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Prevalencia de lesões ilíaca em atletas que sofreram entorse de tibiotársicaTRANSCRIPT
MÁRIO RUI MENEZES DE ORNELAS
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com
entorse de tibiotársica
Trabalho académico apresentado ao
Curso de Osteopatia, da Escola Superior
de Saúde Ribeiro Sanches como requisito
parcial para a conclusão do Curso, sob a
orientação do Professor Jorge Nunes.
Lisboa
2014
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
i
EPIGRAFE
Que os vossos esforços desafiem as
impossibilidades, lembrai-vos de que
as grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia impossível.
Charles Spencer Chaplin
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
ii
AGRADECIMENTOS
A concretização deste estudo não seria possível sem o apoio e colaboração de
algumas pessoas. Aos meus orientadores da monografia, Prof. Jorge Nunes e Prof.
Mónica Teixeira, pela confiança, apoio, disponibilidade e paciência que tiveram comigo
durante todo este processo. Mesmo nos momentos mais complicados e com as
minhas falhas, o ambiente foi sempre positivo e contei com o auxílio de ambos.
Aos meus pais e à minha irmã por todo o suporte e extrema paciência que tiveram
comigo desde que decidi embarcar nesta jornada. Obrigado por acreditarem em mim,
não é fácil estar longe.
Ao Filipe Nunes pela contribuição e pelos contactos fornecidos, sem ele este estudo
não seria possível.
Aos jogadores e profissionais dos clubes intervenientes, o meu muito obrigado pela
vossa colaboração
À minha namorada, Vanessa, pela dedicação e compreensão que ela tem comigo. Por
todo o suporte e incentivo que ela me dá e que continuará dando para que eu evolua
os meus conhecimentos e batalhe pelos meus sonhos.
Aos meus colegas de curso por toda a ajuda prestada no decorrer desta jornada e
pelo bom ambiente criado em especial à Tita e a Inês Ataíde que ajudaram até ao
último minuto.
Obrigada! Vocês contribuíram para meu sucesso e para meu crescimento como
pessoa e profissional. Sou o resultado da confiança e da força de cada um de vocês.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
iii
RESUMO
Introdução: A entorse é um movimento violento com estiramento ou rutura de
ligamentos de uma articulação. Existem hipóteses em que essas lesões no tornozelo
podem estar relacionadas com uma disfunção ilíaca onde, numa entorse de tornozelo,
várias estruturas sofrem alterações biomecânicas.
Objetivos: Investigar a prevalência de lesões ilíacas em jogadores de futebol que
sofreram entorse de tibiotársica. Relacionar e verificar a posição da lesão ilíaca com o
mecanismo da entorse.
Metodologia: A pesquisa foi realizada em duas etapas: a primeira foi a aplicação de
questionário contendo perguntas objectivas e a segunda consistiu na realização dos
testes osteopáticos: Teste de flexão em pé (TFP), Teste de flexão sentado (TFP),
Teste Estático/Dinâmico/C2 e Teste de Downing, a fim de verificar lesões ilíacas.
Resultados: Foram encontradas prevalências de 38,5% de lesões ilíacas posteriores
direitas, seguido de lesão Ilíaca anterior esquerda (30,8%), lesão ilíaca posterior
esquerda (23,1%) e lesão ilíaca anterior esquerda (7,7%).
Constatou-se que 61,5% dos atletas que sofreram entorse de tibiotársica em inversão
tiveram uma lesão ilíaca posterior, 30,8%, que sofreram entorse em inversão
apresentaram lesão ilíaca anterior e os 7,7% da amostra que sofreram entorse em
eversão apresentaram lesão ilíaca anterior.
Conclusão: A lesão ilíaca posterior direita foi a lesão mais prevalente. O teste
estatístico não apresentou uma correlação significativa entre as lesões ilíacas e o
mecanismo de entorse de tibiotársica. Contudo, observou-se uma tendência de ilíaco
posterior quando o mecanismo de entorse é em inversão.
Palavras-chave: tornozelo, entorses, sacroilíaco, lesão ilíaca, diagnóstico
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
iv
ABSTRACT
Introduction: An ankle sprain is a violent movement accompanied by stretching or the
tearing of a joint’s ligaments. There are cases where those ankle injuries may be
related to iliac dysfunction that, in case of ankle sprain, several structures suffer
various biomechanical changes.
Objective: Investigate of the prevalence of iliac lesions in soccer players who suffered
a sprained ankle injury. Correlate the position of the iliac with the ankle sprain
mechanism.
Methodology: The survey was conducted in two stages: the first was a questionnaire
containing objective questions; the second stage consisted in applying osteopathic
tests: Standing Flexion Test (SFT), Seated Flexion or Piedallu Test, Static/Dynamic/C2
test, Downing Test, to check iliac lesions.
Results: A prevalence of 38.5% was found in right posterior iliac lesions, followed by
left anterior iliac (30.8%), left posterior ilium (23.1%) and left anterior iliac (7.7%). It was
found that 61.5% of the athletes that sprained their ankle in inversion had posterior iliac
lesions, 30.8% which suffered inversion sprain had anterior iliac lesions and 7.7% of
the sample that suffered eversion sprain had anterior iliac lesions.
Conclusion: Statistical analysis showed no significant correlation between the iliac
lesions and the mechanism of the ankle sprain. However, there was a trend to posterior
iliac lesion when the athlete suffered an inversion ankle sprain.
Keywords: ankle, sprains, sacroiliac, innominate lesion, diagnosis
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
v
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ASI – Articulação sacroilíaca
DD – Decúbito Dorsal
DV – Decúbito Ventral
EIAS – Espinha ilíaca antero superior
EIPS – Espinha ilíaca póstero superior
FIFA – Federação Internacional de Futebol Associado
LSP – Linha Superficial Posterior
MI – Membro Inferior
TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido
TFP – Teste de flexão em pé
TFS – Teste de flexão sentado
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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ÍNDICE
EPIGRAFE ....................................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS .................................................................................................... ii
RESUMO ........................................................................................................................ iii
ABSTRACT .....................................................................................................................iv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ......................................................................v
ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................viii
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................viii
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 11
1.1 - HISTÓRIA DO FUTEBOL ............................................................................ 11
1.2 - ARTICULAÇÃO SACROILÍACA ................................................................. 11
1.2.1 - Anatomia e Biomecânica da Articulação Sacroilíaca .......................... 11
1.3 - LESÃO ILÍACA .............................................................................................. 12
1.3.1 - Diagnóstico de Lesão Ilíaca ..................................................................... 13
1.3.1.1 - Teste de Flexão em Pé (TFP).............................................................. 13
1.3.1.2 - Teste de Flexão Sentado (TFS) .......................................................... 13
1.3.1.3 - Teste de Downing .................................................................................. 14
1.3.1.4 - Teste Estático/Dinâmico/C2 ................................................................. 15
1.4 - A ARTICULAÇÃO TIBIOTÁRSICA ............................................................ 18
1.5 - ENTORSE DA TIBIOTÁRSICA ................................................................... 18
1.5.1 - Classificação das Entorses de Tibiotársica ........................................... 19
1.5.2 - Mecanismo de Lesão de Tibiotársica ..................................................... 19
1.5.2.1 - Entorse em Eversão .............................................................................. 19
1.5.2.2 - Entorse em Inversão ............................................................................. 20
1.6 - A RELAÇÃO DO PÉ COM A ARTICULAÇÃO SACROILÍACA ............. 20
2. METODOLOGIA ................................................................................................... 22
2.1 - AMOSTRA ...................................................................................................... 22
2.2 - INSTRUMENTOS E MATERIAIS ............................................................... 22
2.3 - PROCEDIMENTOS ...................................................................................... 23
2.4 - ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................. 23
RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 24
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 32
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
vii
ANEXOS..................................................................................................................... xxxv
ANEXO I: CONSENTIMENTO INFORMADO ..................................................... xxxvi
ANEXO II: CARTA DE AUTORIZAÇÃO.............................................................. xxxvii
ANEXO III: QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ATLETAS DE FUTEBOL ... xxxviii
ANEXO IV: FICHA DE AVALIAÇÃO DOS ATLETAS ..............................................xl
ANEXO V: TABELAS ESTATÍSTICAS ......................................................................xli
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Caracterização da idade, peso e altura dos indivíduos da amostra em
estudo ............................................................................................................................. 24
Tabela 2 - Caracterização do tempo de prática, número de treinos semanais e duração
do treino da amostra em estudo..................................................................................... 25
Tabela 3 - Tabela de frequência relativa ao número de jogadores cedidos pelos clubes
........................................................................................................................................ 25
Tabela 4 - Tabela de frequência relativa à faixa etária da amostra (anexo) ................ 26
Tabela 5 - Tabela de frequência relativa à causa da entorse ....................................... 26
Tabela 6 - Tabela de frequência relativa à atividade no ocorrer da lesão.................... 26
Tabela 7 - Tabela de frequência relativa ao pé dominante ........................................... 27
Tabela 8 - Tabela de frequência relativa à presença de lesão de entorse................... 27
Tabela 9 - Tabela de frequência relativa ao Teste de Flexão em Pé ........................... 27
Tabela 10 - Tabela de frequência relativa ao Teste de Flexão Sentado ...................... 28
Tabela 11 - Tabela de frequência relativa ao Teste Estático/Dinâmico/C2.................. 28
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Frequência dos resultados do Teste de Downing ........................................ 28
Figura 2 - Relação entre a posição da lesão ilíaca e o mecanismo da entorse........... 29
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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INTRODUÇÃO
A presente monografia foi elaborada no âmbito da conclusão do curso de Osteopatia,
ministrado na Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches, pertencente ao Grupo Lusófona.
Segundo Silva et al., (2007) e Palacio et al., (2009) o futebol é a modalidade desportiva mais
praticada e popular no mundo, estimando-se que o número de adeptos seja de
aproximadamente 400 milhões em diversos países sendo considerado o desporto com o
maior número de lesões em atletas no mundo, chegando a representar 50 a 60% de todas
as lesões desportivas na Europa.
Minghelli et al. (2012), refere que o futebol exige dos jogadores a aquisição de diversas
vertentes físicas, como resistência, velocidade, força, agilidade e flexibilidade e se
caracteriza pelo intenso contacto físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos como a
aceleração, desaceleração e mudanças súbitas de direção. Estas exigências físicas cada
vez maiores obrigam os atletas a exercitarem-se próximo dos limites máximos de exaustão,
levando uma maior predisposição à ocorrência de lesões.
A articulação do tornozelo é a que se estabelece entre a tróclea do astrágalo e as
extremidades distais da tíbia, do perónio e respetivos maléolos.
A lesão mais comum do tornozelo é a entorse, principalmente a entorse por inversão,
afetando diretamente o ligamento perónio-astragalino anterior, podendo também ocorrer
entorses em eversão que afetam o ligamento deltoide (Prentice, 2011).
Segundo Macauley (1999), o termo entorse descreve um movimento violento com
estiramento ou rutura de ligamentos de uma articulação
Existem hipóteses onde essas lesões no tornozelo podem estar relacionadas com uma
disfunção ilíaca onde numa entorse de tornozelo várias estruturas sofrem alterações
biomecânicas. Segundo Bienfait (1997), os desequilíbrios da bacia nunca são primários,
sendo sempre consequências de uma causa, estando localizada acima ou abaixo. Kapandji
(2000), refere que a articulação sacroilíaca transmite e dissipa força do tronco para os
membros inferiores e vice-versa.
Este trabalho consistiu na investigação da prevalência de lesões ilíacas em jogadores de
futebol que sofreram entorse de tibiotársica, bem como relacionar a posição da lesão ilíaca
com o mecanismo da entorse.
Dentro das lesões ilíacas mais conhecidas, esta investigação teve como foco as lesões de
ilíaco anterior e lesões de ilíaco posterior. Para verificar estas lesões serão executados
testes osteopáticos para avaliar para avaliar a presença destas lesões que alteram a
mobilidade ilíaca.
A escolha desta temática justifica-se, por um lado, de razões de ordem intelectual que se
prendem do desejo e interesse em conhecer e fundamentar os conhecimentos em matéria
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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da lesão do tornozelo e suas repercussões ascendentes. Por outro lado, a sua escolha
deve-se a razões de ordem pessoal, sendo e estando a fazer formação na área da
osteopatia, constitui-se num desafio refletir sobre a mesma, para que, compreendendo a sua
complexidade, podermos contribuir para o seu melhor conhecimento.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 - HISTÓRIA DO FUTEBOL
A Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), entidade coordenadora do futebol
mundial, relata o nascimento do futebol em 1883, em Inglaterra, quando foi fundada a
associação inglesa de futebol (FIFA, 2009). O futebol é a modalidade desportiva mais
praticada e popular no mundo, estimando-se que o número de adeptos seja de
aproximadamente 400 milhões em diversos países, em diferentes níveis sociais e faixa
etária, sendo metade deste total, jogadores federados (Silva et al., 2007, Palacio et al.,
2009). Com a popularização cada vez maior do desporto, o número de lesões graves
aumentou devido a competitividade, a fatores intrínsecos e extrínsecos do jogador, ao
intenso contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, como: aceleração,
desaceleração e mudanças abruptas de direção (Borges, 2001).
O futebol é considerado o desporto com o maior número de lesões em atletas no mundo,
chegando a representar 50 a 60% de todas as lesões desportivas na Europa. Dentre todos
os traumas físicos tratados em hospitais europeus, 3,5% a 10% são causados pelo futebol
(Palacio et al., 2009).
1.2 - ARTICULAÇÃO SACROILÍACA
1.2.1 - Anatomia e Biomecânica da Articulação Sacroilíaca
Segundo Palestanga (2011), a cintura pélvica é composta por dois ossos denominados
ilíacos, cada um constituído pela fusão de três ossos primitivos (ílion, ísquion e púbis) e pelo
sacro. Este último é formado pela fusão de 5 vertebras e é responsável pela estabilidade da
cintura pélvica e a sua capacidade de sustentar o peso do corpo.
Os dois ilíacos estão firmemente fixados através de articulações posteriores do osso do
sacro, formando a articulação sacroilíaca, e um outro por uma articulação anterior, formando
a sínfise púbica (Greenman, 2001; Lee, 2001; Spence, 1991).
A articulação sacroilíaca (ASI) é uma articulação sinovial complexa em forma auricular,
sendo que a sua superfície é 25% sinovial e o restante não. A sua forma triplanar absorve,
transmite e dissipa força do tronco para os membros inferiores e vice-versa (Kapandji,
2000).
De acordo com Walter (1992), o sacro e o ilíaco podem mover-se um em relação ao outro
de forma simétrica ou assimétrica. O movimento ocorre de forma combinada em 6 graus de
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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liberdade e esse movimento é de alguns graus de rotação e alguns milímetros de
translação.
Bienfait (2000) relata os movimentos de rotação anterior e posterior do ilíaco em relação ao
sacro, e movimentos de nutação, contra nutação e torção do sacro entre os dois ilíacos.
Para compreender os movimentos da ASI é preciso lembrar que junto com a sínfise púbica
forma o anel pélvico e, adicionando as articulações coxofemorais e lombo sacrais a este
anel, temos uma cadeia de articulações interligadas onde, segundo Lee (2001) e Knoplich
(2003), os movimentos e forças numa articulação da cadeia articular afetam as outras,
interligando-se na função e disfunção.
De acordo com Pool-Goudzwaard (1998), a estabilidade da ASI depende primariamente da
estrutura dos ossos que compõem as suas superfícies articulares, que permitem uma maior
resistência da ASI às forças de cisalhamento.
A estabilidade de força refere-se à força compressiva adicional e necessária para manter a
estabilidade da cintura pélvica que, por várias razões, pode ser afetada causando o
aumento da tensão muscular ou ligamentar, especialmente do ligamento sacro tuberoso ou
do ligamento sacroilíaco posterior
A integridade da ASI depende de estruturas ligamentosas. Os ligamentos fortes que incluem
o ligamento sacroilíaco interósseo e os ligamentos sacroilíacos anteriores e posterior
fornecem estabilidade à articulação. Os ligamentos sacro-tuberoso e sacro-espinhal unem o
sacro e os ísquios e dão ainda mais estabilidade à articulação (Konin, 2006).
Segundo Mitchell (1995), a ASI também é suportada por uma rede de músculos que ajudam
a entregar forças musculares para os ossos pélvicos. Alguns destes músculos, como grande
glúteo, piramidal e bíceps femoral, estão funcionalmente ligados aos ligamentos da
sacroilíaca, sendo assim as ações musculares podem afetar a mobilidade das articulações.
A articulação sacroilíaca é inervada por nociceptores (recetores de dor) e também por
propriocetores, os quais são sensores de movimento e posição (os ramos anteriores
primários) das raízes L2 até S2, que inervam a porção anterior desta articulação. Já a
porção posterior recebe inervação dos ramos posteriores das raízes S1 e S2 (Greenstein,
1997).
1.3 - LESÃO ILÍACA
Esta restrição de movimento também afeta a articulação sacroilíaca e, como tal, o osso
ilíaco também pode sofrer alterações dentro da sua amplitude normal de movimento.
Quando estas alterações ocorrem, surgem algumas tensões musculo-ligamentares à
distância, que podem ser causa de dor (Chantepie, 2008).
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
13
Sobre a lesão de rotação dos ilíacos, Ricard (2005) e Busquet (2001) afirmam que esta está
relacionada com o exagero dos movimentos fisiológicos do ilíaco sobre o sacro e divide a
lesão em rotação posterior do ilíaco e lesão de rotação anterior do ilíaco, cada uma com os
seus sinais clínicos.
A lesão de rotação posterior do ilíaco leva a uma perna curta homolateral, espinha ilíaca
póstero-superior (EIPS) baixa, espinha ilíaca ântero-superior (EIAS) mais alta, sulco
apagado e sínfise púbica alta, sacro anterior e inferior, além de retrações musculares dos
músculos; psoas-ilíaco, grande glúteo, isquiotibiais e reto abdominal.
Já a lesão de rotação anterior do ilíaco leva a uma perna mais longa homolateral, EIPS alta
e EIAS mais baixa, ramo isquiopúbico deslocado para baixo, sulco apagado, sacro posterior
e superior e retração dos músculos espinhais lombares quadrado lombar e reto femoral.
1.3.1 - Diagnóstico de Lesão Ilíaca
Existem testes osteopáticos que permitem avaliar a presença e o tipo de lesões
osteopáticas ilíacas. Neste estudo foram utilizados o Teste de Flexão em Pé (TFP), o Teste
de Flexão Sentado (TFS), o Teste Estático/Dinâmico/C2 e o Teste de Downing.
1.3.1.1 - Teste de Flexão em Pé (TFP)
Objetivo: De acordo com Seffinger et al, (2007), o objetivo do TFP é indicar o lado da
disfunção primária que é caracterizada por uma mobilidade reduzida na articulação afetada,
que será percetível ao realizar o teste de flexão em pé. No entanto, o TFP por si só não é
suficiente para diagnosticar a lesão sacroilíaca. Testes adicionais são necessários (Vincent-
Smith & Gibbons, 1999), (Potter & Rothstien, 1985), (Cibulka et al, 1988), (Kent, 1999).
Execução: Segundo Ruiz (2006), o terapeuta coloca-se atrás do paciente, colocando os
seus polegares debaixo das EIPS. Pede-se ao paciente que execute a flexão do tronco
enquanto o terapeuta observa o comportamento das EIPS. O lado em que a EIPS subir,
será o lado da lesão: o lado onde haverá restrição de mobilidade.
1.3.1.2 - Teste de Flexão Sentado (TFS)
Objetivo: Encontrar os pontos de travagem das superfícies articulares sacrais de modo a
ver se há uma lesão de sacro unilateral ou uma torção em um eixo oblíquo (Ricard, 2005).
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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Execução: Segundo Greenman (2001), o paciente é posicionado sentado sobre um banco,
com os joelhos afastados e os pés bem apoiados no chão. Com os polegares, o avaliador
palpa a curva inferior de cada EIPS. O paciente é instruído a curvar-se o máximo para frente
com os braços entre os joelhos.
Uma vez que o peso do tronco repousa sobre as tuberosidades isquiáticas durante o teste, o
ilíaco não pode mover-se facilmente e, se uma EIPS move-se mais cefalicamente durante a
flexão sugere uma restrição sacroilíaca desse lado (Chaitow, 2007).
1.3.1.3 - Teste de Downing
Segundo Downing (1923), é um método que permite uma análise funcional completa de
duas articulações sacroilíacas. Deve ser um exame de rotina no caso de assimetria pélvica
ou se o terapeuta quer confirmar uma lesão sacroilíaca.
Objetivo: De acordo com Ricard (2005), o objetivo deste teste é a determinação da
possibilidade de encurtamento e alongamento dos membros inferiores no sentido da rotação
ilíaca posterior ou no sentido da rotação ilíaca anterior.
Teste de Alongamento: Põe em evidência uma lesão de ilíaco posterior.
A adução da coxa põe em tensão o ligamento de Bertin e abre o polo superior da articulação
sacro ilíaca e o movimento de rotação externa, que vai colocar em estiramento e tensão o
ligamento de Bertin e o ligamento pubo femoral, forçando o ilíaco a mover-se anteriormente.
Enquanto isso, o ligamento posterior ísquio femoral encurta e relaxa (Ricard, 2005;
Dupiellet, 2013).
Teste de encurtamento: Põe em evidência uma lesão de ilíaco anterior.
A abdução da coxa põe em tensão o ligamento isquiofemoral e abre o polo inferior da
articulação sacroilíaca e a rotação interna da coxa aumenta a tensão do ligamento
isquiofemoral e força o ilíaco a mover-se posteriormente (Ricard, 2005).
Execução: Em primeiro lugar, há que equilibrar a bacia do paciente pedindo-lhe que levante
as nádegas da marquesa, mantendo os joelhos a noventa graus (90º) de flexão. De seguida,
o terapeuta faz extensão passiva dos membros inferiores sobre a marquesa e coloca duas
marcas ao mesmo nível nos maléolos internos.
Ele irá então executar quatro manobras: uma manobra de alongamento à direita e à
esquerda para evidenciar uma lesão de ilíaco em posterioridade e uma manobra de
encurtamento à direita e à esquerda para evidenciar uma lesão de ilíaco em anterioridade
(Ricard, 2005).
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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Segundo Dupiellet (2013), o terapeuta move-se da perna direita para a perna esquerda e
vice-versa. Testando o encurtamento, o terapeuta faz adução passiva e rotação externa
passiva máxima da perna até sentir o movimento de resistência.
Em seguida, o terapeuta anula a adução e mantém a rotação externa e que é libertada
pouco antes da extensão total do resto do membro inferior. É esta rotação externa máxima,
que é mantida até ao final da manobra, que a faz ser mais eficiente.
O terapeuta verifica que o alongamento do membro inferior pode ser de cinco a vinte
milímetros. A manobra é feita nas mesmas condições do outro lado. Se tudo estiver normal,
após estas duas manobras, os maléolos internos estão na mesma situação desde o início.
Se existir uma diferença, isto é, um maléolo mais alto do que o outro, podemos concluir que
existe um ilíaco em lesão posterior, do lado mais alto, tendo, portanto, uma resistência à
anteriorização.
Para testar o encurtamento, o terapeuta faz abdução da coxa e rotação interna máxima
passiva até sentir resistência.
De seguida, ele anula a abdução mantendo a rotação interna que é libertada pouco antes da
extensão total do resto do membro inferior. É esta rotação interna máxima, que é mantida
até o final da manobra, que a faz ser mais eficiente.
O terapeuta verifica o encurtamento obtido cinco a vinte milímetros, faz a mesma manobra
do outro lado e compara. Se existir uma diferença, isto é, um maléolo mais baixo do que o
outro, podemos concluir que existe um ilíaco em lesão anterior, do lado mais baixo, tendo,
portanto, uma resistência à posteriorização.
1.3.1.4 - Teste Estático/Dinâmico/C2
Objetivo: Estudar a tensão da dura-máter através de uma resposta neurológica
propriocetiva resultante de uma tensão exercida na articulação subtalar e tendão de Aquiles.
A utilização do teste Estático/Dinâmico/C2 permitiu verificar se existiam atletas com perna
curta e de que lado, se o problema encontrado seria acima ou abaixo de L5 ou com
envolvimento cervical.
Segundo Dejarnette (1984), a dura-máter desempenha um papel primordial na união entre o
crânio e a pélvis. Esta é constituída por tecido fibroso e as suas inserções estão descritas
como sendo localizadas no forame magno, todas as vértebras em torno das suas raízes
nervosas e nervos espinhais até ao cóccix (Ricard, 2005).
Torsten (2014) refere especificamente inserção da dura-máter na porção basilar e escamosa
do osso occipital no ligamento transverso do atlas, nos arcos vertebrais do atlas e do áxis,
na articulação atlanto-axial e atlanto-occipital, na terceira vértebra cervical no ligamento
longitudinal posterior da cervical, no ligamento craniano da dura-máter espinhal, músculo
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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reto posterior menor, ligamento interespinhal da dura-máter, ligamento flavum, ligamento
sacrodural anterior, ligamentos de Hoffman, ligamentos meníngeo-vertebrais e ligamentos
dentados.
Na dura-máter inserem-se os ligamentos dentados. Estes têm como função a suspensão da
espinhal medula no canal medular (Romanes, 1978; Trautman, 2004),
De acordo com Moore (1992), os ligamentos dentados formam 21 processos semelhantes a
dentes que se encontram ligados à dura-máter entre as raízes nervosas. Por sua vez,
encontram-se ambos ligados ao periósteo, cuja ligação se inicia no forâmen magno e
acabando entre as raízes nervosas T12 e L1.
Segundo Breig (1978), a variação da posição da coluna vertebral modifica o grau de tensão
no cordão espinhal e nos ligamentos dentados. Normalmente, a flexão aumenta a tensão
enquanto a extensão a reduz. “O canal espinhal sofre mudanças consideráveis em
comprimento entre os extremos de flexão e extensão, particularmente nas regiões cervical e
lombar. A modificação total está na ordem dos cinco aos sete centímetros. Em semelhança,
durante a flexão lateral, o canal é esticado no lado convexo e encolhido no lado côncavo.”
Parece plausível que a ligação entre mudanças no comprimento do canal espinal e
mudanças na forma, posição e grau de tensão entre os ligamentos dentados e o cordão
espinhal resulte da transmissão de forças da coluna vertebral, através das ligações durais
entre osso, ligamento e músculo, tal como descrito anteriormente.
Execução: Na execução do teste colocam-se os atletas em decúbito ventral (D.V.) com os
pés fora da marquesa, e o terapeuta posiciona-se junto aos pés do atleta e com o indicador
e o polegar nos calcâneos.
Em simultâneo, conduzimos os tornozelos em flexão dorsal, de forma a obter uma resposta
da cadeia miofascial posterior, uma vez que o tendão de Aquiles, a região subtalar e a bacia
são muito ricas em propriocetores.
Segundo Dejarnette (1984), esta tensão calcânea traduz-se na disfunção da dura-máter
intra e extracraniana. Manteve-se a posição dorsiflexão dos pés durante uns segundos e
desta forma colocou-se em evidência a existência de uma perna curta, por tensão da cadeia
mio fascial posterior (Therbault, 2014).
Identificada a perna curta passou-se para a outra fase do teste. Solicitou-se ao atleta que
elevasse o braço em direção à cabeça do lado do membro inferior (MI) mais comprido.
Procedeu-se novamente à dorsiflexão dos pés para determinar se o problema encontrado
estaria acima ou abaixo de L5.
Com esta mecânica tentou verificar-se se outras regiões da coluna também poderiam
produzir tensão da dura-máter, podendo sofrer tensões em várias regiões da coluna devido
à inervação do nervo recorrente de Luscka. Este, para além da dura-máter, inerva também
os discos intervertebrais (Oliveira et al, 2002).
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
17
De acordo com Correia (2010), sendo o grande dorsal um músculo com uma vasta inserção
ao nível da coluna (D6 a L5) presume-se que, se o colocarmos em tensão, este vai provocar
uma oscilação na coluna vertebral, pondo em tensão a dura-máter através dos ligamentos
dentados.
Neste caso, o paciente encontra-se em DV com o braço do lado do membro inferior curto
junto ao corpo, enquanto o braço do lado do membro inferior comprido encontra-se esticado
cefalicamente junto à cabeça. Ao realizarmos o teste de dorsiflexão dos pés, a possibilidade
é manter a dismetria de membros ou a correção desta. Considera-se que se a dismetria for
corrigida, a tensão encontra-se entre C3 e L5, e por outro lado, se a dismetria se mantiver, a
tensão pode estar a ser exercida pela articulação atlanto-axoideia.
Procedeu-se à fase seguinte do teste, ou seja, verificar se existe restrição da dura-máter ao
nível do atlas e do áxis. Mantendo o atleta em decúbito dorsal (DD), pediu-se-lhe para virar
a cabeça do lado direito e posteriormente para o lado oposto (Teste Derifield), verificando se
a cada rotação da cabeça a diferença do comprimento dos MI corrige (Therbault, 2014).
Neste teste, a rotação da cabeça põe em evidência lesões de C1-C2. Segundo Grostic
(1988), a lesão da cervical alta, sobretudo o Atlas, causaria tração da dura-máter via
ligamento dentado, causando bloqueio no retorno venoso. Este causaria hipoxia no trato
espino cerebelar, o qual teria influência, aumentando o tônus muscular e a posição articular;
este aumento de tônus teria efeito na hipertonicidade da musculatura provocando
encurtamento aparente funcional de um membro. No caso de não haver correção do
membro inferior comprido, tanto na rotação esquerda como na direita, a disfunção encontra-
se abaixo da vértebra L5.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
18
1.4 - A ARTICULAÇÃO TIBIOTÁRSICA
A articulação do tornozelo é a que se estabelece entre a tróclea do astrágalo e as
extremidades distais da tíbia, do perónio e respetivos maléolos.
Segundo Moreira (2008), a tibiotársica trata-se de uma trocleartrose que desempenha
funções não só de mobilidade (sendo crucial para a marcha), mas também de suporte do
peso corporal. Por este motivo é muito robusta, sendo reforçada por vários elementos
anatómicos (cápsula, ligamentos, músculos) que, de forma passiva ou ativa, restringem a
mobilidade talar para além dos limites.
O complexo ligamentar lateral do tornozelo é formado pelo ligamento perónio astragaliano
anterior, perónio astragaliano posterior, perónio calcaneano e ligamentos tíbio-peroniais.
Estes ligamentos oferecem estabilidade lateral ao tornozelo, impedindo o movimento de
inversão do mesmo.
A estabilidade medial é fornecida pelo ligamento deltoide com as suas fibras superficiais
(fibras tíbio-astragalinas e calcâneo-tibiais) e profundas (fibras astrágalo tibiais anteriores).
De acordo com Carvalho (2012), a sua principal função é estabilizar a região medial do
tornozelo e impedir o movimento de eversão.
A musculatura que realiza a movimentação do pé é a mesma que auxilia na estabilidade
articular do tornozelo. O músculo tibial anterior promove a flexão dorsal e a inversão do pé,
o músculo tibial posterior promove a flexão plantar e a inversão do pé e auxilia também na
estabilidade medial, impedindo a eversão. Os músculos peronial curto e longo realizam a
eversão do pé e auxiliam a estabilidade lateral, impedindo a inversão. Além disso, também
realizam a flexão plantar. Os músculos gémeos e solhar realizam a flexão plantar do
tornozelo (Moreira, 2008).
1.5 - ENTORSE DA TIBIOTÁRSICA
Segundo Macauley (1999), o termo entorse descreve um movimento violento com
estiramento ou rutura de ligamentos de uma articulação enquanto para Keene (2013) as
entorses são causadas por forças que alongam algumas ou todas as fibras dos ligamentos
para além de seu limite elástico, produzindo algum grau de rutura de fibras ou de suas
inserções ósseas
A entorse de tornozelo é uma das lesões músculo-esqueléticas frequentemente encontradas
na população ativa, que geralmente envolve lesão dos ligamentos laterais. Ocorre com
maior frequência nos atletas de futebol, basquete e voleibol, correspondendo a cerca de
10% a 15% de todas as lesões desportivas.(Gribble et al, 2004, Lynch, 2002)
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
19
No Reino Unido, a entorse acontece em uma a cada dez mil pessoas, isto é, cerca de cinco
mil lesões por dia (Renstrom, 1991).
Relacionando com o futebol, a incidência de lesões de tibiotársica varia entre 1,7 a 2 lesões
por mil horas de exposição (Ekstrand, 1990).
1.5.1 - Classificação das Entorses de Tibiotársica
De acordo com Pacheco (2005) e Olivera (2001), as entorses são classificadas de acordo
com a intensidade do trauma em:
a) Grau I ou leve onde a integridade de quase todas as fibras é mantida. Encontra-se uma
pequena reação vasomotora, caracterizada geralmente pelo edema e presença de dor leve
na fase aguda.
b) Grau II ou moderado – há presença de hematoma e edema de maior dimensão, devido a
uma maior lesão vascular, dor intensa e impotência funcional podendo existir lassidão
dependendo da percentagem de fibras afetadas.
c) Grau III ou grave – apresenta dor intensa, há grande área de rotura de vasos mostrando
edema importante, hematoma de grande extensão e ainda, tumefação na articulação do
tornozelo. Ocorre instabilidade radiológica e podem ocorrer avulsões ósseas. A rutura das
estruturas capsulo-ligamentares é completa.
1.5.2 - Mecanismo de Lesão de Tibiotársica
1.5.2.1 - Entorse em Eversão
Segundo Amieva-Wang (2011), a entorse em eversão resulta na lesão do ligamento deltoide
ao longo do aspeto medial do tornozelo.
As entorses de tornozelo em eversão representam cerca de 5% a 10% de todas as entorses
de tornozelo (Herter, 2009).
O mecanismo de lesão de uma entorse de eversão é tipicamente a abdução excessiva de
do pé ou pronação excessiva, ambos causados por uma força externa na lateral da perna,
envolvendo geralmente o ligamento deltoide.
Nestas lesões de eversão forçadas, o ligamento deltoide superficial entra em rotura primeiro,
seguido do ligamento deltoide profundo (Baxter, 2008), mas pode também envolver a
membrana interóssea tibio-peronial distal. Se a lesão for mais grave, a inserção no calcâneo
do ligamento deltoide pode falhar, causando uma fratura por avulsão do osso (Drake, 2012).
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
20
1.5.2.2 - Entorse em Inversão
Para Suda (2009), o mecanismo de lesão mais comum é uma supinação excessiva do
complexo tornozelo-pé que ocorre quando esse complexo é sujeito a um movimento de
inversão, flexão plantar e inversão excessiva durante a descarga do peso sobre o membro
inferior afetado. Numa lesão deste tipo, pode ocorrer a lesão do ligamento perónio-
astragalino anterior, da região ântero-lateral da capsula articular, do ligamento calcâneo-
peronial e do ligamento perónio astragalino posterior. O mecanismo desencadeador desta
entorse pode ocorrer durante a marcha, corrida, especialmente em terrenos irregulares ou
após aterrar de um salto ou queda caindo com o peso do corpo sobre o pé invertido.
1.6 - A RELAÇÃO DO PÉ COM A ARTICULAÇÃO SACROILÍACA
Há hipóteses onde as possíveis lesões do tornozelo podem estar relacionadas com uma
lesão do ilíaco. Uma dessas hipóteses surge nos estudos de Myers (2013), onde este
escreve que superfícies plantares estão ligadas ao topo do crânio através da linha
superficial posterior (LSP). A LSP é uma das linhas que integra a conexão global, onde os
sistemas ligados por fáscia e osso passam por todo o corpo, conectando a cabeça aos
dedos dos pés e equilibram a organização das forças musculares e gravitacionais, que são
necessárias à estabilidade e movimento. Considerando esta integridade, entende-se a razão
de um problema nos membros inferiores ser o ponto de partida para uma posição anormal
da cintura pélvica.
Lason G. & Peeters (2012) também descreveram as cadeias de lesão ascendentes que
ocorrem devido a traumatismos no pé. Isto significa que a lesão primária está no pé e as
consequências estão na zona pélvica. As cadeias ascendentes, começando no pé e
causando uma lesão osteopática no ilíaco, podem encontrar a sua origem em três tipos de
lesões, principalmente em traumatismos em inversão, sendo elas:
Tipo I:
• O paciente sofre um trauma em inversão pelo qual bloqueia a articulação sub-astragalina
(entre o calcâneo e osso astrágalo) numa lesão póstero-externa. O astrágalo bloqueia no
sentido póstero-externo em relação ao calcâneo.
• Os ligamentos laterais são sobrecarregados e mantêm o perónio numa posição caudal.
Esta tração caudal no perónio também mantém a cabeça do perónio numa posição caudal e
a fixação do músculo bíceps femoral pode causar um estiramento no mesmo, que puxando
pela tuberosidade isquiática mantém o osso ilíaco numa posição posterior.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
21
Tipo II:
• O paciente pula com o pé em inversão ou desce com o pé ainda em inversão.
• Esse trauma provoca uma lesão de compactação da articulação tíbia-astrágalo com
rotação externa do astrágalo dentro do garfo tíbia-perónio.
• A lesão de compactação com rotação externa do astrágalo mantém o perónio
mecanicamente numa posição inferior.
• O maléolo é afastado pela compactação do astrágalo que sobe.
• A mesma cadeia ascendente aparece com uma lesão de ilíaco posterior.
Tipo III:
• O paciente sofre um trauma em inversão e bloqueia o osso cuboide em rotação externa.
Este tipo de lesão é bastante raro.
• O osso cubóide rodado sobrecarrega os músculos peroniais.
• Os músculos peroniais ao estarem sobrecarregados mantêm o perónio numa posição
caudal.
• O mesmo tipo de cadeia ascendente ocorre com uma lesão de ilíaco posterior.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
22
2. METODOLOGIA
2.1 - AMOSTRA
Participaram no estudo 13 atletas profissionais de futebol, cedidos pelos União Mucifalense,
Associação Desportiva de Oeiras, Atlético do Tojal e Real Sport Clube, com idades
compreendidas entre os 18 e os 31 anos, que aceitaram voluntariamente participar no
estudo mediante a assinatura do termo de consentimento informado e esclarecido e estarem
de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. O estudo foi realizado nos
departamentos clínicos dos respetivos clubes no período de Abril a Maio de 2014.
Como critérios de inclusão foram aceites apenas jogadores profissionais de futebol do sexo
masculino com idades iguais ou superiores a 18 anos que sofreram entorse de tibiotársica
em inversão, eversão ou bilateral nos graus I, II e III, no decorrer da época desportiva atual,
apresentaram o TFS positivo, Estático Dinâmico e C2 com lesão abaixo de L5 e que não
tenham realizado nenhum procedimento de terapia manual à bacia.
Foram excluídos do estudo jogadores com idade inferior a 18 anos, que apresentaram o
TFP negativo e o TFS positivo, o Teste Estático/Dinâmico/C2 com lesão acima de L4, perna
curta verdadeira, que realizaram procedimento de terapia manual à bacia, não realização do
protocolo de avaliação.
2.2 - INSTRUMENTOS E MATERIAIS
Para a pesquisa, os jogadores foram encaminhados ao investigador do projeto pelo
departamento médico da equipa. Foi feita uma avaliação osteopática, elaborada a partir de
testes osteopáticos e ortopédicos. Na avaliação osteopática foram utilizados os seguintes
testes: TFP, TFS, Teste de Downing, Teste Estático/Dinâmico/C2, Verificação de perna
curta verdadeira. Nesta avaliação foi utilizada uma marquesa de altura adequada, disponível
nos departamentos médicos dos clubes que aceitaram colaborar no estudo e um marcador
de cor azul da marca InkView para auxiliar no teste de Downing.
Como instrumento de recolha de dados utilizou-se um questionário elaborado pelo
pesquisador e revisto pelo orientador da pesquisa. Este era composto por dezoito
perguntas, entre elas: Clube atual, escalão do clube, data de nascimento, nacionalidade,
peso, altura, tempo de prática, posição em campo, pé dominante, número e horas de treino
realizados por semana, tempo de lesão, atividade durante a lesão e como se desencadeou,
mecanismo da entorse, tornozelo envolvido, se houve outros episódios de entorse ou outras
lesões e exame físico.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
23
2.3 - PROCEDIMENTOS
Inicialmente, foi enviada uma carta de intenção (ANEXO II) de pesquisa por correio postal e
eletrónico a todos os clubes da Área Metropolitana de Lisboa para o consentimento da
pesquisa. Após aprovação dos mesmos, foi iniciada a recolha de dados. Os voluntários que
concordaram participar no estudo foram informados sobre o objetivo e procedimentos do
estudo e orientados a vestir roupas confortáveis, evitando que houvesse alguma influência
sobre os movimentos articulares durante a avaliação. De seguida, assinaram o termo de
consentimento informado (ANEXO I).
Mediante a assinatura do termo de consentimento informado foi iniciado o protocolo de
avaliação. Em primeiro lugar, foram recolhidos os dados de identificação do paciente e
dados relativos à lesão estudada com auxílio de um questionário (ANEXO III) . Logo após
essa recolha foram submetidos aos testes escolhidos para a avaliação da lesão, sendo eles:
Teste de Flexão em Pé, Teste de Flexão Sentado, Teste Estático/Dinâmico/C2, Teste de
Downing e por fim a medição dos membros inferiores, sendo de seguida anotados na ficha
de avaliação (ANEXO IV).
2.4 - ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram processados no software IBM SPSS Statistics 21 (Statistical Package for
the Social Sciences Inc., Chicago, Illinois, USA), sendo inicialmente avaliados quanto à sua
distribuição de normalidade. Foi aplicado o teste de Chi-Square. Os dados foram expressos
como média ± desvio padrão, sendo considerados estatisticamente significativos aqueles
com um valor de p <0,05.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
24
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Voluntariaram-se para este estudo treze atletas profissionais de futebol com lesão de
entorse de tibiotársica, do sexo masculino, representando os clubes referidos na tabela 3,
com o Termo de Consentimento Informado e Esclarecido (TCLE) devidamente assinado.
Na tabela 1 pode verificar-se os valores da média, mediana, moda, desvio padrão, variância,
máximo e mínimo, referentes aos dados antropométricos dos atletas voluntários. A média de
idades foi de 21,77 ± 4,5 anos, a média de altura 177,9 ± 6,2 centímetros e o peso do atleta
com a média de 70 ± 8 quilogramas.
Tabela 1 - Caracterização da idade, peso e altura dos indivíduos da amostra em estudo
Na tabela 2 podem observar-se os valores da média, mediana, moda, desvio padrão,
variância, máximo e mínimo, referentes aos dados relativos à atividade dos atletas: número
de horas por treino, número de treinos semanais e tempo de prática desportiva.
A média das horas por treino efetuadas pelos atletas foi de 2,3 ± 0,6 horas, o número de
treinos semanais em média foi de 3,5 ± 0,9 treinos por semana, em relação ao tempo de
prática futebolística a média foi de 9,7 ± 5,4.
Caracterização Amostra Altura do atleta (cm) Peso do atleta (kg) Idade do Atleta
Válidos 13 13 13
Média 177,92 70,00 21,77
Mediana 177,00 72,00 19,00
Moda 176a 75 18
Desvio Padrão 6,184 8,031 4,456
Variância 38,244 64,500 19,859
Mínimo 168 58 18
Máximo 188 80 31
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
25
Tabela 2 - Caracterização do tempo de prática, número de treinos semanais e duração do treino da
amostra em estudo
Na tabela 3 verifica-se a distribuição percentual dos clubes participantes. A maior parte da
população da amostra, nomeadamente 38,5%, pertence aos quadros do Real Sport Clube.
O União Mucifalense e o Atlético do Tojal participaram com 23,1% cada um e, por fim, a
Associação Desportiva (A.D.) Oeiras com 15,4% da amostra.
Tabela 3 - Tabela de frequência relativa ao número de jogadores cedidos pelos clubes
Clubes de Futebol Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
União Mucifalence 3 23,1 23,1
Atlético do Tojal 3 23,1 46,2
Real Sport. 5 38,5 84,6
Oeiras 2 15,4 100,0
Total 13 100,0
Caracterização
Amostra
Tempo de
Prática
Número de
treinos semanais
Duração do
treino (horas)
Válidos 13 13 13
Média 9,69 3,46 2,31
Mediana 10,00 4,00 2,00
Moda 5 4 2
Desvio padrão 5,391 ,877 ,630
Variância 29,064 ,769 ,397
Mínimo 1 1 1
Máximo 20 4 3
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
26
Na tabela 4 verifica-se que houve uma maior percentagem de atletas da faixa etária dos 18
aos 25 anos com 76,9% da amostra relativamente às outras faixas etárias, dos 26 aos 30
anos, com 15,4% da amostra e, dos 30 aos 35 anos, que representam 7,7% da amostra.
Tabela 4 - Tabela de frequência relativa à faixa etária da amostra (anexo)
Faixa Etária Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
18-25 10 76,9 76,9
26-30 2 15,4 92,3
30-35 1 7,7 100,0
Total 13 100,0
Na tabela 5 verificou-se que dentro do grupo de atletas estudado, a corrida, 61,5%, é uma
das principais causas de entorse de tibiotársica, seguida da descida do salto, com 23,1% e,
por fim, com menos percentagem ocorrem as lesões traumáticas, com 15,4%.
Tabela 5 - Tabela de frequência relativa à causa da entorse
Causa da entorse Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
Corrida 8 61,5 61,5
Descer do
salto
3 23,1 84,6
Trauma 2 15,4 100,0
Total 13 100,0
Na tabela 6 em relação à atividade que os atletas estavam a desempenhar quando ocorreu
a lesão do tornozelo, foi identificado que 61,5% das lesões de entorse de tibiotársica
ocorreram durante o jogo e 38,5% durante o treino.
Tabela 6 - Tabela de frequência relativa à atividade no ocorrer da lesão
Atividade onde ocorre a lesão
Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
Jogo 8 61,5 61,5
Treino 5 38,5 100,0
Total 13 100,0
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
27
Na tabela 7, do universo de 13 jogadores, observa-se que 92,3% dos atletas voluntários
possuem o lado direito como pé dominante e que 7,7% tem o lado esquerdo como o pé
dominante.
Tabela 7 - Tabela de frequência relativa ao pé dominante
Pé Dominante Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
Esquerdo 1 7,7 7,7
Direito 12 92,3 100,0
Total 13 100,0
Na tabela 8 pode verificar-se que dos 13 jogadores da amostra, 100% sofreu entorse de
tibiotársica.
Tabela 8 - Tabela de frequência relativa à presença de lesão de entorse
Sofreu entorse de tibiotársica?
Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
Sim 13 100,0 100,0
Na tabela 9, dos 13 atletas avaliados, 53,9% apresentou o Teste de Flexão em Pé positivo à
direita e 46,2% à esquerda.
Tabela 9 - Tabela de frequência relativa ao Teste de Flexão em Pé
Resultados do
Teste de Flexão
em Pé
Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
Direito 6 46,2 46,2
Esquerdo 7 53,8 100,0
Total 13 100,0
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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Na tabela 10 pode verificar-se que dos 13 jogadores da amostra, 100% apresentou
resultados negativos no Teste de Flexão Sentado
Tabela 10 - Tabela de frequência relativa ao Teste de Flexão Sentado
Resultados do Teste
de Flexão Sentado
Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
Negativo 13 100,0 100,0
Observando a tabela 11 podemos verificar que 100% dos atletas da amostra apresentaram
o Teste Estático/Dinâmico/C2 com lesão abaixo de L4.
Tabela 11 - Tabela de frequência relativa ao Teste Estático/Dinâmico/C2
Tipo de Lesão Frequência Percentagem relativa Frequência acumulada
Lesão abaixo de L4 13 100,0 100,0
O gráfico da figura 1 mostra que a maior prevalência de lesão ilíaca foi de ilíaco posterior
direito (38,5%), seguido de Ilíaco anterior esquerdo (30,8%), ilíaco posterior à esquerda
(23,1%) e ilíaco anterior à direita (7,7%).
Figura 1 - Resultados do Teste de Downing
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
29
O gráfico da figura 2 demonstra a relação entre a posição do ilíaco e o tornozelo e o
mecanismo lesão, onde foi observado que 61,5% dos atletas que sofreram entorse de
tibiotársica em inversão tiveram uma lesão ilíaca posterior, 30,8% que sofreram entorse em
inversão apresentaram lesão ilíaca anterior e 7,7% que sofreram entorse em eversão
apresentaram lesão ilíaca anterior. No entanto, as diferenças observadas não foram
estatisticamente significativas (p=0,188) de acordo com o teste do Qui-quadrado (ANEXO
V).
.
Figura 2- Relação entre a posição da lesão ilíaca e o mecanismo da entorse
Em consonância com os objetivos deste estudo, verificou-se que os indivíduos que sofreram
entorse do tornozelo apresentaram na maioria dos casos lesões no ilíaco, estando
presentes a lesão de ilíaco posterior direito (38,5%), seguido de Ilíaco anterior esquerdo
(30,8%), ilíaco posterior à esquerda (23,1%) e ilíaco anterior à direita (7,7%).
Dos resultados da relação entre a posição do ilíaco e o tornozelo e o mecanismo lesão
constatou-se que 61,5% dos atletas que sofreram entorse de tibiotársica em inversão
tiveram uma lesão ilíaca posterior, 30,8% que sofreram entorse em inversão apresentaram
lesão ilíaca anterior e os 7,7% da amostra que sofreram entorse em eversão apresentaram
lesão ilíaca anterior.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
30
De acordo com Bienfait (2000), uma deformação do pé será sempre responsável por uma
má posição da bacia e um movimento pélvico ou uma má posição pélvica motivará uma
adaptação do pé.
Segundo Ricard & Therbault (1991), os movimentos ilíacos repercutem sobre o membro
inferior através da articulação iliofemoral e vice-versa.
Os resultados deste artigo também encontram consonância com as afirmações de Myers
(2013), que diz que as superfícies plantares estão ligadas ao topo do crânio através da LSP.
Considerando esta integridade, entende-se a razão de um problema nos membros inferiores
ser o ponto de partida para uma posição anormal da cintura pélvica.
De acordo Bricot (2004), Busquet (2001) e Bienfait (2000), há um consenso entre
pesquisadores da área da terapia manual de que a teoria da bacia tem influência sobre os
pés e vice-versa.
Tixa & Ebenegger (2008) afirmam que qualquer restrição de mobilidade do ilíaco em
posterior poderá afetar o maléolo lateral através do bíceps femoral e, da mesma forma,
lesões do maléolo também podem interferir no ilíaco.
Lason G. & Peeters (2012) também descreveram as cadeias de lesão ascendentes que
ocorrem devido a traumatismos no pé. Isto significa que a lesão primária está no pé e as
consequências estão na zona pélvica.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
31
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos nesta pesquisa, apesar da reduzida amostra, sugerem a existência de
disfunção ilíaca em 100% dos atletas que sofreram entorse de tibiotársica, sendo a mais
prevalente a lesão de ilíaco posterior direito, seguida de Ilíaco anterior esquerdo, ilíaco
posterior esquerdo e ilíaco anterior direito.
Os resultados também apontaram para um número significativo de jogadores com alteração
no posicionamento dos ilíacos associados ao mecanismo de entorse, a maioria dos atletas
que sofreram entorse de tibiotársica em inversão tiveram uma lesão ilíaca posterior.
Tendo em consideração o número de lesões encontradas, a faixa etária dos participantes, a
sua profissão, a própria característica do futebol, excesso de treinos, movimentos repetidos,
contato direto entre os jogadores, a osteopatia no desporto pode ser vista como uma medida
preventiva corrigindo as lesões no pé e as suas consequências ascendentes, a fim de
manter o corpo em ótima condição e reduzir o risco de lesões no futuro. Alguns desportistas
profissionais usam o tratamento osteopático como um meio de manter os seus corpos em
equilíbrio, bem como uma maneira de curar ou aliviar as condições existentes.
Devido ao reduzido tamanho da amostra, sugere-se que novos estudos sejam realizados,
com amostras de maiores dimensões, estabelecendo a relação entre a lesão de entorse e o
ilíaco, para a obtenção de dados mais representativos da realidade.
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
32
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xxxv
ANEXOS
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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ANEXO I: CONSENTIMENTO INFORMADO
Eu, ____________________________________________, aceito participar de livre vontade
no estudo da autoria de Mário Ornelas (Aluno na Escola Superior de Saúde Ribeiro
Sanches), orientado pela Professor Jorge Nunes, no âmbito da monografia do curso de base
de osteopatia.
Foram-me explicados e compreendo os objetivos principais deste estudo, que constam do
protocolo de consentimento informado anteriormente assinado por mim.
Compreendo que a minha participação neste estudo é voluntária, podendo desistir a
qualquer momento, sem que essa decisão se reflita em qualquer prejuízo para mim.
Ao participar neste trabalho, estou a colaborar para o desenvolvimento da investigação na
área da osteopatia, não sendo, contudo, acordado qualquer benefício direto ou indireto pela
minha colaboração.
Entendo ainda que toda a informação obtida neste estudo será estritamente confidencial e
que a minha identidade nunca será revelada em qualquer relatório ou publicação, ou a
qualquer pessoa não relacionada diretamente com este estudo, a menos que eu o autorize
por escrito.
Participante da Pesquisa
____________________
Jorge Nunes (Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches, orientadora da pesquisa)
____________________
Mário Ornelas (Aluno de Osteopatia da Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches)
____________________
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ANEXO II: CARTA DE AUTORIZAÇÃO
Mário Ornelas
[email protected] 963431134
Caros Senhores,
Encontro-me último ano do curso de Osteopatia, na Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches e, para o concluir, necessito de elaborar um trabalho individual de monografia, neste caso o tema será: “Prevalência de lesões ilíacas nos atletas de futebol com entorse tibiotársica ” a ser desenvolvido respetivamente por Mário Ornelas.
O curso de Osteopatia baseia-se em profundos conhecimentos biomédicos, fundamenta-se nos conhecimentos de unidade do corpo e autorregulação na manutenção da saúde e intervém através de técnicas manuais capazes de restabelecer o equilíbrio do todo orgânico.
Para desenvolver a investigação dos referidos temas, será necessário criar um grupo de estudo com atletas de futebol com idades superiores a 18 anos e que tenham sofrido uma entorse tibiotársica há menos de 6 meses, pelo que gostaríamos de solicitar a colaboração dos atletas.
Este trabalho tem como objetivo investigar a prevalência de lesões ilíacas nos jogadores de futebol com entorse tibiotársica e dar a conhecer a osteopatia ao mundo desportivo. Vai ser solicitada apenas um momento para avaliação dos atletas, que irá consistir em duas fases sendo a primeira o preenchimento de um questionário e a segunda, a realização da avaliação osteopática que permitirá avaliar a presença desta alteração. Peço também a autorização que a investigação seja realizada no respetivo departamento médico do clube, nos meses de Abril e Maio, sendo as datas do estudo da amostra no horário a combinar.
Agradeço a atenção dispensada ao meu pedido, ficando a aguardar de forma célere o deferimento do mesmo.
Atenciosamente, Mário Rui Menezes Ornelas
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ANEXO III: QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ATLETAS DE FUTEBOL
QUESTIONÁRIO Processo N.º_____/____
Data: ____/____/______
1. Clube atual
2. Escalão do clube
Liga Zon Sagres Liga2 Cabovisão Campeonato Nacional de seniores Distritais 3. Data de nascimento __ / __ / ____
4. Nacionalidade: ________________ 5. Peso: ___ kg 6. Altura: ___ cm
7. Há quanto tempo pratica futebol?
8. Qual é a sua posição no campo?
Guarda
Redes
Defesa
Médio
Atacante
9. Qual o seu pé dominante?
Esquerdo Direito 10. Número de treinos realizados por semana?
1 2 Outro: _____ 11. Quanto tempo dura a sessão de treino?
1 Hora 2 Horas Outro: ___________ 12.Tempo de lesão (meses):
1 2 Outro: ___________ 13. Qual foi a atividade em que ocorreu a lesão?
Jogo Durante o treino Aquecimento Outra - Qual?
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14. Mecanismo da lesão - O pé rodou para:
15. Qual foi a atividade no momento da lesão?
Correr
Saltar, no momento do impulso Descer do salto Trauma
Outro – Descreva:
16. Qual foi o tornozelo que esteve envolvido na lesão?
Esquerdo
Direito 17. Episódio anterior de entorse
Sim: Tornozelo afetado: Esquerdo /
Direito O pé rodou para: Fora / Dentro
Fez algum tratamento: Sim / Não Se sim qual?
Não 18. Teve outro tipo de lesões na atividade desportiva ou fora dela?
Sim. Quais?
Não
A sua colaboração foi muito importante.
Obrigado!
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ANEXO IV: FICHA DE AVALIAÇÃO DOS ATLETAS
FICHA DE AVALIAÇÃO Processo N.º_____/____
Data: ____/____/______
Nome: ______________
TFP S.A DIREITA ESQUERDA BILATERAL
TFS S.A DIREITA ESQUERDA BILATERAL
ESTÁTICO/ DINAMICO/ C2 ESTÁTICO DINAMICO C2
COMPRIDA ESQUERDA CORRIGE CORRIGE COMPRIDA DIREITA NÃO CORRIGE NÃO CORRIGE
OBS:
DOWNING ILIACO POSTERIOR ILIACO ANTERIOR
ESQUERDA ESQUERDA
DIREITA DIREITA
PERNA CURTA VERDADEIRA S.A DIREITA ESQUERDA
Prevalência de lesão ilíaca em atletas de futebol com entorse de tibiotársica
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ANEXO V: TABELAS ESTATÍSTICAS
Teste de qui-quadrado às variáveis mecanismo de entorse e posição da lesão ilíaca
Valor df Sig. Assint. (2
lados)
Sig exata (2
lados)
Sig exata (1
lado)
Qui-quadrado de Pearson 1,733a 1 ,188
Correção de continuidade ,061 1 ,805
Razão de verossimilhança 2,047 1 ,153
Teste Exacto de Fisher ,385 ,385
Associação Linear por
Linear
1,600 1 ,206
N de Casos Válidos 13
a. 3 células (75,0%) esperam contagem menor do que 5. A contagem mínima esperada é ,38.
b. Computado apenas para uma tabela 2x2