memórias póstumas de brás cubas

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Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis 3º ANO

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Memórias Póstumas de Brás Cubas

Machado de Assis

3º ANO

• O psicologismo.

• O pessimismo

• Ironia: a crítica dos costumes.

• A ruptura com a narrativa cronológica.

• O diálogo com o leitor.

O Autor

Senão do livro

Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente,

expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da

eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício

grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor.

• A descrições dos objetos se limitam ao funcional.

• O estilo culto > exige a compreensão do leitor.

• A interpolação de episódio > afasta-se do tema central.

• A metalinguagem.

Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver

dedico como saudosa lembrança estas MEMÓRIAS PÓSTUMAS

Foco narrativo: 1ª pessoa > defunto-autor.

O romance tradicional é posto em elipse.

“A pena da galhofa e a tinta da melancolia”

A proposta da obra: a vida igual a zero.

Obs: A narrativa obedece aos vaivéns da memória do narrador.

“Machado de Assis inventou o narrador que, estando morto, ironiza a si mesmo enquanto

conta a sua história.”

Daniel Piza

Óbito do autor: o início pela morte. Velório Discurso Virgília

A ideia fixa: o emplasto Curar a melancolia do mundo. vaidade – fama.

“Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu

principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais, mostradores, folhetos, esquinas, e enfim nas caixinhas do remédio, estas três palavras:

Emplasto Brás Cubas. Para que negá-lo?”

O delírio: encontro com Pandora. A origem dos séculos. A caixa com os bens e os males do mundo.

O Menino é pai do homem

• A infância: menino diabo.• O retrato da mãe e do pai.• Dr. Vilaça e Dona Eusébia.

A crítica ao Romantismo

Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com eles nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros.

Marcela

“De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo.”

“Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, ela morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, - uma pérola.”

“Via-a sair de uma cadeirinha, airosa e vistosa, um corpo esbelto, ondulante, um desgarre, alguma coisa que nunca achara nas mulheres puras.”

Uma reflexão imoral

“Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações.”

“...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos réis; nada menos.”

A viagem à Europa

•Faculdade de Direito.•Passeios.

A volta ao Brasil

•A morte da mãe.•Reflexões sobre a vida e a morte.

“Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto.

O Período na Tijuca

•O encontro com Dona Eusébia: conhece Eugênia.

•O passeio na chácara e a descoberta.

• A borboleta preta > associação com o estado físico de Eugênia.

•A reflexão sobre as botas apertadas.

O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e

coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? por que coxa, se bonita? Tal era

a pergunta que eu vinha fazendo a mim mesmo ao voltar para casa, de noite, e não atinava com a

solução do enigma.

Virgília

Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; e era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza,

entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saia das mãos

da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins

secretos da criação.

“Olha que os homens valem por diferentes modos, e que o mais seguro de todos é valer pela opinião dos outros homens. Não estragues as vantagens

da tua posição, os teus meios...”

Virgília e Lobo Neves > a promessa do título.

•O desgosto e a morte do pai.•Herança: discussão entre Brás, Sabina e Cotrim.

Virgília Casada.

O reencontro no baile (valsa –olhares).

O pensamento de posse (É minha!)

A moeda e o embrulho com 5 contos de réis.

O encontro com Quincas Borba (o louco-lúcido)

A teoria do Humanitismo: suprimir a dor.

Uma filosofia que se adapta a todas as filosofias. Darwinismo – Positivismo. Uma charge do discurso filosófico.A dor é uma predisposição genética e pode ser vencida pela força de vontade. O discurso de Quincas Borba: reorganizar a compreensão do real e desmistificar as teorias que pretendem sistematizá-lo.

Entre o queijo e o café, demonstrou-me o Quincas Borba que o seu sistema era a destruição da dor. A dor, segundo o

Humanitismo, é uma pura ilusão. Quando a criança é ameaçada por um pau, antes mesmo de ter sido espancada, fecha os olhos e treme; essa predisposição é que constitui a

base da ilusão humana, herdada e transmitida. Não basta certamente a adoção do sistema para acabar logo com a dor, mas é indispensável; o resto é a natural evolução das coisas.

O Positivismo• Teológico: explicação da realidade por meio de entidades supranaturais (os "deuses”) as questões: "de onde viemos?" e "para onde vamos?”

•Metafísico: o meio-termo entre a teologia e a positividade.

•Científico: etapa final e definitiva. não se busca mais o "porquê" das coisas, mas sim o "como”A imaginação é subordinada à observação O observável e concreto.

Das negativas

Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte

do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por

causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro lugar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a

genuína e direta inspiração do céu.

O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais eternamente hipocondríacos.

Das negativas

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa,

não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte

de Dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba.

Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que sai quite com a vida. E

imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a

derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da

nossa miséria.