso de todocontato entre os profissionais da saúde e asfamílias para identificar eventuais problemas,fornecer as recomendações de tratamento maisadequadas e fomentar a aplicação de práticas sim-ples que contribuam para estimular precocementeo desenvolvimento infantil. Dessa forma, a incorpo-ração da vigilância do desenvolvimento infantilcomo parte da AIDPI vem corresponder ao com-promisso ético de trabalhar simultaneamente pelasobrevivência infantil e para permitir a todas as cri-anças sobreviventes as melhores oportunidadespara alcançar seu máximo potencial, e crescer edesenvolver-se como adolescentes, jovens e adul-tos sadios e socialmente produtivos.

Contar com a estratégia AIDPI ao alcance de toda apopulação —particularmente dos grupos emcondições de maior vulnerabilidade— representoue representa um desafio importante para os paísesdo continente americano. Acreditamos que oesforço para que a vigilância do desenvolvimentoinfantil se incorpore efetivamente à AIDPI deve serparte deste mesmo desafio.

Neste contexto, espera-se que este manual propor-cione aos profissionais da saúde e a todas as pes-

< II. PREFÁCIO >

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soas envolvidas em sua formação acadêmica, bemcomo àquelas que têm nas mãos a atenção àsaúde infantil, os instrumentos necessários parareforçar as intervenções destinadas a melhorar odesenvolvimento na infância, integrando-as à AIDPIe pondo-as ao alcance da população.

Estas condições sem dúvida levarão a alcançar asMetas de Desenvolvimento do Milênio para 2015com que se comprometeram todos os países, con-tribuindo para a sobrevivência infantil e para que sedê a todas as crianças e suas respectivas famíliascondições para um crescimento e desenvolvimentosaudáveis durante todo a infância, com reper-cussões positivas para toda a vida.

O Manual de Vigilância do Desenvolvimento Infantilfoi desenvolvido inicialmente para suprir a necessi-dade de capacitação dos profissionais que atuavamna atenção primária da Secretaria Municipal deSaúde de Belém-PA em desenvolvimento infantil. Noperíodo comprendido entre os anos 2000 a 2004foram capacitados 240 médicos e enfermeiros que

atuam nas Unidades Básicas de Saúde e noPrograma de Saúde da Família. Tal fato proporcionouo encaminhamento de crianças com alterações nodesenvolvimento, das quais 1.200 estão em trata-mento especializado. Foram montados dois novosserviços com equipes multiprofissionais no municípiopara atender esta demanda, contribuindo assim paraa melhoria da qualidade de vida destas crianças.

Esta experiência, bem como o Manual de Vigilânciado Desenvolvimento Infantil, em sua versão emespanhol fá foram apresentados a profissionais devários outros paises, que se beneficiaram da iniciati-va do Pará, na medida em que está sendo incorpo-rada na atencão à saúde da criança nestes países.

Dr. Yehuda BenguiguiChefe de UnidadeSaúde da Criança e do AdolescenteSaúde Familiar e ComunitáriaOPAS/OMS

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Proporcionar á criança oportunidades para quetenha um desenvolvimento adequado é talvez o demais importante que se pode oferecer à espéciehumana. Um desenvolvimento infantil satisfatório,principalmente nos primeiros anos de vida, con-tribui para a formação de um sujeito com suaspotencialidades desenvolvidas, com maior possibil-idade de tornar-se um cidadão mais resolvido, aptoa enfrentar as adversidades que a vida oferece,reduzindo-se assim as disparidades sociais eeconômicas da nossa sociedade.

Este manual foi elaborado para complementar omaterial didático do “Curso de Vigilância doDesenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI”.Destina-se aos profissionais da Rede Básica deSaúde, não sendo, portanto, seu conteúdo aprofun-dado para especialistas em desenvolvimento infan-

til. Trata-se de material com conhecimentos básicossobre desenvolvimento nos dois primeiros anos devida, que todo profissional da Atenção Primária àSaúde deve ter, para poder orientar adequada-mente os pais sobre como acompanhar o desen-volvimento normal do seu filho, assim como, aodetectar atrasos ou desvios, saber que atitudestomar. Não consiste em um teste diagnóstico, massim de um instrumento de avaliação mais amplo,porém ao mesmo tempo de fácil aplicação. O obje-tivo deste manual é estimular o profissional daatenção primária a avaliar o desenvolvimento dacriança até 2 anos, sabendo porque isto é impor-tante. Um diagnóstico precoce certamente darámais chances à uma criança com atraso, pois pos-sibilita acesso a atenção adequada e proporcionan-do-lhe uma melhor qualidade de vida.

< III. APRESENTAÇÁO >

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Acompanhar o desenvolvimento da criança nosdois primeiros anos de vida é de fundamentalimportância, pois é nesta etapa da vida extra-uteri-na que o tecido nervoso mais cresce e amadurece,estando portanto mais sujeito aos agravos. Devidoa sua grande plasticidade, é também nesta épocaque a criança melhor responde às terapias e aosestímulos que recebe do meio ambiente. Portanto,é fundamental que neste período o profissional desaúde, juntamente com a família e a comunidadena qual está inserido, faça a vigilância do desen-volvimento de suas crianças.

“VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO com-preende todas as atividades relacionadas à pro-moção do desenvolvimento normal e à detecçãode problemas no desenvolvimento, durante aatenção primária à saúde da criança. É umprocesso contínuo, flexível, envolvendo infor-mações dos profissionais de saúde, pais, profes-sores e outros.” (Huthsson & Nicholl, 1988).

“Por ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE compreende-se os cuidados essenciais à saúde, baseados emmétodos e tecnologias práticas, cientificamentebem fundamentadas e socialmente aceitáveis,colocadas ao alcance universal de indivíduos efamílias da comunidade, mediante sua plena par-ticipação, e a um custo que estas comunidades eos países possam manter em cada fase do seudesenvolvimento, no espírito de autoconfiança edeterminação.” (ALMA ATA, 1978).

Portanto, para que se possa realizar a vigilância dodesenvolvimento infantil na atenção primária àsaúde, é necessário que os profissionais de saúdetenham conhecimentos básicos sobre desenvolvi-mento infantil. É importante que este profissionalconheça como se comporta uma criança normal,que fatores podem contribuir para que seu desen-volvimento possa se alterar e reconhecer comporta-mentos que possam sugerir algum problema. Paraque se possa fazer esta vigilância é necessário utilizarmetodologias simples, exeqüíveis, porém cientifica-mente comprovadas e socialmente aceitas.

Na tentativa de simplificar e operacionalizar a vigilân-cia do desenvolvimento infantil na atenção primáriaà saúde foi elaborado este instrumento, utilizando-se a metodologia da Atenção Integrada às DoençasPrevalentes na Infância. Este tem como objetivo sis-tematizar o atendimento, facilitando para os profis-sionais de saúde a orientação dos pais sobre a pro-moção do desenvolvimento normal dos seus filhos ea detecção precoce das crianças com possibilidadesde apresentarem algum problema no desenvolvi-mento. Estas deverão ser referenciadas para umaavaliação por profissionais com mais experiência emdesenvolvimento infantil, a fim de decidir se há real-mente um problema que deva ser investigado e qualo tratamento adequado.

Amira Consuelo FigueirasIsabel Cristina Neves de SouzaViviana Graziela RiosYehuda Benguigui

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IntroduçãoO desenvolvimento integral da infância é funda-mental ao desenvolvimento humano e à con-strução do capital social, elementos consideradosprincipais e necessários para romper o ciclo depobreza e reduzir as brechas da ineqüidade, igua-lando as oportunidades não só sócio-econômicasmas também de gênero, do ser humano.

Conceituar o que vem a ser desenvolvimento infan-til não é tão simples, variando com o referencialteórico que se queira adotar e os aspectos que sequeira abordar. Para o pediatra, tem-se a definiçãoclássica de Marcondes et al (1991)1, que diz“desenvolvimento é o aumento da capacidade doindivíduo na realização de funções cada vez maiscomplexas”; já o neuropediatra certamente pen-sará na maturação do sistema nervoso central; damesma forma, o psicólogo, dependendo da for-mação e experiência, estará pensando nos aspec-tos cognitivos, na inteligência, adaptação, inter-relação com o meio ambiente; enquanto que o psi-canalista dará mais ênfase às relações com os out-ros e à constituição do psiquismo2.

Para Mussen et al (1995)3 o desenvolvimento édefinido como mudanças nas estruturas físicas eneurológicas, cognitivas e comportamentais, queemergem de maneira ordenada e são relativamenteduradouras. Seu estudo consiste em detectar comoe porquê o organismo humano cresce e mudadurante a vida, tendo como um dos objetivos com-preender as mudanças que parecem ser universais –mudanças que ocorrem em todas as crianças, nãoimportando a cultura em que cresçam ou as exper-iências que tenham. Um segundo objetivo é explicaras diferenças individuais. O terceiro objetivo é com-

preender como o comportamento das crianças éinfluenciado pelo contexto ou situação ambiental.Esses três aspectos – padrões universais, diferençasindividuais e influências contextuais – são necessá-rios para se entender claramente o desenvolvimentoda criança. Dependendo da orientação teórica segui-da pelo pesquisador e dos tipos de questões aserem estudadas, a ênfase pode ser colocada emqualquer um desses aspectos.

O modelo ecológico do desenvolvimento humanoparte da concepção ecológica, na qual os difer-entes ambientes (micro e macrosociais) interatuam(fig 1). Dentro desta visão, os ambientes ou entor-rnos estão representados pelo Estado, aComunidade e a Família. Cada um deles possuesuas normas e valores. O Estado através da formu-lação de Políticas e marcos institucionais. AComunidade, através de seus modelos de organiza-ção e participação. Finalmente, as Famílias em seupapel transcendente de proteção, cuidado e satis-fação das necessidades imediatas da infância.

Resumindo, desenvolvimento infantil é um proces-so que vai desde a concepção, envolvendo váriosaspectos, indo desde o crescimento físico, passan-do pela maturação neurológica, comportamental,cognitiva, social e afetiva da criança. Tem como pro-duto tornar a criança competente para responderas suas necessidades e às do seu meio, consideran-do seu contexto de vida.

Incidência de alterações no desenvolvimentoinfantil Não existem estudos estatísticos confiáveis queretratem a real incidência de crianças com proble-

< IV. VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL >Referencial Teórico

1. Marcondes E, Machado DVM, Setian N, Carrazza FR. Crescimento e desenvolvimento. In: Marcondes E, coordenador. Pediatria básica. 8a ed. SãoPaulo: Sarvier; 1991. p.35-62.2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica da Criança. Fundamentos técnicos-científicos e orientações práticas parao acompanhamento do crescimento e desenvolvimento - vol.2; Brasília: MS. No prelo 2002.3. Mussen PH, Conger JJ, Kagan J, Huston AC. Desenvolvimento e personalidade da criança. 3a ed. Traduzido por Rosa MLGL. São Paulo: Herbra;1995

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 12 >

mas de desenvolvimento, tendo-se em vista a com-plexidade na definição e uniformidade no conceitodo que seja desenvolvimento normal.

A Organização Mundial de Saúde-OMS estima que10% da população de qualquer país é constituídapor pessoas com algum tipo de deficiência4.Considerando-se a população brasileira do últimocenso, de 169.799.170 habitantes, teríamos, por-tanto, 16.979.917 pessoas deficientes, estandoentre estes as crianças com alterações de desen-volvimento.

Halpern et al (2000)5 avaliando 1363 crianças aos12 meses, escolhidas aleatoriamente de umacoorte de 5304 crianças nascidas nos hospitais dePelotas em 1993, detectou 463 (34%) com riscopara atraso no desenvolvimento. Figueiras et al(2001)6, avaliando 82 crianças menores de 2 anosno arquipélago do Combu/PA, detectou 37% comrisco para problemas de desenvolvimento.

Fatores de risco para problemas no desenvolvimento infantilDiversos fatores podem ser responsáveis pelos prob-lemas de desenvolvimento nas crianças. Na maioriadas vezes não se pode estabelecer uma única causa,existindo uma associação de diversas etiologias pos-sivelmente associadas com o problema.

Sendo o desenvolvimento da criança decorrente deuma interação entre as características biológicas eas experiências oferecidas pelo meio ambiente,fatores adversos nestas duas áreas podem alterar oseu ritmo normal. A probabilidade de que isto ocor-ra é chamado de risco para o desenvolvimento. Aprimeira condição para que uma criança se desen-volva bem é o afeto de sua mãe ou da pessoa queestar encarregada de cuidar dela7. A falta de afeto,de amor nos primeiros anos de vida deixará marcasdefinitivas no desenvolvimento da criança, consti-tuindo-se em um dos riscos mais importantes parao bom desenvolvimento da criança.

Figura 1—Modelo EcológicoDeterminantes do Desenvolvimento Integral da Infância

Molina H.; Bedregal P. & Margozzini P., 2001. Revisión sistemática sobre eficacia de intervenciones para el desarrollo biosicosocial de la niñez.Santiago de Chile, Ediciones Terra Mía; 2002.

• Valores• Políticas• Intersectorialidade• Distribução de la

riquesa

• Rede social• Cohesividade• Serviços• Qualidade• Cultura

Herançia – Cuidados

Accesibilidade – Participação

Saúde – Educação – Trabalho – Ambiente – Justiça – Saneamiento

Ciclo da Vida

DesenvolvimentoIntegral

a Criança

4. World Health Organization. Opportunities for all: a community rehabilitation project for slums. Phlippines: WHO; 1995. 54p5. Halpern R, Giugliani ERJ, Victora CG, Barros FC, Horta BL. Fatores de risco para suspeita de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor aos 12meses de vida. J Pediatr 2000;76(6):421-286. Figueiras ACM; Souza ICN; Pedromônico MR; Sales LMM; Brito RHE; Magno MMM. Avaliação do desenvolvimento de crianças até 2 anos de idadeno arquipélago do Combu. Rev Par Med 2001a;15(3):39. Suplemento II - resumos do 4º Congresso Nacional de Pediatria-Região Norte daSociedade Brasileira de Pediatria/ I Congresso Paraense de Atenção Multidisciplinar à Criança; Belém.7. Lejarraga H. O fascinante processo de desenvolvimento psicomotor da criança. ) Berço,13 - dezembro 2002. Nestlé Nutrition.

FAMILIACOMUNIDADE

ESTADO

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< 13 >Vigilância do desenvolvimento infantil—Referencial teórico

A maioria dos estudos classifica os riscos para prob-lemas no desenvolvimento da criança em biológicose ambientais. Os biológicos são eventos pré, peri epós-natais que resultam em danos biológicos e quepodem aumentar a probabilidade de prejuízo nodesenvolvimento. Alguns autores separam dosbiológicos os riscos ditos estabelecidos, referindo-sea desordens médicas definidas, especialmente as deorigem genética. Como exemplo de riscos estabeleci-dos estariam os erros inatos do metabolismo, as mal-formações congênitas, a síndrome de Down e outrassíndromes genéticas. Entre os biológicos estariam aprematuridade, a hipóxia cerebral grave, o ker-nicterus, as meningites e encefalites, etc. As experiên-cias adversas de vida ligadas à família, ao meio ambi-ente e à sociedade são consideradas como riscosambientais. Entre estes estariam as condiçõesprecárias de saúde, a falta de recursos sociais e edu-cacionais, a educação materna, os estresses intra-familiares, como violência, abuso, maus-tratos eproblemas de saúde mental da mãe ou de quemcuida, e as práticas inadequadas de cuidado e edu-cação, dentre outros7,8. Cada vez mais os estudos têmmostrado que os fatores sociais exercem influênciasignificativa no desenvolvimento da criança.

Nas últimas décadas muitos estudos têm sidoimplementados na identificação dos fatores derisco para o desenvolvimento infantil, não só pelointeresse científico dos pesquisadores, mas tam-bém pelo das organizações governamentais e nãogovernamentais que de alguma maneira estãoenvolvidas com os direitos e cuidados com a cri-ança. Entretanto muito ainda há para se pesquisarsobre a fisiopatogenia das alteraçõs do desenvolvi-mento infantil. Desta maneira, os programas eintervenções que visem a prevenção ou minimiza-ção dos problemas do desenvolvimento infantilpoderão ser mais eficazes.

Apresentação clínica das alterações do desenvolvimento infantilOs problemas no desenvolvimento na criançapodem se apresentar de diversas maneiras, como

alterações no desenvolvimento motor, na lin-guagem, na interação pessoal-social, no cognitivo,etc. Na maioria das vezes há comprometimentosque afetam mais de uma função e a criança apresen-ta alterações funcionais mistas no seu desenvolvi-mento. Assim, a criança com paralisia cerebral, apre-senta prioritariamente alterações no desenvolvimen-to motor, podendo também apresentar alteraçõesno desenvolvimento da linguagem e na cognição. Acriança com hipotiroidismo congênito não tratadotambém apresenta alterações no desenvolvimentomotor, de linguagem e cognitivo. As crianças comsurdez apresentarão prioritariamente alterações nalinguagem. As crianças autista, em sua maioria, apre-sentam problemas na interação pessoal-social e nalinguagem. Enfim, as apresentações clínicas das cri-anças com problemas no desenvolvimento irão vari-ar muito, não só no tipo de atraso como também naintensidade deste atraso.

Existe ainda aquelas crianças que não apresentammanifestações clínicas de atraso no desenvolvimen-to, porém devido não terem recebido estímulos ade-quados, apesar de estarem bem nutridos e sadios,podem não alcançar seu potencial potencial pleno.Daí ser muito importante não só diagnosticar osdesvios, mas também promover o bom desenvolvi-mento da criança.

Diagnóstico das alterações no desenvolvimento infantilO desenvolvimento, ao contrário do crescimento,pode ser difícil de medir ou avaliar. Sua definiçãocomo “o processo de mudanças mediante o qual acriança alcança maior complexidade em seus movi-mentos, pensamentos, emoções e relações com osoutros”, expressa esta dificuldade. Apesar disto épossível estabelecer certos padrões e áreas dodesenvolvimento a avaliar, como se descreverá adi-ante. O importante é que o desenvolvimento deuma criança é multidimensional e integral, acontececontinuadamente porém com padrões únicos eacontece pela interação com os outros.

7. Idem.8. Graminha SSVG, Martins MAO. Condições adversas na vida de crianças com atraso no desenvolvimento. Medicina (Ribeirão Preto)1997;30(2):259-67.

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 14 >

A identificação de problemas de desenvolvimentopelo profissional ou mesmo pela família da criançaparece depender de vários aspectos. Identificar alter-ações dentro de condições de risco previamentedefinidas, por exemplo, crianças portadoras deSíndrome de Down, é aparentemente mais simples.Quanto maior a gravidade da alteração do desen-volvimento de uma criança, maior é a facilidade erapidez de sua identificação pelo profissional desaúde. Um outro aspecto se refere à área na qual aalteração se manifesta. Assim, alterações do desen-volvimento motor são mais facilmente identificáveisdo que alterações de linguagem e cognitivas. Noentanto, estas últimas têm maior correlação com ostatus do futuro desenvolvimento do que as alter-ações na evolução do comportamento motor.Embora as deficiências graves possam ser reconheci-das ainda na infância, distúrbios de linguagem,hiperatividade e transtornos emocionais não sãocomumente diagnosticados antes dos três ou quatroanos de idade. Da mesma forma, distúrbios deaprendizagem raramente são identificados antes doingresso da criança na escola9.

Para que a criança atinja todo seu potencial dedesenvolvimento é necessário estar atento à suaevolução normal e aos fatores que possam intervirnesta evolução. Portanto, é necessário seu acom-panhamento não só pelos familiares, mas tambémpor profissionais que possam ajudar na identificaçãodas alterações, encaminhando-as o mais precoce-mente possível para tratamento.

Apesar de existir um consenso entre os profissionaissobre a importância no acompanhamento do desen-volvimento da criança, a maneira como fazê-lo aindaé controvertida. Várias são as propostas e modelospara este acompanhamento10,11, passando pelosscreenings de desenvolvimento – significa umprocesso de checagem metodológica do desenvolvi-mento das crianças aparentemente normais, com oobjetivo de se identificar crianças de alto risco paraproblemas de desenvolvimento , utilizando-se a apli-cação de testes ou escalas, exames e outros proced-

imentos; pela vigilância do desenvolvimento – com-preende todas as atividades relacionadas à pro-moção do desenvolvimento normal e à detecção deproblemas de desenvolvimento, na atenção primáriaà saúde da criança, sendo um processo contínuo,flexível, envolvendo informações dos profissionais desaúde, pais, professores e outros; pela avaliação dodesenvolvimento – investigação mais detalhada decrianças com suspeita de serem portadoras de prob-lemas no desenvolvimento, sendo geralmente multi-disciplinar e diagnóstica; e pelo monitoramento ouacompanhamento do desenvolvimento – procedi-mento de assistir de forma próxima o desenvolvi-mento da criança, sem implicar na aplicação de téc-nica ou processo específico, podendo ser periódicoou contínuo, sistemático ou informal e envolver ounão processo de screening, vigilância ou avaliação.

Dependendo da finalidade, todos esses procedimen-tos têm o seu espaço no estudo do desenvolvimen-to da criança. Sendo assim, nos inquéritos popula-cionais, quando o objetivo for rastrear crianças commaior ou menor risco para problemas no desenvolvi-mento, os testes de screening são a melhor opção.No acompanhamento individual da criança, nãoresta dúvida da supremacia da vigilância do desen-volvimento. Nos casos da necessidade de diagnósti-co, torna-se indispensável a avaliação do desenvolvi-mento. Muitas vezes um procedimento estará imbri-cado com o outro permitindo um melhor resultado.É possível que na vigilância do desenvolvimento sejanecessário o uso de alguma escala, para servir deroteiro no exame do desenvolvimento.

Um papel de destaque na vigilância do desenvolvi-mento deve ser dado à opinião dos pais sobre odesenvolvimento dos seus filhos. De um modo geralhá um consenso na literatura de que os pais sãobons observadores e detectores acurados das defi-ciências observadas em seus filhos, mostrando umaalta sensibilidade, especificidade e valor preditivo dasua opinião na detecção de problemas no desen-volvimento dos mesmos12.

9. Palfrey JS, Singer JD, Walker DK, Butler JA. Early identification of children’s special needs: a study in five metropolitan communities. J Pediatr1987;111:651-910. Baird G, Hall DMB. Developmental pediatrics in primary care: what should we teach?. Br Med J 1985;291:583-85.11. Hutchson T, Nicoll A. Developmental screening and surveillance. Br Hosp Med 1988;39:22-9.12. Glascoe FP. Evidence-based approach to developmental and behavioral surveillance using parents’ concerns. Child Care Health Dev2000;26(2):137-49.

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< 15 >Vigilância do desenvolvimento infantil—Referencial teórico

Tratamento das alterações dodesenvolvimento infantil

O tratamento das crianças com atraso no desenvolvi-mento vai depender muito do que está causandoaquele problema. Se a criança apresenta um atrasodevido a problemas ambientais, como falta de estí-mulo por parte de quem cuida da mesma, o trata-mento consistirá em orientações aos pais sobre aimportância da relação entre o seu desenvolvimentoe a maneira como lidam com ela, da sua interaçãocom a criança. Muitas vezes é necessário tratar amãe depressiva, que não consegue interagir comsua criança. Se há uma patologia provocando o atra-so, como a toxoplasmose e o hipotiroidismo con-gênito, é necessário tratá-las com medicamentos omais breve possível, além do tratamento funcionalcom equipe multiprofissional – pediatra, neurolo-

gista, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupa-cional , fonoaudiólogo, etc. Se o atraso é seqüela dealgo já acontecido, como a anóxia neonatal, o ker-nicterus ou uma infecção do sistema nervoso central,o tratamento consistirá em tratar funcionalmente asalterações presentes. Nunca se deve esperar oesclarecimento etiológico de um atraso no desen-volvimento para se iniciar um tratamento funcional,pois muitas vezes, dependendo dos recursosdisponíveis, leva-se muito tempo ou não se con-segue chegar a uma etiologia. São inúmeras asexperiências demonstrando que a estimulação nostrês primeiros anos de vida, para crianças com atra-so no desenvolvimento já estabelecidos ou aquelascom risco de atraso, melhora sua performance,devendo, portanto ser incentivado o seu início omais cedo possível.

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 16 >

1 – Rosa tem 3 meses. Durante a gravidez, sua mãeapresentou por várias vezes perdas sangüíneas,necessitando permanecer em repouso. Rosa nasceude parto normal, com 34 semanas gestacionais,pesando 2.100g. Não chorou logo ao nascer, sendolevada ao berçário, onde permaneceu hospitalizadapor 7 dias. Atualmente, está sendo acompanhadanum Programa de Recém-nascido de Risco.Identifique e classifique os fatores de risco para odesenvolvimento de Rosa.

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2 – Pedro tem 10 meses. Nasceu a termo de partonormal, pesando 3.300g; chorou logo ao nascer enão apresentou qualquer anormalidade. Durante agestação sua mãe fazia uso de álcool. É depressiva,não queria engravidar, não vive bem com o pai doPedro, havendo sempre muitas discussões e atémesmo agressões físicas entre os dois. Pedro é umacriança muito irritada, chora muito. Está sendoacompanhado numa Unidade Básica de Saúde.Identifique e classifique os fatores de risco para odesenvolvimento de Pedro.

R: ____________________________________________

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3 – Mário tem 2 meses. Nasceu a termo, pesando3.800g, de parto normal não apresentando intercor-rências. Na gestação a mãe não realizou pré-natal.Teve alta da Maternidade com 24 horas de vida. Nosegundo dia em casa, a mãe percebeu que estava

ficando “amarelinho”. Foi orientada a colocá-lo parapegar sol de manhã cedo, porém Mário não mel-horou. Seu quadro agravou no 5º dia, quando apre-sentou crise convulsiva e foi levado para hospitaliza-ção. Permaneceu 20 dias num berçário, em fototer-apia, tendo realizado duas transfusões de sangue.Estas informações foram relatadas pela mãe, pois ohospital não forneceu laudo médico. Mário é o ter-ceiro filho. Sua mãe refere que seu segundo filhomorreu com 1 semana de nascido e que ficou muito“amarelinho”. Identifique e classifique os fatores derisco para o desenvolvimento de Mário.

R: ____________________________________________

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4 – Ana tem 2 anos e não fala nada. Pertence a umafamília de 6 filhos, a mãe trabalha fora e Ana fica emcasa sob os cuidados dos irmãos mais velhos de 9 e10 anos. Seu pai é alcoólatra, havendo muitos confli-tos no seu lar. Quando tinha 8 meses, Ana teve umquadro com febre alta e crises convulsivas. Ficou hos-pitalizada por 15 dias. Na sua gestação a mãe tomoualguns comprimidos (Citotek) para abortar, pois nãoqueria mais um filho. Identifique e classifique osfatores de risco para o desenvolvimento de Ana.

R: ____________________________________________

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EXERCÍCIOSAgora você deverá ler os casos descritos a seguir e responder sobre quais fatores de risco

estão presentes em cada um deles.

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 17 >

O instrumento proposto para vigilância do desen-volvimento no contexto da AIDPI utiliza para avaliara criança informações sobre fatores de risco, aopinião da mãe sobre o desenvolvimento do seufilho, a verificação do perímetro cefálico e obser-vação da presença de alterações fenotípicas aoexame físico, assim como a observação de algumasposturas, comportamentos e reflexos presentes emdeterminadas faixas etárias da criança. Estas pos-turas e reflexos foram retirados da observação dealguns autores (Lefèvre e Diament,1990), assimcomo os comportamentos foram retirados de qua-tro escalas de desenvolvimento de utilizaçãonacional e internacional, já validadas por outrosautores (Bayley, 1993; Frankenburg e Dodds, 1967;Gesell e Amatruda, 1945; Pinto, Vilanova e Vieira,1997).

Para as crianças da faixa etária de 0 a menos de 2meses utilizou-se a observação de alguns reflexosprimitivos , posturas e habilidades observadas nos

primeiros dois meses de vida (Quadro 1 e Ficha deAvaliação 1). Como o número de reflexos/pos-turas/habilidades foi relativamente pequeno, aausência de apenas um deles já foi consideradasignificativa para tomada de alguma decisão.

Para a faixa etária de 2 meses a 2 anos de idadeforam utilizados 32 marcos do desenvolvimento,de fácil observação, divididos por oito faixas etárias,presentes em 90% (percentil 90) das crianças paraaquela idade. Os marcos escolhidos para cadaidade foram quatro, sendo um da área motoragrossa, um da área motora fina, um da linguageme um da interação pessoal-social (Quadro 2 e Fichade Avaliação 2). Como o ponto de corte foi o per-centil 90 e o número de comportamentos a seremobservados foi pequeno (apenas 4 para cada faixade idade), a ausência no cumprimento de um sómarco já foi considerado significativo para tomadade alguma decisão1-5.

< V. MARCO INTRODUTÓRIO. VIGILÂNCIA DODESENVOLVIMENTO INFANTIL NO CONTEXTO DA AIDPI >

1. Lefèvre BL, Diament A. exame neurológico do recém-nascido de termo. In: Diament A, Cypel S, Neurologia Infantil, 2.ed. Atheneu, Rio de Janeiro;1990.2. Bayley N. Bayley scales of infant development. New York: Psychological Corporation; 1993.3. Frankenburg WK, Dodds JB. The Denver developmental screening test. J Pediatr 1967;71:181-91.4. Gesell A, Amatruda C. Diagnostico del desarrollo normal y anormal del niño: metodos clinicos e aplicaciones praticas. Traduzido por BernardoSerebrinsky. Buenos Aires: Medico Qirurgica; 1945.5. Pinto EB, Vilanova LCP, Vieira RM. O desenvolvimento do comportamento da criança no primeiro ano de vida. São Paulo: FAPESP/Casa doPsicólogo; 1997.

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 18 >

Na primeira consulta de avali-ação do desenvolvimento deuma criança até dois anos éimportante perguntar para mãeou acompanhante (cuidadorprimário) sobre fatos associadosao desenvolvimento e observar acriança na realização de com-portamentos esperados para asua faixa etária. Aproveite paraobservar a mãe e sua interaçãocom a criança (vínculo mãe-filho), visto ser estarelação um importante fator de proteção para odesenvolvimento humano.

Observe a forma como a mãe segura a criança, seexiste contato visual e verbal de forma afetuosaentre mãe e o filho. Veja ainda os movimentosespontâneos da criança, se ela apresenta interessepor objetos próximos a ela, pelo ambiente em quese encontra. É importante também verificar oscuidados da mãe ou cuidador com a criança peloseu estado de higiene e a atenção ao que ela, cri-ança, está fazendo, para onde olha, ou o que dese-ja naquele momento. Serão observações préviasque podem auxiliar na avaliação.

Faça perguntas associadas ao desenvolvimentoda criança.

> Pergunte a mãe:• Como foi a gestação da sua criança? Quanto

tempo durou?Use palavras simples que ela possa entender.Verifique quantos meses durou a gestação, serealizou pré-natal (quantas consultas), se apre-sentou algum problema de saúde comoinfecções, se fez uso de algum medicamento; sea mãe apresentou problemas como hemorra-gias, eclâmpsia, se a gestação foi desejada ou

não e se apresentou variaçõesexacerbadas do humor (tipodepressão e irritabilidade) eoutras informações que julgarimportante. Se houver suspeitasde infecções tipo rubéola, toxo-plasmose, sífilis, SIDA ou cito-megalovírus, pergunte se a mãefez algum exame para confir-mação dessas patologias.

> Em seguida pergunte:• Como foi o parto da sua criança?

Investigue se o parto foi em casa ou no hospital;se a mãe demorou muitas horas em trabalho departo; se o parto foi normal, cesariana ou se foicom fórceps.

> Continue investigando:• Quanto pesou sua criança ao nascer?• Ela apresentou algum problema logo após o

nascimento? Verifique se a mãe tem alguma informação porescrito do hospital sobre a criança e seu parto.Anote o peso da criança e perímetro cefálico aonascer. Pergunte se a criança chorou logo, seapresentou algum problema que requisitou usode oxigênio, medicações, fototerapia, exosangüi-neotransfusão ou qualquer outra intervenção; senecessitou permanecer hospitalizada noberçário, UTI ou alojamento conjunto. Em casoafirmativo, por quantos dias, por que tipo deproblemas e se a mãe acompanhou a criançadurante a internação ou se a visitava esporadica-mente. Ë importante saber ainda se ela realizavaalgum tipo de cuidado com a criança (alimen-tação, higiene...), se havia contato físico, verbale/ou visual entre mãe e criança e se o pai par-ticipou desse momento de alguma forma.

< VI. AVALIE O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA >

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> Continue perguntando:• Pergunte também sobre os antecedentes da

criança até o momento da consulta.• Sua criança apresentou algum problema de

saúde mais sério até hoje? Algumas doenças comuns na infância podemalterar o desenvolvimento da criança, tais como:convulsões, meningites, encefalites, trauma-tismos cranianos, infecções respiratórias e deotites de repetição, etc.

Também é importante saber sobre alguns prob-lemas familiares que possam interferir no desen-volvimento da criança. Pais consangüíneos têmmaior probabilidade de apresentar crianças comalterações genéticas cuja herança sejaautossômica recessiva.

> Pergunte:• Você e o pai da criança são parentes?• Existe alguma pessoa com problema mental

ou físico na família de vocês?

As condições de vida de uma criança podemfavorecer ou dificultar seu pleno desenvolvimento.

> Pergunte:• Como e com quem sua criança costuma brincar?• Onde e com quem ela fica a maior parte do dia?

Investigue se a criança freqüenta creche ou se ficaem casa. Pergunte para mãe se ela permanecemuito tempo na rede ou berço, se convive comoutras crianças ou só com adultos e se as pessoasdão atenção e brincam com a mesma. Em casoafirmativo investigue, qual o tipo de brinquedoque lhe é oferecido.

Investigue ainda sobre:- Escolaridade materna, convivência familiar, aden-samento familiar, violência doméstica, existência deusuários de drogas ou álcool em convivência com acriança, etc.

Após esta investigação inicial que deve fazer partede um contexto mais amplo da Primeira Consultada criança na Unidade Básica de Saúde, antes deiniciar a observação do desenvolvimento da criançapergunte sempre à mãe:

• O QUE A SENHORA ACHA DO DESENVOLVI-MENTO DA SUA CRIANÇA?A mãe é quem mais convive com a criança, por-tanto, é quem mais a observa. Comparando-acom outras crianças, na maioria das vezes, é elaquem primeiro percebe que seu filho não vaibem. Valorize sua opinião, e quando esta acharque a criança não vai bem, redobre sua atençãona vigilância do desenvolvimento desta criança.

Feita as perguntas para investigar os fatores derisco e a opinião da mãe sobre o desenvolvi-mento do seu filho, verifique e observe a criança. Não deixe de observar a forma dacabeça e medir perímetro cefálico e verificar emqual percentil se encontra no Gráfico dePerímetro Cefálico do NCHS. Verifique tambémse existem alterações fenotípicas, tais comoimplantação baixa de orelhas, olhos muito afas-tados, etc.

Certifique-se que o ambiente para a avaliaçãoseja o mais tranqüilo possível e que a criançaesteja em boas condições emocionais e desaúde para iniciar o exame. Se por algum moti-vo não for possível avaliar o desenvolvimento dacriança naquela consulta ou se ficar em dúvidaquanto a algum item da avaliação, marque umretorno o mais breve possível para proceder estaavaliação com mais segurança.

Verifique o desenvolvimento da criançaSiga o roteiro proposto para a vigilância do desen-volvimento infantil e observe e verifique se a cri-ança cumpre com o conjunto de condições queservirão para classificar seu desenvolvimento.

Se a criança tem menos de 2 meses utilize oquadro Vigilância do Desenvolvimento daCriança menor de 2 meses (Anexo, Quadro 1).Caso a criança tem de 2 meses a 2 anos utilize oquadro Vigilância do Desenvolvimento daCriança de 2 meses a 2 Anos de Idade (Anexo,Quadro 2). Para os prematuros até os 12 meses deidade cronológica utilize a idade corrigida.

Avalie o desenvolvimento da criança < 19 >

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 21 >

No grupo de crianças menores de dois mesesvamos observar os seguintes comportamentos:

Menor de 1 mês• Reflexo de Moro• Reflexo cócleo-palpebral• Reflexo de sucção• Braços e pernas flexionados• Mãos fechadas

Reflexo de MoroPosição da criança: coloque a criança em decúbitodorsal (de costas).

Existem várias maneiras de verificar a sua presença;uma delas consiste em colocar a criança deitadaem decúbito dorsal sobre uma superfície lisa, forra-da com uma fralda ou manta, devendo esta serbruscamente repuxada. Outra maneira é fazer umestímulo sonoro forte, como bater palmas logoacima da cabeça da criança.

Resposta esperada: consiste na extensão, abduçãoe elevação de ambos os membros superiores,seguida de retorno à habitual atitude flexora emadução.

Esta resposta deve ser simétrica e completa.

Reflexo cócleopalpebralPosição da criança: colocar a criança em decúbitodorsal (de costas)

Bata palmas a cerca de 30 cm da orelha DIREITA dacriança e verifique a sua resposta. Repita da mesmamaneira o estímulo na orelha ESQUERDA e veri-fique sua resposta. Deve ser obtido em no máximo2 a 3 tentativas, em vista da possível habituação aoestímulo.

Resposta esperada: piscamento dos olhos.

Reflexo de sucçãoPosição da criança: peça a mãe que coloque a cri-ança ao seio e observe. Se ela mamou há poucotempo estimule seus lábios com o dedo e observe.

Resposta esperada: a crinça deverá sugar o seio ourealizar movimentos de sucção com os lábios e lín-gua ao ser estimulado com o dedo.

Braços e pernas flexionadosPosição da criança: coloque deitada de costas eobserve.

Postura esperada: devido o predomínio do tônusflexor nesta idade, os braços e pernas da criançadeverão estar flexionados.

Mãos fechadasPosição da criança: com a criança em qualquerposição observe suas mãos.

Postura esperada: suas mãos, nesta faixa etária,permanecem fechadas.

< VII. VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTODE CRIANÇAS MENORES DE 2 MESES >

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 22 >

1 mês a menor que 2 meses• Vocaliza• Esperneia alternadamente• Sorriso social• Abre as mãos

VocalizaPosição da criança: durante o exame da criança, emqualquer posição, observe se ela emite algum som,como som gutural, sons curtos de vogais, mas quenão seja choro. Caso não seja observado, pergunteao acompanhante da criança se ela faz estes sonsem casa.

Resposta esperada: se a criança produzir o som ouse o acompanhante diz que ela o faz, considerealcançado este marco.

Esperneia alternadamentePosição da criança: com a criança deitada de costa,observe os movimentos de suas pernas.

Resposta esperada: movimentos de flexão e exten-são dos membros inferiores, geralmente sob aforma de pedalagem ou de cruzamento entre eles,algumas vezes com descargas em extensão.

Sorriso socialPosição da criança: com a criança deitada decostas, sorria e converse com ela. Não lhe façacócegas e/ou toque sua face.

Resposta esperada: a criança sorri em resposta. Oobjetivo é obter mais uma resposta social do quefísica.

Abre as mãosPosição da criança: com a criança deitada de costasobserve suas mãos.

Postura esperada: em alguns momentos a criançadeverá abrir as mãos espontaneamente.

CLASSIFIQUE E ADOTE CONDUTAS SOBRE ODESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA MENOR DE 2 MESES

Se a criança apresentar os reflexos presentes e nor-mais, assim como as posturas e habilidades pre-sentes de acordo com a sua faixa etária de menorque 1 mês ou de 1 mês a menor que 2 meses, seuperímetro cefálico estiver entre os percentis 10 e90, não apresentar 3 ou mais alterações fenotípicase não apresentar fatores de risco para o desen-volvimento, classifique-a como DesenvolvimentoNormal (faixa verde, Quadro 1).

Se a criança apresentar os reflexos presentes e nor-mais, assim como as posturas e habilidades pre-sentes de acordo com a sua faixa etária de menorque 1 mês ou de 1 mês a menor que 2 meses, seuperímetro cefálico estiver entre os percentis 10 e90, não apresentar 3 ou mais alterações fenotípi-cas, porém existir um ou mais fatores de risco parao desenvolvimento, classifique-a como Desen-volvimento Normal com Fatores de Risco (faixaamarela, Quadro 1).

Se a criança apresenta ausência ou alteração de umou mais reflexos/posturas/ habilidades para suafaixa etária de menor que 1 mês ou de 1 mês amenos que 2 meses, ou seu perímetro cefálico formenor que o percentil 10 ou maior que p 90, ouapresentar 3 ou mais alterações fenotípicas, classi-fique-a como Provável Atraso no Desenvolvi-mento (faixa vermelha, Quadro 1).

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< 23 >Vigilância do desenvolvimento da criança menor de 2 meses

Feita a classificação do desenvolvimento da criançade 1 semana a menor de 2 meses, adote condutasde acordo com o Quadro 2.

Se a criança foi classificada como Desenvolvi-mento Normal, elogie a mãe, oriente-a sobre aestimulação do seu filho, marque retorno de acor-do com a rotina do serviço de saúde e informe amãe sobre os sinais de alerta para retornar antes.Entre estes sinais destacam-se as convulsões ou sea mãe nota que a criança está extremamente irrita-da ou dorme excessivamente e não se alimenta.

Se a criança foi classificada como Desenvolvi-mento Normal com Fatores de Risco oriente amãe sobre a estimulação do seu filho, marqueretorno com 15 dias e informe a mãe sobre os

sinais de alerta para retornar antes de 15 dias. Sehouver suspeita de infecção congênita tipo rubéo-la, toxoplasmose, sífilis, SIDA ou citomegalovírus,peça a investigação sorológica da criança.

Se a criança foi classificada como Provável Atrasono Desenvolvimento, refira-a para avaliação neu-ropsicomotora por um pediatra ou outro profission-al que tenha conhecimentos mais aprofundados dedesenvolvimento infantil. Para as crianças comalterações fenotípicas, além de encaminhar paraesta avaliação, se possível encaminhe para umServiço de Genética Médica, para auxiliar no diag-nóstico e realizar aconselhamento à família.Explique a mãe que o fato da criança está sendoreferenciada para avaliação, não quer dizer quenecessariamente tenha algum atraso no desen-

• Ausência de um ou mais reflexos/ posturas/habilidades para sua faixa etária; ou

• Perímetro cefálico <p10 ou >p 90; ou

• Presença de 3 ou mais alterações fenotípicas

PROVÁVEL ATRASO NODESENVOLVIMENTO

DESENVOLVIMENTO NORMAL COM FATORES DE RISCO

DESENVOLVIMENTONORMAL

• Reflexos/posturas/habilidades presentes para sua faixa etária;

• Perímetro cefálico entre p 10 e p 90;

• Ausência ou presença de menos que 3 alterações fenotípicas;

• Existe um ou mais fatores de risco

• Reflexos/posturas/habilidades presentes para sua faixa etária;

• Perímetro cefálico entre p 10 e p 90;

• Ausência ou presença de menos que 3 alterações fenotípicas;

• Não existem fatores de risco

Quadro 1

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 24 >

volvimento. Isto será determinado pela equipeespecializada que vai atendê-la, após exame crite-rioso. Se houver algum problema, a criança rece-berá cuidados e orientações necessárias.

Obs.: Nos locais onde estiver implantado a triagemneonatal para hipotiroidismo, fenilcetonúria, emis-sões otoacústicas e/ou outros, encaminhe a criançapara fazê-lo.

Na consulta de retorno da criança classificadacomo Desenvolvimento Normal com Fatores deRisco observe e verifique a presença dos reflexose/ou habilidades de acordo com sua faixa etária.Caso estejam presentes e normais elogie a mãe,

oriente-a sobre a estimulação do seu filho, marquea próxima consulta de acordo com a rotina doserviço de saúde e informe a mãe sobre os sinaisde alerta para retornar antecipadamente. Casoapresente ausência dos reflexos e/ou habilidadesde acordo com sua faixa etária, reclassifique-acomo Provável Atraso no Desenvolvimento eencaminhe-a para avaliação neuropsicomotora. Seapresentar alguma alteração na sorologia parainfecção congênita encaminhe para avaliação neu-ropsicomotora onde também deverá ser feito otratamento específico, se necessário. Se no retornoa criança já apresentar 2 meses ou mais, utilizepara sua avaliação o Anexo, Quadro 2.

• Referir para avaliação neuropsicomotora PROVÁVEL ATRASO NODESENVOLVIMENTO

DESENVOLVIMENTO NORMAL COM FATORES DE RISCO

DESENVOLVIMENTONORMAL

• Orientar a mãe sobre a estimulação de seufilho

• Marcar consulta de retorno em 15 dias• Informar a mãe sobre os sinais de alerta

para retornar antes de 15 dias

• Elogiar a mãe• Orientar a mãe para que continue

estimulando seu filho• Retornar para acompanhamento conforme

a rotina do serviço de saúde• Informar a mãe sobre os sinais de alerta

para retornar antes

Quadro 2

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< 25 >

1 – Fernanda tem 28 dias. Sua mãe tem 15 anos efez uso de drogas na gestação. Nasceu a termo,porém pesou 2.300g. O parto foi normal e nãochorou logo ao nascer. Ficou hospitalizada por 10dias. Agora está sob os cuidados dos avós. Em casa,a avó tem notado-a muito quieta e com dificuldadepara alimentar-se. Foi levada ao serviço de saúdepela avó. O profissional que a atendeu, após per-guntar sobre as condições da gestação, do parto ede nascimento, observou que não apresentava o

Reflexo de Moro, nem reagia aos estímulossonoros, seus braços e pernas estavam estendidose hipotônicos e não apresentava o reflexo desucção. Seu perímetro cefálico era de 36 cm e nãoapresentava altera-ções fenotípicas. Avalie, classi-fique e oriente a avó de Fernanda quanto ao seudesenvolvimento, utilizando-se da metodologia daestratégia da AIDPI, preenchendo a ficha de avali-ação abaixo. Que conduta você tomaria de acordocom a classificação dada?

FICHA DE AVALIAÇÃO 1VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 a < 2 de MESES DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 1 semana a 2 meses de idade

• Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

• Presença de 3 ou mais alteraçõesfenotípicas:Sim ____ Não ____

• Alteração de reflexos/postura/habilidades:Sim ____ Não ____

PERGUNTE OBSERVE

R:

EXERCÍCIOS

Vigilância do desenvolvimento da criança menor de 2 meses

• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência, etc.)?_____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muitoatento na avaliação do seu desenvolvimento

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 26 >

2 – João tem 1 mês e 15 dias. Sua gestaçãotranscorreu sem problemas, tendo sua mãe feito opré-natal desde o segundo mês de gravidez. Seuspais não são parentes nem há histórico de pessoascom problemas físicos e mentais na família deambos. João nasceu a termo, pesou 3.600g, choroulogo ao nascer, não tendo apresentado nenhumaalteração no período neonatal. Está sendo acom-panhado no Programa da de Saúde da Família.Compareceu hoje à unidade para acompanhamen-to do crescimento e desenvolvimento. Está pesan-do 4.900g, em aleitamento materno exclusivo. Seu

perímetro cefálico é de 38 cm e não apresentaalterações fenotípicas, O profissional avaliou seudesenvolvimento. Observou que João já respondeao sorriso, emitia sons, movimenta as pernas alter-nadamente e já abre as mãos em alguns momen-tos. Avalie e classifique o desenvolvimento de Joãosegundo a estratégia da AIDPI, preenchendo a fichade avaliação abaixo. Que conduta você tomaria deacordo com a classificação dada? Que orientaçãovocê daria para a mãe de João?

FICHA DE AVALIAÇÃO 1VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 A < 2 de MESES DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 1 semana a 2 meses de idade

• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência, etc.)?_____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muitoatento na avaliação do seu desenvolvimento.

• Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

• Presença de 3 ou mais alteraçõesfenotípicas:Sim ____ Não ____

• Alteração de reflexos/postura/habilidades:Sim ____ Não ____

PERGUNTE OBSERVE

R:

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< 27 >Vigilância do desenvolvimento da criança menor de 2 meses

3 – Júlia tem 20 dias. Compareceu ao Serviço deSaúde para realização do Teste do Pezinho. Oprofissional de saúde perguntou à mãe como foisua gestação, parto e nascimento. A mãe de Júliarespondeu que teve um quadro febril no 3º mês degrávida, seguido de erupção avermelhada nocorpo. Júlia nasceu a termo, chorou logo ao nascer,pesou 3.050g. Ao examiná-la o profissional verifi-cou um perímetro cefálico de 34 cm e ausência dealterações fenotípicas. Sugava bem o seio materno.

Observou também que o Reflexo de Moro estavapresente e simétrico, assim como ela piscava quan-do fazia-se um estímulo sonoro. Seus braços e per-nas estavam flexionados e mantinha as mãosfechadas. Avalie e classifique a Júlia quanto ao seudesenvolvimento, preenchendo a ficha de avali-ação abaixo. Que conduta você tomaria de acordocom a classificação dada?

FICHA DE AVALIAÇÃO 1VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 0 A < 2 de MESES DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 1 semana a 2 meses de idade

• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência, etc.)?_____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muitoatento na avaliação do seu desenvolvimento

• Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

• Presença de 3 ou mais alteraçõesfenotípicas:Sim ____ Não ____

• Alteração de reflexos/postura/habilidades:Sim ____ Não ____

PERGUNTE OBSERVE

R:

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 28 >

Feitas as perguntas para investigar os fatores derisco e a opinião da mãe sobre o desenvolvimentodo seu filho, assim como a observação de alter-ações fenotípicas e medição do perímetro cefálicoda criança, observe o comportamento da criança.Para tanto pergunte a idade da mesma e enquadre-a como se segue:

• Se tem de 2 até menos de 4 meses observe afaixa de 2 meses.

• Se tem 4 a menos de 6 meses observe a faixaetária de 4 meses.

• Se tem de 6 a menos de 9 meses observe a faixaetária de 6 meses, e assim por diante.

• Sempre avalie a criança na faixa de sua idade ouna imediatamente inferior a sua. Veja a seguir osmarcos para cada faixa etária.

Se você encontra que a criança não cumpre com umou mais marcos de sua faixa etária, siga avaliando acriança pela faixa etária anterior, deste modo vocêpoderá classificar o desenvolvimento da criança.

Na faixa dos dois meses vamos observar osseguintes comportamentos:

2 MESES:• Fixa o olhar no rosto do examinador ou da mãe• Segue objeto na linha média.• Reage ao som.• Eleva a cabeça.

Fixa o olhar no rosto do examinador/ da mãe. Posição da criança: deitada em decúbito dorsal (decostas) na maca ou colchonete.

Coloque seu rosto de frente para o rosto da criançaa uma distância de aproximadamente 30 cm eobserve se ela fixa o olhar no rosto. Caso a criançanão fixe o olhar no seu rosto, peça a mãe que repi-ta o procedimento.

Realização adequada: Se a criança olhar para vocêou para a mãe, ela alcançou este marco.

Segue objeto na linha média. Posição da criança: deitada em decúbito dorsal (decostas) na maca ou colchonete.

Fique atrás da criança e segure o pompom vermel-ho em cima do rosto dela, entre 20 e 30 cm, demaneira que ela possa vê-lo. Balance suavementeo pompom para atrair a atenção da criança.

Quando tiver certeza que a criança está fixando,mova o pompom lentamente para o lado DIREITO.Caso a criança perca de vista o pompom você podereiniciar o movimento (3 tentativas). Registre se a

< VIII. VIGILÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 MESES A 2 ANOS DE IDADE >

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criança fez. Novamente comece a prova, agora dolado ESQUERDO. Lembre-se que caso a criançaperca de vista o pompom você pode reiniciar omovimento (3 tentativas).

Realização adequada: Se a criança acompanhar opompom, somente com os olhos ou com os olhose a cabeça, para os dois lados, ela alcançou estemarco.

Reage ao som. Posição da criança: deitada em decúbito dorsal (decostas) na maca ou colchonete.

Fique atrás da criança e segure o chocalho do ladoe próximo à orelha DIREITA (20 a 30 cm), de talmodo que a criança não possa vê-lo. Balance ochocalho suavemente e pare (primeira tentativa).Se a criança não responder, repita o procedimento(no máximo 3 tentativas). Novamente comece aprova, agora na orelha ESQUERDA. Lembre-se quecaso da criança não apresente reação ao som, vocêpode repetir o estímulo (3 tentativas).

Realização adequada: Se a criança demonstrarqualquer mudança de comportamento tais comomovimento dos olhos, mudança de expressãofacial ou de freqüência respiratória, ela alcançoueste marco.

Eleva a cabeça. Posição da criança: decúbito ventral (barriga parabaixo) na maca ou colchonete.

Realização adequada: Se a criança levantar acabeça na linha média, desencostando o queixo dasuperfície mesmo que momentaneamente, semvirar-se para um dos lados, ela alcançou estemarco.

Na faixa dos quatro meses vamos observar osseguintes comportamentos:

4 MESES:• Responde ao examinador.• Segura objetos.• Emite sons.• Sustenta a cabeça.

Responde ao examinador. Posição da criança: deitada em decúbito dorsal (decostas) na maca ou colchonete.

Fique em pé à frente da criança de maneira que elapossa ver o seu rosto. Converse com ela: “Oi, (digao nome da criança), que lindo bebê!” ou algosemelhante. Observe a reação da criança (sorriso,vocalização, choro). Caso a criança não respondapeça a mãe que posicione o rosto à frente da cri-ança e fale com ela. Observe a resposta da criança.

Realização adequada: Se a criança olhar no olho doexaminador ou da mãe, sorrir ou emitir sons ten-tando “conversar”, ela terá atingido este marco.

Segura objetos. Posição da criança: deitada em decúbito dorsal (decostas) na maca ou colchonete.

Segure o chocalho e toque o dorso ou a ponta dosdedos da criança. Observe a reação da criança.

Realização adequada: Se a criança segurar o objetopor alguns segundos, terá alcançado este marco.

< 29 >Vigilância do desenvolvimento da criança de 2 meses a dos anos de idade

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Emite sons. Posição da criança: deitada em decúbito dorsal (decostas) na maca ou colchonete. Fique em pé à frente da criança de maneira que elapossa ver o seu rosto. Converse com ela: “Oi, (digao nome da criança), que lindo bebê!” ou algosemelhante. Observe se a criança responde a suafala com vocalizações.

Realização adequada: Se a criança emitir sons(gugu, aaaa, eeee, etc), considere alcançado estemarco. Caso a mãe diga que ela faz em casa reg-istre, mas compute o que você verificou.

Sustenta a cabeça. Coloque a criança sentadamantendo suas mãos apoiando-lhe o tronco, oupeça para mãe fazê-lo. Se a criança mantiver acabeça firme, sem movimentos oscilatórios,durante alguns segundos, considere atingido estemarco.

Na faixa de 6 meses vamos observar os seguintescomportamentos:

6 MESES:• Alcança um brinquedo.• Leva objetos a boca.• Localiza o som.• Rola.

Alcança um brinquedo. Posição da criança: Sentada no colo da mãe, defrente para o examinador.

Pegue um cubo vermelho e coloque-o ao alcanceda criança (sob a mesa ou na palma de sua mão,por exemplo). Chame a atenção da criança para ocubo, tocando ao lado dele. Você não deve dar ocubo na mão da criança.

Realização adequada: Se a criança tentar apanhar obrinquedo estendo o braço ou lançando seu corpoaté ele, ela terá atingido esse marco. Ela não pre-cisa necessariamente apanhar o brinquedo.

Leva objetos à boca. Posição da criança: Sentada no colo da mãe, defrente para o examinador.

Pegue um cubo vermelho e coloque-o ao alcanceda criança (sob a mesa ou na palma de sua mão,por exemplo). Chame a atenção da criança para ocubo, tocando ao lado dele. Caso a criança não oalcance ou não tente alcançar, você deve colocar ocubo na mão da criança.

Realização adequada: Se a criança levar o cubo àboca, ela terá alcançado este marco.

Localiza o som. Posição da criança: Sentada no colo da mãe, defrente para o examinador.

Ofereça um brinquedo (caneca ou o cubo) para acriança se distrair. Coloque-se atrás dela, fora dasua linha de visão e balance o chocalho suave-mente próximo da sua orelha DIREITA. Observe aresposta e registre. Repita o estímulo na orelhaESQUERDA.

Realização adequada: Se a criança respondervoltando a cabeça para o som em ambos os lados,ela terá atingido este marco.

Rola. Posição da criança: deitada em decúbito dorsal (decostas).

Coloque ao lado da criança deitada o chocalhochamando a atenção dela para o mesmo. Observese a criança consegue virar-se sozinha para pegar ochocalho (posição de decúbito dorsal paradecúbito ventral).

Realização adequada: Se a criança mudar deposição, virando-se totalmente, ela terá atingidoeste marco. Caso a mãe diga que ela faz em casaregistre, mas compute o que você verificou.

Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 30 >

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Na faixa de 9 meses vamos observar os seguintescomportamentos:

9 MESES:• Brinca de esconde –achou.• Transfere objetos de uma

mão para outra.• Duplica sílabas.• Senta sem apoio.

Brinca de esconde-achou. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

Coloque-se na frente da criança e brinque de desa-parecer e aparecer, atrás de um pano ou atrás damãe. Observe se a criança faz movimentos paraprocurá-lo quando desaparece, como tentar puxaro pano ou olhar atrás da mãe.

Realização adequada: Se ela tentar tirar o pano doseu rosto ou olhar atrás da mãe, terá alcançadoeste marco.

Transfere objetos de uma mão para outra. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

De frente para a criança, ofereça um cubo para queela segure. Observe se ela tenta passar de umamão para a outra. Caso não o faça, ofereça outrocubo, estendendo sua mão na direção da linhamédia da criança, e observe.

Realização adequada: Se ela transfere o primeirocubo para a outra mão, terá alcançado este marco.

Duplica sílabas. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

Observe se a criança fala “papa”, “dada”, “mama”durante a consulta. Se não o fizer, fale com ela oupeça para a mãe faze-lo, na tentativa de provocar aprodução do balbucio. Pergunte a mãe se ela o fazem casa. As palavras não precisam, necessaria-mente, ter significado. Registre a produção verbal.

Realização adequada: Se a criança produz sílabasduplicadas, ou se a mãe referir que ela o faz, teráalcançado este marco.

Senta sem apoio. Posição da criança: a na maca ou no colchonete.

Dê um chocalho ou a caneca para a criança segu-rar e verifique se ela fica sentada sem o apoio dasmãos.

Realização adequada: Se ela conseguir ficar senta-da segurando o objeto com as mãos, sem qualqueroutro tipo de apoio, terá alcançado este marco.

Na faixa de 12 meses vamos observar os seguintescomportamentos:

12 MESES:• Imita gestos. • Faz pinça.• Jargão.• Anda com apoio.

Imita gestos. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

Pergunte para a mãe que tipo de gesto ela já ensi-nou para seu filho (por exemplo: “bater palmas”,“jogar beijo”, “dar tchau”, etc). De frente para a cri-ança faça um destes movimentos e verifique se acriança o imita. Caso a criança não imite, peça paraa mãe tentar estimulá-la. Se mesmo assim a cri-ança se recusar a fazê-lo, pergunte a mãe se ela ofaz em casa.

Realização adequada: Se a criança imitar o gesto,terá alcançado este marco. Caso a mãe diga queela faz em casa registre, mas compute o que vocêverificou.

Pinça. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

Coloque sobre o colchonete ou sobre a palma damão do examinador, uma semente de milho ou fei-

< 31 >Vigilância do desenvolvimento da criança de 2 meses a dos anos de idade

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jão. Chame a atenção da criança para que ela tentepega-lo. Observe e verifique como a criança pega asemente

Realização adequada: Se a criança pegar a sementeusando o movimento de “pinça” com qualquerparte do polegar associado ao dedo indicador, teráatingido este marco.

Produz “jargão”. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe, deitada para troca ou exame físico.

Observe se a criança produz uma conversaçãoincompreensível consigo mesma ou com o exami-nador ou mãe, usando pausas e inflexão (isto é um“jargão” no qual os padrões de voz variam e pou-cas ou nenhuma palavra é distinguível). Se não forpossível observar, pergunte a mãe se a criançaemite esses sons em casa e registre.

Realização adequada: Se a criança emitir os sonsou se a mãe informar que ela o faz em casa, teráalcançado este marco.

Anda com apoio. Posição da criança: criança em pé, apoiada nummóvel ou na perna da mãe.

Estando a criança de pé, peça a mãe que ofereça-lhe um apoio (como a mão, uma toalha, ou ummóvel, etc) encorajando-a a andar.

Realização adequada: Se a criança conseguir daralguns passos com apoio, terá alcançado este marco.

Na faixa de 15 meses vamos observar os seguintescomportamentos:

15 MESES:• Executa gestos a pedido.• Coloca blocos na caneca.• Produz uma palavra.• Anda sem apoio.

Executa gestos a pedido. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

Pergunte para a mãe que tipo de gesto ela já ensinoupara seu filho (por exemplo: “bater palmas”, “jogarbeijo”, “dar tchau”, etc). De frente para a criançasolicite VERBALMENTE que ela faça um destes movi-mentos e verifique se a criança o faz. Caso a criançanão faça, peça para a mãe pedir que o faça. Semesmo assim a criança se recusar a fazê-lo, perguntea mãe se ela o faz em casa. Cuidado, você não devedemonstrar o gesto, apenas solicite verbalmente

Realização adequada: Se a criança o fizer, terá atingi-do este marco. Caso a mãe diga que ela faz em casaregistre, mas compute o que você verificou.

Coloca 1 cubo na caneca. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

Pegue a caneca e 3 cubos e ponha ao alcance dacriança sobre a mesa ou colchonete. Certifique-seque a criança está atenta a sua realização. Pegueum dos cubos e demonstre a colocação dele nacaneca. Retire o cubo e peça para a criança: “Ponhaos cubos na caneca. Guarde os cubos aqui (apon-tando com o indicador para dentro da caneca)”. Ademonstração pode ser repetida três vezes.

Realização adequada: Se a criança colocar pelomenos um cubo dentro da caneca e o soltar, elaterá atingido este marco.

Produz uma palavra. Posição da criança: sentada no colchonete ou nocolo da mãe.

Observe se durante a consulta a criança produzpalavras espontaneamente. Registre. Caso ela nãoo faça, pergunte à mãe quantas palavras a criançafala e quais são.

Realização adequada: Se a criança fala pelo menosuma palavra que não seja “papa”, “mama”, nomede membros da família ou de animais de esti-mação, terá atingido este marco.

Anda sem apoio. Posição da criança: criança em pé.

Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 32 >

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Peça à mãe que chame a criança. Observe o andarda criança. Fique próximo para oferecer apoio casoa criança necessite.

Realização adequada: Se ela anda bem, com bomequilíbrio, sem se apoiar, terá alcançado estemarco.

Na faixa de 18 meses vamos observar os seguintescomportamentos:

18 MESES:• Identifica 2 objetos.• Rabisca espontaneamente.• Produz 3 palavras.• Anda para trás.

Identifica 2 objetos.Posição da criança: sentada no colo da mãe ou nocolchonete.

Coloque 3 objetos sobre o colchonete ou mesa: olápis, a bola e a caneca, um ao lado do outro epróximo à criança. Solicite para a criança: “Mostre abola”. Registre a resposta da criança. Se a criançaaponta ou pega um outro objeto, acolha semdemonstrar sinais de reprovação e recoloque oobjeto no local retirado. Solicite novamente para acriança: “Mostre o lápis”. Registre a resposta da cri-ança. Aceite o objeto que a criança der sem repro-va-la. Finalmente, peça para a criança mostrar acaneca.

Realização adequada: Se a criança apontar oupegar corretamente dois dos três objetos, con-sidere o marco alcançado. Caso a mãe diga que elafaz em casa registre, mas compute o que você ver-ificou.

Rabisca espontaneamente. Posição da criança: sentada no colo da mãe ou nocolchonete.

Coloque uma folha de papel (sem pauta) e um lápissobre a mesa, em frente da criança. Você poderácolocar o lápis na mão da criança e estimulá-la arabiscar, mas não mostrar a ela como fazê-lo.

Realização adequada: Se a criança faz rabiscos nopapel, espontaneamente, terá atingido este marco.Desconsidere rabiscos acidentais causados porbatidas de lápis no papel.

Produz três palavras. Posição da criança: sentada no colo da mãe ou nocolchonete.

Observe se durante a consulta a criança produzpalavras espontaneamente. Registre. Caso ela nãoo faça, pergunte à mãe quantas palavras a criançafala e quais são.

Realização adequada: Se a criança fala três palavrasalém de “papai“ e mamãe” nome de membros dafamília ou de animais de estimação, terá atingidoeste marco. Considere a informação da mãe.

Anda para trás. Posição da criança: criança em pé.

Observe se durante a consulta a criança anda paratrás. Caso isto não ocorra, peça à criança que abraa porta da sala de exame e verifique se ela andapara trás.

Realização adequada: Se a criança der 2 passospara trás sem cair ou se a mãe referir que ela o faz,terá alcançado este marco.

Na faixa de 24 meses vamos observar os seguintescomportamentos:

24 MESES:• Tira roupa.• Constrói torre de 3 cubos.• Aponta 2 figuras.• Chuta a bola.

< 33 >Vigilância do desenvolvimento da criança de 2 meses a dos anos de idade

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 34 >

Quadro 3

• Referir para avaliação neuropsicomotora PROVÁVEL ATRASO NO

DESENVOLVIMENTO

POSSÍVEL ATRASO NODESENVOLVIMENTO

DESENVOLVIMENTO NORMAL COM FATORES DE RISCO

DESENVOLVIMENTONORMAL

• Orientar a mãe sobre a estimulação de seufilho

• Marcar consulta de retorno em 30 dias• Informar a mãe sobre os sinais de alerta

para retornar antes de 30 dias

• Elogiar a mãe.• Orientar a mãe para que continue

estimulando seu filho.• Retornar para acompanhamento conforme

a rotina do serviço de saúde.• Informar a mãe sobre os sinais de alerta

para retornar antes.

• Ausência de um ou mais marcos para a faixaetária anterior

• Perímetro cefálico <p10 ou >p 90; ou• Presença de 3 ou mais alterações fenotípicas

PROVÁVEL ATRASO NODESENVOLVIMENTO

POSSÍVEL ATRASO NODESENVOLVIMENTO

DESENVOLVIMENTO NORMAL COM FATORES DE RISCO

DESENVOLVIMENTONORMAL

• Ausência de um ou mais marcos para a suafaixa etária

• Todos os marcos para a sua faixa etária estãopresentes mas existem um ou mais fatores derisco

• Todos os marcos para a sua faixa etária estãopresentes

Quadro 4

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< 35 >Vigilância do desenvolvimento da criança de 2 meses a dos anos de idade

Tira roupa. Posição da criança: qualquer posição.

Durante o exame da criança, solicite que ela tirequalquer peça de roupa, exceto a meia, fraldas ouchinelos, fáceis de retirar. O objetivo é verificar se acriança é capaz de remover uma peça de roupa,demonstrando independência. Se a criança nãoquiser fazê-lo pergunte a mãe se ela o faz em casa.

Realização adequada: Se a criança for capaz deremover qualquer peça de roupa, ou se a mãe rela-ta que ela faz em casa, terá alcançado este marco.

Constrói torre de 3 cubos.Posição da criança: sentada no colo da mãe ou nochão.

Coloque 3 cubos sobre a mesa ou no chão emfrente à criança. Pegue outros 3 cubos e faça umtorre com eles. Diga para a criança: “Faça uma torrecomo a minha. Construa uma torre”. São permiti-da 3 tentativas.

Realização adequada: Se a criança colocar os 3cubos, um cubo sobre o outro e eles não cairemquando ela retirar sua mão, terá alcançado estemarco.

Aponta 2 figuras. Posição da criança: sentada no colo da mãe ou nocolchonete.

Mostre a folha de papel com as 5 figuras pássaro,cachorro, menina, carro e flor. (Anexo, Quadro deFiguras). Solicite à criança: “Mostre a menina” ou“Cadê a menina?” Registre a resposta da criança.Repita o mesmo procedimento para todas as figuras.

Realização adequada: Se a criança apontar correta-mente 2 das 5 figuras, terá alcançado este marco.

Chuta bola. Posição da criança: em pé.

Posicione a bola a mais ou menos 15 cm da criançaou jogue a bola para a mesma. Verifique se elachuta a bola. Pode demonstrar como fazê-lo.

Realização adequada: Se a criança chutar a bolasem apoiar-se em objetos terá alcançado estemarco.

Terminada a observação você irá classificar odesenvolvimento da criança de acordo com oQuadro 3.

Se a criança apresentar todos os marcos para suafaixa etária e não apresentar fatores de risco para odesenvolvimento, ela deve estar com oDesenvolvimento Normal (faixa verde).

Se ela apresenta ausência de um ou mais marcospara a sua faixa etária, é possível que apresente umatraso no desenvolvimento. Verifique então os mar-cos da faixa etária anterior. Se os marcos da faixaetária anterior estiverem presentes e só os da suafaixa etária estiverem ausentes, esta criança teráum Possível Atraso no Desenvolvimento (faixaamarela). Se todos os marcos para a sua faixaetária estão presentes mas existem um ou maisfatores de risco classifique esta criança comoDesenvolvimento Normal com fatores de Risco(faixa amarela).

Se deixar de apresentar ausência de um ou maismarcos da faixa etária anterior, ou presença sinalde alerta no exame físico (três ou mais alteraçõesfenotípicas , assim como perímetro cefálico <p10ou >p90) classifique-a como Provável Atraso noDesenvolvimento (faixa vermelha).

Feita a classificação do desenvolvimento tome ascondutas de acordo com o Quadro 4.

Se a criança for classificada com DesenvolvimentoNormal, elogie a mãe e oriente que continueestimulando seu filho. Oriente para retornar para oacompanhamento do desenvolvimento de acordocom a rotina do serviço de saúde. A sugestão é queseja a cada 2 meses, na faixa etária entre 4 a 6meses, de 3 em 3 meses na faixa etária entre 6 a18 meses e 1 vez a cada 6 meses na faixa etária de18 a 24 meses.

Se a criança for classificada com Possível Atrasono Desenvolvimento ou Desenvolvimento

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 36 >

Normal com Fatores de Risco, oriente a mãecomo estimular sua criança, marque retorno com30 dias e informe a mãe sobre os sinais de alertapara retornar antes dos 30 dias. Entre estes sinaisdestacamos as convulsões ou se a criança deixa defazer alguma habilidade que já fazia antes.

Se a criança for classificada com Provável Atrasono Desenvolvimento refira para avaliação neurop-sicomotora e orientação por um profissional quetenha conhecimentos mais aprofundados dedesenvolvimento infantil. Para as crianças comalterações fenotípicas, se possível encaminhe paraum Serviço de Genética, pois nem toda síndromegenética cursa com atraso de desenvolvimento.

Explique a mãe que o fato da criança está sendoreferenciada para avaliação não quer dizer que nec-essariamente tenha algum atraso no desenvolvi-mento. A equipe especializada que vai atendê-la,após exame criterioso, é quem vai lhe dizer sobre asua condição de ter ou no algum tipo de problema.E, se houver problemas, a criança estará recebendoos cuidados e orientações necessárias.

Na Consulta de Retorno da criança com PossívelAtraso no Desenvolvimento observe se a criançajá apresenta os marcos que estavam ausentes.Caso afirmativo, elogie a mãe e oriente sobre aestimulação da criança e a retornar para o acom-panhamento do desenvolvimento de acordo com arotina do serviço de saúde. Se não progrediu,reclassifique como Provável Atraso no Desen-volvimento e refira para avaliação neuropsicomo-tor. Se foi classificada como DesenvolvimentoNormal com Fatores de Risco e continua apresen-tando os marcos do desenvolvimento para suafaixa etária presentes, elogie a mãe e oriente sobrea estimulação da criança e para retornar para oacompanhamento do desenvolvimento de acordocom a rotina do serviço de saúde. Informe tambémsobre os sinais de alerta para retornar antes da datado retorno. Se deixar de apresentar algum marcopara sua faixa etária, refira para avaliação neuropsi-comotora.

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 37 >

Para que a criança tenha um bom desenvolvimen-to é necessário, antes de mais nada, que ela sejaamada e desejada pela sua família, que na medidado possível esta tente compreender seus sentimen-tos e saiba satisfazer suas necessidades.

Um conceito importante que todo profissional desaúde deve conhecer é o de resiliência, que é acapacidade de enfrentar e superar adversidades esituações de risco de maneira positiva e construti-va, trabalhando as raízes da violência.

Outro aspecto que deve ser considerado é que aresiliência não é uma capacidade que já nasce comas pessoas, mas que é construída ao longo de suaformação, da construção de sua personalidadeatravés da sua interação com as pessoas e o ambi-ente ao seu redor1.

Isso significa que a criança precisa ter ao seu redorcondições que a estimulem a se desenvolver em todasua potencialidade. Essas condições podem serhumanas, ou seja, pessoas que promovam de forma

positiva essa interação; e físicas, como moradia, par-ques, creches e escolas, que lhe permitam viver exper-iências diferentes e somatórias que lhes dê proteção,estímulo e a sensação de conquistas e realizações.

Nem sempre é possível construir ambientes comtodas essas características, o que também não signifi-ca que nada é possível ser feito. O primeiro passo é,portanto, acreditar que as mudanças são possíveis.

Além das características externas citadas, há tam-bém as internas, ou seja, aspectos relacionados àscaracterísticas pessoais. Dentre elas destacam-seprincipalmente: auto-estima, autonomia, criativi-dade e humor, as quais, no entanto, não se desen-volvem independentemente.

A seguir serão apresentadas algumas característicase maneiras de promovê-las e desenvolvê-las nascrianças e famílias visando uma melhoria em suascondições e qualidade de vida, como tambémaspectos que devem ser evitados para que setornem resilientes.

< IX. ALGUMAS ORIENTAÇÕES PARA PROMOÇÃODO DESENVOLVIMENTO INFANTIL SAUDÁVEL >

1. Almeida,A. Conhecendo a Resiliência: uma cartilha para pais, professores e profissionais de saúde. 2000 (Mimeo).

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 38 >

De acordo com a faixa etária da criança vocêpode ainda orientar:

• Criança até 2 meses:Orientar que a mãe e pessoas do seu meio deconvivência mantenham um diálogo com a cri-ança buscando um contato visual (olho no olho).Estimular a criança visualmente (objetos colori-dos), em uma distância mínima de 30 cm, reali-zando pequenos movimentos oscilatórios a partirda linha média. Colocar a criança em posição dedecúbito ventral, para estímulo cervical, chaman-do a atenção da criança à frente, fazendo tam-bém a estimulação visual e auditiva.

• Criança de 2 a 4 meses:Interagir com a criança estabelecendo contatovisual e auditivo (conversar com o bebê).Oportunizar à criança ficar na posição sentadacom apoio, para que possa exercitar o controle dacabeça. Tocar as mãos da criança com pequenosobjetos, estimulando que ela os segure.

• Criança de 4 a 6 meses:Oferecer inicialmente brinquedos à pequenasdistâncias oportunizando que ela tente alcançá-los. Dar objetos na mão da criança facilitandoque ela leve-o à boca. Proporcionar estímulossonoros à criança, fora de seu alcance visual paraque ela localize o som. Estimular a criança lat-eralmente, visando as mudanças de decúbito,com objetos e atitudes (brinquedos, palmas).

• Criança de 6 a 9 meses:Brincar com a criança de “esconde-achou” uti-lizando panos encobrindo o rosto do adulto (ju-ju). Dar à criança brinquedos fáceis de seremmanuseados, para que ela possa passar de umamão à outra. Manter constante diálogo com a cri-ança, introduzindo palavras de fácil sonorização(dá-dá, pá-pá). Deixar a criança brincar sentadano chão (colchonete, esteira) ou deitada emdecúbito ventral, estimulando que ela se arrastee posteriormente engatinhe.

CARACTERÍSTICAS DA COMUNIDADE

• Importância de resgatar e valorizar a cultura local• Gestores e comunidade com interesse pela criança

• Falta de espaços lúdicos e lazer para a criança- Falta de coesão e solidariedade na comunidade

O que fazer O que evitar

CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS

• Apoiar e amar a criança sempre (incondicionalmente)• Elogiar a criança sempre que ela faça algo corretamente ou

está se esforçando

• Deixar a criança expressar suas vontades e desejos erespeitá-la

• Dar oportunidade para a criança para fazer coisas sozinha

• Realizar atividades com prazer e alegria• Ambiente alegre e festivo

• Deixar a criança criar e brincar livremente• Oferecer materiais (seguros) para a criança brincar

• Falta de atenção, carinho, amor e cuidados com a criança• Ser autoritária demais com a criança

• Superproteger a criança• Não deixar a criança experimentar coisas novas

• Falta de espaço para brincadeiras• Valorizar situações negativas e trágicas

• Não estimular a criança• Regras rígidas ou severas

O que fazer O que evitar

CARACTERÍSTICAS FAMILIARES

• Valorizar um ambiente familiar harmonioso e de confiança• Saber escutar a criança e observar seu bem-estar

• Conflitos familiares constantes• Violência e/ou maus tratos com a criança• Abandonar a criança no caso de morte ou separação de

entes queridos

O que fazer O que evitar

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< 39 >Algumas orientações para promoção do desenvolvimento infantil saudável

• Criança de 9 a 12 mesesBrincar com a criança através de músicas, fazen-do gestos (bater palmas, dar tchau) solicitando aresposta. Proporcionar o contato da criança comobjetos bem pequenos (bago de feijão, demilho, contas) para que ela desenvolva preen-sões em pinça (ter cuidado para que ela não leveo objeto à boca). Conversar com a criança estim-ulando que ela domine o nome das pessoas eobjetos do seu convívio. Deixar a criança emlocal onde ela possa fazer a mudança da posiçãosentada para a posição de pé com apoio (sofá,cama, cadeira) e onde ela possa deslocar-sesegurando nos móveis.

• Criança de 12 a 15 meses:Estimular para que a criança dê tchau, joguebeijo, bata palmas, atenda telefone. Dar a criançarecipientes e objetos de diversos tamanhos, paraque ela desenvolva a função de encaixe e decontinente. Ensinar palavras simples à criançaatravés de rimas, músicas e de sons comumentefalados. Proporcionar que ela possa deslocar-seem pequenas distâncias com segurança parapoder desencadear a marcha livre.

• Criança de 15 a 18 meses:Solicitar á criança objetos diversos, denominan-do-os, ajudando a aumentar seu repertório deconhecimento, assim como as funções de dar,pegar, largar e sempre que possível, demonstrar.Dar papel, giz de cera (tipo estaca, grosso) parainiciar as atividades auto-expressivas (rabiscoespontâneo). Brincar com a criança solicitandoque ela ande para frente e para trás (marcha ré),inicialmente com ajuda.

• Criança de 18 a 24 meses:Estimular a criança a colocar e tirar suas vesti-mentas nos momentos indicados, inicialmentecom ajuda. Realizar brincadeiras com objetosque possam ser empilhados, demonstrando.Solicitar que ela localize figuras de revistas ejogos previamente nominados. Brincar de chutarbola (fazer gol).

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 41 >

Agora vamos passar algumas crianças e vocêsobservarão o seu desenvolvimento. Faça sua classi-ficação e qual a conduta adequada para cada caso.

Caso n º 1. Odair é um menino de 1 ano e 9 mesesde idade. Compareceu hoje à Unidade de Saúdeporque estava com tosse e febre. Sua mãe tambémacha que ele é deficiente. O profissional de saúdeavaliou-o, classificou-o e orientou seu tratamentosegundo a estratégia da AIDPI. Durante a consultapode observar também o seu desenvolvimento.Observe você também.

• Como você classificaria o desenvolvimento deOdair? Justifique sua resposta.

_____________________________________________

_____________________________________________

• Que conduta você tomaria em relação a ele ?

_____________________________________________

_____________________________________________

Caso n º 2. Emanuelle tem 4 meses. Veio hoje aUnidade de Saúde para consulta de rotina e paratomar vacina. O profissional de saúde examinou-a,fez todas as orientações quanto ao aleitamentomaterno e vacinas. Também observou o seu desen-volvimento. Observe você também.

• Como você classificaria o desenvolvimento deEmanuelle? Justifique sua resposta.

_____________________________________________

_____________________________________________

• Que conduta você tomaria em relação a ela ?

_____________________________________________

_____________________________________________

Caso n º 3. Alana tem 1 ano e 4 meses meses. Veiohoje a Unidade de Saúde.

Porque estava apresentando diarréia há 3 dias. Suamãe está preocupada também porque Alana ainda

não fala palavra alguma. O profissional de saúdeexaminou Alana e fez suas orientações.

• O que você acha do desenvolvimento daAlana? Justifique sua resposta.

_____________________________________________

_____________________________________________

• Que conduta você tomaria em relação a ela ?

_____________________________________________

_____________________________________________

Caso n º 4. Gilson fez 11 meses de idade. Sua mãeo trouxe hoje a Unidade de Saúde porque ele estácom febre. Também acha ele muito mole. Já falousobre isto em outras consultas, mas o profissionalde saúde não lhe orientou sobre este problema.

• O que você acha do desenvolvimento daGilson? Justifique sua resposta.

_____________________________________________

_____________________________________________

• Que conduta você tomaria em relação a ele ?

_____________________________________________

_____________________________________________

Caso n º 5. Suiane foi prematura de 7 meses. Estáhoje com 12 meses e compareceu a Unidade deSaúde porque chorou muito a noite. Sua mãe achaque estava com dor de ouvido. O profissional deSaúde examinou Suriane e fez suas orientações.

• O que você acha do desenvolvimento daSuriane? Justifique sua resposta.

_____________________________________________

_____________________________________________

• Que conduta você tomaria em relação a ela ?

_____________________________________________

_____________________________________________

< X. EXERCÍCIOS COM VÍDEO >

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 43 >

1 – Ivo tem 9 meses. Veio ao serviço de saúdeporque estava com tosse. Na sua consulta o profis-sional, após avaliá-lo segundo a estratégia daAIDPI, perguntou o que a mãe achava sobre seudesenvolvimento. A mãe referiu que Ivo é umpouco “molinho”. Ainda não está sentando, a nãoser apoiado. Pega objetos e transfere de uma mãopara a outra, já diz “papa” e “dada”; brinca deesconder. Quando colocado deitado, não conseguevirar-se. Investigado quanto sua gestação, parto e

nascimento, a mãe refere que não foi prematuro,pesou 3.100g ao nascer, porém demorou a chorarapós o parto, necessitando uso de oxigênio. Seuperímetro cefálico foi de 36 cm. Apresentavaimplantação baixa de pavilhão auricular, olhos comfenda oblíqua para cima e clinodactilia. Preencha aficha de avaliação abaixo e classifique o desenvolvi-mento do Ivo segundo a metodologia da AIDPI.Que conduta o profissional de saúde deveria tomarem relação a esta classificação?

< XI. EXERCÍCIOS ESCRITOS >

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 2 meses a 2 anos de idade

• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência,etc.)? _____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muito aten-to na avaliação do desenvolvimento.

Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

Presença de 3 ou mais alterações fenotípicas:

Sim ____ Não ____

Os marcos de desenvolvimento para a faixaetária a que pertence a criança:• Todos estão presentes ____• Pelo menos um ausente _____

Em caso de ausência de um ou mais mar-cos para sua faixa etária, observe os marcosda faixa etária anterior: • Todos estão presentes ____• Pelo menos um ausente _____

PERGUNTE OBSERVE

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FICHA DE AVALIAÇÃO 2VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 MESES A 2 ANOS DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

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Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 44 >

2 – Mariana tem 4 meses. Compareceu à unidadede saúde porque estava com “feridas” no corpo. Aoexaminá-la, o profissional percebeu que Mariananão fazia interação com as pessoas. Indagando àmãe se ela não sorria, a mãe respondeu queMariana era muito séria, não gostava de ficar nocolo, preferindo ficar no berço olhando para umbrinquedo que ela pendurava. Também referiu que,como trabalhava muito, tinha pouco tempo parabrincar com Mariana. Quanto a sua gestação, partoe nascimento, a mãe informou que transcorreu

tudo bem. Fez pré-natal, o parto foi normal,Mariana pesou 3.200g e não apresentou nenhumaintercorrência. Indagada se tinha algum grande par-entesco com o pai de Mariana, a mãe informou queeram primos de primeiro grau. O profissional verifi-cou que Mariana não apresentava alteraçõesfenotípicas e seu perímetro cefálico era de 40 cm.Com essas informações, classifique o desenvolvi-mento de Mariana segundo a estratégia da AIDPI,preenchendo a ficha de avaliação abaixo. Que con-duta você tomaria com relação à Mariana?

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 2 meses a 2 anos de idade

• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência,etc.)? _____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muito aten-to na avaliação do desenvolvimento.

Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

Presença de 3 ou mais alterações fenotípicas:

Sim ____ Não ____

Os marcos de desenvolvimento para a faixaetária a que pertence a criança: • Todos estão presentes ____• Pelo menos um ausente _____

Em caso de ausência de um ou mais mar-cos para sua faixa etária, observe os marcosda faixa etária anterior: • Todos estão presentes ____• Pelo menos um ausente _____

PERGUNTE OBSERVE

R:

FICHA DE AVALIAÇÃO 2VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 MESES A 2 ANOS DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

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< 45 >Exercicios escritos

3 – Fabrício tem 2 anos e foi levado à unidade desaúde porque sua mãe estava preocupada porele ainda não falar palavra alguma; tambémparece não entender quando lhe é dada algumaordem. Indagada sobre sua gestação, parto enascimento, a mãe referiu não ter havido nadade anormal. Sobre a saúde de Fabrício, infor-mou que Fabrício foi hospitalizado durante 20

dias quando tinha 8 meses de idade comquadro de meningite bacteriana. O profissionalverificou que Fabrício não apresentava alter-ações fenotípicas e seu perímetro cefálico erade 50 cm. Classifique o desenvolvimento deFabrício segundo a estratégia da AIDPI,preenchendo a ficha de avaliação abaixo. Queconduta você tomaria com relação a Fabrício?

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 2 meses a 2 anos de idade

• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência,etc.)? _____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muito aten-to na avaliação do desenvolvimento.

Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

Presença de 3 ou mais alterações fenotípicas:

Sim ____ Não ____

Observe os marcos de desenvolvimentopara a faixa etária a que pertence a criança: • Todos estão presentes ____• Pelo menos um ausente _____

Em caso de ausência de um ou mais marcos para sua faixa etária, observe osmarcos da faixa etária anterior: • Todos estão presentes ____• Pelo menos um ausente _____

PERGUNTE OBSERVE

R:

FICHA DE AVALIAÇÃO 2VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 MESES A 2 ANOS DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

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< XII. ANEXOS >

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Anexos < 47 >

FICHA DE AVALIAÇÃO 1VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA MENOR QUE 2 MESES DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 1 semana a 2 meses de idade

• Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

• Presença de 3 ou mais alteraçõesfenotípicas:Sim ____ Não ____

• Alteração de reflexos/postura/habilidades:Sim ____ Não ____

PERGUNTE OBSERVE

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• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência, etc.)?_____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muitoatento na avaliação do seu desenvolvimento.

Page 49: MANUAL PARA VIGILÂNCIA DO … · Washington, D.C., 20037 ... Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 7 > Se a sobrevivência infantil é

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Anexos < 49 >

FICHA DE AVALIAÇÃO 2VERIFICAR O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 2 MESES A 2 ANOS DE IDADE

Nome: ______________________________ Idade: __________ Peso: __________ Kg Temperatura: _______ °C

PERGUNTAR:Quais são os problemas da criança? _________________________ Primeira consulta? ____ Consulta de retorno? ____

AVALIAR CLASSIFICARAvaliar o desenvolvimento da criança de 2 meses a 2 anos de idade

• Alteração no perímetro cefálico:Sim ____ Não ____

• Presença de 3 ou mais alteraçõesfenotípicas:Sim ____ Não ____

Observe os marcos de desenvolvimentopara a faixa etária a que pertence a cri-ança:• Todos estão presentes ____ • Pelo menos um ausente s ____

Em caso de ausência de um ou mais marcos para sua faixa etária, observe osmarcos da faixa etária anterior:• Todos estão presentes ____ • Pelo menos um ausente s ____

PERGUNTE OBSERVE

R:

• Houve algum problema durante a gestação, parto ou nascimento? _____

• Quanto pesou quando nasceu? ____• Qual a idade gestacional? ____ • Seu filho teve alguma doença grave

como meningite, encefalite, traumatismocraniano, convulsões, etc...? _____

• O que a senhora acha do desenvolvi-mento do seu filho?

VERIFIQUE:Existem fatores de risco sociais (depressãomaterna, alcoolismo, drogas, violência, etc.)?_____Examine se há alterações fenotípicas ou noperímetro.

LEMBRE-SE:Se a mãe da criança disse que seu filho temalgum problema no desenvolvimento ou seexiste algum fator de risco, fique muito aten-to na avaliação do seu desenvolvimento.

Page 51: MANUAL PARA VIGILÂNCIA DO … · Washington, D.C., 20037 ... Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 7 > Se a sobrevivência infantil é

Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI< 50 >

Quadro de figuras

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Gráficos de crescimento CDC-USA

FONTE: National Center for Health Statistics en colaboração conthe National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion (2000).

Perímetro Cefálico para Idade em Percentís:meninas, do nascimento a 36 meses

Page 53: MANUAL PARA VIGILÂNCIA DO … · Washington, D.C., 20037 ... Manual para Vigilância do Desenvolvimento Infantil no Contexto da AIDPI < 7 > Se a sobrevivência infantil é

< 52 >

3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36

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Nascimento

Idade (meses)

Gráficos de crescimento CDC-USA

FONTE: National Center for Health Statistics en colaboração conthe National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion (2000).

Perímetro Cefálico para Idade em Percentís:meninos, do nascimento a 36 meses

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