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XIII WORKSHOP DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DO CENTRO PAULA SOUZA –
Formação e gestão inovadoras na era da transformação digital: abrangência, significados e relações.
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São Paulo, 16 - 19 de outubro de 2018
ISSN: 2175-1897
Metodologia de Gerenciamento de Projetos: Inovação e Aspectos Estratégicos da Gestão do Conhecimento na Administração
Pública
Lilian Treff1, Linamara Rizzo Battistella2
Resumo - Este artigo tem como objetivo apresentar a criação e a funcionalidade
de uma metodologia estruturada no gerenciamento de projetos, e a implementação
de um Project Management Office- PMO, na Secretaria de Estado dos Direitos da
Pessoa com Deficiência – SEDPcD. Descrevendo o processo de implementação,
lições aprendidas, resultados e benefícios, além de demonstrar que gerenciar
projetos envolve pessoas, processos e ferramentas as quais endereçam
conhecimento tácito e explícito. Disseminar este conhecimento para que a
organização aprenda com a própria experiência, ratifica a premissa de que gerir
Projetos requer gerir conhecimentos de forma integrada, como propõe a teoria do
pensamento sistêmico de SENGE (“A quinta Disciplina”, 1990).
Palavras-chave: Gestão de Projeto; Inovação; Estratégia; PMO; Metodologia.
Abstract - This article aims to present the creation and functionality of a structured
methodology in project management, and the implementation of a Project
Management Office - PMO, at the Secretariat of State for the Rights of the Person
with Disabilities - SEDPcD. Describing the implementation process, learned
lessons, results and benefits, and demonstrating that managing projects involves
people, processes and tools which address tacit and explicit knowledge.
Disseminating this knowledge so that the organization learns from its own
experience, ratifies the premise that managing projects requires managing
knowledge in an integrated way, as proposed by SENGE's systemic thinking theory
("The Fifth Discipline", 1990).
Keywords: Project management; Innovation; Strategy; PMO; Methodology
1 Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e-mail: [email protected] 2 Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e-mail: [email protected]
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1. Introdução
Atualmente nas empresas, é muito comum à aplicação e desenvolvimento
de projetos nos mais diversos ramos de atividade. Isto fez com que a metodologia
de Gestão de Projetos cada vez mais ganhasse espaço no ambiente corporativo.
Uma prática que vem sendo adotada nos dias de hoje é a implantação dos
Escritórios de Gerenciamento de Projetos – PMO ou mais conhecidos como PMO
– Project Management Office. Este escritório tem a função de centralizar as
melhores práticas de Gestão de Projetos nas empresas em que são implantados,
assim como funcionar como uma fonte de consulta e esclarecimento de dúvidas e
problemas para os gerentes de projetos. É neste cenário que este trabalho se
insere, visando apresentar a criação e execução de uma metodologia de
gerenciamento de projetos e de um PMO, descrevendo as etapas desenvolvidas,
incluindo o planejamento, as estratégias e as fases de implantação.
Historicamente, os projetos nunca foram vistos na Secretaria dos Direitos da
Pessoa com Deficiência como estratégicos ao cumprimento da sua missão e visão.
Assim, além de não existir um processo sistematizado de gestão de projetos,
apresentava dificuldades no processo de viabilização dos projetos, com as
atividades decorrentes da sua missão. A nossa proposta foi uma mudança deste
paradigma, com consequentes modificações na estrutura de tomada de decisão.
Alinhado ao Planejamento Estratégico da SEDPcD, foi criado o PMO, tendo como
objetivos: dar orientação e suporte que permitisse a organização desenvolver seus
projetos da forma mais eficiente e eficaz possível; apoiar as partes interessadas no
gerenciamento e controle dos projetos; criar e disponibilizar o registro e
documentação dos projetos implementados de forma a manter uma base de dados
histórica útil como referência às “lições aprendidas” para futuros projetos.
1.1. Oportunidade Percebida (Justificativa)
Muitas organizações estão adotando processos formais de gestão de projetos que lhes assegurem a conclusão dos projetos no prazo definido, dentro do orçamento e com o nível de qualidade adequado. Parte da competência na gestão de projetos advêm da proposta de implementar processos e práticas inovadores em todas as organizações públicas e privadas.
Com o crescente e progressivo benefícios da gestão de projetos, destaca-se a implementação de um Project Management Office – PMO, em Organizações Públicas com intuito de solucionar vários problemas de caráter operacional, além de garantir a qualidade total na entrega dos produtos tangíveis-intangíveis e alcançar resultados com excelência. A Administração Pública necessita criar estruturas para apropriar-se dos conhecimentos tácitos de seus funcionários e transformá-lo em inovações, refletindo diretamente em benefícios à sociedade com intuito de garantir as melhores práticas no gerenciamento de projetos, evitando desperdício ou má-distribuição dos seus recursos financeiros.
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De acordo com Verzuh (1999), quando uma Organização apresenta grande demanda de projetos e as abordagens são desestruturadas e indisciplinadas, há ineficiências e prejuízos significativos nos resultados. Portanto, a metodologia de gestão de projetos pode ser considerada um processo complexo que implica em mudanças significativas da cultura de uma Organização para uma nova forma de realizar negócios (Crawford, 2002).
Considerando a grande demanda e complexidade dos tipos de projetos na SEDPcD, identificou-se pouca visibilidade do desempenho real dos projetos pela alta administração e várias ocorrências de retornos durante a aplicabilidade do processo de viabilização. Em adição, havia baixa qualidade das informações sobre o status dos projetos para tomada de decisões estratégicas. Diante disso, optou-se pela implementação de um PMO no referido Órgão Público, criando um ambiente de assessoria à mudança com foco em alcançar os objetivos organizacionais planejados. Esta estratégia define e aplica os processos de gerenciamento de projetos (iniciação, planejamento, viabilização, execução, monitoramento e controle e encerramento), e o fluxograma de etapas de implementação do PMO (Quadro I), proporcionando melhor desempenho dos projetos gerenciados pela SEDPcD, por meio de uma metodologia funcional e consolidada.
(Quadro I – elaborado pela autora)
Dentre as barreiras encontradas e lições aprendidas durante o processo
de implementação do PMO, destacaram-se aceitação da metodologia de
gerenciamento dos projetos pelas lideranças; alinhamento do PMO com o
planejamento estratégico da Secretaria; disponibilização dos recursos técnicos
(hardware e software) atualizados, para aplicar os processos de gerenciamento dos
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projetos; recrutamento, seleção e treinamento do pessoal necessário para compor
a equipe (pessoas qualificadas para gerenciar e prestar suporte técnico aos
projetos); entendimento do PMO como meio de geração de resultados; definição
do escopo de atuação do PMO, uma vez que a resistência apresenta diferentes
níveis, conforme novas responsabilidades são incorporadas na compreensão do
papel e atribuição do PMO pelas partes interessadas. É importante salientar
algumas vantagens relevantes da aplicabilidade da referida metodologia:
envolvimento da alta administração; definição das funções de todos os envolvidos
no processo de implementação; melhoria na comunicação entre os departamentos;
medição e monitoramento das atividades do escopo do projeto na forma de
scorecards; suporte, apoio, identificação e mapeamento do perfil psicológico dos
stakeholders e otimização do processo de execução dos projetos, com o auxílio de
especialistas técnicos, fomentando ações de Política Pública e a efetiva aplicação
do orçamento.
1.2 Caracterização do PMO na SEDPcD
O posicionamento do PMO na Estrutura Organizacional da SEDPcD foi
definido de modo a causar o menor impacto possível nos processos de trabalho, e
a contribuir de forma assertiva para atingir os objetivos estratégicos. Além disso, foi
elaborada uma “Planilha de Descrição de Cargo” para cada função definida no
organograma. É relevante ratificar que a existência do PMO está a serviço de toda
Organização, conectado com as áreas de negócios e compartilhando informações.
Diante desse contexto, como eixo estratégico da SEDPCD, a caracterização e
responsabilidade do PMO seguem as seguintes definições e etapas:
Definir e Manter - Suporte a Projetos - definir e manter metodologia, padrões políticas, normas, processos e procedimentos; Manter - Manter ferramentas; Painel de Controle de Projetos (Painel de Bordo), PDCA, Reuniões de Análise Crítica dos Resultados, Lições Aprendidas; Capacitação - Treinamento na metodologia, nas ferramentas e processos de melhoria contínua, Coaching e Mentoring, Aprendizagem Integrativa; Controle - Monitoramento e controle acompanhamento e report do desempenho dos projetos; Consolidação e divulgação de indicadores dos projetos (Reunião de Status dos Projetos, utilizando o Power BI).
2. Referencial Teórico
O referencial teórico-conceitual foi obtido por meio de uma revisão sobre
gerenciamento de projetos (modelos – metodologias), desenvolvimento
organizacional (processo de mudança) e definição de estratégias (políticas
públicas). Tendo como objetivo fornecer base às decisões estratégicas, e promover
reflexões que levem em conta várias abordagens, buscando em diversas fontes
elementos que forneçam subsídios para um estudo vertical da questão. O objetivo
geral deste artigo, é apresentar a criação e a aplicação de uma metodologia de
gerenciamento de projetos, sistematizando os processos de gestão do
conhecimento à luz da espiral do conhecimento (Nonaka e Takeuchi -1997), e
integrá-los a partir de uma visão sistêmica, no sentido de otimizar os resultados dos
Projetos, proporcionando à Alta Administração decisões baseadas em dados e
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informações mais consistentes e consolidadas. Além de fornecer modelos e
melhores práticas (ativos), lições aprendidas (conhecimento tácito – processo)
onde o conhecimento é entendido e aplicado, derivado da experiência e ação com
outros projetos e treinamentos. É importante considerar o processo de geração de
conhecimento novo, o que permitiu a aplicação de uma metodologia com foco na
criação e propagação do conhecimento para organização e para o sucesso de
projetos em uma Autarquia Pública. Além de garantir a qualidade total na entrega
dos produtos tangíveis-intangíveis, tendo como foco assegurar a taxa de sucesso
dos projetos. Muitas organizações como Petrobrás, Rede Globo, VALE, Michelin,
Daiichi Sankyo estão adotando processos formais de gestão de projetos que lhes
assegurem a conclusão dos projetos no prazo definido, dentro do orçamento e com
o nível de qualidade adequado. Parte da competência na gestão de projetos advém
da proposta de implementar processos e práticas inovadoras em todas as
organizações públicas e privadas. Cabe ressaltar que, para a criação da
metodologia, a proposta foi investigar alguns dos métodos e modelos de gestão de
projetos mais utilizados, apontando as características e os benefícios de cada um:
1. O guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK) apesar de não ser
considerado um método de gestão de projetos propriamente dito, mas sim um
processo de padronização que nomeia e identifica etapas, regras e áreas do
conhecimento, é a mais importante bibliografia de gestão de projetos do mundo,
contendo os grupos de processos e áreas de conhecimento em gerenciamento de
projetos; 2. Scrum classificado como um método de gestão de projetos ágil; 3.O
PRojects IN Controlled Environments (PRINCE 2) é um método britânico de
gerenciamento de projetos adotado em mais de 150 países ; 4.Formada por
diversas associações nacionais e internacionais de gestão de projetos, a
International Project Management Association (IPMA) é uma organização sem
fins lucrativos que tem como principal objetivo disseminar conhecimentos e práticas
de gestão de projetos; 5.O Project Model Canvas é uma ferramenta de aparência
bastante simples, mas que tem muito poder quando o assunto é gerenciar projetos
de maneira precisa; 6.Modelo EasyLife, é uma poderosa ferramenta colaborativa
para a organização de projetos pessoais ou profissionais.
FRAME (1995) apud ANSELMO (2002) diz que a gestão de projetos também
está baseada em muitos dos princípios da administração geral, por isso, também
envolve negociação, solução de problemas, políticas, comunicação, liderança e
estudo de estrutura organizacional.
3. Método
Como elementos essenciais e insumos foram considerados o momento atual
da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SEDPcD, os
processos e a observação de como eram realizadas as práticas de gestão de
projetos (maturidade), como se baseava a estrutura organizacional, a existência de
processos específicos de gestão da qualidade, dentre outros. Esses foram os
fatores de estudo decisivos na escolha e desenho do tipo, características e
consequentemente da Metodologia de GP a ser implantada. Os resultados obtidos
na aplicação da metodologia de gestão de projetos foram balizados na comparação
com as práticas recomendadas na literatura sobre o assunto.
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3.1. Solução Adotada
As soluções adotadas para a obtenção de resultados com excelência no
gerenciamento de projetos na Administração Pública foram à definição e
contratação de recursos humanos para gerenciar, planejar e monitorar todos os
projetos da SEDPcD, infraestrutura e de comunicações, alocação de recursos
financeiros, monitoramento e controle, registro de lições aprendidas e gestão do
conhecimento. A duração do processo de implementação do PMO (Quadro II) na
SEDPcD foi de seis meses, sendo dividido em cinco fases:
Quadro II – elaborado pela autora
Estas fases foram previamente definidas com base na maturidade e práticas
de gestão de projetos, nos processos operacionais, nas diretrizes do planejamento
estratégico, nos recursos físicos e humanos disponíveis e na natureza dos projetos.
As atribuições e/ou atividades desenvolvidas do PMO foram garantir a
aplicação da metodologia de gerenciamento de projetos e a qualidade do projeto
(quality assurance); padronizar informações, cronogramas, estimativas, relatórios,
planos; ser elemento central de informações em gestão de projetos e de apoio aos
times de projetos; atuar na resolução de conflitos nos projetos; prover treinamentos
e ferramentas adequadas para execução das melhores práticas de gerenciamento
de projetos; identificar os riscos de cada projeto com intuito de definir e aplicar
ações preventivas e/ou corretivas para preservação do plano de gerenciamento de
projetos; aplicar o ciclo PDCA (plan=planejar, do=executar, check=checar e
act=agir) nos processos de gerenciamento de projetos, principalmente no processo
de monitoramento e controle (Quadro III); monitorar prazos, custo e desempenho
no cumprimento dos requisitos contratuais, e gerenciar o Portfólio de Programas e
Projetos da Secretaria.
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Quadro III - Gestão Pela Qualidade Total - Ciclo PDCA Fonte: Deming, Willian Edwards, 2005 – Elaborado pela autora
Ressalva-se que, a tomada de decisão baseada em evidências exige que o
processo de monitoramento e medir os processos seja uma atividade que deva ser
feita continuamente… por todos! Analisando evidências e números verá o que está
falhando ou o que não está dando o resultado que deveria dar.
4. Resultados e Discussão
Foi possível verificar que os fatores críticos de sucesso e fracasso estão
relacionados, de forma significativa, ao tamanho e tipo da organização, tamanho
do projeto e experiência – entenda-se capacidade – dos gerentes de projetos,
apontando como maior fator crítico o papel da comunicação efetiva no
gerenciamento dos projetos (gestão de stakeholders). Os resultados e benefícios
desta metodologia foram total visibilidade dos processos de gerenciamento de
projetos pela alta administração; garantia da gestão padronizada de projetos;
acompanhamento detalhado de cada projeto; definição e monitoramento de
indicadores de resolutividade e efetividade (impacto), qualidade e entrega; análise
e acompanhamento de riscos; apoio às equipes de desenvolvimento quanto ao
gerenciamento e controle dos projetos; status report mensal de todos os projetos
para a Secretária desta pasta; maior alinhamento dos projetos com os objetivos
estratégicos da organização; disponibilização das informações dos projetos de
forma rápida, atualizada e confiável; registro e documentação dos projetos
executados de forma a manter uma base de dados histórica, como referência a
“lições aprendidas” para futuros projetos, baseadas nos conceitos da gestão do
conhecimento. A interação que forma a espiral do conhecimento organizacional
COMO GERENCIAR PARA MELHORAR O RESULTADO
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apresenta as quatro etapas de conversão do conhecimento, aplicada aos
processos de gerenciamento de projetos: 1) socialização, representando o
compartilhamento do conhecimento tácito entre os indivíduos; 2) externalização,
que é a explicitação do conhecimento tácito individual para o grupo; 3)
combinação, que é a difusão e sistematização do conhecimento gerado na etapa
de externalização e, por fim 4) internalização, sendo a conversão do conhecimento
recém-criado em conhecimento tácito da organização (figura 1).
4.1. Efetividade dos Resultados
No período de junho/2009 até março/2018, 140 Projetos encontram-se no
Portfólio de Programas e Projetos da SEDPcD, demonstrados por status e
orientado por eixos (Ações Estratégicas; Trabalho, Esporte, Recreação e Lazer;
Cultura, Cidadania e Garantia de Direitos; Proteção, Assistência Social e Moradia
Inclusivas; Saúde e Reabilitação; Tecnologia; Educação). As ações obedecem uma
lógica cooperativa em que diversos saberes e competências são necessários para
a realização dos objetivos propostos. Para citar apenas um exemplo, a realização
do curso de Formação de Cuidadores, aparece na classificação “Educação”, mas
têm uma interface direta com as áreas de Saúde, Garantia de Direitos e Tecnologia.
Em adição, o Portfólio de Programas e Projetos com seus respectivos
resultados, possibilita um melhor acompanhamento dos projetos, por meio da
transparência no gerenciamento e compartilhamento de informações, e seu
alinhamento com o Planejamento Estratégico da SEDPcD, contribuindo
diretamente para o alcance das metas Institucionais. Ademais, recomenda-se
apresentações referentes aos resultados dos projetos às Partes Interessadas,
objetivando a externalização e socialização do conhecimento, fortalecendo a base
das Lições Aprendidas, incorporando novos métodos de trabalho – como parte da
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rotina, e podendo, ainda, direcionar esses projetos no campo de atuação de
Políticas Públicas (Quadro IV).
Quadro IV – Implementação de Política Pública- Elaborado pela autora
4.2. Ciclos de Avaliação Periódica (intervenção)
Com o objetivo de medir o desempenho dos projetos, foi utilizado o Painel
de Controle (Bordo) de Projetos, contendo indicadores baseados em critérios de
avaliação de performance dos projetos e dos stakeholders. Cabe evidenciar que, o
acompanhamento dos projetos teve como foco a aplicação do Contínuo Controle
de Qualidade – CCQ (processo de melhoria contínua) alinhados com a metodologia
proposta. Destarte, o modelo de intervenção adotado foi a implantação de uma
Sistemática de Monitoramento e Avaliação, com a aplicação de Reuniões
periódicas e Ritual de Análise Crítica das metas, desempenho e resultados
alcançados.
5. Considerações Finais
Um ponto importante para que esta implantação obtivesse sucesso deve-se
à prática de disseminar as informações junto aos interessados de forma gradativa,
ou seja, não foi passado todo conteúdo de uma única vez. Isto facilitou a adaptação
dos envolvidos permitindo absorver as funcionalidades e benefícios das novas
ferramentas e metodologia na gestão dos projetos aos poucos, sem que as rotinas
diárias de trabalho as quais estavam acostumados fossem alteradas
drasticamente. Podemos verificar que os procedimentos desenvolvidos só serão
completamente aceitos se a utilização destes for realizada de forma permanente e
institucionalizada. Isto só foi possível devido às discussões durante a fase de
iniciação do PMO, úteis no sentido de que as ferramentas pudessem ser adaptadas
as demandas internas da SEDPcD. Em um primeiro momento, a simplificação dos
procedimentos era vital para que os coordenadores de projetos aceitassem a
metodologia. Outro ponto importante a ser mencionado é que os resultados não
aparecem de forma rápida, mas sim com o tempo. Aqueles que utilizaram à
metodologia e tiravam dúvidas com os membros do PMO, perceberam uma
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diminuição no número de problemas durante o desenvolvimento de seus projetos,
garantindo uma execução efetiva. Desta forma criou-se um ambiente de
colaboração favorável com ganhos claros para todos e não apenas para os
executivos, definindo um padrão de trabalho a ser utilizado de forma democrática
e sem muitas imposições, enfim, construindo um caminho à ser trilhado passo a
passo. A guisa de conclusão deste trabalho, notifica-se que a implementação do
PMO privilegia uma governança por resultados, permite a transparência das
informações gerenciadas internamente, padroniza os processos de seleção e
gestão de projetos, favorecendo a identificação e direcionamento dos projetos para
ação de Política Pública, além de valorizar o ciclo da gestão do conhecimento,
gerando insumos para a conquista da excelência em gerenciamento de projetos.
Por conseguinte, este alinhamento fomenta a consolidação de fundamentos na
construção de uma nova administração pública, garantindo a credibilidade de seus
serviços, de forma eficiente e eficaz, focados em benefícios tecnológicos e sócio-
político-culturais para a sociedade. Consequentemente, pretendemos demonstrar
que trabalhar segundo uma metodologia de gerenciamento de projetos é essencial
para obter sucesso na expansão da cultura de gerenciamento de projetos e gerar
resultados sustentáveis em uma organização tanto pública quanto privada.
Referências
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