material introdução a economia 11º ano ii ciclo ensino geral angola

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Modesto contributo a cadeira de introdução à Economia, 2º Ciclo Ensino Secundário - Angola

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Page 1: Material introdução a economia 11º ano   ii ciclo ensino geral angola

Janísio C. Salomão 1

1. INTRODUÇÃO

Quando se fala sobre a intervenção do Estado na economia, uma prévia

questão é saber que tipo de sistema económico e político se está a considerar.

Trata-se de um regime em que existe propriedade privada ou propriedade

colectiva dos principais meios de produção? Aqui trata-se da intervenção do

Estado em economias capitalistas mistas em que a maior parte dos meios de

produção é privada, mas em que a par do mercado existe um importante sector

público. É no quadro de economias mistas que iremos analisar diferentes

concepções acerca da intervenção do Estado na economia.

Deste modo, priorizei os seguintes pontos:

1. Fazer uma abordagem das principais correntes acerca da intervenção

do Estado no domínio económico, como soluções datadas, ligadas a

certas circunstâncias económicas e sociais;

2. Caracterização das funções do Estado e com maior relevância a função

económica;

3. Por último, políticas de intervenção do Estado na economia.

É de referir que, o objectivo é fazer compreender por um lado, a necessidade

da intervenção do Estado na esfera económica e social e também, por outro

lado, fazer entender a exigência de uma coerência nessa intervenção bem

como a intervenção do cidadão comum, como contribuinte, no processo de

construção da justiça social.

Antes importa também definir “Estado”, pois iremos debruçar – se sobre ele ao

longo dos capítulos em estudo.

1.1 Definição de Estado

Um Estado é uma comunidade organizada politicamente, ocupando um

território definido, (normalmente sob Constituição) e dirigida por um governo;

também possuindo soberania reconhecida internamente e por outros países. O

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reconhecimento da independência de um estado em relação a outros,

permitindo ao primeiro firmar acordos internacionais, é uma condição

fundamental para estabelecimento da soberania. ...

2. Análise dos modelos Liberal e Intervencionista do

Estado

A acção do Estado é cada vez mais observável em todos os domínios da

actividade social. Os jornais e as revistas de todo o tipo noticiam, dia após dia,

com aplauso ou com apreciação crítica, as intervenções deste ou daquele

ministério, desta ou daquela administração municipal. Alguns agentes

económicos acham que a acção do Estado é, como regra, nefasta e

contraproducente, enquanto outros a reclamam ou a acham pouco efectiva e

abrangente.

Se observarmos as medidas de carácter público, mesmo nos anos mais

recentes, constatamos que tem havido uma modificação sensível nas

intervenções do Estado. Os problemas económicos e sociais são hoje diversos

do que era apenas há meia dúzia de anos atrás, e a novas questões há que

adequar novas respostas.

Sendo certo que hoje a necessidade da intervenção do Estado na economia é

um dado aceite e relativamente pacífico, não há perfeita unanimidade quanto à

forma e modalidade dessa mesma intervenção.

Podemos constatar que o Estado intervém em domínios muito diversos

da actividade económica, a seguir apresentamos alguns exemplos:

- Lançamento de impostos progressivos a fim de realizar a redistribuição

de rendimentos e contribuir para uma maior justiça social;

- Fixação da taxa de juro básica da economia (taxa de redesconto) a fim

de a mesma servir de referência para as restantes taxas do sistema

económico;

- Emissão de moeda nas quantidades necessárias e em correspondência

com o valor do produto interno, das importações e das exportações;

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- Definição da política educativa e da política de saúde, e construção das

respectivas infra-estruturas;

- Construção das vias de comunicação mais importantes e das

respectivas estruturas, como pontes e viadutos;

- Políticas de ordenamento do território, florestamento e saneamento

básico;

- Políticas de defesa e de segurança interna

No entanto, no decurso do século XIX, a actividade económica

desenrolava-se sem que o Estado, praticamente, intervisse no seu

funcionamento.

A constatação dessa evolução permite, então, destacar os seguintes conceitos

de estado:

- Estado liberal

- Estado intervencionista.

2.1 ESTADO LIBERAL

No século XIX, a organização política e económica da sociedade

estavam marcadas, em especial, pelos seguintes aspectos:

- Por um lado, o desenvolvimento industrial tinha permitido o

florescimento da actividade económica e o reforço do poder dos empresários.

- Por outro, a Revolução Francesa (1789) tinha instaurado, a nível

político, os regimes democráticos que garantiam as liberdades individuais e a

participação dos cidadãos no poder político (através de eleições).

Este contexto de expansão económica e de difusão das ideias liberais

reflectiu-se nas teorias elaboradas pelos economistas dessa época que,

geralmente, são designados por economistas clássicos. Com efeito, as

teorias económicas desse período partiam do pressuposto que a nova ordem

económica deveria assentar no princípio da liberdade.

Assim para estes economistas (Adam Smith, David Ricardo, Jean-

Batptiste Say…), o indivíduo era soberano e livre, por isso deveria ter

liberdade e iniciativa, isto é, deverá poder utilizar e aplicar livremente os seus

meios de produção na actividade económica. Por outro lado, as empresas

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também deveriam ter liberdade de concorrência; aliás, a livre concorrência

entre as empresas (muitas e pequenas) foi uma característica marcante dessa

época.

Dai a seguinte questão: Mas existindo liberdade de concorrência, como

é que seria assegurado o equilíbrio da actividade económica?

A resposta encontrava-se no mercado. De facto, os mecanismos de

mercado (leis da oferta e da procura) eram auto-reguladores, isto é,

determinavam o que produzir e em que quantidades, as remunerações dos

factores produtivos, etc.

Assim a intervenção do Estado na esfera económica era considerada

inútil, ou mesmo prejudicial, para o seu funcionamento. A sua actuação dever-

se-ia limitar, então, a promover o consenso ao nível da sociedade, de forma a

garantir o desenvolvimento harmonioso da economia. Além disso, poderia

também, regulamentar juridicamente a actividade económica no sentido de

fazer respeitar a livre concorrência, garantir a estabilidade monetária e

orçamental, etc. Esta concepção de Estado costuma designar-se por “Estado

liberal”.

Adam Smith desenvolveu três funções essenciais que devem ser

atribuídos ao “Estado”:

- Proteger a sociedade contra a invasão estrangeira;

- Proteger cada membro da sociedade contra as injustiças que possam

ser cometidas por outros membros,

- Fornecer certas instituições e obras públicas que são do interesse

público, mas que não serão fornecidas pelo mercado.

A primeira função consubstancia-se no que se designa por defesa nacional, e a

sua atribuição ao “Estado”, tem a ver com os benefícios da divisão do trabalho

e com a maior eficácia do desempenho desta função a um nível centralizado do

que a um nível descentralizado. A segunda função, segurança interna e justiça,

são necessárias para preservar a vida e a propriedade privada dos agentes

económicos. Finalmente, quanto à terceira função diz ª Smith: “ o terceiro e o

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ultimo dever da comunidade é o de erigir e manter aquelas instituições públicas

que, apesar de poderem ser vantajosas, em alto grau, para uma grande

sociedade, são de tal natureza que as receitas, nunca poderiam pagar as

despesas de algum indivíduo ou pequeno grupo de indivíduos, e que portanto

não se poderá esperar que um indivíduo ou pequeno grupo de indivíduos

possam erigir ou manter.

Embora o A. Smith não explique porque é que há certas instituições ou obras

que são do interesse geral, mas que os indivíduos (leia-se o mercado) não

conseguem fornecer, está aqui subjacente o conceito contemporâneo de

fracasso do mercado para fornecer bens e serviços públicos.

Pode-se sintetizar a perspectiva de A. Smith dizendo que o papel do Estado se

situa a dois níveis, por um lado criar condições para que os mercados possam

funcionar (defesa contra agressões externas, segurança, defesa da

propriedade), por outro fornecer alguns bens que, mesmo que os mercados

funcionem livremente, nunca serão produzidos. De qualquer modo a razão da

intervenção do Estado tem, sobretudo a ver com a função afectação. Estima-se

que o peso da despesa pública no PIB rondasse os 10%, na época em que o

Adam Smith escreveu a “Riqueza das Nações”.

No entanto isto não significou que o estado se limitasse sempre a ter um papel

passivo em face de actividade económica. Com o efeito, o seu papel

ultrapassou, muitas vezes, em quase todos os países, essa mera regulação da

economia.

É necessário que, antes de fazermos qualquer juízo crítico acerca das ideias

destes notáveis economistas, pensemos que na situação económica então

vigente não se observava ainda qualquer fenómeno de concentração

económica e de sério desvio da concorrência.

O capitalismo fortemente concorrencial estava então imbuído das ideias

políticas surgidas da Revolução e assentava na afirmação dos direitos da

pessoa e das suas liberdades. O lema de Quesnay, “laissez faire, laissez

passer « , significava exactamente essa crença na livre iniciativa.

Sabemos, contudo que se foram a certa altura afirmando outras formas

de mercado.

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2.2 ESTADO INTERVENCIONISTA

No início do século XX, as alterações que se verificaram ao nível da actividade

económica (concentração de empresas, reforço do papel dos sindicatos, etc.),

a 1ºGuerra Mundial (1914-1918) e, posteriormente, a Grande Depressão de

1929/30 obrigaram o estado a intervir directamente na economia.

De facto nos países afectados pela guerra, o Estado desempenhou um papel

muito importante na reconstrução económica. Também a grande crise

económica (1929/30) só pode ser ultrapassada recorrendo a um conjunto de

medidas que obrigaram a intervenção directa do Estado na actividade

económica.

Esta alteração do papel do Estado é perspectivada teoricamente pelo

economista inglês John Maynard Keynes. Com efeito, no seu livro Teoria Geral

do Emprego, do Juro e da Moeda, defende que o estado não devera continuar

a ter um papel mínimo no desenrolar da actividade económica, pelo contrario,

ele deverá intervir em áreas especificas da economia, tais como investimento,

o emprego, o consumo, etc. Esta concepção de Estado costuma, geralmente,

designar-se por Estado intervencionista.

3. AS FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

PRECONIZADAS POR KEYNES.

Partindo da constatação de que a teoria clássica de equilíbrio era inoperante

para assegurar o pleno emprego, Keynes propõe uma intervenção directa do

Estado para combater a crise.

Segundo Keynes, o nível de emprego depende, principalmente, da procura

efectiva (se a procura diminui, a produção não é vendida, logo algumas

empresas têm de encerrar as suas portas). Assim, convém que o Estado

intervenha directamente através do aumento das despesas públicas, por

exemplo, fomentando obras públicas que criem empregos, e indirectamente

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actuando nas funções de consumo e de investimento, por exemplo, através da

concessão de crédito.

Keynes constatou, também, que o rendimento disponível das categorias sociais

mais desfavorecidas não é suficiente para a satisfação das suas necessidades.

Assim, consideraram necessário ligar à política de intervenção económica e

uma politica social de redução das desigualdades. A realização dessa política

deveria passar pelo o aumento significativo dos rendimentos dos mais

desfavorecidos e por uma reforma fiscal.

Quanto a função de investimento, Keynes sugere uma política de crédito

abundante e com juros convidativos, bem como um apoio directo por parte do

Estado, o que poderá mesmo significar que este tome a seu cargo certas

actividades produtivas.

Desta forma, o Estado deixou de assegurar apenas a segurança interna e

externa da comunidade no plano político. De facto, ao procurar compatibilizar o

pleno emprego com o crescimento económico e com a justiça social, o Estado

pretende também garantir a segurança económica e social dos cidadãos. Por

este motivo, esta concepção de Estado também se costuma designar por

Estado Providência.

A partir da 2ºGuera Mundial (1939-45), a intervenção do Estado na economia

foi reforçada, com maior ou menor intensidade, em quase todos países de

economia de mercado. Aliás, essa maior intervenção concretizou-se pela

utilização de um conjunto de instrumentos específicos, dos quais destacaremos

os seguintes:

1. Estabelecimento de políticas económicas – com o objectivo de

controlar, por exemplo, os preços, as taxas de juro, o emprego, etc;

2. Produção de bens e serviços não comercializáveis (defesa, justiça,

educação, etc.); ou comercializáveis, por exemplo, através de empresas

públicas (telecomunicações, transporte, etc.);

3. Elaboração de planos indicativos para o sector privado – de forma

a reduzir a incerteza dos investimentos e a definir os sectores prioritários

para o desenvolvimento económico; etc.

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Mas o Estado, de uma maneira geral, tem procurado sempre encorajar a

iniciativa privada, fornecendo-lhe as infra-estruturas de que necessita a baixos

preços, concedendo-lhe subsídios ou incentivos fiscais, etc; e mesmo quando

intervém na produção, fá-lo prioritariamente em sectores não rentáveis para a

iniciativa privada (por exemplo, nos transportes públicos urbanos).

Depois da 2ºGuerra Mundial (1939-45), a economia mundial registou uma

expansão generalizada que terminou bruscamente com o choque petrolífero de

1973. A partir desta época começaram a verificarem-se os sintomas de uma

crise económica (abrandamento do crescimento económico e do comércio

internacional, aumento do número de desempregados, estagflação, etc.) e de

uma crise financeira (quedas nas bolsas, aumento das taxas de juro, etc.).

O choque petrolífero de 1979 marca uma nova fase dessa crise.

Assim os instrumentos de intervenção económica utilizados pelo Estado

revelaram-se ineficazes para resolver a crise e, ele próprio, entra também em

crise. Essa crise tem assumido diversas formas, das quais se destaca a

seguinte:

Crise financeira: O abrandamento do crescimento económico tem

implicado o aumento do desemprego, que, por sua vez, tem provocado uma

diminuição das receitas do Estado e um acréscimo das despesas de protecção

social;

Crise de eficácia: Os recursos públicos são aplicados na prestação de

serviços à sociedade, mas algumas desigualdades que o Estado providência

se tinha proposto fazer desaparecer, persistem;

Crise de legitimidade; algumas correntes de opinião começam a por

em causa a forma como tem sido levada a cabo pelo o Estado a redistribuição

dos rendimentos.

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4. CARACTERIZAÇÃO DAS FUNÇÕES DO ESTADO

As funções do estado assumem aspectos diferentes consoante o papel que

este desempenha na sociedade. Por exemplo, enquanto o Estado liberal se

limitava a ser um mero árbitro da actividade económica, o Estado Providência

intervém directamente na economia.

Assim, dada esta diversidade e concepção do Estado, será muito difícil definir

com precisão a natureza e as funções deste de forma a construir uma tipologia

de classificação das suas funções que se aplique em qualquer momento e em

qualquer tipo de sociedade.

No entanto, há autores que, baseando-se na divisão tradicional dos poderes

do Estado, fazem corresponder a cada poder a respectiva função, ou seja, a

função legislativa, a função executiva e a função judicial. Esta é a divisão

clássica das funções do Estado.

5. FUNÇÕES DO ESTADO

Actualmente o Estado intervém em todos os domínios da vida da sociedade.

Com efeito, para garantir a segurança política, económica e social dos

cidadãos tem de levar a cabo um conjunto de acções no domínio político, social

económico, etc.

Pode-se então, agrupar as funções desempenhadas pelo Estado,

nomeadamente em funções políticas, sociais e económicas.

Obs: Convém, no entanto referir, que estas funções não se podem isolar uma

das outras, pois elas interagem entre si e contribuem em simultâneo para a

realização do objectivo último do Estado que é manter o pleno emprego, a par

do crescimento económico e de uma maior justiça social.

5.1 Funções políticas

O Estado para garantir a segurança política dos cidadãos, tem de manter a

ordem social. Para atingir este objectivo, o Estado dispõem de um conjunto de

instituições (polícia, exército, tribunais, etc.) que asseguram por meio da força

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quer a manutenção da ordem a nível interno, quer a integridade do próprio

território.

Mas a manutenção da ordem social inclui também a produção de legislação (da

qual o Estado detém o monopólio) que permita atingir o consenso social. A

obtenção deste consenso poderá exigir também que o Estado participe

ao nível das negociações colectivas de trabalho, legitimando-as e promovendo,

assim, a integração dos parceiros sociais.

5.2 Funções sociais

O Estado, para promover o bem-estar social da comunidade, deverá:

Proteger os indivíduos dos riscos decorrentes da sua actividade

(desemprego, doenças, acidentes, idade, etc.)

Garantir uma maior justiça social através de uma distribuição mais

equilibrada dos rendimentos;

Satisfazer as necessidades colectivas; etc.

5.3 Funções económicas (de maior interesse para o

respectivo trabalho)

Incluem-se nas funções económicas, apenas aquelas que dizem respeito a

intervenção directa do Estado na economia. Assim, a principal função do

estado neste âmbito consiste em estabilizar a actividade económica por forma

a tentar evitar e corrigir desequilíbrios que possam provocar uma crise

económica, isto é assegurar o crescimento, o pleno emprego, a estabilidade

dos preços e o equilíbrio das relações comerciais com o exterior.

Para realizar com eficácia esta função o Estado deverá:

Fixar as metas que pretende atingir (por exemplo, o crescimento da

produção deverá ser de x % por ano);

Escolher os meios que poderá utilizar para atingir essas metas

(objectivos).

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O Estado para atingir esses objectivo, dispõem de um leque de meios ou

instrumentos de intervenção na actividade económica, que pode accionar em

qualquer momento. Entre eles podemos destacar o seguinte:

Regulamentação jurídica da actividade económica;

Elaboração de planos reguladores da economia;

Produção de bens e serviços para satisfazer necessidades colectivas ou

para serem comercializados (empresas públicas); etc.

Sintetizarei, então, as funções do Estado da seguinte forma:

Políticas – garantir a ordem social, a integridade do território, etc.

Sociais – promover a protecção individual e justiça social, etc.

Económicas – estabilizar a economia, assegurar o crescimento

económico, etc.

6. O Sector público administrativo e o sector Empresarial do

Estado

O sector público administrativo engloba todas as actividades prosseguidas pela

chamada administração pública (central, regional e local).

Trata-se de múltiplas actividades prosseguidas pelos Ministérios, órgãos de

coordenação Regional e Autarquias. Para tal o Estado obtém recursos, através

de imposto, que gere e aplica em despesas públicas de natureza diversa. Por

exemplo:

FUNÇÕES

DO

ESTADO

POLÍTICAS

SOCIAIS

ECONÓMICA

S

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Janísio C. Salomão 12

- O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações

planeiam, obtém financiamentos e executa todo o tipo de obras

públicas, como pontes, estradas, vias ferroviárias e respectivo

equipamento, telecomunicações, etc.

- O Ministério da Saúde coordena toda a política relativa a construção

de hospitais, à formação e gestão dos recursos humanos

necessários ao seu funcionamento (médicos, enfermeiros, etc.) e ao

respectivo equipamento, bem como todas as acções respeitante à

assistência na doença e à comparticipação medicamentosa;

- O Ministério da Educação estabelece a política educativa, os

programas e currículos escolares, a contratação e formação de

professores, tendo ainda a seu cargo a construção de edifícios

universitários e escolas e a política desportiva;

- O Ministério do Comércio e Turismo procura regular o funcionamento

dos mercados e estabelecer uma correcta política de concorrência,

além de apoiar e regular a actividade turística;

- O Ministério da Administração Interna zela pela segurança interna

dos cidadãos, tendo a seu cargo a formação dos corpos de polícia,

bem como a segurança das fronteiras, o serviço nacional de

bombeiros e a protecção civil do território;

- O Ministério do Emprego e Segurança Social disciplina a política de

emprego e de formação profissional.

Não se indicou os outros ministérios de Estado, pois não é meu objectivo ser

exaustivo, mas sim meramente exemplificativo, não se atendendo igualmente à

alterações recente de algumas designações, para a nossa realidade.

Por outro lado, o Estado também pode produzir bens e serviços

comercializáveis que, por vezes, entram em concorrência com os dos outros

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Janísio C. Salomão 13

sectores da propriedade privada. Esta produção é realizada pelas empresas

públicas, as quais constituem o sector empresarial do Estado.

6.1 Sector Empresarial do Estado

A nacionalização de propriedade consiste na privatização de bens privados e

que passam a ser bens públicos (bens do Estado). Ou ainda, consiste na

passagem da propriedade do capital para as mãos do Estado, com ou sem

indemnização aos anteriores proprietários.

As razões das nacionalizações são de vária ordem, política, económica e

financeira, como por exemplo:

Necessidade de controlar o sector básico da economia

Ex.: a grande importância que uma firma privada tem para o país e que não

deve ficar sob tutela do privado, quando, este, persegue objectivos pessoais

(maximização do lucro) em detrimento da sociedade.

A má administração ou lapidação (degradação) do património público ou

ainda o boicote dos objectivos económicos do Estado por parte dos seus

agentes privados.

Quando uma empresa privada é considerada como estratégica para o país e

que se encontra em falência, deve ser nacionalizada de forma a evitar

desemprego maciço.

Retirar o poder económico a certos grupos empresariais privadas, em

favor do poder político (Estado).

Intervir em certas actividades privadas, que não satisfazem

necessidades colectivas ou que busquem lucros fáceis e excessivos, em nítido

prejuízo dos interesses colectivo.

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Janísio C. Salomão 14

6.2 CONFISCO DE PROPRIEDADE

É um acto do Estado, que consiste na privação (expropriação) do bem privado,

de forma completo, forçado e perpétuo, em favor do Estado e por razões legais

e/ou ilegais.

Obs: A Nacionalização de propriedade tem como objecto o activo ou património

duma propriedade, enquanto que o confisco tem como objecto, o activo fixo

corpóreo.

O sector empresarial do Estado pode ter uma importância significativa na

actividade económica, que é tanto maior, quanto mais elevado for o seu peso

na economia. Por exemplo, ao fomentar a produção em determinadas áreas

pouco atractivas para a iniciativa privada, o sector público está a incentivar o

emprego, o investimento, o consumo, etc., contribuindo, assim, para a

manutenção do equilíbrio global da economia.

O processo de nacionalizações atingiu uma relativa importância nalgumas

economias de mercado, no período após a 2º Guerra Mundial, pois a

reconstrução da economia exigia a intervenção directa do Estado no processo

produtivo.

7. ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO

O Orçamento de Estado – É uma previsão, em regra anual, das despesas a

realizar pelo Estado e dos processos de as cobrir, incorporando a autorização

concedida à Administração Financeira para cobrar receitas e realizar despesas

e limitando os poderes financeiros da Administração em cada período anual (A.

Sousa Franco).

Ou, Sabendo que o Estado realiza despesas no sentido de servir a

colectividade ao decidir as actividades a concretizar prevê a fixa o montante de

despesas que ira efectivar, assim, a Administração através do governo

compete elaborar um documento onde sejam previstas as receitas e as

despesas do estado para um determinado período de tempo, geralmente um

ano.

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O Orçamento do Estado comporta três elementos: económico (uma vez que

estamos perante uma previsão de gestão orçamental - tratando-se de um plano

financeiro); político (já que é uma autorização política da Assembleia da

República - tratando-se de uma competência indelegável no Governo, que

apenas detém o poder de execução orçamental) e jurídico (uma vez que é o

instrumento pelo qual se processa a limitação de poderes dos órgãos da

Administração no domínio financeiro).

7.1 DESPESAS E RECEITAS PÚBLICAS

Já verificamos que o estado proporciona aos cidadãos inúmeros serviços que

satisfazem necessidades colectivas naturalmente a prestação destes serviços

de utilidade pública requer a realização de gastos com o pessoal, instalações

material, etc. Estes gastos representam as despesas públicas.

De outro modo a actividade social do estado exige que sejam arrecadadas

algumas receitas, esta arrecadação representam as receitas públicas.

Entre as receitas que o estado pode dispor para fazer face as despesas

realizadas com os serviços de utilidade pública podem ser:

1. Receitas patrimoniais ou voluntárias

2. Receitas coactivas

3. Receitas creditícias

Receitas patrimoniais ou voluntárias

Estas receitas correspondem ao valor a venda do Estado aos particulares

que de alguma parte no seu património como seja as resultantes da exploração

das matas nacionais, da venda ou aluguer de edifícios ou terrenos do estado, e

naturalmente as receitas provenientes do sector empresarial.

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Receitas coactivas

As receitas coactivas são fixadas geralmente por via legislativa não resultante

de qualquer acordo ou negociação travado entre os particulares e o estado.

Estas

receitas são prestações pecuniárias que têm que se submetera essas

exigências. Deste tipo de receitas são exemplo as taxas e os impostos.

Todavia, sendo prestações pecuniárias exigidas pelo estado as taxas diferem-

se do imposto, sendo estas correspondentes ao pagamento de um serviço

prestado pelo estado enquanto que o imposto não tem por suporte qualquer

prestação do estado aos particulares.

São exemplo de taxas os preços dos passaporte o imposto de justiça, etc.

pagamentos feitos pelos utentes pela utilização d certos serviços públicos. Por

outro lado o imposto traduz-se numa prestação em dinheiro que é exigida

coactivamente pelo estado sem que o estado se obrigue a contraprestação,

podendo este ser directo ou indirecto.

Chamam-se imposto directo – aquele que incidem sobre os rendimentos

obtidos pelos contribuintes isto é sobre uma matéria colectável perfeitamente

determinada. Ex: os rendimentos pessoais.

Chamam-se imposto indirecto – aqueles que incidem sobre os rendimentos

utilizados, ou seja sobre uma matéria colectável e indirectamente

indeterminada. Ex: uma viatura, despesas, etc.

Receitas creditícias

Naturalmente pode acontecer que o estado não consiga a partir dos impostos e

das receitas patrimoniais, todos os rendimentos de que necessita para fazer

face as despesas públicas, neste caso, o estado é forçado a recorrer aos

empréstimos que contrai junto dos particulares, originando assim a divida

pública interna ou externa.

Como é naturalmente o recurso ao crédito não é uma medida económica

financeira saudável pois acarreta o pagamento de juros.

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Janísio C. Salomão 17

Por esta razão o recurso ao crédito deverá revestir-se de carácter excepcional

acontecendo que em determinados casos o governo só pode contrair estes

empréstimos depois de devidamente autorizado pela Assembleia da República.

8. POLÍTICAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

O Estado, para levar a cabo os objectivos que se propõe atingir, põe em prática

políticas de intervenção na actividade económica e social. Dai que se possa

falar em: políticas económicas e políticas sociais.

8.1 Políticas económicas

As políticas económicas traduzem a vontade dos poderes públicos em

modificar a situação económica.

Parte-se do princípio que os comportamentos dos agentes económicos, o

funcionamento do mercado, etc., são insuficientes para regular a actividade

económica; daí a necessidade de intervenção do Estado.

A fixação de qualquer política económica exige a definição de uma estratégia,

que deve:

- Fixar os objectivos a atingir, por exemplo, estabilizar os preços,

influenciar a repartição dos rendimentos, combater a inflação,

satisfazer as necessidades colectivas, etc.

- Estabelecer uma hierarquia entre os objectivos;

- Analisar as relações entre os objectivos escolhidos;

- Escolher os meios (ou instrumentos) a utilizar para alcançar os

objectivos.

9. GRANDES TIPOS DE POLÍTICAS ECONÓMICAS

9.1 Políticas conjunturais

Têm por objectivo corrigir, em curto prazo, os desequilíbrios que podem pôr

em causa os objectivos fixados.

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9.2 Políticas estruturais

Têm por objectivo modificar, em longo prazo, as estruturas de base do

funcionamento da economia.

Os dois tipos de políticas económicas podem ser levados a cabo em sectores

ou áreas específicas da economia:

Políticas Económicas (conjunturais e estruturais) sectoriais:

Agrícola

Industrial

Comercial

Em áreas específicas:

Monetária, orçamental, fiscal, de rendimentos, de repartição dos

rendimentos, de emprego, etc.

9.3 Políticas sociais

As políticas sociais são um conjunto de instrumentos que o Estado e outras

entidades públicas utilizam para corrigir desigualdades sociais e para garantir a

toda a população bens essenciais.

As políticas sociais têm dois objectivos:

Cobrir os riscos (doença, desemprego, etc.) e certos encargos, por

exemplo, casamento, aleitação, etc., a que os indivíduos estão sujeitos;

Satisfazer as necessidades colectivas (educação, saúde, etc.).

Quanto ao primeiro objectivo, o Estado assegura através de sistema de

Segurança Social, um conjunto de prestações sociais à colectividade, por

exemplo, reformas, subsídios de desemprego, pensões, abonos,

comparticipação na assistência médica, etc.).

Mas na protecção social dos indivíduos assume também grande importância a

acção do Estado, enquanto agente regulador das relações de trabalho.

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Janísio C. Salomão 19

Relativamente ao segundo objectivo, o Estado procura garantir gratuitamente,

alguns serviços essenciais à comunidade.

O Estado também pode levar a cabo políticas sociais noutras áreas, tais como,

a criação de infra-estruturas, a promoção da habitação social, a defesa do meio

ambiente, etc.

Por outro lado, alguns grupos sociais específicos têm sido alvo de atenção

especial por parte dos poderes públicos, nomeadamente, a juventude e a

terceira idade.

De facto, à juventude deverá ser possibilitada uma educação/formação que

permita o pleno desenvolvimento das suas capacidades individuais, bem como

a adaptação às exigências do mercado de trabalho e da vida em geral.

Relativamente à terceira idade, o Estado deverá garantir, por exemplo, uma

reforma justa, a assistência médica gratuita, a criação de centros de apoio, etc.

Portanto, pode-se, então afirmar que as políticas sociais têm por objectivo

promover uma maior justiça social. A administração ao afectar a maior parte

dos seus recursos às transferências sociais (prestações sociais e serviços

gratuitos), vai dar origem a uma transferência de rendimentos dos grupos mais

favorecidos para os mais pobres. O domínio do económico e do social estão

cada vez mais interligados na definição das políticas do Estado, por tal forma

que não é possível hoje formular a política económica esquecendo a vertente

social.

10. NOTAS CONCLUSIVAS:

Depois dos conteúdos abordados ao longo dos temas em estudo, chego assim

as seguintes conclusões:

1. Embora o mecanismo do mercado seja uma forma excelente de produzir

e alocar bens, por vezes as falhas do mercado levam a falhas no

resultado económico. Os governos poderão intervir para corrigir essas

falhas, pois, o papel do governo numa economia moderna é assegurar a

eficiência, corrigir uma repartição do rendimento injusta e promover o

crescimento e a estabilidade económicos.

Page 20: Material introdução a economia 11º ano   ii ciclo ensino geral angola

Janísio C. Salomão 20

2. Os mercados falham na a locação eficiente de recursos quando existe

concorrência imperfeita ou externalidades. A concorrência imperfeita,

como o monopólio, origina preços elevados e níveis de produção baixos.

Para combater estas situações, o governo deverá regulamentar as

actividades ou fixar leis que restringem o comportamento das empresas.

Quanto as externalidades, que são custos ou benefícios impostas pelas

actividades das empresas aos indivíduos e que não são pagos no

mercado, os governos deverão intervir com a regulação dessas

externalidades, como o faz com a poluição atmosférica, ou com o

fornecimento de bens públicos.

3. Os mercados não proporcionam necessariamente uma repartição justa

do rendimento; podem dar origem a níveis inaceitáveis de desigualdade

do rendimento e do consumo. Em resposta, os governos podem alterar

os padrões de rendimento resultantes dos salários, rendas, juros e

dividendos do mercado. Os governos usam os impostos para aumentar

as receitas destinadas a transferências ou a programas de apoio a

rendimento para segurança financeira dos necessitados.