merguloranao (plautus alle) nos agorestars0 - 25,4 rnrn dedo mediano - 31,5 mm peso - 75 gramas....
TRANSCRIPT
0 MERGULOrANAO (PLAUTUS ALLE) AVE DE PASSAGEM NO INVERNO
NOS AGORES
par DUARTE S. FURTADO
Aquando da passagem do forte temporal da segunda semana do m2s de Dezembro de 1978 que se fez sentir em todo o Arquipklago dos A~ores, foram observados junto B costa da Ilha de S. Miguel vhrios exemplares do Mergulo-ango (Plautus dle) . Alguns forarn arrastados para o interior da ilha, sendo tr2s os exemplares capturados e trazidos para o Laborat6rio onde se procedeu 2i sua determina~go e medidas.
0 s Alcideos, A qua1 pertence o Mergulo-ango, sZo uma farnilia de Aves exclusivamente restrita As regiaes frias do Hemisfkrio Norte. Excelentes mergulhadores que sHo, gragas ao corpo fusiforme e Bs pernas terminadas por dedos pahnados, sHo pesados e robustos deslocando-se a nadar nHo s6 por meio da ajuda das pernas (implantadas, ao contrkio das outras aves, h rectaguarda do corpo) mas tambCm com as pequenas asas que actuam como authticas barbatanas.
Dividem-se os Alcideos em 7 tribus (ver o quadro que a seguir se apresenta) com 22 espkcies, sendo o Mergulo-anHo a iinica especie representada pertencente B tribu dos Plautini.
DUARTE S. FURTADO
F M L I A DOS ALCTDEOS
TRIBU ESmCIE REP. OCEANICA
Plautini Plautus alle Atktico
Alcini Aka tor& Atbtico Uria aalge Atl3ntico Uria lomvia Atliint. e Pacifico
Cepphini Cepphus grylle Cepphus curb0 Cepphus coZurnba
Atbt. e Pacifico Pacifico Pacifico
Fraterculini Fratercula arctica Atlhtico Fraterculu corniculata Pacific0 Lunda cirrhota Pacific0
Aethini Ptychmamphus aleutZcus Pacific0 Cgclmhynchus p&cula Pacific0 Aethia mistatella Pacific0 kethia 27ygmaea Pacific0 Aethiu pusilla Pacific0 Cerrhinca monocerata Pacifico
Brachyramphini Brachgrainphus marnorutus Pacifico Brachyramphus brevirostrk Pacific0 Brachgramphus hgpoZeucus Pacific0 B~achyramphus craveri Pacifieo
Synthliboramphini Synthliboramphus wuntizusume Pacifico Synthliborumphus antiquus Pacific0
QUADRO ADAPTADO DE TUCK, Gerald & HEINZEL, Herman (1978)
0 Mergulo-ango existe somente no Atliintico, e esth subs- tituido no Pacifico Norte por uma esp6cie de Alcideo muito prhximo. Estas duas esp6cies estiio substituidas na reg50 Polar Sul pela familia dos PelicanoicIideos (Pardela mergulhadora) que tern o mesmo nicho ecolhgico.
0 MERGULO-ANAO ... AVE DE PASSACEX NO INVERNO NOS ACORES
0 mergulo-anZio 6 a mais pequena (20,3 cm) ave marinha que se pode encontrar na superficie do Atlhtico Norte. Dis- tingue-se facilmente p e l ~ seu curto bico, cabqa, pescogo e partes superiores do corpo de cor preta. As restantes sio brancas.
Nidifica nas orlas costeiras das ilhas do Oceano Arctico, Gronelgndia, Islhdia, Spitzbergen, Novaya Zemlya e outras ilhas da Siberia (ver mapa de distribui~iio mundial), em col6nias muito numerosas; coldnias muito importantes totalizando mais de 10 000 000 de individuos foram encontradas na costa Este da Area de Scoresby Sound (In FREUCHEN & SALOMONSEN, 1959).
Abandonou a Europa onde era comum no sCculo XIX, o mergulo-ango comegou a diminuir desde 1850 e a sua principal colhia nZio era mais do que 150 pares em 1905, dos quais restavam apenas 10 em 1950, acabando por desaparecerem nos anos seguintes. Presentemente, nidifica cada vez mais ao Norte do Atlgntico. Tal facto, segundo a opiniiio de viirios autores, deve-se ao reaquecimento do clirna e B poluig5o (YEATMAN, 1971).
No ninho, situado nas escarpas das rochas ou em cavernas naturais, p8em 1 ovo (raramente 2) de cor verde azulado durante o Ver5o kctico. Acontece por vezes construirem seu ninho no interior das terms at4 cerca de 30 Km da costa, o que se torna inconveniente para os filhotes aquando dos primeiros ensaios de busca de alimento, uma vez que se encontram bastante afastados do mar.
Macho e f6mea incubam o ovo durante 3 semanas e meia, alimentando o jovem que voarh depois de 20 dias.
0 s jovens apresentam a plumagem de um castanho escuro na cabega, pescogo e partes superiores do corpo, ainda visivel durante o 1." inverno. 0 mergulo-anh passa a maior parte da sua vida sobre as Bguas do oceano, muito pr6ximo das zonas de nidifica@o, donde tira todo o seu aliment0 que na sua maioria C constituido por pequenos crustAceos e microplancton.
DUARTE S. m T A D O
Mergulha como h i c o meio de defesa quando suspeita a pre- senca de perigo.
Fora da Cpcrca de nidificacgo, o. mergulo-ango dispersa rum0 ao mar (ver mapa de distribuiebo mundial) indo desde o sul da Groneliindia at6 New-York (Long Island) e casualmente at6 ao Sul da Carolina, podendo mesmo ir at4 ao Golfo do Mkxico. Ocasionalmente passa no Mediterrhneo at6 Este da I t s a e no Atlhtico, o limite das observagSes passa na Madeira, Bermu- das, Cuba e Florida.
A zona principal de invernagem passa pel0 Sul da Noruega, Faeroes, Iceland e Newfoundland, mas em pequeno n6mero pode atingir a Franca, Acores e New Jersey.
OBSERVAc6ES DO NIERGULO-ANAO (PZautus dle) NOS ACORES
A 14 de Dezembro de 1978, tr8s exemplares foram captu- rados no interior da Ilha de S. Miguel.
Das informacSes possuidas sobre a presenca desta espCcie nos Acores, encontram-se:
1 - DU CANE GODMAN (l87O), em 1865 observou numa coleccio particular na Ilha Terceira um exemplar que havia sido morto 4 ou 5 anos atrds (1860-1861);
2 - A 24/Nov./1932, o Coronel AGOSTINHO determinou um exemplar na Ilha Terceira (In CHAVIGNY & MAYAUD, 1932);
3 - A 14/Jan./1966, um exemplar da mesma espbcie foi capturado no meio de urn bando na costa norte da mesma Ilha (In BANNERMAN & BANNERMAN, 1966);
O MERGULO-ANAO ... AVE DE PASSAGEM NO INVERNO NOS ACORNS
4 - Com data desconhecida, existe um exemplar no British Museum que foi capturado em Ponta Delgada - S. Miguel- Acores (In HARTET & OGILVIE-GRANT, 1905);
5 - Sete exemplares que se encontram conservados no Mu- seu de Carlos Machado em Ponta Delgada - S. Miguel - AGO- res, todos capturados entre Janeiro e Fevereiro 1 - s/data, 4-1899 e 2-1950);
6 -Um exemplar que foi encontrado morto na superficie do mar pr6ximo do IlhCu de Vila Franca do Camp - S. Miguel - Acores em Outubro de 1976 (Comunicacio do Sr. F. REINER no I Congress0 Nacional de Ornitologia, Porto, Abril de 1977);
7 - TrCs exemplares por n6s capturados em 14/Dez./1978, apresentando todos eles plumagem de inverno:
a) um exemplar foi largado a 15/Dez./1978, depois de devidamente anilhado (N." UNIV. PORT0 PORTUGAL - AA 6300) ;
b) outro exemplar foi conservado, fazendo agora parte duma colec~iio privada;
c) o terceiro e atimo exemplar foi igualmente conservado, passando a fazer parte da nossa coleccio. Tem como medidas :
ASA - 116 mm CAUDA - 36 mm BICO - 12,8 mm TARS0 - 25,4 rnrn DEDO MEDIANO - 31,5 mm PESO - 75 gramas.
DUARTE S. FURTADO
Perante estes dados e de outros obtidos em exemplares existentes na colecciio do Museu de Carlos Machado bem como em colec~8es privadas, estabelecemos a seguinte tabela de medidas :
TABELA PARA OS ACORES
c/par MEDIA
12/1978 DATA
BICO
TARSO
DEDO
(a) N5o nos foi possivel deterrninar a dimenslo da asa em virtude da mesrna tel sido cortada Zt tesoura. c/MCM = Colec*o Museu Carlos Machado; n/c = nossa m1ec~Zio; c/par = colec@o particular.
ASA
SEXO
Comparando estes dados aos de GODFREY (1972), ALE- XANDER (1963) e WITHEBY (1951), todos expressos na tabela representada na p&gina seguinte, pudemos verificar que as medidas dos exemphes de mergulo-ango (Plautus d e ) apare- cidos nos Acores entram nos limites aormais para esta ebpkie.
c/MCM
02/1950
144
126
278
c/MGM
?
132
180
294
c/MCM
02/1899
135
220
325
1220
8
c/MCM
02/1899
196
199
282
1270
0
n/c
12/1978
128
254
315
1160 1 (a)
6 -PP 1160
0 MERGULO-ANHO ... AVE DE PASSAGEM NO INCTERNO NOS ACORES
AGRADECIMENTOS
Expresso toda a minha gratidso ao Sr. Doutor GERALD LE GRAND pela sua inestimhvel asisst6ncia dada na orienta$Zo desta nota ornitol6gica.
BANNERMAN, D. A. & BANNERMAN, W. M., 1966 -Birds of the Atlan- tic Islands. Vol. III, 262 p., London.
CAMPBELL, B., 1977 -Birds of Coast and Sea. 151 p.. Newton Abbot.
CHAVIGNY & MAYAUD, 1932 - Alauda 4 (4) : 416-441.
CRAMP, S. - BOURNE, W. R. P. and SAUNDERS, D., 1974 - The Seabirds of Britain and Ireland. 287 p., London.
FREUCHEN, P. & SALOMONSEN, F., 1959- The Arctic Yew. London.
GODMAN, Du C., 1870 - Natural History of the Azores. London.
HARTET, E. & OGILVE-GRANT, W. R., 1905- On The Birds of the Azores. Nov. Zool. 12 : 80-128.
TUCK, G. & HEINZEL, H., 1978-A Field Guide to the Seabirds of Britain and the World. 292 p., London.
YEATMAN, 1971 -Histoire des oiseaux d'Europe. Paris.