metodologia de explicação de textos

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 Disciplinas: Filosofia da Arte e Estética Professora responsável: Cristiane Silveira E-mail: [email protected] A EXPLICAÇÃO DE TEXTOS DE ACORDO COM A METODOLOGIA DE PESQUISA FILOSÓFICA DE FOLSCHEID E WUNENBURGER O QUE É A EXPLICAÇÃO DE TEXTO: Em seu princípio, a explicação de texto é a operação mais simples que existe. Consiste, como seu nome indica, em enunciar o que há num texto dado , nem mais nem menos. Explicar é desdobrar, mostrar o que está exposto, pressuposto, implicado, subentendido ou calado por um autor preciso, num lugar bem circunscrito. Imediatamente se percebem as diferenças com relação à paráfrase: a explicação não se contenta em bordar  sobre o que aparece, ela evidencia o que está envolvido, realça as expressões mais carregadas de sentido,  faz sobressair  o que está presente em baixo-relevo, classifica os elementos segundo sua importância para o movimento do pensamento e não segundo o lugar que ocupam fisicamente, detalha as articulações geralmente implícitas ou rapidamente assinaladas por termos de ligação, a fim de produzir uma argumentação  racional (FOLSCHEID; WUNENBURG ER, 2002, pp. 32-33, grifos dos autores). ESQUEMA:  1. Separar o tema, aquilo de que trata o texto, da tese, aquilo que o autor afirma, a fim de elaborar uma  problemática cujos objetos sejam assinalados. 2. Identificar o movimento geral do texto, seus momentos particulares e suas articulações, a fim de reconstruir sua argumentação . 3. Enquanto progride, revelar, analisar e fazer funcionar as noções filosóficas indicadas pelas palavras, subentendidas ou implicadas. 4. Estabelecer  o d iscurso efetuado, a fim de apreciar sua natureza e seu alc ance.

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  • Disciplinas: Filosofia da Arte e Esttica

    Professora responsvel: Cristiane Silveira

    E-mail: [email protected]

    A EXPLICAO DE TEXTOS DE ACORDO COM A METODOLOGIA DE

    PESQUISA FILOSFICA DE FOLSCHEID E WUNENBURGER

    O QUE A EXPLICAO DE TEXTO:

    Em seu princpio, a explicao de texto a operao mais simples que existe.

    Consiste, como seu nome indica, em enunciar o que h num texto dado, nem mais

    nem menos. Explicar desdobrar, mostrar o que est exposto, pressuposto,

    implicado, subentendido ou calado por um autor preciso, num lugar bem

    circunscrito.

    Imediatamente se percebem as diferenas com relao parfrase: a explicao

    no se contenta em bordar sobre o que aparece, ela evidencia o que est

    envolvido, reala as expresses mais carregadas de sentido, faz sobressair o que

    est presente em baixo-relevo, classifica os elementos segundo sua importncia

    para o movimento do pensamento e no segundo o lugar que ocupam fisicamente,

    detalha as articulaes geralmente implcitas ou rapidamente assinaladas por

    termos de ligao, a fim de produzir uma argumentao racional (FOLSCHEID;

    WUNENBURGER, 2002, pp. 32-33, grifos dos autores).

    ESQUEMA:

    1. Separar o tema, aquilo de que trata o texto, da tese, aquilo que o autor afirma,

    a fim de elaborar uma problemtica cujos objetos sejam assinalados.

    2. Identificar o movimento geral do texto, seus momentos particulares e suas

    articulaes, a fim de reconstruir sua argumentao.

    3. Enquanto progride, revelar, analisar e fazer funcionar as noes filosficas

    indicadas pelas palavras, subentendidas ou implicadas.

    4. Estabelecer o discurso efetuado, a fim de apreciar sua natureza e seu alcance.

  • A EXPLICAO DE TEXTO PASSO A PASSO:

    1. Tema ou objeto do texto: do que trata o autor?

    Saber do que fala o texto um passo essencial para explic-lo. De acordo

    com Folscheid e Wunenburger (2002, p. 40), se no atendermos a essa

    exigncia aparentemente bastante simples, iremos nos equivocar, reter

    apenas este ou aquele ponto que atrai o olhar, ou ficar completamente fora

    de curso. necessrio e suficiente, entretanto, que o tema corresponda

    efetivamente totalidade do texto, e no a uma ou outra de suas partes.

    Enquanto essa exigncia no for satisfeita, o tema preciso do texto no foi

    ainda captado.

    Para enunciar o tema, construa uma frase breve. Essa sentena pode ser

    tambm interrogativa.

    2. A tese do autor nesse texto: o que ele enuncia a propsito de seu objeto?

    A tese corresponde posio filosfica adotada pelo autor a respeito do

    problema geral enunciado no tema. Sua enunciao deve permitir

    identificar claramente a especificidade, e at mesmo a originalidade, da

    tese defendida.

    Dica dos autores: A tese um ncleo duro, que preciso identificar sem

    erro, exprimir em poucas palavras, sem revesti-la com um palavreado

    suprfluo, que apenas serve para enfraquec-la ou para enrolar o leitor.

    3. Objetos de discusso do texto: o que que tal discurso pe em

    discusso?

    Os objetos de discusso devem sempre permitir avaliar a tese filosfica

    quanto a seu alcance e as suas consequncias para o tema geral.

    Importa fazer compreender o preo a pagar pela soluo terica, o que ela

    exclui, o que ela refora, sublinhando, de passagem, o interesse do caminho

    adotado pelo autor.

    Estando enunciado isto, o que da resulta para aquilo? Quais so os riscos,

    os ganhos, as perdas, em tal domnio, em funo de tal enunciado ou de tal

    posio?

    *Problemtica: Numa explicao de texto, a problemtica constituda

    pelo conjunto formado pelo tema, a tese e os objetos de discusso. O

    discurso produzido pelo autor (tese) a propsito de determinado objeto

    (tema) suscita problemas, envolve questes (objetos de discusso) que

    devem ser esclarecidas.

  • 4. Os movimentos do texto: diferentes momentos do pensamento do autor,

    ligados racionalmente por articulaes bem precisas, a fim de individuar a

    estrutura da argumentao.

    Aqui, deve-se enunciar o percurso argumentativo percorrido pelo autor,

    atribuindo ttulos que capturem o que h de essencial nesses momentos

    distintos.

    5. Explicao detalhada do texto, momento por momento:

    i. Assinalar os termos importantes e extrair deles as noes filosficas,

    que devem ser analisadas com cuidado, levando em conta o

    contexto.

    ii. Assinalar os problemas e questes encontrados, ou deduzidos por

    implicao, num estilo sempre interrogativo, a fim de progredir a

    investigao.

    Buscar, no interior do prprio texto, os elementos de

    esclarecimento e de resposta.

    iii. Destacar as articulaes e desenvolv-las. Os termos de articulao

    se, ento, portanto, etc. devem ser considerados com o maior

    cuidado.

    iv. Explicar os exemplos, quando houver.

    6. Concluso:

    i. Retomar sucintamente as questes essenciais e as respostas

    providas pelo texto

    ii. Deliberar sobre o debate, se possvel.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    FOLSCHEID, Dominique; WUNENBURGER, Jean Jacques. Metodologia Filosfica. So

    Paulo: Martins Fontes, 2002.