memórias de um tempo_saneamento básico_tratamento do esgoto_bagé
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Na semana passada, neste espaço,
contei como conquistamos os primeiros
R$ 600 mil reais que investimos em
saneamento básico em Bagé nos dois
mandatos em que estive à frente da
Prefeitura de Bagé.
Hoje, vou falar das estratégias que
montamos para viabilizar o conjunto de
projetos que tocamos nesta área,
consolidando o maior volume de
investimentos que a nossa cidade recebeu
em saneamento, ao criar condições para
ampliar sua capacidade de tratamento do
zero para 80% e de recolhimento de 30%
para o mesmo percentual de esgoto
tratado.Não dispúnhamos de recursos para
este grande investimento. Tínhamos que
captar e nos preparar para bancar as
contrapartidas. Por isso foi fundamental a
criação do que denominamos de "novo
Daeb", autarquia que remodelamos
completamente visando a sua
profissionalização. Deste tema, falarei na
próxima semana. Sob a coordenação
competente da Estefanía Damboriarena, a
boa gestão garantiu, em recursos próprios
do Daeb, mais de R$ 6 milhões que foram
necessários para as contrapartidas que
viabilizaram execução dos projetos de
recolhimento e tratamento do esgoto.
Memórias de um tempo
A ajuda que veio dos "hermanos" uruguaios
Investimos nos mais variados
segmentos de responsabilidade do
município, como alguns trechos de
asfaltos, mas a nossa prioridade, que
centralizava todas as nossas energias, era
o saneamento. Nossa concepção era de
que além de importante para o meio
ambiente, para a saúde pública e
melhorador da qualidade de vida das
pessoas, ampliar a coleta de esgotos e
trata-lo para devolvê-lo à natureza com o
menor impacto possível também tinha um
viés estruturante. Ao fim das obras, tenho
certeza de que o Bagé ficará muito
semelhante ao Rio Camaquã,
especialmente na sua parte alta. E por
falar em Camaquã, tenho sido parceiro do
prefeito Alfredo Borges, de Lavras do Sul,
para viabilizar o tratamento de esgotos do
município, contribuindo para despoluir o
rio no trecho urbano da cidade vizinha.Uma das estratégias montada contou
com a participação dos intendentes
uruguaios de Rivera, Tabaré Vieira, e de
Cerro Largo, Coronel Barreiro. Articulei
com estes meus amigos, cujos
departamentos são divididos pelo Rio
Negro, rio que recebe as águas do Arroio
Bagé que, por sua vez, recebia todo o
esgoto da zona urbana do município,
declarações atestando que o principal
curso de água do Uruguai estava sendo
poluído por nosso arroio. Apresentei estes
documentos a então ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva quando ela esteve
em Bagé para oficializar o reconhecimento
do Pampa como um dos biomas do Brasil.Pouco tempo depois, em visita ao seu
colega uruguaio, Marina recebeu também
o apelo para que, a partir das relações do
Mercosul, contribuísse para encontrar
uma solução para o problema. Ganhamos,
então, o apoio do Ministério do Meio
Ambiente, que referendou a liberação de
R$ 3,5 milhões pela Agência Nacional de
Águas (ANA), coordenada na ocasião pelo
José Machado, que foi deputado federal
junto comigo, para que construíssemos o
nosso Plano Diretor de Saneamento
Ambiental e cerca de 60% para obras de
saneamento.Com o estudo montamos o nosso
projeto de saneamento básico e partimos
para a captação de verbas que, nesta
época, já eram abundantes no governo do
Memórias de um tempo
presidente Lula, via o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). Nesta
primeira fase, iniciada em 2003, em que
investimos na construção de redes
coletoras em dez bairros e construção de
26 estações de tratamento, chegamos a
52,7% de esgoto recolhido e 19,7%
tratado. Os bairros beneficiados foram Vila
Brasil, Passo do Onze, COHAB, São
Bernardo, Ipiranga, Pedra Branca,
Malafaia, São Domingos, São Martins e
Vila Gaúcha. Em 2008, quando saímos da
prefeitura, deixamos obras em andamento
e mais 18 milhões do PAC, com o que
seria possível atingir 80% de coleta e
tratamento. Deixamos em andamento as
obras dos bairros Parque Marília, Dois
Irmãos, Estrela Dalva, Popular, Ivone,
Alcides Almeida, Mingote Paiva e Castro
Alves.Uma das ações previstas seria a
interceptação de todo esgoto antes dos
arroios e encaminhamento para estação
de bombeamento atrás do Cemitério e
para estação de tratamento antes de
seguir pelo Bagé para o Rio Negro.
O carro estragou
Para inaugurar a obra do primeiro
bairro em que concluímos, o Pedras
Brancas, convidamos o companheiro
Olívio Dutra, à época Ministro das
Cidades. Era o ano de 2003. Faceiro com
a conquista resolvi tirar da garagem o
velho Galaxie Landau, carro doado ao
município pelo Governo Federal nos anos
Memórias de um tempo
*Esse texto faz parte de Memórias de Um Tempo, uma série publicada no Jornal Minuano de Bagé, em que procurei resgatar fatos de nossa gestão de oito anos na Prefeitura Municipal.
80, na primeira gestão do ex-prefeito
Carlos Azambuja e que, em nossa gestão
foi utilizado raras vezes. Com o Roberto
Rivelino à direção, embarcamos com o
Olívio para a zona leste da cidade.
Cerimônia concluída, tomamos o carro
novamente. Eis que ele apresenta uma
falha e apaga. Terminamos a história com
o ministro, eu e outras pessoas que ali
estavam, empurrando o Landau para que
ele "pegasse" novamente.