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METODOLOGIA DE PROJETO DE SISTEMA DE PROTEÇÃO
CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
Breno Bassiléo Maciel Lopes1
Stenio Wictor Flores Antunes²
RESUMO O processo de descargas atmosféricas é considerado como um fenômeno da
natureza o qual se da em caráter imprevisível e aleatório, com proporções
incalculáveis, por suas características elétricas peculiares e sem padrões igualitários
além de serem extremamente danosas quando incidem diretamente em instalações
edificadas, no ambiente natural ou diretamente sendo um causador elevado de risco
à vida humana. Razão pela qual não há em concepção mecanismos que inviabilizem
a queda destas descargas atmosféricas, o que se pode fazer em caráter preventivo
é utilizar-se de métodos de implementação de um Sistema eficaz de Proteção contra
as Descargas Atmosféricas, conforme o objeto de estudo deste artigo, que visa
mostrar a importância deste no sentido de mitigar os impactos causados por estas
descargas.
Palavras-chave: Descargas Atmosféricas, Metodologia, Impactos.
ABSTRACT
The process of atmospheric discharges is considered as a phenomenon of nature
which occurs in an unpredictable and random character, with incalculable
proportions, due to its peculiar electrical characteristics and without egalitarian
standards, besides being extremely harmful when they directly affect built buildings,
in the natural environment or directly being a high risk to human life. Reason why
there is no design in mechanisms that prevent the fall of these atmospheric
discharges, what can be done in a preventive way is to use methods of
implementation of an effective System of Protection against Atmospheric Discharge,
according to the object of study of this article , which aims to show the importance of
this in order to mitigate the impacts caused by these discharges.
Keywords: Atmospheric Discharges, Methodology, Impacts.
––––––––––––––––––––
1Discente do curso de Engenharia Elétrica do centro universitário do Norte-UNINORTE-AM E-mail: [email protected] Fone: (92) 99409-5686
2Discente do curso de Engenharia Elétrica do centro universitário do Norte – UNINORTE-AM E-mail: [email protected] Fone: (92) 98161-4566
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1 INTRODUÇÃO
Quando pensamos em descargas atmosféricas pensamos em raios e somos
remetidos imediatamente ao fenômeno natural que popularmente é conhecido como
raios, os quais atingem todo o hemisfério terrestre, fator este que por muitos anos foi
objeto de curiosidade e causa de medos para os povos antigos os quais ainda não
detinham o devido conhecimento do que são as descargas atmosféricas e como se
dão.
E embora esta não seja uma temática, fonte base de um estudo recente, o
processo de conhecimento eficaz e propriamente dito do que são tais descargas
atmosféricas se da em face evolutiva em um curso de estudo muito lento. Deixando
assim muitas lacunas sem respostas quanto a esta temática, como por exemplo o
caso da densidade elétrica contida nas nuvens antes, durante e após a ocorrência
destas descargas no solo.
É Mister ressaltar então que a obtenção do conhecimento assertivo a cerca
deste assunto se faz cada vez mais importante, pois só assim teremos a
possibilidade de efetivar um procedimento metodológico para implementação de um
Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas – SPDA que atenda as normas
de proteção contidas na Norma Brasileira de Regulamentação – NBR 5419, a qual
fora criada para implementar as devidas regras de proteção das edificações contra
as descargas atmosféricas.
Assim sendo, cabe aqui um parêntese para explanar que o processo de
implementação de um SPDA deve estar interligado diretamente ao projeto
construtivo da edificação a ser realizada, pois todo o seu procedimento estrutural se
intercalam, para que assim se possa obter uma proteção eficaz e funcional do
mesmo.
Desta feita, o presente estudo debruçou-se sobre os modelos existentes de
sistemas de proteção das descargas atmosféricas como fonte de compreensão
desta temática bem como, buscando apresentar de forma sucinta e objetiva um
procedimento metodológico eficaz e prático que vise à atenção das regras
normativas da NBR 5419, conforme cito acima, bem como facilitar os futuros estudos
que se vislumbrem nesta mesma estirpe de seguimento educacional metodológico
das descargas atmosféricas.
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As descargas atmosféricas são fenômenos que resultam em descargas tão
intensas e visíveis que chegam a formar um clarão arroxeado denominado de
relâmpago, o qual pode vir acompanhado de uma onda sonora a qual chamamos de
trovão.
Essas descargas ocorrem quando a energia acumulada em uma nuvem
atinge um valor suficiente para romper a rigidez dielétrica do ar. Essas descargas
podem ocorrer da nuvem para o solo, do solo para a nuvem ou ocorrer na própria
atmosfera sem haver contato com o solo. Quando uma descarga atmosférica
envolve o solo.
Ao se falar de estudos das descargas atmosféricas, Souza et al. (2012), não
podemos deixar de mencionar Benjamin Franklin (1706 – 1790). Em poucos anos,
ele fez descobertas sobre a eletricidade que lhes renderam reputação internacional
em virtude da identificação das cargas positiva e negativa e da demonstração de
que os raios são um fenômeno de natureza elétrica. Franklin tornou esta teoria muito
conhecida quando realizou a experiência de fazer voar uma pipa durante a
tempestade ocorrida em 1º de outubro de 1752.
Como as descargas atmosféricas não podem ser evitadas, Souza et al.
(2012), os Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), são de
fundamental importância para a proteção de pessoas, equipamentos, diversos tipos
de estruturas, construções e/ou instalações. Os sistemas de proteção são mais
utilizados do que os sistemas de detecção por serem economicamente mais viáveis
e por haver uma maior exploração de sua tecnologia há alguns anos, por outro lado,
os sistemas de detecção de descargas atmosféricas são tecnologias mais recentes.
Os SPDA são sistemas destinados a proteger pessoas, edificações,
equipamentos, instalações elétricas e de telecomunicações, contra os efeitos das
descargas atmosféricas. De maneira geral, tem a função de proteção captando e
direcionando a corrente elétrica proveniente da queda de raios para sistemas de
aterramento conhecidos. São constituídas de três partes bem definidas, porém
intimamente interligada, para obter um melhor resultado através das ligações feitas.
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2 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
2.1 Conceito
Podemos dizer que as descargas atmosféricas nada mais são que o
desencadeamento elétrico ocorrido diretamente na atmosfera, podendo vir a cair ou
não no solo, em geral, tais descargas se dão em uma velocidade calculada por
milissegundos, com uma capacidade eletrocutiva superior aos quiloamperes,
podendo ainda vir a ter um alcance de uma quilometragem incalculável, pois cada
uma se da de forma diferenciada, (RAKOV; UMAN, 2003).
WILLIAMS (1988), afirma que a existência destas descargas atmosféricas se
dá em face da presença de nuvens Cumulonimbus (Cb), com exceção de casos
específicos como as tempestades de areias, explosões nucleares e vulcões em
atividade os quais já possuem a incidência direta das descargas atmosféricas
normalmente, essas nuvens por assim dizer, apresentam-se com uma larga
extensão, e é nestas que ocorrem o choque das partículas ocasionando uma
descarga interna a qual posteriormente se converte em uma descarga atmosférica
efetiva.
Cabe ainda aqui um parêntese para se explicar em linhas gerais que as
descargas atmosféricas também são popularmente conhecidas como sendo os
raios, os quais se classificam como positivos e negativos e são conhecidos como
sendo, Intranuvens – IN, Nuvem-ar – NA, Nuvem-solo – NS; (podem ser +NS ou –
NS), e Solo-nuvem – SN.
Imagem 01: representação visual dos tipos de raios e suas cargas positivas e
negativas.
Fonte: RAKOV e UMAN 2003.
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Vale ressaltar ainda que as descargas quye se dão face nuvem-solo, são as
maiores geradoras de impactos (danos) tanto para a vida humana quanto para as
estruturas edificadas, razão pelo que este vem a ser um objeto de estudo constante
por parte dos teóricos desta area.
Ainda segundo Souza et al. (2012), no interior da nuvem ocorre uma grande
concentração de cargas negativas que por sua vez são induzidas ao solo que possui
uma grande quantidade cargas positivas conforme ilustrado na figura (RAKOV
2003). Com o acúmulo de cargas negativa na parte inferior da nuvem, é gerada uma
grande quantidade de cargas positivas no solo, com isso se origina então uma
diferença de potencial entre a nuvem e o solo que pode chegar até 100MV durante
uma tempestade. À medida que aumenta a diferença de potencial, o campo elétrico
também aumenta ao ponto de a rigidez dielétrica do ar ser rompida e então a
descarga alcance o solo. Podemos definir a rigidez dielétrica como a resistência de
um determinado material à condução dos elétrons, ou seja, os diversos tipos de
materiais apresentam uma característica que tende a dificultar o deslocamento dos
elétrons, a esse fenômeno podemos chamar constante dielétrica dos materiais.
Neste caso, a ruptura do dielétrico do ar é precedida pela formação de um líder
descendente e um líder ascendente que pode também ser chamado raio conectante
2.2 Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas
, De acordo com a NBR 5419:2015, para se executar um projeto de SPDA
para uma estrutura qualquer, devemos primeiramente verificar a real necessidade de
sua implantação, e para tanto é necessário classifica-la de forma mais completa
possível, tal como finalidade da edificação, localização, características do seu
entorno, materiais constituintes de sua construção entre outros. Na maioria dos
casos, tal necessidade é evidente como nos exemplos a seguir:
a) Locais que prestam serviços públicos essenciais tais como hospitais, PAC’s,
escolas, etc.;
b) Locais com grande fluxo de pessoas tais como shoppings, teatros, museus, etc.;
c) Edificações com altura superior a 25m ou isoladas tais como bases de
telecomunicações, antenas, etc.;
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d) Edificações com valor histórico e/ou cultural tais como prédios tombados pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional;
e) Áreas com alta densidade de descargas atmosféricas.
No entanto, alguns fatores podem determinar a necessidade de um SPDA,
mesmo nos casos em que a proteção seria normalmente dispensável como por
exemplo, o fato de que não deve haver nenhum risco de vida evitável, ou de que os
ocupantes de uma estrutura devem se sentir sempre seguros.
Os Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas – SPDA é
constituído por três componentes: o elemento captor, os condutores de baixada e o
sistema de terra. Os três modelos usados mais convencionais em projetos de para-
raio são o captor do tipo Franklin, o captor de avanço à ignição (ionizantes) e a
gaiola de Faraday.
Em outros termos podemos dizer que o SPDA tem com norte principal o
processo de dissipação das descargas atmosféricas na terra, criando assim um
caminho que seja seguro, em todo este processo, desde a captação até a dispersão
final da corrente elétrica, com vistas na minimização ou até mesmo anulação dos
impactos causados por uma descarga atmosférica, tanto nas construções quanto
mesmo na vida humana.
Pode-se afirmar ainda que a implementação de um SPDA, não vai garantir
que não haverá mais incidências de descargas atmosféricas em determinado local,
onde o mesmo fora implantado, uma vez que estes, como já vimos anteriormente,
são classificados como sendo fenômenos da natureza, que podem surgir do atrito
das nuvens carregadas com correntes elétricas.
Assim sendo, um SPDA o qual podemos classifica-lo como eficaz, é aquele
que exerce sua função base, que é a de captar e conduzir a corrente elétrica e
dissipá-la no solo, como uma forma de segurança para os empreendimentos
(edificações) e para o ser humano.
Segundo GERALDO (2018), como não há consistência nas descargas
atmosféricas, pois estas são variantes e características únicas, não há uma proteção
completa de todas as descargas atmosféricas por um mesmo sistema implantado,
mesmo com os mais eficazes temos uma margem proximal de até 98% (noventa e
oito por cento) do nível de eficácia protetiva.
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O Brasil é o país com maior incidência de raios do mundo. De cada cinquenta
morte causada por raios no planeta, uma acontece em nosso país. São cerca de
cem vítimas fatais, mais de quinhentos feridos por ano.
Não esquecendo dos prejuízos anuais que são da ordem de R$ 1 bilhão
segundo Osmar Pinto Júnior que é o coordenador do Grupo de Eletricidade
Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Segundo informações obtidas no site do ELAT, dos aproximadamente 60
milhões de raios registrados por ano no Brasil, a maior incidência ocorre no Norte e
no Centro-Oeste. Segundo informações do Sistema de Proteção da Amazônia
(SIPAM), destes, em média 15 milhões caem no Amazonas.
Ainda segundo Osmar Pinto júnior, ao se considerar a incidência de raios, a
quantidade e a disposição das pessoas, a cidade com maior número de ocorrência
de mortes por raios em Manaus Foram 20 mortes no intervalo de 2010 à 2019. (fonte
Acrítica)
Proteção contra as Descargas Atmosféricas na região fonte base deste
estudo, e assim nos deparamos então com alguns modelos de SPDA, dentre os
quais se destacam o tipo Franklin, o qual consiste em ser um sistema de pára-raios
o qual pode utilizar um ou mais mastros com diversos sistemas de captação
(denominados como captores), atuando de forma a garantir a segurança completa
de toda a extensão do empreendimento no qual este foi implantado, por sua vez
tente a segurar a integridade do estabelecimento que está sendo implementado.
A norma regulamentadora NR10 estabelece que todo estabelecimento que
tenha potência instalada superior a 75KW, deve possuir e manter o prontuário das
instalações elétricas (PIE), dentro desta documentação deve conter o relatório de
inspeção do sistema SPDA e os aterramentos elétricos. Desta forma as empresas são
responsáveis por construir e manter o sistema SPDA em funcionamento tendo em vista
a segurança de todos , fazendo manutenção corretiva e preventiva para manter o
controle.
É de extrema importância seguir as normas relacionada as a parte de
eleteica e segurança com NR10 e NR35, são normais fundamentais é que auxiliao o
profissional manter a segurança em uma instalação de SPDA visando a segurança das
pessoas envolvidas, assim tendo um resultado satisfatório para o cliente.
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2.3 Regulamentação Normativa no Brasil
O Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas no Brasil é
regulamentado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT na NBR
5419/2015, a qual norteia todos os aspectos técnicos e que devem ser levados a
cabo durante o processo de implantação do SPDA em toda e qualquer edificação.
Assim sendo, todo e qualquer SPDA que venha a ser implantado no Brasil
deve estar em total consonância com o que versa nesta norma técnica, para que
assim se possa ter segurança conforme o que se fora projetado e planejado para se
ter tanto no contexto físico quanto na proteção humana e mitigação quase que total
dos impactos causados pelas Descargas Atmosféricas.
2.4 Materiais e métodos para a implementação de um SPDA
Segundo SILVÉRIO (2013), para que se possa implementar um Sistema
adequado de Proteção contra Descargas Atmosféricas, é necessário a implantação
de alguns subsistemas, os quais são:
Subsistema de Captação;
Subsistema de Distribuição de Corrente;
Subsistema de Aterramento.
Os quais desencadeiam uma serie de etapas de suma importância para a
eficácia protetiva do empreendimento (construção), bem como da vida humana
daqueles que se encontram no local onde houver a incidência de descargas
atmosféricas. Para uma melhor compreensão do assunto apresenta-se a baixo a
imagem 02, a qual contem todos os subsistemas implantados em um SPDA.
Bem destrincharemos cada elemento compositor do mesmo para que assim
se tenha em mãos o devido conhecimento acerca dos elementos compositores bem
como da fonte base deste estudo que é apresentar a metodologia SPDA como uma
forma de proteção e segurança tanto para as edificações quando para o ser humano
de um modo geral.
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Imagem 02: representação visual de um SPDA implantado com todos os
seus subsistemas.
Fonte: VERARDINO (2016).
2.4.1 Captor
Como vimos na imagem 02, onde fora apresentado um SPDA implantado,
vê-se que o captor é o elemento onde se faz a captura da descarga elétrica,
inicialmente, ou seja ele vem a ser a porta de entrada por onde a descarga
atmosférica penetra no SPDA e a partir do qual passa a ser conduzida até o
aterramento que fará a dissipação desta no solo, cabe aqui ressaltar que estes
podem ser categorizados de duas formas, como sendo captores de origem
natural e captores de origem não natural.
JOÃO (2015) afirma que os captores de origem natural são aqueles
formados por elementos metálicos os quais ficam diretamente abertos e expostos
a demanda elétrica total da descarga atmosférica, por outro lado os classificados
como sendo de origem não natural, possuem em forma disposta um seguimento
reto que pode ser comparado a grosso modo como uma haste e/ou um cabo
horizontal, uma vez que este fora criado para esta finalidade especifica.
Desta feita a NBR 5419 apresenta então as especificações dos materiais
bem como suas seções mínimas para a implementação adequada do captor no
Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas, conforme veremos na
tabela 01, a seguir.
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Tabela 01: Representação dos matérias e seções necessárias para a criação dos
captores na implantação de um SPDA.
Material Seção
Cobre 35 mm2
Alumínio 70 mm2
Aço galvanizado 50 mm2
Fonte: NBR 5419.
2.4.2 Subsistema de Condução
Segundo JOÃO (2012), o Subsistema de condução é aquele através do qual a
corrente elétrica captada pelo Captor, é direcionada até a terra onde a mesma é
dissipada, e o mesmo é implantado em toda a estrutura da edificação na qual o
SPDA foi implantado.
Cabe aqui uma ressalva com relação a implantação deste subsistema que é a
necessidade de uma maior atenção na implantação deste que se evite danos
secundários que poderão comprometer toda a estrutura onde este foi implantado
bem como a vida humana.
JOÃO (2012), afirma ainda que os subsistemas condutores podem ser
classificados (assim como os captores) como sendo de origem natural ou não
natural, sendo os naturais aqueles que seguem um padrão reto e vertical, o qual
interliga o subsistema captor a terra de forma mais curto e rápida.
Razão pela qual deve-se observar o espaçamento dentre os subsistemas
condutores de acordo com o que versa na NBR 5419, para que assim se tenha um
SPDA eficaz, e este espaçamento se da em acordo com o nível de proteção
desejado, conforme vemos na tabela a seguir.
Tabela 02: Espaçamentos adotados na implantação de um SPDA de acordo com a
NBR 5419, com base nos condutores não naturais.
Nível de Proteção Espaçamento (m)
I 10
II 15
III 20
IV 25
Fonte: NBR 5419.
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Por outro lado, quando falamos dos subsistemas que utilizam os condutores
naturais, saber-se-á que estes são os próprios elementos obtidos através da forma e
estrutura do empreendimento edificado, os quais devem ser realizados e
implantados seguindo alguns padrões normativos, os quais podemos definir como
sendo pré-requisitos da NBR 5419, os quais são:
Seção mínima de espaçamento;
Efetividade da condução da carga elétrica entre os pontos;
Uso de aço embutido, com ligação feita por solda e arrame torcido;
Razão pela qual, JOÃO (2012), afirma que o uso das tubulações de aço
podem ocorrer, mediante a observação da passagem de gases e/ou materiais
explosivos, que possam a vir causar um dano de grandes proporções quando
entrarem em contato com a corrente elétrica da descarga atmosférica.
Com base nisso vejamos na tabela a seguir a representação dos materiais
mais utilizados tanto como condutores naturais e não naturais, com sua devida
composição estrutural.
Tabela 03: Estruturas e materiais utilizados nos subsistemas condutores com suas
devidas especificações em acordo com a NBR 5419.
Material Estruturas de até 20 Estruturas com mais de
20 metros metros
Cobre 16 mm2
35 mm2
Alumínio 25 mm2
70 mm2
Aço galvanizado 50 mm2
50 mm2
Fonte: NBR 5419.
2.4.3 Equipotencializadores
Segundo a NBR 5419 (2015), os equipontencializadores são anéis
implantados no entorno de uma construção e o uso destes se da de acordo com a
altura da estrutura construída, assim sendo deve-se observar as especificações
contidas nesta NBR para que o SPDA consiga de fato ser eficaz e ser um elemento
de proteção funcional.
A fim de obtermos uma melhor compreensão vejamos a seguir a
representação visual de um SPDA onde foram implantados os anéis de
equipotencialização e através desta analise visual vamos poder ter uma
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compreensão do todo dentro do processo metodológico de implantação do
SPDA. Imagem 03: SPDA implantado em uma edificação com o uso dos anéis
de equipotencialização.
Fonte: VERARDINO (2016).
Mas ao fazer uso dos anéis de equipotencialização natural encontrados nas
estruturas construídas, devem e podem ser utilizados somente em consonância com
o que versa na NBR 5419 até mesmo com relação a seção mínima de
espaçamentos a serem utilizados de acordo com os materiais escolhidos conforme
veremos na tabela a seguir.
Tabela 04: uso de materiais como anéis de equipotencialização em consonância
com a NBR 5419, e seus respectivos espaçamentos de seção.
Material Secção do anel de equipotencialização
Cobre 35 mm2
Alumínio 70 mm2
Aço galvanizado 50 mm2
Fonte: NBR 5419.
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2.4.4 Uso de Cabo na Proteção de Borda
JOÂO (2012) afirma que quando se trata de implementação de SPDA em
edificações é necessário a implantação de cabos de proteção de borda, os quais
ficam dispostos nas arestas superiores destas, em outros termos estes cabos de
proteção são utilizados no entorno da área edificada como forma de interligar o
captor (os captores, caso haja mais de um na implantação do SPDA) com os
subsistemas de descidas das correntes das descargas atmosféricas.
Em sua estrutura normativa a NBR 5419 (2015), nos mostra que estes cabos
de proteção de borda, tem como função base integrar-se ao sistema como um todo,
ora atuando como captor, ora como um anel de equipotencialização, pois através
destes as descargas atmosféricas sofrem um processo de divisão da sua carga
elétrica o que facilitará a sua dissipação no solo, e para tal devem ser utilizados
alguns materiais específicos como determina esta mesma norma com observação a
seção mínima para o uso de cada conforme vemos na tabela a segui.
Tabela 05: Materiais utilizados como cabo de borda e suas respectivas seções
como determina a NBR 5419.
Material Secção do cabo de proteção de borda
Cobre 35 mm2
Alumínio 70 mm2
Aço galvanizado 50 mm2
Fonte: NBR 5419.
2.4.5 Subsistema de Aterramento
Como vimos até aqui são inúmeras as etapas a serem observadas e seguidas
para a implantação de um SPDA de forma eficaz, e após a execução, estruturação e
o uso adequado dos devidos materiais que são determinados como requisitos
mínimos na NBR 5419, chegamos ao subsistema de aterramento o qual é de suma
importância uma vez que é através deste que é feita a dissipação da corrente
elétrica no solo, por isso sua implantação deve se dar em observação completa a
esta norma a fim de se garantir que esta dissipação de corrente elétrica se dê de
forma segura e homogênea.
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Portanto, como bem já vimos no presente estudo as descargas atmosféricas
são um fenômeno natural e sua densidade e/ou carga elétrica não é possível de se
calcular (com precisão antes dela ocorrer), assim sendo não temos como dizer de
forma precisa qual seria uma boa resistência para um subsistema de aterramento, o
que podemos recomendar é aquilo que se encontra na NBR 5419 que seria um valor
de 10Ω, o que segundo esta mesma norma é adequado para que não venhamos a
ter um fenômeno chamado de centelhamento e/ou danos a edificação na qual o
SPDA foi implantado.
E assim temos como composição básica de um subsistema de aterramento
materiais naturais e não naturais dentro do SPDA que basicamente variam entre o
uso de hastes, anéis, encanamentos, cabos, e/ou a estrutura edificada (se nesta
houver o uso de materiais como o aço em sua fundação).
As tensões induzidas são um enorme problema a ser solucionado pelos
projetistas d um SPDA. Elas causam grandes prejuízos e transtornos nos sistemas
elétricos de potência e de telecomunicações. A tensão induzida é uma espécie de
indução eletromagnética que pode ser explicada pela lei da indução de Michael
Faraday (1791 – 1867). Faraday afirmou que a força eletromotriz que é induzida em
torno de um caminho fechado, é igual à taxa de variação do fluxo de campo
magnético na área interceptada por esse caminho. Sabendo que nas descargas
atmosféricas as correntes atingem valores muito elevados, a partir do ponto de
impacto, as induções eletromagnéticas provocadas também serão muito grandes
chegando a atingir dezenas de metros. Este fenômeno ocorrerá sempre que uma
descarga atmosférica atingir o solo ou uma edificação estando ela protegida ou não
segundo Mamede Filho (2012).
Em linhas gerais podemos dizer que o Subsistema captor é a parte de entrada
da descarga atmosférica no SPDA, pois sua função base como o próprio nome
remete é a de captar e direcionar a descarga para os subsistemas de descida,
minimizando assim a possibilidade de dano a estrutura da edificação onde este fora
implantado. Em sua forma estrutural faz-se uso de uma hastes a qual pode ser no
modelo de captação do Método Franklin ou até mesmo do Eletro geométrico que
nada mais são que condutores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer das abordagens teóricas fundamentais que pautaram o presente
estudo acerca dos procedimentos para implementação de um SPDA dentro dos
padrões normativos da NBR 5419, fora feita uma abordagem didática e
metodológica que buscou antes de tudo ser uma ferramenta de formação e
informação acerca do tema proposto.
Desta forma esperasse que este trabalho possa ser utilizado como uma
ferramenta auxiliar de estudo para os engenheiros e profissionais da área elétrica,
que a partir da leitura deste possam ter os conhecimentos básicos e necessários
para a implantação de um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas em
um elemento construído (edificado) conforme especificado na NBR5419.
Cabe ressaltar ainda que ao debruçar-se sobre este presente trabalho, aquele
que o faz não necessariamente estará livre da leitura da NBR 5419, mas sim terá um
conhecimento prévio e de forma sucinta da temática e um aprofundamento maior
deverá e poderá ser feito através da leitura da mesma.
O fator a se considerar é o de que a região amazônica possui uma densidade
atmosférica propicia a descargas atmosféricas além do que o processo de
urbanização dos centros metropolitanos que são um grande fator contributo de
atratividade das descargas e vindo a causar incontáveis danos tanto nas questões
estruturais quanto nas econômicas e pessoais.
Então, o processo de implantação de um SPDA para a proteção de
residências, prédios, e outros imóveis visa além de mais nada garantir de forma
segura a manutenção dos recursos naturais, patrimoniais e da vida humana como
um todo em uma região tão extensa e com altos índices de descargas atmosféricas
é de extrema importância como vimos em todo o processo de estudo deste artigo.
O principal objetivo deste trabalho de conclusão de curso, é definir uma
metodologia para se projetar um SPDA, desde a base até sua implantação final,
contendo memorial de cálculo e memorial descritivo. Para isso, utiliza a aplicação
dessa metodologia através de um estudo de caso aproveitando para isso, mostrar as
técnicas possíveis normatizadas para sua efetiva implantação. A metodologia
apresentada é viável não somente no Amazonas como em qualquer lugar do Brasil.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Cientifica – USP. São Carlos – SP. 2016.
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Raios Causadas por Mudanças na Taxa de Trovoada de Trovões e por Mudanças
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