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1 FTL FACULDADE TEOLÓGICA DE LORENA METODOLOGIA DO ENSINO RELIGIOSO MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA Prof. Nilton César Marcelino METODOLOGIA DO ENSINO RELIGIOSO MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA CAPÍTULO I A BÍBLIA “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 4.16-17). 1-INTRODUÇÃO Este capítulo introduz a Bíblia que é a Palavra escrita do verdadeiro Deus. A Palavra “Bíblia” significa “livros”. A Bíblia é um volume que consiste em 66 livros separados. A palavra “Escritura” também é usada para referir-se à Palavra de Deus. Esta palavra vem de uma palavra latina que significa “escrito”. Quando a Palavra “Escritura” é usada com “E” maiúsculo significa os “escritos sagrados” ou as Sagradas Escrituras do verdadeiro Deus. A palavra “Bíblia” não aparece na Escritura. É uma palavra escolhida pelos homens como um título para a Palavra de Deus. 2-A ORIGEM DA BÍBLIA A Bíblia é a Palavra escrita de Deus. Ele inspirou as palavras na Bíblia e usou aproximadamente 40 homens para escrever Suas palavras. Estes homens escreveram por um período de 1500 anos. A concordância perfeita entre outros escritores é uma prova de que eles foram todos guiados por somente um autor. Esse autor foi Deus. Alguns dos escritores escreveram exatamente o que Deus disse: “Toma um rolo, um livro, e escreve nele todas as palavras que te falei contra Israel, contra Judá e contra todas as nações, desde o dia em que te falei, desde os dias de Josias até hoje” (Jeremias 36.2). Outros escritores escreveram o que eles experimentaram do que Deus revelou acerca do futuro: “Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas” (Apo 1.19). Todos os escritores escreveram sob a inspiração de Deus, as palavras de Sua mensagem para nós.

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1 FTL – FACULDADE TEOLÓGICA DE LORENA – METODOLOGIA DO ENSINO RELIGIOSO

MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA – Prof. Nilton César Marcelino

METODOLOGIA DO ENSINO RELIGIOSO

MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA

CAPÍTULO I – A BÍBLIA

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 4.16-17).

1-INTRODUÇÃO

Este capítulo introduz a Bíblia que é a Palavra escrita do verdadeiro Deus. A Palavra “Bíblia” significa “livros”. A Bíblia é um volume que consiste em 66 livros separados. A palavra “Escritura” também é usada para referir-se à Palavra de Deus. Esta palavra vem de uma palavra latina que significa “escrito”. Quando a Palavra “Escritura” é usada com “E” maiúsculo significa os “escritos sagrados” ou as Sagradas Escrituras do verdadeiro Deus. A palavra “Bíblia” não aparece na Escritura. É uma palavra escolhida pelos homens como um título para a Palavra de Deus.

2-A ORIGEM DA BÍBLIA

A Bíblia é a Palavra escrita de Deus. Ele inspirou as palavras na Bíblia e usou aproximadamente 40 homens para escrever Suas palavras. Estes homens escreveram por um período de 1500 anos. A concordância perfeita entre outros escritores é uma prova de que eles foram todos guiados por somente um autor. Esse autor foi Deus. Alguns dos escritores escreveram exatamente o que Deus disse: “Toma um rolo, um livro, e escreve nele todas as palavras que te falei contra Israel, contra Judá e contra todas as nações, desde o dia em que te falei, desde os dias de Josias até hoje” (Jeremias 36.2).

Outros escritores escreveram o que eles experimentaram do que Deus revelou acerca do futuro:

“Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de acontecer depois destas” (Apo 1.19).

Todos os escritores escreveram sob a inspiração de Deus, as palavras de Sua mensagem para nós.

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3-O PROPÓSITO DA BÍBLIA

A própria Bíblia registra seu propósito principal:“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16-17).

As Escrituras devem ser usadas para ensinar a doutrina, reprovar e corrigir do mal, e ensinar a retidão. Elas lhe ajudarão a viver corretamente e o equiparão para trabalhar para Deus.

4-AS DIVISÕES PRINCIPAIS

A Bíblia é dividida em duas seções principais chamadas de Antigo Testamento e Novo Testamento. A palavra “testamento” significa aliança ou pacto. Um pacto é um acordo. O Antigo Testamento registra o pacto ou acordo original de Deus com o homem. O Novo Testamento registra o novo pacto feito por Deus através de Seu Filho, Jesus Cristo. Qual foi o assunto destes dois acordos? Os dois envolveram restaurar o homem pecador para corrigir sua relação com Deus. Deus fez uma lei na qual o pecado só pode ser perdoado através do derramamento de sangue: “Saulo, porém, mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo” (Atos 9.22).

Sob o acordo (aliança) de Deus no Antigo Testamento, os sacrifícios de sangue dos animais eram feitos pelo homem para obter o perdão dos pecados. Este era um símbolo do sacrifício de sangue que Jesus Cristo proporcionaria sob a nova aliança com Deus. Através do nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus, um sacrifício final para o pecado foi feito: “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados” (Hebreus 9.11-15).

Ambos os testamentos são a Palavra de Deus e nós devemos estudar os dois para entender a mensagem de Deus. Estes vocábulos - “antigo” e “novo” - se usam para distinguir entre a aliança de Deus com o homem antes e depois da morte de Jesus Cristo. Nós não menosprezamos o Antigo Testamento simplesmente porque se chama de “Antigo”.

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5-DIVISÕES ADICIONAIS

A Bíblia também pode ser dividida em 66 livros. O Antigo Testamento tem 39 livros. O Novo Testamento contém 27 livros. Cada livro é dividido em capítulos e versículos. Ainda que conteúdo de cad alivro seja a Palavra de Deus, a divisão em capítulos e versículos foi feita pelo homem com o propósito de tornar fácil de localizar passagens específicas. Seria muito difícil de encontrar uma passagem se os livros fossem todos em um só parágrafo extenso. Aqui está um diagrama simples que mostra as divisões básicas da Bíblia:

A BÍBLIA

ANTIGO TESTAMENTO

NOVO TESTAMENTO

39 livros 27 livros

6-A UNIDADE DA BÍBLIA

Quando nós falamos da unidade da Bíblia, nós queremos dizer duas coisas:

1) A BÍBLIA ESTÁ UNIDA EM CONTEÚDO:

Sabemos que a Bíblia foi escrita por muitos escritores, durante muitos anos. Todavia, não há nenhuma contradição nela. Um autor não contradiz nenhum dos outros.

A Bíblia inclui a discussão de centenas de assuntos polêmicos. (Um assunto polêmico é um cria opiniões diferentes quando mencionados). Todavia os escritores da Bíblia falaram sobre tais assuntos com harmonia deste o primeiro livro, Gênesis, até o último, Apocalipse. Isto foi possível porque ela realmente teve um só autor: Deus. Os escritores só registraram a mensagem sob a Sua direção e inspiração. Por esta razão, o conteúdo da Bíblia está unido.

2) A BÍBLIA ESTÁ UNIDA EM UM TEMA:

Algumas pessoas pensam que a Bíblia é uma coleção de 66 livros separados em assuntos diferentes. Eles não compreendem que a Bíblia está unida por um tema principal. Do início ao fim, a Bíblia revela o propósito especial de Deus que se resume no livro de Efésios: “Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra; nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme

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o conselho da sua vontade” (EFésios 1.9-11).

A Bíblia revela o ministério do plano de Deus que é o tema unificador da Bíblia. É a revelação de Jesus Cristo como o Salvador da humanidade pecadora. Jesus explicou como o Antigo Testamento está centralizado Nele: “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lucas 24.44).

Com esta introdução, Jesus continuou e... “Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24.45). Qual foi a chave que Jesus lhes deu para entender as Escrituras? O fato de que seu tema principal está focado Nele: “E lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém” (Lucas 24.46-47).

Os Testamentos - Antigo e Novo - ambos conta a história de Jesus. O Antigo Testamento nos prepara para Sua vinda e o Novo Testamento diz como ela aconteceu. Isto une a Bíblia em um tema principal. As pessoas que esparavam a Jesus sob o Antigo Testamento foram salvas de seus pecados através da fé na promessa de Deus. Cada um que olha para trás, para o que foi cumprido em Jesus Cristo, é salvo da mesma maneira: através da fé no que aconteceu, assim como Deus prometeu.

7-A DIVERSIDADE DA BÍBLIA

Quando nós falamos da “diversidade” da Bíblia nós queremos dizer que a Bíblia tem variedade. A Bíblia registra as maneiras diferentes nas quais Deus tratou com as pessoas e as diferentes maneiras nas quais elas responderam a Ele. A Bíblia foi escrita em atmosferas diferentes. Algumas porções expressam alegria enquanto outras refletem o sofrimento.

A Bíblia inclui maneiras de escrever. Contém história, poesia, profecia, cartas, aventura, parábolas, milagres, e história de amor.

Devido a sua variedade, a Bíblia tem sido dividida em grupos de livros, mas, podemos resumir sua mensagem da seguinte forma:

PREPARAÇÃO – Todo o Antigo Testamento;

MANIFESTAÇÃO – Os Quatro Evangelhos;

PROPAGAÇÃO – O Livro de Atos dos Apóstolos;

EXPLANAÇÃO – Todas as Epístolas (cartas);

CONSUMAÇÃO – O Livro do Apocalipse.

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CAPÍTULO II – MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA

1-INTRODUÇÃO

O importante em se estudar a Bíblia é que se aprende o que ela realmente diz e não o que falam dela, em sermões, comentários, livros e doutrinas religiosas.

Cinco principais modos pelos qual a Bíblia pode ser mal empregada:

Quando você ignora o que a Bíblia diz sobre determinado assunto.

Quando se toma um versículo fora do contexto.

Quando se lê uma passagem e a faz dizer o que ela não diz.

Quando se dá devida ênfase a algo que não tem muita importância, pois não tem aplicação prática, ex., lugares, objetos, etc.

Quando se tenta “forçar” Deus fazer o que queremos em vez daquilo que ele quer que seja feito.

Porém, muitos materiais podem ser úteis no estuda da Bíblia, servindo de complemento, para se entender passagens, fatos históricos, contextos sociais, etc.

Sempre se devem fazer anotações sobre o que foi estudado e lido, para que observações importantes não se percam no tempo e também para que a mente possa trabalhar com maior tranqüilidade e para ajuda no preparo de pregações.

O estudo deve ser constante e sistemático, pois não adianta ler e estudar de vez em quando, assim, o corpo e a mente estarão acostumados à concentração, e a captar partes importantes de um texto.

A mensagem Bíblica deve ser passada adiante, pois cada um de nós deve ensinar o que aprendemos, e para ensinarmos devemos ter conhecimento do assunto. Ainda há a questão da aplicação do que foi aprendido à vida, portanto uma coisa que deverá ser colocada em prática em nossas vidas merece tempo e dedicação, bem como entendimento completo do que quer dizer, para que não se “fabrique” fardos que não constam na Palavra de Deus e que muitos dizem ser “doutrinas”.

2-OS MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA

Dentre os métodos de estudo da Bíblia temos: ANÁLISE DO VERSÍCULO (estuda-se cada versículo separadamente ou em seu contexto; MÉTODO ANALÍTICO; MÉTODO SINTÉTICO; MÉTODO TÓPICO e MÉTODO BIOGRÁFICO.

Em cada um desses métodos usaremos 4 conceitos importantes, que deverão se incorporar ao sistema de estudo de cada pessoa.

São eles: (O) OBSERVAÇÃO, (I) INTERPRETAÇÃO, (C) CORRELAÇÃO e (A) APLICAÇÃO.

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1) A OBSERVAÇÃO possui alguns requisitos a serem observados:

EXIGE UM ATO DE VONTADE - para se observar detalhes na leitura é importante ter vontade de querer aprender

EXIGE PERSISTÊNCIA EM SABER – pode parecer complicado a princípio, mas não é não se pode desanimar á primeira vista, é preciso ter disciplina, até que se possa ver os resultados e ficar entusiasmado.

EXIGE PACIÊNCIA - não se pode querer aprender do dia para a noite e nem tentar fazer uma leitura rápida e desatenciosa, pois não se conseguirá absorver tudo de importante que há nela.

EXIGE REGISTRO – não adianta ler, estudar, fazer comparações e achar que vai se lembrar de tudo depois, pois a mente acaba retendo apenas uma pequena porção e o que não foi fielmente anotado pode ter se perdido para sempre.

Use na observação as 6 questões básicas que são feitas quando se lê algo. Elas são: Quem? O que? Onde? Quando? Como? Por quê?

Analise ainda a forma da passagem, pois isso ajudará na interpretação. Procure saber se ela está escrita em forma de poesia, história, parábolas, argumentação lógica, narrativa, conselhos, ensinos, etc.

Descubra a palavra-chave do texto ou do versículo, ex., em I Cor. 13 a palavra chave é o Amor, em Heb. 11 é Fé, etc. a palavra chave é o assunto de que se fala o texto/versículo/livro.

Considere ainda contrastes e relações que aparecem no texto, por ex., Hb 7 que traz as diferenças entre Melquisedeque e Levi ou Mt 24.27.

Verifique ainda se há referências as Velho Testamento, ex., Jesus quando leu a passagem de Isaías e disse que ela havia se cumprido, Lc 4. 16-21.

Veja se há muitas repetições no texto, pois nesses casos o assunto pertinente tem relação com essa palavra, ex., I Ts 3, que repete a palavra fé várias vezes, deixando claro que a “tribulação” ali mencionada tem estreita relação com o resultado: fé.

Atente para os verbos, pois quase sempre eles dão idéia de ordem, de atitude (obediência, coragem, passividade – o que a pessoa sofre), de reflexão, etc.

Olhe bem para as ilustrações e suas explicações, ex. mais comum: as parábolas.

Observe bem as palavras SE, POIS, ENTÃO, PORTANTO, PORQUE, OU, ENTÃO, MAS, PARA QUE, A FIM DE QUE, pois fazem enorme diferença no contexto e no entendimento de questões, e que às vezes, se não observadas induzem ao erro, geralmente por parte de quem prega a Palavra, ex., EX 19.5, que faz uma promessa desde que o povo ouça a Voz de Deus e guarde a aliança.

Disponha-se a mudar seu ponto de vista, não lendo a Bíblia com

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conceitos pré- formados, por ex., quando lemos sobre a atitude de Rebeca enganando Isaque para favorecer Jacó, devemos procurar entender o porque dessa atitude, se colocar no lugar do personagem para que não façamos julgamentos errôneos a respeito de alguém, ou de Abraão quando disse que Sara era sua irmã à Abimeleque EX. 20.2.

2) NA INTERPRETAÇÃO você deve entender o sentido daquilo que foi observado no estudo da Bíblia. Para se fazer uma boa interpretação são necessários três requisitos: propósito, pensamento-chave e fluxo.

Propósito – é identificar o porquê, o motivo de tal acontecimento, ex., no livro de Gálatas, Paulo escreve com o objetivo de comunicar (ensinar) que a pessoa é justificada pela fé e não pelas obras da lei, no Evangelho de João o motivo é “para que creiais que Jesus Cristo é o Cristo (messias), o Filho de Deus, para que, crendo tenhais vida em seu nome, etc.

Pensamento-chave - é a idéia maior, o tema, a essência, ex., I Pe 2 “o crente é chamado para seguir o exemplo do Cristo rejeitado, numa vida de submissão e de sofrimento às mãos de um mundo hostil.

Fluxo – é o “caminho” que a narrativa, o texto, o ensino toma, ou seja, ex., como tal personagem trata a respeito desse assunto? É através de exemplos, de citações de outras partes Bíblicas? Há padrão no ensino de determinado assunto ou ele é abordado de forma diferente em outras partes da Bíblia? Etc.

3) NA CORRELAÇÃO temos a relação do assunto estudado com mais coisas ou outros assuntos, ela é importante, pois mostra a coerência da Bíblia e mostra a harmonia que há, contrário ao que muitos dizem ser a Bíblia contraditória, pois estudam apenas trechos isoladamente sem relacionar com outras passagens. Para relacionar temos 4 tópicos a serem observados. São: Referências Bíblicas, Paráfrases, Esboços e Gráficos.

Referências: consiste em comparar uma idéia, acontecimento, história, versículo com outra porção das Escrituras. Muitas vezes o conteúdo de uma passagem ajuda esclarecer outra. A referência pode ser de palavras (quando se compara uma palavra escrita em um trecho com a mesma palavra escrita em outro trecho – ex., Melquisedeque, mencionado em Hebreus, Gênesis 14.18 e Salmos 110.4.); pode ser referências paralelas (quando se compara versículos que tem o mesmo sentido, mesmo que às vezes não esteja escrito com as mesmas palavras, ex., parábolas nos Evangelhos.); referências correspondentes (quando um trecho fala de outra passagem, ex., quando no NT é citado o VT Lc 4.18 – Is 61.1,2, I Ts 2.1 e At 17.1-10); referências de idéias (quando a idéias central de um texto é comparado a outro, ex., 1Pe 1.23 e Jo 3.1-8 que falam do novo nascimento); referências de contrastes (quando uma comparação é feita à outra mas tendo resultado diferente, ex., Mt 4 e Gen.3, “o 1º Adão lidou com a tentação e foi derrotado, Jesus – o 2º Adão – enfrentou Satanás e saiu vitorioso).

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Paráfrase – é passar o trecho lido para suas próprias palavras, em uma linguagem mais fácil de entender. CUIDADO – o que você for escrever deve transmitir o pensamento do autor e não o seu.

Esboço – é incluir no seu relatório todos os pormenores do texto, sem omitir detalhes, não colocando apenas o que você acha importante.

Gráficos - geralmente divide-se a folha de estudo e vai relacionando lado a lado os detalhes, as passagens que tem alguma coisa em comum, características da vida de quem se está estudando, pensamentos e idéias. Ele pode ser feito somente sobre um versículo ou sobre um capítulo, ou título ou ainda sobre um livro inteiro, relacionando-o a outro.

4) NA APLICAÇÃO temos a parte mais importante, pois tudo o que foi estudado detalhadamente tem que ser praticado ou evitado na vida cristã (Ex., evitado caso seja ensino do que não fazer), é para isso que estudamos a Bíblia e não para termos maior conhecimento. Aplicar a vontade de Deus requer ação e não emoção (a boa intenção), e para isso devemos nos perguntar após o estudo de cada trecho da Palavra:

-Há algum exemplo que devo seguir ou evitar? Há ordem a obedecer? Há pecado que devo abandonar? Há bênçãos que estou deixando de receber? (descobrir o porquê) Há algum novo pensamento a respeito de Deus que eu não tinha me dado conta antes?

Ore sempre para que Deus o mostre em que você deve mudar imediatamente. Quando a passagem disser algo no geral procure detalhes acerca daquilo para que possa seguir, ex., “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo”. Procure os detalhes de como Cristo foi e busque em você o que está faltando para se imitar, ex., Cristo foi servo, lavou os pés dos discípulos, demonstrando humildade, etc.

Se perceber que esquecerá o que deve ser colocado em prática, as vezes por ser muita coisa, escreva, isso é bom para lembrá-lo e também para não deixar que o orgulho o domine, pois se sempre escrever o que precisa ser mudado, sempre perceberá que precisa sempre melhorar. Verifique depois se está cumprindo, o bem é verificar todos os dias logo de manhã e meditar sobre. P. 111 do livro dá modelos.

3-ANALISANDO OS MÉTODOS

1) ANÁLISE DO VERSÍCULO

Comece sempre pela observação, não só do versículo, mas também de seu contexto, assinalando cada passo. (O), (I), ©, (A).

Leia, escreva quaisquer observações, dificuldades, significados através de dicionários, livros, etc, os detalhes, se o versículo tem algo que se aplica aos outros versículos do contexto, as ordens expressas nele, e possíveis complementos como estudos arqueológicos a respeito do assunto, notícias, dentre outros.

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Verifique a aplicação: ex., ITess. 5.16,17e18. Regozijai-vos sempre – estou sempre me regozijando ou vivo reclamando com meus filhos de que nunca fazem nada correto? Ou me regozijo às vezes? Ou nunca? Ou só na Igreja?

Olhe os detalhes: ex. regozijai-vos Sempre, orai sem cessar, em tudo dai Graças.

Reescreva o versículo com suas próprias palavras e veja as referências desses versículos em outras partes da Bíblia, e comentários em livros, dicionários, etc.

Veja a idéia central do versículo ex., ensinar alguma doutrina, exortar de alguma atitude, os verbos que expressam as ordens, etc.

Aplique-o!

2) MÉTODO ANALÍTICO

É o exame cuidadoso de um capítulo ou da passagem. É o método de estudo que analisa profundamente em pormenores, tendo como objetivo compreender o que o escritor tinha em mente ao escrever aquilo. Nesse método o que importa são os detalhes, como se estivesse olhando com um microscópio. É básico no estudo da Bíblia porque ajuda na interpretação, analisando o que foi dito, porque foi dito e a quem foi dito. As perguntas a ser utilizadas são: como? Quem? Que? Por quê? Quando? Onde? Anote substantivos, verbos e outras palavras-chave.

Escreva o que não compreende, especificando o que não entendeu.

Compare as referências da palavra, idéia, com um texto semelhante na Bíblia.

Descubra os porquês da passagem, porque foi escrita, objetivo dela, se é ensino, consolo, etc.

Escreva um título para cada passagem ou capítulo, esse título deve ter a idéia central do texto.

Anote as aplicações. Faça um esboço de tudo o que foi estudado. Memorize o que diz a passagem, normalmente escolha um versículo que transmite essa idéia central.

3) MÉTODO SINTÈTICO

É o estudo mais amplo, de um livro da Bíblia. Esse método procura entender o sentido do livro como um todo mostrando a relação entre os capítulos dele, o objetivo, a idéia central, etc.

Anote os pensamentos-chave, argumentos principais, palavras importantes,

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lugares, nomes, acontecimentos, curiosidades arqueológicas, as dificuldades de entendimento, as referências, as aplicações para vida pessoal.

Leia o livro todo novamente, observando detalhes que não viu antes e anotando-os. Faça um resumo do livro, respondendo:

Quem escreveu o livro? O que ele revela acerca de si mesmo? Para quem foi escrito? Onde viviam essas pessoas? Como era a geografia e que tipo de gente eram? Quando e onde foi escrito o livro? Em que circunstâncias e ambiente? Porque foi escrito? Havia problemas especiais que o levaram a escrever o livro? Esse escrito comunica algo em particular, somente para esse povo, que não era comum a outros?

Determine o estilo usado pelo escritor. Ex.,

o Mt usa tópicos, apresenta a vida de Cristo em tópicos.

o 1 e 2 Rs mostram a seqüência de acontecimentos cronológicos.

o Gl é apologético, Paulo defende sua tese.

o Ml é interrogativo

o Rm é lógico, pois desfaz qualquer argumento a favor do pecado expondo o método de perguntas e respostas, mostrando no cotidiano os resultados do pecado.

Veja a importância desse livro na Bíblia e o que faltaria Nela se ele não tivesse sido escrito

Faça um esboço ou gráfico do livro.

4) MÉTODO DE ESTUDO DE TÓPICOS

É o estudo de assunto específico, ex., pecado, vitória, hospitalidade, etc. Há assuntos que apresentam sinônimos, ex., vitória e vencer, Lei, estatutos, mandamentos, juízos, preceitos, testemunhos, etc.

Quando um assunto for muito extenso deve-se delimitar e estudar por partes até que se completem os estudos a respeito daquilo. Ex., pecado (o que Jesus ensinou sobre o pecado, o que Jesus ensinou sobre pecado no Evangelho de João, como o pecado era tratado na época da Lei, etc.).

Escolha o que vai estudar após delimitar o estudo e anote, anote também os objetivos, o porquê de estudar este trecho. Observe anotando qualquer detalhe, responda as perguntas quem? Que? Onde? Quando? Como? Por quê? Anote os verbos, substantivos, palavras-chave, dificuldades, aplicações, correlações, significado da palavra, etc. usem materiais de apoio.

Faça um gráfico de tudo o que achou importante.

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5) MÉTODO BIOGRÁFICO

Trata-se do estudo do caráter das pessoas da Bíblia, dos personagens, para que se aprenda com eles.

Escolha a pessoa sobre quem se quer estudar e anote em uma folha tudo o que achar na Bíblia a respeito dessa pessoa, quem era, o que fazia, onde morava, porque realizou tal ato, qual foi a conseqüência dele, alguma coisa sobre a família, sobre seu jeito pessoal de ser, suas virtudes e fraquezas, porque ela foi importante ao ponto de ficar registrada na Palavra de Deus, qual a opinião de Deus sobre ela, suas falhas, seus exemplos, o pensamento-chave que resume a vida da pessoa, o que se aprende com ela.

Trace um fundo histórico a respeito dela. Normalmente você precisará de material de apoio como livros, dicionários, suplementos arqueológicos, etc. analise a condição econômica, política, religiosa, social e cultural da época e a atitude dela em relação a esse contexto. Onde nasceu quem eram seus pais, se em seu nascimento houve algo incomum, sua ocupação, se tinha já uma vocação ao nascer, se era casado, se tinha filhos, se eles o ajudaram ou prejudicaram viagens que ela fez, sua morte, seu sepultamento, etc.

Faça um gráfico colocando em ordem cronológica o que você descobriu a respeito dessa pessoa. Pode também usar o gráfico para compará-lo a outro personagem.

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CAPÍTULO III - OS AGENTES DIVINOS NO ENSINO

O ensino bíblico é autorizado pelos agentes divinos. Isto significa que há poderes espirituais por trás de tal ensino. Não é somente o ensino de um homem. Os agentes divinos do ensino bíblico são Deus o Pai, Seu Filho Jesus Cristo, e o Espírito Santo.

Quando Jesus voltou ao céu depois de Sua morte e ressurreição, o Espírito Santo foi enviado por Deus para ser o mestre residente nos crentes. O Espírito Santo mora dentro de seu espírito e o ensina as coisas de Deus: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (João 14.26). e ICor 2.10

As funções adicionais do Espírito Santo no ensino são reveladas nas seguintes passagens. O Espírito Santo:

Dá instrução sobre “todas as coisas” que Jesus ensinou (João 14.26).

Ajuda-lhe a relembrar o que você aprende (João 14.26).

Guia-o a toda a verdade (João 16.13).

Declara [anuncia] os eventos futuros no plano de Deus (João 16.13).

Revela as “coisas profundas” de Deus (1 Coríntios 2.10).

É a sabedoria por trás do ensino bíblico (1 Co 2.13).

Ensina-lhe o que dizer nas situações bíblicas (Lucas 12.12).

Unge-lhe a ensinar e ministrar (Lucas 4.18; 1 João 2.27).

Habilita a oração feita pelos estudantes (Romanos 8.26).

O Espírito Santo também está operando nas vidas daqueles que você ensina:

Enquanto você ensina, o Espírito Santo é o poder espiritual que declara culpável aos pecadores e os leva a responder a mensagem do Evangelho (João 16.7-11).

O Espírito Santo revela o Senhor Jesus Cristo a eles (João 16.14).

O Espírito Santo nos leva à experiência do “novo nascimento” (João 3.5, 6, 8).

Ele os levará à vida no Espírito ao invés da vida na carne (Gálatas 5.16).

Ele dará testemunho a seus corações sobre as verdades da Palavra de Deus (Atos 5.29-32).

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Jesus era também o modelo das atitudes certas que devem ser evidentes nas vidas dos mestres da Palavra de Deus. As seguintes Escrituras ilustram estas atitudes:

Jesus tinha grande compaixão pelas pessoas e suas necessidades: Mateus 15.32; Marcos 1.32-35; 8.2-3; Lucas 10.54-56; 19.41.

Esta compaixão o levou à intercessão por aqueles a quem Ele ensinou: Lucas 2.49; 4.43; João 4.34; 9.4.

Jesus tinha uma atitude sem condenação para com aqueles a quem Ele ensinou: Marcos 2.17; João 8.1-11. Ele aceitava as pessoas na condição em que elas estavam e então as levava ao nível de fé onde elas deveriam estar. Ele não condenou a Tomé quando Ele duvidou (João 20.24-29). Ele não condenou o líder que achava necessário que Jesus fosse a sua casa para orar por sua filha (Mateus 9.18-26), ainda que tivesse mostrado que isso não era necessário (Mateus 8.5-13).

Embora Jesus não condenasse, Ele era inflexível com o pecado. Isto significa que Ele não o aprovava de forma alguma ou que o deixava passar por alto: Mateus 11.21-24; 15.3-9; 12.12-13; Marcos 10.17; Lucas 5.31-32; 19.45-46.

Jesus demonstrou uma confiança em Deus para o impossível: Marcos 10.17; 11.22-24; Lucas 18.27.

Ele demonstrou intrepidez e autoridade em Seu ensinamento: Mateus 21.23-27; Marcos 8.38; 11.24-33; Lucas 5.24.

O mais importante é que Ele tinha a atitude de um servo para com aqueles a quem Ele mirava: Mateus 20.25-28; 23.2-12; Marcos 10.42-45; Lucas 22.25-27.

1-GRUPOS DE APRENDIZES

Jesus adaptou Seu ensino aos vários grupos de aprendizes.

AS GRANDES MULTIDÕES:

Jesus usou os métodos de conferência quando Ele ensinou às grandes multidões. Ele não permitiu interrupções ou convidou a uma resposta se não ao fim da lição. Isto é melhor para os grupos grandes. A pregação normalmente segue este modelo. Veja Mateus 5 a 7 para um exemplo.

OS GRUPOS PEQUENOS:

Foi mais freqüentemente nos grupos pequenos que Jesus permitiu a participação do público. Para exemplos veja Marcos 8.10-12; 14.21; 27-30.

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OS INDIVÍDUOS:

Jesus usou um método interativo com os indivíduos. Ele falou com eles e perguntou e respondeu questões. O método era algo como uma conversação normal entre duas pessoas. Para exemplos, veja Jo3 e 4.

A maioria do ensino de Jesus foi verbal. Há somente um registro de que Ele escreveu Sua mensagem (João 8.6). Este capítulo enfoca nos métodos específicos de instrução verbal usados por Jesus.

2-DO CONHECIDO AO DESCONHECIDO

Jesus usou o conhecido para ensinar o desconhecido. Ele usou o velho para introduzir o novo. Ele começou com as verdades que as pessoas conheciam e entendiam, então construiu sobre elas para ensinar as verdades que as pessoas não sabiam. Por exemplo, Jesus freqüentemente declarava uma verdade da lei do Antigo Testamento, depois revelava uma nova verdade. (Veja Mateus 5.17-48).

O ensino deve produzir entendimento. Revelar novas verdades construindo-as sobre o que já é conhecido pelo ouvinte é uma excelente maneira de alcançar esta meta. É importante que as pessoas entendam com suas mentes a mensagem porque... “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo” (Provérbios 23.7).

3-DO GERAL AO ESPECÍFICO

Deus revela o conhecimento em uma revelação crescente. Ele se move do conhecimento geral ao específico. Uma revelação geral é feita, então os detalhes específicos são adicionados. Por exemplo, a primeira predição geral de um Salvador foi dada em Gênesis 3.15. Depois, quando os profetas do Antigo Testamento escreveram, Deus revelou muito mais detalhes acerca do Salvador vindouro.

Em João 6.35, Jesus revelou a verdade de que Ele era o pão da vida. Em João 6.51-58, Jesus ampliou esta verdade. Ele deu mais detalhes sobre Seu corpo como o pão da vida, do qual é necessário partilhar se alguém deseja experimentar a vida eterna. Jesus usou este modelo de ensino, que é um princípio legítimo de instrução que você pode seguir.

4-LIÇÕES COM OBJETOS

Jesus usou objetos e símbolos comuns com os quais Seus ouvintes estavam familiarizados para ensinar as verdades bíblicas. Ele usou os lírios do campo e os pássaros para ensinar o cuidado de Deus (Mateus 6.26-30). Ele usou a pesca e a sega para ilustrar a necessidade de obreiros para alcançar o perdido (João 4.35 e Mateus 4.19).

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Jesus usou o pão partido como um símbolo para Seu corpo e o vinho como um símbolo de Seu sangue (Lucas 22.19-20). Ele usou o lavar dos pés aos discípulos para ilustrar o serviço humilde do líder (João 13.1-17). Jesus usou uma criança como um exemplo de humildade e confiança exigidos para entrar no Reino de Deus (Marcos 10.13-16).

Ele usou muitos símbolos para ilustrar o Reino de Deus, inclusive as parábolas da rede, das sementes, o joio e o trigo, o fermento, a semente de mostarda, etc. Quando se usam lições com objetos, eles devem ser objetos ou símbolos comuns com os quais o aprendiz está familiarizado.

5-PERGUNTAS E RESPOSTAS

Jesus freqüentemente usou perguntas e respostas em Seu ensino. Muitas vezes, Jesus fazia uma pergunta para fazer Seus ouvintes pensar. Às vezes Ele exigia uma resposta (Mateus 16.13-16). Outras vezes Jesus fazia uma pergunta que permanecia sem resposta. Ela foi designada apenas para fazer Seus ouvintes pensarem e chegarem às suas próprias conclusões (Lucas 10.25-37; Marcos 10.17-18).

Às vezes Suas perguntas estavam na forma de um problema para solucionar (Mateus 21.25-27). Outras vezes Ele pedia uma pergunta para estimular o pensamento (Mateus 5.13). Às vezes Sua conversação inteira era uma série de perguntas (Mateus 16.9-12). Freqüentemente Jesus respondeu as perguntas que as pessoas faziam com outra pergunta (Mateus 9.14-15; 12.10-11; 15.1-3; 21.23-25).

Jesus usou as perguntas de maneiras diferentes. Você também pode usá-las destas maneiras:

Para introduzir uma lição: Mateus 21.28.

Para continuar uma lição: Mateus 21.40.

Para recordar o conhecido: Marcos 2.25-26.

Para tocar a consciência dos ouvintes: Mateus 23.17.

Para criar a fé: Marcos 8.29.

Para clarificar uma situação: Marcos 10.3.

Para motivar o pensamento ou investigação adicional: Mateus 6.25-31.

Para considerar ações diferentes: Mateus 9.5.

Para obter compreensão dos estudantes: Mateus 16.15.

O mestre pode:

Fazer perguntas a uma classe inteira.

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Fazer uma pergunta a um estudante.

Escrever questões ou fazer uma prova escrita.

Os estudantes podem:

Fazer perguntas ao mestre.

Fazer perguntas aos outros estudantes.

Levantar questões de sua própria investigação da Palavra de Deus.

6-PARÁBOLAS

Uma parábola é uma história que usa um exemplo do mundo natural para ilustrar uma verdade espiritual. O significado real da palavra “parábola” é “colocar ao lado de, comparar”. Nas parábolas, Jesus usou um exemplo natural e o comparou com uma verdade espiritual. Uma parábola é uma história terrena com um significo celeste.

Jesus usou freqüentemente as parábolas como um método de ensino: “E com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes” (Marcos 4.33).

As parábolas devem ser explicadas para serem entendidas: “E sem parábolas não lhes falava; tudo, porém, explicava em particular aos seus próprios discípulos” (Marcos 4.34).

Em uma certa ocasião dos discípulos perguntaram a Jesus por que Ele ensinou usando parábolas. Ele respondeu: “Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido” (Mateus 13.11). Ver também Lucas 8.10.

As pessoas com mentes espirituais entendem as parábolas espirituais. Aqueles com mentes carnais não o fazem: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14).

Um homem espiritualmente preparado é um que tem nascido de novo espiritualmente. Estude João 3 para uma explicação da experiência do “novo nascimento”.

As parábolas que Jesus ensinou tratam de assuntos familiares a Seu público. Quando você ensina, você pode usar as parábolas que Jesus ensinou, porém você também pode criar parábolas modernas sobre assuntos familiares a seu público.

Porque as culturas diferem, as parábolas que são entendidas pelas pessoas na América do Norte podem não ser entendidas pelas pessoas na Austrália, África, Ásia, América Latina e Europa. Cada grupo diferente de pessoas deve ter parábolas que estão relacionadas a suas próprias experiências. Para o estudo adicional sobre

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este assunto de parábolas veja a seção “Para Estudo Adicional” desta lição.

7-CASOS

Como as parábolas, os casos são histórias que ilustram verdades bíblicas. Porém os casos são histórias verdadeiras que realmente ocorreram. Por exemplo, a história de Lázaro e o homem rico foi um caso real. Lázaro e o homem rico eram pessoas reais.

Você pode usar os casos que Jesus ensinava em suas lições. Veja a seção “Para Estudo Adicional” deste capítulo para exemplos adicionais de casos usados por Jesus. Você também pode usar histórias de casos modernos. Use estudo de casos de líderes espirituais modernos para ilustrar as verdades bíblicas.

8-USO DAS ESCRITURAS

No tempo de ministério de Jesus, somente o Antigo Testamento havia sido escrito. Jesus conhecia as Escrituras do Antigo Testamento e freqüentemente as usava em Seu ensino. Vá para a seção “Para Estudo Adicional” desta lição e reveja algumas das referências do Antigo Testamento usadas por Jesus.

É importante que você use a Palavra de Deus em Seu ensino porque as palavras DELE é que são mui eficazes para alcançar os propósitos espirituais:

“Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei” (Isaías 55.11).

9-CONTRASTES

Jesus usou muitos contrastes ao ensinar. Um contraste pode ser feito quando duas coisas são opostas ou diferentes entre si. Por exemplo, Quando Jesus estava ensinando ele contrastou o bem e o mal, a luz e as trevas, o rico e o pobre.

Os contrastes podem ser usados para ensinar diferenças espirituais. Você pode criar exemplos originais de contrastes ou pode usar aqueles que Jesus compartilhou com Seus estudantes. Estude os contrastes usados por Jesus na seção “Para Estudo Adicional” desta lição.

10-PROBLEMAS

Jesus usou problemas da vida cotidiana para ensinar Suas lições. O verdadeiro raciocínio e aprendizagem freqüentemente começam com um problema. Por exemplo, o escriba tinha um problema ao perguntar quem tinha o direito de

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perdoar os pecados (Marcos 2.7).

“Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos” (Mateus 2.16).

Jesus usou cada um destes problemas a ensinar verdades espirituais importantes. Para outros exemplos do uso de problemas no ensino, veja a seção “Para Estudo Adicional” deste capítulo.

11-OCASIÕES

Jesus usou ocasiões que eram parte das circunstâncias comuns da vida para ensinar lições. Ele usou a ocasião na qual uma mulher estava para tirar água do poço para ensinar numa lição sobre a água viva (João 4). Quando Jesus foi criticado pelos fariseus ao comer na casa de um deles porque se deixou ser ‘ungido’ por uma ‘pecadora’, Ele usou a crítica como uma ocasião para ensinar a parábola dos dois devedores (Lc 7.36-50).

(Pr. Juanribe Palharim) – Ilustrações da Bíblia

12-A IMPORTÂNCIA DAS AJUDAS DIDÁTICAS

As ajudas didáticas são importantes porque ver, ouvir e fazer são as principais maneiras pelas quais nós aprendemos. Estudos especiais foram realizados e revelam que nós lembramos:

... 10% do que nós ouvimos,

... 50% do que nós vemos,

… 70% do que nós fazemos,

… e 90% do que nós vemos, ouvimos, falamos e fazemos.

Assim, é importante que os mestres combinem áudio, visual e atividades práticas como ajuda didática.

13-OS TIPOS DE AJUDAS DIDÁTICAS

Objetos comuns, quadros slides, filmes, fitas de áudio e videocassetes, materiais de pesquisa Bíblica, ( dicionários, concordâncias, Bíblias de Estudo, Atlas, livros), retroprojetor, projetos, mapas, visitas a lugares que tem algo relacionado ao assunto, como museus, gráficos, jogos e palavras cruzadas, fantoches, quadro

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negro, flanelógrafo, fichas, canções, testemunhos, memorização, testes, contar histórias e interrogar sobre elas, etc.

A Bíblia revela a meta final, o objetivo final para todo ensino bíblico: “O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Colossenses 1.28). O objetivo final de ensinar e pregar é preparar os estudantes para apresentá-los perfeitos diante de Deus em Cristo Jesus.

14-EXEMPLO DE APLICAÇÃO DE MÉTODOS DE ENSINO

Aqui está um exemplo de fatores de uma situação de ensino comum que usa João 4:

Os agentes divinos: Jesus falou a mensagem de Deus o Pai, revestido pelo Espírito Santo.

O Mestre: Jesus.

O Estudante: A Mulher Samaritana.

O Idioma: Jesus lhe falou em um idioma que ela poderia entender.

O Ambiente: O ambiente era o poço de Jacó. Jesus usou o ambiente para apresentar a lição.

A Lição: Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorar em espírito e em verdade. Jesus é a fonte de água viva.

Os Objetivos: Levar a mulher a compreender que sua necessidade real não era a água física, porém a água viva.

Os Métodos: Jesus usou um objeto comum [a água] como uma ajuda didática para chamar a atenção dela. Ele usou uma ocasião comum (tirar água do poço) como uma oportunidade para ensinar. Jesus usou os contrastes entre a água natural e a água viva. Ele usou a conversação, questões e fez referência à tradição. Ele usou o Antigo Testamento e a situação presente para ministrar às necessidades da mulher. Ele aplicou a lição à vida da mulher e exigiu uma resposta pessoal.

PARA PREPARAR UMA LIÇÃO OU MENSAGEM OBSERVE:

Prepare-se espiritualmente orando, pedindo sabedoria a Deus (preparo da mente);

Estude a lição

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Analise o público para que use os materiais didáticos de acordo com a idade, sexo (masculino ou feminino), classe social, nível de conhecimento espiritual, etc.

Estabeleça os objetivos, ou seja, o que você quer quer seja alcançado por aquela pessoa

Faça um esboço da lição, veja instrução abaixo:

Aqui está a maneira de escrever um esboço:

O Título: Os títulos ajudam as pessoas a recordar o assunto. Eles também ajudam o mestre a ser específico sobre o propósito da lição. Selecione um título para a lição que reflete a verdade central. Pergunte-se, “Sobre o que eu estou falando nesta lição?” Escreva o título no início de seu esboço.

A Introdução: A introdução é o princípio da lição. É importante que a introdução desperte o interesse do estudante ou ele não continuará escutando. Jesus não usava uma introdução padrão. Ele obteve a atenção de Seus ouvintes através de vários métodos. Às vezes Ele a exigiu especificamente dizendo “Em verdade, em verdade”. Quando Jesus dizia isso era como dizer “Escute cuidadosamente... isso é importante!”

Jesus também ganhou a atenção começando com uma declaração de interesse pela pessoa a quem Ele estava dirigindo-se. Por exemplo, Ele abriu a conversação com a mulher no poço pedindo um pouco de água: “Nisto, veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber” (Jo 4.7). Ela tinha vindo ao poço para tirar água, por isso Ele começou com o ponto de interesse dela. A introdução levou a uma discussão da lição espiritual sobre a água viva.

Se o público estivesse interessado na lei de Moisés, então Jesus usava este assunto para uma introdução. Se eles se preocupassem com o Reino prometido a Israel, Ele abriria com uma declaração sobre este assunto. Quando você começa uma lição com uma declaração que interessa a seus ouvintes, você chama a atenção para que você possa compartilhar o Evangelho.

Jesus também usou objetos comuns, perguntas e respostas, parábolas, casos, as Escrituras, contrastes, e problemas como introduções para obter a atenção das pessoas. Ele usou ocasiões que eram parte das circunstâncias comuns da vida. Ele começou com o que as pessoas conheciam para ensinar o desconhecido e os levou do geral aos ensinamentos específicos.

Uma introdução deve ser:

Breve: se for muito extensa, pode perder o interesse.

Atrativa: deve atrair o interesse do público; enfocando em alguma necessidade ou interesse.

Recorde: deve ser tal que os ouvintes possam recordá-la facilmente.

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Pertinente: a introdução prepara para as verdades que você ensinará; orienta uma introdução que ganhará o interesse de seus estudantes. Em seu esboço escreva um resumo de como você introduzirá a lição.

O Corpo: O “corpo” da lição é o volume principal do ensino. Na lição Jesus ensinou a mulher do poço, o corpo de Sua mensagem enfocou na água viva. Revelou a fonte da água viva, um contraste entre a água viva e a água natural, a resposta necessária para receber a água viva, e os resultados de beber dessa agia viva.

A Fonte: “Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (João 4.10).

O Contraste entre a água viva e a água natural: “Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4.13-14).

A Exigência de uma Resposta - Ela deve beber da fonte espiritual: “... dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva... aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4.10, 14).

Os Resultados: “aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (João 4.14).

A Aplicação: Quando você relaciona as verdades da Palavra de Deus à vida cotidiana, isto se chama “aplicação”. Você “aplica” o que você ensina às situações reais da vida. Depois que uma verdade bíblica foi ensinada, ela deve ser aplicada à vida e ministério do ouvinte. Ele deve responder esta pergunta: “Como esta verdade me afeta?”

No exemplo de Jesus e a mulher do poço, Ele a ensinou sobre a água viva e então aplicou a lição. Ele lhe disse que esta água viva poderia estar nela e poderia mudar a vida dela. Ele mostrou como ela poderia adorar ao Deus real em espírito e verdade. A aplicação usa qualquer dos métodos de ensino que você aprendeu nos Capítulos Cinco e Seis. Perguntas e respostas é uma maneira excelente de aplicas as verdades que você tem ensinado. Permita que os estudantes também façam as aplicações.

As aplicações devem ser tiradas das experiências reais da vida para ilustrar a lição. Você pode encontrar tais ilustrações na Bíblia, na história, nas biografias de grandes homens, parábolas, hinos, livros, e através da observação e experiência pessoal. As pessoas aprendem melhor no contexto da prática. Os estudantes devem fazer se eles desejam aprender. Separe os métodos que você utilizará para transmitir o que deseja, por exemplo, usando parábolas, figuras, etc.

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CAPÍTULO IV - PREGAR E ENSINAR: COMO DIFEREM

Pregar e ensinar normalmente difere das seguintes maneiras:

1-MÉTODOS:

Os métodos que requerem a participação do público normalmente não são usados na pregação. Por exemplo, normalmente não há nenhuma discussão ou um período de perguntas e respostas quando você prega. A razão é que pregação normalmente envolve um público maior. Devido a isso, o método de apresentação é mais formal.

2-O ESTILO DE ENTREGA DA MENSAGEM:

No ensino, as pessoas freqüentemente são divididas por faixa etária. A classe é composta totalmente de adultos, pessoas jovens ou crianças.

Normalmente a pregação envolve um grupo de pessoas de várias idades. O público não é dividido por faixa etária como freqüentemente eles são na Escola Dominical da igreja.

Por essa razão, você deve ajustar seu estilo de pregação a um nível comum. Não faça o sermão tão difícil que as crianças e adolescentes não podem entender. Ao mesmo tempo, não o faça tão simples que os adultos não tenham interesse.

3-O CURRÍCULO:

As Escolas Dominicais e as escolas da igreja freqüentemente têm um currículo que lhe dá o assunto e uma discussão da lição que você ensinará. Isto normalmente não é verdade quanto à pregação. Com a direção do Senhor, você deve determinar o tipo e conteúdo de sua mensagem.

4-PREPARANDO UM SERMÃO

Os passos básicos para preparar um sermão são semelhantes àqueles que você aprendeu para planejar uma lição. Você deve:

Preparar-se espiritualmente.

Analisar o público.

Estabelecer objetivos.

A estrutura básica de um sermão segue a mesma usada no ensino de uma lição. Seu sermão deve incluir:

Título

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Introdução

Corpo

Aplicação

Conclusão

5-OS TIPOS DE SERMÕES

Do estudo de sermões bíblicos e de grandes pregadores ao longo da história da Igreja têm-se identificado três tipos básicos de sermões:

1) TIPO UM - OS SERMÕES TÓPICOS:

Os sermões tópicos enfocam nos temas específicos como o fruto espiritual, a guerra espiritual, os dons espirituais, etc. Como Planejar Um Sermão Tópico:

1) Determine o tem geral do sermão. Por exemplo, “oração” pode ser o tema que você seleciona.

2) Determine o tema específico: Em qual tema específico sobre a oração você pregará?

Aqui estão algumas possibilidades:

A necessidade de oração.

Oração de intercessão.

O valor da oração.

A oração familiar.

Tempos para a oração.

Os obstáculos à oração.

O Poder da oração.

A Prática da oração.

Os resultados da oração.

As orações da Bíblia.

Os métodos de oração.

Os lugares para orar.

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As atitudes na oração.

As condições da oração.

A adoração através da oração.

Os problemas da oração.

A postura na oração.

Orando no Espírito.

O privilégio de orar.

A perseverança na oração.

Fé e oração.

A superioridade da oração.

O alcance da oração.

As respostas da oração.

Você deve determinar um tema específico para seu sermão. Você não pode cobrir cada aspecto de um tema porque, como você vê neste exemplo, há muitos temas para cada um dos muitos temas bíblicos. O tema que você seleciona se tornará o título de seu sermão. Por exemplo, você pode escolher falar sobre “Os Obstáculos à oração”.

3) Pesquise tudo o que a Bíblia tem a dizer sobre o tema que você escolheu. Se você tem acesso aos materiais de pesquisa da Bíblia como concordâncias, comentários, e livros de estudo de palavras, também use estes em seu estudo.

4) Desenvolva o esboço seguindo a estrutura simples de quatro partes que você aprendeu no Capítulo Dez sobre o planejamento da lição:

Introdução

Corpo

Aplicação

Conclusão

Um Exemplo de um Sermão Tópico:

Usando o tema do exemplo “Os Obstáculos à Oração”, seu esboço poderia parecer com o que segue:

Título: OS OBSTÁCULOS À ORAÇÃO

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Introdução: Focalize em um problema que a maioria das pessoas têm: orações não respondidas e o por que estas orações não são respondidas. Isto ganhará a atenção, porque a maioria tem experimentado este problema.

Corpo: Discuta os obstáculos à oração identificados na Palavra de Deus:

Motivos e pedidos maus: Tiago 4.2-3

O pecado de qualquer tipo: Isaías 59:1-2

Ídolos no coração: Ezequiel 14.1-3

Um espírito rancoroso: Marcos 11.25

O egoísmo: Provérbios 21.13

Tratar mal o cônjuge: 1 Pedro 3.7

Justiça própria: Lucas 18.10-14

Incredulidade: Tiago 1.6-7

Não permanecer em Cristo e em Sua Palavra: João 15.7

Aplicação: I. Explique como a oração sem resposta impede:

A. A vida familiar.

B. Nosso desenvolvimento espiritual pessoal.

C. Nosso ministério.

II. Peça ao público que aplique estas verdades individualmente:

A. Que obstáculos estão bloqueando as minhas orações?

Conclusão: I. Resuma os obstáculos à oração que foram discutidos.

II. Chame à confissão e ao arrependimento destas coisas que têm impedido a oração.

2) TIPO DOIS - OS SERMÕES TEXTUAIS:

Na pregação textual, uma passagem bíblica chave forma a verdade ou texto central da pregação. O resto da mensagem é construído sobre esta única verdade central.

Como Planejar um Sermão Textual:

Selecione o texto,

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Desenvolva um título do sermão a partir do texto.

Estude o texto em detalhe. Então estude outras passagens bíblicas que se relacionam ao texto que você selecionou. Se você tem acesso aos materiais de pesquisa da Bíblia como concordâncias, comentários, e livros de estudo de palavras, use estes para uma pesquisa mais ampla do texto.

Desenvolva o esboço seguindo a estrutura simples de quatro partes que você aprendeu no Capítulo Dez sobre o planejamento da lição:

Introdução

Corpo

Aplicação

Conclusão

Um Exemplo de um Sermão Textual:

O sermão de Pedro em Atos 2.14-36 é um bom exemplo disto. Se Pedro tivesse um título para o sermão ele poderia ter sido...

O QUE OCORRE

Introdução: Pedro abriu a mensagem com uma referência a um texto da Escritura:

“Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão” (Atos 2.16-18).

Esta introdução ganhou a atenção do público porque eles estavam olhando o cumprimento exato da passagem diante de seus olhos!

Corpo: o corpo do sermão de Pedro enfocou no texto.

I. Ele apresentou o pano de fundo histórico da passagem que estava cumprindo-se.

II. Ele mostrou como ele estava relacionado à história de Israel e a Jesus Cristo.

Aplicação: Ele fez a aplicação pessoal...

“Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar” (Atos 2.39).

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Conclusão: Ele exigiu uma resposta...

“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38).

E o público respondeu...

“Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (Atos 2.41).

3) TIPO TRÊS - OS SERMÕES EXPOSITIVOS:

“Expositivo” é o título dado a um método de pregar que enfoca em uma passagem bíblica e a explica, versículo por versículo, em detalhe. Essa palavra, “expositivo”, significa “demonstrar e examinar as partes de um todo”. O sermão expositivo é um tipo de pregação mais detalhada que o tópico ou textual. Pode enfocar em um assunto específico ou passagem da Escritura, explicando-o em detalhe. Versículo por versículo, palavra por palavra. Também pode enfocar em um livro da Bíblia e, inclusive, discutir profundamente o significado de palavras importantes. As pregações expositivas podem enfocar em uma biografia, estudando versículo por versículo tudo o que se registra com respeito a um personagem bíblico selecionado.

Porque a pregação expositiva é tão detalhada assim, ela produz freqüentemente uma série de mensagens. Não é possível discutir tudo em detalhe sobre uma passagem da Bíblia, livro ou personagem em um só sermão. Cada sermão na série deve relacionar-se aos outros. Quando você começa cada sermão, você deve mostrar como ele relaciona-se àqueles que o tem precedido. Você pode fazer isso resumindo brevemente as mensagens anteriores e explicando como elas estão relacionadas ao que você está apresentando no momento.

Ainda que cada sermão em uma série deva relacionar-se aos outros, cada sermão também deve ser completo em si mesmo. Pode ser que o público todo não possa estar presente em cada sermão na série. Eles devem poder entender cada sermão sem ter ouvido os outros.

Como Planejar Um Sermão Expositivo:

1. Selecione o texto, assunto, personagem da Bíblia, o livro no qual você planeja enfocar sua mensagem ou série de mensagens.

2. Estude em detalhe tudo o que a Bíblia ensina sobre o texto, assunto, personagem da Bíblia ou livro. Se você tem acesso aos materiais de pesquisa bíblica como concordâncias, comentários e livros de estudo de palavras, use estes para pesquisa adicional.

3. Determine se seu assunto pode ser tratado em um só sermão expositivo ou se exigirá uma série de sermões.

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4. Desenvolva um título e um texto para mensagem na série.

5. Desenvolva um esboço para cada mensagem na série. Siga a estrutura simples de quatro partes para cada mensagem:

Introdução

Corpo

Aplicação

Conclusão

Um Exemplo de Um Sermão Expositivo:

Aqui está um exemplo de um esboço para um sermão expositivo:

Título: AS CARACTERÍSTICAS DOS FALSOS MESTRES

Texto: Judas Capítulo 1

Introdução: Judas 1.3-4

Corpo:

I. Seu Pano de Fundo:

A. Desde a antiguidade haviam sido destinados para essa condenação (versículo 4).

II. Seu Caminho:

A. Entram sorrateiramente (versículo 4).

B. Andam segundo seus próprios desejos maus (versículos 16).

C. Andam segundo suas próprias paixões (versículo 18).

III. Sua Fala:

A. Maldizem as potestades superiores (versículos 8-10).

B. Maldizem o que não conhecem (versículos 8-10).

C. Se queixam de tudo (versículo 16).

D. Sua boca fala arrogâncias (versículo 16).

E. Adulam as pessoas para tirar proveito (versículo 16).

F. São murmuradores (versículo 18).

IV. Sua Doutrina:

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A. Convertem a graça de nosso Deus em libertinagem (v. 4)

B. Negam ao único soberano e Senhor nosso, Jesus Cristo (versículo 4).

C. Não têm o Espírito (v. 19).

V. Sal Conduta:

A. Ímpios (v. 4)

B. Sonhadores (versículo 8).

C. Mancham a carne (v. 8).

D. Rejeitam toda autoridade (vs. 9-10).

E. No que por instituo compreendem, se corrompem (vs. 8-10)

F. Adulam as pessoas para tirar proveito (v. 16)

G. Causam divisões (v. 19)

H. São sensuais (v. 19).

Aplicação: O que você deve fazer em resposta a esses tipos: Judas 1.20-23.

Conclusão: O resumo, o apelo e a resposta.

6-DIRETRIZES GERAIS

Aqui estão algumas diretrizes gerais que lhe ajudarão a planejar qualquer tipo de sermão.

1) SELECIONANDO UM TEXTO:

A palavra “texto” veio de uma palavra grega que significa “tecido ou fiado”. O texto deve ser aquele do qual a mensagem é tecida ou do qual ela é “fiada”. Ele dever ser a base do sermão.

Usar um texto da Palavra de Deus como a base de um sermão dá autoridade ao pregador em sua mensagem. Ele está dizendo “Assim diz o Senhor” porque ele está falando a Palavra de Deus. Ele pode fazer isso com intrepidez e autoridade. O texto mantém uma mensagem bíblica e ganha a confiança do público assegurando que o pregador está proclamando a Palavra de Deus e não suas próprias opiniões.

Aqui estão algumas diretrizes para selecionar um texto da Palavra de Deus:

1. Ore pela direção do Senhor.

2. Estude a Palavra de Deus regularmente. Os textos e assuntos para ministrar serão o resultado de seu estudo. Mantenha um caderno de anotações para

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escrever os textos e as idéias de assuntos enquanto você acha-os em seu estudo pessoal. Use estes mais tarde para planejar os sermões.

3. Considere as necessidades espirituais do público a quem você planeja ministrar. Por exemplo, um público de líderes ou ministros normalmente não necessita de um texto e de um sermão sobre a salvação. (Relembre o que você aprendeu sobre a análise do público no Capítulo Oito).

4. Antes que você pregue em um texto, assegure-se de que você o entende para que você não crie confusão nas mentes de seus ouvintes.

5. Considere a revelação inteira da verdade de Deus. Não pregue só em seus textos favoritos ou os temas que as pessoas gostam de ouvir. “TODA” a Escritura é inspirada por Deus e útil.

2) INTERPRETANDO O TEXTO:

Depois que você tem selecionado um texto, estude tudo o que a Bíblia ensina sobre ele. Se você tem comentários da Bíblia, leia o que outros têm dito sobre o texto. Estes métodos de estudo lhe ajudarão a entender ou “interpretar” o texto devidamente.

Aqui estão algumas regras básicas para interpretar a Palavra de Deus que devem ser usadas enquanto você estuda o texto:

A Regra da Autoridade Divina: A Bíblia é a autoridade final. Cada porção da Escritura é inspirada por Deus.

A Regra da Interpretação Literal: A Bíblia diz exatamente o que diz e deve interpretar-se naturalmente a menos que o contexto indique o contrário. Às vezes há símbolos e parábolas usadas na Bíblia para ilustrar as verdades, porém estes são claramente indicados no contexto das Escrituras.

A Regra da Consideração Contextual: Cada versículo deve ser estudado dentro de seu contexto. Estude o que precede e segue ao texto. Muitas doutrinas falsas têm sido criadas por tirar os versículos de seus contextos. Ao estudar uma passagem em seu contexto pergunte:

Quem está falando ou está escrevendo?

O Que está dizendo?

Quem está dizendo?

Por que é dito?

Quando foi dito?

A Regra da Primeira Menção: A primeira vez que uma palavra, frase, assunto, ou evento é mencionado na Bíblia, freqüentemente há uma chave a seu

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significado em qualquer outra parte da Bíblia.

Em Gênesis 3 há a primeira menção, por exemplo, de “folhas de figueira”. Aqui Adão usou as folhas de figueira para tentar cobrir seu pecado e nudez através do seu próprio esforço. As folhas de figueira falam de justiça própria ou rejeição de Deus, e um esforço por justificar a si mesmo perante Deus.

É por isso que Jesus amaldiçoou a figueira com folhas, mas nenhum fruto em Mateus 21 e Marcos 11 e 13. Para entender este ato, nós invocamos a leia da primeira menção e voltamos a Gênesis 3. As folhas de figueira representaram a justiça própria da nação de Israel que havia rejeitado a Jesus e não havia dados os verdadeiros frutos do arrependimento.

A Regra da Repetição: Quando algo se repete na Escritura isto é com o propósito de ênfase. Significa que esta verdade de tal importância especial que necessita ser repetida.

A Regra da Revelação Cumulativa: A plena verdade da Palavra de Deus sobre qualquer assunto não deve ser reconhecida a partir de uma passagem isolada. A revelação cumulativa (total) de toda a Bíblia diz respeito a uma verdade que deve ser considerada. Isto significa que você deve acumular tudo o que a Bíblia ensina sobre um certo assunto. É por isso que a regra é chamada de a regra da revelação “cumulativa”. Você não pode basear uma doutrina em uns versículos isolados sobre um assunto.

3) JUNTANDO O MATERIAL DO SERMÃO:

Uma vez que você tem selecionado um texto, você deve ajuntar o material para o sermão. Fazer estas perguntas lhe ajudará a ajuntar o material:

1. O que a Bíblia ensina sobre este assunto? O Objetivo mais importante é comunicar o que Deus tem revelado em Sua Palavra acerca do assunto. Isto deve compor a maior parte de sua mensagem.

2. O que eu tenho observado na vida e ministério que envolve este assunto? Quais exemplos na vida e ministério estão relacionados ao assunto? Como você tem visto as verdades da Palavra demonstradas na vida real? Você pode usar estes exemplos para ilustração e aplicação na mensagem.

3. O que eu tenho lido acerca deste assunto? Se você tem acesso aos materiais de referência bíblica, leitura e pesquisa de trabalho de estudiosos da Bíblia, estes lhe ajudarão a ajuntar o material para o sermão.

4. Quem eu sei que tem conhecimento sobre este assunto? Há alguém que teve esta experiência que está relacionada a este texto? Há alguém que você sabe que tem estudado extensivamente sobre o assunto? Consulte-os como parte de sua preparação para pregar sobre este assunto.

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O OBJETIVO FINAL

Este capítulo conclui este curso sobre “Métodos de Estudo da Bíblia”. Porém, na realidade, você está só começando, porque você deve seguir pregando e ensinando até que o objetivo final seja alcançado:

“O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem

e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a

fim de que apresentemos todo homem perfeito em

Cristo” (Colossenses 1.28).

“E não ensinará jamais cada um ao seu próximo,

nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao

Senhor; porque todos me conhecerão, desde o

menor deles até ao maior” (Hebreus 8.11).

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BIBLIOGRAFIA

BÍBLIA SAGRADA, Ed. Revista e Corrigida. Editora VIDA, S. Paulo, 1982.

CGADB. Diretrizes e Bases da Educação Religiosa nas Assembléias de Deus no

Brasil. CPAD, Rio, 1988.

EETAD, A Educação Cristã. Campinas, SP.

GANGEL, Keneth & HENDRICKS, Howard G. Manual do Ensino, CPAD, Rio, 1999.

GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. CPAD, Rio, 17a. Ed, 1997.

GREGORY, John Milton. As sete leis do ensino. JUERP, Rio , 1977.

GRIGGS, Donald L. Ensinando professores a ensinar. Ed. Presbiteriana, S. Paulo,

1987.

VILARINHO, Lúcia Regina Goulart. Didática. LTC, S. Paulo, 1979.

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ANEXO 1 – MATERIAL ADICIONAL

A FORMAÇÃO INTEGRAL DO PROFESSOR DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

Pr. Elinaldo Renovato de Lima

INTRODUÇÃO A Bíblia é a Palavra de Deus enviada aos homens. Nela, encontramos a

Didática divina, desde o Velho Testamento até o Novo Testamento. Com Jesus Cristo, encontramos a perfeição do ensino, em seus discursos, nas parábolas, nas interrogações, nos diálogos e na prática de sua doutrina.

O professor da EBD, além de ser uma pessoa dedicada ao ensino, precisa ter uma formação mais ampla, para que possa atender às demandas, na igreja local, por parte de um alunado cada vez mais exigente, em termos de conhecimento e cultura, sem perder a visão de que é um servo de Deus, que necessita dramaticamente da graça de Deus e da unção do Espírito Santo, para cumprir bem sua tarefa, no novo milênio. Neste trabalho, esperamos contribuir para o entendimento desse tão importante tema para o papel do professor da EBD.

I - O PREPARO BÍBLICO-ESPIRITUAL (1 Tm 2.15) 1. APRESENTADO-SE A DEUS . “Procura apresentar-te a Deus...” (v.2). Tudo o

que fazemos deve ser como para Deus e não aos homens (Cl 3.23). 2. “COMO OBREIRO APROVADO, QUE NÃO TEM DE QUE SE

ENVERGONHAR” O professor da EBD é um obreiro a serviço do ensino na Casa do Senhor. Precisa ser aprovado:

1) No testemunho pessoal (1 Tm 4.16; 2 Tm 4.5) 2) Na vida familiar (Sl 128.1) 3) Na vida social (Mt 5.16) 4) Na igreja (Ec 5.1,2)

Tiago adverte que muitos não queiram ser mestres (professores), visto que

“receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1). 3. “QUE MANEJA BEM A PALAVRA DA VERDADE”.

Este é um ponto fundamental. Um obreiro que evangeliza, como Timóteo, precisa saber manejar a Palavra. Um obreiro que ensina precisa mais ainda desse manejo. Quem ensina é professor, é mestre. “Deus deu uns para apóstolos....e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11). Para ter esse manejo, é preciso que o professor tenha certos cuidados:

1) Seja um leitor persistente e estudioso da Bíblia (1 Tm 4.13) 2) Seja dedicado ao ensino (Rm 12.7b). 3) Seja um leitor de bons livros de estudo bíblico (2 Tm 4.13).

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4) Procure conhecer versões variadas da Bíblia, principalmente as de estudo bíblico (Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD); Thompson (Ed. VIDA).

5) Utilize dicionários, concordâncias e enciclopédias bíblicas. 6) Seja um leitor de revistas, jornais, e periódicos (evangélicos e seculares).

II - O PREPARO TEOLÓGICO.

Embora não seja indispensável, seria interessante que o professor da EBD, tendo condições, fizesse um Curso Teológico. Nele, não se faz um excelente professor da EBD pois este é feito por Deus. Contudo, o curso dá uma visão ampla do estudo sistemático da Palavra de Deus, a partir da Teologia Sistemática e suas divisões; da Hermenêutica, da Homilética, da História da Igreja, da Geografia Bíblica, Ética Pastoral, Didática, Psicologia, etc...

A Bíblia diz: “Examinai tudo. Retende o bem...” (1 Ts 5. 21). Os que criticam o estudo da Teologia, hoje, certamente o fazem, motivados por um falso complexo de superioridade, ou por ignorância quanto à sua utilidade para o ministério do ensino na casa do Senhor.

III - O PREPARO DIDÁTICO DO PROFESSOR DA EBD 1. CONCEITOS 1.1. DIDÁTICA. "A técnica de dirigir e orientar a aprendizagem; técnica de

ensino"; "O estudo desta técnica". (Dic. Aurélio). "É a ciência, a arte e a técnica de ensinar". Como ciência, baseia-se em princípios científicos, chamados de "leis do ensino"; como arte, envolve a prática e a habilidade em comunicar conhecimentos; como técnica, utiliza métodos e recursos que facilitam o processo ensino-aprendizagem.

1.2. ENSINAR. Segundo GRIGGS (P. 16), "Ensinar não é somente uma ciência,

mas, também, uma arte. O professor é mais um artista do que um cientista". 1.3. EDUCAÇÃO. "Podemos dizer que a educação é um processo contínuo de

desenvolvimento e aperfeiçoamento da vida".(EETAD, p. ); GREGORY (p. 11,12) vê dois conceitos de educação: "Primeiro, o desenvolvimento das capacidades; segundo, a aquisição de experiência". "É a arte de exercitar e a arte de ensinar". Com isso, o resultado esperado é "uma personalidade bem desenvolvida física, intelectual e moralmente, com recursos tais que tornem a vida útil e feliz, e habilitem o indivíduo a continuar aprendendo através de todas as atividades da vida".

1.4. EDUCAÇÃO CRISTÃ. É o processo de ensino-aprendizagem proporcionado

por Deus, através de sua Palavra, pelo Poder do Espírito Santo, transmitindo valores e princípios divinos. É diferente da educação secular, que só transmite instruções e conhecimentos, deixando de lado os valores éticos, morais e espirituais. Por isso, a base da Educação Cristã é a Bíblia Sagrada. O professor da EBD tem grande responsabilidade, na sua tarefa, de contribuir para a educação de tantas vidas que se colocam, na classe, para ouvi-lo.

1.5. EDUCAÇÃO RELIGIOSA. "...é um programa de ensino bíblico, cuja

finalidade visa à integração da pessoa na igreja, seu desenvolvimento espiritual e

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maturidade cristã" (Diretrizes da Ed. Religiosa nas Assembléias . de Deus, p. 1). A educação religiosa é desenvolvida:

1) NA IGREJA (No ministério pastoral) 2) NA ESCOLA DOMINICAL 3) NO LAR (Culto Doméstico, atitudes, exemplo dos pais, etc.) 1.6. PEDAGOGIA. "Teoria e ciência da educação e do ensino; conjunto de

doutrinas, princípios e métodos de educação e instrução que tendem a um objetivo prático" (Dic.). "...é a arte e ciência de ensinar e educar " (GILBERTO, p. 152). Enquanto a Didática (prática) se volta para o ensino propriamente dito, a pedagogia volta-se para a Educação (Ciência, doutrina).

Pode-se dizer que o ESTUDO DA DIDÁTICA envolve todo o processo do

ensino-aprendizagem. Nele, estudam-se o Planejamento do Ensino, a definição de objetivos, métodos e técnicas, meios auxiliares de ensino, avaliação, etc...

1. O PAPEL DO PROFESSOR NAS IGREJAS

Sendo a Didática a arte e a técnica de transmitir o ensino ou os

conhecimentos, o professor tem papel fundamental, no sentido de "estimular, dirigir e auxiliar a aprendizagem..."(CGADB, P. 11). O Professor cristão deve ser um instrumento nas mãos do Espírito Santo, para transmitir a Palavra de Deus. Jesus disse: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 19.28).

Segundo GRIGGS (p. 18-20), o professor cristão deve ser amigo, procurando

relacionar-se bem com os alunos; deve ser intérprete, traduzindo para os alunos aquilo que lhes é ensinado; planejador, procurando adaptar as lições, os currículos às necessidades dos alunos; aprendiz, estando disposto a colocar-se no lugar dos que querem sempre aprender mais para ensinar melhor.

Além disso, o professor cristão deve ser um EXEMPLO para seus alunos.

"Assim falai, assim procedei..." (Tg 2.12). Na escola secular, o professor pode ser um mero transmissor de conhecimentos. Na Igreja, é diferente. O professor tem que ser didático e exemplar.

3. ATITUDES DO PROFESSOR DA EBD

O professor, na igreja, precisa ser "...APTO PARA ENSINAR" (2 Tm 2.24), precisa ser uma pessoa DEDICADA AO ENSINO (Rm 12.7) e, como OBREIRO, precisa apresentar-se "...a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da verdade" (2 Tm 2.15).

1) Orientador das mentes e vidas dos alunos; 2) Entusiasmado, sincero, humano e otimista; 3) Atualizado, não só em termos do que ensina, mas de outras áreas; 4) Não fugir do assunto da lição, contando "testemunhos" e estórias para passar

o tempo; 5) Enriquecer a lição com fatos novos;

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6) Não ler simplesmente a lição diante da classe; seguir o roteiro, comentando e dando oportunidade aos alunos para se expressarem;

7) Não confiar no improviso; deve ler e PREPARAR a lição com antecedência, conferindo com a Bíblia.

8) Pontual e assíduo, para não decepcionar os alunos; 9) Ao final de cada aula, sempre fazer a avaliação (perguntas, testes, etc..) 4. COMO O PROFESSOR DEVE VER O ALUNO Nas igrejas, é comum o ensino tradicional em que o ALUNO NÃO É O

CENTRO do ensino. É por isso que muitos alunos iniciam o ano na Escola Dominical, mas, 3 meses depois, não vão mais à EBD.

É importante que o professor entenda que é um instrumento de Deus a

serviço da formação espiritual dos alunos. Estes devem ser o alvo do ensino, e não o professor.

IV - O EXEMPLO DE JESUS COMO PROFESSOR

O Mestre Divino deixou-nos os seguintes exemplos (Manual da EBD, p 165-6):

Conhecia a matéria que ensinava (Lc 24.27); Conhecia seus alunos (Mt 13; Lc 15.8-10; Jo 21); Reconhecia o que havia de bom em seus alunos (Jo 1.47); Ensinava verdades bíblicas de modo simples e claro (Lc 5.17-26; Jo 14.6); Variava o método de ensino conforme a ocasião e o tipo de ouvintes, como se

pode ver a seguir:

1) Lições práticas (Jo 4.1-42) - falou da água para atrair a mulher samaritana; 2) Pontos de contato (Jo 1.35-51): o relacionamento entre André, João,

Pedro, Filipe e Natanael; 3) Solução de problemas (Mt 22.15-21). Pediu uma moeda e questionou os

deveres para com Deus e as autoridades. 4) Técnica de perguntas. Jesus fez mais de cem perguntas para levar as

pessoas a entender sua mensagem. 5) Parábolas. O Mestre utilizou grandemente o recurso das parábolas para

evidenciar as verdades eternas. 6) Oportunidades (Mt 26.17-30; Jo 13.1-20). Ele aproveitou a ocasião da

Páscoa, e lavou os pés dos discípulos para ensinar sobre sua morte e sobre a humildade do servo.

7) Trabalho em grupo (Mt 5 a 7; Jo 14 a 17). Tanto pregava a grandes grupos (as multidões) como a pequenos grupos (os discípulos); na casa de Lázaro, Marta e Maria, etc.

Ele levava o discípulo a aprender a resolver problemas. Na multiplicação dos

pães, Ele disse: "Dai-lhes vós de comer..." (Lc 9.13a). Ele não trabalhava só. Valorizava o GRUPO. Formou um grupo de 12 discípulos para fazer o trabalho com Ele. Incentivava os discípulos a praticar o aprendizado. Enviou 12, de dois em dois; depois, enviou 70, de dois em dois.

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V - OS OBJETIVOS DO ENSINO NA IGREJA De acordo com GILBERTO (P. 153-4), os objetivos do ensino bíblico são:

1) O aluno e suas relações com Deus (Is 64.8); 2) O aluno e suas relações com o Salvador Jesus (Jo 14.6); 3) O aluno e suas relações com o Espírito Santo (Ef 5.18); 4) O aluno e suas relações com a Bíblia (Sl 119.105); 5) O aluno e suas relações com a Igreja (At 2.44; Ef 4.16); 6) O aluno e suas relações consigo mesmo (Fp 1.21; 3.13,14); 7) O aluno e suas relações com os demais alunos e com as demais pessoas

(Mc 12.31). VI - A DIDÁTICA, OS MÉTODOS E AS TÉCNICAS DE ENSINO NA IGREJA 1. MÉTODOS DE ENSINO

A palavra método vem do grego, méthodos, com o significado de "caminho para chegar a um fim"; ... "processo ou técnica de ensino" ; "modo de proceder; maneira de agir" . (Dic. Aurélio) . Na prática, os métodos envolvem as técnicas, como forma de operacionalizá-los.

Nas igrejas, de modo geral, os métodos de ensino da Palavra de Deus

continuam sendo os mais tradicionais, predominando do MÉTODO EXPOSITIVO. Este, com a unção de Deus, tem efeitos extraordinários no aprendizado. Contudo, outros métodos e técnicas podem ser utilizados nas igrejas, desde que haja condições para isso (pessoal qualificado, recursos materiais, espaço , etc..).

De acordo com a Didática, podemos resumir os métodos de ensino em três

tipos:

1.1. Métodos de ensino individualizado:

"A ênfase está na necessidade de se atender às diferenças individuais, como por exemplo ritmo de trabalho, interesses, necessidades, aptidões, etc.". Predominam as atividades individuais (de estudo e pesquisa).

Como exemplo, temos as seguintes técnicas:

- Instrução programada (precisa de objetivos definidos, apresentação em pequenas etapas e em seqüência lógica, participação ativa do aluno, o aluno estuda em seu próprio ritmo; bom para um curso bíblico básico.

- O estudo dirigido: leva o aluno a aprender a estudar, Ter bons hábitos de estudo, explora o pensamento reflexivo; bom método para estudo da lição da EBD, quando o professor pode trabalhar com a turma, passando exercícios para o Domingo seguinte.

- O ensino por fichas: exige muito trabalho, pois há pelo menos 5 (cinco) tipos de fichas (Ficha de informação, ficha de exercício, ficha de controle, ficha de recuperação e ficha de desenvolvimento) . Na EBD pode ser simplificado, com a

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distribuição de fichas, com tópicos da lição, numa classe pequena: ficha de informação, com o assunto a ser estudado, ficha de exercício e ficha de avaliação (exige mais trabalho do professor), ou uma ficha única, com informação, exercício e avaliação ;

- O ensino por módulos: nesse método são definidos três elementos; 1) Objetivos educacionais; 2) ensino individualizado e 3) avaliação baseada nos objetivos definidos.

1.2. Métodos de ensino socializado.

Fundamentam-se na chamada "Dinâmica de Grupos". Visa fortalecer a personalidade do aluno, no trabalho em grupo, dando-lhe capacidade para se integrar na comunidade, na vida coletiva. Os grupos não devem ser muito grandes. (4 a 7 alunos). Os alunos recebem uma tarefa de estudo, e o professor exerce o papel de orientador e supervisor.

- Técnicas de trabalho em grupo:

Algumas técnicas grupais podem ser bem aproveitadas nas classes da EBD:

1) Discussão em pequenos grupos: troca de idéias e opiniões sobre um tema em função da doutrina bíblica: ex. o pecado é o mesmo em todos os países? ; o aborto é justificável em algum caso? (de estupro, por exemplo?).

2) Discussão dirigida: um problema pode ser apresentado pelo professor e todos os alunos o discutem, sob sua orientação. Ex. Qual o papel das obras para em relação à salvação? Os usos e costumes devem ser preservados? A participação do crente na política, etc.

3) Dramatização. Tem grande efeito na EBD. Uma classe pode preparar uma dramatização sobre o assunto da lição. Por ex. O clamor dos povos não-alcançados (missões); o valor do perdão; o bom Samaritano, etc.

4) Seminário. Uma vez a cada período, para jovens e adultos, ao invés de haver classes separadas, pode haver um seminário para o grupo maior, permitindo-se exposição, seguida de perguntas e respostas sobre o assunto da lição;

5) Painel de debates. Um assunto polêmico pode ser apresentado por pessoas que conheçam bem o tema, e , depois, os alunos podem emitir suas opiniões, sob a coordenação do superintendente da EBD ou de outra pessoa apta para o uso dessa técnica.

Nas igrejas, é comum o ensino tradicional, embora já existam iniciativas e

práticas do ensino moderno. Interessante é notar que JESUS usava métodos e técnicas avançados de ensino. Ele levava o discípulo a aprender a resolver problemas. Na multiplicação dos pães, Ele disse: "Dai-lhes vós de comer..." ( Mt 14.16b). Ele não trabalhava só. Valorizava o GRUPO. Formou um grupo de 12 discípulos para fazer o trabalho com Ele. Incentivava os discípulos a praticar o aprendizado. Enviou 12, de dois em dois; depois, enviou 70, de dois em dois (Lc 10.1).

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1.3. Métodos de ensino sócio-individualizado

Os estudiosos entenderam que o método individualizado e o socializado, utilizados com freqüência, poderiam levar à monotonia.

Os métodos sócio-individualizados procuram usar com equilíbrio o ensino individualizado e o socializado, visando "balancear a ação grupal e o esforço individual no sentido de promover a adaptação do ensino ao educando e o ajustamento desta ao meio social" (Vilarinho, p. 79).

As técnicas desse método são, basicamente: a) Método de projetos; b)

método de problemas; c) unidades didáticas; d) unidades de experiências e) a pesquisa como atividade discente.

Na EBD, os métodos de problemas e pesquisa como atividade discente são

os mais aplicáveis.

Vale salientar que há diversas técnicas de ensino que podem ser utilizadas, na EBD, sem que sejam necessários gastos excessivos. O mais importante é a "DEDICAÇÃO AO ENSINO" (Rm 12.7b) sob a unção do Espírito Santo. As carências e deficiências podem ser compensada com a graça de Deus.

2. OS MATERIAIS (MEIOS) AUXILIARES DE ENSINO

São recursos utilizados pelo professor, na execução de um método ou técnica de ensino, visando "auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem de modo mais efetivo"... "um instrumento para a consecução dos objetivos traçados" no plano de aula. São os recursos audiovisuais.

Nas igrejas, o ensino é preponderantemente expositivo. O professor fala e os

alunos escutam. Há obreiros que não admitem o uso de audiovisual no templo. De modo geral, pouco uso se faz dos meios ou materiais auxiliares do ensino. Com isso, a qualidade do ensino tende a ficar aquém do desejável, pois a mensagem é transmitida de modo inadequado. A pregação pode ser somente expositiva e alcançar o objetivo, pela unção do Espírito Santo. O ensino, no entanto, deveria valorizar mais os meios materiais.

Os materiais auxiliares são variados, e podem ser utilizados de acordo com

as condições de cada igreja local. Dentre esses, temos

- régua, lápis, borracha, giz, pincéis, massas, tesouras, cartolina , agulha, tecido;

- cartazes, álbum seriado, slides, filmes, fotografias, fluxogramas;

- livros, revistas, dicionários, textos;

- discos, CD´s, fitas cassete, gravadores, rádio, globos, flanelógrafo, quadro de pregas, transparências, retroprojetores, monitor de vídeo, projetor de multimídia, computador, etc.

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- Os meios auxiliares de ensino podem ajudar na transmissão didática do ensino, com as seguintes vantagens (EETAD, p. 87): - Ajudam a captar a atenção; - Ajudam a manter o interesse; - Ajudam a aclarar as idéias; - Ajudam a reter a aprendizagem.

Um provérbio chinês diz: "O que eu ouço, esqueço; o que eu vejo, lembro; se eu faço, aprendo".

Estudiosos afirmam que a aprendizagem ocorre por meio dos cinco sentidos:

- 1 % pelo paladar; - 1,5% pelo tato - 3,5% pelo cheiro - 11 % pela audição - 83% pela visão

Outros estudos mostram o valor da combinação entre o ouvir e o ver:

Métodos de comunicação Lembrança três horas depois

Lembrança três dias depois

Quando o professor só fala 70% 10%

Quando o professor só mostra 72% 20%

Quando o professor fala e mostra 85% 65%

3. O ASPECTO ESPIRITUAL DA DIDÁTICA CRISTÃ

Jesus disse: "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15.5). Com essa afirmação, o Senhor quer dizer-nos que, sem seu poder, sua direção, sua unção, nada podemos fazer de real, efetivo e eficaz. S. Paulo, um excelente mestre nas Escrituras, tinha a convicção disso, quando afirmou: "Ele é o que opera em vós tanto o querer quanto o efetuar" (Fp 2.13) .

O professor, na igreja, pode ser formado, com curso de graduação, especialização, mestrado e até doutorado em Educação. Entretanto, se não tiver a unção do Espírito Santo, seu ensino não atingirá os objetivos. O Espírito Santo é o Professor invisível da igreja. Jesus disse: "Mas aquele consolador...esse vos ensinará todas as coisas.... (Jo 14.26).

CONCLUSÃO

O professor da EBD é um obreiro a serviço do ensino na igreja local. Diante disso, deve ser pessoa de oração, dedicada ao ensino, sendo exemplo para os alunos. Sua conduta, diante da classe, e na vida pessoal, é fundamental para que os alunos se interessem em ir à igreja, para ouvir a ministração das lições a serem ensinadas. O maior desafio ao professor está contido em Rm 12.7: "...se é ensinar, que haja dedicação ao ensino". Nesses tempos do pós-modernismo, que se prenuncia cheio de desafios culturais, éticos e educacionais, é necessário que o professor da EBD procure, dentro da realidade da igreja local, preparar-se melhor para desincumbir-se da abençoada e difícil tarefa de ensinar a Palavra de Deus a seus alunos.