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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHO
CENTRO DE CINCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOCINCIAS
CURSO DE GEOGRAFIA
Maria de Jesus Ferreira
IMPACTOS AMBIENTAIS RECENTES NA REA DA BACIA
DO RIO SANTO ANTNIO, PAO DO LUMIAR- MA.
So Lus
2003
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHO
CENTRO DE CINCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOCINCIAS
CURSO DE GEOGRAFIA
Maria de Jesus Ferreira
IMPACTOS AMBIENTAIS RECENTES NA REA DA BACIA DO RIO SANTO
ANTNIO, PAO DO LUMIAR -MA
Monografia apresentada ao curso
de Geografia da Universidade
Federal do Maranho, como
requisito parcial para obteno do
grau de Licenciatura em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Antonio Cordeiro Feitosa
So Lus
2003
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FERREIRA, Maria de Jesus.
Impactos ambientais recentes na rea da Bacia do rio Santo Antnio, Pao do
Lumiar MA / Maria de Jesus Ferreira.- So Lus, 2003.
43 f.
Monografia (Licenciatura em Geografia) Curso de Geografia, Universidade
Federal do Maranho, 2003.
Bacia Rio Santo Antnio - Pao do Lumiar (MA) Impactos ambientais I.
Ttulo.
CDU:556.51:504.03 (812.1)
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Maria de Jesus Ferreira
IMPACTOS AMBIENTAIS RECENTES NA REA DA BACIA DO RIO SANTO
ANTNIO, PAO DO LUMIAR- MA.
So Lus, ____/___/______.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ Prof. Dr. Antnio Cordeiro Feitosa
(Orientador)
__________________________________________ Prof. Esp. Zulimar Mrita Ribeiro Rodrigues
(Examinadora)
______________________________________________ Prof. Ms. Ronaldo Rodrigues Arajo
(Examinador)
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A Deus e a minha famlia.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos aqueles que contriburam de forma direta ou
indireta para elaborao deste trabalho. De modo especial, agradecemos:
A Deus, pela sua infinita bondade de permitir- me alcanar mais uma vitria em
minha vida.
A toda minha famlia, em especial a minha me Maria Domingas, aos meus
irmos Francisco das Chagas e Neilde Ferreira por estarem sempre do meu
lado me incentivando.
A meu esposo Alan, pelo apoio durante a realizao deste trabalho.
Ao professor Dr. Antonio Cordeiro Feitosa pela sua disponibilidade e
orientao segura deste trabalho.
A todos os professores do curso, especialmente Jos Carlos e Juarez Diniz
pela contribuio e incentivo.
Ao Fernando pela sua disponibilidade e dedicao durante a execuo desta
monografia.
A professora Mrita, pela sua amizade e incentivo ao longo do curso.
A todos os amigos do curso, em especial Rosiane, Hlia, Joelma, Ada, Eveline,
Sabrina, Eduardo, William, Jos Maria, Allisonclayton, Jasmina, Jane, Illeana,
Jodelma e Marcos.
A Wanderson pela sua amizade e seu auxlio durante s pesquisas de campo.
A Nana pela sua compreenso e auxlio durante as pesquisas bibliogrficas.
Aos integrantes do Ncleo de Estudos e Pesquisas Ambientais NEPA, pela
amizade e companheirismo.
A Maria Cristina , Ademar e Ndia pelo incentivo.
A professora Celia do Ensino Mdio pelo apoio dado.
Aos meus tios que tenho profunda admirao, Gracinha e Mundico pelo apoio
e incentivo dado para que eu conquistasse essa vitria.
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Nada mais livre do que a
natureza e, todavia,
regida por leis invariveis.
Coelho Neto
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RESUMO
Abordam-se os problemas ambientais recentes na rea da bacia do rio Santo
Antonio no municpio de Pao do Lumiar, enfatizando seus principais impactos,
decorrentes das atividades humanas que transformam as caractersticas
naturais desse rio atravs da ocupao, desmatamento, eroso, assoreamento,
deposio de lixo e lanamento de esgoto in natura. Propem-se medidas de
proteo e de utilizao racional dos recursos naturais da rea.
Palavras-chaves: problemas ambientais, bacia, rio Santo Antnio
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ABSTRACT
The recent environmental problems are approached in the area of the basin of
the river Santo Antonio in the municipal district of Pao of Lumiar, emphasizing
your principal impacts, current of the human activities that transform the natural
characteristics of that river through the occupation, deforestation, erosion,
assoreamento, deposition of the garbage and release of sewer in natura. They
intend protection measures and of rational use of the natural resources of the
area.
Key-words: environmental problems, basin, Santo Antonio river.
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SUMRIO
LISTA DE ILUSTRAES 11
1 INTRODUO 12
2 METODOLOGIA 14
3 - CARACTERIZAO AMBIENTAL DA REA 15
3.1 Localizao e situao 15
3.2 - Geologia e Geomorfologia 17
3.3 Clima 17
3.4 Vegetao 18
3.5 Hidrografia 20
3.6 - Populao 20
3.7 Histrico da ocupao 21
3.8 Atividades econmicas e culturais 22
4 - PARMETROS MORFOMTRICOS 23
4.1 - Hierarquia fluvial 23
4.2 - Padro de drenagem 24
4.3 - Anlise areal da bacia 25
4.4 - Descarga lquida 27
4.5 - rea e forma da seco transversal 28
5 - IMPACTOS AMBIENTAIS RECENTES DA BACIA DO RIO SANTO
ANTNIO 29
5.1 Ocupao 29
5.2 Desmatamento 31
5.3 Eroso e assoreamento 32
5.4 Lixo 34
5.5 Lanamento de esgoto 36
5.6 - Qualidade e aproveitamento da gua 36
6 CONCLUSO E RECOMENDAES 39
REFERNCIAS 41
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LISTA DE ILUSTRAES
FIGURAS
Figura 01 Localizao da rea de estudo 16
Figura 02 Aspecto de vegetao mista e capoeira 19
Figura 03 Vegetao de mangue 19
Figura 04 Plantao de verduras e legumes 23
Figura 05 Padro de drenagem e comprimento da bacia do rio Santo Antnio
26
Figura 06 Sees transversais do rio Santo Antnio 28
Figura 07 Mapa de uso e ocupao do solo 30
Figura 08 Ocupao de bares prximo as margens do rio 31
Figura 09 Desmatamento prximo as margens do rio 32
Figura 10 Extrao de barro 33
Figura 11 Extrao de barro 33
Figura 12 Eroso elica nas margens do rio 34
Figura 13 Lixo a cu aberto 35
Figura 14 Acmulo de lixo nas margens do rio 35
Figura 15 Colorao escura da gua devido ao lanamento de esgoto 36
TABELA
Tabela 01 Anlise Fsico-qumica de guas baixo curso do rio Santo Antnio
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1 - INTRODUO
A forma de apropriao e ocupao do solo pelo homem contribui para
a intensificao dos problemas ambientais, e, conseqentemente, o desequilbrio
ecolgico. Os problemas ambientais constituem uma questo bastante polmica,
gerando conflitos entre interesses de empresas nacionais e estrangeiras,
organizaes no-governamentais, rgos pblicos, pessoas e comunidades na
definio e aplicao de uma poltica ambiental efetiva.
Com o desenvolvimento econmico, social e tecnolgico, o homem no
vem respeitando os limites dos recursos naturais, causando alteraes nos
ecossistemas, como a reduo da produtividade e sua diversidade de espcies.
Em nvel mundial, as alteraes ambientais e as conseqentes modificaes das
paisagens esto provocando uma ruptura no funcionamento do ambiente natural.
As questes ambientais vm sendo debatidas desde meados do sculo
XX, tendo sua expresso mxima referenciada nas conferncias mundiais sobre
Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, 1972 e Meio Ambiente e
Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992, com o intuito de atribuir a todos
os pases as responsabilidades pela preservao dos seus recursos, para que se
tenha um desenvolvimento socialmente justo e ecologicamente equilibrado. O
crescimento da tecnologia e o desenvolvimento econmico alteram os sistemas
naturais, ocasionando grande desequilbrio ecolgico como: a diminuio das
reas de florestas, a eroso dos solos, a reduo sensvel das terras agrcolas
arveis e a poluio dos recursos hdricos.
Segundo Cunha (1996:340), a paisagem terrestre modelada pelas
atividades humanas e o grau de alterao de um espao, em relao a outro,
avaliado pelos seus diferentes modos de produo e estgio de desenvolvimento.
Na composio da paisagem terrestre, os recursos hdricos so de
grande importncia para os seres vivos, pois sem eles praticamente impossvel
existir vida na Terra. De acordo com Coelho Neto (1996:93), a gua constitui um
dos elementos fsicos mais importantes na composio da paisagem terrestre,
interligando fenmenos da atmosfera inferior e da litosfera e interferindo na vida
vegetal, animal e humana, a partir da interao com os demais elementos de seu
ambiente de drenagem.
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A gua integra o grupo de recursos da natureza que podem se renovar.
Porm, apesar dessa capacidade de renovao, j se observa a escassez deste
recurso, pois a maior parte dos cursos dgua, vem enfrentando graves problemas
ambientais causados pela deposio de dejetos de origem humana, tanto
domsticos como industriais transformando-os em verdadeiros esgotos cu
aberto.
As bacias hidrogrficas constituem sistemas ambientais que agregam
elementos naturais e atividades humanas em relativo equilbrio. Porm, qualquer
alterao no modo de interveno do homem pode gerar impacto ambiental
negativo, implicando o comprometimento para o ambiente e para o prprio
homem.
No Brasil, a problemtica ambiental passa a receber maior ateno a
partir de 1930, em funo do processo de expanso da agricultura, da
urbanizao e da revoluo tecnolgica, que contriburam para modificaes
sensveis da natureza em troca de um ganho econmico imediato, no sendo
avaliados o esgotamento dos recursos naturais. Desse modo, observam-se
crescentes modificaes em todos os ecossistemas, principalmente nas reas
urbanas, onde os efeitos da degradao ambiental so mais intensos.
Os recursos hdricos brasileiros compreendem uma das mais extensas
e ricas redes fluviais do mundo, distribudas desigualmente atravs da grande
extenso do pas, divididas em bacias hidrogrficas.
A rede hidrogrfica brasileira utilizada para suprir a necessidade de
gua para alimentao, comunicao, abastecimento e usos mltiplos. Entretanto,
em muitos rios, essas atividades so prejudicadas por receberem grande
quantidade de resduos slidos, alterando a hidrodinmica atravs de processos
de eroso e de deposio de sedimentos que resultam em impactos ambientais.
Um exemplo dos impactos apresentado por Tauk (1991:95),
ressaltando que dos 572 municpios do Estado de So Paulo, somente 33 contam
com Estao de Tratamento de Esgotos. Os demais lanam grande quantidade
de esgotos in natura nos rios e em represas.
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O rio Tiet, em So Paulo, demonstra bem esse quadro pois um dos
mais poludos do Brasil, devido os resduos domsticos e industriais que so
lanados no seu leito e em suas margens.
No que se refere ao territrio maranhense, a ilha do Maranho dispe
de uma considervel rede de bacias hidrogrficas. Porm, os principais rios
destas bacias, destacando-se o Anil, o Bacanga e o Pacincia, se encontram em
estgio avanado de degradao ambiental.
Segundo Maranho (1998:08), os rios da ilha esto em acelerado
processo de degradao ambiental, que compromete o abastecimento de gua da
capital, como o caso do rio Santo Antnio que inclusive usado para irrigao
de hortalias e tambm como manancial subterrneo, atravs de uma bateria de
poos.
Na rea da bacia do rio Santo Antnio, as atividades antrpicas tm-se
intensificado ao longo das duas ltimas dcadas, acarretando srias
conseqncias ambientais, devido construo de obras de engenharia com
nveis diferenciado de interferncia na organizao do espao. O leito do rio est
sofrendo vrios problemas ambientais, devido ao lanamento de efluentes
domsticos provocando assoreamento, contaminao e poluio das guas, e
comprometendo o uso domstico da gua.
Mediante a ausncia de estudos relacionados com a problemtica
ambiental que o rio Santo Antnio vem enfrentando, fez-se necessrio a
realizao do presente estudo, com objetivo de investigar as situaes que
contriburam para a degradao ambiental da rea desta bacia e indicar medidas
de proteo e de utilizao racional dos recursos hdricos.
2- METOLOGIA
Para a execuo do presente trabalho, adotou-se os seguintes
procedimentos metodolgicos:
- Levantamento e anlise do acervo bibliogrfico pesquisado, incluindo
livros, artigos, revistas, monografias e relatrios tcnicos, que discorrem
sobre a problemtica ambiental referente aos recursos hdricos;
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- Levantamento do material cartogrfico, como imagem de satlite SPOT,
de 1991, na escala de 1:100.000 e as folhas n 10, 11, 17, 18, 19, 25, 26,
27, 32 e 33 da carta preliminar elaborada pela Diretoria do Servio
Geogrfico do Ministrio do Exrcito DSG / ME, de 1980 na escala de
1:10.000, com curvas de nvel em intervalo de 5m, que abrangem
totalmente a rea-objeto do estudo. As diferentes escalas foram
compatibilizadas para a escala de trabalho, em 1:50.000, com emprego de
pantgrafo de madeira, 60 cm, marca Trident, sem prejuzos de dados e de
informaes;
- Realizao de trabalho de campo nos meses de abril e outubro com registro
fotogrfico, objetivando identificar os principais problemas ambientais
decorrentes da degradao fluvial;
- A determinao dos parmetros morfomtricos, a qual foi baseada nos
estudos de Christofoletti (1981:103) e Cunha (1996:157), para fins de
caracterizao dos seguintes parmetros fluviais: hierarquia fluvial,
descarga lquida, velocidades da superfcie e mdia, rea e forma da seo
transversal, padro de drenagem, rea da bacia e comprimento do rio
principal.
- O uso do planmetro marca Koizumi para medio da rea da bacia.
As coletas de amostras de gua, para a anlise dos parmetros qumico,
fsico e bacterolgico realizado pela CAEMA.
3-CARACTERIZAO AMBIENTAL DA REA
3.1 - Localizao e situao
A rea de estudo localiza-se na poro nordeste da Ilha do Maranho,
compreendendo o municpio de Pao do Lumiar e parte de So Jos de Ribamar
e de So Lus. delimitada pelas seguintes coordenadas geogrficas: ao norte,
2o2756 de latitude sul e 44o0513 de longitude oeste; ao sul, 02o3648 de
latitude sul e 44o1121 de longitude oeste; a leste, 2o3000 de latitude sul e
44o0207 de longitude oeste; a oeste 2o3443 de latitude sul e 44o1216 de
longitude oeste (Figura 01).
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Figura 01 Localizao da rea de estudo
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3.2- Geologia e Geomorfologia
A geologia da rea estudada corresponde ao topo da bacia sedimentar de
So Lus, composta principalmente por rochas de idade Terciria da Formao
Itapecuru, constituda de arenitos e siltitos, e da Srie Barreiras, composta
essencialmente de arenitos porosos e de um modo geral friveis. Estas estruturas
so responsveis pela ocorrncia de superfcies tabulares e subtabulares
modeladas por processos erosivos, nos topos e nas vertentes, e plancies aluviais
quaternrias ocupadas por mangues depsitos de vasas.
Conforme pesquisas realizadas por Feitosa (1989:13), os estudos sobre a
geologia do Maranho, foram direcionados inicialmente para investigao do
potencial econmico da rea continental e, posteriormente, para o conhecimento
da plataforma continental e reas ocenicas adjacentes. Desses estudos surgiram
importantes trabalhos focalizando a estrutura geolgica sedimentar.
No que se refere a geomorfologia da rea, Feitosa (1989:21) afirma que
durante a evoluo morfolgica da ilha ocorreram diferentes fases de
desenvolvimento na medida da intensidade da ao dos agentes morfogenticos.
As transformaes mais significativas resultaram numa paisagem ponteada de
formas residuais, que encerram caracteres de antigos ambientes.
A geomorfologia da bacia do rio Santo Antnio dominada por formas
tabulares e subtabulares com bordas por vezes abruptas que decaem em direo
ao curso do rio, em forma de colinas com declividade suave, modeladas por
processos denudacionais de origem climtica. Na zona costeira, tais processos
esto representados pelos agentes oceanogrficos: ondas, mars e correntes; e
climticos: temperatura, pluviosidade, umidade e ventos.
3.3 - Clima
As condies climticas da rea, inserem-se num contexto mais amplo,
incluindo as influncias da massa de ar Equatorial Continental e Equatorial
Atlntica, correspondendo rea de ocorrncia dos ventos alsios de nordeste.
Associam-se a estes fatores, alm da localizao prxima ao Equador, a
exposio frontal ao Oceano Atlntico e a configurao morfolgica da zona
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costeira do Maranho, que favorece o deslocamento das massas de ar em
direo ao sul (FEITOSA,1996:30).
Segundo a classificao de Kppen (1948), o clima da rea de estudo
corresponde ao tipo Aw, tropical mido, caracterizado por dois perodos bem
distintos: um chuvoso, com grandes excedentes pluviomtricos, que se estende
de janeiro a junho e outro seco, com deficincia hdrica, que compreende o
perodo de junho a dezembro.
De acordo com Feitosa (1989:45) a temperatura supera os 26oC,
atingindo nveis superiores nos meses de outubro e dezembro e inferiores em
abril e maio. A precipitao mdia anual oscila em torno de 2000 mm anuais,
tendo cerca de 80% do perodo chuvoso distribudo entre os meses de janeiro e
junho, maior concentrao em maro e abril e nveis mais baixos nos meses de
setembro e outubro.
3.4- Vegetao
A cobertura vegetal natural reflete as condies ecolgicas do ambiente,
no levando em considerao a interveno ou a ocupao humana.
Na rea objeto de estudo, encontram-se trs conjuntos florsticos,
representados pela floresta secundria mista e capoeira, nas reas emersas
(tabuleiros) e os mangues na plancie flvio - marinha do rio Santo Antnio.
A floresta secundria mista e a capoeira (Figura 02) ocorrem nas zonas
tabulares e de colinas, tendo surgido a partir da destruio da floresta tropical
subpereniflia, totalmente devastada na rea de estudo, sendo que o maior
desmatamento est mais concentrado nas nascentes do rio Paran, decorrente
principalmente da implantao do conjunto residencial homnimo.
Nessa regio encontram-se algumas espcies de considervel valor
econmico tais como: Euterpe oleracea (Juara), Copafera langsdorffit (copaba),
Hymenaea courbaril (jatob), Carapa guianensis (andiroba), Symphonia globulifea
(anani), Mauritia flexuosa(buriti) entre outras.
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O manguezal acompanha a desembocadura do rio Santo Antnio (Figura
03) e de seus afluentes at o limite da mar salobra, tendo como principais
espcies a Rhizophora mangle, L, Lagunculria racemosa, G, e Avicennia nitida,
J.
Figura 02 Aspecto de vegetao mista e capoeira
Figura 03 Vegetao de mangue
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3.5- Hidrografia
A hidrografia da ilha do Maranho compreende um conjunto de pequenas
bacias hidrogrficas destacando-se as seguintes: Anil, Bacanga, Pacincia, Tibiri,
Cachorros, em So Lus, Antnio Esteves, e Santo Antnio em Pao do Lumiar e
Jeniparana, em So Jos de Ribamar (MARANHO, 1998:07).
O rio Santo Antnio nasce no bairro Cidade Operria, onde esto as
maiores altitudes da sua bacia, atingindo cotas superiores a 60m (BEZERRA,
2001). O seu comprimento total chega a 25,3 km, e sua foz localiza-se na baa de
Curupu. O mesmo possui outras denominaes: Cururuca e So Joo.
Analisando o curso do rio Santo Antnio, Feitosa (1996:44) entende que,
por drenar reas de menor densidade demogrfica, onde as atividades antrpicas
ainda se caracterizam por sua prtica rural, tm suas margens relativamente
conservadas, embora a qualidade da gua esteja parcialmente comprometida
pelos ndices de coliformes fecais, alm do assoreamento por eroso pluvial.
3.6 - Populao
A organizao do espao regional tm sofrido rpidas transformaes,
particularmente ao longo das trs ltimas dcadas, em face ao fluxo migratrio.
At meados do sculo XVI, o territrio estadual era habitado por grupos indgenas
que viviam da caa, pesca e coleta. No incio do sculo XVII os franceses
iniciaram o processo de ocupao do interior da ilha, porm foram expulsos em
1616 pelos portugueses. Em seguida, foram dominados por holandeses,
retomando a posse definitiva da terra em 1618.
Com a ocupao sistemtica dos colonizadores, o povoamento comeou
a ocorrer de forma mais intensa, avanando do litoral para o interior atravs dos
cursos doa rios que desguam no Golfo Maranhense
No que se refere a populao do municpio de Pao do Lumiar, a grande
maioria est localizada na zona rural e uma pequena parcela na rea urbana. Em
1970, a populao rural era de 13.002 habitantes, enquanto a urbana 516
(BRASL,1971). O nmero de pessoas aumentou, porm permaneceu a
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caracterstica rural. No censo de 2000 foram registrados 75.000 habitantes rurais
e apenas 1.188 urbanos.
De acordo com a diviso municipal da ilha do Maranho, o conjunto do
Maiobo localiza-se na zona rural do municpio de Pao do Lumiar, porm esse
conjunto possui caractersticas de zona urbana, como, equipamentos urbanos,
infra-estrutura e saneamento bsico, enquanto quase todo o municpio de Pao
do Lumiar caracteriza-se como uma comunidade com baixssimo perfil urbano,
com grande parte do seu territrio ocupado por pequenos povoados que no
dispem de infra-estrutura suficiente para a qualificao como reas urbanas.
3.7 - Histrico da ocupao
O processo de ocupao da ilha do Maranho iniciou-se com a chegada
dos primeiros ndios, anteriormente ao incio da colonizao europia, em perodo
ainda desconhecido.
Segundo Feitosa (1996:51) , os primeiros franceses aqui chegaram como
corsrios servio da coroa francesa, anteriormente a 1608 quando Daniel de La
Touche fundou a Frana Equinocial. A primeira instalao construda foi o Forte
de So Luiz, fixado na poro noroeste da Ilha do Maranho, iniciando assim o
processo de ocupao das regies circunvizinhas. Ainda segundo este autor,
quando os franceses chegaram Ilha do Maranho, em 1612, comandados por
Daniel de La Touche, encontraram-na povoada por nativos da regio, os
tupinambs, divididos em vrias aldeias.
Em relao a ocupao da rea de estudo, est ligada historicamente ao
municpio de Pao do Lumiar. Esse municpio surgiu a partir de uma lgua de
terras doada por Pedro Dias e sua mulher Apolnia Bustamante ao jesuta Lus
Figueira, no stio denominado Anindiba, em 1625.
Pela Carta Rgia de 11 de junho de 1761, foi elevada categoria de vila,
com a denominao de Pao de Lumiar, por causa das suas caractersticas
naturais que lembram uma localidade homnima que existe em Portugal
(MARQUES,1970:630).
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Em 27 de fevereiro de 1931, a vila de Pao do Lumiar foi anexada ao
municpio de So Lus, permanecendo nesta condio at a criao do Decreto
Lei Estadual no 159, de 06 de dezembro de 1938, que a desmembrou de So Lus
para anexar-se a So Jos de Ribamar. Sua autonomia foi conquistada em 1959,
com a Lei no 1890 de 7 de dezembro, possuindo uma rea de 185 km2, a qual foi
alterada com aps a publicao da Lei no 6132 de 10 de dezembro de 1994 que
cria o municpio da Raposa (BRASIL, 1971).
3.8 - Atividades econmicas e culturais
Tendo seu territrio ocupado por reas predominantemente rurais da Ilha
do Maranho, a economia desenvolvida no municpio de Pao do Lumiar,
caracteriza-se por atividades do setor primrio, em especial a agricultura, que se
destaca por sua importncia para a populao do municpio.
As atividades econmicas desenvolvidas na rea da bacia do rio Santo
Antnio seguem o padro das que so praticadas em nvel regional, consistindo
de prticas agrcolas que caracterizam a economia dos municpios de Pao do
Lumiar e de So Jos de Ribamar. Essas atividades esto concentradas na
agricultura de subsistncia e na produo de verduras e legumes (Figura 04)
destinados s feiras e mercados de So Lus e So Jos de Ribamar.
Faz-se necessrio ressaltar, ainda, a importncia da pecuria que se
apresenta como uma atividade econmica de grande relevncia na estrutura
produtiva local, abastecendo o comrcio de So Lus. A pesca praticada de
forma artesanal, no mar, igaraps, rios e lagos, destacando-se, a produo de
peixe, camaro, caranguejo e sururu, sendo esta atividade, utilizada pelos
proprietrios na produo para o prprio consumo. Apenas o pescado de primeira
qualidade (pescada e camaro grado) so repassados aos intermedirios que os
comercializam no Maiobo e em So Lus (RIBEIRO,1999:27).
No que se refere aos aspectos culturais da rea, as manifestaes
folclricas e religiosas mais importantes so: bumba-meu-boi, tambor de mina,
tambor de crioula, festa do Divino Esprito Santo. Alm dessas, existem ainda as
festas de So Sebastio, Santo Antnio, Santa Maria e Nossa Senhora da Luz.
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Figura 04 Plantao de verduras e legumes
4 - PARMETROS MORFOMTRICOS
Levando em considerao a dinmica da paisagem da rea nordeste da
Ilha do Maranho, fez-se necessrio o estudo dos parmetros morfomtricos da
bacia do rio Santo Antnio, para caracterizar as transformaes dessa rea,
atravs da dinmica da drenagem, alm de ser um importante instrumento para
conhecimento da influncia antrpica direta ou indireta no equilbrio fluvial, cujos
reflexos esto na eroso, no assoreamento, em inundaes e no
comprometimento da qualidade da gua.
4 -1 Hierarquia Fluvial
Segundo Christofoletti (1980:106), a hierarquia fluvial consiste no
processo de se estabelecer a classificao de determinado curso de gua no
conjunto total da bacia hidrogrfica na qual se encontra.
Conforme a ordenao de Strahler (1952) apud Christofoletti (1980:106),
os menores canais sem tributrios, so considerados como de primeira ordem,
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estendo-se desde a nascente at a confluncia; os canais de segunda ordem
surgem da confluncia de dois canais de primeira ordem e s recebem afluentes
de primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluncia de dois
canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e de primeira
ordem; os canais de quarta ordem surgem da confluncia de dois canais de
terceira ordem, podendo receber tributrios das ordens inferiores, e assim
sucessivamente.
De acordo com a metodologia proposta por Strahler (1952) apud
Christofoletti (1980:107), pode-se classificar o rio Santo Antnio como um canal
de 4a ordem. No conjunto, os rios da bacia do Santo Antnio compreendem 62
canais de 1a ordem, 14 de 2a ordem, 05 de 3a ordem e 1 de 4a ordem.
4-2 Padro de drenagem
Conforme Christofoletti (1980:102) a drenagem fluvial composta por um
conjunto de canais de escoamento interrelacionados que formam a bacia de
drenagem, definida como a rea drenada por um determinado rio ou por um
sistema fluvial.
De acordo com Cunha (1994:223), no que se refere ao escoamento fluvial
as bacias de drenagem podem ser classificadas em: exorricas, quando a
drenagem se dirige para o mar; endorricas, quando a drenagem se dirige para
uma depresso, dissipa-se nas areias do deserto ou penetra nas depresses
crsticas. O padro arrico expressa uma drenagem sem estruturao em bacia
hidrogrfica, sendo o caso das reas desrticas, onde a precipitao
insignificante, e a atividade dunria, intensa. Quando as bacias so subterrneas,
como nas reas crsticas, so denominadas como criptorricas. De acordo com
esta classificao, a bacia do rio Santo Antnio pode ser classificada como
exorrica.
Os padres de drenagem, para Christofoletti (1980:103), referem-se ao
arranjamento espacial dos cursos fluviais que podem ser influenciados em sua
atividade morfogentica pela natureza e disposio das camadas rochosas, pela
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resistncia litolgica varivel, pelas diferenas de declividade e pela evoluo
geomorfolgica da regio.
Utilizando-se o critrio geomtrico, os tipos bsicos dos padres de
drenagem so: dendrtica, em trelia, retangular, paralela, radial, anelar,
desarranjadas ou irregulares. A bacia do rio Santo Antnio apresenta padro de
drenagem do tipo dendrtica, tambm designada arborescente, pois assemelha-se
configurao de uma rvore (Figura 02).
4.3 - Anlise areal da bacia
Para Christofoletti (1980:113), na anlise areal das bacias hidrogrficas
esto englobados vrios ndices nos quais intervm medies planimtricas
dentre as quais destacam-se: a rea e o comprimento da bacia, e a densidade
dos rios.
A rea da bacia, corresponde a rea drenada pelo conjunto do sistema
fluvial. Esse parmetro pode ser calculado atravs de vrias tcnicas, pela
pesagem de papel uniforme, atravs do uso de programas de computador. Entre
as tcnicas mais simples, est o uso do planmetro: busca-se um ponto adequado
para se posicionar o plo do instrumento, de modo que os braos do mesmo
possam deslizar e alcanar, de forma confortvel, todos os pontos do permetro,
percorre-se todo o contorno da figura a medir, com o minicrculo do traador
coincidindo rigorosamente com a linha de contorno, sempre deslizando no sentido
horrio, at retornar origem. Aplicando-se esta metodologia, verificou-se que a
rea da bacia do rio Santo Antnio est em torno de 108 km.
Em relao ao comprimento da bacia, Christofoletti (1980:113) apresenta
vrias definies, dentre as quais pode-se destacar:
a) distncia medida em linha reta entre a foz e o ponto do permetro que
assinala a eqidistncia entre este ponto e a foz;
b) maior distncia medida em linha reta entre a foz e determinado ponto
do permetro;
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26
c) distncia medida em linha reta entre a foz e o mais alto ponto situado
ao longo do permetro;
d) distncia medida, em linha reta, acompanhando paralelamente o rio
principal.
Dependendo das caractersticas de cada bacia, faz-se a escolha do
critrio mais adequado para a mensurao de seu comprimento, ou em alguns
casos pode-se usar as quatro definies.
O comprimento total da bacia do rio Santo Antnio de aproximadamente
21,0 km (Figura 05). Para a obteno desta medida, considerou-se a distncia,
em linha reta, acompanhando paralelamente o rio principal, devido a forma da
bacia.
Figura 05 Padro de drenagem e comprimento da bacia do rio Santo Antnio.
-
27
A densidade de rios, corresponde relao existente entre o nmero de
cursos de gua e a rea da bacia hidrogrfica. Sua finalidade comparar a
freqncia ou a quantidade de cursos de gua existentes em uma rea de
tamanho padro, como o quilmetro quadrado. Esse ndice foi primeiramente
definido por Horton (1945), sendo calculado pela frmula Dr = N/A, onde Dr a
densidade de rios, N o nmero total de rios ou cursos de gua e A a rea da
bacia (CHRISTOFOLETTI, 1980:115).
Na rea de estudo, foi utilizada a ordenao de Strahler (1952), para a
determinao da densidade de rios, a qual a quantidade de rios corresponde
soma de todos os canais de primeira ordem, obtendo-se o ndice de 0,574.
4.4 - Descarga lquida
Segundo Guerra (1997:195) descarga lquida, a quantidade de gua
que passa por uma seo do rio em um segundo. Os dados so apresentados
sob a forma de m3/s. A anlise da descarga lquida importante em regies com
alto ndice de deficincia de recursos hdricos, porque permite conhecer o
comportamento dos cursos dgua e, a partir dos dados e das infomaes
obtidas, pode-se realizar o planejamento da captao, do uso e do
aproveitamento deste recurso, como, por exemplo, na construo de audes,
canais de irrigao, etc.
A descarga lquida encontrada no trecho estudado (baixo curso) do rio
Santo Antnio o resultado da relao entre a largura (22 m), a profundidade
mdia (0,86 cm) e a velocidade da corrente (0,1213 m/s), obtendo-se a descarga
de 2,30 m3/s. Esses dados foram obtidos durante o perodo chuvoso.
A descarga lquida encontrada nesse mesmo trecho no perodo seco foi
1,42 m3/s, sendo o resultado da relao entre a largura (22 m), a profundidade
mdia (0,36 cm) e a velocidade da corrente (0,1770 m/s).
-
28
4.5 - rea e forma da seco transversal
Segundo Cunha (1996:165) elaboraes sucessivas e repetidas dos
perfis transversais, em uma escala de tempo intermediria (de meses a 1 ano),
representa um bom mtodo para avaliar as mudanas laterais dos canais e a
eroso das margens.
Relativamente ao rio Santo Antnio, a seo transversal possui uma rea
de 19 m2 com profundidade variando entre 1,08 cm a 0,73 cm (Figura 06).
Ms: Abril Perodo: Chuvoso
Vm.sup= 0,1428 m/s Vm.rio= 0,1213 m/s
A= 19 m2 Q= 2,30 m3/s
Ms: outubro Perodo: Seco
Vm.sup= 0,2083 m/s Vm.rio= 0,1770 m/s
A= 8,06 m2 Q= 1,42 m3/s
MD
-0,73-0,89-0,74-0,74-0,83-0,87-0,87-0,85-0,98-1,08
-1
0
1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
m
m
MD
-0,15-0,26-0,46
-0,35-0,32-0,36-0,35-0,27-0,39-0,69
-1
0
1
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
m
m
-
29
5 - IMPACTOS AMBIENTAIS RECENTES DA BACIA DO RIO SANTO ANTNIO
As questes ambientais tm sido agravadas desde a consolidao do
sistema econmico capitalista, em conseqncia da apropriao e do uso
inadequado dos recursos naturais, com objetivo de alcanar riqueza e poder.
Na Ilha do Maranho, a explorao dos recursos naturais tm gerado uma
srie de impactos ambientais, principalmente aos cursos hdricos. A maioria dos
rios encontram-se em estado adiantado de degradao, devido a interferncia
humana, de forma irracional.
Neste conjunto, est inserida a bacia do rio Santo Antnio, evidenciando-
se diversos problemas ambientais, dentre os quais se destacam: ocupao,
desmatamento, eroso e assoreamento, deposio de lixo e o lanamento de
esgotos.
5.1 - Ocupao
Segundo Cunha e Guerra (1996:360), a ocupao desordenada de reas
de uma bacia hidrogrfica gera agravamento nos desequilbrios de origem natural.
Este desequilbrio se manifesta atravs da alterao de um ou mais parmetros
ambientais como a fauna, a flora, a hidrodinmica e a morfologia entre outros.
A ocupao dos espaos naturais na Ilha do Maranho, tem sido
desenvolvida sem o planejamento adequado, causando desequilbrios ambientais
de diferentes ordens de magnitude, com maior gravidade sobre os recursos
hdricos.
A ocupao (Figura 07) compreende s reas de manguezais e mata
galeria que esto dispostos na rea da bacia do rio Santo Antnio, causando
grande devastao pela rpida expanso urbana. O municpio de Pao do Lumiar,
atualmente possui uma rea correspondente a 121,4 km e uma populao de
76.188 habitantes (BRASIL,2000).Na rea da bacia do rio Santo Antnio, a
ocupao (Figura 08) vm gerando alguns problemas, dentre os quais se
destacam: ameaa sustentabilidade do sistema de aproveitamento da gua
para consumo da populao ribeirinha e a devastao da fauna e da flora.
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30
Figura 07 Mapa de uso e ocupao do solo
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31
Figura 08 ocupao de bares prximo as margens do rio
5.2 - Desmatamento
Na rea da bacia do rio Santo Antnio, a mata ciliar est completamente
devastada no seu curso superior, localizada nas vertentes da Chapada do Tirirical
e a sua destruio est relacionada ao acelerado processo de ocupao espacial,
sem planejamento urbano, do municpio de So Lus, particularmente com a
construo dos conjuntos habitacionais, Cidade Operria e Paran.
Devido as caractersticas predominantemente rurais do municpio de Pao
do Lumiar, o mdio e o baixo cursos do rio Santo Antnio esto razoavelmente
conservados pois as ocupaes, nestas reas, caracterizam-se pela presena de
pequenos povoados como: Pau deitado, Moj, Salina, Pindoba, Iguaba e
Tinduba, nos quais no se evidencia grande devastao na vegetao protetora
do curso dgua.
No baixo curso do rio, o desmatamento das reas de mangues bastante
reduzido, sendo um dos conjuntos florsticos mais conservados de toda Ilha,
inclusive servindo de subsistncia para populao ribeirinha, atravs da extrao
de mariscos e moluscos.
-
32
As conseqncias do desmatamento da vegetao, na rea - objeto do
estudo, podem ser visualizadas nas proximidades do pesquepague Wang Park,
principalmente no perodo chuvoso, quando ocorre o aumento do nvel de vazo,
com transbordamento sobre o leito normal, dificultando a circulao de pedestres
e de veculos (Figura 09).
Figura 09 Desmatamento prximo as margens do rio
5.3 Eroso e assoreamento
Segundo Guerra (1994:150), os processos erosivos dependem de uma
srie de fatores controladores como: erosividade de chuva, erodibilidade do solo,
densidade da cobertura vegetal e caractersticas das encostas. A partir da ao
desses fatores, ocorrem os mecanismos da infiltrao de gua no solo,
armazenamento, escoamento em superfcie e em subsuperfcie que podem ser
acelerados ou retardados a partir das intervenes humanas.
No que se refere a rea de estudo, pode-se verificar que os processos
erosivos ocorrem principalmente no perodo chuvoso, mediante a ao da
drenagem pluvial e fluvial; e durante todo o ano, pela ao antrpica pois
intensa a extrao e o transporte de barro (silte e argila) para a construo civil
(Figura 10, 11). O material que fica solto transportado para o rio ocasionando o
processos de assoreamento e de alterao da morfologia do canal.
-
33
Figura 10 Extrao de barro
Figura 11 - Extrao de barro
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34
No perodo seco dominam os agentes elicos que so responsveis pela
modelagem do relevo, principalmente nas reas desprovidas de vegetao
(Figura 12).
Figura 12 eroso elica nas margens do rio
5.4 - Lixo
A rea de deposio do lixo no municpio de Pao do Lumiar no obedece
nenhum padro de gerenciamento, causando degradao ambiental e problemas
com a sade pblica. Constitui um lixo a cu aberto (Figura 13) com srios
problemas sanitrios e ambientais, representando um grande prejuzo qualidade
da gua do rio Santo Antnio e das reas de abastecimento atravs de poos,
principalmente atravs da poluio do lenol fretico pelo chorume originado do
lixo.
Outro problema, o acelerado processo de ocupao espacial na rea
com risco de intoxicao dos moradores e de exploso de gs metano (CH4)
infiltrado no solo na rea do lixo. Alm disso, sua localizao est inadequada,
devido proximidade da rea de expanso urbana e a direo predominante dos
ventos que converge para alguns povoados do municpio como Pindoba e
Iguaba.
-
35
Outra rea de deposio do lixo no municpio nas margens do rio Santo
Antnio, que contribui para o processo de degradao ambiental desse ambiente
(Figura 14).
Figura 13 Lixo a cu aberto
Figura 14 Acmulo de lixo nas margens do rio
-
36
5.5 Lanamento de esgoto
O lanamento de esgoto domstico nos cursos dgua, provoca
problemas muito srios como: a contaminao por bactrias patognicas e por
substncias orgnicas e inorgnicas. Os resduos orgnicos lanados no canal,
atravs de redes de esgotos, possibilitam a proliferao de bactrias e outros
microrganismos que consomem o oxignio dissolvido. Sem oxignio os peixes
vo morrendo aos poucos, e toda a vida no rio vai deixando de existir, morrendo
inclusive as bactrias.
O rio Santo Antnio era conhecido pelas suas guas claras e lmpidas,
com rica fauna e flora. Porm, o lanamento de dejetos in natura atravs dos
esgotos alterou sua qualidade ambiental (Figura 15).
Figura 15 colorao escura da gua devido ao lanamento de esgoto.
5.6 - Qualidade e aproveitamento da gua
A gua um recurso indispensvel vida, pois um fator importante para
o bem-estar social e para desenvolvimento econmico. Porm, esse recurso est
ameaado devido explorao intensa e ao descaso do homem quanto
conservao que contribuem para a sua degradao.
A poluio das guas vem se tornando um problema de difcil soluo
para a sociedade. Com o rpido crescimento da populao e o desenvolvimento
-
37
industrial, cresce tambm a explorao dos recursos hdricos, causando o seu
desequilbrio. Segundo Drew (1998:178), a deteriorao da qualidade da gua
nas cidades quase inevitvel, principalmente por causa dos rejeitos industriais e
sanitrios que causam a elevao da concentrao qumica e do contedo
orgnico dos rios.
Na Ilha do Maranho, as bacias hidrogrficas, sofrem intensa degradao
comprometendo a sua qualidade ambiental. Isto ocorre devido a m utilizao do
recursos hdricos e ao descaso das autoridades locais pois compete ao poder
pblico, juntamente com a populao, a preservao e a defesa de um ambiente
ecologicamente equilibrado.
A legislao ambiental estadual compreende muitas leis e decretos que,
via de regra, no se relacionam especificamente com os municpios. A legislao
vigente atualmente, com maior expresso, o Cdigo de Proteo do Meio
Ambiente do Estado do Maranho, institudo pela Lei 5.405, de 08 de abril de
1992, com as alteraes contidas na Lei 6.272, de 06 de fevereiro de 1995.
De acordo com o Art. 2, do captulo I do Cdigo de proteo do Meio
Ambiente do Estado do Maranho, a Poltica Estadual do Meio Ambiente tem por
finalidade a preservao, conservao, defesa, recuperao e melhoria do meio
ambiente, como bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de
vida.
Segundo a CAEMA (2002) os resultados dos parmetros analisados,
esto dentro dos intervalos estabelecidos para as guas superficiais, devendo ser
levado em conta, os dados relativos cadeia nitrogenada (amoniacal, nitroso e
ntrico) (Tabela 01), que demonstram haver poluio recente, confirmada pela
bacteriologia, uma vez que essas substncias so oxidadas rapidamente na gua.
O resultado da anlise bacteriolgica das guas do baixo curso do rio
Santo Antnio, no ponto coletado prximo ao Wang-Park, situado na Avenida
Principal, Pinda foi de 2.419,2 coliformes fecais por 100 ml. Este ndice
ultrapassa o nvel permitido pela Portaria 1.469, de 29 de Dezembro de 2000, do
Ministrio da Sade, que estabelece valores menores do que 1 como aceitveis
para que as guas estejam prprias para o consumo (CAEMA).
-
38
Tabela 01 - Anlise Fsicoqumica de guas do baixo curso do rio Santo Antnio.
ANLISE FSICA
DETERMINAO RESULTADO UNIDADE
Cor Aparente 96,0 u.c
Cor Verdadeira 77,0 u.c
Odor No objetvel -
Sabor No objetvel -
Turbidez 19,0 n.t.u.
Condutividade 100,0 Us/cm
Resdou Total 50,0 Mg/l
Ph 5,97 -
ANLISE QUMICA
DETERMINAO RESULTADO UNIDADE
Alcal.De Hco-3 14,2 Mg/L Caco3
Alcal.De Co-3 0,00 Mg/L Caco3
Alcal.De Oh- 0,00 Mg/l CaCO3
Dureza Total 22,73 Mg/l CaCO3
Dureza Temporria 10,46 Mg/l CaCO3
Dureza Permanente 12,27 Mg/l CaCO3
Clcio 3,52 Mg/l Ca++
Magnsio 3,35 Mg/l Mg++
Cloretos 22,0 Mg/l Cl-
Ferro 0,555 Mg/ Fe++
Dixido De Carbono 33,03 Mg/l CO2
Nitro Amonical 3,92 Mg/l N
Nitro Nitroso 0,0056 Mg/l N
Nitro Ntrico 5,98 Mg/l N
Ci2 Residual - Mg/l Cl2
Sulfatos 28,83 Mg/l SO4
Cr Hexavalente 0,00 Mg/l Cr+6
Fonte: CAEMA, 2002
-
39
6 CONCLUSO E RECOMENDAES
O acelerado crescimento populacional, o desenvolvimento industrial e o
uso cada vez maior de fertilizantes qumicos e inseticidas nas lavouras tm
causado srios danos aos cursos hdricos e a vida de modo geral.
No ambiente podem ocorrer acidentes ecolgicos, degradao
generalizada e m utilizao dos recursos naturais que tornam irrecuperveis os
nveis ideais de equilbrio ou comprometem o uso de muitas reas exigindo-se a
elaborao de diagnsticos ambientais, para que se possa elaborar prognsticos
e estabelecer diretrizes de uso dos recursos naturais de modo racional,
minimizando a deteriorao da qualidade ambiental.
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, concluise que
a rea da bacia do rio Santo Antnio est seriamente comprometida em seu
equilbrio ecolgico, devido s atividades antrpicas, como: ocupao
desordenada, que compromete a sustentabilidade do aproveitamento da gua; o
desmatamento da mata ciliar, que mais intenso no curso superior; a eroso,
causada pela ausncia da vegetao decorrente do desmatamento; o
assoreamento, atravs da deposio do material que transportado para o rio; a
deposio de lixo, nas margens do rio, em conseqncia da falta de conscincia
ecolgica dos moradores e o lanamento de esgotos in natura devido falta de
saneamento bsico.
Para tentar minimizar os problemas de degradao ambiental, na rea da
bacia do rio Santo Antnio recomendase, a aplicao de polticas pblicas
orientadas a reduo dos impactos antrpicos e o eqacionamento dos
problemas causados pelos impactos ambientais recorrentes e adoo de medidas
mitigadoras que possam atenuar tais problemas.
necessrio ainda, maior sensibilizao da populao quanto
preservao dos recursos hdricos da rea, enfatizandose a importncia destes
para a manuteno da qualidade ambiental e o desenvolvimento das atividades
biticas geral.
Vale ressaltar tambm a importncia da educao ambiental nas
mudanas de mentalidade da sociedade com vista necessidade de se adotar
-
40
novas posturas quanto a sua participao de forma ativa nos problemas
ambientais.
Deste modo, faz-se necessrio trabalhar junto a comunidade, atividades
sobre: a importncia da gua e de como suas atitudes podem tanto preservar
esse recurso como alterar o no equilbrio do rio, o controle do desmatamento
principalmente nas margens do rio, evitando ou atenuando os processos de
eroso e de assoreamento e o trabalho de reflorestamento.
-
41
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