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A PRESCRIÇÃO
FARMACÊUTICA E SUAS
CONSEQUÊNCIAS
ADMINISTRATIVAS,
CIVIS E CRIMINAIS
Marcelo Alexandre da Silva
OAB/MS 6.389 Procurador Jurídico do CRF/MS
Pontos de Discussão
- Competência do CFF para expedir Resoluções;
- Resolução CFF nº 586/2013;
- Valorização Profissional X Responsabilidade
- Instituição Legal da RT;
- Responsabilidade Administrativa, Civil e
Criminal
- Responsabilidade Subjetiva e Objetiva;
- Casos Concretos: Julgados.
Lei nº. 3.820/60 Art. 6º - São atribuições do Conselho
Federal:
(...)
g) expedir as resoluções que se tornarem
necessárias para a fiel interpretação e
execução da presente lei;
(...)
Resolução CFF nº 586/2013
Art. 2º - O ato da prescrição farmacêutica
constitui prerrogativa do farmacêutico
legalmente habilitado e registrado no
Conselho Regional de Farmácia de sua
jurisdição.
Resolução CFF nº 586/2013
Art. 3º - Para os propósitos desta resolução,
define-se a prescrição farmacêutica como ato
pelo qual o farmacêutico seleciona e
documenta terapias farmacológicas e não
farmacológicas, e outras intervenções relativas
ao cuidado à saúde do paciente, visando à
promoção, proteção e recuperação da saúde, e
à prevenção de doenças e de outros problemas
de saúde.
Resolução CFF nº 586/2013
Art. 4º - O ato da prescrição farmacêutica
poderá ocorrer em diferentes
estabelecimentos farmacêuticos,
consultórios, serviços e níveis de atenção à
saúde, desde que respeitado o princípio da
confidencialidade e a privacidade do
paciente no atendimento.
Resolução CFF nº 586/2013
Art. 5º - O farmacêutico poderá realizar a
prescrição de medicamentos e outros produtos
com finalidade terapêutica, cuja dispensação
não exija prescrição médica, incluindo
medicamentos industrializados e preparações
magistrais - alopáticos ou dinamizados - plantas
medicinais, drogas vegetais e outras categorias ou
relações de medicamentos que venham a ser
aprovadas pelo órgão sanitário federal para
prescrição do farmacêutico.
Resolução CFF nº 586/2013
§ 1º - O exercício deste ato deverá estar
fundamentado em conhecimentos e habilidades
clínicas que abranjam boas práticas de
prescrição, fisiopatologia, semiologia,
comunicação interpessoal, farmacologia clínica e
terapêutica.
§ 2º - O ato da prescrição de medicamentos
dinamizados e de terapias relacionadas às
práticas integrativas e complementares deverá
estar fundamentado em conhecimentos e
habilidades relacionados a estas práticas.
Resolução CFF nº 586/2013
Art. 6º - O farmacêutico poderá prescrever
medicamentos cuja dispensação exija prescrição
médica, desde que condicionado à existência de
diagnóstico prévio e apenas quando estiver
previsto em programas, protocolos, diretrizes ou
normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de
instituições de saúde ou quando da formalização de
acordos de colaboração com outros prescritores ou
instituições de saúde.
Resolução CFF nº 586/2013
§ 1º - Para o exercício deste ato será exigido, pelo
Conselho Regional de Farmácia de sua jurisdição,
o reconhecimento de título de especialista ou de
especialista profissional farmacêutico na área
clínica, com comprovação de formação que inclua
conhecimentos e habilidades em boas práticas de
prescrição, fisiopatologia, semiologia,
comunicação interpessoal, farmacologia clínica e
terapêutica.
Resolução CFF nº 586/2013
§ 2º - Para a prescrição de medicamentos
dinamizados será exigido, pelo Conselho
Regional de Farmácia de sua jurisdição, o
reconhecimento de título de especialista em
Homeopatia ou Antroposofia.
Resolução CFF nº 586/2013
§ 3º - É vedado ao farmacêutico modificar a
prescrição de medicamentos do paciente,
emitida por outro prescritor, salvo quando
previsto em acordo de colaboração, sendo que,
neste caso, a modificação, acompanhada da
justificativa correspondente, deverá ser
comunicada ao outro prescritor.
Valorização Profissional
X
Aumento da Responsabilidade
Instituição Legal da
Responsabilidade Técnica
Lei nº 6.839/80 - Art. 1º. O registro de
empresas e a anotação dos profissionais
legalmente habilitados, delas encarregados,
serão obrigatórios nas entidades
competentes para a fiscalização do
exercício das diversas profissões, em razão
da atividade básica ou em relação àquela
pela qual prestem serviços a terceiros.
Lei nº. 3.820/60
Art. 24 - As empresas e estabelecimentos
que exploram serviços para os quais são
necessárias atividades de profissional
farmacêutico deverão provar, perante os
Conselhos Federal e Regionais que essas
atividades são exercidas por profissionais
habilitados e registrados.
Resolução CFF nº 586/2013
Lei nº 5.991/73. Art. 15 - A farmácia e a
drogaria terão, obrigatoriamente, a
assistência de técnico responsável, inscrito
no Conselho Regional de Farmácia, na
forma da lei.
§ 1º - A presença do técnico responsável
será obrigatória durante todo o horário de
funcionamento do estabelecimento.
Lei nº. 5.991/73
Art. 22 - O pedido da licença será instruído
com:
a) prova de constituição da empresa;
b) prova de relação contratual entre a
empresa e seu responsável técnico, quando for
o caso;
c) prova de habilitação legal do responsável
técnico, expedida pelo Conselho Regional de
Farmácia.
Lei nº 13.021 de 08/08/2014
Art. 5º. No âmbito da assistência
farmacêutica, as farmácias de qualquer
natureza requerem, obrigatoriamente, para
seu funcionamento, a responsabilidade e a
assistência técnica de farmacêutico
habilitado na forma da lei.
Responsabilidade Técnica em
Estabelecimentos Públicos Lei nº. 5.991/73. Art. 4º. VIII - Empresa - pessoa
física ou jurídica, de direito público ou privado,
que exerça como atividade principal ou
subsidiária o comércio, venda, fornecimento e
distribuição de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos, equiparando-se à
mesma, para efeitos desta Lei, as unidades dos
órgãos de administração direta ou indireta,
federal ou estadual, do Distrito Federal, dos
Territórios, dos Municípios e entidades
paraestatais, incumbidas de serviços
correspondentes;
Decreto 85.878/81
Art. 3º - As disposições deste Decreto
abrangem o exercício da profissão de
farmacêutico no serviço público da União,
dos Estados, Distrito Federal, Territórios,
Municípios e respectivos órgãos da
administração indireta, bem como nas
entidades particulares.
Responsabilidade Administrativa
Decorre de um ilícito administrativo descrito nas normas
ou regulamentos, nos interessando, em especial, a
responsabilidade administrativa disciplinar. Esta
responsabilidade visa a punição de comportamentos
indevidos por parte (aqui) dos farmacêuticos. Ela é
promovida pelo próprio órgão administrativo (aqui o
CRF), por intermédio de um processo administrativo
disciplinar – PAD. As sanções aplicáveis por intermédio
do PAD devem ser previstas no Regulamento (aqui o
Código de Ética da Profissão e demais Resoluções do
CFF).
Responsabilidade Civil
Decorre da obrigação de indenizar. O art. 927 do
Código Civil dispõe: “aquele que por ato ilícito,
causar dano ao direito de outrem, fica obrigado a
repará-lo”. O dano em questão pode ser de ordem
material, moral ou de imagem, patrimônio que é
intangível e impossível de ter um “preço”.
Todavia, para efeito de responsabilização na
esfera civil, será arbitrado um valor pecuniário
que traduzirá o dano.
Responsabilidade Criminal
Decorre da prática de um ato tipificado em
lei (formal e material) como crime ou
contravenção. A imposição desta pena,
como no caso da responsabilidade política,
é prerrogativa do Poder Judiciário (reserva
de jurisdição).
Código Penal. Art. 282 - Exercer, ainda que
a título gratuito, a profissão de médico,
dentista ou farmacêutico, sem autorização
legal ou excedendo-lhe os limites:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado
com o fim de lucro, aplica-se também
multa.
Portaria 344/98. Art. 67 - As substâncias
constantes das listas deste Regulamento Técnico e
de suas atualizações, bem como os medicamentos
que as contenham, existentes nos
estabelecimentos, deverão ser obrigatoriamente
guardados sob chave ou outro dispositivo que
ofereça segurança, em local exclusivo para este
fim, sob a responsabilidade do farmacêutico ou
químico responsável, quando se tratar de
indústria farmoquímica.
Responsabilidade Subjetiva - Depende da
comprovação de culpa (imprudência,
negligência ou imperícia).
Responsabilidade Objetiva - Independe da
apuração de culpa (imprudência, negligência
ou imperícia).
JULGADOS
TJ-MG - 107020626510970011 MG
Data de publicação: 10/10/2008
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - DANO ESTÉTICO -
UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTO EM CONCENTRAÇÃO 10
VEZES SUPERIOR AO PRETENDIDO PELO MÉDICO -
FARMÁCIA QUE MANIPULOU O REMÉDIO CONFORME O
QUE CONSTAVA NA RECEITA MÉDICA - NEGLIGÊNCIA DA
FARMÁCIA AO NÃO CONFIRMAR COM O MÉDICO O
PERCENTUAL PRESCRITO DE ÁCIDO SALICÍLICO -
PERCENTUAL ALTO PARA A FINALIDADE DA RECEITA
RESPONSABILIDADE DO FARMACÊUTICO VERIFICADA -
DANO COMPROVADO - CONFIGURADO O DEVER DE
INDENIZAR.
TJ-MS Apelação - Nº 0006853-66.2010.8.12.0001 -
Campo Grande – Publicação em 16/04/2013
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS –
SUBMINISTRAÇÃO, EM FARMÁCIA, DE
MEDICAMENTO TROCADO –
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA
FORNECEDORA DO SERVIÇO DEFEITUOSO –
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA – OBRIGAÇÃO
DE REPARAR O DANO – RECONHECIDO –
VALOR DA INDENIZAÇÃO – SUFICIENTE E
PROPORCIONAL – RECURSO NÃO PROVIDO.
Apelação Cível - Ordinário - N. 2007.004963-2/0000-00 -
Campo Grande. Publicação em 22/07/2008
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS – PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE
DEFESA – REJEITADA – MÉRITO – DOSAGEM DE
SUBSTÂNCIA NO MEDICAMENTO SUPERIOR À
PRESCRITA NO RECEITUÁRIO MÉDICO –
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA FORNECEDORA –
APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
– DEVER DE INDENIZAR – VALOR DOS DANOS
MATERIAIS MANTIDOS – DANOS MORAIS REDUZIDOS
– RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
Apelação Cível - Ordinário - N. 2001.008012-
5⁄0000-00 - Mundo Novo. Publicação 27/06/2006
APELAÇÃO CÍVEL – INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS E ESTÉTICOS – INJEÇÃO
INCORRETAMENTE APLICADA – LOCAL
INADEQUADO – PESSOA INABILITADA –
AUSÊNCIA DO FARMACÊUTICO NO LOCAL
– NEGLIGÊNCIA CONFIGURADA – LESÃO
PERMANENTE – CULPA VERIFICADA ––
RECURSO NÃO PROVIDO.
Apelação Cível - Ordinário - N. 1000.075657-
0/0000-00 - Campo Grande. Publicação 07/11/2002
APELAÇÃO CÍVEL – REPARAÇÃO DE
DANOS – MINISTRAÇÃO DE
MEDICAMENTO – DOSAGEM INFERIOR A
PRESCRITA NO RECEITUÁRIO – ATUAÇÃO
ILÍCITA DO PREPOSTO –
RESPONSABILIDADE OBJETIVA – TEORIA
DO RISCO – CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR ARTS. 12 A 14.
TJ-SP Apelação Criminal n° 990.10.331501-4
CRIME CONTRA A SAÚDE PUBLICA - Artigo 273, §
1"-B, inc. I, e § 2", do Código Penal - Réus que tinham em
depósito para vender, produtos destinados a fins
terapêuticos e medicinais, sem registro no órgão de
vigilância sanitária competente - Autoria e materialidade
comprovadas por prova oral e documental - Absolvição -
Impossibilidade – Conduta plenamente tipificada -
Alegação de inconstitucionalidade da lei - Não
acolhimento - Matéria já apreciada pelo Órgão Especial
deste Tribunal de Justiça - Condenação mantida -Penas e
regime prisional corretos - Recurso improvido.
TJ-SC APR 167393 SC 2002.016739-3 Publicação em 25/03/2003
APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO CULPOSO AGRAVADO
PELA INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO.
MORTE POR INGESTÃO DE MEDICAMENTO
ERRONEAMENTE PREPARADO NA FARMÁCIA DE
MANIPULAÇÃO DO ACUSADO COM 32.184% DE CLONIDINA
A MAIS DO QUE A RECEITADA. NEGLIGÊNCIA DO
FARMACÊUTICO RESPONSÁVEL QUE PERMITIU A PESSOAS
NÃO HABILITADAS QUE MANIPULASSEM OS
MEDICAMENTOS E SE OMITIU NO CONTROLE DA PESAGEM
E DOSAGEM DOS COMPONENTES DA FÓRMULA. NEXO DE
CAUSALIDADE. IRRELEVÂNCIA DA SUSPEITA DE
CONCAUSAS. CONDENAÇÃO.
CONTATOS
E-MAIL:
FONE/FAX:
CRF/MS (67) 3325-8090