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XX EGEORN 2013 ISBN 978-85-425-0069-1
MAPA MENTAL: FERRAMENTA PARA O ESTUDO DO LUGAR NO PROCESSO
DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM GEOGRAFIA
Kalina Fernanda Cavalcanti Ferreira - ID1 [email protected]
Josandra Araújo Barreto de Melo² [email protected]
Maria Madalena de Paiva Vieira [email protected]
Resumo
Os mapas mentais são uma ferramenta de auxílio para representação e compreensão do lugar, que auxilia no entendimento da localização geográfica, sendo este um recurso para melhor se desenvolver o ensino-aprendizagem. Nesta perspectiva, este artigo tem como objetivo central analisar a experiência desenvolvida utilizando os mapas mentais para o estudo do lugar, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UEPB. Este foi realizado na turma do 1° E do Curso de Magistério da Escola Normal Estadual Padre Emídio Viana Correia, localizada na cidade de Campina Grande-PB. O método utilizado foi o fenomenológico, este analisa a relação que os seres humanos têm com espaço vivenciado. Portanto os resultados alcançados foram satisfatórios, onde melhor desenvolveu-se o processo de ensino-aprendizagem referente às categorias geográficas, sobretudo o lugar, e consequentemente a prática docente dos bolsistas.
Palavras-Chave: Ensino de Geografia; Espaço de vivência; Mapa mental;
1.Introdução
Constata-se que a educação no Brasil ainda enfrenta dificuldades, como a
desvalorização de professores, estas refletem em condições de trabalho, como a
infraestrutura das escolas e nos salários dos docentes. A desmotivação de alguns
alunos também tem sido uma dificuldade, todavia isto não justifica que o professor
venha deixar de cumprir o seu papel de agente transformador na sociedade. O mesmo
deverá fazer o seu trabalho de forma dinâmica, procurando motivar os alunos e que
acredite na educação como forma de resolver problemas sociais como violência,
pobreza, entre outros, a partir da consciência de que é um formador de opinião.
Logo, as aulas de Geografia não podem ser ministradas de uma forma tão
mecanicista, como aderem os professores da corrente tradicional, que não
contextualizam a relação dos conteúdos com o cotidiano dos alunos, não promovendo
a articulação entre as escalas geográficas. Estes, muitas das vezes, só ministram
1Graduanda em Licenciatura em Geografia, Universidade Estadual da Paraíba-UEPB. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UEPB. 2 Professora do Departamento de Geografia, Universidade Estadual da Paráiba-UEPB. Coordenadora da Área de Geografia no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UEPB. ³Professora de Geografia na Escola Normal Estadual Padre Emídio Viana Correia. Supervisora no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UEPB.
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aulas descritivas, onde a natureza e sociedade são vistas a partir de uma sequência
linear.
Analisa-se nas últimas décadas, que ocorreram mudanças significativas na
sociedade, visto estar-se em um mundo globalizado, onde as tecnologias têm
avançado consideravelmente. Em meio a estes avanços, a escola tem que encontrar
meios para que continue cumprindo sua tarefa social, posto que a prática de ensino
seja uma ferramenta de transformação da sociedade. A Geografia, em particular, tem
procurado evoluir na sua prática, principalmente a partir dos anos de 1970.
A partir desse período, ocorreu uma renovação nos objetivos e práticas da
Geografia, tendo como conseqüência a afirmação de outras correntes, procurando
romper com o tradicional, centradas no aluno. Nesse contexto, entra em cena a
Geografia humanista, em que o ser humano não deve ser estudado meramente como
um ser que racionaliza, mas de forma subjetiva, ou seja, que experimenta sensações,
sentimentos, que é reflexivo, criativo e imaginativo.
A mesma analisa a relação que os seres humanos têm com espaço
vivenciado. Seu viés está nas categorias que envolvem o cotidiano local, a identidade
do ser humano, a cultura do mesmo, para poder melhor compreender porque que
cada indivíduo percebe o espaço de forma diferenciada. A análise dos sentimentos e
as emoções do indivíduo devem ser incluídas na realização dos conhecimentos e
saberes. Logo, esta Geografia por analisar o comportamento humano e a percepção
do espaço vivido, contribui para o estudo no que se refere à categorias/conceitos como
Lugar, Espaço Vivido/Vivenciado e Paisagem.
É neste contexto que o mapa mental se insere como uma ferramenta para
auxiliar no desenvolvimento do ensino aprendizagem para o estudo do lugar. Os
mapas mentais são representações do real, através de percepções próprias dos
indivíduos. Estes representam uma linguagem que retrata o espaço vivido, logo sendo
de grande auxílio para a construção do conhecimento do aluno sobre o lugar e suas
paisagens. Como explicita André(1989) Apud Nogueira:
Os mapas mentais são representações do real e são elaborados por um processo no qual se relacionam percepções próprias: visuais, auditivas, olfativas, as lembranças, as coisas conscientes e inconscientes, ou pertencer a um grupo social, cultural; assim, mediante e seguida de filtros, nasce uma reconstrução as cartas mentais. (2002; p.127)
Mediante o exposto, a utilização deste recurso é relevante nas turmas do
curso de Magistério pelo fato de que irá, proporcionar aos alunos a utilização dos
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conhecimentos do cotidiano para se entender as categorias geográficas; também para
proporcionar o melhor conhecimento do local em que vivem e para muni-los de
estratégias metodológicas para utilizarem quando estiverem atuando
profissionalmente no magistério, ocasião em que poderão usar este recurso como
ferramenta para a alfabetização cartográfica, despertando o gosto das crianças pelo
estudo dos mapas e rompendo com a tendência que se dissemina nas escolas
brasileiras - a de negligenciar as técnicas de construção ou leitura/interpretação de
mapas nas séries iniciais.
A partir do exposto, este trabalho tem como objetivo analisar a experiência
desenvolvida na Escola Normal Estadual Padre Emídio Viana Correia, no âmbito do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES/UEPB, Sub-
projeto de Geografia, utilizando os mapas mentais para o estudo do lugar.
2.Metodologia
O método utilizado neste trabalho é o fenomenológico que, no contexto da
Geografia, se desdobra na corrente da Geografia Humanista que observa e analisa
as experiências do homem e a sua relação com a sociedade, a fim de entender seus
comportamentos e, a partir daí, as suas particularidades em relação ao meio.
Logo para a execução deste estudo, foram elaboradas algumas atividades
para poder se chegar ao propósito almejado, entre elas tem-se como primeira
atividade a apresentação do projeto para as turmas e aplicação de questionário
visando diagnosticar o conhecimento dos alunos sobre o espaço de vivência e se
pretendiam ser professores depois de concluir o curso de Magistério.
Em seguida foi feito o estudo das categorias geográficas espaço e lugar. E
logo mais uma explanação acerca dos mapas mentais e sua importância para a
compreensão do lugar, pedindo-se para que os alunos fizessem um mapa prévio do
percurso casa/escola, mostrando as paisagens mais significativas para os mesmos.
Em um terceiro momento realizou-se a continuação da abordagem acerca das
categorias geográficas. A partir das cinco categorias(Espaço,lugar,paisagem, região
e território) foi abordado como se deve analisar os fenômenos a partir das escalas
geográficas, sempre compreendendo o mundo a partir das relações entre as mesmas.
Foi mostrado também Campina Grande como sendo o espaço de vivência e análise,
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começando por seus aspectos geográficos para que os alunos pudessem, a partir dos
conhecimentos das categorias geográficas, aplicá-los ao estudo da cidade.
Como uma quarta atividade realizou-se a continuação do estudo do espaço
de Campina Grande, agora mediante os aspectos históricos, oportunidade em que os
alunos puderam observar na história a ocupação do espaço campinense e as
transformações exercidas no espaço.
Mediante os conhecimentos já adquiridos, foi pedido um novo mapa mental
para os alunos, enriquecido com as abordagens efetuadas. Sendo este numa
preceptiva que mostrassem os problemas socioambientais do lugar.
A análise dos mapas mentais foi efetuada com a utilização da neuro-
pictografia, que corresponde a manifestação por meio do desenho das projeções
psíquicas ou mentais dos indivíduos em face das suas vivências no espaço. O método
citado se aplica bem em trabalhos dessa natureza, visto que ocorre um processo
denominado de exposição das imagens armazenadas e logo mais decodificadas,
como forma de exprimir as ideias do sujeito sobre o espaço vivido. Ao final, foram
escolhidos seis mapas entre todos os elaborados pelos alunos para apresentar nesta
ocasião, sendo os três primeiros numa perspectiva de como cada aluno concebia o
espaço, e os três últimos numa perspectiva de relatar os problemas socioambientais
do lugar.
3. Resultados e discussões
Este trabalho foi executado na Escola Normal Estadual Pe. Emídio Viana
Correia localiza-se na Av. Severino Bezerra Cabral, bairro do Catolé, Campina
Grande-PB, oferecendo o Ensino Médio nas modalidades Normal e Técnico em
Eventos, nos turnos manhã, tarde e noite.
É nesta escola que bolsistas do PIBID/CAPES/UEPB, Subprojeto de
Geografia, vem atuando como colaboradores subsidiando com recursos e
metodologias. O trabalho com os mapas mentais como ferramenta para estimular a
aprendizagem foi desenvolvido no 1º ano do Ensino Médio, modalidade pedagógico.
3.2. Análise dos mapas mentais
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O primeiro mapa (Figura 1) representa o percurso casa/escola de uma aluna. A
mesma demonstrou em sua representação as originalidades do percurso cotidiano
para chegar à escola; A sua residência localiza-se no Distrito de Galante, Campina
Grande.
FIGURA 1: PERCURSO CASA/ESCOLA: O COTIDIANO
Fonte: Kátia Luana de Farias – aluna do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia
Este trajeto foi representado mediante o pensamento da aluna que, a partir do
sentimento de pertencimento construiu uma relação de identidade com o lugar. Há
que se ressaltar que este mapa foi valioso para que a mesma analisasse
cuidadosamente o seu lugar, desenvolvendo melhor tal conceito e ampliando a
capacidade de abstração, conforme explícita Santos et al .(2002, p.206): “o desenho
é a representação de uma imagem, ou de várias imagens, criando um pensamento
complexo. A gênese dos conceitos, sejam eles cotidianos ou científicos, permeia o ato
de pensar.”
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Verifica-se que a aluna conseguiu ressaltar os elementos considerados mais
significativos: a religiosidade representada pela igreja católica; a água do açude J.
Rodrigues, ponto turístico do Distrito de Galante, dentre outros elementos como a rua
em que mora, demostrando a afinidade com o lugar, como sendo um território cheio
de significados que ajudam para sua localização e orientação para deslocar-se no
espaço.
Concomitantemente, mostra que para chegar até a Escola Normal passa pela
BR-230. No decorrer da rodovia, ela destacou alguns elementos até chegar à cidade
de Campina Grande, onde a mesma passa pela Av. Brasília, onde destaca o Shopping
Boulevard chegando, assim, até a escola. Nota-se que a mesma estava envolvida
com seus sentimentos e ideias que tem do lugar, utilizando a percepção. Isto é
enfatizado por Merleau-ponty Apud Nogueira (2002, p.129.): “ um objeto parece
atraente ou repulsivo antes de parecer negro ou azul, circular ou quadrado”.
Em sequência, encontra-se a demostração da representação gráfica de outra
aluna, que mora na fazenda Desterro, Distrito de Galante, Campina Grande (Figura
2).
A Figura 2 mostra os conhecimentos cotidianos acerca do lugar. Demostra
também a noção de localização e orientação que a aluna possui. Sua representação
também é significativa para a percepção do lugar como espaço de vivência.
Percebe-se nos mapas mentais as representações espaciais que as alunas
tem em relação ao espaço vivido. As mesmas possuem uma organização de
pensamentos através de elementos significativos, representando através dos
símbolos as especificidades existentes nos seus espaços que tem, portanto, um
siginifacado cultural para cada indivíduo. Adicionalmente, estes mapas também são
de grande importância para os mesmos aprenderem a se localizar. Isto exemplificado
por Carneiro et al apud Castrogiovanni:
A representação é uma organização significativa de elementos objetivos de
uma situação que preenche uma função específica. É uma contrução mental do objeto, consebido como não separável da atividade simbólica de um indivíduo, ele- mesmo solidário com sua inserção no campo social. A especificidade da representação não diz respeito que a compõem mas à oranização destes elementos. Esta modalidade particular do conhecimento, associada à siginificação cultural da representação, provoca a utilização de modelos na relação de um indivíduo com outro. (CASTROGIOVANNI, 2010.p.36)
FIGURA 2: A AFETIVIDADE PELO LUGAR
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Fonte: Ana Cristina Campos de Araújo – aluna do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia.
A Figura 3 apresenta o conhecimento que o aluno tem em relação ao percurso
casa-escola, representado através das principais paisagens que encontra no trajeto.
O aluno mora no Conjunto Acácio Figueiredo, Campina Grande, embora na
representação não seja demonstrada afetividade com relação ao seu lugar,
representando mais elementos técnicos que dão um nível de complexidade ao tecido
urbano, como é o caso da Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF,
representada por torres; após, percebe-se o aeroporto João Suassuna e, no decorrer
do percurso, o Call Center.
FIGURA 3: CONSTRUÇÕES CAPITALISTAS E PAISAGENS SOCIO-CULTURAIS.
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Fonte: Josué dos Santos – aluno do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia.
O aluno também pictografa ícones representando um cemitério e um hospital,
demonstrando uma visão do saneamento e da saúde. Chegando ao centro da cidade,
representa o terminal de integração, já que precisa pegar dois ônibus para poder
chegar até a escola, mostrando que o tranporte coletivo é o principal meio de
transporte para os estudantes da rede pública. Também representa outras paisagens,
como é o caso do viaduto Elpídio de Almeida e o Açude Velho, que são cartões postais
da cidade.
O mapa a seguir (Figura 4) é de uma aluna que reside no bairro do Católe,
Campina Grande, na Rua Alice Luna Pequeno.
FIGURA 4: MAPA MENTAL E A SUBJETIVIDADE
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Fonte: Lisane Souza Lima, aluna do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia.
A aluna representa sua casa através do ícone amarelo e relata: “ perto de
minha casa as vezes acontece sempre um assalto ou alguém acaba morrendo”
mostrando, assim, um dos problemas sociais da atualidade – a violência. O ícone
marrom representa uma padaria que a aluna diz” que essa é uma padaria muito boa
de comprar pão e de até fazer um lanche.” Também representa o estabelecimento
“Quinta da Colina Recepções”, onde diz acontecer às melhores recepções de festas
da cidade. No percurso casa-escola, portanto, é possível notar uma tendência à
afetividade e a subjetividade da visão sobre o lugar, em conformidade com o que
afirmam Landim Neto e Dias (2006):
Percebe-se então que a subjetividade é considerada fundamental para a
construção dos mapas mentais, relevando as experiências através dos sentidos e vivências do indivíduo.Nesse sentido, o educando é valorizado como protagonista no processo de ensino aprendizagem,na medida em que seus saberes são valorizados (ibidem, p. 9).
O mapa (Figura 5) é de um aluno que mora na rua Jóse Francisco P. Filho,
Jardim verdejante II. Representou sua casa ao lado esquerdo, próximo a área
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arborizada. Próximo a sua casa verifica-se também que tem um ícone representando
os resíduos sólidos acumulados e, abaixo, a presença de água poluída.
FIGURA 5: VISÃO CENTRO X PERIFERIA
Fonte: Pedro Paulo Silva Júnior, aluno do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia.
No centro do mapa, representa-se outras casas antes da Av. Brasília, onde
encontram-se prédios. Sendo assim neste mapa pode-se notar que há uma tendência
a segregação do bairro onde mora o aluno, sendo este um bairro periférico. Dessa
forma, pelo mapa pode-se diagnosticar a percepção do aluno quanto aos problemas
socioambientais que atingem a periferia, que são vítimas do esquecimento por parte
dos poderes públicos; demonstrando assim o antagonismo existente entre
Centro/periferia.
Tal segregação configura-se pelo mal planejamento das cidades, e a falta de
políticas públicas pertinentes em relação as necessidades básicas para população
mais carente. Logo mais mostra-se através dos prédios, que estes ícones são um
símbolo de status visívil e de investimento capitalista, onde demonstra o paradoxo
entre um bairo de periferia e um bairro nobre. Sendo portanto o mapa mental uma
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forma de conhecer o espaço vivido, e seria muito útil não só no ensino aprendizagem,
como uma forma de planejamento urbano, para melhoramento de tais bairros
considerados segregados. Como explícita Santos:
Os mapas mentais, portanto, representam uma forma de linguagem que retrata o espaço vivido e que traz consigo valores sociais que refletem a experiência social de seus executores, constituem-se em importante instrumento, pois permitem aos produtores do espaço geográfico exprimir sua forma de vê-lo, senti-lo e produzi-lo. Ao se perceberem parte integrante e deixarem fluir seus sentimentos em relação ao lugar, os indivíduos criam uma relação de respeito e cumplicidade como o espaço vivido, o que pode se tornar base para atitudes de transformação da realidade vivida.(2011. p.238).
O mapa seguinte (Figura 6) é de uma aluna residente na Rua Tereza C.
Barros, no Bairro do Cinza. O seu mapa foi bastante diferente em relação aos outros
devido apresentar mais escrita que propriamente símbolos, todavia a mesma não
deixou de passar informações sobre o espaço que percorre para chegar à escola,
demostrando conhecimento em relação a localização das ruas próximas ao centro da
cidade.
A mesma demonstrou a organização espacial mostrando que o ser humano,
a partir do trabalho social modifica a natureza. Isto é bem enfatizado no ícone
representado pela forma elipsóide - em vermelho, mostrando o centro que polariza
toda a cidade. Nessa perspectiva, a aluna apresenta o espaço urbano como algo
dinâmico, que está em constante transfomação, pelo fato de que é capitalista, sendo
um produto sociocultural, político e histórico. Já em relação aos problemas
socioambientais, a aluna demonstra que, apesar de gostar de seu bairro, afirma existir
problemas de várias dimensões, bem como agentes capitalistas que regem o espaço,
embora tenha esperança de que políticas públicas que o beneficiem venham a ser
implementadas no mesmo.
FIGURA 6: ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
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Fonte: Valdênia de Lima Batista, aluna do 1º Ano “E”, E.N.E. Pe. Emídio Viana Correia
A partir dos mapas mentais analisados, verifica-se o quanto os mesmos são
eficazes para estudar o lugar e suas paisagens, dando ao aluno condições de construir
seus próprios conceitos geográficos a partir do cotidiano, todavia não apenas para
compreender determinado conteúdo, mas para que sirva como possibilidade de
desenvolver sua cidadania. Damiani Apud Alves e Siebra (2009.p.2) enfatiza que “A
noção de cidadania envolve o sentido que se tem do lugar e do espaço, já que se trata
da materialização das relações de todas as ordens, próximas ou distantes. Conhecer
o espaço é conhecer a rede de relações a que se está sujeito, da qual se é sujeito.”
Mediante estes relatos, percebe-se que os mapas mentais foram eficazes para
estudo do lugar, visto que se trabalhou a partir do cotidiano dos alunos, sendo eles
mesmos autores/agentes de sua própria história, desenvolvendo assim sua cidadania
e deixando de ser alienados pela sociedade capitalista.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Os mapas mentais constituem ferramenta eficaz para o estudo do lugar
enquanto categoria de análise. Através deles, os alunos demonstraram os
conhecimentos sobre o espaço vivido, mediante a organização de pensamentos e
memorização dos elementos da paisagem.
Dessa forma, o recurso foi significativo nas aulas de Geografia ministradas no
curso pedagógico da Escola Normal. Os alunos demonstraram bom desempenho e
uma melhor aprendizagem referente às categorias geográficas, especificamente
sobre o lugar.
O mesmo foi de grande valia também para os bolsistas do PIBID, visto que foi
uma experiência gratificante e que contribuiu significativamente para melhor conhecer
o espaço escolar e, assim, proporcionar um recurso para estudo do lugar, que poderá
ser usado posteriormente quando forem assumir turmas com a titulação de
professores.
6. AGRADECIMENTOS
As autoras agradecem o apoio concedido, mediante bolsas, efetuado pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, através do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID.
7. REFERÊNCIAS
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