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JESUTAS BRASIL
Em EDIO 39ANO 4OUTUBRO 2017INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA OS COLOMBIANOS
pg. 10
SERVIO JESUTA DE REFUGIADOS RECEBE PREMIAO
pg. 11
SEMINRIO DEBATE TRFICO HUMANO NA TRPLICE FRONTEIRA
pg. 19
especial pg. 12
LIDERANA INACIANAColgios e escolas jesutas oferecem projetos e atividades que
buscam o desenvolvimento do protagonismo juvenil
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4 5Em Em
SUMRIO EDIO 39 | ANO 4 | OUTUBRO 2017
EDITORIAL A Liderana Inaciana em tempos de mudana
Pedro Risaffi
CALENDRIO LITRGICO
ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO Em defesa da vida
Pe. Sandoval Alves Rocha, SJ
O MINISTRIO DE UNIDADENA IGREJA SANTA S Na Colmbia, Papa leva mensagem
de reconciliao
MUNDO CRIA Servio Jesuta de Refugiados recebe Prmio
Anne Frank
Grupo de jesutas estuda sobre o Isl Nomeaes
ESPECIAL Jovens lderes inacianos
AMRICA LATINA CPAL Uma proposta de recepo Seminrio da Rede de Enfrentamento do
Trfico Humano
Evento sobre o direito paz e gua Visita do Papa ao Santurio de So Pedro Claver
SERVIO DA F Aplicativo Click To Pray completa um ano
no Brasil
DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO Lanamento de Obra completa de Manuel
da Nbrega
PROMOO DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL Uma histria para no esquecer: Os Centros
Sociais da Companhia de Jesus na Amrica Latina
EDUCAO Unisinos torna-se guardi do acervo de
Luis Fernando Verissimo
Colgios promovem bate-papo sobre igualdade
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A liderana inaciana foi um dos temas do 2 Encontro de Formao Integral da RJE, que reuniu 48 alunos
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4 5Em Em
JUVENTUDE E VOCAES Peregrinando com Nossa Senhora Aparecida Novo espao para a juventude nasce em Russas (CE)
NA PAZ DO SENHOR Pe. Manuel Madruga Samaniego
JUBILEUS / AGENDA
EmJESUTAS BRASIL
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INFORMATIVO DOSJESUTAS DO BRASIL
EXPEDIENTE
EM COMPANHIA uma publicao mensal dos
Jesutas do Brasil, produzida pelo Ncleo de
Comunicao BRA So Paulo e Rio de Janeiro.
COMUNICAO [email protected]
www.jesuitasbrasil.com
DIRETOR EDITORIALPe. Anselmo Dias
EDITORA E JORNALISTA RESPONSVELSilvia Lenzi (MTB: 16.021)
REDAOJuliana Dias
DIAGRAMAO E EDIO DE IMAGENSHanderson Silva
rica Silva
ESTAGIRIAManuela Carpenter
ANNCIOSHanderson Silva
COLABORADORES DA 39 EDIOAnglica Cunha, Bruno Alface, Mnica Cordeiro,
Osvaldo Meca, Pe. Valrio Sartor e Ana Ziccardi
(reviso). Um agradecimento especial a todos que
colaboraram com a matria especial dessa edio.
FOTOSBanco de imagens / Divulgao
TRADUO DAS NOTCIAS MUNDO + CRIA GERALPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez
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6 7Em Em
EDITORIAL
A LIDERANA INACIANA EM TEMPOS DE MUDANA
Pedro RisaffiSecretrio Executivo da Rede Jesuta de Educao - RJE
Vivemos em um mundo con-temporneo lquido. Tudo o que era slido, correto e ver-dadeiro, hoje, parece fluido, incer-
to e passageiro. Crises econmicas,
excluso social, degradao do meio
ambiente, crises migratrias, desgas-
te das instituies pblicas, colocam
em cheque o modelo de sociedade
que se consolidou desde a revoluo
industrial. A perda de credibilidade
dos nossos lderes frustra o cidado
eleitor, desperta uma atitude blas e
individualista na sociedade e torna-
-se terreno frtil para o discurso radi-
cal e maniquesta.
Assim como desafios do passado
foram superados, urge a necessidade
de novos lderes, capazes de conduzir
a humanidade por meio dos desafios
atuais. No lderes que tragam solu-
es antigas para os novos problemas,
mas lderes capazes de vislumbrar
caminhos de transformao da nossa
cultura e sociedade.
Mas o que a vida e os ensinamen-
tos de um peregrino do sculo XVI
podem nos dizer sobre liderana no
sculo XXI?
O mais valioso que a experincia de
Incio pode nos ensinar, especialmen-
te por meio dos Exerccios Espiritu-
ais, no como um lder deve ser, mas
como um lder deve se desenvolver.
Afinal, um lder nunca est completo,
sua formao um processo contnuo
e permanente, focado em quatro valo-
res que podem ser percebidos no rela-
to da vida de Incio: autoconscincia,
inventividade, amor e herosmo, con-
vencidos de que toda liderana come-
a com a autoliderana, como afirma
Chris Lowney, no livro Liderana Heroi-
ca (Edies de Janeiro, 2015) .
Os Exerccios Espirituais so um
caminho para preparar e dispor nos-
sa alma para um profundo exerccio
de autoconhecimento, que o alicer-
ce da liderana, o ponto de partida
para se eleger um propsito de vida.
Ad Majorem Dei Gloriam a definio
convicta de Incio que nortear qual-
quer escolha feita por ele e por outros
jesutas ao longo de suas vidas.
A base da inventividade a indi-
ferena a todas as coisas. Um indiv-
duo dominado por seus apegos, preso
s ideias ou mtodos antigos, no far
escolhas livres e, como resultado, no
escolher o que ir melhor servir a ele,
sua famlia e sociedade. Somente
os desapegados so livres e flexveis
para escolher a melhor forma de ao,
tornando-se, assim, inventivos para
responder aos desafios da atualidade.
Imbudos de um propsito de
vida, que surge do autoconhecimen-
to, e livres de apegos desordenados,
o desejo do magis nos impulsionar
no s a alcanar um objetivo, mas
tambm a buscar concretiz-lo da
melhor forma possvel. Somos desen-
corajados a realizar as coisas medio-
cremente, mas buscar metas heroi-
camente ambiciosas.
Por fim, para completar a forma-
o do lder, na meditao conhecida
como Contemplao para alcanar o
amor, nos Exerccios Espirituais, In-
cio nos instiga a contemplar o mundo
no qual iremos realizar o nosso poten-
cial, em uma atitude permanente de
deciso pelo amor e pela liderana po-
sitiva e servidora, para em tudo amar
e servir.
Acredito que seja esse estilo de l-
der que poder curar um mundo ferido
e conduzir-nos por meio dos desafios
contemporneos. [...] homens e mu-
lheres comprometidos com a reconci-
liao, capazes de superar os obstculos
que a ela se opem e propor solues,
conforme aponta a 36 Congregao Ge-ral dos Jesutas.
Boa leitura!
OS EXERCCIOS ESPIRITUAIS SO UM CAMINHO PARA PREPARAR E DISPOR NOSSA ALMA PARA UM PROFUNDO EXERCCIO DE AUTOCONHECIMENTO, QUE O ALICERCE DA LIDERANA [...]
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6 7Em Em
calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus OUTUBRO
DIA 3 DIA 12 DIA 13
DIA 19 DIA 21 DIA 22
DIA 30 DIA 31
So Francisco de Borja Nossa Senhora Aparecida Beato Joo Beyzym
So Joo de Brbeuf
e So Isaac Jogues,
e companheiros mrtires
Beato Diogo Lus de San Vtores
So Pedro CalungsodNossa Senhora da Graa,
Padroeira do Noviciado BRA
Beato Domingos Collins Santo Afonso Rodrigues
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8 9Em Em
ENTREVISTA PEREGRINOS EM MISSO
Pe. Sandoval Alves Rocha, SJ
A ONU (Organizao das Naes Unidas) reconhece o acesso
gua limpa e ao saneamento bsico como direitos humanos
fundamentais. Apesar dessa resoluo, aprovada em 28 de julho de 2010, atualmente, cerca de 900 milhes de pessoas no mundo no tm acesso gua potvel. Provocado por essa realidade, que
atinge, inclusive, a populao da Amaznia, regio abundante
em recursos hdricos, o padre Sandoval Alves Rocha sentiu-se
impelido a estudar sobre o tema. Em entrevista ao informativo
Em Companhia, o jesuta conta-nos um pouco mais sobre
sua pesquisa no doutorado e como ela o ajudar na misso da
Companhia de Jesus.
Conte-nos um pouco da sua histria.
Nasci no interior do Cear, em Ipu,
com sede no p da serra da Ibiapaba. Em
seguida, acompanhando a minha fam-
lia, me mudei para Fortaleza. Ali conclu a
minha infncia, vivi a minha adolescn-
cia e tambm fui jovem estudante, traba-
lhador e leigo engajado, chegando at a
realizar a experincia do servio militar.
Desta ltima experincia, eu no sinto
saudades, embora no me arrependa de
t-la realizado. O que mais me marcou,
nessa poca, foi o autoritarismo da ins-
tituio, calcado num rigoroso esquema
hierrquico, no qual nada se espera da-
queles que se encontram na base da pir-
mide, a no ser a submisso. Em um pas
to desigual quanto o nosso, esse esque-
ma promoveria ainda mais a distncia
entre ricos e pobres e a anulao de direi-
tos fundamentais, como ficou evidencia-
do durante o regime militar.
Por que decidiu ser jesuta?
Depois de me mudar para Fortaleza
com a famlia, alguns anos mais tarde,
nos deslocamos para o Conjunto Indus-
trial, bairro da periferia, hoje pertencen-
te ao municpio de Maracana, Regio
Metropolitana de Fortaleza. Nesse bairro,
minha me me inscreveu na catequese de
Primeira Eucaristia, na comunidade ecle-
sial local, que integrava a Parquia de Nos-
sa Senhora do Perptuo Socorro, assistida
pelos jesutas. Foi a onde comecei a parti-
cipar da Igreja. No comeo, eu apresentei
algumas resistncias, mas, pouco a pou-
co, fui tomando gosto pelas atividades da
comunidade: catequese, grupo de jovens
e trabalho social.
EM DEFESA DA VIDA
Este foi o contexto em que senti os
primeiros apelos vocacionais: participa-
o na comunidade, vontade de colabo-
rar. Em um mundo como o nosso, com
tanta pobreza e violncia, eu achava, e
ainda acho, que a comunidade crist no
podia se omitir, mas devia fazer algo para
melhorar a sociedade. Minha compreen-
so de Deus se expressava muito na ideia
de algum que ama o ser humano e quer
ajud-lo, que tem uma preocupao es-
pecial para com as pessoas e segmentos
mais frgeis, pois estes expressam de for-
ma mais evidente onde o mundo precisa
melhorar: na justia, na solidariedade, no
amor ao prximo. Em meio a tudo isso,
eu fui conhecendo a Companhia de Jesus,
por meio da sua atuao junto s Comuni-
dades de Base e, pouco a pouco, fui notan-
do que, como jesuta, eu poderia ajudar
no trabalho de anunciar a f e promover
a justia. Penso que isso que Deus quer!
Durante sua formao como jesuta,
quais experincias foram determinan-
tes para estudar Cincias Sociais?
Ao longo da formao, eu tive mui-
tas experincias que me foram impelin-
do para os estudos das Cincias Sociais,
mas todas foram confirmando a percep-
o inicial de que Deus ama demais a
humanidade, deseja que o ser humano
seja feliz e por isso est constantemente
trabalhando para transformar as estru-
turas pessoais (espirituais) e sociais (co-
munitrias) que impedem a realizao
dessa felicidade. Penso que a atuao
de Jesus Cristo, anunciando o Reino de
Deus, se aproxima dessa compreenso.
Afinal, foi assim que o evangelista Lu-
cas descreveu a misso de Jesus: o Es-
prito do Senhor est sobre mim, pois
ele me ungiu para anunciar a Boa Nova
aos pobres: enviou-me para proclamar a
libertao aos presos e, aos cegos, a recu-
perao da vista; para dar liberdade aos
oprimidos e proclamar um ano aceito da
parte de Deus (Lc 4,18).Fiz algumas experincias que foram
confirmando essa concepo e reafirman-
do o desejo de me associar a Jesus nesse
servio. Os estudos filosficos e teolgi-
cos, os Exerccios Espirituais, a atuao
pastoral junto s Comunidades de Base, as
experincias de insero em movimentos
sociais e o trabalho na Amaznia.
Essa ltima experincia foi definiti-
va para que eu enveredasse para o douto-
rado nas Cincias Sociais. Nessa poca,
entre 2012 e 2014, trabalhei em Manaus (AM), combinando a docncia univer-
sitria com a atuao na Pastoral Uni-
versitria Diocesana, alm de participar
de um coletivo formado por lideranas
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8 9Em Em
preocupadas com a situao precria
dos servios de abastecimento de gua
e esgotamento sanitrio da cidade. Era
uma situao bastante constrangedora
e contraditria e esse problema ainda
no est resolvido. Imagine uma regio
como a Amaznia, abundante em recur-
sos hdricos, sofrer com o problema da
falta de gua potvel! Esses servios ha-
viam sido privatizados no ano 2000, mas os poderes pblicos eram totalmente
coniventes com o descumprimento das
metas contratuais, no fazendo a devida
cobrana empresa encarregada. Diante
dessa realidade, esse grupo, denomina-
do Frum das guas, atuava mobilizan-
do as comunidades e exigindo, da parte
das autoridades pblicas e da empresa,
a soluo desse problema. Era uma atu-
ao que envolvia aspectos sociais, po-
lticos e jurdicos. Foi nesse contexto de
luta pelos direitos sociais que me veio a
ideia de estudar a problemtica do aces-
so gua potvel na Amaznia.
O senhor est fazendo doutorado
em Cincias Sociais pela PUC-Rio.
Qual o tema que est estudando?
Como j mencionado, a temtica de
minha pesquisa o direito gua, que
ainda um grande desafio para a huma-
nidade, pois h regies onde a populao
no tem acesso gua potvel e, por ser
um bem limitado, empresas particulares
querem se apropriar dele, transform-lo
em mercadoria, visando o lucro.
Na onda de privatizao do abaste-
cimento de gua, os pobres so os mais
prejudicados, pois as empresas elevam
ao mximo as tarifas. deixando aqueles
que tm baixo poder aquisitivo impos-
sibilitados de acessar, satisfatoriamente,
esse bem essencial. Trata-se de um bem
distribudo de forma desigual, por isso
uma investigao que diz respeito linha
de pesquisa que aborda as desigualdades
polticas, sociais e econmicas. Ao abor-
dar a partir desse foco, busco explicitar
elementos que indicam que essa desi-
gualdade de acesso gua no resulta-
do de fatores naturais, mas de interesses
econmicos e polticos que atuam de for-
ma articulada na regio.
As ltimas Congregaes Gerais
falam de um compromisso da Com-
panhia com a justia socioambiental.
Em nossa realidade latino-americana,
como a Companhia de Jesus est colo-
cando em prtica essa recomendao?
O compromisso com a justia so-
cioambiental deveria envolver a todos,
pois os recursos ambientais esto cada
vez mais ameaados pela ao humana.
A justia socioambiental diz respeito
capacidade de gerir os recursos am-
bientais de forma justa e sustentvel,
ou seja, considerando as necessidades
de todos e, ao mesmo tempo, respeitan-
do o ritmo da natureza, sem destru-la
nem torn-la mercadoria.
Na Amrica Latina, a CPAL (Confern-
cia dos Provinciais Jesutas da Amrica
Latina) est contribuindo na promoo da
justia socioambiental. Os esforos esto
em diversas reas de atuao, mas pode-
-se notar a sua contribuio, principal-
mente, em trs eixos: Rede de Solidarie-
dade e Apostolado Indgena, Rede Jesuta
com Imigrantes e Rede de Centros Sociais.
H uma iniciativa muito interessante,
o Projeto Panamaznico, que busca dar
uma ateno especial regio amaznica.
Como est o trabalho da Provn-
cia dos Jesutas do Brasil-BRA no
campo social?
A provncia tem avanado no cam-
po da ao socioambiental por meio de
iniciativas locais e buscando criar uma
articulao entre as obras atravs do
OLMA (Observatrio Nacional de Jus-
tia Socioambiental Luciano Mendes
de Almeida), sediado em Braslia (DF).
Com a criao da Provncia BRA, hou-
ve a necessidade de articular as aes
socioambientais dispersas pelo pas,
de forma a no trabalharmos isolada-
mente, assim nasceu o OLMA. Penso
que uma boa iniciativa, mas o projeto
ainda est em construo, procurando
ganhar espao. A ideia da articulao
necessria e constitui um processo
demorado, uma vez que ainda estamos
muito calcados por uma longa histria
de atuao fragmentada. Os caminhos
esto sendo descobertos.
H o consenso sobre a necessida-
de de trabalharmos em rede, visando
unir nossas foras para colaborar na
superao do abismo das desigualda-
des socioeconmicas, que constitui
um grande desafio na nossa sociedade.
Penso que esse desafio s poder ser
superado medida que fizermos uma
anlise crtica do sistema econmico
capitalista, que promove a concentra-
o dos recursos socialmente produ-
zidos nas mos de alguns, gerando a
precariedade das condies de vida e
trabalho da maioria da populao. De-
vemos insistir na pauta dos direitos:
civis, polticos, sociais e ambientais.
No h dvidas de que, no Brasil, est
havendo um perigoso retrocesso nesse
aspecto, dando espao cada vez maior
a uma pauta neoliberal e pouco com-
prometida com os interesses das po-
pulaes mais pobres.
A superao das desigualdades
econmicas s ocorrer se houver o
engajamento da maioria da sociedade,
por isso a necessidade de criarmos re-
des de ao e colaborao, envolvendo
todos aqueles que se preocupam com
essa questo, sobretudo, aqueles que
sentem na pele os efeitos perversos da
desigualdade e da pobreza. Penso que
ainda precisamos avanar muito para
chegarmos a esse ponto.
Aps a concluso do doutorado, h
algum plano ou projeto em que o se-
nhor vai colaborar?
O projeto mais factvel diz respeito
ao retorno para a Amaznia. Tive uma
boa experincia nessa regio e h uma
boa expectativa de eu voltar para conti-
nuar ajudando na misso da Companhia
l. Eu espero poder fazer parceria com
os movimentos da sociedade civil, com
a universidade, com as comunidades,
dentre outros. Vamos ver se isso se con-
firma. Concluo pedindo a intercesso de
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do
Brasil, que celebramos neste ms de ou-
tubro. Que ela continue rogando a Deus
pelo nosso pas, mantendo a esperana
dos brasileiros e os conduzindo a cons-
truir um pas melhor para todos.
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10 11Em Em
O MINISTRIO DE UNIDADE NA IGREJA SANTA SCOMPANHIA DE JESUS SANTA S
Entre os dias 6 e 10 de setembro, o Papa Francisco realizou a 20 via-gem internacional de seu pontifi-cado. Dessa vez, o destino foi a Colmbia,
pas com a stima maior populao de
catlicos no mundo. O Pontfice levou
ao pas latino-americano uma mensa-
gem de encorajamento no caminho da
reconciliao e do perdo, tendo em vis-
ta o processo de paz em andamento no
pas e marcado pelo acordo firmado entre
o governo e as Farc (Foras Armadas Re-
volucionrias da Colmbia). Iniciando a
srie de compromissos, o Papa Francis-
co acendeu uma pira pela paz em frente
ao Palcio de Nario, sede do governo de
Bogot. Em seu discurso, afirmou: Os
passos dados fazem crescer a esperana,
na convico de que a busca da paz uma
obra sempre em aberto, uma tarefa que
no d trguas e exige o compromisso de
todos. Ele ainda ressaltou: De nada vale
silenciar os fuzis, se seguirmos armados
em nossos coraes. De nada vale acabar
com uma guerra, se ainda vemos uns aos
outros como inimigos.
Durante a viagem, Francisco visitou
quatro cidades: Bogot, Villavicencio,
Medelln e Cartagena. Um dos momen-
NA COLMBIA, PAPA LEVA MENSAGEM DE RECONCILIAO
tos mais aguardados da viagem foi o
encontro de orao para a reconciliao
nacional, realizado no dia 8, que reuniu
cerca de seis mil pessoas na cidade de
Villavicencio. Trs discursos feitos por
colombianos destacaram os percursos
dos conflitos e suas consequncias. Em
um dos testemunhos, Juan Carlos Mur-
cia falou dos dias em que passou a ser-
vio das Farc; ele deixou a organizao
aps alguns anos.
O Santo Padre ficou comovido com
os testemunhos que, segundo ele, no
so s histrias de sofrimento, mas de
amor e de perdo. Francisco convidou
os colombianos a no ter medo de pedir
e oferecer o perdo e a abrir os coraes
para a reconciliao.
No faltaram, na visita Colmbia,
as palavras de pastor do Papa para a Igre-
ja local. No encontro com membros do
episcopado colombiano, em que esta-
vam presentes 130 bispos, o Pontfice refletiu sobre o lema de sua visita Dar o
primeiro passo, e procurou encorajar os
religiosos. O Papa pediu aos bispos que
guardem, com santo temor e emoo,
aquele primeiro passo de Deus em di-
reo a cada um, ao seu ministrio e ao
povo que lhes foi confiado.
Francisco tambm se reuniu com o
conselho diretivo do Conselho Episco-
pal Latino-Americano (Celam). Nesse
discurso, a nfase foi sobre a necessi-
dade de paixo pelo servir para trans-
formar as ideias em utopias viveis.
E aos jovens, que Francisco defi-
niu como a esperana da Colmbia,
o encorajamento para manter viva a
alegria, no deixar roubar a esperan-
a, no ter medo do futuro e sonhar
com coisas grandes. Os jovens so
a esperana da Colmbia e da Igreja.
Em seu caminhar e em seus passos,
deslumbramos os de Jesus, os passos
Daquele que nos traz sempre boas no-
tcias, disse.
Fontes: Cano Nova/Isto
DE NADA VALE SILENCIAR OS FUZIS, SE SEGUIRMOS ARMADOS EM NOSSOS CORAES
Foto
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oman
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10 11Em Em
COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO CRIA GERAL
Em 14 de setembro, o Servio Jesuta de Refugiados JRS, dos Estados Unidos, foi reco-nhecido pela Embaixada do reino da
Holanda com o Prmio Anne Frank,
concedido a pessoas ou organizaes
que desenvolvem um trabalho contra
a intolerncia, o antissemitismo, o
racismo ou a discriminao e promo-
SERVIO JESUTA DE REFUGIADOS RECEBE PRMIO ANNE FRANK
va a liberdade e a igualde de direitos.
O JRS foi premiado por seu trabalho
para melhorar o acesso educao
de refugiados e outros afetados por
guerras e conflitos.
Atualmente, a organizao atende
famlias no apenas em programas
educativos regulares como educa-
o infantil, primria, secundria ou
ensino superior , mas tambm fa-
cilita o acesso formao profissio-
nal formal ou informal e a programas
vocacionais para refugiados, crian-
as, jovens e adultos. Os programas
educativos de JRS incluem outras in-
tervenes como programas comple-
mentares de capacitao pedaggica
e aprendizagem de idiomas.
NOMEAES
GRUPO DE JESUTAS ESTUDASOBRE O ISL
Recentemente, um grupo de je-sutas reuniu-se para conhecer mais sobre o Islamismo, sua di-versidade e tolerncia inter-religiosa.
O encontro aconteceu na Indonsia,
pas muulmano mais populoso do
mundo. No total, 12 jesutas de dife-
O Papa Francisco nomeou:O Pe. Anthony James Cor-coran (UCS), administrador apostlico da Administrao apostlica
do Quirguisto. Nascido em 1963, o pa-dre Corcoran ingressou na Companhia
de Jesus em 1985 e foi ordenado sacer-dote em 1996. A partir de 1997, esteve na Federao Russa. Foi Superior da Regio
independente da Companhia de Jesus
da Rssia (2009-2017).
rentes pases (Alemanha, Frana, Ni-
gria, Turquia, ndia, Espanha, Itlia e
Indonsia) participaram de uma srie
de aulas, no Colgio interno Tebui-
reng de Jombang, na provncia de Java
Oriental. O encontro uma das reu-
nies habituais do programa Jesutas
entre Muulmanos (JAM, Jesuits among
Muslims) e, este ano, a Indonsia foi o
pas anfitrio, explicou o lder do gru-
po, padre Franz Magnis Suseno, jesuta
indonsio nascido na Holanda, profes-
sor de Filosofia e reconhecido por suas
iniciativas de dilogo inter-religioso.
O Padre Geral nomeou:
O Pe. Roland Coelho (GOA), pro-
vincial da Provncia de Goa. Nascido
em 1972, padre Coelho ingressou na Companhia em 1993 e foi ordenado sacerdote em 2003. Tomar posse na funo em 20 de outubro de 2017.
O Pe. Stephen Chow Sau-yan
(CHN), provincial da Provncia da
China. Nascido em 1959, padre Chow Sau-Yan ingressou na Companhia em
1984 e foi ordenado sacerdote em 1994. Assumir a funo a partir de 1 de janeiro de 2018.
O Pe. Primitivo E. Viray, Jr
(PHI), provincial da Provncia de Fi-
lipinas. Nascido em 1960, o padre Vi-ray ingressou na Companhia em 1984 e foi ordenado sacerdote em 1995. Tomar posse do funo no dia 17 de novembro de 2017.
Fonte: Boletim da Cria dos Jesutas (N12 e 13/setembro 2017)
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12 13Em Em
ESPECIAL
JOVENS LDERES INACIANOS Inspiradas por Cristo, as instituies de ensino da Companhia de Jesus buscam colaborar com o protagonismo juvenil
12 Em
ESPECIAL
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12 13Em Em
No texto de Mateus (Mt 20, 20-28), h a narrativa da splica da me dos fi-
lhos de Zebedeu os apstolos Tiago e
Joo a Jesus: Ordena que estes meus
dois filhos se sentem, um tua direita e
outro tua esquerda, no teu reino. Em
resposta, Cristo diz que eles podem be-
ber do seu clice, porm, quanto a sen-
tar-se ao seu lado, no cabe a ele dar
esse consentimento: Porque
estes lugares so destinados
queles para os quais meu
Pai os reservou. Ao ouvi-
rem o dilogo, os outros
apstolos ficam indig-
nados com os dois ir-
mos. Jesus, ento, os
chama e lhes diz: Sa-
beis que os chefes das
naes as governam e
os grandes exercem o
poder sobre elas. Mas
entre vs no ser assim.
E quem quiser fazer-se
grande entre vs ser vosso
servidor e quem quiser ser o pri-
meiro dentre vs ser o vosso em-
pregado, a exemplo do Filho do homem,
que no veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate pela
multido dos homens.
Uma liderana que tenha como ali-
cerce o Amor, a Justia e o Servir sem-
pre esteve presente nas palavras e aes
de Cristo. Foi esse exemplo de vida que
inspirou Santo Incio e que, h anos,
tem servido de guia tambm para a
Companhia de Jesus na formao de
jovens lderes inacianos.
Padre Mrio Sndermann, delegado
para a Educao Bsica da Rede Jesuta
de Educao (RJE), conta que o intuito
desenvolver lideranas que entendam
a prpria autoridade como servio que
transforma as pessoas e, por meio das
pessoas, a sociedade. Desejamos formar
lderes capazes de colocar os interesses
coletivos acima dos desejos e interesses
pessoais. Buscamos desenvolver uma li-
derana que seja permeada pelo esprito
de gratido, generosidade e compromis-
so social. Que encontre disposio, ener-
gia, competncia e criatividade necess-
rias para seguir construindo um mundo
mais justo, fraterno, inclusivo e cristo,
ressalta o jesuta.
EXPERINCIAS TRANSFORMADORAS
Os colgios e escolas da RJE oferecem
vrios e diversificados projetos e ativida-
des com o objetivo de desenvolver o pro-
tagonismo e a liderana dos seus alunos.
Foi assim que o antigo aluno do Colgio
Antnio Vieira, em Salvador (BA), Gabriel
Moreira Gomes Cavalcanti, conectou-se
com uma realidade totalmente estranha
ao seu cotidiano. Quando eu estava no 1 ano do Ensino Mdio, em 2011, o colgio me convidou para participar de um encon-
tro de lderes em Capim Grosso, no serto
da Bahia. Foi uma experincia diferente de
tudo o que eu j havia feito. Ns passamos
um final de semana com os moradores lo-
cais, dormindo em suas casas e conhecen-
do suas vidas. Isso me fez crescer muito
e ver situaes boas e ruins. Tambm fez
Formado por alunos e ex-alunos
do Colgio Antnio Vieira, desde 2013, o grupo Peregrinos de Cala Jeans
(PCJ) desenvolve importantes ativida-
des baseadas em trs pilares: amizade,
espiritualidade e ao social.
com que eu me aproximasse de Deus,
conta o estudante, de 22 anos, que hoje cursa Direito na Universidade Federal da
Bahia (UFBA).
Gabriel recorda que a viagem a Capim
Grosso mexeu internamente com ele,
deixando-o profundamente incomodado
com os problemas vistos na regio e com
o sofrimento dos outros. Fiquei tam-
bm incomodado comigo mesmo,
com minhas atitudes. Esse sen-
timento foi importante para
me dar energia, visando
trabalhar para mudar essa
situao. Foi o pontap
inicial para falar com
pessoas com quem eu
no conversava tanto,
para valorizar mais o
que eu tinha em casa e
para buscar caminhos
de atuao para mudar as
coisas, afirma o jovem.
Toda essa experincia,
segundo Gabriel, foi essen-
cial para sua formao humana.
Em um momento turbulento, com
vrias dvidas, em uma fase da vida em
que muitas coisas passam pelas nossas
cabeas, tive a oportunidade de receber
um balde de gua fria e ver que o mundo
muito maior do que eu pensava. Aprendi
que muitas pessoas sofrem males maio-
res do que os meus e nem por isso desis-
tem ou vivem reclamando da vida. Graas
a essa vivncia, eu pude, anos depois, par-
ticipar da criao do grupo Peregrinos de
Cala Jeans (PCJ) e de alguns projetos na
regio de Capim Grosso, como a doao
de 11 violinos para a escola de msica Flor do Meu Serto, o ensino para jovens e a
construo de banheiros na comunidade
de Embratel, relata o estudante.
13Em
-
14 15Em Em
ESPECIALESPECIAL
14 Em
Foi tambm por meio de uma ativi-
dade escolar que Letcia Yolanda Silva,
16 anos, despertou para o voluntariado,
no final de 2015, ao participar do proje-
to Cantando o Natal organizado pela
Pastoral do Colgio Catarinense e pela
Igreja Santa Catarina de Alexandria, que
ficam em Florianpolis (SC). Acho que
foi a partir dessa experincia que enten-
di o real significado de reciprocidade,
pois, ao oferecer um abrao ou sim-
plesmente fazer companhia para idosos
ou doentes, percebi que essas pessoas
estavam fazendo muito mais por mim
do que eu por elas. Compreendi o quo
incrvel sentir o poder que o simples
gesto de carinho e a simpatia tm sobre
a alma, conta a aluna do Catarinense.
Letcia revela que, a partir de proje-
tos oferecidos pelo colgio, mudou sua
viso de mundo e passou a agir de forma
diferenciada perante as inmeras ques-
tes da sua vida, tanto familiar quanto
comunitria. Creio que a humildade e
Organizado pela Pastoral do Co-
lgio Catarinense e pela Igreja Santa
Catarina de Alexandria, o projeto
Cantando o Natal envolve repre-
sentes de toda a comunidade educa-
tiva. O objetivo transmitir o verda-
deiro esprito fraterno do Natal aos
irmos doentes, idosos e residentes
em instituies assistenciais.
a compaixo so os valores mais mar-
cantes que aprendi por meio dessas ex-
perincias, pois elas nos tornam mais
fraternos. E isso, com certeza, faz toda
a diferena para ns prprios e para o
mundo, avalia a jovem. Talvez, eu no
possa solucionar o terrorismo na Sria, a
fome na frica ou ainda a crise poltica e
tica no Brasil, mas sei que posso ajudar
e fazer a diferena para aqueles que es-
to minha volta, necessitando do meu
olhar e da minha ao solidria. Acredito
que, se queremos construir um mundo
melhor, precisamos parar de esperar
que os problemas se solucionem
sozinhos. Temos todos de tomar a
iniciativa, seja em casa, no traba-
lho, na comunidade ou no pas.
INSPIRADOS PELO MAGIS
Aluna do 3 Ano do Ensino M-dio, Mariana Hippert Gonalves Silva
conta que as vrias atividades pro-
movidas pelo Colgio dos Jesutas,
em Juiz de Fora (MG), foram marcan-
tes para sua formao. Por meio da
Aprendi que muitas
pessoas sofrem males maiores do que os meus
e nem por isso desistem ou vivem reclamando da vida.
Gabriel MoreiraGomes Cavalcanti
Acredito que, se queremos
construir um mundo melhor, precisamos parar de esperar que os problemas se
solucionem sozinhos.
Letcia Yolanda Silva
-
14 15Em Em 15Em
Criada pela FLACSI (Federao La-
tino-americana de Colgios da Com-
panhia de Jesus), em 2011, a Cam-panha Inacianos pelo Haiti tem
promovido um importante trabalho
FORMANDO LDERES INACIANOS
A educao jesuta instrumen-
to efetivo de formao de lideranas,
fundamentado na f, na prtica da
justia, do dilogo inter-religioso e no
cuidado com o meio ambiente. Alm
de educarmos alunos e educadores
para o compromisso e a transforma-
o social, buscamos que eles vivam e
promovam uma relao sadia e de res-
ponsabilidade com a natureza, reco-
nhecendo-a como dom de Deus para
a vida de todos, afirma padre Mrio
Sndermann, delegado para a Educa-
o Bsica da RJE, acrescentando que
desejamos formar uma liderana que
seja competente nas cincias e nas
letras, permeada pelo esprito da gra-
tido, da generosidade e do compro-
misso social.
Padre lvaro Negromonte, diretor
da Formao Crist do Colgio Loyola,
em Belo Horizonte (MG), enfatiza que
os alunos dos colgios jesutas so cha-
mados de lderes inacianos porque se
reconhecem em uma busca constante
de magis, o maior servio aos outros,
de modo que possam exercer a discreta
caridade na incumbncia de uma ao
transformadora do mundo a partir de si
mesmo. O lder inaciano, alm da ad-
mirao por Cristo, aberto, alegre com
a vida e capaz de reconhecer os prprios
talentos e fraquezas. ainda misericor-
dioso com os outros e consigo mesmo,
informa o jesuta. A liderana inaciana
descentralizada de si mesma para co-
locar o desejo de Deus em primeiro lu-
gar. O modo inaciano exige discernimen-
to, abertura, escuta e esvaziamento, o que
contrrio a uma cultura atual.
A formao de lideranas inacianas
permeia os currculos de todos os col-
gios que formam a Rede Jesuta de Educa-
o. Segundo Juliana Lima, coordenadora
de Ao Social e Voluntariado do Colgio
Santo Incio, no Rio de Janeiro (RJ), isso
se d em todas as aes desenvolvidas
pela instituio, desde uma campanha de
arrecadao at os encontros formativos
nacionais e internacionais de que nossos
alunos participam, alm dos prprios gru-
pos de formao de lideranas.
Buscamos formar lderes servidores,
ao modelo de Jesus Cristo, que sejam ca-
pazes de colocar em prtica os quatro Cs
proposto pelo padre Peter-Hans Kolven-
bach: conscientes, competentes, com-
passivos e comprometidos, diz Juliana
Lima. Se nossas futuras lideranas no
forem capazes de calar o sapato do ou-
tro e enxergar os demais como irmos e,
automaticamente, como coerdeiros des-
ta mesma Casa Comum, certamente no
mudaremos este cenrio de crise moral e
tica que estamos vivendo.
O coordenador do Servio de Orien-
tao Religiosa e Pastoral do Colgio An-
tnio Vieira, em Salvador (BA), professor
Joo Ramiro, tambm conta que h uma
conexo total entre as propostas da ins-
tituio com o Projeto Educativo Comum
(PEC). Temos como misso formar den-
tro da escola lderes para o mundo, pesso-
as que sejam conscientes, competentes,
comprometidas e compassivas. So indi-
vduos responsveis que pensam no outro
e no ambiente em que esto inseridos. A
ideia construir o Reino de Deus a partir
de boas lideranas, diz Joo Ramiro.
Assim, segundo o professor, valo-
res cristos como solidariedade, com-
paixo e diversidade permeiam todos
os projetos do Colgio Antnio Vieira.
Procuramos fazer com que os estudan-
tes percebam que Jesus se faz presente
em todo ser humano, diz Joo Rami-
ro. Esses valores ajudam esses lderes
na compreenso, na apreciao e no
respeito diversidade social e cultural
como um componente enriquecedor
para melhorar a sua convivncia na so-
ciedade.
Renan Nascimento, coordenador
da Dimenso Espiritual do Colgio
So Lus, em So Paulo (SP), conta que
os projetos desenvolvidos na insti-
tuio buscam ensinar valores como
respeito pluralidade de ideias, o
compromisso social e com a convi-
vncia democrtica, o autoconheci-
mento, a compreenso da realidade,
a cooperao no servio e a luta con-
junta pela justia. Um jovem que de-
senvolva uma liderana inspiradora
capaz de motivar pelas palavras e,
principalmente, pelas atitudes. Nos-
sos projetos trabalham valores para
capacitar os alunos a serem testemu-
nhas de que possvel fazer um mun-
do melhor, mais humano para todos.
A vitalidade e a capacidade de sonhar
com os ps no cho fazem do jovem
um instrumento precioso para mudar
a realidade, a comear pela sua pr-
pria, diz o coordenador.
de reestruturao nas escolas de F e
Alegria do pas, atingido por um forte
abalo ssmico em 2010. Os colgios da Rede Jesuta de Educao do Brasil par-
ticiparam ativamente da iniciativa.
participao no Coral, por exemplo,
percebi o quanto a arte nos ajuda a
sermos mais humanos, enfatiza a es-
tudante, de 17 anos. No projeto Inacianos pelo Haiti, en-
quanto pesquisava para fazer um cartaz,
ouvi a msica Eu s peo a Deus. uma
prece para Deus continuar nos dando for-
a para seguirmos fazendo o que quere-
mos, o bem. E foi muito legal ver tantos
alunos, de diferentes lugares, esforan-
do-se em prol de uma causa to bonita.
-
16 17Em Em
ESPECIAL
16 Em
ESPECIAL
O Encontro de Liderana Crist
III Compaeros experincia pes-
soal e comunitria de insero social,
orao, trabalho e reflexo, realizada
com os alunos do 3 Ano do Ensino Mdio do Colgio dos Jesutas.
Realizado, no incio do ano, pelo
Colgio Medianeira, o Encontro de
Formao de Lderes Inacianos
tem como objetivo promover a for-
mao tica, poltica e cidad dos
alunos, alm de promover atividades
formativas com base na espirituali-
dade inaciana.
NOS PASSOS DE SANTO INCIO
Conhea as caractersticas que pautam a vida de um lder inaciano:
movido pelo magis, buscando sempre dar o seu melhor.
Pauta sua vida pelo servio aos demais.
competente e comprometido: faz a diferena na realidade em que est inse-rido e no contexto do mundo contemporneo.
Tem um olhar humano e sensvel para os problemas e desafios do mundo.
Sai de si e vai ao encontro do outro: no cruza os braos diante da injustia, nem fecha os olhos aos que sofrem. Ou seja, solidrio afetiva e efetivamente com os demais a partir dos valores assumidos.
Tem coragem de trilhar a rota do autoconhecimento e reconhecer suas quali-dades e fraquezas.
Ainda quero conhecer, pessoalmente,
a atuao do F e Alegria no Haiti, sen-
tir as pessoas de l e poder trabalhar de
verdade com elas, diz a aluna do Colgio
dos Jesutas.
Segundo Mariana, outro projeto que
a marcou foi o Encontro de Liderana
Crist Compaeros, por permitir aos alu-
nos colocarem em prtica o que desejam
viver e o que querem para o mundo. Essa
experincia foi realizada em Bocaina de
Minas (MG), uma cidade pequena. Se eu
fosse para l em uma viagem com a fam-
lia, no seria a mesma coisa que o Colgio
nos possibilitou viver, pois nos preparou
para termos um olhar diferenciado, ina-
ciano mesmo. Essa vivncia me motivou
a escolher minha profisso, quero ser
mdica!, revela a jovem, acrescentando:
Carrego muito para a minha vida a ideia
do magis, dar sempre o meu melhor, inde-
pendentemente de tudo. algo incrvel,
muito inspirador, que me orienta e que
me d fora para continuar lutando pelo
que quero.
Carrego muito para a
minha vida a ideia do magis, dar sempre o
meu melhor [...]
Mariana Hippert Gonalves Silva
Aluna do 3 Ano do Ensino Mdio do Colgio Medianeira, em Curitiba
(PR), Ana Beatriz Nerone conta que o
Encontro de Formao de Lderes
Inacianos foi um marco em sua tra-
jetria na instituio. O contato com
a espiritualidade de Santo Incio dei-
xa marcas e lembranas profundas,
principalmente se vivida dentro de um
ambiente to corriqueiro e to presen-
te em minha vida. Experincias como
essa me ajudam a compreender alguns
valores pregados pela Rede Jesuta de
Educao, possibilitando o contato
com o verdadeiro sentido de compai-
xo, o inconformismo diante das in-
justias de nossa realidade, o discer-
nimento e o esprito de ao, afirma
a jovem. E acrescenta: Esses valores
denotam o modo como percebemos e
lidamos com a vida. Eles influem na
forma como tratamos e vemos o outro,
nas atitudes com o ambiente e, princi-
palmente, no mpeto de querer trans-
formar o mundo em um lugar justo e
solidrio. Acredito que o aprofunda-
mento desses valores seja fundamen-
tal para a formao de cidados mais
ativos e mais compassivos.
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16 17Em Em 17Em
ENCONTRO DE FORMAO INTEGRAL DA RJE
Durante 11 dias, entre 5 e 15 de setembro, 48 alunos reuniram-se para o 2 Encontro de Formao In-tegral (EFI) da Rede Jesuta de Edu-
cao (RJE), realizado na Vila Fti-
ma, unidade do Colgio Loyola, em
Belo Horizonte (MG). A iniciativa
o principal projeto envolvendo os
estudantes da RJE e tem como obje-
tivo colaborar com a formao inte-
gral dos jovens, fortalecendo as di-
menses afetiva, espiritual, tica,
comunicativa e sociopoltica por
meio de uma experincia profun-
da de Deus, iluminada pelo modo
de proceder inaciano. Nada mais
amplo e integral do que uma imer-
so como essa, em que se trabalha
e aprofunda as diversas dimenses
da aprendizagem que transcendem
os espaos e tempos escolares e per-
meiam todas as atividades, transfor-
mando vidas, ressaltou padre Mrio
Sndermann, delegado para a Educa-
o Bsica da RJE.
Os principais temas tratados no
EFI foram autoconhecimento, lide-
rana inaciana, tcnicas de oratria,
sustentabilidade e condies do tra-
balho no Brasil, alm de experincias
de voluntariado e imerso sociocul-
tural. Um dos xitos do Encontro
de Formao Integral propor um
modelo de aprendizagem centrado na
experincia do aluno, em que espaos
e tempos so redimensionados para
gerar mais mobilidade e criatividade
no processo educativo, exatamente
como indica o PEC (Projeto Educati-
vo Comum) da RJE, afirmou Pedro
Risaffi, secretrio executivo da RJE.
importante ressaltar que, ao retorna-
rem a seus colgios de origem, esses
alunos tornam-se multiplicadores
dessa experincia.
Aproveite e assista ao vdeo
com depoimentos de alguns jo-
vens participantes do EFI. Produ-
zido pela equipe de Comunicao
do Colgio Loyola, o vdeo pode ser
acessado via o QR code abaixo.
O lder inaciano aquele
que est junto aos demais, atuando para alcanar
objetivos que beneficiem a todos igualmente.
Ana Beatriz Nerone
Aos 17 anos, Ana Beatriz lembra que a juventude, mais do que nun-
ca, est sendo requisitada para tomar
frente nos processos de mudana so-
cial, no enfrentamento das injustias
e na busca por mais desenvolvimen-
tos nas mais diversas reas. Sinto que
aprender mais sobre liderana ina-
ciana me d suporte para concretizar
os meus projetos de vida, coletivos e
individuais, ao mesmo tempo em que
me auxilia no entendimento da reali-
dade que me cerca, explica a estudan-
te. O diferencial do lder inaciano o
sentimento do magis. Ou seja, ele no
emprega suas qualidades para garantir
prestgio ou estar um passo frente
dos outros. O lder inaciano aquele
que est junto aos demais, atuando
para alcanar objetivos que beneficiem
a todos igualmente. Ele visa a uma vida
que seja mais para os demais e com os
demais, ressalta Ana Beatriz.
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18 19Em Em
A COMPANHIA DE JESUS NA AMRICA LATINA CPAL
UMA PROPOSTA DE RECEPO Da carta do Pe. Geral, Arturo Sosa, sobre o Discernimento Apostlico em Comum
Pe. Roberto Jaramillo Bernal, SJPresidente da CPAL
orque como j havia nos acontecido
muitas vezes, sendo alguns de ns
franceses, outros espanhis, outros
savoianos e outros cntabros, tnhamos
relativamente ao nosso estado uma varie-
dade de pareceres e opinies, ainda que to-
dos com uma mesma inteno e vontade
de buscar a benevolente e perfeita vontade
de Deus. Segundo o fim da nossa vocao
de Deliberao dos primeiros padres.
Em uma carta publicada em 27 de se-tembro, o Superior Geral da Companhia
de Jesus, padre Arturo Sosa, ilustrou e
inspirou-nos sobre o discernimento
apostlico em comum como forma de
governo do Corpo Apostlico da Com-
panhia. Nessa era de excesso de infor-
mao e mltiplas ocupaes, muito
provvel que passemos de modo desa-
percebido por exortaes to importan-
tes como esta, reduzindo, assim, o im-
pacto que deve ter em nossas vidas e nas
nossas obras apostlicas. Devemos estar
atentos a isso para no cair nessa verda-
deira tentao (do mau esprito) e ter
o corao e a mente abertos para ouvir
o que Deus diz por meio Daquele que
colocado como cabea do Corpo de que
quisemos e de queremos fazer parte.
Pretendo somente comentar dois
elementos que, na parte introdutria da
carta, eu considero fundamentais. Em
primeiro lugar, importante ter adiante
a tarefa que o Pe. Geral recebeu da Con-
gregao nas tarefas de discernir [...] as
consequncias de formular a misso da
Companhia como contribuio para a re-
conciliao e [...] escolher preferncias
apostlicas universais neste momento
do mundo e da Companhia. Alm disso,
convida-nos a refletir sobre a necessida-
de de crescer a partir do discernimento
em comum no desafio de constituirmos
como um corpo intercultural, aprofundar
o dilogo com as culturas e as religies
e promover a cultura da salvaguarda de
crianas, jovens e pessoas vulnerveis.
Esses cinco elementos que o Pe. Ar-
turo Sosa ressalta em um mesmo par-
grafo pede toda a nossa ateno e nosso
compromisso pessoal e institucional:
1 o ministrio central da reconcilia-o (encargo evanglico e ponto central
da frmula do instituto);
2 a unidade de misso na diversidade que nos constitui (as preferncias apos-
tlicas universais);
3 a unio de um Corpo uno e diversi-ficado: com pessoas concretas, tempos
e locais de encarnao;
4 com a capacidade de ver e valorizar os modos originais de revelao do ni-
co Deus em diversas culturas e religies;
5 e com o cuidado especial e ativo (prag-mtico) dos mais vulnerveis e pobres.
Eu lhes convido a fazer, de cada
uma dessas questes, um motivo de re-
flexo, orao, dilogo e discernimento
em nossas vidas.
Em segundo lugar, quero enfatizar
o fato de que, de vrias maneiras, insiste
o Padre Geral que o discernimento ine-
rente ao modus operandi da Companhia.
O que une os companheiros de Jesus, em
Veneza (Itlia), que todos tm uma vida
espiritual ativa centrada em Jesus Cristo,
por quem esto enamorados, que esto a
servio dos pobres e permanecem dispo-
nveis para o servio a.m.d.g. Estas dispo-
sies vitais lhes garantem um caminho
aberto para o discernimento em comum.
Este discernimento realizado tan-
to em nossas comunidades quanto nas
obras apostlicas, com a participao
ativa dos companheiros e companheiras
na misso. No , de nenhuma manei-
ra, um privilgio jesuta, mas, sim, um
modo de ser de toda a Companhia, como
Corpo Apostlico. E, em seguida, conti-
nua o Pe. Sosa: [...] lgico que o grupo
que discerne em comum seja diferente,
dependendo da deciso que pretenda to-
mar. Na vida da Companhia, h muitas
decises que exigem a contribuio de
mais de um grupo para o discernimen-
to em comum para poder chegar deci-
so final, em sintonia com a vontade de
Deus, assiduamente procurada.
Tal como acontece com o desafio da
colaborao mtua e com o desafio do
trabalho em rede, no poucas vezes os
sujeitos apostlicos mais resistentes a co-
locar isso em prtica so os jesutas, que
nos deixamos levar e guiar pelo nosso
querer e interesse, enquanto leigos e lei-
gas, religiosos e religiosas, sacerdotes e
outras pessoas com as quais colaboramos
nos metem as esporas e nos ajudam a ir
em frente neste inerente modo de ser do
nosso Corpo Apostlico. Onde h capaci-
dade e necessidade, h responsabilidade,
disse o Pe. Pedro Arrupe, em seu discurso
ao final da 31 CG (Congregao Geral). Em matria de discernimento, assim como
tambm de colaborao e trabalho em
rede, o convite da 36 CG deve soar em ns como um verdadeiro chamado divino.
Proponho a todos que, como modo
de acolher este chamado divino e agra-
decer ao Pe. Geral esta exortao para
viver o discernimento como um modo
inerente de nossa vocao, proponha-
mo-nos, em todas as obras apostlicas,
o compartilhamento desse convite e
dialoguemos sobre ele com todos os co-
laboradores e colaboradoras, com quem
formamos um nico Corpo Apostlico.
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18 19Em Em
Fonte: Pan-Amaznia SJ Carta Mensal (n 42/Setembro 2017)Acesse www.jesuitasbrasil.com/cartapanamazonia e leia a ntegra desta e de outras edies.
SEMINRIO DA REDE DE ENFRENTAMENTO DO TRFICO HUMANO
VISITA DO PAPA AO SANTURIO DE SO PEDRO CLAVER
EVENTO SOBRE O DIREITO PAZ E GUA
Aproveitando a visita do Papa Francisco Colmbia [sai-ba mais na editoria Santa S] e dando continuidade ao Seminrio
de Direito gua, que aconteceu em
Roma (Itlia), em fevereiro de 2017, organizou-se em Bogot, nos dias 7 e
8 de setembro, um Seminrio com a temtica: Do direito gua ao direito
Paz - Uma Ecologia Integral para o Meio
Ambiente, o Desenvolvimento Sustent-
vel e a Cultura do Encontro.
Representando o SJPAM (Servio Je-
suta Pan-amaznico) e a REPAM (Rede
o dia 23 de setembro, aconte-ceu mais uma edio do Se-
minrio da Rede de Enfrenta-
mento do Trfico Humano, no Centro
de Formao Frei Ciro, em Tabatinga
(AM). Com o tema Preveno, tarefa e
preocupao de todos, a problemtica
do trfico de pessoas na trplice frontei-
ra (Brasil-Peru-Colmbia) foi retomada.
Com o apoio do SJPAM (Servio Jesu-
ta Pan-amaznico), representado pelo
No dia 10 de setembro, o Papa Francisco visitou Cartagena (Colmbia). Na ocasio, o Pon-tfice depositou flores junto aos restos
mortais de So Pedro Claver, conhecido
como apstolo dos negros. Em seguida,
padre Valrio Sartor, e de representantes
de diversas instituies religiosas, p-
blicas e privadas, o evento contou com
a participao de mais de 80 pessoas de vrias comunidades dos trs pases
fronteirios. Segundo padre Valrio, foi
um dia de intensa reflexo para conhe-
cer melhor os diferentes tipos de trfico
de pessoas (explorao sexual, trfico de
rgos, trabalho escravo, adoo ilegal,
etc.) e os diferentes meios utilizados
pela rede organizada do trfico de pes-
soas. Alm disso, foi a oportunidade de
conhecer e poder contar com a parceria
das instituies e dos organismos com-
petentes para investigar e assumir os
casos de trfico humano. Para os mem-
bros da Rede de Enfrentamento ao Tr-
fico, compete, principalmente, realizar
o trabalho de preveno e conscienti-
zao nas escolas e comunidades onde
atuam, afirmou o jesuta.
Eclesial Pan-Amaznica), o padre Al-
fredo Ferro participou do encontro. No
Seminrio, houve algumas exposies
e trabalhos em grupo, para refletir e par-
tilhar o que significa lutar pelos direitos
de paz e de gua no contexto latino-ame-
ricano e, especificamente, colombiano.
O padre Ferro coordenou duas mesas de
dilogo que se organizaram sobre temas
relacionados com a Amaznia. Ainda,
elaborou-se uma Carta compromisso da
Colmbia para enfrentar a problemtica
da gua e da paz.
Francisco quis se encontrar com os jesu-
tas por 30 minutos no ptio interno do Santurio. Representando o SJPAM (Ser-
vio Jesuta Pan-amaznico), os padres
Valrio Sartor e Alfredo Ferro estiveram
presentes. Foi um encontro fraterno e de
dilogo informal sobre diversos temas.
Um fato marcante, que animou e trouxe
esperana aos jesuitas, foi o momento em
que o Papa cumprimentou o padre Ferro
e disse: Vou convocar um Snodo sobre a
Pan-Amaznia.
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20 21Em Em
A COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO SERVIO DA F
Elaborado pela Rede Mundial de Orao do Papa (Apostolado da Orao e Movimento Eucarstico Jovem MEJ), o aplicativo Click To Pray
completou um ano no Brasil. Nesse per-
odo, a pgina da ferramenta no Facebook
j alcanou quase 45 mil seguidores, nmero expressivo que demonstra a re-
levncia do app nos dias atuais. O Click
To Pray muito importante, sobretudo,
para quem no tem um tempo maior
disponvel para a orao, acredita padre
Eliomar Ribeiro de Souza, diretor nacio-
nal da Rede Mundial de Orao do Papa.
O aplicativo foi desenvolvido pela
empresa La Machi e tem como objetivo
facilitar o momento de orao. Padre
Eliomar explica que, ao longo do dia, so
propostos trs perodos para conectar o
corao a Cristo. Em um mundo cada
vez mais conectado, marcado pelas no-
vas tecnologias, o app uma oferta, es-
pecialmente para os jovens, de se apro-
ximarem mais de Deus e da Igreja. Aos
poucos, percebemos que as
formas tradicionais j no
garantiam mais a partici-
pao da juventude: grupos
de jovens, sacramentos, etc.
Por isso, a importncia de
oferecer outras possibili-
dades de sentido para eles,
explica o jesuta.
Alm dos trs breves
momentos de orao ofe-
recidos por dia, tambm
possvel colocar as prprias intenes
para que outros rezem com voc. Des-
sa forma, as pessoas encontram um
objetivo para rezar, viver e edificar o
mundo. H muita gente que usa dia-
riamente o aplicativo. Segundo padre
Eliomar, o feedback est sendo muito
positivo. Muitas pessoas, principal-
mente do Apostolado da Orao e do
MEJ, comentam que a ferramenta vem
ajudando nos momentos dirios de
orao. uma proposta simples de
orao que requer pouco tempo. Cla-
ro que os que querem podem ampliar
seu tempo com Deus. Do ponto de vis-
ta de utilizao e dos cliques, uma
multido que est conectada, afirma
o diretor da Rede Mundial de Orao
do Papa no Brasil.
Lanado primeiro em Portugal, em
novembro de 2014, atualmente, o apli-cativo est disponvel em cinco idio-
APLICATIVO CLICK TO PRAY COMPLETA UM ANO NO BRASIL
mas (ingls, francs, espanhol, portu-
gus e alemo), com perspectivas de
ser adaptado para mais trs ou quatro
no futuro. A verso em portugus
produzida pela Sede Nacional do Apos-
tolado da Orao e do MEJ no Brasil,
em conjunto com a sede de Portugal.
Para padre Eliomar, a ferramenta
uma resposta ao chamado do Papa Fran-
cisco para que todos participem da mis-
so de Cristo, no caso do Click To Pray,
por meio da orao. No possvel estar
verdadeiramente bem sem preocupar-se
com o bem do outro. O convite do Papa
para sairmos, irmos s fronteiras e pe-
riferias do mundo nos impele a sair ao
encontro dos outros, sobretudo de quem
mais sofre, acredita.
O jesuta ressalta tambm outra
iniciativa da Rede Mundial de Ora-
o do Papa, que atende ao chamado
de Francisco, a srie O Vdeo do Papa.
Esse projeto um forte apelo mensal
para que toda a humanidade se mo-
bilize internamente, preocupando-se
com os grandes desafios da humani-
dade. Divulgado nos dias prximos
da primeira sexta-feira de cada ms
dia de Orao e Mobilizao pelas
Intenes de Orao do Papa, o vdeo,
gravado em espanhol, legendado em
mais de 10 idiomas e pode ser acessa-do pelo YouTube, finaliza.
COMO UTILIZAR
Para utilizar o app Click To Pray, necessrio fazer download da ferra-menta na App Store e no Google Play. Depois, s criar um perfil e estabe-lecer os horrios para orao, que so divididos em trs perodos: orao da manh (para comear o dia), da tarde (para receber uma frase ou pensamento inspirador) e da noite (para a reviso diria). O aplicativo tambm envia uma newsletter sobre a Rede Mundial de Orao para as pessoas cadastradas.
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20 21Em Em
A COMPANHIA DE JESUS NO MUNDO DILOGO CULTURAL E RELIGIOSO
LANAMENTO DE OBRA COMPLETA DE MANUEL DA NBREGA
Os primeiros jesutas desem-barcaram no Brasil, em 1549, nove anos aps a Compa-nhia de Jesus ser aprovada pelo Papa
Paulo III. Vindos com Tom de Sousa,
primeiro governador-geral do Brasil Co-
lnia, os religiosos foram liderados pelo
padre Manuel da Nbrega, umas das fi-
guras mais importantes na fundao de
cidades e no trabalho de educao dos
descendentes de portugueses e nativos.
Em 18 de outubro, comemoramos os 500 anos de nascimento de Nbrega e, em homenagem a esse importante per-
sonagem da histria brasileira, foi lan-
ado o livro Obra completa de Manuel da
Nbrega, publicao editada pelas Edi-
es Loyola e pela Editora PUC-Rio (2017) e organizada por Paulo Roberto Pereira.
O ltimo livro que trazia os textos do
jesuta era de 1955 e foi feito por Serafim Leite, ou seja, no estava atualizado para
a ortografia atual. Segundo o organiza-
dor da nova publicao, s especialis-
tas conseguiam ler, pois sua linguagem
era mais complexa. Na transcrio dos
textos, uniformizamos o uso de letras
maisculas e minsculas, atualizamos a
pontuao, fixamos a verso quinhentis-
ta de acordo com as normas ortogrficas
atuais do portugus do Brasil e acrescen-
tamos notas esclarecedoras sobre per-
sonagens e acontecimentos histricos
relevantes. Os textos em latim emprega-
dos por Nbrega, oriundos do Velho e do
Novo Testamento e dos doutores da Igre-
ja Catlica, foram traduzidos e colocados
ao p de pgina. , explica Paulo Roberto.
Para ele, Nbrega uma das princi-
pais figuras fundadoras do Brasil e, por
isso, importante tornar acessvel seus
escritos. Ao chegar Bahia, no sculo
XVI, ele desenvolveu um extraordin-
rio trabalho religioso e laico. A partir
da fundao da cidade de Salvador, o
jesuta fez um intenso trabalho apos-
tlico de missionao, atraindo, para a
Igreja Catlica, os habitantes originais
do Brasil. Com o passar do tempo, co-
nhecendo melhor os ndios brasileiros,
ele assentou as bases da evangelizao
empreendida pela Companhia de Jesus,
focada em abolir a antropofagia e a po-
ligamia e, simultaneamente, defender
os indgenas dos colonos que deseja-
vam escraviz-los, afirma.
Doutor em Letras pela UFRJ (Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro) e pro-
fessor na Universidade Federal Flumi-
nense (UFF), Paulo Roberto explica que
a atividade laica de Nbrega foi funda-
mental na expanso geogrfica do Brasil
quinhentista. Isso se deve criao de
escolas e orfanatos para crianas aban-
donadas vindas de Portugal e tambm
para os prprios curumins aqui encon-
trados, que eram oferecidos pelos pais
para serem educados pelos jesutas. Por
isso, seu pioneirismo como educador e
criador das primeiras escolas do Brasil
no pode ser esquecido, ressalta.
O livro traz cartas, documentos e a li-
teratura dramtica do jesuta. Um exem-
plo da importncia de seus escritos para
o Brasil a pea teatral Dilogo sobre a
converso do gentio, escrita por Nbrega
na Bahia, entre 1556-1557. Esse o pri-meiro texto literrio produzido em nos-
so pas. Mas o valor dessa obra dramtica
muito maior do que ser a iniciadora da
Literatura Brasileira, pois suas qualida-
des dramatrgicas no envelheceram e
poderia ser montada hoje em qualquer
teatro do Brasil, diz Paulo Roberto.
Pelo trabalho de divulgao da f
crist, Paulo Roberto acredita que o pri-
meiro provincial da Companhia de Jesus
no Brasil foi uma das principais figuras
jesuticas do sculo XVI, ao lado de In-
cio de Loyola, Francisco Xavier e Jos de
Anchieta. A primeira contribuio de
Nbrega para a Companhia de Jesus foi
estabelecer as bases slidas dessa insti-
tuio no Brasil, por meio da solicitao,
aos mandatrios portugueses, de doao
de terras, de gado e de penso vital-
cia para a criao de colgios. Ele tinha
conscincia de que os recursos na nas-
cente ptria brasileira eram escassos e a
populao formada de colonos pobres e
ndios no tinha condio de contribuir
para a construo de escolas pblicas
para o povo. Da sua luta para que os
governantes doassem aos colgios je-
suticos contribuio permanente, que
inclua alimentao e roupa, ficando os
padres jesutas vivendo de esmola e ves-
tindo, durante anos, farrapos das roupas
trazidas de Portugal, conforme lembra
ele incisivamente, conta.
O livro tambm traz cartas de Nbre-
ga endereadas aos padres de Coimbra,
ao rei D. Joo III e a Incio de Loyola, fun-
dador da Companhia de Jesus. Segundo
Paulo Roberto, hoje, s conhecemos duas
cartas endereadas por Nbrega Nessas
mensagens de Nbrega a Santo Incio,
existe um fator preponderante revelador
do seu carter: a humildade e o prazer de
servir ao outro. A defesa do indgena do
Brasil o que mais o preocupa nas car-
tas. Nbrega no pede nada para si, no
almeja cargos nem dignidades e se consi-
dera o menos preparado para levar adian-
te uma obra sem exemplo na histria,
no dizer de Capistrano de Abreu, sobre o
trabalho missionrio da Companhia de
Jesus no Brasil, finaliza.
-
22 23Em Em
COMPANHIA DE JESUS PROMOO DA JUSTIA SOCIOAMBIENTAL
Querido em Jesus Cristo, Reverendo
Padre Visitador:
Que lhe parece? 130 sacerdotes e re-
ligiosos, com Monsenhor Boza frente,
rumo Espanha pela vontade paternal e
democrtica do Dr. Fidel Castro Ruiz. Da
Companhia de Jesus somos 26, com o R. P.
Vice Provincial frente. E, como foi? [...]
Assim comea a longa carta envia-
da pelo jesuta Fernando de Arango
a Manuel Foyaca, seu companheiro
de ordem religiosa e ento Visitador
Social da Companhia de Jesus para a
Amrica Latina. A data: 23 de setem-bro de 1961. O lugar: o navio Cova-donga, responsvel por conduzi-los
ao seu destino final no outro lado do
Atlntico. O grupo, capitaneado pelo
bispo auxiliar de Havana (Cuba), dom
Eduardo Boza Masvidal, havia sido
expulso do pas dias antes sob o argu-
mento de colaborao na fracassada
tentativa de derrubar o governo revo-
lucionrio, em abril. Tinha incio ali
um longo, doloroso e definitivo exlio
para aquele grupo de padres e religio-
sos. O prprio Fernando de Arango ja-
mais voltaria a pisar em solo cubano
novamente. Assim como ele, alguns
dos jesutas proscritos trabalhavam
no Centro Social de Havana, o primei-
s Centros Sociais da Companhia de Jesus na Amrica Latina tm uma rica histria e, para ajudar a compartilhar esse co-
nhecimento, a pesquisa tem papel fundamental. Pensando nisso, Iraneidson Santos Costa, professor do Departamento de
Histria e do Programa de Ps-Graduao em Histria da UFBA (Universidade Federal da Bahia), est desenvolvendo uma
pesquisa sobre a histria dos CIAS latino-americanos (Centros de Investigao e Ao Social).
Doutor em Histria pela UFBA e ps-doutor pela FAJE (Faculdade Jesuta de Filosofia e Teologia), Iran, como conhecido,
membro do Comit Editorial dos Cadernos do CEAS, dos quais foi redator entre 2001 e 2007. Nos ltimos anos, tem ministrado as disciplinas de Histria da Amrica e Histria das Religies. Alm disso, realiza pesquisas na rea de Religio, Poltica e Movimentos
Sociais na Amrica Latina e no Nordeste brasileiro, e desenvolve atividades de Extenso no campo da Histria e Memria das Lutas
Populares na Bahia. Leia abaixo o artigo produzido pelo professor:
UMA HISTRIA PARA NO ESQUECER: OS CENTROS SOCIAIS DA COMPANHIA DE JESUS NA AMRICA LATINA
ro do gnero criado em terras latino-
-americanas, ainda em 1950, e que se expandiria consideravelmente ao lon-
go das duas dcadas seguintes, a pon-
to de alcanar um total de 18 em 1970. essa histria dos Centros de Investi-
gao e Ao Social (CIAS) da Companhia
de Jesus na Amrica Latina que estamos
pesquisando atualmente, com a consulta
a dezenas de arquivos, bibliotecas e cen-
tros de documentao espalhados pelos
continentes latino-americano e euro-
peu. Neles repousam milhares de cartas,
telegramas, fotografias, cartazes, atas,
anotaes pessoais, relatrios, processos
criminais, folhetos, cartilhas, boletins,
jornais, revistas e livros que ajudam a
contar a histria da ao social jesuti-
ca na segunda metade do sculo XX. A
correspondncia que abre esse texto,
por exemplo, se encontra no Arquivo de
Espanha da Companhia de Jesus, em Al-
cal de Henares (Espanha), e revela como
a atuao junto s classes populares, no
caso especfico o movimento operrio
cubano, implicou em graves conflitos de
ordem ideolgica.
Mas no apenas em relao a gover-
nos de esquerda. No Arquivo da Provn-
cia Chilena da Companhia de Jesus, de
Santiago (Chile), um outro documento
traz o avesso desse desafio. Trata-se de
um folheto, datado de outubro de 1968, no qual a organizao catlica Tradio,
Famlia e Propriedade (TFP) acusa os
jesutas do Centro Bellarmino (o nome
oficial do CIAS chileno) de comunistas
por conta sua defesa (vejam que iro-
nia...) da Revoluo Cubana de 1959. Datado de 1972, se encontra guar-
dado do Arquivo Nacional do Rio de
Janeiro um dos milhares de registros
produzidos pela odiosa ditatura civil-
-militar brasileira. Estamos falando
do Processo de n 9.659/69 que visava expulsar o jesuta espanhol Manuel
-
22 23Em Em
Andrs Mato. Padre Andrs, como era
conhecido, trabalhou em dois impor-
tantes CIAS brasileiros (o Centro Joo
XXIII, do Rio de Janeiro, e o Centro de
Estudos e Ao Social/CEAS, de Salva-
dor), e a tentativa de deportao (essa
ameaa frequente no cotidiano do
apostolado social...) decorreu de sua
atuao como professor do Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento (Ibra-
des), rgo vinculado ao CIAS cario-
ca que dava cursos sobre a realidade
brasileira para agentes de pastoral de
diversos recantos do Brasil.
Estvamos na dcada de 1970, do-lorosa no apenas em nosso pas, mas
em boa parte do continente, assolado
por um sistema econmico excluden-
te e por regimes polticos autoritrios.
Alguns bispos da poca foram fiis a sua
misso proftica, denunciando de manei-
ra corajosa a opresso que se abatia sobre
o povo latino-americano. Este boletim do
Arcebispado de San Salvador, consul-
tado no Arquivo Histrico da Companhia
de Jesus na Repblica Dominicana, narra
o assassinato, em maro de 1977, do jesu-ta Rutlio Grande, em razo de seu apoio
luta dos camponeses de El Salvador.
Comprometida com estudantes, cam-
poneses, operrios, indgenas ou os pobres
em geral, expressa por meio de cartas, fo-
lhetos, processos-criminais, recortes de
jornal ou quaisquer outras formas, a atu-
ao dos CIAS latino-americanos consis-
te numa dimenso crucial do apostolado
cristo contemporneo. Sua histria per-
manece pouco conhecida at hoje.
A propsito, ao publicar, no sculo XVI,
a biografia de Incio de Loyola, o jesuta
Pedro de Ribadeneyra chamava a ateno
para a importncia da memria. Segun-
do ele, era fundamental que a histria do
fundador da Companhia de Jesus fosse re-
gistrada, de tal maneira que nem o esque-
cimento a sepulte, nem o descuido a escu-
rea, nem se perca por falta de escritor. Do
mesmo modo a histria dos CIAS...
[...] A ATUAO DOS CIAS LATINO-AMERICANOS CONSISTE NUMA DIMENSO CRUCIAL DO APOSTOLADO CRISTO CONTEMPORNEO.
-
24 25Em Em
COMPANHIA DE JESUS EDUCAO
UNISINOS TORNA-SE GUARDI DO ACERVO DE LUIS FERNANDO VERISSIMO
Em setembro, a Unisinos celebrou o recebimento da guarda do acervo do escritor, jornalista e msico Luis Fernando Verissimo. A solenidade, que
aconteceu no dia 12, no campus Unisinos Porto Alegre (RS), contou com a presena
do escritor gacho e de seus familiares.
Na ocasio, o reitor da Unisinos, pa-
dre Marcelo Fernandes de Aquino, e Luis
Fernando Verissimo assinaram o Contra-
to de Comodato que torna a instituio
responsvel pela conservao, disponi-
bilizao e divulgao da obra do escritor
para fins acadmicos e culturais e para
promoo da pesquisa. So 1.159 ttulos de peridicos e 382 livros, como ttulos do autor, antologias e edies estrangeiras.
Tambm fazem parte do acervo trofus,
publicaes na imprensa, documentos
audiovisuais, manuscritos, memorabilia,
comprovantes de crtica, edio e adapta-
o, quadros, esculturas, entre outras ho-
menagens recebidas pelo escritor.
Da esq. p/ dir., padre Marcelo e Verissimo assinam o Contrato de Comodato
Todo esse patrimnio ficar dispo-
nvel no campus Unisinos Porto Alegre.
No acervo, vemos o saxofonista, escritor,
cidado e escutamos teu silncio, que,
muitas vezes, barulhento, declarou
padre Marcelo a Verissimo. Teu acervo
algo to precioso que guarda a tua vida.
Vida to honrada que conseguiu um feito
raro aqui no Brasil, que viver de sua ca-
neta, concluiu o reitor.
Luis Fernando Verissimo um escri-
tor gacho conhecido por suas crnicas e
contos de humor e j escreveu para diver-
sos jornais e revistas do pas. Filho do es-
critor rico Verissimo e de Mafalda Halfen
Volpe, nasceu em 26 de setembro de 1936, em Porto Alegre (RS). Em 1973, lanou sua
TEU ACERVO ALGO TO PRECIOSO QUE GUARDA A TUA VIDA. VIDA TO HONRADA QUE CONSEGUIU UM FEITO RARO AQUI NO BRASIL, QUE VIVER DESUA CANETA
Pe. Marcelo Fernandes de Aquino
Acervo de Verissimo
Ttulos de peridicos
Livros
A gerente administrativa da Biblio-
teca Unisinos, Luciana Curra, caracte-
rizou a obra de Verissimo como ampla
em diversidade de atuao e rica em
fonte de informao, fico feliz e emo-
cionada e agradeo por ter confiado na
Unisinos, declarou.
Na oportunidade, a Unisinos inau-
gurou o Espao Luis Fernando Verissi-
mo, uma homenagem a um dos mais ex-
pressivos intelectuais gachos. O espao
foi idealizado para acolher eventos cul-
turais, institucionais e acadmicos da
universidade e comunidade. O local fica
no andar trreo da Torre Educacional.
1.159
382
ESCRITOR, JORNALISTA E MSICO primeira obra, chamada O Popular, uma coletnea de textos bem-humorados
j publicados em jornais em que havia
trabalhado. Em 1981, na Feira do Livro de Porto Alegre, lanou o livro de crni-
cas O Analista de Bag, que se esgotou
em dois dias. Atualmente, escreve
para os jornais O Globo, O Estado de S.
Paulo e Zero Hora.
-
24 25Em Em
COLGIOS PROMOVEM BATE-PAPO SOBRE IGUALDADE
Os colgios Loyola e So Lus, localizados, respectiva-mente, em Belo Horizonte (MG) e em So Paulo (SP), promoveram rodas de conversa com os alunos sobre igualdade de gnero. A proposta das iniciativas foi ampliar o
debate sobre a desigualdade ainda persistente entre homens e
mulheres, principalmente no mercado de trabalho.
No Loyola, o bate-papo reuniu alunos do 2 ano do Ensino Fundamental que, ao lerem uma histria em quadrinhos so-
bre cientistas brasileiros, estranharam a presena de poucas
mulheres na rea. Aps os questionamentos que surgiram, o
colgio convidou sete mulheres, que alcanaram funes de
destaque em suas reas de atuao, para conversar com os es-
tudantes sobre igualdade de gnero.
Diante de uma plateia muito curiosa e atenta, elas explica-
ram que a mulher pode ocupar os espaos que desejar e mostra-
ram a importncia de homens e mulheres trabalharem juntos
pela ampliao da igualdade de direitos e deveres. Como re-
sumiu Cludia Romualdo, uma das convidadas, s com mui-
to amor e respeito, a gente vai conseguir melhorar o mundo.
Apesar da pouca idade, os alunos manifestaram o desejo de
contribuir por um mundo melhor, apontando a admirao que
tm pelas mes, avs, tias, professoras e outras mulheres que
conhecem. Eles trouxeram para o bate-papo uma preocupao
genuna com as estatsticas que demonstram diferena salarial,
desproporo de carga de trabalho em casa e tambm situaes
de vulnerabilidade enfrentadas diariamente pelas mulheres.
No Colgio So Lus, por meio do Projeto de Vida, todas
as sries desenvolvem um trabalho em torno dos eixos Vida
Saudvel que abrange temas como autoconhecimento,
espiritualidade, sexualidade, sade, boas escolhas e Vida
em Sociedade que aborda tica, meio ambiente, consumo,
bullying, entre outros. Nessa perspectiva, a 2 srie do Ensino Mdio participou de uma roda de conversas com quatro mu-
lheres que trouxeram contribuies complementares ques-
to da ocupao feminina do espao pblico.
Alessandra Almeida, uma das convidadas, falou sobre o
tema que estuda violncia contra mulheres e observou a
interseco de gnero, raa e renda em suas anlises. Veridiana
Campos tambm trouxe uma viso acadmica, focada na pre-
sena feminina em espaos de poder e na vida profissional.
A artista plstica Ana Teixeira contou sobre como ficar ex-
posta num lugar pblico para ter a participao das pessoas em
intervenes artsticas, como na ao Troco sonhos, em que dava
um doce ao escutar uma revelao. J Mag Tonhon luta pela acei-
tao das mulheres transexuais e provocou os alunos a observa-
rem os espaos pblicos em seu bairro: por que frequentam (ou
no) tais lugares? Segundo ela, vivemos numa cidade de muros.
So atividades como essa e conversas com pessoas di-
ferentes que fazem com que a gente fique mais atenta para
identificar atitudes de preconceito, diz a aluna Marina Ce-
lani, que tem uma viso otimista: Minha gerao est mais
aberta, consciente e se respeita mais.
Alexandra Gazzinelli, assessora pedaggica da Diretoria
Acadmica do Colgio Loyola.
Maria de Lourdes Castelo Branco, professora e pesquisa-
dora aposentada do curso de Farmcia da UFMG (Universi-
dade Federal de Minas Gerais).
Aristhea de Souza Totti e Silva Castelo Branco de Alencar,
advogada da Unio.
Krin Emmerich, desembargadora da 1 Cmara Criminal do
Tribunal de Justia de Minas Gerais e superintendente da Co-
ordenadoria da Mulher em Situao de Violncia Domstica.
Cludia Romualdo, coronel reformada da PMMG (Polcia
Militar de Minas Gerais), atual Secretria de Defesa Social de
Vespasiano e primeira mulher a ocupar cargo de Comandan-
te de Policiamento da capital mineira.
Mnica Castelo Branco Savernini, tenente-coronel da PM,
integrante do quadro de oficiais de sade, especialista em
odontopediatria.
Marisa de Oliveira Costa, delegada da Delegacia Especiali-
zada de Atendimento Mulher.Colgio So Lus (SP)
Colgio Loyola (MG)
-
26 27Em Em
COMPANHIA DE JESUS JUVENTUDES E VOCAES
No eram nem 9 horas da manh, mas o sol estava escaldante, a temperatura j atingia cerca de 30 graus e o cansao era inevitvel. Mas, ape-
sar das bolhas nos ps e das dores nas cos-
tas, os 13 peregrinos, que percorreram 75 Km e cruzaram quatro cidades do interior
de So Paulo, no demostravam desnimo.
Pelo contrrio, eles estavam empolgados,
pois tinham a certeza de que cada passo
dado os aproximava ainda mais da casa
da me. Chegar Baslica de Nossa Se-
nhora Aparecida foi emocionante, me
senti envolvida pelo amor da Me como
nunca havia sentido antes e me reconhe-
ci como uma filha que estava entrando
em casa, relembra Bruna Frana Silva, 21 anos, uma das jovens que participou da
Experincia MAGIS: Peregrinao 300 anos de Aparecida, promovida pelo Centro MA-
GIS Anchietanum e pelo Programa MAGIS
Brasil, entre os dias 7 e 10 de setembro.
Foram quatro dias de caminhada e
cada quilmetro percorrido representa-
va a certeza de que os jovens estavam no
caminho certo. O maior desafio vencer
a si mesmo, porque, durante o percurso,
o corpo sente o cansao e, se a cabea
deixa ser levada pelo corpo, fica muito
mais difcil a caminhada. importan-
te, ao caminhar, deixar a cabea guiar o
PEREGRINANDO COMNOSSA SENHORA APARECIDA
corpo. Mesmo quando estive sentindo
dores, confiei em Deus e segui o cami-
nho, sem dar importncia para as dores.
Nos momentos mais difceis, a vivncia
comunitria foi fundamental. Um pere-
grino ajudando o outro. Fortalecendo,
incentivando, partilhando, afirma Jefer-
son Albuquerque Spindola, 27 anos.Bruna concorda com o colega e diz
que o maior desafio foi no ter deixado
o psicolgico ser abalado durante o per-
curso. Para mim, a parte mais difcil foi o
trecho entre o bairro de Ribeiro Grande,
em Pindamonhangaba, e o municpio de
Potim, cidade vizinha de Aparecida. Nes-
se trecho, em uma parte do caminho, a
estrada tinha muita poeira e estava mui-
to calor, o ar seco, sem opes de parada
durante o trajeto e, como agravante, o
cansao dos dias anteriores comeou a
se manifestar. Nesse dia, senti o quanto
importante caminhar entre amigos que
nos do fora para continuar andando,
compartilha a estudante de Medicina.
E por que, apesar de todo o cansao,
peregrinar continua sendo to significati-
vo para os cristos? Segundo padre Jonas
Caprini, secretrio nacional para Juven-
tude e Vocaes da Provncia dos Jesutas
do Brasil (BRA) e atual coordenador do
Programa MAGIS Brasil, a peregrinao
uma herana crist. O Povo de Deus
peregrinava e todos ns somos tambm
peregrinos seguindo os passos de Jesus
e de seu programa de vida. Santo Incio
ressaltou essa caracterstica crist reali-
zando a experincia de peregrinar no pro-
cesso de converso e no desejo de realizar
os apelos do Pai, que o chamava a servir o
Reino, ele mesmo era chamado de o pere-
grino, conta.
Para o jesuta, a peregrinao mais
do que uma experincia fsica, uma
experincia humana e espiritual que
ajuda as pessoas a despojarem-se do
que no necessrio e ir ao encontro
do eu verdadeiro. A peregrinao ma-
riana, realizada pelo Centro MAGIS An-
chietanum para celebrar os 300 anos de Aparecida, foi a oportunidade que ofe-
recemos aos jovens, luz da vocao de
Maria, de nos colocar a caminho, apro-
fundando a vida de orao e reflexo
acerca do projeto de vida e do servio
ao Reino. A Experincia encerrou nosso
ano Mariano, nos animando na f e pro-
vocando sempre mais peregrinar em
busca de justia, liberdade e vida para
todos!, ressalta padre Jonas.
Depois de tantos dias caminhando,
chegar Baslica de Nossa Senhora Apa-
recida foi um momento nico na vida
desses jovens, conforme o relato de Bru-
na no incio do texto. Porm, mais im-
portante do que chegar, foi a vivncia de
todo o caminho. Durante a peregrinao,
eu no imaginava sentir o amor de Deus
da maneira como senti. Quando inicia-
peregrinos13
percorridos75 km
do interior de So Paulocruzaram cidades4
-
26 27Em Em
mos a caminhada, no segundo dia, logo
durante o tero que rezvamos, os moto-
ristas e caminhoneiros que passavam por
ns buzinavam e alguns at gritavam, in-
centivando a caminhada. Aquilo mexeu
comigo de uma maneira que minha voz
embargou, no conseguia falar as pala-
vras da orao e, ali, eu chorei. Naquelas
buzinas, eu senti o cuidado de Deus por
ns. E, mais frente, no mesmo dia, en-
quanto subamos uma ladeira, aconteceu
a mesma coisa: carros e carros passando e
buzinando. Eu sentia como se fosse Deus
falando: Continuem, coragem, vai dar
tudo certo, fora, falta pouco, partilha
Jeferson, que professor de Sociologia na
rede pblica de ensino.
O jovem conta que esse sentimento
de consolao o tocou bastante. H dias,
eu j sentia uma necessidade de sair de
mim mesmo para poder sair em misso.
Evangelizar. E, recentemente, eu ouvi que
uma pena haver pessoas to capazes
dentro da igreja, mas que no saem em
misso, isso um desperdcio. A pessoa
no falou para mim, especificamente,
mas eu senti como uma mensagem. Toda
vez que me surgia uma oportunidade de
misso, eu me privava, fugia, me sentia
um desperdcio. E, durante a caminhada,
eu acabei saindo de mim, ajudando meus
irmos de maneira natural. Sem forar
nada. Sem me sentir obrigado. Eu no me
senti um desperdcio e me senti uma fer-
ramenta na mo de Deus. Uma ferramen-
ta que Deus usou para que, na partilha,
nas brincadeiras, eu transmitisse e rece-
besse fora para continuar a caminhada.
Isso, para mim, foi maravilhoso, afirma.
Sobre a peregrinao, Bruna relem-
bra um momento de convivncia que foi
muito especial para todos. Na sexta-fei-
ra, dia 8, nos hospedamos em uma pou-sada muito prxima ao rio Paraba do Sul
[onde a imagem de Nossa Senhora foi
encontrada] e fomos tomar banho nes-
se rio. Esse momento foi nico, pois, ao
olhar o rosto to feliz de cada peregrino,
foi como estar olhando o rosto de Deus.
As guas do rio iam fluindo, como se es-
tivessem nos massageando e levando as
nossas dores musculares embora. Sentir
a ternura dessas guas foi como sentir um
abrao de Maria, compartilha.
Osvaldo Meca, agente de Pastoral do
Centro MAGIS Anchietanum, afirma que
esse esprito de comunidade esteve pre-
sente durante toda a peregrinao. Parti-
cipar dessa experincia foi um exerccio
concreto da escuta de Deus, da partilha,
da prtica da solidariedade entre os pere-
grinos. E esse esprito se manteve aceso
pela pessoa de Maria, que rezamos em
todos os momentos, desde os teros que
fazamos pela manh at as partilhas no
fim do dia. Poderia, talvez, sintetizar esse
sentimento com a passagem das bodas
de Can, texto que rezamos em uma cele-
brao noturna: Fazei tudo o que ele vos
disser (Jo 2, 5). Assim como Maria orien-ta os empregados no Evangelho, tambm
nos orientou durante o caminho, fazendo
com que nossas atitudes fossem de mise-
ricrdia e liberdade, conclui.
DURANTE A PEREGRINAO, EU NO IMAGINAVA SENTIR O AMOR DE DEUS DA MANEIRA COMO SENTI
Jeferson Spindola
-
28 29Em Em
COMPANHIA DE JESUS JUVENTUDES E VOCAES
NOVO ESPAO PARA A JUVENTUDE NASCE EM RUSSAS (CE)
om cerca de 70 mil habitantes, a cidade de Russas est localizada
na regio conhecida como Baixo
Jaguaribe (CE). No local, o clima se-
mirido e a vegetao predominante
a da caatinga. A populao convive no
apenas com a seca, mas tambm com os
desafios nas reas educacional, social e
de sade, to preocupantes quanto ela.
Nossas polticas pblicas nas diversas
reas ainda so escassas. Hoje, no te-
mos projetos voltados para as juventu-
des do campo ou da periferia, os raros
que existem atingem uma pequena par-
cela dos que moram no centro urbano,