mapeamento de publicações sobre o ensino da química verde ... · pioneiros no uso das máquinas...

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59 Amazônia – Revista de Educação em Ciências e Matemáticas | v.14 (30) | Jan-Jul 2018. p. 59-76. Mapeamento de publicações sobre o ensino da química verde no Brasil a partir de redes sociais Mapping of publications on the teaching of green chemistry in Brazil from social networks Juliana Barreto Brandão 1 Júlia Damazio Bouzon 2 Taís Conceição dos Santos 3 Valéria Pereira 4 Álvaro Chrispino 5 Resumo Nas últimas décadas, as questões ambientais têm merecido destaque tanto no cenário nacional quanto internacional, sendo o início da década de 1990 marcada pelo nascimento da Química Verde. O presente trabalho trata-se de uma pesquisa do estado da arte sobre Química Verde na área de Ensino de Ciências e foi construído a partir da análise bibliométrica e de redes com 31 artigos selecionados a partir de pesquisa em 260 revistas nacionais indexadas em Qualis A1, A2 e B1 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), na área de Ensino. A partir da análise das redes e da leitura das obras mais referenciadas, pudemos entender a relevância desta área para o Ensino de Ciências brasileiro, tendo como autores mais produtivos: Carlos Alberto Marques e Vânia Zuin; referências teóricas mais buscadas: Green Chemistry - Os 12 princípios da Química Verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa e Green Chemistry: theory and practice e os autores mais citados: Wildson Santos e Paul Anastas. Palavras chave: química verde; ensino de química; redes sociais. Abstract The Green Chemistry term was born in the years of 1990. From that on, in the last decades, environmental issues of national and international context have been more careful. This article presents the highest level of Green Chemistry research in teaching science area. It was developed from bibliometric analysis and networks with 31 articles selected from the research in 260 national journals indexed with qualis A1, A2 and B1 by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), in the teaching area. By the 1 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected] 2 Colégio Pedro II | [email protected] 3 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected] 4 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected] 5 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected]

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Amazônia – Revista de Educação em Ciências e Matemáticas | v.14 (30) | Jan-Jul 2018. p. 59-76.

Mapeamento de publicações sobre o

ensino da química verde no Brasil a partir

de redes sociais

Mapping of publications on the teaching of green chemistry in Brazil

from social networks

Juliana Barreto Brandão1

Júlia Damazio Bouzon2

Taís Conceição dos Santos3

Valéria Pereira4

Álvaro Chrispino5

Resumo Nas últimas décadas, as questões ambientais têm merecido destaque tanto no cenário

nacional quanto internacional, sendo o início da década de 1990 marcada pelo nascimento

da Química Verde. O presente trabalho trata-se de uma pesquisa do estado da arte sobre

Química Verde na área de Ensino de Ciências e foi construído a partir da análise

bibliométrica e de redes com 31 artigos selecionados a partir de pesquisa em 260 revistas

nacionais indexadas em Qualis A1, A2 e B1 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES), na área de Ensino. A partir da análise das redes e da

leitura das obras mais referenciadas, pudemos entender a relevância desta área para o

Ensino de Ciências brasileiro, tendo como autores mais produtivos: Carlos Alberto Marques

e Vânia Zuin; referências teóricas mais buscadas: Green Chemistry - Os 12 princípios da

Química Verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa e Green Chemistry:

theory and practice e os autores mais citados: Wildson Santos e Paul Anastas.

Palavras chave: química verde; ensino de química; redes sociais.

Abstract The Green Chemistry term was born in the years of 1990. From that on, in the last decades,

environmental issues of national and international context have been more careful. This

article presents the highest level of Green Chemistry research in teaching science area. It was

developed from bibliometric analysis and networks with 31 articles selected from the

research in 260 national journals indexed with qualis A1, A2 and B1 by the Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), in the teaching area. By the

1 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected]

2 Colégio Pedro II | [email protected]

3 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected]

4 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected]

5 Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca | [email protected]

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networks analysis and the most cited works reading, we could understand how relevant this

area is to the science teaching in Brazil. Besides this, Carlos Alberto Marques and Vânia Zuin

were the most productive authors found. The most researched theory referential were found

to be: Green Chemistry - os 12 princípios da química verde e sua inserção nas atividades de

ensino e pesquisa and Green Chemistry: theory and practice. Last but not least, Wildson

Santos and Paul Anastas were the most cited authors.

Keywords: green chemistry; chemistry teaching; social networks.

Introdução

Meados do século XVIII e a Inglaterra presenciaria a primeira fase da Revolução

Industrial sem desconfiar que isso impactaria o mundo sem precedentes. O extrativismo, da

forma como até então era realizado, a mão de obra artesanal, a produção manual, limitada

e sem rigor quanto às padronizações estavam com seus dias marcados.

“Vendo aqui, senhor, o que o mundo inteiro deseja ter – Energia”. Com esse

pensamento Matthew Boulton e James Watt impulsionando a Revolução Industrial, foram

pioneiros no uso das máquinas a vapor, que utilizariam a queima do carvão mineral para

alimentá-las (BYNUM, 2013). Esse combustível foi dando espaço ao longo dos anos aos

derivados do petróleo, também de origem fóssil. E, em um pouco mais de dois séculos

desse marco, 75,5% da energia que move o mundo, ainda advém dessas fontes (REN21,

2017).

O desenvolvimento da indústria química alavancado nos séculos XIX e XX

possibilitariam ao homem, nos anos posteriores, conforto, longevidade maior, avanços na

área tecnológica, farmacêutica e aumento da produtividade e mecanização nos campos,

com o uso de defensivos agrícolas químicos. Muitas substâncias naturais foram

gradativamente substituídas pelas sintéticas que tinham a seu favor a padronização,

resistência à degradação e menor custo se comparadas às anteriores.

Os processos químicos se aprimoraram e mais empresas somaram-se a esse cenário na

tentativa de sintetizar substâncias que poderiam substituir as fibras naturais como o

algodão, a juta e a seda, assim como materiais como a borracha natural e o marfim.

Surgiram o nylon, a borracha sintética, o polietileno e a baquelite que somados aos outros

tantos que viriam, mudaram, além de outros fatores e segmentos, o mobiliário tradicional, o

vestuário, os meios de comunicação, a indústria automobilística e até a de entretenimento.

Um artigo da Revista Science Advances, apresentou a primeira análise global de todos

os plásticos produzidos em massa já fabricados no mundo (GEYER et al, 2017). Segundo

seus autores, desde 1950, ano em que foram produzidos pela primeira vez, até 2015, a

quantidade de plásticos virgens ou ditos de primeira linha, encontra-se na ordem de 8300

milhões de toneladas. Foram gerados como resíduos até a última data analisada, 6300

milhões de toneladas onde apenas 9% desse valor foi reciclado, 12% destinaram-se a

incineração e 79% desse montante estão acumulados em aterros sanitários ou encontram-

se livres em ambientes naturais. Estima-se que esse valor dobre até o ano de 2050, se

nenhuma medida for tomada até lá.

De forma muito intensa, desde a primeira Revolução Industrial até os dias atuais, o

planeta Terra tornou-se pesado, pela imensa quantidade de resíduos que acumula,

adoecido por um ar com um grande número de particulados sólidos, além de uma gama

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de gases poluentes que agravam o aquecimento, acentuam a chuva ácida ou interferem na

camada protetora de ozônio.

Sem noção da repercussão que causaria ou mesmo de leis rígidas de controle

ambiental, o homem seguiu em estado caótico até o século XX, contaminando rios e mares

por efluentes industriais sem tratamento prévio ou mesmo interferindo na elevação da

temperatura do planeta, contribuindo de uma forma ou de outra, para o desequilíbrio dos

biomas aquáticos. O impacto já causado ao meio ambiente pelo descaso no tratamento de

efluentes ou no destino dos resíduos químicos gerados pela produção industrial aliado à

necessidade de um controle de degradação em áreas ambientais e a preocupação

crescente com a qualidade do ar e dos biomas do planeta, fomentou, na década de 1990, a

criação da agência norte americana EPA (Environmental Protection Agency). Essa agência foi

a pioneira a incentivar os projetos de pesquisa de rotas sintéticas que minimizassem os

impactos que causariam ao meio ambiente, diminuindo dessa forma a poluição. Nesse

contexto e com essa ambição, o termo Química Verde (QV) ou ainda Química Sustentável,

foi cunhado e percebido como ações que ponderassem os processos a serem seguidos pela

indústria química. A prioridade seria analisar as rotas químicas existentes, reduzindo-as ou

mesmo eliminando-as, no intuito de gerar um mínimo de resíduos, estimulando, por

conseguinte, inovações tecnológicas verdes.

A EPA junto a ACS (American Chemical Society) elaboraram doze princípios que

estruturaram e definiram a QV e que vão além da proposição de novas rotas, a citar: evitar

a formação de resíduos1; incorporar todos os átomos dos reagentes nos produtos2; gerar

sempre que possível produtos de que não ofereçam risco3; programar os produtos para

que cumpram sua função com toxidez baixa4; usar minimamente os solventes, secantes ou

qualquer outra substância secundária ao processo (sendo imprescindível esse uso, que

sejam o mais inócuos possíveis)5; estruturar processos que ocorram na temperatura e

pressão ambientes, evitando sempre que possível o desperdício de energia6; utilizar

preferencialmente matérias primas de fontes renováveis7; evitar a formação de derivados

nas reações escolhidas8; usar reagentes catalíticos com seletividade alta9; descartar reações

que ao final se degradem e formem resíduos tóxicos10; controlar em tempo real o

andamento de uma reação, atuando sempre na prevenção da formação de algum produto

indesejável11 e prevenir a ocorrência de acidentes, como vazamentos, explosões e incêndios

prejudicando os diretamente envolvidos no processo bem como ao meio ambiente12

(CORREA e ZUIN, 2009).

Muito embora a QV esteja imbuída de princípios de grande valia à garantia da

sobrevivência da humanidade ao planeta, ela ainda habita quase que exclusivamente na

esfera industrial, transitando pouco na área de Ensino. Seus doze princípios são voltados

para processos industriais e, aparentemente, o termo QV, quando presente na área de

Ensino, aparece reduzido ou associado ao termo Química Ambiental.

No que concerne à área de Ensino, Zuin (2008) ressalta que somente a partir de 2007

algumas universidades começaram a implantar discussões sobre a QV voltadas para o

ensino superior e a pós-graduação e que frequentemente essa temática vem sendo mais

discutida. Por outro lado, a indicação de reformas educacionais, como a implantação da

Base Nacional Comum Curricular, traz à tona debates e reflexões sobre a inserção da QV no

contexto educacional. Nesse cenário, Pitanga (2016) destaca que os currículos que

contemplam os princípios da QV proporcionam a compreensão ampliada dos impactos

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causados pela química, diminuindo as lacunas existentes entre a sala de aula e o ambiente

como um todo.

No entanto, a inserção desses conceitos no ensino não é tão simples, uma vez que

deve levar em consideração a participação de toda a comunidade escolar. Segundo

Teixeira, Agudo e Talamoni (2015, p. 73),

Um aspecto a ser considerado no processo educativo ambiental refere-se

à relação dialógica e participativa entre a escola e a comunidade, pois,

embora no discurso esta participação possa estar enfatizada, sabemos de

sua fragilidade. O ponto fulcral está na qualidade da articulação e da

participação, comprometendo a capacidade de atuação dos sujeitos

envolvidos nos processos dialógicos de organização, comunicação e

decisão (TEIXEIRA, AGUDO e TALAMONI, 2015, p. 73).

Assim, a aproximação multidisciplinar para uma educação em QV pode desenvolver

nos alunos uma comunicação interdisciplinar e facilitar contatos que promovam uma

concentração de esforços para enfrentar os problemas e desenvolver tecnologias

sustentáveis (BRAUN et al, 2006).

Além disso, o enfoque Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) se aproxima da QV uma

vez que, segundo Auler e Bazzo (2001) e Santos e Mortimer (2002), esta abordagem pode

contribuir com o Ensino de Química, tendo em vista que tal temática objetiva justamente

um ensino mais crítico e contextualizado, promovendo a participação da sociedade em

questões relacionadas ao avanço científico-tecnológico.

Por outro lado, o mapeamento de obras acadêmicas cada vez mais se torna

importante devido à quantidade de informações provenientes desse tipo de estudo. Os

estudos bibliométricos surgiram no século XX e nesse contexto, Maricato e Noronha (2013,

p. 61) ressaltam que a bibliometria “engloba o estudo dos aspectos quantitativos da

produção, disseminação e uso da informação registrada, desenvolvendo modelos e

medidas matemáticas, com a função para elaborar previsões e apoiar tomadas de

decisões”. O grupo CTS e Educação, do CEFET/RJ, vem se dedicando ao mapeamento da

área de CTS em Ensino no Brasil por meio da análise de redes sociais. O trabalho pioneiro

foi o de Chrispino et al. (2013); seguido por Melo et al. (2016a) e Rocha et al, (2017).

Neste contexto, esse artigo visa analisar a representatividade do ensino de QV na área

de Ensino no Brasil, a partir da análise de Rede Social e, por esse meio, investigar as

principais palavras-chave, os autores que produzem nessa área e o que está sendo

produzido em nosso país sob essa temática.

Metodologia

Para o desenvolvimento desta pesquisa, consultamos a base de dados da Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) indexadas com Qualis A1, A2 e

B1, onde foram levantadas 260 revistas. A partir da busca individual da expressão “Química

Verde” nos sítios de cada revista, seja na palavra-chave, resumo e/ou texto, foram

encontrados 31 artigos (Anexo 1), publicados até o 1º semestre de 2017, que foram nosso

objeto de estudo.

As revistas que contêm os artigos selecionados e que constam nesse banco de dados

são: Pesquisa em Educação Ambiental, Revista Brasileira de Ensino de Química, Química

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Nova na Escola, Biota Amazônia, Revista Ciência e Tecnologia, Revista Cultivando o Saber,

Revista Educação e Tecnologia, Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, Alexandria,

Comciência, Investigações em Ensino de Ciências, Matéria, Movimento e RBPG - Revista

Brasileira de Pós-Graduação.

Como ferramenta de trabalho, optamos pela Análise de Rede Social que, através de

grafos, possibilita perceber a interação entre entes diversos dentro de um universo. Neste

caso, foi feita uma rede das 66 palavras-chave, contidas nos artigos, a fim de analisar de

que maneira os trabalhos de QV se relacionam entre si. Além disso, outra rede foi gerada a

partir dos 77 autores dos artigos pesquisados objetivando investigar se há alguma relação

entre os mesmos.

Para Melo et al (2016b),

[...] a análise de redes nos permite ter uma visão panorâmica de como se

comporta uma área, seja ela CTS ou qualquer outra. A metodologia

escolhida, ainda que não tão popular quanto outras na área de ensino,

apresenta uma visão dos dados capaz de trazer amplitude e o tratamento

de um número elevado de dados. Assim como metodologias de análise

de conteúdo e suas derivadas, ela apresenta categorizações retiradas do

próprio material de análise, porém, não de forma qualitativa, mas

quantitativa. Isso permite que trabalhemos tantos artigos quantos a

literatura nos dispuser (MELO et al, 2016b, p. 594 e 595).

Mesmo que uma rede, a princípio, nos traga apenas dados quantitativos, ela ainda nos

permite fazer uma análise qualitativa a respeito dos dados, como foi justificado por

Chrispino et al (2013):

A maneira viva como se processam as inter-relações nas redes sociais

sugere uma abordagem complexa e inclusiva. Por tal, todas as nuances e

possibilidades de comunicação devem ser consideradas, constituindo,

assim, um ambiente dinâmico de múltiplas relações que só adquirem

significado total quando se contempla sua completude. (CHRISPINO et al,

2013, p. 459)

A rede deste trabalho foi gerada no software NodeXL6 que, além de gerar o grafo,

permite calcular medidas de centralidade. A fim de evitar resultados que sejam muito

heterogêneos, foram criadas algumas equivalências, como, por exemplo, substituir as

palavras-chave “CTSA” por “CTS”, “Formação de professores” por “Formação docente”,

“Sustentabilidade ambiental” por “Sustentabilidade”, “Ensino interdisciplinar” por

“Interdisciplinaridade”, dentre outras do mesmo tipo. As medidas de centralidade são graus

que indicam as posições dos vértices de uma rede e podem ser de diferentes tipos, como

por exemplo: de grau, de proximidade (closeness) e de intermediação (betweenness), dentre

outras. Nesse caso, usaremos as medidas de centralidade citadas anteriormente.

A medida de centralidade de grau de entrada aponta quantas arestas se ligam a um

vértice da rede. Sendo assim, quanto maior for a centralidade de grau, mais relações esta

palavra-chave possui com outras. A medida de centralidade de proximidade (closeness)

mede a distância da ligação entre os vértices, o que significa que quanto maior for o grau

6 A versão utilizada está disponível no site http://nodexl.codeplex.com

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012345678

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Pu

blic

açõ

es

de

QV

/an

o

Ano de publicação

de proximidade, menor é a distância entre duas palavras-chave e, consequentemente,

maior é a comunicação entre elas. Em contrapartida, a medida de centralidade de

intermediação (betweenness) indica a capacidade que um vértice tem de relacionar duas

sub-redes, ou seja, de que forma uma palavra-chave consegue intermediar dois ou mais

artigos no menor caminho entre eles. De acordo com Marteleto (2001), a centralidade de

intermediação significa

[...] o potencial daqueles que servem como intermediários. Calcula o

quanto um ator atua como “ponte”, facilitando o fluxo de informação em

uma determinada rede. Um sujeito pode não ter muitos contatos,

estabelecer elos fracos, mas ter uma importância fundamental na

mediação das trocas. O papel de mediados traz em si a marca do poder

de controlar as informações que circulam na rede e o trajeto que elas

podem percorrer (MARTELETO, 2001, p. 79).

Depois da rede gerada, foram selecionados, a fim de recorte de pesquisa, os 8 vértices

do grafo de palavras-chave e os 2 vértices do grafo de autores que apresentavam maior

grau de entrada e organizou-se uma tabela para cada rede com os dados das diversas

medidas de centralidade para posterior análise.

Além disso, com o objetivo de apresentar um resumo sobre as referências mais citadas

e um breve panorama sobre a história dos primeiros autores mais relevantes neste campo,

duas outras tabelas foram montadas a partir dos 31 artigos relacionados à Química Verde: a

primeira contendo as obras mais citadas por esses artigos e a outra com os primeiros

autores mais referenciados pelos mesmos.

Resultados

Inicialmente, foi feita uma análise a respeito da quantidade de publicações relacionadas

à QV e o ensino ao longo dos anos. É notório que esse número é extremamente reduzido,

mas vem em um crescente, como pode ser visto no Gráfico 1. Este dado pode ser explicado

pelo fato da QV ainda ser um tema de baixo conhecimento para muitos docentes e estar

ganhando uma visibilidade maior devido às reformas curriculares e a necessidade de

contextualização e uma preocupação maior de conscientizar os estudantes a respeito das

decisões a serem tomadas quando questionados a respeito de conteúdos fora de sala de

aula.

Gráfico 1 – Publicações de Química Verde por ano.

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Além desta análise, foi feito um mapeamento a respeito das revistas que publicam

nesta área. Das treze revistas que possuíam algum artigo deste viés, destacam-se a revista

Química Nova na Escola com 11 publicações e a Revista Brasileira de Ensino de Química com

7 trabalhos. Algumas revistas aparecem com apenas duas publicações (Educação e

Tecnologia; Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências), enquanto as demais publicaram

apenas uma vez na área de QV: Pesquisa em Educação Ambiental, Biota Amazônia, Revista

Ciência e Tecnologia, Revista Cultivando o Saber, Alexandria, Investigações em Ensino de

Ciências, Matéria, Movimento e RBPG – Revista Brasileira de Pós-Graduação.

Investigou-se, também, o vínculo dos autores com as suas instituições de ensino. É

importante dizer que nenhum autor foi vinculado a mais de uma instituição e, mesmo que

possuíssem autoria em mais de um trabalho, a instituição de ensino a qual são vinculados

foi contabilizada apenas uma vez. Além disso, é válido acrescentar que, no Gráfico 2,

constam apenas as instituições que possuem 2 ou mais autores pertencentes a mesma e

que publicam nesta área. Podemos concluir, então, que a maioria das entidades possui

apenas um autor e, por isso, não aparecem evidenciadas. Em contrapartida, destacamos a

USP e a UNESP que possuem 8 autores publicando.

Gráfico 2 – Autores por instituição

A partir da organização das palavras-chave no software citado, gerou-se um grafo

como mostra a figura 1.

Figura 1 – Grafo gerado a partir das palavras-chave

0

2

4

6

8

10

Ato

res

po

r In

stit

uiç

ão

Instituições

UTFPR UFRJ IFRN UFSCar UFSC

USP UNESP EMBRAPA UNISUL UNISC

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Neste grafo, podemos observar de que maneira as palavras-chave se relacionam entre

si. Os vértices maiores correspondem às oito que possuem maior grau de entrada, ou seja,

aquelas que possuem maior conexão com outros vértices. Além disso, destacamos em

vermelho as redes desconexas, que são assim denominadas por não possuírem nenhum

vínculo com palavras-chave de outras sub-redes e só se relacionarem entre si. Apesar de

serem artigos referentes ao tema de QV, a escolha destas palavras-chave não contribui para

que a comunidade científica desta área tenha tanto conhecimento destes trabalhos, uma

vez que grande parte das pesquisas são feitas a partir das palavras-chave e não de forma

tão abrangente quanto o nosso trabalho. Ou seja, é importante ressaltar que, caso

tivéssemos pesquisado apenas pelas palavras-chave, não contaríamos com estes artigos

para posterior análise. Tal fato deve merecer atenção dos especialistas da área.

Além da centralidade de grau, também podemos analisar as medidas de centralidade

de proximidade e de intermediação, conforme os dados da tabela abaixo (tabela 1).

Tabela 1 – Medidas de centralidade para as palavras-chave

Palavra-chave Centralidade

de Grau

Centralidade de

proximidade

Centralidade de

intermediação

Química Verde 20 0,016 434,433

Ensino de Química 11 0,014 249,800

Formação Docente 6 0,011 16,233

Sustentabilidade 6 0,011 71,000

Biocombustível 6 0,008 136,000

Contextualização 5 0,012 79,333

Educação Ambiental 5 0,011 5,500

CTS 5 0,011 20,200

Os dados da tabela 1, em consonância com a análise do grafo, nos permitem identificar

que “Química Verde” e “Ensino de Química” são duas palavras-chave que possuem as

maiores medidas de centralidade. Isso indica um maior poder de comunicação destas

palavras com as demais que constituem a rede, bem como maior capacidade que as

mesmas têm de relacionar artigos diferentes. Em relação ao primeiro termo, isto era

esperado, uma vez que essa palavra caracteriza o objeto principal dessa pesquisa.

O interessante é ver que “Ensino de Química” e “Formação Docente” vêm logo após o

tema principal, evidenciando que, apesar de QV ainda não ser tão discutido em sala de

aula, este é um tema que está ganhando bastante espaço. Além disso, é importante

ressaltar que a maioria das palavras-chave de maior relevância possui relação com CTS que

é, inclusive, uma delas. Isto nos evidencia que, quando aliados, a QV e a abordagem CTS

podem ser uma estratégia de ensino que faz com que o estudante se torne mais crítico e

tenha maior capacidade de escolha quando questionado a respeito, principalmente em

relação à parte ambiental.

A fim de investigar como os autores dos 31 artigos em análise se relacionam,

construímos também uma rede com os 77 autores desses trabalhos, cujo resultado pode ser

visto no grafo esquematizado na figura 2.

Assim como no grafo anterior, os vértices de maior tamanho indicam os dois autores

que apresentaram maior centralidade de grau, ou seja, aqueles que estabelecem maior

relação com os demais autores. O primeiro é o professor Carlos Alberto Marques, do

departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele

tem pós-doutoramento em Ensino da Química Verde e atuação ativa na área tanto no

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desenvolvimento de projetos de pesquisa quanto em produção bibliográfica. Em seguida,

destaca-se a pesquisadora Vânia Zuin, professora do departamento de Química da

Universidade Federal de São Carlos, com extensa atuação na área de QV, inclusive na esfera

internacional, sendo uma das autoras mais citadas nos artigos em análise, como será visto

mais adiante.

Figura 2 – Grafo gerado a partir dos autores

A participação ativa desses profissionais no ensino da QV também justifica os altos

valores de centralidade de intermediação obtidos na rede, isto é, eles são os que têm maior

capacidade de diálogo com autores de outras sub-redes, como mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Medidas de centralidade para os autores dos artigos em análise

Autor Centralidade

de Grau

Centralidade de

Intermediação Instituição de Vínculo

Carlos Alberto Marques 8 1058,750 Universidade Federal de Santa Catarina

Vânia Gomes Zuin 7 799,500 Universidade Federal de São Carlos

A análise do grafo também nos permite concluir que os autores de determinadas sub-

redes não estabelecem nenhum diálogo entre si. Estas são consideradas redes desconexas e

estão destacadas em vermelho na Figura 2.

Além dessa análise, também foi feito um levantamento das obras utilizadas como

referências para a elaboração desses trabalhos, totalizando 650 citações. Dessas,

destacamos na Tabela 3 as seis mais citadas.

A primeira obra mais referenciada, Green Chemistry - os 12 princípios da Química Verde

e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa, é um artigo que destaca que a QV

nasceu QV com o propósito de atuar diretamente na redução e controle de resíduos

gerados e não no seu tratamento. Além disso, apresenta e discute “os fundamentos da QV,

além de um breve histórico sobre seu surgimento e desenvolvimento, mostrando ainda

aplicações dos princípios da QV na indústria, no ensino e na pesquisa básica em química."

(LENARDÃO et al, 2003, p.123).

O desenvolvimento do texto apresenta um conceito para QV, termo mais utilizado e

que foi adotado pela IUPAC, embora existam outros que também definem a mesma ideia.

Na sequência, cita e explica os doze princípios da QV, apresentando para cada um,

exemplos práticos da indústria e que podem ser estendidos para o Ensino de Química.

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Tabela 3 – Obras mais citadas nos artigos sobre Química Verde

Posição Número de

Citações

Obra

1 8 Lenardão, E. J. et al (2003). Green Chemistry - os 12 princípios da Química Verde e sua

inserção nas atividades de ensino e pesquisa.

2 5 Anastas, P. T.; Warner, J. C. (1998). Green Chemistry: theory and practice.

3 5 Freire, P. (1997). Pedagogia do oprimido.

4 4 Santos, W. L. P.; Schnetzler, R. P. (2008). Educação em Química: Compromisso com a

Cidadania.

5 4 Santos, W. L. P.; Mortimer, E. F. (2002). Uma análise de pressupostos teóricos da

abordagem CTS (Ciência - Tecnologia, Sociedade) no contexto da educação brasileira.

6 4 Marques, C. A. et al (2007). Visões de meio ambiente e suas implicações no ensino de

química na escola média.

Partindo do mesmo viés, Green Chemistry: theory and practice é um livro que

originalmente apresentou os doze princípios da QV e aparece como a segunda obra mais

citada. Este livro é considerado como a base da QV e tem grande reconhecimento

internacional, sendo muito utilizado por instituições de ensino e também pela indústria. É

uma referência muito relevante e, talvez, não apareça na primeira posição por não ser uma

obra escrita em português. Dessa forma, tanto o artigo quanto o livro são referências muito

esclarecedoras para aqueles que almejam não só estudar, mas fazer desses princípios uma

prática cotidiana. Indivíduos sensibilizados e formados dentro desses princípios,

provavelmente terão mais chances de se perceberem parte fundamental do meio ambiente

e, assim, pensar e atuar de modo mais eficiente diante de situações relacionadas ao mesmo.

Na sequência, as terceira, quarta e quinta posições são ocupadas por obras que não

falam diretamente sobre QV, mas trazem componentes fundamentais para a compreensão

e o debate sobre o ensino nessa vertente.

Paulo Freire (1997) em Pedagogia do Oprimido, por exemplo, chama a atenção do leitor

para o método de ensino “bancário” extremamente aplicado nas salas de aula da época e

que perdura ainda nos dias de hoje. O livro clama pela superação de um ensino que se

utiliza da deposição de conteúdos por outro que valorize a problematização e estimule o

desenvolvimento do pensamento crítico dos indivíduos. Nesse contexto, se pensarmos no

ensino da QV, essa discussão faz-se pertinente e necessária.

O livro Educação em Química: compromisso com a cidadania, de Santos e Schnetzler

(2008) apresenta, em seus capítulos, a ideia de que o ensino de ciências deve promover a

formação de indivíduos com pensamento crítico e visão crítica do meio que o cerca. Os

conhecimentos científicos devem ser articulados de modo que os estudantes possam tomar

decisões a respeito de problemas do dia a dia de modo mais consciente, bem como

possam interagir com o mundo. A obra destaca que para isso, o conhecimento científico

deve estar inter-relacionado com o contexto social. Neste sentido, propõe a utilização de

uma abordagem temática para o ensino a partir de temas químicos sociais.

Partindo da mesma linha de pensamento, Santos e Mortimer (2002) destacam em seu

artigo uma análise crítica sobre pressupostos de currículos de ensino de ciências com ênfase

em Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) e trazem à tona a importância do papel dos atores

sociais no desenvolvimento científico-tecnológico, e a necessidade de se relacionar ciência e

tecnologia num contexto social para a solução de problemas sobre temas de relevância

social.

O sexto trabalho mais citado - Visões de meio ambiente e suas implicações no ensino de

química na escola média - fala sobre a importância de discutir sobre as questões ambientais

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no contexto pedagógico e cita a abordagem CTS como um caminho para isso. Neste

sentido, destaca a necessidade de introduzir essa discussão na formação inicial do

professor. Em seguida, apresenta sua pesquisa com professores de Química do ensino

médio de escolas localizadas em municípios de Florianópolis. Os docentes participaram de

uma entrevista semi-estruturada com os objetivos de “identificar aspectos da prática

pedagógica; analisar os possíveis modos de abordagem de temas em sala de aula;

compreender as relações entre os seres humanos, a Química, o meio ambiente e as

questões ambientais; e entender as dificuldades e/ou possibilidades para abordar questões

ambientais nas aulas de Química” (MARQUES et al, 2007, p. 2045). Além disso,

categorizaram as compreensões docentes predominantes sobre visão de meio ambiente,

problemática ambiental e sua relação com a química e prática docente.

A análise da pesquisa mostrou que, embora, a maior parte dos professores tenha

algum conhecimento sobre QV, a abordagem deste tema em sala de aula ainda é muito

precária, por diversos motivos, como falta de estrutura da escola e formação acadêmica

deficiente, dentre outros. Isso mostra a relevância da pesquisa nessa área no âmbito escolar

e em todas as etapas do ensino.

Por fim, foi feito um levantamento sobre os primeiros autores mais citados nos

artigos analisados, como mostra a Tabela 4, com o intuito de investigar suas influências no

ensino da QV no Brasil.

Tabela 4 – Autores mais citados nos artigos sobre Química Verde

Posição Número de Citações Autor

1 17 Wildson Luiz Pereira dos Santos (Santos, W. L. P.)

2 14 Paul T. Anastas (Anastas, P. T.)

3 11 Paulo Freire (Freire, P.)

4 9 Carlos Alberto Marques (Marques, C. A.)

5 9 Vânia Gomes Zuin (Zuin, V. G.)

Ao realizar este estudo, percebemos, de forma surpreendente, que o mais referenciado

é, na verdade, uma revista: a Veja, citada 25 vezes. Isso mostra que a maior parte dos

trabalhos sobre ensino de QV se apoia no uso de reportagens sobre temas ambientais

variados e não nos pressupostos de um determinado autor. Em segundo lugar (21 citações),

temos as bases legais nacionais, o que já era esperado, visto que, nesse contexto, o

embasamento na legislação ambiental é fundamental e necessário.

Wildson Luiz Pereira dos Santos é o autor que lidera as citações na área de QV.

Licenciado em Química, mestre em educação pela UNICAMP (1992) e doutor na mesma

área pela UFMG (2002), Wildson teve como último vínculo a Universidade de Brasília, além

de ter atuado também, durante sua trajetória, no ensino médio. Este autor é também o

mais citado e o que possui a obra mais referenciada no Ensino de Química dentro do

cenário CTS brasileiro (CHRISPINO et al., 2013). Este fato pode ser explicado pelo seu vínculo

com a Associação Ibero-americana Ciência-Tecnologia-Sociedade (AIA-CTS), onde

desenvolveu diversas linhas de pesquisa sobre abordagem CTS.

Em segundo lugar, temos Paul T. Anastas, bacharel em Ciências (1984) pela

Universidade de Massachusetts e doutor em Ciências (Brandeis University, 1989). É

considerado o “pai” da QV e, por isso, fonte primária internacional de grande relevância,

sendo autor de várias publicações na área, incluindo a segunda obra mais citada (Tabela 3).

No momento, é diretor do Centro de Química Verde e Engenharia Verde da Universidade

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de Yale e professor na Prática da Química para o Ambiente em School of Forestry &

Environmental Studies.

Na sequência, vemos que o terceiro autor mais relevante para o ensino de QV é Paulo

Freire que, apesar de ser formado em direito, contribuiu com pensamentos muito relevantes

para a educação. Caracterizado pelo seu método inovador de alfabetizar os estudantes,

Freire foi pedagogo e gestor na área de educação em Pernambuco e, além de atuar em

muitos países, retornou ao Brasil onde foi Secretário da Educação da cidade de São Paulo e

elaborou um programa público para a educação de jovens e adultos. Paulo Freire deixou

diversas obras extremamente relevantes como Pedagogia do Oprimido e, mesmo falecendo

em 1997, é um autor citado com frequência uma vez que prezava pela formação de

cidadãos transformadores de ordem social, econômica e política injusta.

Por fim, nas quarta e quinta posições aparecem Carlos Alberto Marques e Vânia Gomes

Zuin, respectivamente, que são dois autores de participação muito ativa na área, com

publicações e projetos de pesquisa em desenvolvimento, como dito anteriormente.

Carlos Alberto Marques aparece como o quarto autor mais citado. Ele é licenciado e

bacharel em Química pela UFSC (1988), mestre em Química (1991) pela mesma universidade

e doutor em Ciências Químicas na Universitá Degli Studi di Venezia (Itália, 1995). Fez pós-

doutorado também na Itália (2010) em Ensino da QV. Atualmente é professor titular do

Departamento de Metodologia de Ensino da UFSC e ministra aulas na graduação e pós-

graduação. Possui diversos projetos na área de ensino da QV e dentre suas linhas de

pesquisa, destaca-se o Ensino de Química na Perspectiva da QV.

Vânia Gomes Zuin é licenciada e bacharel em Química (1993), mestre (1997) e doutora

(2001) em Ciências pela USP. Doutorou-se também em Educação (2010) pela mesma

universidade, sendo pós-doutora pelo Centro de Pesquisas Ambientais da Alemanha (2005).

Fundadora e coordenadora até 2017 da Seção de QV da SBQ. É membro de comitês

internacionais de QV, sendo ganhadora de títulos e prêmios na área, o que mostra sua

intensa participação nesse campo. Atualmente, é professora e pesquisadora visitante da

University of York (Inglaterra) e professora associada da Universidade Federal de São Carlos,

onde ministra aulas de QV e desenvolve diversos projetos em linha de pesquisa sobre esse

tema.

Considerações finais

A QV é apontada por Lenardão et al (2003) como uma nova tendência no modo de

tratar a questão dos resíduos químicos, iniciada nos anos 90 e que pode ter seus princípios

aplicados à indústria, ensino e pesquisa em química. Tendo isso em vista, este trabalho

apresentou um mapeamento, a partir de 260 revistas, das publicações sobre ensino de QV

no Brasil.

A partir dos gráficos, podemos perceber que algumas instituições e revistas estão mais

direcionadas ao desenvolvimento de estudos e produções na área de QV e que este é um

tema que está se tornando bastante visível no cenário mundial e precisa ser cada vez mais

inserido no Ensino de Química, a fim de formar estudantes com uma nova conduta química,

não só para suprir as necessidades da sociedade por novos produtos, mas também levando

em consideração os aspectos ambientais.

O uso das redes sociais é muito útil quando se tem um conjunto grande de dados para

análise, como, por exemplo, o trabalho de Chrispino et al (2013), que investigou 394 fontes

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bibliográficas a respeito da área CTS no Brasil; Melo et al (2016a) que construiu uma rede

com 373 textos e seus autores sobre enfoque CTS no Brasil e, ainda, Melo et al (2016b) que

apresentou uma rede com 174 palavras-chave, também na área de CTS.

Os grafos gerados a partir desses dados permitem extrair informações relevantes de

modo prático, como no caso dos artigos investigados neste trabalho, no qual a análise das

redes sociais trouxe à tona questões significativas sobre nosso estudo. O grafo de palavras-

chave, por exemplo, mostrou uma grande quantidade de redes desconexas, ou seja,

embora os artigos que constituam essas redes tratem do ensino da QV, eles não são

facilmente localizados pelos estudiosos da área, uma vez que suas palavras-chave não

estabelecem conexão com nenhuma outra sub-rede. Ademais, o grafo de autores dos 31

artigos analisados mostrou que dois dos autores mais citados nesses trabalhos também são

os que estabelecem mais conexões na rede de autores, indicando que os mesmos são

fontes representativas sobre o ensino da QV no Brasil.

Por outro lado, ao investigarmos sobre as obras mais referenciadas pelo nosso

universo de pesquisa, chama a atenção o fato de que estas foram citadas por menos de

30% dos artigos, o que nos leva a concluir que, embora cada obra possua contribuições

relevantes para o ensino da QV, ainda há pouco consenso dentro da área.

Além disso, a análise das obras mais citadas no recorte de pesquisa deste trabalho

mostrou que nenhuma delas aborda exclusivamente o ensino da QV. Três delas (MARQUES

et al, 2007; LENARDÃO et al, 2003; ANASTAS e WARNER, 1998) apresentam considerações

sobre meio ambiente ou sobre os princípios da QV aplicados a diversas áreas, dentre elas, a

de ensino e as demais abordam as temáticas de ensino de ciências com enfoque CTS

(SANTOS E SCHNETZLER, 2008; SANTOS E MORTIMER, 2002) e educação (FREIRE, 1997).

Isso mostra que os estudiosos envolvidos com o ensino da QV têm buscado aporte teórico

nos pressupostos da abordagem de ensino CTS e nas contribuições freireanas.

Essa compreensão é reforçada, ainda, quando percebemos que Wildson Santos é o

primeiro autor mais citado nos trabalhos investigados, embora não tenha sido um

pesquisador da área. É importante ressaltar que nos exercícios de pesquisa utilizando redes

sociais em nosso grupo, Paulo Freire aparece na lista de mais citados, o que não quer

significar que seus princípios pedagógicos estejam efetivamente sendo aplicados no

trabalho ou pesquisa (BRAYNER, 2017; ROSO e AULER, 2016; ROSA e AULER, 2016).

Por fim, o estudo apresentado neste trabalho revela que o ensino da QV no Brasil tem

ganhado cada vez mais espaço nas salas de aula. No entanto, dentre os 31 artigos

pesquisados, nenhum deles nem suas referências apresentaram uma discussão

sistematizada sobre o ensino desse tema. A maior parte do material investigado fala sobre

aplicações dos princípios da QV no ensino e não sobre o ensino da QV. Sendo assim,

acredita-se que o panorama inicial sobre o ensino de QV a partir da análise de redes,

exposto neste trabalho, sirva não só como fonte de pesquisa para os profissionais

interessados na área, mas também estimule que mais pesquisas sejam desenvolvidas

contribuindo assim para o aumento da representatividade dessa temática no Brasil.

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MELO, T. B.; PONTES, F. C. D. C.; ALBUQUERQUE, M. B.; SILVA, M. A. F. B.; CHRISPINO, A.

Os Temas de Pesquisa que Orbitam o Enfoque CTS: Uma Análise de Rede sobre a Produção

Acadêmica Brasileira em Ensino. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em

Ciências, v.16, n.3, p. 587-606, 2016b.

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