medicina veterinária em portugal exigência de conceitos e respeito pelo animal de companhia
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Medicina veterinária em Portugal: exigência de conceitos e respeito
pelo animal de companhia
Curso de Auxiliar de Veterinária2010
O animal doméstico em Portugal é considerado por lei uma coisa, pertença do seu dono, como um móvel ou uma peça de
roupa.
Paradoxo: perante esta realidade, o florescimento de clínicas e hospitais
veterinários tem vindo a crescer e a prática deste tipo de medicina ultrapassa os
valores encontrados em medicina humana.
A realidade em Portugal
Os direitos dos animais
Consagrados na Declaração Universal dos Direitos dos Animais,
proclamada pela UNESCO em sessão realizada em Bruxelas a 27 de Janeiro
de 1978 e assinada por Portugal.
O papel do Auxiliar de Veterinária no bom desempenho de uma clínica
Quando o cliente entra pela primeira vez com o seu animal de estimação numa clínica, traz consigo o estatuto
de observador.
Espera que:Tudo que o rodeia esteja limpo;Quem o atende seja simpático e
transmita uma imagem de segurança ao lidar com o seu animal;Todas as perguntas sejam
respondidas com profissionalismo e rapidez;O tempo de espera para consulta seja
em ambiente agradável.
Tudo aquilo que o cliente vir da primera vez que for à clínica, será
transmitido aos seus amigos e conhecidos e ficará gravado na sua
memória para sempre.
Um auxiliar competente deverá informar o proprietário do animal sobre:
Nunca deixar de o desparasitar e vacinar;Colocar-lhe o microchip (que é de registo
obrigatório);Recenseá-lo na sua Junta de Freguesia;Castrá-lo em idade própria (explicando as
vantagens da cirurgia);Não andar com ele sem trela (informando-o
do que a lei prevê como multa);Precaver que ele não fuja de casa;Como deverá proceder em caso de
desaparecimento ou fuga;Nunca o abandonar.
Acima de tudo,um auxiliar de veterinária deve ser capaz de, em dias em que a
Clínica está cheia e com casos urgentes a resolver, ter sangue frio,
capacidade de raciocínio, pró-actividade e muita paciência.
Um estudo realizado pelo médico veterinário, Dr. Fernando Rodrigues,
avaliou a disponibilidade da população para a esterilização dos seus animais.
Foram inquiridos 1219 proprietários de cães e 197 clínicas veterinárias,
através de um total de 1416 questionários preenchidos.
Castração esterilização
Resultados:
Animais esterilizados4,9%
Machos 1%
Fêmeas 10,5%
Proprietários que desconhecem as vantagens da esterilização 48,6%
Opõem-se à esterilização por a considerar errada e antinatural 28,9%
Esterilização e cancro mamárioNeste estudo foi feita a avaliação física para
diagnosticar nódulos sugestivos de tumor mamário.
50% dos tumores diagnosticados em cadelas são neoplasias mamárias;
50% desses tumores são malignos;
80% de taxa de mortalidade.
Esterilização e risco e incidência de tumores mamários
Idade da Esterilização Risco de Incidência
Antes do primeiro ciclo éstrico 0,5%
Antes do segundo ciclo éstrico 8%
Depois do segundo ciclo éstrico 26%
Depois dos dois anos e meio de idade Efeito nulo
Razões para não esterilizar
Num universo de 58 razões, num total de 1126 respostas, as 4 mais frequentes:
“Não sai à rua, está preso” – 17% (192)“Não sei o que isso é” – 12% (136)“Não pensei nisso” – 11,3% (127)“Pretendo fazer criação” – 11,1% (125)
Motivos para a não esterilização (resposta por grupos)
Principais razões para a não
esterilização dos animais
(Total :1126)
Desnecessário 28,3% (319)Desconhecimento 21,4% (241)Quer reproduzir (criação) 13,6% (153)Não ponderam ainda esterilizar 12,1 (136)Não concorda / acha errado 7,2% (81)Motivos económicos 4,4% (50)Acha a idade do animal inadequada 4% (45)Usa contraceptivos (pílula) 3,3% (37)Não quer esterilizar 1,9% (21)Acha que prejudica o animal 0,9% (10)Falta de tempo 0,8% (9)Outros motivos 2,1% (24)
Esterilização benéfica
Principais razões apontadas para a esterilização ser
benéfica
Total :226
(5 não indicaram motivo)
Evita reprodução 33,1% (89)
Há mais controlo e menos “chatices”
14,1% (38)
Ficam mais calmos 13,4% (36)
Evita o cio 12,3% (33)
Diminui o abandono 11,9% (32)
Bom para a saúde 7,8% (21)
Fogem menos 5,6% (15)
Outras razões 1,9% (5)
Porquê Esterilizar?
.Nas fêmeas previne:- Doenças sexualmente transmissíveis e
incuráveis, infecções uterinas graves, cancro,gravidez psicológica e cios.Nos machos previne:- Lutas provocadas pela disputa de fêmeas e
determinados comportamentos agressivos.
Porque devemos esterilizar os nossos animais
Em Portugal estima-se que o número de animais errantes eutanasiados em canis municipais deve ascender a um valor próximo de 100.000 por ano!!
São gastos 6 milhões de euros por ano, na captura e abate desses animais.
O que é a esterilização
Trata-se de uma cirurgia simples, de recuperação rápida.
Castração do macho: orquiectomia
Através de uma pequena incisão são retirados os testículos
Castração de um gato
Castração da fêmea: ovário-histerectomia
Na fêmea sãoretirados o útero
e os ovários.
Idade adequada para castrar/ esterilizar
Cadelas: antes do primeiro cioCães: idade adultaGatas: 5 mesesGatos: 8-9 meses
Fonte: American Humane Association
O fantasma da esterilização
Um animal submetido a este
procedimento pode fazer uma vida completamente
normal e viver até mais feliz.
O preço de uma castração
Os custos que uma ninhada acarreta podem ser superiores aos custos de uma castração.À excepção de Valongo, em Portugal não
se fazem castrações a “low cost”e os custos são demasiado altos para se pretender que os donos façam castração aos seus animais.
Os esforços educacionais devem ser dirigidos aos mais jovens no sentido de
que estes compreendam esta problemática, sendo-lhes incutida a
necessidade de evitarem ou recusarem a compra de animais, dando preferência à
sua adopção em centros de recolha.
A sensibilização das crianças e dos jovens através de campanhas nas escolas e visitas às clínicas veterinárias, dará mais tarde frutos em relação ao respeito que os animais nos merecem.
Curiosidades
75,7% dos proprietários de animais não recolhem as fezes dos mesmos, quando os
passeiam.
As fêmeas masculinizadas são as que levantam a patinha para urinar, “montam” noutros cães e
pessoas e apresentam uma dominância exacerbada.
John Fisher, treinador e comportamentalista inglês.
Agradecimentos
Com este trabalho queremos dizer “muito obrigada” a todos os veterinários que
dedicam parte do seu tempo e dinheiro a castrar animais de rua abandonados, sem
cobrarem nada por isso.
Referências• Campbell, William E. (s.d.). Behaviour problems in dogs• Fogle, Bruce (s.d.). The dog’s mind• Hopkins, Sharon G., Shubert, Thomas A., Hart,
Benjamin L. (s.d.). Castration of adult male dogs: effects on roaming, aggression, urine marking and mounting
• Rodrigues, Fernando Miguel da Costa ( ). Estudo prévio para a implantação de um programa de controlo de reprodução em canídeos
• Whitney, Leon F. (s.d.). Dog psychology
O Grupo
Aldina TeixeiraDaniela Santos
Isabel Segadães