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LÍNGUA PORTUGUESA ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO PROF. LUCAS ALVES COSTA GOIÂNIA/2013

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LÍNGUA PORTUGUESA

ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO

PROF. LUCAS ALVES COSTA

GOIÂNIA/2013

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Saudações

Prezado estudante,

Na nossa sociedade moderna a palavra de ordem é “inovação”, e para ser

inovador é fundamental reconhecer que precisamos progredir sempre em todos os

aspectos para situarmos ou acompanharmos o mundo. Com isso, só há progresso por

meio da educação. Investir na educação é irremediável, pois é a única capaz de

proporcionar pessoas cada vez mais envolvidas, engajadas e proativas. Estudar é

progredir, só pelo estudo podemos alcançar nossos objetivos mais almejados, sendo essa

atividade algo pessoal, gratificante e desafiadora.

Considerando a educação como meio de progresso que visa a formação

pessoal, profissional e atitudinal de forma holística como promotora da emancipação

social do cidadão, o curso de Língua Portuguesa volta-se para você como um

instrumento de conscientização e atuação, uma oportunidade de perceber que é pela

linguagem que se configura mundos e se interpela ações interpessoais. Nesse curso

vamos perceber que tudo se dá pela linguagem, sendo a língua o principal instrumento

de propulsão de interações sociais revestidas de sentido.

O mundo do trabalho a cada dia exige-se profissionais que saibam utilizar

a língua portuguesa em situações diversas. Com isso, vamos perceber que a língua é

viva, funcional e usual que só por meio de textos que podemos entender a gramática.

Estudar língua portuguesa não é nenhuma novidade para você que no decorrer dos anos

escolares deparou-se com várias situações de aprendizagem que o foco era a gramática.

Entretanto, nesse curso vamos estudar a língua com uma perspectiva diferente, pois

acreditamos que só memorizar nomenclaturas gramaticais em frases descontextualizar

não promove o estudo efetivo e necessário dos fenômenos linguísticos.

Cabe ainda ressaltar que nossa proposta é conduzi-lo para a busca

constante do progresso nos estudos, pois a aprendizagem não se esgota em horas

curriculares. Assim, o curso de Língua Portuguesa foi organizado para promover a

aprendizagem básica dos três pilares da competência linguística, segundo a Linguística

Moderna, que são Leitura, Produção textual e Análise Linguística.

Ciente dos ótimos resultados do curso faço votos de admiração pela

iniciativa e desejo sucesso!

Professor Lucas Alves Costa

Page 3: Material didático   pronatec

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Sumário

1 – CONHECIMENTOS INTRODUTÓRIOS

Linguagem, Língua e Contexto

Gêneros Textuais

2 – SOCIEDADE, TECNOLOGIAS E TRABALHO

1 - Gênero Textual: REPORTAGEM

Aspecto textual: Narração 1

Análise Linguística: Elementos semânticos

2 - Gênero Textual: PROPAGANDA

Aspecto textual: Narração 2, descrição

Análise Linguística: Recursos semânticos

3 - Gênero Textual: NOTÍCIA

Aspecto Textual: Tema e rema

Análise linguística: Funcionalidade do Verbo

4 - Gênero Textual: RESUMO

Aspecto textual: Uso de sinais de Pontuação

Análise Linguística: Estrutura Argumental

5 - Gênero Textual: CONTO

Aspecto Textual: Elementos de enredo

Análise linguística: Usos de substantivo,

artigo

6 - Gênero Textual: RELATÓRIO

Aspecto Textual: Persuasão

Análise Linguística: Temporalidade e

aspecto

7 - Gênero Textual: CRONICA

Aspecto Textual: Exposição

Análise Linguística: Usos dos pronomes 1

8 -Gênero Textual: SEMINÁRIO

Tema:

3 – CULTURA, CIÊNCIA E ATUAÇÃO PROFISSIONAL

1 – Gênero Textual: ARTIGO DE OPINIÃO

Aspecto textual: Dissertação 1

Análise linguística: Modalização

2 – Gênero Textual: CRÍTICA DE CINEMA

Aspecto Textual: Dissertação 2

Análise linguística: usos de adjetivos

conjunção, preposição

3- Gênero Textual: EDITORIAL

Aspecto Textual: Coerência 1

Análise linguística: Variação linguística

4 – Gênero Textual: CARTA

ARGUMENTATIVA Aspecto Textual: Coerência 2

Análise linguística: Nova Ortográfica

5 – Gênero Textual: MANIFESTO

Aspecto Textual: Coesão

Análise linguística: Usos dos pronomes 2

6 – Gênero Textual: DEBATE

Aspecto Textual: Argumentação

Análise linguística: Operadores

Argumentativos

4 – Aspectos Textuais, Análise Linguística e funcionalidades

Aspecto Textual:

Intertextualidade e Polifonia

Paráfrase

Leitura e interpretação

Análise de Discurso

Análise Linguística:

Acentuação

Estrangeirismos

5 – Questões de Provas de Concursos e Vestibulares

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Conhecimentos Introdutórios

Linguagem-Língua-Contexto

A linguagem é tida com uma atividade, com forma de ação, ação interpessoal

orientada; como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais

diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e/ou comportamentos, levando ao

estabelecimento de vínculos e compromissos anteriormente inexistentes. Trata-se de um jogo na

sociedade, na interlocução, e é no interior de seu funcionamento que se pode procurar estabelecer as

regras de tal jogo.

De forma didática, divide-se a linguagem em VERBAL e NÃO VERBAL. A

linguagem NÃO VERBAL é toda forma de expressão que tem sentido, ou seja, diz alguma coisa, seja

um gesto, uma imagem, um sinal, um olhar, um toque e etc. Já a linguagem VERBAL é constituída

de uso da língua, seja na modalidade escrita ou oral, é um sistema.

A Língua, o principal mecanismo da linguagem, é um instrumento que utilizamos para

alcançar determinadas intenções, tem regras internas que estão sujeitas ao USO. É no contexto social,

que os envolvidos na interação utilizam a língua para satisfazer determinadas intenções. A língua é

primordialmente oral, assim, primeiro se aprende a falar, depois a escrever. A escrita é uma

representação simbólica da fala, por essa razão, mais complexa de ser aprendida.

Texto - Interação

No decorrer da experiência escolar, vocês perceberam que a linguagem é caótica,

organizada e multifacetada. Também perceberam que a língua é viva, usual e funcional, pois está a

serviço da interação humana, ou melhor, é por meio da língua que interagimos com os outros. Nessa

dimensão, só podemos admitir que seja por meio de textos que interagimos. Toda interação acontece

dentro de uma situação comunicativa (envolve um enunciador e um interlocutor) num espaço e num

tempo. É a situação comunicativa que influência na maneira como acontece à interação. Assim, as

palavras se relacionam numa estrutura hierárquica para compor o sentido, base de envolvimento

interpessoal.

A língua por ser viva (não tem como vivermos sem ela), usual e funcional só pode ser

entendida plenamente se percebermos no seu estado de uso, funcionando para cumpri uma intenção.

É por isso que não tem como compreender as multifaces da língua sem observamos em textos

contextualizados, ou seja, dentro de uma situação comunicativa.

Por isso, convido você a refletir a respeito de alguns fenômenos linguísticos e

reconhecer sua funcionalidade em situações efetivas de uso. Um mundo, nosso mundo, complexo,

mas interessante, admirável e magnífico, és a linguagem.

De gênero em gênero

Nas mais diferentes situações do nosso cotidiano – em casa, na rua, na escola, no

trabalho, na lanchonete – convivemos com textos. O que é um texto? Uma conversa entre pais e

filhos, a propaganda de um produto que ouvimos pela rádio é um texto. É texto uma história em

quadrinho, um documentário, uma placa de trânsito, uma reportagem jornalística, uma receita de

bolo, um romance, uma entrevista, uma conta de luz, um debate político.

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Mas o que diferencia um texto de outro? Para que servem os textos?

Observem que os textos são produzidos em situações e contextos diferentes e que cada

um deles tem uma finalidade específica. Se o objetivo do locutor é, por exemplo, instruir seu

interlocutor, ele indica passo a passo o que deve ser feito para se obter um bom resultado. Assim,

quando interagimos com outras pessoas produzimos certos tipos de texto. Uma verdadeira variação

que se repetem em dada situação comunicativa. Essa variação de textos se chama Gênero textual ou

discursivo. Tais gêneros foram historicamente criados pelo ser humano a fim de atender a

determinadas necessidades de interação verbal. Pode nascer gêneros novos, outros podem

desaparecer. O gênero sofrer mudanças até transformar-se em novo gênero.

Numa situação de interação verbal, a escolha do gênero textual é feita de acordo com

os diferentes elementos que participam do contexto, tais como: quem está produzindo o texto, para

quem, com que finalidade, em que momento histórico, em que suporte, etc.

Situações-Complexas

Situação-Complexão 1

Ana Luiza trabalha numa empresa de consultoria administrativa. Certo dia, no

trabalho, o seu supervisor deixou um lista de atividades a serem feitas por ela. Leia as intenções do

supervisor e aponte qual gênero textual seria utilizado para satisfazê-la e por que?

Intenção 1

Quero definir num papel os produtos que devo comprar no Supermercado.

Intenção 2

Quero comunicar formalmente aos funcionários da empresa que o aumento de salário foi aprovado.

Intenção 3

Quero dizer para o maior número de pessoas que o crescimento financeiro é resultado de muito

trabalho.

Intenção 4

Quero dizer para minha esposa que a amo muito.

Intenção 5

Quero comprovar que o cliente Marcos pagou a dívida.

Intenção 6

Quero espalhar o nome da empresa para muitas pessoas da cidade.

Situação-Complexa 2

Você se depara com um conjunto de situações durante o dia, defina qual o gênero

textual deve ser utilizado nos respectivos contexto de interação.

Contexto 1

Encontro na sala do RH com um diretor num processo seletivo por uma vaga de emprego.

Contexto 2

Encontro na rua com um amigos num momento de descontração.

Contexto 3

Encontro com várias pessoas e com um professor numa sala de aula.

Contexto 4

Duas amigas encontram-se na cozinha para uma ensinar como fazer um bolo pra outra.

Contexto 5

Marcos utilizando a internet resolve contar como foi o primeiro dia de trabalho pra Alice.

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Situação-Complexa 3

Após perceber a relação entre a intenção comunicativa e contexto para a produção de

texto. O texto abaixo é uma Receita, uma Declaração de amor ou um Poema?

RECEITA DO AMOR...

Ponha 5 pitadas de carinho.

Mais 5 de companheirismo,

E 5 de compreensão,

Há não se esqueça de por 3 pitadas de saudade.

É para dar o gostinho.

Acrescente amizade e paixão,

Para ficar ligadão. ahahaha.

Ternura e felicidade para o recheio.

Quando estiver tudo junto misture,

Ponha no forno do coração.

Não esqueça do fermento pureza e cooperação.

O tempo vai ajudar.

Ponha a cobertura do amor para jamais largar.

2 – SOCIEDADE, TECNOLOGIA E TRABALHO

Gênero Textual: REPORTAGEM

Google a melhor empresa para trabalhar

Empresa investe em um ambiente de trabalho descontraído e colaborativo como forma

de estimular a individualidade dos profissionais. A empresa Google, que já está no Brasil desde 2005,

conta hoje com duas sedes sendo uma em São Paulo, onde fica toda a parte de administração e

vendas e outra em Belo Horizonte, onde encontra-se os técnicos e especialistas da área. Estima-se

que a empresa tenha cerca de 100 colaboradores em cada um dos escritórios, sendo que, para chegar

neste número de funcionários ativos a Google propôs um recrutamento que mobilizou cerca de

20.000 pessoas em todo o país. Atualmente a empresa está trabalhando com outra forma de

recrutamento: um colaborador indica uma pessoa para entrar para a empresa, se esta pessoa for

contratada, o colaborador ganha R$ 5.000,00 após seis meses da contratação. Aliás, a Google tem

grande prestígio e é comum sabermos de pessoas que gostariam de trabalhar para a empresa, entenda

o porquê agora:

A empresa paga um ótimo salário aos seus colaboradores, com bônus e premiações

extras no decorrer do ano; O ambiente de trabalho é confortável e divertido, apesar da pressão do

trabalho cotidiano, a Google desenvolveu um sistema antistress para os funcionários, que passaram a

trabalhar com momentos de diversão no escritório. Esses são só dois exemplos de como uma

multinacional pode unir a responsabilidade e pressão, juntamente com momentos bons e divertidos.

Quando o funcionário se sente bem dentro da empresa ele rende muito mais, trabalha melhor e tem

prazer no que faz, gerando um lucro maior para a própria empresa, que apenas tem a ganhar com este

investimento. Por isso a empresa Google é muito estuda em cursos de administração e de recursos

humanos, pois ela consegue unir “o útil ao agradável” de uma maneira diferente das demais empresas

a nossa volta.

Um processo importante na hora de se constituir uma empresa é pensar como seus

colaboradores serão tratados no ambiente de trabalho, quais serão as cobranças e quais serão as

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facilidades, toda empresa que quer iniciar-se no mercado de trabalho antes de esquematizar planos

como este, de gerenciamento de pessoas, tenderá a ser um lugar com alta rotatividade, podendo ser

conhecido como um lugar frágil, sem experiência entre outras definições.

Atente-se ao seu negócio de todos os ângulos e estime seu colaborador como a

Google, mesmo que sua empresa seja pequena, valorize as pessoas que nela trabalham, após algum

tempo, o crescimento de sua empresa virá.

Disponível em: http://www.guiadicasgratis.com/google-a-melhor-empresa-para-se-trabalhar/

acessado dia 24/10/12.

1 – Características do Gênero textual Reportagem

A Reportagem é um gênero textual que tem a finalidade de relatar fatos de maneira

abrangente, faz investigações, tece comentários, levanta questões, discute, argumenta. Tem sempre

um autor ou vários autores chamados de repórter (jornalista). Vem em veículos de comunicação

como: Jornais, Revistas, Internet, Televisão, Rádio e Celulares. Utiliza a modalidade escrita ou oral.

Tem um público-alvo geral ou específico.

A Reportagem escrita é dividida em três partes: manchete, lead e corpo.

Manchete: compreende o título da reportagem que tem como objetivo resumir o que será dito. Além

disso, deve despertar o interesse do leitor.

Lead: pequeno resumo que aparece depois do título, a fim de chamar mais ainda a atenção do leitor.

Corpo: desenvolvimento do assunto abordado com linguagem direcionada ao público-alvo!

2 - Aspecto Textual: Narração

Quando o texto está centrado no fato, no acontecimento, diz-se que se trata de uma

narração. Palavra derivada do verbo narrar, narração é o ato de contar alguma coisa. Novelas,

romances, contos são textos basicamente narrativos. São os seguintes os elementos de uma narração:

onde ?

| quando? --- FATO --- com quem?

| como?

1) Narrador/Autor - É aquele que narra, conta o que se passa supostamente aos seus olhos. Quando

participa da história, é chamado de narrador personagem. Então a narrativa fica, normalmente, em 1ª

pessoa.

2) Personagens - São os elementos, usualmente pessoas, que participam da história. Mas os

personagens podem ser coisas ou animais, como no romance O Trigo e o Joio, de Fernando Namora,

em que o personagem principal, isto é, protagonista, é uma burra.

3) Enredo - É a história propriamente dita, a trama desenvolvida em torno dos personagens.

4) Tempo - O momento em que a história se passa. Pode ser presente, passado ou futuro.

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5) Ambiente - O lugar em que a trama se desenvolve. Pode, naturalmente, variar muito, no desenrolar

da narrativa. Eis, a seguir, um bom exemplo de texto narrativo, em que todos os elementos se fazem

presentes.

Produção Textual

Condições de Produção

Suponha que você seja um repórter enviado por um Jornal para produzir uma

Reportagem (fictícia) sobre a rotina de trabalho na Google no Brasil. A modalidade é escrita. O

público do jornal são jovens que adoram as novidades do mundo da informática. Sua Reportagem

deve mostrar aos leitores a importância de trabalhar nessa empresa. Mobilize as características do

gênero textual em questão para a produção do seu texto.

3 - Análise linguística – Elementos semânticos

Leia os Enunciados abaixo:

Pelo preço do pé de couve, você sabe em que pé está toda a agricultura. Apenas R$0,70 por dia!

A fim de promover seu produto, o anunciante chama a atenção do leitor, fazendo um jogo com a

palavra pé. Qual o sentido dessa palavra?

a) na expressão “um pé de couve”?

b) na expressão “em que pé”?

As palavras possuem certos sentidos que podem variar, dependendo do contexto em

que são empregadas. Às vezes, unindo-se a outras palavras, formam expressões com sentidos

completamente diferentes, como é o caso de “cachorro-quente”. Esses e outros são aspectos

estudados pela Semântica.

Semântica é a parte da gramática que estuda os aspectos relacionados ao sentido de palavras e

enunciados.

Vejamos os casos:

1 – Sinonímia e Antonímia

Você já vacinou seu cão?

Você já vacinou seu cachorro?

As palavras cachorro e cão podem ser substituídas um pela outra. Quando em contextos diferentes

uma palavra ou expressões pode ser substituída por outra, dizemos que são SINÔNIMA entre si.

Existem enunciados que são sinônimos também. Ex: Joana é a mulher de Marcelo. Marcelo é o

marido de Joana.

Palavras ANTONÍMAS se opõem ou se excluem. Ex: Aberto – Fechado, Dentro – Fora

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2 – Campo semântico, hiponímia e hiperonímia

Leia este enunciado:

Compro um computador, um monitor, um teclado e uma impressora para o escritório, pois sem esses

equipamentos, não conseguiria dar conta do trabalho.

Perceba que palavra como computador, monitor, impressora e teclado apresentam certa familiaridade

de sentido pelo fato de pertencerem ao mesmo CAMPO SEMÂNTICO, ou seja, ao universo da

informática. Já a palavra equipamento possui um sentido mais amplo, que engloba todas as outras.

No caso, dizemos que computador, monitor, impressora e teclado são hipônimos de equipamento.

Equipamento, por usa vez, é um hiperônimo das outras palavras.

3 – Polissemia

Compare este par de enunciados:

Não consigo prender o fio de lã na agulha de tricô.

Enrosquei minha pipa no fio daquele poste.

Observe que, nas duas ocorrências da palavra fio, ela apresenta sentido diferente: “fibra”, no 1º

enunciado, e “cabo mental” no 2º enunciado. Apesar disso, há um sentido comum entre elas:

sequência, fiada, eixo, alinhamento, encadeamento. Quando uma única palavra apresenta mais de um

sentido, dizemos que ela é polissêmica.

Assim, polissemia é a propriedade de uma palavra apresentar vários sentidos.

4 – Ambiguidade

“Como fazer uma galinha no ponto”.

Ambiguidade é a duplicidade de sentidos que pode haver em uma palavra, em um

enunciado ou num texto inteiro. Quando empregada de forma intencional, a ambiguidade se torna um

importante recurso de expressão.

Quando, porém, é resultado da má organização das ideias, ou do emprego inadequado de certas

palavras, ou ainda de inadequação do texto ao contexto discursivo, ela pode gerar problemas para a

comunicação.

Leia o texto:

Durante o jogo, Lúcio deu várias caneladas em Guilherme. Depois entrou o Pedro no jogo e ele

levou vários empurrões e pontapés.

Se o leitor do texto não assistiu à partida, terá dificuldade para compreender o texto e a intenção

comunicativa do locutor, pois o texto é ambíguo. Afinal, quem levou empurrões e pontapés? Pedro,

que entraram no jogo por último? E, no caso, quem o teria agredido? Ou foi Lúcio, que antes agredia

Guilherme e, depois da entrada de Pedro, passou a ser agredido por este?

Se o interlocutor tivesse assistido o jogo, certamente essa ambiguidade se dissiparia. E a

intencionalidade do texto seria outra: em vez de informa, o texto provavelmente teria como finalidade

comentar.

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Diferente da linguagem oral, que conta com certos recursos para torna o sentido

preciso – os gestos, a expressão corporal ou facial, a repetição, etc. A linguagem escrita conta apenas

com as palavras e sinais de pontuação. Por isso, temos de empregá-lo adequadamente se desejarmos

clareza e precisão nos textos que produzimos.

Atividade em Dupla

Leia a Crônica do escritor Luiz Fernando Verissimo para responder às questões:

Conto Erótico nº1

- Assim?

- É. Assim.

- Mais depressa?

- Não. Assim está bem. Um pouco mais para...

- Assim?

- Não, espere.

- Você disse que...

- Para o lado. Para o lado!

- Querido...

- Estava bem mas você...

- Eu sei. Vamos recomeçar. Diga quando estiver bem.

- Estava perfeito e você...

- Desculpe.

- Você se descontrolou e perdeu o...

- Eu já pedi desculpa!

- Está bem. Vamos tentar outra vez. Agora.

- Assim?

- Quase. Está quase!

- Me diga como você quer. Oh, querido...

- Um pouco mais para baixo.

- Sim.

- Agora para o lado. Rápido!

- Amor, eu...

- Para cima! Um pouquinho...

- Assim?

- Aí! Aí!

- Está bom?

- Sim. Oh, sim. Oh yes, sim.

- Pronto.

- Não. Continue.

- Puxa, mas você...

- Olhaí. Agora você...

- Deixa ver...

- Não, não. Mais para cima.

- Aqui?

- Mais. Agora para o lado.

- Assim?

- Para a esquerda. O lado esquerdo!

- Aqui?

- Isso! Agora coça.

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1) Como o narrador ausente, todo o texto é construído a partir do diálogo entre duas personagens.

Que tipo de relacionamento supostamente há entre essas personagens? Justifique como elementos do

texto.

2) Durante toda a leitura somos orientados para um sentido diferente daquele que temos ao chegar ao

final do texto. Essa orientação de sentido não ocorre por acaso, mas é resultado de um conjunto de

marcas existente no texto.

a) Aparentemente, o texto retrata um diálogo entre personagens vivendo que tipo de situação?

b) Que “marcas” textuais – palavras, frases, construções, etc – nos levam a construir esse sentido?

3 – Além de trabalhar propositalmente com marcas textuais que dão oa texto uma orientação de

sentido diferente, por meio de que procedimento o autor constrói a ambiguidade?

a) Omite o narrador

b) Omite dados do contexto discursivo em que se dá o diálogo

c) Omite informações sobre quem vai ler o texto

d) Omite palavras do texto.

Gênero Textual: PROPAGANDA

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1 – Característica do Gênero textual Propaganda

Havia um tempo em que a linguagem publicitária apenas informava o preço, o local de

compra e as condições do produto. Nos últimos 60 anos a linguagem publicitária evoluiu e criou uma

linguagem e estilo próprio de alcançar o seu objetivo, ter a mensagem aceita pelo público.

A sociedade de consumo, através do “American way life” e do processo de

modernização da industrialização se ocidentalizou, o que influenciou a publicidade em fazer o

público girar ao seu redor.

Comprar e ter “coisas” passou a ser símbolo de felicidade e salvação além da utilidade

necessária. O objetivo da publicidade é convencer e persuadir as pessoas.

Para tal, a linguagem publicitária expressa ordem : “Beba Pepsi”, persuasão : ”Só

Omo lava mais branco” e até sedução : “Se algum desconhecido lhe oferecer flores, isto é Impulse”.

O papel da publicidade é vista como mola mestre das mudanças comportamentais e mentalidade dos

consumidores.

“Propaganda consiste no emprego planejado de qualquer forma de comunicação pública ou em

grande escala, destinada a afetar as ideias e emoções de um dado grupo com determinada finalidade

pública, seja ela militar, econômica ou política.” (Paul Linebarger)

2 – Aspectos textuais – Narração e Descrição

A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se

movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa. O texto narrativo é baseado na

ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são: narrador, enredo,

personagens, espaço e tempo.

Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:

Esquematizando temos:

- Apresentação;

- Complicação ou desenvolvimento;

- Clímax;

- Desfecho.

Já o texto descritivo por excelência consiste em uma percepção sensorial, representada

pelos cinco sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição) no intuito de relatar as impressões

capturadas com base em uma pessoa, objeto, animal, lugar ou mesmo um determinado acontecimento

do cotidiano.

É como se fosse uma fotografia traduzida por meio de palavras, sendo que estas são

“ornamentadas” de riquíssimos detalhes, de modo a propiciar a criação de uma imagem do objeto

descrito na mente do leitor.

A descrição pode ser retratada apoiando-se sob dois pontos de vista: o objetivo e o subjetivo.

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Na descrição objetiva, como literalmente ela traduz, o objetivo principal é relatar as

características do “objeto” de modo preciso, isentando-se de comentários pessoais ou atribuições de

quaisquer termos que possibilitem a múltiplas interpretações.

A subjetiva perfaz-se de uma linguagem mais pessoal, na qual são permitidas opiniões,

expressão de sentimentos e emoções e o emprego de construções livres em que revelem um “toque”

de individualismo por parte de quem a descreve.

3 – Análise Linguística – Recursos Semânticos

Formas de utilizar as palavras no sentido conotativo, figurado, com o objetivo de ser

mais expressivo. A seguir, os principais recursos de estilo em ordem alfabética:

1 - Anáfora- repetição de palavras.

Ex.: Ela trabalha, ela estuda, ela é mãe, ela é pai, ela é tudo!

2 - Antonomásia - substituição do nome próprio por qualidade, ou característica que o distinga. É o

mesmo que apelidado, alcunha ou cognome.

Exemplos: Xuxa (Maria das Graças) O Gordo (Jô Soares)

3 - Apóstrofo ou invocação - invocação ou interpelação de ouvinte ou leitor, seres reais ou

imaginários, presentes ou ausentes.

Exemplos:

Mulher, venha aqui!

Ó meu Deus! Mereço tanto sofrimento?

4 - Eufemismo - atenuação de algum fato ou expressão com objetivo de amenizar alguma verdade

triste, chocante ou desagradável.

Ex.: Ele foi desta para melhor. (evitando dizer: Ele morreu.)

5 - Hipérbole - exagero proposital com objetivo expressivo.

Ex.: Estou morrendo de cansada.

6 - Ironia - forma intencional de dizer o contrário da ideia que se pretendia exprimir. O irônico é

sarcástico ou depreciativo.

Ex.: Que belo presente de aniversário! Minha casa foi assaltada.

7 - Metáfora – A mais rica de todos os recursos semânticos. A metáfora consiste em retirar uma

palavra de seu contexto convencional (Denotativo) e transportá-lo para um novo campo de

significação (conotativo), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente

entre as duas:

• Buscava o coração do Brasil.

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Ora, o Brasil não possui o órgão biológico em questão. Portanto, coração significa aí o centro vital, a

essência, o âmago do país.

• Achamos a chave do problema.

O problema não é nenhuma fechadura, mas para resolvê-lo (ou abri-lo) o elemento que se diz ter

achado é tão necessário quanto uma chave para abrir uma porta.

8 - Metonímia - uso de uma palavra no lugar de outra que tem com ela alguma proximidade de

sentido.

A metonímia pode ocorrer quando usamos:

a - o autor pela obra

Ex.: Nas horas vagas, lê Machado. (a obra de Machado)

b - o continente pelo conteúdo

Ex.: Conseguiria comer toda a marmita.

Comeria a comida (conteúdo) e não a marmita (continente)

c - a causa pelo efeito e vice-versa

Ex.: A falta de trabalho é a causa da desnutrição naquela comunidade.

A fome gerada pela falta de trabalho que causa a desnutrição.

d - o lugar pelo produto feito no lugar

Ex.: O Porto é o mais vendido naquela loja. O nome da região onde o vinho é fabricado

e - a parte pelo todo

Ex.: Deparei-me com dois lindos pezinhos chegando.

Não eram apenas os pés, mas a pessoa como um todo.

f - a marca pelo produto

Ex.: - Gostaria de um pacote de Bom Bril por favor.

Bom Bril é a marca, o produto é esponja de lã de aço.

g - concreto pelo abstrato e vice-versa

Ex.: Carlos é uma pessoa de bom coração

Coração (concreto) está no lugar de sentimentos (abstrato)

10 - Onomatopeia – uso de palavras que imitam sons ou ruídos.

Ex.: Psiu! Venha aqui!

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Atividade

Análise a peça publicitária abaixo e aponte os recursos semânticos presentes.

Gênero Textual NOTÍCIA

12/10/201211h22

Microsoft finaliza Office 2013, mas venda só começa no 1º trimestre do ano que vem

A Microsoft anunciou na noite desta quinta-feira (11) que o Office 2013, suíte de escritório da

companhia, atingiu o status de RTM (Release to Manufacturing). Isso significa que ele já está pronto

para ser vendido para fabricantes. No entanto, segundo a empresa, o sistema só chegará aos usuários

finais no primeiro trimestre de 2013.

O Office 2013 foi anunciado em julho deste a no e esta será a primeira versão do pacote de

programas da Microsoft que estará disponível por meio de assinatura. Nos Estados Unidos, será

possível assinar o pacote por US$ 8,33 por mês ou US$ 99,95 por ano.

Chamado pela Microsoft de “a versão mais ambiciosa” do Office, o programa funcionará em

dispositivos com tela sensível ao toque, diretamente na nuvem e contará com recursos sociais, que

possibilitarão gerenciar arquivos em grupo.

Apesar de o lançamento estar marcado para o ano que vem, diz a Microsoft, quem comprar um tablet

com a versão RT do Windows (específica para processadores ARM, fabricados por empresas como

Qualcomm e Nvidia, por exemplo) contará com uma prévia do Office 2013. Os aparelhos com

Windows 8 começarão a ser vendidos no dia 26 de outubro.

Para usuários que adquirirem o Office 2010 a partir de 19 de outubro, a Microsoft disponibilizará o

Office 2013 gratuitamente via download assim que ele começar a ser vendido.

Profissionais da área de tecnologia da informação e desenvolvedores poderão baixar o Office 2013

em novembro.

Page 16: Material didático   pronatec

16

No Brasil, a Microsoft mantém uma página especial do Office 2013, que detalha alguns dos recursos

da suíte de escritório.

Disponível em: http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/10/12/microsoft-finaliza-office-2013-mas-venda-so-

comeca-no-1-trimestre-do-ano-que-vem.htm acessado dia 13/10/2012.

1 – Característica do Gênero textual Notícia

A notícia é um texto de carácter informativo do domínio da Comunicação Social.

Caracteriza-se pela atualidade, objetividade, brevidade e interesse geral. Relata, por vezes, situações

pouco habituais. É redigida na 3º pessoa. As informações são, geralmente, apresentadas por ordem

decrescente de importância.

O esquema acima refere-se à técnica da pirâmide invertida - é habitual representar-se

graficamente a notícia por esta pirâmide invertida. Na prática, aparecem muitas notícias que não

respeitam a estrutura atrás apresentada. Características da linguagem da notícia

A linguagem utilizar na notícia deverá respeitar os seguintes princípios:

– ser simples, clara, concisa e acessível, utilizando vocabulário corrente e frases curtas;

– - recorrer prioritariamente ao nome e ao verbo, evitando sobretudo os adjetivos valorativos;

– - usar especialmente frases de tipo declarativo.

2 – Aspecto Textual – Tema e Rema

Cada enunciado divide−se em duas partes: a primeira, que corresponde ao início da

oração, é o Tema, e o restante é o Rema. A organização da oração em Tema−Rema normalmente

acontece da seguinte forma: na parte que corresponde ao Tema, colocamos informações cuja função é

fazer a ligação entre a oração que está sendo criada e as orações que vieram antes dela no texto; ou

ainda, estabelecer um contexto para a compreensão do que vem a seguir, ou seja, do Rema. Na parte

que corresponde ao Rema, desenvolvemos as ideias que estão sendo veiculadas pelo Tema. Isso

significa que, na grande maioria das vezes, o Tema expressa a informação dada, a qual já é conhecida

pelo nosso ouvinte ou que é recuperável no contexto. O Rema, por sua vez, expressaria a informação

nova: aquela que nosso ouvinte desconhece, e que corresponde, efetivamente, ao conteúdo que

queremos que ele passe a conhecer. No entanto, é preciso ter em mente que Tema−Rema e

Dado−Novo são duas estruturas diferentes – ou correspondem a dois níveis de análise diferentes −

que acabam por coincidir em muitos casos.

A observação da organização dos Temas de um texto e da estrutura de informação

desse texto revela não apenas o que o autor coloca em destaque, como também nos traz importantes

pistas sobre o desenvolvimento do texto, ajudando a determinar como a informação ali flui.

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17

O Tema é indicado pela posição que ocupa na oração. Ao falarmos ou escrevermos em

português (e também em inglês), sinalizamos que um item é temático colocando−o em posição

inicial. Portanto, o Tema é o elemento que funciona como o ponto−de−partida da mensagem. O resto

da mensagem, ou seja, a parte em que o Tema desenvolve−se, é o Rema. A principal função do Tema

é fornecer o pano−de−fundo para a interpretação do Rema.

É importante distinguir entre a definição de Tema e a maneira como podemos

identificar o Tema de uma oração. A definição de Tema é funcional: o Tema é um elemento dentro

de uma determinada configuração estrutural que organiza a oração como mensagem; essa

configuração é: Tema + Rema. Quanto à sua identificação: o Tema pode ser identificado como o

elemento que aparece em posição inicial na oração. Por exemplo:

1

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Channel selecionaram...

TEMA_______________-_________________ REMA

3 – Análise Linguística – Funcionalidade do Verbo

Verbo são as palavras que se flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz.

Indicam o sentido de processo e:

ação (correr);

estado (ficar);

fenômeno (chover);

ocorrência (nascer);

desejo (querer).

Estrutura das Formas Verbais

Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode apresentar os seguintes elementos:

a) Radical: é a parte invariável, que expressa o significado essencial do verbo.

Por exemplo:

fal-ei; fal-ava; fal-am. (radical fal-)

b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica a conjugação a que pertence o verbo.

Por exemplo:

fala-r

São três as conjugações:

1ª - Vogal Temática - A - (falar)

2ª - Vogal Temática - E - (vender)

3ª - Vogal Temática - I - (partir)

c) Desinência modo-temporal: é o elemento que designa o tempo e o modo do verbo.

Por exemplo:

falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)

falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)

d) Desinência número-pessoal: é o elemento que designa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o

número (singular ou plural).

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Por exemplo:

falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)

falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)

Atividade

12/10/2012 - 14:28

Dois terços das interações entre amigos acontecem eletronicamente, diz pesquisa

Ana Ikeda

A tecnologia afasta ou aproxima amigos? Depende da sua referência: se mandar

mensagens via celular ou internet já é suficiente para manter contato com eles, então a resposta seria

que ela aproxima. Agora se isso só colabora para que você deixe para depois um encontro pessoal,

então a resposta seria o contrário. O fato é que estamos usando cada vez mais os meios digitais: uma

pesquisa britânica indica que dois terços das interações digitais entre amigos acontece eletronicamente.

A pesquisa, feita pela empresa de postais Docmail, dá até uma média da comunicação

eletrônica que um adulto faz por mês: cerca de 140 mensagens de texto, 72 interações no

Facebook e 40 e-mails por mês para amigos e família. Cerca da metade dos entrevistados, vejam

só, não havia falado por telefone com o melhor amigo por mais de um mês. O contato principal

ocorreu… eletronicamente.

Para o estudo, foram entrevistados 2.000 adultos. Além do meio eletrônico dominar a

comunicação, cerca de 63% deles admitiram ter pessoas que consideram como amigos, mas só

contatam via mensagens de texto ou Facebook. E um terço deles disse não passar mais de uma

hora seguida sem interagir com amigos via chat, Facebook ou SMS. Mas há esperança: a maioria

dos entrevistados disse que recorreria ao contato face a face para agradecer ou expressar algo

sinceramente em relação aos amigos.

Ufa…

Situação-Complexa 1

O Texto 1 tem como intenção informar o leitor sobre algo acontecido. Discuta no

grupo e aponte a sequência narrativa do texto e o tema e rema das partes destacadas presente nos

textos. Identifique os verbos presentes no texto e aponte sua estrutura formal.

Gênero Textual RESUMO

Leia o Texto abaixo:

Por uma sociedade plural e tolerante O casamento civil é uma instituição laica e estatal. Logo, não cabe diferenciar os cidadãos face a

sua orientação sexual

Por Pedro Estevam Serrano — publicado 14/05/2013 17:06

O Conselho Nacional de Justiça acaba de aprovar uma medida determinando aos

cartórios que registrem casamentos civis entre casais homossexuais. Seu presidente, Joaquim

Barbosa, afirmou que a decisão se deu em razão do entendimento anterior do STF, que reconheceu a

legitimidade da união estável entre casais gays.

A Constituição brasileira, ao contrário de outras, regulou diretamente a questão do

casamento civil e da união estável como a formação da unidade familiar. E, embora a Carta brasileira

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use a expressão “homem e mulher” para qualificar o casal, nossa Suprema Corte fez uma

interpretação seguindo os princípios da isonomia e da livre orientação sexual.

Uma interpretação que estenda direitos e crie normas protetivas já é da tradição de

nosso direito. Logo, a meu ver, nada houve de surpreendente na decisão da Corte - que, além de tudo,

ainda seguiu tendência jurisprudencial consolidada nas esferas inferiores.

A alegação de alguns juristas de que se tratou de inovação indevida do Judiciário

ingressando na esfera do legislativo, embora respeitável, não convence. Estando o tema tratado na

Constituição, cabe ao STF decidir sua extensão.

Interpretar é dizer o sentido e alcance das normas, traduzir seu significado. Foi

exatamente o que fez o STF: decidiu que a norma protetiva acolhe casais e famílias constituídas por

gays ou lésbicas.

E agora o CNJ, no seu papel de exercer o controle da atividade do Judiciário, entende

que os fundamentos de tal decisão do STF devem se aplicar, por decorrência lógica, ao casamento

civil gay, e não apenas à união estável.

Certamente a decisão gerará muito debate de cunho jurídico, religioso e político. Sem

entrar no mérito de sua juridicidade, o que seria inadequado por não termos ainda lido sua

fundamentação, no plano político a medida é muito benvinda.

O casamento civil é uma instituição laica e estatal. Logo, não cabe diferenciar os

cidadãos face a sua orientação sexual, utilizando-se deste contrato público para tanto.

Nossa sociedade já saiu há muito do medievo. Nada contra que credos religiosos

impeçam tal tipo de casamento em seu âmbito de culto, mas o Estado não pode adotar este tipo de

preconceito infundado em uma sociedade democrática que se queira plural e tolerante.

1 – Característica de um Resumo

Etapas…

1. Realiza uma leitura global do texto.

2. Sublinha as ideias principais do texto.

3. Escreve as ideias principais de cada parágrafo. (Parafraseia cada uma

das frases que exprimem essas ideias).

4. Começa a escrever o resumo a partir das ideias que parafraseaste.

a. Utiliza uma linguagem pessoal.

b. Evita pormenores inúteis.

c. Repetir ideias.

Características de um bom resumo…

Brevidade – Só deve conter as ideias principais.

Respeito pela sequência de ideias.

Clareza – Os factos devem ser objetivos.

Rigor – As ideias principais devem ser reproduzidas sem erros.

Linguagens pessoais – Reproduzem-se ideias do autor, mas com

linguagem própria.

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Produção Textual

Elabore um Resumo comentado tendo como público-leitor uma pessoa que não

conhece do assunto do texto lido anteriormente, leve em consideração as características desse gênero

textual.

2 – Aspectos Textuais – Uso dos sinais de pontuação

Para que servem os sinais de pontuação? No geral, para representar pausas na fala, nos

casos do ponto, vírgula e ponto e vírgula; ou entonações, nos casos do ponto de exclamação e de

interrogação, por exemplo. Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação

reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios.

Vejamos aqui alguns empregos:

1. Vírgula (,)

É usada para:

a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou,

esperneou e, enfim, dormiu.

Nessa oração, a vírgula separa os verbos.

b) isolar o vocativo: Então, minha cara, não há mais o que se dizer!

c) isolar o aposto: O João, ex-integrante da comissão, veio assistir à reunião.

d) isolar termos antecipados, como complemento ou adjunto:

1. Uma vontade indescritível de beber água, eu senti quando olhei para aquele copo suado!

(antecipação de complemento verbal)

2. Nada se fez, naquele momento, para que pudéssemos sair! (antecipação de adjunto adverbial)

e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além disso,

pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009.

g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que

esperava.

2. Pontos

2.1 - Ponto-final (.)

É usado ao final de frases para indicar uma pausa total:

a) Não quero dizer nada.

b) Eu amo minha família.

E em abreviaturas: Sr., a. C., Ltda., vv., num., adj., obs.

2.2 - Ponto de Interrogação (?)

O ponto de interrogação é usado para:

a) Formular perguntas diretas:

Você quer ir conosco ao cinema?

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Desejam participar da festa de confraternização?

b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma determinada

situação:

O quê? não acredito que você tenha feito isso! (atitude de indignação)

Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (surpresa)

Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino? (expectativa)

2. 3 – Ponto de Exclamação (!)

Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes circunstâncias:

a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa, súplica,

ordem, horror, espanto:

Iremos viajar! (entusiasmo)

Foi ele o vencedor! (surpresa)

Por favor, não me deixe aqui! (súplica)

Que horror! Não esperava tal atitude. (espanto)

Seja rápido! (ordem)

b) Depois de vocativos e algumas interjeições:

Ui! que susto você me deu. (interjeição)

Foi você mesmo, garoto! (vocativo)

c) Nas frases que exprimem desejo:

Oh, Deus, ajude-me!

Observações dignas de nota:

* Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo, questionamento e admiração, o uso

dos pontos de interrogação e exclamação é permitido. Observe:

Que que eu posso fazer agora?!

* Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer outro sentimento, não há

problema algum em repetir o ponto de exclamação ou interrogação. Note:

Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo.

3. Ponto e vírgula (;)

É usado para:

a) separar itens enumerados:

A Matemática se divide em:

- geometria;

- álgebra;

- trigonometria;

- financeira.

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b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas olhou ao

longe, sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.

4. Dois-pontos (:)

É usado quando:

a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala:

Ele respondeu: não, muito obrigado!

b) se quer indicar uma enumeração:

Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus colegas e

não responda à professora.

5. Aspas (“”)

São usadas para indicar:

a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme. Ainda

na edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no exterior” (Carta

Capital on-line, 30/01/09)

b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a propaganda de “outdoor”.

6. Reticências (...)

São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção ou dar ideia de continuidade ao que se

estava falando:

a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa,

O bem que neste mundo mais invejo?

O brando ninho aonde o nosso beijo

Será mais puro e doce que uma asa? (...)

b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...

c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...

7. Parênteses ( )

São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples indicações.

Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido e, por isso, há o predomínio de

vírgulas).

8. Travessão (–)

O travessão é indicado para:

a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo:

- Quais ideias você tem para revelar?

- Não sei se serão bem-vindas.

- Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para a elaboração deste projeto.

b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da vírgula e dos parênteses:

Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que tudo irá dar certo.

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Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser arriscado.

c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra:

O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa bastante esforçada.

Gostaria de parabenizar a pessoa que está discursando – meu melhor amigo.

3 – Análise linguística – Estrutura Argumental

Leia o enunciado abaixo:

“46 vagas para a cidade de São Paulo o Google duas a de Belo Horizonte e abriu.”

O enunciado lido anteriormente faz sentido? Claro que não! Porque não tem uma

organização! Para se compor um enunciado é necessário organizar as palavras, se organiza as

palavras do enunciado a partir da Estrutura Argumental do verbo. O Verbo é a principal palavra do

léxico, pois é em torno dele que as outras palavras juntam-se. O sentido do verbo exerce uma força

“gravitacional” sobre as outras palavras para assim ter sentido pleno.

“O Google abriu 46 vagas para a cidade de São Paulo e duas para a de Belo Horizonte.”

1 – Qual é o verbo do enunciado?

2 – Quais as palavras selecionadas pelo verbo?

1 – Verbo: Abrir

2 – Argumentos: 1º O Google e 2º 46 vagas.

Sentido-tipo dos Verbos e Seleção do número de Argumentos

1 - Há VERBOS que selecionam só um Argumento, é o caso de:

Morrer, Dormir, Comer, Andar, Viver, Nadar, Pular, Aparecer, Sumir e etc...

Percebam que esses Verbos têm um sentido comum entre eles, todos indicam (SEMÂNTICA)

algum tipo de movimento ou processo que se passam num organismo vivo ou indicam entrada ou

saída de cena. Assim, temos:

Fabricio dormiu na sala de aula!

Cidinha comeu na lanchonete.

Renato andou no bosque.

Pedro vivi em Goiânia.

Getúlio apareceu aqui.

2 – Na grande maioria, os VERBOS da língua portuguesa selecionam dois argumentos, é o caso

de:

Gostar, Amar, Perguntar, Comprar, Fazer, Conhecer e etc

Percebam que esses Verbos têm um sentido comum entre eles, todos indicam (SEMÂNTICA) a ideia

de realização de algo, relação psicológica de um ser inteligente. Exemplo:

Às vezes eu ligo o rádio. (Ação realizada por um agente sobre um objeto)

Mamãe fez uma torta de morango. (Ação que resulta na existência de um objeto)

Eu nunca gostei de roupa vermelha. (Relação psicológica entre um ser inteligente com o objeto)

Page 24: Material didático   pronatec

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3 - Há VERBOS que selecionam até três ARGUMENTOS, é o caso de:

Levar, Voltar, Trazer, Entregar, Transferir, Receber e etc

Percebam que esses VERBOS indicam (SEMÂNTICA) a ideia de transferência. Exemplo:

Maria levou a roupa a Pedro.

Lucas entregou os livros à Carla.

Carla receberá os livros de Lucas.

4 - E por fim, há VERBOS que não pedem ARGUMENTOS, é o caso de:

Chover, Trovejar, Ventar, Garoar, Relampejar, Haver, Existir e etc.

Percebam que esses VERBOS indicam (SEMÂNTICA) fenômenos meteorológicos ou existência de

algo. Exemplo:

Esse últimos dias têm chovido muito!

Nossa! Ventou muito essa noite!

Há vários estudantes nessa sala.

Existem alunos maravilhosos aqui.

Atividade

Leia a Reportagem abaixo e aponte cinco verbos que indicam transferência e 4 que

indicam movimento ou processo. Desses verbos apontados, diga a Estrutura Argumental de pelo

menos 3 verbos.

Diretor dá dicas para quem sonha em trabalhar no Google

O brasileiro Hugo Barra foi o diretor da empresa que apresentou ao mundo o novo tablet Nexus 7.

Aparelho será vendido a US$ 199 no Estados Unidos

29/06/2012 15h19 - Atualizado em 17/08/2012 17h41

A gigante da informática Google inaugurou uma nova fase: passou a ser produtora de

hardware. A empresa lançou na última quarta-feira (27) seu novo tablet, o Nexus 7, em Mountain

View, na California. E quem apresentou essa novidade ao mundo foi o brasileiro Hugo Barra, que é o

diretor mundial do Android, o sistema operacional da Google.

Em entrevista ao Conta Corrente, da Globo News, Hugo disse que o posicionamento

do Nexus no mercado é extremamente amplo. “É o primeiro tablet de sete polegadas com

processador de quatro cores e tela HD. Nunca se fez um aparelho como este no mercado. E o mais

bacana é o preço: nos Estados Unidos será vendido a US$ 199”, garante Hugo.

Segundo a Google, o novo tablet ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, mas

Hugo garante que o país está entre as prioridades da empresa. “O Brasil é um mercado em ascensão,

o número de aparelhos com android entre junho do ano passado e hoje cresceu seis vezes. O país está

se tornando um dos maiores mercados do mundo no android”, afirma.

Para os jovens programadores que sonham em trabalhar na Google, Hugo avisa que o

escritório da empresa em Belo Horizonte é um dos maiores do mundo e o recrutamento é sempre

intenso. E deu algumas dicas para os interessados:

1 – Seja extremamente ambicioso

2- Aprenda rápido, o mundo de tecnologia corre em velocidade extrema

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3 – Estude muito. O Google tem valores acadêmicos elevados e acha importante que as pessoas

tenham uma capacidade intelectual.

4- Amplie seus conhecimentos. Não basta saber engenharia e programação, procuramos um perfil

mais amplo, que não pensa só no produto, mas também no mercado, como a parte de design

Gênero Textual CONTO

O primeiro beijo Clarice Lispector

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos

andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.

- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só

a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? - perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em

algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos

e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão

bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do

motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca. E nem sombra de água. O

jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engolia-a lentamente, outra

vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele

próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio-dia tornara-se quente e árida e ao penetrar

pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava. E se fechasse as narinas e

respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O

jeito era mesmo esperar, esperar.

Talvez minutos apenas, talvez horas, enquanto sua sede era de anos. Não sabia como e por que mas

agora se sentia mais perto da água, pressentia a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da

janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o

chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele

conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde

jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida

voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma

mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole

sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado

dessa boca, de uma boca para outra.

Page 26: Material didático   pronatec

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Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido

vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua. Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo

estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que

fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora

com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado,

sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com

sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil. Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma

fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais

sentido: ele...

Ele se tornara homem.

1 – Características do Conto

Não sendo por acaso seu nome, o Conto teve início junto com a civilização humana.

As pessoas sempre contaram histórias, reais ou fabulosas, oralmente ou através da escrita. O conceito

de conto, hoje em dia, foi ampliado. Isto se dá porque escritores passaram a adotar esse tipo de texto

como uma forma de escrever, e essa tentativa tem sido promissora. Além de utilizar uma linguagem

simples, direta, acessível e dinâmica o conto é a narração de um fato inusitado, mas possível, que

pode ocorrer na vida das pessoas embora não seja tão comum.

Essa praticidade tem atraído leitores de todas as idades e níveis intelectuais. Inclusive

aqueles que não têm o costume de ler ou que ainda estão começando a adquirir este hábito. Não é um

texto denso por isso é tão bem aceito em diversos tipos de meios de comunicação, não somente

através dos livros.

Extensão

O Conto é, antes de mais nada, curto. Mesmo que alguns autores insistam que determinadas

narrativas de longa duração sejam também contos por suas características estruturais, pode-se

considerar que estes casos estão aí para confirmar a exceção da regra. Assim, o conto é curto. E

porque curto, conciso. Não há tempo para se espalhar em grandes detalhes, em sutilezas que destoam

de seus tempos, de seu necessário ritmo de leitura. Um conto deve estar contido entre algumas

palavras (no caso de micro contos) até um máximo de cinco a seis mil palavras.

Linhas Dramáticas

Enquanto que num romance pode haver várias linhas de desenvolvimento, como por exemplo,

estórias secundárias acontecendo em volta da trama do protagonista, no caso do conto a trama é

única. Não há a possibilidade da dispersão no desenvolvimento da estória, dado as características de

concisão do conto.

Tempo

O conto não tem muito espaço para idas e vindas ao tempo. A utilização de recursos como o

flashback é rara, permanecendo a narrativa quase sempre em uma única linha de encaminhamento

temporal.

Espaço

Dada a curta extensão do conto, os seus cenários – e sua descrição, portanto! – são restritos, podendo

o autor os reduzir ao mínimo indispensável para a sua contextualização espacial. Esta pode até ser,

em alguns casos, inexistente.

Final enigmático

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Alguns escritores contemporâneos escrevem a narrativa sem um final, ou até mesmo sem um

desenvolvimento flagrante. Seus contos são mais contemplativos, mais um estado d’alma, às vezes

sem nexo aparente. O mais comum, no entanto, é o conto com uma estrutura tradicional, com início,

meio e fim. O final deve sempre ser uma surpresa, a resolução de um enigma, ou a inversão de uma

situação que deveria seguir em direção oposta, ou que pareceria sem solução. O suspense deve ser

mantido até o último parágrafo, quando, depois de prender o leitor através de toda a sua leitura, o

escritor lhe fornece a catarse – a risada, o susto, a surpresa.

2 – Aspectos Textuais – Elementos de Enredo

A narrativa ficcional reveste-se de elementos linguísticos próprios que são formas

utilizadas para a construção dessa vertente de texto. São eles:

1 – Narrado – É uma construção linguística! É a voz que explana os fatos. Narrador é diferente de

autor. Existem tipos de narrador:

1 – o Narrador-personagem participa da história (Expressão linguística – Verbos em primeira

pessoa);

2 – Narrador-observador expõem a história (Expressão linguística – Verbos em terceira pessoa);

3 – O narrador-onisciente conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no

íntimo das personagens, conhece suas emoções e pensamentos.

2 – Tempo – Momento que se passa os fatos, temporalidade marcada;

3 – Espaço – Local onde se passa os fatos;

4 – Personagens – Seres que participam de um forma ou de outra das ações;

5 – Enredo – Esquema quinario: Equilíbrio – Quebra de Equilíbrio – Conflito – Clímax – Desfecho.

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

O Conto é um gênero discurso narrativo que se caracteriza pelo caráter ficcional e

elementos específicos. Produza um Conto com a temática: Amar em encontros e desencontros,

voltado para um público predominantemente feminino. Atente-se para as características do gênero

textual e os elementos da narração. Leve em consideração os textos da coletânea (Filmes: Curta-

metragem).

3 – Análise Linguística – Usos do Substantivo e Artigo

Na produção textual, os Substantivos são as palavras do léxico utilizadas para fazer

referência a seres existentes no plano material ou psicológico. Os substantivos são nomes de pessoas,

lugares, objetos, condições psicológicas entre outros. Existem substantivos que são determinados e

não determinados.

1 – O Uso de determinantes (Substantivo próprio)

Uso determinante - Artigo definido

- Há determinados substantivos próprios (determinados) que se empregam sem artigo definido:

Deus é testemunha.

Deus te ouça.

- Certas subclasses de nomes geográficos sempre se empregam com artigo. São, por exemplo, os

nomes de regiões, oceanos, mares, rios, lagos.

É necessário que se diga, porém, que o Nordeste nem sempre foi isso que hoje somos.

No Morumbi, o São Paulo venceu o Botafogo.

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- Há substantivos que sempre se usam com artigo como, por exemplo, os nomes de órgão da

impressa, obras de arte e

marcas de produtos.

A Folha de São Paulo noticiou os fatos.

Entramos no Opala e voltamos para casa.

2 - O uso de Modificadores

1 – Uma oração

O Breno que eu conheci era ajustado.

O Mauro que eu via agora.

2 – Especificador

Governar não é fácil nem é cômodo no Brasil de hoje.

3 – Modificador

É com um sentimento de especial amizade para com sua nobre pátria.

A Alemanha atualmente está mais interessada em auxiliar a antiga Alemanha oriental.

Atividade em Grupo de Estudo Leia o Conto abaixo.

Um problema difícil Pedro Bandeira

Era um problema dos grandes. A turminha reuniu-se para discuti-lo e Xexéu voltou

para casa preocupado. Por mais que pensas se, não atinava com uma solução. Afinal, o que poderia

ele fazer para resolver aquilo? Era apenas um menino! Xexéu decidiu falar com o pai e explicar

direitinho o que estava acontecendo. O pai ouviu calado, muito sério, compreendendo a gravidade da

questão. Depois que o garoto saiu da sala, o pai pensou um longo tempo. Era mesmo preciso

enfrentar o problema. Não estava em suas mãos, porém, resolver um caso tão difícil.

Procurou o guarda do quarteirão, um sujeito muito amigo que já era conhecido de todos e costumava

sempre dar uma paradinha para aceitar um cafezinho oferecido por algum dos moradores.

O guarda ouviu com a maior das atenções. Correu depois para a delegacia e expôs ao delegado tudo o

que estava acontecendo. O delegado balançou a cabeça, concordando. Sim, alguma coisa precisava

ser feita, e logo! Na mesma hora, o delegado passou a mão no telefone e ligou para um vereador, que

costumava sensibilizar-se com os problemas da comunidade.

Do outro lado da linha, o vereador ouviu sem interromper um só instante. Foi para a

prefeitura e pediu uma audiência ao prefeito. Contou tudo, tintim por tintim. O prefeito ouviu todos

os tintins e foi procurar um deputado estadual do mesmo partido para contar o que havia.

O deputado estadual não era desses políticos que só se lembram dos problemas da comunidade na

hora de pedir votos. Ligou para um deputado federal, pedindo uma providência urgente. O deputado

federal ligou para o governador do estado, que interrompeu uma conferência para ouvi-lo.

O problema era mesmo grave, e o governador voou até Brasília para pedir uma

audiência ao ministro. O ministro ouviu tudinho e, como já tinha reunião marcada com o presidente,

aproveitou e relatou-lhe o problema. O presidente compreendeu a gravidade da situação e convocou

uma reunião ministerial. O assunto foi debatido e, depois de ouvir todos os argumentos, o presidente

baixou um decreto para resolver a questão de uma vez por todas.

Aliviado, o ministro procurou o governador e contou-lhe a solução. O governador

então ligou para o deputado federal, que ficou muito satisfeito. Falou com o deputado estadual, que,

na mesma hora, contou tudo para o prefeito. O prefeito mandou chamar o vereador e mostrou-lhe que

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a solução já tinha sido encontrada. O vereador foi até a delegacia e disse a providência ao delegado.

O delegado, contente com aquilo, chamou o guarda e expôs a solução do problema. O guarda, na

mesma hora, voltou para a casa do pai do Xexéu e, depois de aceitar um café, relatou-lhe satisfeito

que o problema estava resolvido. O pai do Xexéu ficou alegríssimo e chamou o filho.

Depois de ouvir tudo, o menino arregalou os olhos:

- Aquele problema? Ora, papai, a gente já resolveu há muito tempo!

Atividade

1) O Conto lido anteriormente apresenta os elementos da narrativa-ficcional. Analise e aponte:

a) Qual o tipo de narrador é colocado no texto? Qual funcionalidade do uso desse tipo narrador no

texto?

b) Aponte o momento que caracteriza o clímax do enredo do texto.

2) Faça um quadro apontando os substantivos determinados e os substantivos não determinados

presentes no texto

Gênero textual RELATÓRIO

RELATÓRIO SOBRE VISITA PEDAGÓGICA À USINA SAPUCAIA

Identificação

Relatório n° ½

Data: 30 de março de 2011

Assunto: Visita à Usina Sapucaia.

Relatores: Lucas Wagner de Azevedo Gomes e Mateus Pereira de Almeida

Apresentação

Atendendo à solicitação do professor de Operações Industriais do Curso de Instrumentação

Industrial, fazemos, em seguida, relatório das atividades desenvolvidas durante visita técnica à Usina

Sapucaia.

Objetivos

Observar o processo de fabricação de açúcar em uma usina. Conhecer os equipamentos usados nesse

processo.

Programa (Roteiro)

Saída da escola às 8 h e retorno às 17 h. Chegada à usina às 10 h, visita aos diversos setores do

processo de fabricação de açúcar. Almoço às 12 h e lanche às 15 h.

Desenvolvimento

Dirigimo-nos à Usina e fomos recebidos pelo engenheiro responsável pela produção. Após

colocarmos os capacetes de segurança, começamos a conhecer o processo de produção de açúcar –

iniciado no corte de cana, seleção e lavagem. Em seguida, percorremos os setores de esteiras,

moagem de cana, laboratórios de análise desacarose e os fornos onde o açúcar é produzido.

Visitamos o setor de ensacagem de açúcar e o armazém. Encerrada a visita, retornamos à escola.

Conclusão

Foi de muita importância a visita para nossa formação, pois pudemos verificar in loco as diversas

etapas de fabricação do açúcar e também os variados equipamentos usados. Esperamos que outras

visitas sejam realizadas

Campos dos Goitacases, 30 de março de 2013

Lucas W. A. Gomes

Mateus P. de Almeida

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1 – Característica do Gênero textual Relatório

O QUE É?

É um gênero textual escrito que narra ou descreve atos ou fatos referentes a uma

instituição, empresa ou entidade, em que devem constar análise e apreciação de quem o produz.

Existem relatórios que são produzidos em decorrência de normas legais, administrativas ou

estatutárias e são apresentados dentro de prazos e modelos previamente estabelecidos.

COMO FAZER?

Utilizaremos como exemplo um Modelo-Síntese de Relatório Técnico Científico. Este

modelo de relatório é mais utilizado por empresas e entidades. Vamos conhecer um pouco sobre ele.

Conceito: é o documento elaborado com a finalidade de avaliar o desempenho de um a empresa,

entidade, instituição ou equipamentos. A sua elaboração é essencial para acompanhar e melhorar o

funcionamento destas organizações. É através do relatório que o dirigente ou gestor toma

conhecimento dos dados e informações relativos às diversas áreas da organização e de suas atuações.

• A redação do relatório deve utilizar uma linguagem mais técnica referente à área de atuação da

organização, porém, sua linguagem deve ser clara e objetiva;

• A apresentação das informações e dos dados é feita de forma descritiva, devendo-se fazer, também,

uma análise dos fatos ocorridos;

• Em sua elaboração é comum a utilização de tabelas e gráficos, que têm o objetivo de sintetizar os

dados e informações, bem como, ilustrar fenômenos ocorridos.

2 – Aspecto Textual – Persuasão

Persuadir (do lat. persuadere) é o mesmo que convencer, levar alguém a crer, a aceitar

ou decidir (fazer algo), sem que daí decorra, necessariamente, uma intenção de o iludir ou prejudicar,

tão pouco a de desvalorizar a sua aptidão cognitiva e acional. Pelo contrário, o ato de persuadir

pressupõe um destinatário que compreenda e saiba avaliar os respectivos argumentos, o que implica

reconhecer o seu valor como pessoa, como centro das suas próprias decisões. Não subscreveríamos,

por isso, a afirmação de Pedro Miguel Frade de que “o discurso persuasivo parte sempre, em primeira

mão, de uma desqualificação mais ou menos assumida das capacidades e dos propósitos do outro”.

Porque na “interação a dois” (a que este mesmo autor se refere), a persuasão não tem que significar a

desqualificação do persuadido mas sim um confronto de opiniões, onde os argumentos ou razões

invocadas tanto podem merecer acolhimento como serem liminarmente refutados. Como em tantas

outras situações comunicacionais, a manipulação sempre pode instalar-se nos discursos persuasivos.

Condenar, porém, a persuasão em abstrato, seria um juízo a priori muito semelhante ao de admitir

uma ilicitude sem ilícito.

Produção Textual

Suponha que você como técnico na área de informação seja mandado para a empresa

de fabricação de computadores com a responsabilidade de elaborar um Relatório Técnico Científico

sobre o processo de produção dessas máquinas. Atende-se para as características do gênero Relatório.

Mobilize a sequência narrativa, descritiva e argumentativa para conduzir seu superior para a adoção

ou não dessa máquina na empresa.

3 – Análise Linguística – Temporalidade

O tempo em português, diz respeito à localização cronológica e certas flexões do

verbo. Convém distinguir entre a palavra tempo, referente verbo, um conjunto de flexões, tempo

verbal, uma subdivisão da morfologia do verbo, a uma forma gramatical de determinado verbo; e a

expressão referencial temporal, referente à realidade física ou psicológica que a língua corrente

chama de tempo, e em particular à localização dos eventos num certo espaço cronológico, tudo aquilo

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que podemos descobrir respondendo à pergunta “quando?”. Para entender a diferença entre essas

noções, observe o exemplo.

(1) A água ferve a 100 graus no nível do mar.

O tempo desse enunciado é o presente e não decorre, porém, que sua referência

temporal seja uma referência presente: quando o locutor enuncia (1) não pretende afirmar que

naquele mesmo instante, alguma porção de água está fervendo a 100 graus em alguma cidade praiana

(Se essa fosse a intenção, ele diria A água está fervendo a 100 graus). O enunciado (1) é uma lei da

física e as leis, embora sejam usualmente enunciadas no tempo presente, têm uma referência

temporal indefinida; no caso aqui mostrado, estabelece uma relação hipotética entre o que acontece

com a água, o termômetro e a pressão atmosférica, e essa relação vale de maneira geral. Nessa

oportunidade, pretende-se explicitar o modo com os tempos contribuem para estabelecer uma

referência temporal e buscar informações sobre a referência temporal em vários pontos da sentença,

não apenas nos tempos do verbo.

Categoria do tempo

Tempo no plano da linguagem: trata-se de morfemas, palavras e construções gramaticais - VERBO

Tempo no plano real: registro de fatos com determinadas relações cronológicas –

CIRCUNSTÂNCIADORES TEMPORAIS

Exemplos

Pedro completa trinta anos hoje. (presente encerrado)

Pedro completa trinta anos no mês que vem. (Futuro encerrado)

Em 1500, Cabral descobre o Brasil. (Presente – Passado Encerrado)

O bebê dormiu (=adormeceu) pouco antes da meia noite. (Passado encerrado)

O bebê dormiu (=esteve dormindo) da meia noite até o dia seguinte. (Passado contínuo)

Três momentos estruturais na descrição do tempo

1 – O momento de fala: situação de enunciado, o contexto (o agora) em que a fala está sendo

produzida;

2 – O momento do evento ou do acontecimento: momento da realização do estado de coisa descrito

pelo verbo;

3 – O momento de referência: momento que o locutor toma como referência para situar o estado de

coisa.

Atividade em Grupo de Estudo

SITUAÇÃO-PROBLEMA - 1

Jorge está participando de um processo seletivo para uma vaga de emprego numa grande empresa

nacional. Na penúltima etapa do processo, Jorge precisa escrever uma Carta de Apresentação. Leia a

Carta abaixo:

________________________________________________________________________________

Goiânia, 24 de abril de 2012.

À Comer Faz Bem LTDA

Prezado senhor,

Estou me candidatando à vaga de Auxiliar Administrativo existente em seu quadro de

pessoal, conforme anúncio publicado no dia 22 de abril de 2012, enviando em anexo meu currículo.

Dentre minhas características profissionais destacam-se o perfeccionismo, dedicação, facilidade de

interação com o grupo, responsabilidade. Busco minha efetivação no mercado, para desenvolver de

um trabalho objetivo e gerar bons resultados, propiciando o crescimento da empresa.

Page 32: Material didático   pronatec

32

No aguardo de contato, coloco-me à disposição para prestar maiores esclarecimentos.

Atenciosamente,

Jorge Santana

________________________________________________________________________________

Qual a temporalidade mais recorrente Jorge utilizou no seu texto? Essa escolha foi

acertada? Justifique a escolha da temporalidade presente nesse gênero textual.

SITUAÇÃO-PROBLEMA 2

A Reportagem que vocês lerão a seguir foi retirada da Revista Galileu de Julho de 2008 e trata do

trabalho. Discuta com seus colegas do grupo como cada um vê as condições de trabalho hoje.

O futuro do trabalho Esqueça os escritórios, os salários fixos e a aposentadoria. Em 2020, você trabalhará

em casa, seu chefe terá menos de 30 anos e será uma mulher. Admita: você também não gosta de

trabalhar. Passar o dia inteiro sob luzes fluorescentes, t mando café ruim, sentado em uma cadeira

desconfortável e usando um computador velho certamente não faz parte do sonho de infância de

ninguém. Admita. E não se sinta culpado. Nossos ancestrais - que nem conheciam as torturas de um

escritório - também não eram muito chegados a essa história de trabalho.

Para gregos e romanos, colocar a mão na massa era considerada tarefa das classes

inferiores e escravos . Domenico de Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La

Sapienza de Roma e autor do livro O Ócio Criativo, que defende uma abordagem mais lúdica do

trabalho, apontou um ponto de convergência em todas as religiões: em nenhuma delas se trabalha no

Paraíso. "Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho

fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia", afirma. Ou seja, alguma coisa está errada, e não é

de hoje.

Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como

trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise

despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes

conglo-merados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projetos em

comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo:

a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos

como pessoas também em nossos trabalhos. "Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e

energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?", diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em

seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda

inédito no Brasil). Para começar, esqueça essa história de emprego. Em dez anos, emprego será uma

palavra caminhando para o desuso.

O mundo estará mais veloz, interligado e com organizações diferentes das nossas.

Novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar a redor do globo, em qualquer

horário. Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de

produção. Será a era do trabalho freelance, colaborativo e, de certa forma, inseguro. Também será o

tempo de mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade.

A globalização e os avanços tecnológicos (alguns deles já estão disponíveis hoje) vão

tornar tudo isso possível. E uma nova geração que vai chegar ao comando das empresas, com uma

presença feminina cada vez maior, vai colocar em xeque antigos dogmas. Para que as empresas vão

pedir nossa presença física durante oito horas por dia se podem nos contatar por videoconferência a

qual quer instante? Para que trabalhar com clientes ou fornecedores apenas do seu país se você pode

negociar sem dificuldades com o mundo inteiro? Imagine as possibilidades e verá que o mercado de

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trabalho vai ser bem diferente em 2020. O emprego vai acabar. Vamos ter que nos adaptar. Mas o

que vai surgir no lugar dele é mais racional, moderno e, se tudo der certo, mais prazeroso.

Perceberam que o texto apresenta predominantemente duas temporalidades marcadas no decorrer

da sua composição? Justifique o uso dessas duas temporalidades nessa Reportagem

Gênero Textual CRÔNICA

Crônica do Amor

Arnaldo Jabor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não

fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia,

por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só

referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando

menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu,

você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal

e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que

LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no

armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não

tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora

animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos

Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as

curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem

loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura,

por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática:

eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

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Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor

tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá

assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais

eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

1 – Característica do gênero textual Crônica

A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que

acontecem em nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os

acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens.

Você já deve ter lido algumas crônicas, pois estão presentes em jornais, revistas e

livros. Além do mais, é uma leitura que nos envolve, uma vez que utiliza a primeira pessoa e

aproxima o autor de quem lê. Como se estivessem em uma conversa informal, o cronista tende a

dialogar sobre fatos até mesmo íntimos com o leitor.

O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo

de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial

demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa

estão presentes nas crônicas.

Como exposto acima, há vários motivos que levam os leitores a gostar das crônicas, mas e se você

fosse escrever uma, o que seria necessário? Vejamos de forma esquematizada as características da

crônica:

• Narração curta;

• Descreve fatos da vida cotidiana;

• Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;

• Possui personagens comuns;

• Segue um tempo cronológico determinado;

• Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens;

• Linguagem simples.

Portanto, se você não gosta ou sente dificuldades de ler, a crônica é uma dica

interessante, pois possui todos os requisitos necessários para tornar a leitura um hábito agradável!

Alguns cronistas (veteranos e mais recentes) são: Fernando Sabino, Rubem Braga,

Luis Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Ernesto

Baggio, Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis, Max Gehringer, Moacyr Scliar, Pedro Bial,

Arnaldo Jabor, dentre outros.

2 – Aspectos Textuais - Exposição

O texto expositivo apresenta informações sobre um objeto ou fato específico, sua

descrição e a enumeração de suas características. Esse deve permitir que o leitor identifique,

claramente, o tema central do texto.

Um fato importante é a apresentação de bastante informação; caso se trate de algo novo esse se faz

imprescindível.

Page 35: Material didático   pronatec

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Quando se trata de temas polêmicos, a apresentação de argumentos se faz necessária para que o autor

informe aos leitores sobre as possibilidades de análise do assunto.

O texto expositivo deve ser abrangente e deve ser compreendido por diferentes tipos de pessoas.

O texto expositivo pode apresentar recursos como a:

- instrução, quando apresenta instruções a serem seguidas;

- informação, quando apresenta informações sobre o que é apresentado e/ou discutido;

- descrição, quando apresenta informações sobre as características do que está sendo apresentado;

- definição, quando queremos deixar claro para o nosso leitor do que, exatamente, estamos falando;

- enumeração, quando envolve a identificação e apresentação sequencial de informações referentes

àquilo que estamos escrevendo;

- comparação, quando o autor quer garantir que seu leitor irá compreender bem o que ele quer dizer;

- o contraste, quando, ao analisar determinada questão, o autor do texto deseja mostrar que ela pode

ser observada por mais de um ângulo, ou que há posições contrárias.

3 – Análise Linguística – Uso dos Pronomes Pessoais

As elucidações que se firmam mediante o assunto posto em discussão convidam-nos a

refletir acerca de um importante aspecto, que se deve ao fato de os pronomes pessoais indicarem uma

das três pessoas do discurso, tanto do singular quanto do plural, ou seja:

EU/NÓS – A PESSOA QUE FALA

TU/VÓS – A PESSOA COM QUEM SE FALA

ELE/ELES – A PESSOA DE QUEM SE FALA

Quanto à função que desempenham, podem se classificar como pronomes pessoais do

caso reto, ora funcionando como sujeito da oração. Assim, vejamos:

EU

TU

ELE/ELA

NÓS

VÓS

ELES/ELAS

Eu gosto muito de você. (sujeito simples)

Atuando como complemento verbal (objeto direto ou indireto, agente da passiva,

complemento nominal, adjunto adverbial, adjunto adnominal), classificam-se em pronomes pessoais

do caso oblíquo, subdividindo-se em átonos e tônicos. Constatemos, pois:

Átonos: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.

Tônicos: mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo, nós, conosco, vós, convosco, eles, elas.

Essas encomendas foram entregues a mim. (objeto direto)

Gostaria de lhe agradecer pelo favor. (objeto indireto)

Pronomes eu/tu – mim/ti

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No que tange a tais pronomes, “eu” e “tu” desempenharão sempre a função sintática de sujeito, assim

como nos exemplos:

Eu aceito o pedido de desculpas. (sujeito)

Já os pronomes “mim” e “ti” exercem a função sintática de complemento verbal ou nominal, agente

da passiva, adjunto adverbial e sujeito acusativo, como evidenciado abaixo:

Não cabe a mim tomar essa decisão. (objeto indireto)

Essa decisão foi favorável a ti. (complemento nominal)

Pronomes se/si e consigo

Os pronomes em questão somente se classificam como reflexivos ou recíprocos – razão pela qual são

empregados na voz reflexiva e na voz reflexiva recíproca. São exemplos:

Se você não se cuidar poderá ficar doente.

São egoístas as pessoa que só pensam em si.

Ela trouxe consigo lembranças de onde esteve.

Com nós, com vós, conosco e convosco

Por mais que pareçam estranhas as formas “com nós” e “com vós”, elas podem ser perfeitamente

aplicáveis se à frente delas estiver indicando uma palavra que represente “somos nós” ou “quem sois

vós”, assim como nos atestam os exemplos abaixo:

Falaram com nós todos acerca das mudanças que iriam ocorrer.

Desistiu de sair com nós dois por quê?

De ele ou dele? Do ou de o?

Chegou o momento de ele decidir se permanece ou não.

O fato de o professor não ter explicado representa o descompromisso.

Quanto às funções sintáticas desempenhadas pelos pronomes oblíquos átonos “me, te, se, o, a, lhe,

nos, vos, os, as, lhes”, essas podem assim se evidenciar:

* Objeto direto: Encontrei-o perambulando por aí. (encontrei quem? – ele)

* Objeto indireto: Peço-lhe desculpas. (peço desculpas a quem? A ele/ela)

* Adjunto adnominal: Na confusão roubaram-me os pertences. (os meus pertences)

* Complemento nominal: Foi-lhe favorável a sentença. (favorável a ele/ela)

* Sujeito acusativo: quando se manifestarem em um período composto formado pelos verbos

“mandar, fazer, deixar, sentir, ouvir”, entre outros: Mande-me o relatório da empresa.

Gênero Textual SEMINÁRIO

1 – Característica do gênero textual Seminário

O que é um seminário?

O seminário é um método de estudo. De acordo com alguns autores, o objetivo último

de um seminário é levar todos os participantes a uma reflexão aprofundada de determinado problema,

a partir de textos e em equipe. Sendo assim, todos os participantes têm de ter contato com o texto

Page 37: Material didático   pronatec

37

básico e saber substituir o colega encarregado de determinado tópico. Todos devem saber a

mensagem central do texto. (Se for literário ou não, leitura integral). Igualmente, todos devem estar

preparados para julgamento e crítica do texto, além de estar preparados para fazer perguntas sobre o

texto para os ouvintes (instigando o raciocínio dos participantes).

Roteiro de um seminário

1. Deve-se apresentar material impresso com o tema desenvolvido. No caso de textos literários,

resumo da biografia do autor, do texto em questão e da ideia central do texto. Deve haver um trecho

do texto, escolhido pelo grupo como central, sobre o qual se deve fazer uma leitura em voz alta.

2. Faça um roteiro do que será falado (incluindo os temas do texto). No caso de ser um texto literário:

resumo sobre autor, estilo, obra e temática problematizada da obra em questão.

3. Faça um roteiro de leitura (escrito), com síntese dos momentos lógicos essenciais do texto.

4. Bibliografia: no caso da literatura, dicionários, obras clássicas de abordagem da história da

literatura, etc.

Recursos audiovisuais

A linguagem predominante em um seminário é a verbal. Isso não significa que não se

possa fazer uso de outros recursos, como os audiovisuais, por exemplo. Retroprojetor, filmes, slides,

cds e data show podem (e devem!) ser usados numa apresentação, desde que não substituam a

exposição oral. Lembre-se de que tais recursos são apenas apoios.

Postura do(s) apresentador(es)

O apresentador deve falar em pé, com o esquema nas mãos, olhando para o público

como um todo, devendo permanecer sempre de frente para a plateia, mesmo quando usar a lousa, o

retroprojetor ou o data show.

A fala do apresentador deve ser modulada, ou seja, alta, clara, bem articulada e com

entonação variada, para que a explicação não fique monótona.

Se consultar o roteiro, o apresentador deve fazê-lo sem baixar excessivamente a cabeça, para que a

voz não se volte para o chão, prejudicando, assim, a audiência.

O apresentador deve se mostrar seguro do tema estudado. Além disso, estar atento ao tempo previsto

para sua apresentação.

A oralidade

Embora a modalidade usada nos seminários seja, obviamente, a falada, recomenda-se

que o apresentador evite certos usos da linguagem oral, tais como os marcadores conversacionais

né?, tá?, ahn..., pois, devido ao fato de o seminário ser uma atividade mais formal, tem-se a

predominância da variedade padrão da língua, havendo, assim, certa proximidade com a escrita.

Últimas considerações

- Prepare tudo como se fosse assistir ao seu próprio seminário.

- Prepare tudo como se os ouvintes fossem alunos que nada sabem sobre o conteúdo.

- Não leia fichas apenas, mas apresente após decorar, treinar, ensaiar.

- Ignore o professor e fale para a plateia.

- Jamais apresente o seminário se não estiver a par de todos os tópicos, incluindo o vocabulário (no

caso da literatura, sobretudo o vocabulário do texto).

- Dificuldades enfrentadas pelo grupo podem fazer parte das conclusões.

Trabalho de Pesquisa e Apresentação de Seminário

Tema: (a definir)