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Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 1
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
2 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Índice
Perfil do setor das águas em Moçambique ....................... 7
Como Desenvolver e Implementar um Plano de Segurança
da Água .......................................................................... 11
Módulos de Aprendizagem ............................................. 12
Introdução ..................................................................... 13
Objetivo do Manual ........................................................ 13
Aspetos a considerar ao desenvolver e implementar um
PSA ................................................................................ 14
Síntese dos Módulos ....................................................... 18
Módulo 1 ....................................................................... 21
Introdução .................................................................................. 22 Ações-Chave ............................................................................... 23 Desafios Típicos ........................................................................... 25 Resultados .................................................................................. 25 MÓDULO 1. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS .......................................... 26 MÓDULO 1. CASOS DE ESTUDO ..................................................... 35
Módulo 2 ....................................................................... 38
Introdução .................................................................................. 39 Ações-Chave ............................................................................... 39 Desafios Típicos ........................................................................... 41 Resultados .................................................................................. 41 MÓDULO 1. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS .......................................... 42 MÓDULO 2. CASOS DE ESTUDO ..................................................... 49
Módulo 3 ....................................................................... 52
Introdução .................................................................................. 53
Perigos e eventos perigosos .......................................................... 53 Ações-Chave ............................................................................... 54 Desafios Típicos ........................................................................... 56 Resultados .................................................................................. 56 MÓDULO 3. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS .......................................... 57 MÓDULO 3. CASOS DE ESTUDO ..................................................... 73
Módulo 4 ....................................................................... 76
Introdução .................................................................................. 77 Ações-Chave ............................................................................... 77 Desafios Típicos ........................................................................... 80 Resultados .................................................................................. 80 MÓDULO 4. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS .......................................... 81 MÓDULO 4. CASOS DE ESTUDO ..................................................... 96
Módulo 5 ....................................................................... 99
Introdução ................................................................................. 100 Ações-Chave .............................................................................. 100 Desafios Típicos .......................................................................... 101 Resultados ................................................................................. 101 MÓDULO 5. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS ......................................... 102 MÓDULO 5. CASOS DE ESTUDO .................................................... 104
Módulo 6 ..................................................................... 106
Introdução ................................................................................. 107 Ações-Chave .............................................................................. 107 Desafios Típicos .......................................................................... 109 Resultados ................................................................................. 109 MÓDULO 6. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS ......................................... 110 MÓDULO 6. CASOS DE ESTUDO .................................................... 114
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 3
Módulo 7 ..................................................................... 115
Introdução .................................................................................116 Ações-Chave ..............................................................................116 Desafios Típicos ..........................................................................118 Resultados .................................................................................118 MÓDULO 7. EXEMPLOS/FERRAMENTAS ..........................................119 MÓDULO 7. CASOS DE ESTUDO ....................................................123
Módulo 8 ..................................................................... 126
Introdução .................................................................................127 Ações-Chave ..............................................................................127 Desafios Típicos ..........................................................................128 Resultados .................................................................................129 MÓDULO 8. EXEMPLOS/FERRAMENTAS ..........................................130 MÓDULO 8. CASOS DE ESTUDO ....................................................134
Módulo 9 ..................................................................... 136
Introdução .................................................................................137 Ações-Chave ..............................................................................137 Desafios Típicos ..........................................................................138 Resultados .................................................................................138 MÓDULO 9. EXEMPLOS/FERRAMENTAS ..........................................139 MÓDULO 9. CASOS DE ESTUDO ....................................................141
Módulo 10 ................................................................... 143
Introdução ................................................................................. 144 Ações-Chave .............................................................................. 144 Desafios Típicos .......................................................................... 145 Resultados ................................................................................. 145 MÓDULO 10. EXEMPLOS/FERRAMENTAS ........................................ 146 MÓDULO 10. CASOS DE ESTUDO .................................................. 148
Módulo 11 ................................................................... 150
Introdução ................................................................................. 151 Ações-Chave .............................................................................. 151 Desafios Típicos .......................................................................... 152 Resultados ................................................................................. 152 MÓDULO 11. EXEMPLOS/FERRAMENTAS ........................................ 153 MÓDULO 11. CASOS DE ESTUDO .................................................. 155
Agradecimentos ........................................................... 156
Referências e Informações Adicionais .......................... 157
Glossário ...................................................................... 160
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
4 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
O Plano de Segurança da Água,
Sinal de maturidade da gestão dos sistemas de abastecimento de água
Se a cobertura dos serviços de abastecimento de água potável cresceu consideravelmente, esse sucesso tem gerado desafios crescentes
ao nível da gestão de serviços.
O CRA tem estado a insistir, já há algum tempo, que urge investirmos nos instrumentos de gestão o que pode traduzir-se em ganhos
significativos para as entidades gestoras e proprietárias dos sistemas. O PSA é um instrumento fundamental da gestão de riscos a que
estão sujeitos os nossos sistemas e não faz sentido que nos habituemos a improvisar no momento de resposta às crises.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a International Water Association (IWA) têm estado a promover esta metodologia. Está em curso
uma iniciativa da IWA envolvendo 16 países africanos.
A garantia da continuidade de um serviço de água potável seguro para a população é afinal o grande objetivo do PSA que deve ser um
importante instrumento para o gestor, mas que vai obviamente traduzir-se numa importante ferramenta para a regulação do serviço. Este
é um exercício piloto e de demonstração mas pode e deve num curto prazo vir a ser integrado no âmbito das exigências do Quadro
Regulatório dos sistemas regulados pelo CRA.
Esta iniciativa do CRA deve ser agora continuada por iniciativa das entidades reguladas.
Queremos, pois, fazer esta caminhada juntos!
Manuel Carrilho Alvarinho
Presidente do CRA
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 5
O sector de abastecimento de água tem hoje um conjunto de desafios relacionados com a qualidade e quantidade de água
fornecida, e consequentemente com a saúde pública, em que a gestão do risco se tornou numa equação composta por inúmeras
variáveis e com diferentes ponderações em função da situação geográfica, maturidade dos sistemas, formação dos técnicos,
situação política, entre outros.
Em Moçambique, sendo a água potável um bem escasso, importa dispor das ferramentas para assegurar a manutenção da
salubridade da água, com impactos não só ao nível da saúde pública, mas também do ponto de vista de sustentabilidade
técnica e económica do setor.
Os Planos de Segurança da Água (PSA) tornaram-se ferramentas emergentes para a gestão do risco e indispensáveis para as
entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água, com o objetivo de assegurar, de forma consistente e contínua, um
abastecimento seguro da água para consumo humano e de contribuir para ganhos de eficiência no desempenho das entidades
gestoras.
A grande vantagem da abordagem dos PSA é a de ser aplicável a todos os tipos e dimensões de sistemas de abastecimento
de água, independentemente de serem simples ou complexos, urbanos ou rurais.
Os PSA constituem uma análise sistemática dos perigos para a saúde pública existentes num determinado sistema de
abastecimento e os processos de gestão necessários ao seu efetivo controlo, fazendo a mudança de abordagem de um processo
de monitorização de conformidade de “fim-de-linha” para um processo de gestão da segurança.
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6 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
As orientações presentes no manual ajudam e incentivam as entidades gestoras a refletir e decidir a abordagem que melhor
se adequa à implementação do seu PSA de acordo com as suas particularidades. Este conjunto de orientações é aplicável a
qualquer tipo e dimensão de entidade gestora, independentemente da complexidade dos seus sistemas, do nível de experiência
ou dos recursos disponíveis. Tendo sempre em consideração que a sua aplicação e adaptação deverá ter em conta fatores
internos da entidade gestora, culturais, legais, institucionais e socioeconómicos.
O desenvolvimento da abordagem do PSA pode mostrar que determinadas práticas introduzem riscos, ou não os controlam
adequadamente, e, nesse caso, a entidade gestora deve modificá-las. Mas este modo de funcionamento não deve ser alterado
simplesmente para cumprir com uma recomendação de um manual ou para replicar a metodologia aplicada noutra entidade
gestora.
O presente Manual proporcionará às entidades gestoras que queiram implementar PSA uma imagem mais clara da extensão
da sua implementação e dos seus impactos e uma abordagem mais direta e eficaz de gestão dos riscos nos seus sistemas de
abastecimento de água, assegurando sempre a qualidade da água fornecida e a sua continuidade e a segurança da saúde
pública dos seus consumidores.
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Perfil do setor das águas em Moçambique
O abastecimento de água em Moçambique é feito a dois níveis, nomeadamente a nível Central e Local. A Direcção Nacional de
Abastecimento de Água e Saneamento (DNAAS), cuja actuação é feita a todos os níveis, é a instituição responsável pela gestão
estratégica da área de águas em Moçambique, e que inclui o abastecimento de água e saneamento e a gestão dos recursos
hídricos. A nível operacional o abastecimento de água é feito pelo FIPAG, pelas Empresas Privadas, por governos locais e por
fontes dispersas cuja gestão é garantida pelas comunidades.
As principais políticas que orientam a actuação da área de águas compreendem (i) a gestão integrada dos recursos hídricos, (ii) a
satisfação das necessidades básicas da população mais pobre, (iii) a importância do valor económico e social da água, (iv) a
participação dos beneficiários como garante da sustentabilidade e do uso sustentável dos recursos, (v) o aumento do papel do
sector privado, (vi) a capacitação institucional e, (vii) a integração do abastecimento de água, saneamento e promoção da higiene.
Os principais documentos orientadores são: (i) Lei de Águas – Lei n.º 19/91, de 03 de Agosto; (ii) Política de Águas – Resolução
do Conselho de Ministros de 21 de Agosto de 2007; (iii) Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos - Resolução do
Conselho de Ministros de 21 de Agosto de 2007; (iv) Base legal para a implementação do Quadro de Gestão Delegada (QGD) –
estabelecido através do Decreto n.º 72/98, de 23 de Dezembro, e alargado pelo Decreto n.º 18/2009, de 13 de Maio.
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DNAAS - foi criada pela Resolução n.º 19/2015, de 13 de Maio a qual a define como um órgão do Ministério das Obras Públicas,
Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH) responsável por (i) Propor e implementar políticas e estratégias para a expansão e
melhoramento dos serviços de abastecimento de água (ii) Garantir o acesso universal ao abastecimento de água; (iiii) Promover
a participação das comunidades na operação e gestão dos sistemas de abastecimento de água e de fontes de água; (iv)
Regulamentar os serviços de abastecimento de água; (v) Garantir o acesso universal ao saneamento; (vi) Promover a
implementação de programas de saneamento; (vi) Propor e implementar políticas e estratégias para a expansão e melhoramento
dos serviços de saneamento; (viii) Promover as condições de saneamento básico; (ix) Desenvolver e disseminar opções
tecnológicas, promovendo o saneamento total liderado pela comunidade; (x) Promover a participação do sector privado na gestão
dos sistemas de saneamento.
FIPAG - O Fundo de investimento e Património de Abastecimento de Águas (FIPAG) foi criado no âmbito da implementação do
QGD1 em 1998, é uma instituição pública de âmbito nacional, dotada de personalidade jurídica e com autonomia financeira,
administrativa e patrimonial, tutelada sectorialmente pelo Ministro que superintende a Área de Abastecimento de Água e
financeiramente pelo Ministro que superintende a Área das Finanças. O FIPAG tem como principal função gerir o património e o
programa de investimento público nos sistemas de abastecimento de água das seguintes cidades (i) Nampula, (ii) Nacala, (iii)
Angoche, (iv) Pemba, (v) Lichinga, (vi) Cuamba, (vii) Beira/Dondo, (viii) Quelimane, (ix) Chimoio/Gondola/Manica, (x)
Tete/Moatize, (xi) Inhambane, (xii) Maxixe, (xiii) Chókwè, (xiv) Xai-Xai e (xvi) Maputo/ Matola/ Boane.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 9
AIAS - Administração de Infraestrutura de Água e Saneamento (AIAS) é uma pessoa colectiva de direito público de âmbito
nacional, dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa criado através do Decreto n.º 19/2009, de 13 de Maio. Foi
concedido para a AIAS o alargamento de Gestão Delegada aos sistemas secundários públicos de distribuição de água e aos sistemas
públicos de drenagem de águas residuais, ao abrigo do Diploma Ministerial n.º 237/2010 que transfere para a AIAS a gestão dos
Sistemas Públicos de Distribuição de Água, conjugado com o n.º 4 do artigo 11 do Decreto n.º 72/78, de 23 de Dezembro. A AIAS
é responsável pela gestão do património dos sistemas públicos secundários de distribuição de água e aqueles que lhe forem
alocados, e pelos sistemas públicos de drenagem de águas residuais através do artigo 2 do Decreto n.° 19/2009, de 13 de Maio.
CRA - Para além das instituições acima referidas, existe o Conselho de Regulação de Águas (CRA), constituído como uma entidade
de direito público dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e patrimonial, nos termos do Decreto
n.º 74/98, de 23 de Dezembro, o qual foi revisto nos termos do Decreto n.º 23/2011, de 08 de Junho. O CRA é o órgão encarregue
de conciliar os interesses dos utentes do serviço público de abastecimento de água potável e de drenagem de águas residuais e
os do operador, assegurando o equilíbrio entre a qualidade do serviço prestado e a sua adequação aos interesses dos utentes e a
sustentabilidade económica dos sistemas (ajustamento de tarifas).
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10 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
ARA - Administrações Regionais de Águas (ARA)s são instituições públicas dotadas de personalidade jurídica e autonomia
administrativa, patrimonial e financeira, responsáveis pela gestão operacional dos recursos hídricos de uma determinada região.
São tuteladas pelo Ministério que superintende a área de águas, através da DNAAS. O seu âmbito territorial poderá compreender
uma ou várias bacias hidrográficas que podem cobrir uma ou varias Províncias. A principal responsabilidade destas instituições é
a gestão operacional dos recursos hídricos.
A nível provincial, a responsabilidade de coordenação do abastecimento de água e saneamento cabe à Direcção Provincial das
Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (DPOPHRH) através do Departamento de Água e Saneamento, enquanto do
Distrito a responsabilidade pelo sector de águas cabe ao Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas (SDPI).
Os municípios, como entidades autónomas do poder local, têm a responsabilidade de garantir o abastecimento de água e
saneamento na sua área de jurisdição.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 11
Como Desenvolver e Implementar um Plano de Segurança da Água
Metodologia
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12 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Módulos de Aprendizagem
Diagnóstico e reparação Módulo 1. Constituir a equipa do PSA
Avaliação do sistema Módulo 2. Descrever o sistema de abastecimento de água
Módulo 3. Identificar os perigos e eventos perigosos e avaliar os riscos
Módulo 4. Determinar e validar as medidas de controlo, reavaliar e priorizar os riscos
Módulo 5. Desenvolver, implementar e manter um plano de melhoria
Monitorização Módulo 6. Definir a monitorização das medidas de controlo
Módulo 7. Verificar a eficácia do PSA
Gestão e comunicação Módulo 8. Preparar os procedimentos de gestão (a adaptar nos casos de sistemas comunitários e rurais)
Módulo 9. Desenvolver programas de suporte (a adaptar nos casos de sistemas comunitários e rurais)
Revisão e melhoria Módulo 10. Planear e executar a revisão periódica do PSA
Módulo 11. Rever o PSA na sequência de um incidente
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 13
Introdução
“A forma mais eficaz de garantir sistematicamente a segurança de um sistema de abastecimento de água para consumo
humano consiste numa metodologia integrada de avaliação e gestão de riscos que englobe todas as etapas do abastecimento
de água, desde a captação até ao consumidor. Neste documento, este tipo de abordagens denominam-se Planos de Segurança
da Água (PSA)".
Organização Mundial de Saúde, 2011
Objetivo do Manual
A citação anterior inicia a Quarta Edição das Recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Qualidade da Água para
Consumo Humano (2011) (WHO Guidelines for Drinking - Water Quality) e traduz a filosofia da abordagem do PSA. A referida edição
descreve os princípios da metodologia PSA, mas não constitui um guia para a sua aplicação prática. O objetivo deste Manual é proporcionar
essa orientação prática para facilitar a implementação de um PSA em Moçambique, focando-se particularmente em abastecimentos de água
organizados, independentemente do modelo de gestão ou da sua complexidade.
O presente manual apoia-se na metodologia OMS/IWA, reconhecida internacionalmente como boa prática para a implementação de PSA,
mas também num primeiro caso de aplicação de PSA em Moçambique, na Águas da Região de Maputo, e no extenso conhecimento que os
vários elementos do grupo de trabalho (AdeM, CRA, AIAS e DNA) têm da realidade moçambicana no setor de abastecimento de água.
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14 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Aspetos a considerar ao desenvolver e implementar um PSA
O objetivo de um PSA é muito claro:
“Assegurar sistematicamente a segurança, a continuidade e a aceitabilidade do abastecimento de água para consumo
humano”
O desenvolvimento e a implementação da abordagem do PSA, para cada sistema de abastecimento de água para consumo humano,
consistem no seguinte:
Constituir uma equipa e adotar a metodologia através da qual o PSA será desenvolvido;
Descrever todo o sistema de abastecimento de água desde a captação até ao ponto de consumo;
Identificar todos os perigos e eventos perigosos que podem afetar a segurança e a continuidade do abastecimento de água, desde a
captação, passando pelo tratamento e distribuição, até ao ponto de consumo;
Avaliar o risco associado a cada perigo e evento perigoso;
Considerar se existem controlos ou barreiras para cada risco significativo, e se os mesmos são eficazes;
Validar a eficácia dos controlos e barreiras;
Implementar um plano ou ações de melhoria quando e onde necessário;
Demonstrar que a segurança do sistema se mantém de forma permanente;
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 15
Rever periodicamente os perigos, riscos e controlos;
Manter registos fidedignos para permitir a transparência e justificar resultados.
Este carácter sistemático da estratégia do PSA nunca deve ser abandonado, nem esquecido durante a sua implementação. A abordagem
do PSA deve ser dinâmica e prática e não meramente mais um procedimento operacional. Não deve ser considerada um veículo gerador
de burocracia. Se simplesmente acabar por resultar numa pasta de arquivo numa prateleira com a etiqueta "PSA", que se arquiva e
raramente se usa, não será certamente uma abordagem eficaz.
A abordagem do PSA deve ser considerada como uma estratégia de gestão de riscos com influência em toda a forma de trabalhar que uma
empresa de abastecimento de água tem para fornecer água segura e de forma contínua. Os riscos significativos que não estejam a ser
controlados devem ser mitigados. Uma implementação efetiva e bem-sucedida do PSA requer o envolvimento e o compromisso de toda a
organização. Os colaboradores têm de compreender o seu papel no processo de implementação, na gestão da qualidade da água e na
proteção da saúde pública. E nesse sentido, o envolvimento da gestão de topo tem um papel vital para garantir a motivação e o empenho
dos seus colaboradores e, subsequentemente, a adoção de uma cultura de gestão de risco no seio da organização, mas também para
proporcionar os recursos financeiros e humanos necessários.
De forma a garantir a adequada implementação e desenvolvimento do Plano de Segurança da Água, considera-se indispensável fazer a
priori um diagnóstico acerca das condições atuais da entidade gestora em termos de necessidades de recursos humanos e financeiros, do
tipo de informação que existe e que está disponível e de quais as necessidades de reforço, por exemplo de determinações laboratoriais e
instrumentação online, de medidas de controlo e de meios de comunicação que existam.
É importante que a equipa do PSA possua a experiência e a especialização adequadas para entender os processos de captação, tratamento
e distribuição da água, bem como os perigos que podem afetar a segurança da água ao longo do sistema de abastecimento. Um PSA não
pode ser unicamente um estudo teórico. Deve implicar deslocações ao local para confirmar o conhecimento, informações e esquemas
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
16 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
disponíveis. É necessário que as deslocações ao local incluam a recolha de informações junto das pessoas que trabalham nas instalações e
que possuam o conhecimento local detalhado que, eventualmente, possa não constar dos registos e documentos da entidade gestora. A
avaliação, atualização, compilação ou revisão dos procedimentos operacionais é parte integral da estratégia do PSA. Idealmente, todos os
procedimentos devem ser identificados como fazendo parte da estratégia do PSA ou como forma de trabalho, o que ajuda a obter
reconhecimento e aceitação em toda a empresa.
As empresas de gestão de sistemas de abastecimento de água têm um papel central na segurança e qualidade da água fornecida. Contudo,
essa responsabilidade tem de ter lugar num quadro legal, institucional e financeiro mais amplo para que esse objetivo seja concretizado.
O que requer uma estreita cooperação e parceria entre os decisores e todas as partes interessadas com responsabilidades na garantia da
qualidade da água e a entidade gestora de modo a minimizar ou eliminar os riscos existentes.
A abordagem dos PSA não deve ser vista isoladamente de outras políticas ou procedimentos. É imperativo o envolvimento e a gestão
efetiva de todas as partes interessadas no desenvolvimento e implementação do PSA em todas as suas vertentes.
É provável que a avaliação de risco destaque um número elevado de riscos que não são considerados significativos para a segurança do
sistema de abastecimento de água. No entanto, é importante que todos os riscos sejam documentados com exatidão e compreendidos pela
entidade gestora. Ainda mais importante é a necessidade de priorizar e de pôr rapidamente em marcha um programa de melhoria em que
sejam identificados os riscos significativos.
Qualquer que seja o método utilizado para a avaliação de risco é imperativo que esta metodologia seja suficientemente clara e detalhada
para permitir consistência. Isto é uma preocupação particularmente importante para uma entidade gestora de grande dimensão, onde é
provável que a avaliação de risco seja executada por pessoas diferentes. A complexidade da avaliação de risco depende da complexidade
do sistema de abastecimento de água.
Por outro lado, a abordagem do PSA deve ser incluída desde a fase de planeamento de qualquer melhoria ou de nova configuração de um
sistema de abastecimento de água para garantir a gestão de todos os riscos existentes nesse sistema
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 17
A monitorização da conformidade é uma parte importante do processo de verificação para demonstrar que o PSA está a funcionar. Permitirá
demonstrar se a água no ponto de conformidade, que é, frequentemente, a torneira do consumidor, cumpre com os padrões de qualidade
da água. No entanto não tornará a água segura porque, quando os resultados da monitorização de conformidade estiverem disponíveis, já
a água terá sido bebida e utilizada para outros fins domésticos.
A validação, para demonstrar que os controlos são capazes de mitigar os riscos, e a monitorização operacional, para demonstrar que os
controlos continuam a funcionar eficazmente, são ferramentas muito mais importantes para assegurar a segurança da água, dado que se
centram nos processos que tornam a água segura.
Muitos dos elementos da abordagem do PSA já se encontram incorporados nas boas práticas de operação dos serviços de abastecimento
de água. Porém, a implementação efetiva do PSA exigirá que todas as entidades gestoras analisem de novo tudo o que pode afetar a
segurança da água. Nada se deve tomar como garantido!
A implementação, de forma aberta e transparente, da abordagem do PSA aumentará a confiança dos consumidores e das restantes
entidades envolvidas na gestão e segurança do abastecimento de água. O desenvolvimento de um PSA não é um fim, em si mesmo, mas
um meio para atingir um fim. Um PSA só é útil se for implementado e revisto.
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18 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Síntese dos Módulos
Aspetos a considerar ao utilizar o Manual
O Manual está dividido em 11 Módulos, de acordo com a metodologia adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e cada um deles
representa uma etapa chave no processo de desenvolvimento e implementação do PSA. Cada Módulo está dividido em três secções:
"Síntese", "Exemplos e Ferramentas" e “Casos de Estudo”, tal como descrito seguidamente.
Metodologia para a implementação de PSA, OMS
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 19
Para sistemas mais simples e rurais é possível reduzir o número de módulos
para 6, integrando apenas as etapas chave do PSA e garantindo assim o
fornecimento de água potável segura, em quantidade suficiente e da
confiança de todos, de forma a suportar uma vida saudável para toda a
comunidade.
As ferramentas de apoio à implementação de um PSA nestes sistemas serão
disponibilizadas ao longo dos exemplos de cada módulo do Manual. Os
módulos que devem ser adaptados a estas realidades serão também
referenciados.
Síntese
Esta secção apresenta uma breve introdução do Módulo, incluindo as razões
da sua importância e o seu enquadramento no processo geral de
desenvolvimento e implementação do PSA. Explica as atividades chave que
devem ser executadas, apresenta os desafios que tipicamente podem ser
encontrados e resume os resultados essenciais que se prevê obter.
Os 6 módulos para desenvolver e implementar um PSA em
pequenos sistemas comunitários e/ou rurais
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
20 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplos e Ferramentas
Esta secção proporciona recursos que podem ser adaptados para auxiliar o desenvolvimento e implementação do PSA. Estes recursos
incluem exemplos de tabelas e checklist, modelos de formulários, diagramas ou conselhos práticos que podem ajudar a equipa do PSA ou
os membros da comunidade a lidar com desafios específicos. Frequentemente, estes são exemplos de resultados e metodologias adaptados
de experiências recentes de desenvolvimento de Planos de Segurança da Água.
Casos de Estudo
Os casos de estudo apresentam lições aprendidas a partir de experiências reais. Destinam-se a tornar mais concretos os conceitos do PSA
e a ajudar os leitores a antecipar questões e desafios que possam surgir. As descrições foram retiradas de diferentes iniciativas de
desenvolvimento e implementação de PSA, sendo provável que o conhecimento adquirido através do desenvolvimento destes PSA se aplique
a sistemas de abastecimento que tenham um perfil semelhante.
Para os sistemas mais complexos utilizou-se como caso de estudo o PSA do sistema de abastecimento de água da ETA do Umbeluzi da
Águas da Região de Maputo. Para os sistemas mais rurais e comunitários utilizaram-se experiências e casos piloto de sucesso de vários
países do Mundo cujo enquadramento e realidade são semelhantes aos sistemas existentes em Moçambique.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 21
Módulo 1
Constituir a Equipa do PSA
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22 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Introdução
A constituição de uma equipa qualificada e dedicada é um pré-requisito para assegurar a especialização técnica necessária para desenvolver
um Plano de Segurança da Água. Este passo envolve a constituição de uma equipa de pessoas da entidade gestora de abastecimento de
água e, também em alguns casos, de um grupo mais amplo de partes interessadas, com a responsabilidade coletiva de compreender o
sistema de abastecimento de água e de identificar os perigos que podem afetar a qualidade e a segurança da água em toda a cadeia de
abastecimento de água. A equipa será responsável pelo desenvolvimento, implementação e manutenção do PSA como uma tarefa central
das suas funções do dia-a-dia.
É essencial que todos os envolvidos desempenhem um papel ativo no desenvolvimento do PSA e que apoiem a abordagem do PSA. É
importante que a equipa do PSA possua experiência e conhecimentos adequados para compreender a captação, tratamento e distribuição
da água, bem como os perigos que podem afetar a segurança ao longo do sistema de abastecimento, desde a captação até ao ponto de
consumo. Para entidades gestoras de menor dimensão poderá ser útil recorrer a consultoria externa adicional.
A equipa é essencial para que a abordagem do PSA seja compreendida e aceite por todas as pessoas relacionadas com a segurança da
água dentro e fora da entidade gestora. Por isso, uma equipa inclusiva que trabalhe com todas as pessoas, internas e externas à entidade
gestora, será provavelmente muito mais eficaz do que uma equipa exclusiva que impõe a sua abordagem do PSA à organização.
Uma das tarefas iniciais essenciais da equipa é a de definir a forma como a abordagem do PSA vai ser implementada, bem como a
metodologia a utilizar, especialmente na avaliação de risco.
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Ações-Chave
Envolver a gestão de topo e assegurar o apoio financeiro e de recursos
Para uma implementação bem-sucedida do PSA, é importante que a gestão de topo da empresa apoie o processo. Este envolvimento é
crucial para transformar as práticas de trabalho, garantir a disponibilidade de recursos financeiros e humanos suficientes e fomentar
ativamente a segurança da água como um objetivo da empresa. É necessário fundamentar claramente que a adoção de um PSA é
importante e vantajosa para a organização.
Identificar a especialização necessária e a dimensão adequada da equipa
O envolvimento de pessoal operacional na equipa irá contribuir para o sucesso do plano, uma vez que facilitará a sua implementação e a
identificação do pessoal com o mesmo. No entanto, dependendo da dimensão da entidade gestora, a maioria dos membros da equipa não
estará dedicada às tarefas do PSA a 100%, continuando também com as suas tarefas diárias. É necessário que os membros da equipa
possuam, no seu conjunto, as qualificações necessárias para identificar os perigos, e compreender como se podem controlar os riscos
associados. A equipa deve ter a autoridade que permita a implementação das recomendações resultantes do PSA.
Nomear um chefe da equipa
Deve ser nomeado um chefe da equipa para conduzir o projeto e assegurar que se centra nos objetivos estabelecidos. Essa pessoa deve
ter autoridade e competências organizacionais e interpessoais para garantir a implementação do projeto. Em situações em que as
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24 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
competências necessárias estão indisponíveis localmente, o chefe da equipa deve buscar apoio externo. Isto pode compreender avaliação
comparativa ou acordos de parceria com outras entidades, programas nacionais ou internacionais de apoio e outros recursos.
Definir e registar as funções e as responsabilidades dos membros da equipa
É importante distribuir as responsabilidades pelos membros da equipa assim que se inicia o processo e definir e registar claramente as suas
funções. É frequente a elaboração de um quadro que descreva resumidamente as atividades relacionadas com o PSA e quem será
responsável pela sua execução.
Definir o tempo estimado para o desenvolvimento do PSA
O desenvolvimento inicial de um PSA exige um investimento de tempo considerável. Os PSA aumentam o tempo que o pessoal despende
no terreno, em inspeções ao sistema, mas reduzem a dependência dos resultados de testes laboratoriais de rotina. A abordagem do PSA
possibilita que os operadores passem a conhecer o seu sistema de forma mais efetiva, na medida em que passam mais tempo a identificar
e a controlar os riscos, em vez de apenas os analisarem. Logo que o PSA esteja estabelecido e a entidade gestora se familiarize com o
sistema, o investimento em termos de tempo irá diminuir.
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Desafios Típicos
Encontrar pessoal qualificado;
Organizar o volume de trabalho da equipa do PSA de modo a adequar-se à estrutura e funções organizacionais existentes;
Identificar e envolver as partes interessadas externas;
Manter a equipa unida;
Fazer com que a equipa comunique eficazmente com o resto da organização e com outras partes interessadas.
Resultados
Constituição de uma equipa multidisciplinar e experiente que compreende as componentes do sistema e que está bem posicionada para
avaliar os riscos que possam estar associados a cada componente do mesmo. A equipa deve entender as metas de saúde pública e outras
que têm de ser alcançadas e deve possuir o conhecimento necessário para confirmar, na sequência de uma avaliação, se o sistema consegue
cumprir com as normas de qualidade da água relevantes.
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26 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 1. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 1.1: Lista de competências a serem consideradas na identificação da especialização necessária para uma equipa do PSA de uma entidade gestora de grande dimensão
Especialização técnica e experiência operacional específica do sistema;
Capacidade e disponibilidade para o desenvolvimento, implementação e manutenção do PSA;
Autoridade na organização a que pertence para informar as autoridades fiscalizadoras relevantes, tais como o diretor de uma
organização ou os líderes de uma comunidade;
Conhecimento dos sistemas de gestão, incluindo os procedimentos de emergência;
Conhecimento dos processos utilizados para obter e comunicar os resultados de monitorizações e para produzir relatórios;
Conhecimento dos padrões de qualidade da água a cumprir;
Conhecimento das necessidades de qualidade da água dos utilizadores;
Conhecimento dos aspetos práticos da implementação de PSA no contexto operacional apropriado;
Conhecimento do impacto ambiental dos controlos de qualidade da água propostos;
Familiaridade com programas de formação e sensibilização.
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Exemplo/ferramenta 1.2: Composição da equipa do PSA (dados de uma entidade gestora de grande dimensão)
Nome Função na empresa Função no PSA
[Nome] Director Aprovação de documentos/ metodologias/processos
Comunicações externas
[Nome] Responsável do Sistema de Gestão Verificação de documentos/ metodologias/processos
Avaliação de riscos
[Nome] Técnica de Qualidade/Operação Coordenação da Equipa
Gestão do PSA
Desenvolvimento e implementação do PSA
[Nome] Responsável da Captação e Tratamento Avaliação de riscos
Implementação do PSA
[Nome] Responsável do Sistema Adutor Avaliação de riscos
Implementação do PSA
[Nome] Responsável do Suporte Operacional Avaliação de riscos
Implementação do PSA
[Nome] Responsável da área de Manutenção Avaliação de riscos
Implementação do PSA
[Nome] Responsável do Serviço de Laboratório Controlo da qualidade da água
[Nome] Responsável pela Comunicação e Imagem Comunicações externas
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28 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 1.3: Diferentes abordagens de formação da equipa do PSA para sistemas de maior
e menor dimensão
Dependendo da dimensão da entidade de abastecimento de água e nos casos em que as organizações são responsáveis por vários sistemas,
poderá ser necessário ter mais do que um grupo de trabalho do PSA que reporta a uma equipa central. A utilidade deste esquema deve ser
avaliada no início do processo, mas poderá incluir: uma equipa central, grupos de trabalho específicos que executem aspetos particulares
do PSA (por exemplo, na "bacia de hidrográfica", na "origem de água", no "tratamento" e no "sistema de distribuição") e auditores e
membros da equipa externos, os quais podem abranger entidades governamentais e peritos independentes. É essencial que todas as
equipas utilizem a mesma metodologia, especialmente para avaliar os riscos e que tenham conhecimento sobre o que as restantes equipas
estão a fazer.
Frequentemente, entidades gestoras de menor dimensão podem não possuir internamente peritos em qualidade da água. Contudo, essas
entidades devem incluir na equipa pelo menos os operadores e os gestores e trazer, de fontes externas, especialistas em saúde e qualidade
da água. As fontes externas podem incluir associações, instituições, ONG ou consultores.
No Exemplo/ferramenta 1.4, 1.5 e 1.6 encontram-se exemplos de modelos que podem ser utilizados para registar informações essenciais
na constituição da equipa do PSA e no arranque das fases iniciais da implementação do PSA.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 29
Exemplo/ferramenta 1.4: Formulário de descrição da equipa do PSA
As informações da equipa do PSA e de todas as equipas subordinadas devem ser documentadas como parte da metodologia do PSA. Essas
informações devem ser atualizadas sempre que as pessoas e a sua informação se alteram.
Nome Entidade Cargo Função na equipa Informações de contacto
[Nome] Ambiente/
Recursos
Hídricos
Diretor de Departamento Autoridade licenciadora de fontes poluidoras [telefone]
[e-mail]
[Nome] Autoridade de
Saúde
Diretor de Departamento Autoridade de Saúde – qualidade da água
para consumo humano
[telefone]
[e-mail]
Etc.
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30 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 1.5: Formulário de identificação das partes interessadas do PSA
Nome da parte
interessada
Relação com o
abastecimento
de água
consumo
humano
Ponto-chave
Interface com a
equipa do
PSA
Interface
com a parte
interessada
Mecanismo
de interação
Informações de
contacto e registos da
interação
Autoridade
Competente para
Licenciamento
Licenciamento
ambiental de
grandes
instalações
Afeta a proteção
da captação
Entidade Reguladora do sector
Dirigente do Departamento de Avaliação e Licenciamento Ambiental
Reunião anual Ficheiro de interação
Entidade agrícola com terrenos adjacentes à captação
Criação de gado e utilização de produtos químicos agrícolas
Minimiza a introdução de perigos químicos e microbiológicos na captação
Entidade Reguladora do sector
Gestor de operações
Reuniões informais e programadas
Ficheiro das partes interessadas na captação
Fábrica de
produção de
substâncias
químicas
Descargas
pontuais para a
água de origem
Cumpre as
normas de
qualidade
de águas
residuais
industriais
Entidade Reguladora do sector
Gestor da fábrica
Reunião anual Ficheiro das partes interessadas na bacia de captação
Etc.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 31
Exemplo/ferramenta 1.6: Envolver a comunidade e constituir a equipa do PSA em sistemas rurais ou de
pequenas dimensões
O desenvolvimento, a implementação e a manutenção de um PSA deverá ser sempre um trabalho de equipa e nesse sentido, é
preponderante envolver todos aqueles que têm interesse e responsabilidades no abastecimento de água à comunidade, que possam tomar
medidas para o melhorar e que têm conhecimento e experiência no fornecimento de água e respetiva qualidade. A equipa do PSA tem
também um papel importante na sensibilização e adoção da abordagem do PSA no seio da comunidade.
Para além da pessoa ou pessoas responsáveis pela operação e manutenção do sistema de abastecimento de água, deve ser considerado
ainda na equipa:
O líder da comunidade que possa tomar decisões financeiras;
O líder religioso da comunidade que possa promover hábitos de higiene relativos à água potável na sua comunidade;
Os professores para promoverem hábitos de higiene relativos à água potável nas escolas;
Membros da comunidade, como pastores ou produtores de gado, que levam os seus animais a pastar ou beber junto das origens de
água.
Por outro lado, dado a importância do papel da mulher na recolha de água e a na sua gestão em casa é preponderante envolver algumas
mulheres chave na equipa do PSA.
Caso já exista um grupo, uma associação ou um comité de água que faça a gestão do fornecimento de água na comunidade, as tarefas do
PSA podem ser integradas nas funções e nas responsabilidades desse grupo. Desta forma facilitará a incorporação destas tarefas na gestão
diária do sistema e a familiarização de todos os princípios de segurança de água desde o início da sua implementação.
Todas estas funções e responsabilidades deverão ser documentadas e nomeado um líder da equipa do PSA que possa conduzir todo o
processo de planeamento da segurança da água com motivação e autoridade no seio da comunidade.
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32 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Pequenos sistemas comunitários de abastecimento de água podem necessitar de apoio externo ao nível da formação e educação, para
aumentar a compreensão e o conhecimento técnico, de consultoria técnica especializada, de ajuda financeira, da monitorização e controlo
da qualidade da água e da vigilância e fiscalização de todo o processo que integra o PSA e a gestão dos sistemas de abastecimento de
água.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 33
Exemplo/ferramenta 1.7: Composição da equipa do PSA (sistemas rurais ou de pequenas dimensões)
Nome Papel na comunidade Função e responsabilidade no PSA Morada/ Contactos
[Nome] Responsável pela operação e
manutenção do sistema de
abastecimento de água
Líder da equipa do PSA
Desenvolvimento e implementação do PSA
[morada e contacto
telefónico]
[Nome] Operador do sistema de abastecimento
de água
Desenvolvimento e implementação do PSA [morada e contacto
telefónico]
[Nome] Delegado de Saúde Pública Controlo de doenças transmitidas pela água
Apoio no desenvolvimento e implementação
do PSA
[morada e contacto
telefónico]
[Nome] Agricultor/ criador de gado Apoio no desenvolvimento e implementação
do PSA
[morada e contacto
telefónico]
[Nome] … … …
Este quadro com os vários elementos da equipa, com a identificação do seu papel no desenvolvimento do PSA e respetivos contactos deve
ser afixado num local que toda a comunidade tenha acesso. Em muitos casos é útil colocar a fotografia desses vários elementos, dado que
favorece o interesse pela informação disponibilizada e o reconhecimento desses elementos por parte da comunidade.
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34 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
A equipa do PSA deve planear reunir-se regularmente para desenvolver, implementar e rever o PSA. É provável que seja necessário um
maior número de reuniões durante as fases iniciais do desenvolvimento do plano e que com a familiarização dos conceitos e das
metodologias de trabalho esta frequência diminua e que numa fase de maturidade do PSA sejam feitas reuniões apenas para revisão do
plano.
Por outro lado, para mobilizar e gerar interesse na comunidade para os princípios de gestão da segurança da água e para a implementação
do plano é igualmente importante afixar juntamente com a equipa esquemas simples da abordagem do PSA.
Exemplo/ferramenta 1.8: Compreender o compromisso com o PSA
Um PSA representa uma responsabilidade relevante que é partilhada por todos num sistema de abastecimento de água. O seu
desenvolvimento e implementação consomem tempo e exigem recursos. A implementação exige compromisso a todos os níveis. A
manutenção do PSA requer uma atenção contínua da gestão para reforçar uma cultura de conformidade com os requisitos de um PSA.
Poderão ser necessários vários anos para se verem todos os benefícios da implementação do PSA, mas a experiência tem demonstrado
que o investimento e o compromisso são compensados à medida que o PSA conduz a eficiências e a uma melhor compreensão do sistema
de abastecimento de água, incluindo a produção contínua de água com uma qualidade que cumpre, de forma consistente, com os objetivos
de proteção de saúde.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 35
MÓDULO 1. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 1.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO
A equipa do PSA é uma equipa multidisciplinar, quer em termos de formação quer relativamente às áreas de trabalho que representam. A
equipa é composta por representantes das seguintes áreas da empresa: Produção, Adução, Laboratório (Central e ETA), Manutenção,
Comercial, Operadores de Exploração da ETA e elementos de suporte que são críticos para a produção de informação de apoio à decisão.
Nome Função na AdeM Função e responsabilidades no PSA Contacto
João
Francisco
Gestor da Estação de Tratamento de
água do Umbeluzi
Responsável pela produção da ETA
do Umbeluzi
Responsável PSA
Coordenação da Equipa
Desenvolvimento e implementação do PSA
Gestão do PSA
Gracinda
Macuacua
Gestora de Departamento do
Laboratório
Representante do Laboratório Central – Qualidade da Água
Avaliação de riscos
Implementação do PSA
Cláudia
Ronda
Gestora de Departamento de
Exploração
Representante Direção de Distribuição e Produção em Alta –
Departamento de Exploração - Adução
Avaliação de riscos
Implementação do PSA
Eusébio
Macuacua Técnico de automação - manutenção
Representante da Área de Manutenção - PSA
Avaliação de riscos
Implementação do PSA
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36 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Nome Função na AdeM Função e responsabilidades no PSA Contacto
Isabel
Xerinda
Gestora do Sistema de Gestão da
Qualidade
Representante da Área da Qualidade - PSA
Procedimentos de Gestão e Programas de Suporte
Revisão do PSA
José Barata
Henriques
Diretor da Área Operacional do
Chamanculo
Representante da Exploração dos Centros Distribuidores – PSA
Avaliação de riscos
Reclamações
Implementação do PSA
Caso de Estudo 1.2
NEPAL, DESENVOLVIMENTO DE PSA EM COMUNIDADES RURAIS
A equipa do PSA será responsável pelo desenvolvimento, implementação e manutenção do PSA. A equipa também terá o papel de ajudar
a comunidade a compreender e aceitar a abordagem adotada para o PSA.
É vantajoso incluir pessoas com conhecimento na área da captação de água (ex. donos de terras e respetivos utilizadores) e na história do
abastecimento de água na comunidade (ex. pessoas com mais idade), aqueles com o maior interesse na segurança da água (ex.
normalmente as mulheres) e os que conseguem influenciar a forma como o abastecimento de água é gerido (ex. lideres da comunidade e
formadores de opinião). Os técnicos de saúde e professores também devem ser considerados como membros da equipa ou de recurso.
Uma vez a equipa constituída a identificação dos seus membros e as suas funções têm de ser documentadas e partilhadas por toda a equipa
e toda a comunidade. Um exemplo do tipo de informação a ser recolhida é ilustrado na tabela seguinte.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 37
Nome Papel na comunidade Função e responsabilidade no PSA Morada/ Contactos
(Sr.) Surya
Nath
Adhikhari
Presidente do Comité de Água Ajudou a construir e a manter o sistema de
abastecimento de água desde o seu início
Kalika VDC, Ward
N.6, Sunpadali
Telemóvel: 9846031617
(Sr.) Anjali
Shrestha Delegado de Saúde Pública
Controlo de disenteria e de surtos ocasionais de
febre tifoide
Pokhara Nagar
Palikha, Ward N. 27
(em frente à Escola Primária
Everest)
Telemóvel: 9856087251
(Sr.) Tika
Ram Prajapati
Agricultor com terras junto da
captação de água
Utilização de água no mesmo local onde se capta a
água para produção de água para consumo da
comunidade
Kalika VDC, Ward
N.9, Dhimal Chowk
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
38 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Módulo 2
Descrever o Sistema de Abastecimento
de Água
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 39
Introdução
A primeira tarefa da equipa do PSA é descrever todo o sistema de abastecimento de água. Se as entidades gestoras não possuírem já
documentação sobre o sistema de abastecimento é essencial efetuar levantamentos no terreno. O objetivo é garantir que a documentação
relativa à água bruta, água de processo e água tratada, bem como a relativa ao sistema utilizado para produzir água com essa qualidade,
permite a avaliação e a gestão de riscos de forma adequada. Apesar de se aceitar que possa existir algum espaço para se efetuar uma
abordagem genérica, nos casos em que as infraestruturas sejam muito semelhantes ou em que a coordenação com entidades externas
seja a mesma para vários abastecimentos de água, cada sistema de abastecimento deve ser avaliado detalhadamente de forma
independente. Deve ser efetuada uma recolha de dados especificamente para esse sistema de abastecimento e todas as restantes etapas
que conduzem a um PSA devem ser exclusivas para esse sistema particular. Muitas entidades gestoras já terão uma vasta experiência do
seu sistema e possuirão documentação relevante. Nesses casos, o PSA exigirá uma revisão sistemática, para assegurar que a informação
sobre o sistema está atualizada e completa, e exigirá uma verificação da sua exatidão através de visita às instalações e infraestruturas.
Ações-Chave
A descrição detalhada do sistema de abastecimento de água é necessária para sustentar o subsequente processo de avaliação de riscos.
Deverá fornecer informação suficiente para identificar as vulnerabilidades do sistema a eventos perigosos, os tipos de perigos relevantes e
as medidas de controlo. Os pontos seguintes devem ser incluídos na descrição, mas não constituem uma lista exaustiva e nem serão todos
relevantes para todos os sistemas de abastecimento:
Normas de qualidade da água relevantes;
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40 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
A(s) origens(s) de água, incluindo situações de escorrência superficial e/ou recarga e, se aplicável, origens alternativas em caso de
incidente;
Alterações conhecidas ou expectáveis na qualidade da água da origem face a fenómenos climatológicos ou outras;
Interconectividades de origens e respetivas condições;
Detalhes do uso do solo na captação;
O ponto de captação;
Informações relativas ao armazenamento de água;
Informações relativas ao tratamento da água, incluindo os processos e os produtos químicos adicionados à água ou materiais em
contacto com a água;
Detalhes sobre a distribuição de água, incluindo a rede, o armazenamento (reservatórios) e o transporte em camiões-cisterna/ auto-
tanque;
Descrição dos materiais em contacto com a água em toda a cadeia de abastecimento de água;
Identificação dos utilizadores e dos usos da água;
Disponibilidade de pessoal formado;
Descrição da qualidade da documentação das práticas existentes.
Deve ser desenvolvido um fluxograma que descreva todos os elementos do sistema de abastecimento de água com um nível de detalhe
suficiente. O fluxograma deve ser validado através de verificações no terreno e posteriormente utilizado no processo de avaliação de riscos.
Deve ser feita referência cruzada a outra documentação mais detalhada, tais como mapas com os limites das propriedades, estações de
tratamento, fossas sépticas, indústrias e outras fontes de risco potenciais. Deve ser ainda verificado o mapa das zonas de abastecimento.
Devem manter-se datadas as versões do fluxograma validado enquanto parte do PSA. Nem todas as etapas do processo são da
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 41
responsabilidade da entidade gestora. No entanto, é importante registar quem tem a responsabilidade primária, pois esta informação terá
impacto na escolha e na eficácia das medidas de controlo. Em sistemas simples, basta mostrar a ordem de cada etapa para indicar o sentido
do caudal de água através do sistema. Porém, em sistemas mais complexos, poderá ser necessário indicar a direção da água através da
utilização de setas.
Desafios Típicos
Falta de mapas fidedignos que descrevam os sistemas de distribuição;
Falta de informação sobre o uso/gestão do solo nas bacias de captação;
Falta de informação sobre indústrias e riscos (fontes poluidoras);
Identificar todas as entidades locais e governamentais que possam deter informação ou desempenhar uma função no processo e na
gestão da água;
Tempo necessário para o pessoal executar trabalhos de campo;
Documentação e procedimentos desatualizados.
Resultados
1. Uma descrição detalhada e atualizada do sistema de abastecimento de água, acompanhada por diagramas de fluxos.
2. Informação sobre a qualidade da água fornecida atualmente pela entidade gestora do abastecimento.
3. Identificação dos utilizadores e dos usos da água.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
42 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 1. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 2.1: Considerar os elementos básicos do sistema de abastecimento de água a avaliar
A descrição deverá abranger todo o sistema, desde a origem até ao ponto final do abastecimento. As pessoas envolvidas deverão estar
preparadas para dedicar bastante tempo nesta etapa, sendo das etapas do PSA mais consumidoras de tempo dado ao volume de informação
que tem de ser recolhida e posteriormente tratada.
Exemplo/ferramenta 2.2: Elementos básicos para descrever o sistema de abastecimento de água
Um sistema de abastecimento pode apresentar muitos outros formatos, por exemplo, uma estação de tratamento pode ser abastecida por
mais do que uma origem de água, uma zona de distribuição pode receber água proveniente de mais do que uma estação de tratamento,
de apenas de um ponto de cloragem ou diretamente de um furo, a distribuição pode dividir-se em conduta principal, reservatório de serviço,
Consumidor
(que pode tratar e armazenar
água no interior de casa)
Captação
Tratamento
(se aplicável)
Armazenamento
Distribuição
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 43
estação elevatória e rede de distribuição. Análise separada dos consumidores como utilizadores sensíveis, industriais e utilizadores
domésticos.
Para os sistemas comunitários também é importante analisar e descrever as práticas de armazenamento e uso da água no interior das
casas, dado que a contaminação da água (perigo) pode estar a ser introduzida nestes pontos e, por conseguinte, precisam de ser
contemplados na cadeia de abastecimento de água a avaliar no PSA.
O sistema básico deve documentar todas as entradas e saídas, mesmo que não funcionem de modo contínuo e permanente. A descrição
do sistema tem de incluir todas as componentes do sistema de abastecimento de água.
Nesse sentido, a visita ao local do sistema - caminhando ao longo de todas as etapas do abastecimento seguindo o fluxo de água - é muito
importante para a preparação da descrição do sistema de forma precisa. Note-se que a visita ao local é igualmente importante para a
implementação das tarefas dos módulos seguintes 3 e 4 (identificação de perigos, eventos perigosos, riscos e medidas de controle
existentes). Uma visita ao local que sirva estes três módulos pode economizar tempo e recursos.
Por outro lado, a visita ao terreno nos sistemas rurais e comunitários pode ser uma oportunidade para promover a perceção da importância
de hábitos de higiene e de comportamentos seguros por parte dos membros da comunidade, nomeadamente práticas de recolha de água,
limpeza de contentores/ recipientes de recolha ou as práticas de utilização e de armazenamento de água no interior das casas, incluindo a
importância destas práticas para a prevenção de doenças relacionadas com a água.
Exemplo/ferramenta 2.3: Um bom diagrama de fluxo do sistema de distribuição de água
Um fluxograma exato do sistema de abastecimento de água desde a captação até ao ponto de utilização é uma grande ajuda para a
identificação dos perigos, riscos e controlos existentes. Ajuda a determinar o modo como os riscos podem afetar os consumidores e onde
se encontram ou podem ser controlados. É fundamental confrontar o fluxograma com os dados do terreno para comprovar a sua exatidão
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
44 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
e ter em consideração o conhecimento local. Para efeitos de simplicidade e consistência, podem ser utilizados os símbolos usados em
fluxogramas de engenharia (ver Exemplo/ferramenta 2.5). Para sistemas de maior dimensão, pode ser útil dividir o fluxograma em secções
separadas e mais detalhadas, para cada um, ou alguns, dos componentes básicos (captação, tratamento, armazenamento, distribuição e
consumidor). Podem, por exemplo, produzir-se fluxogramas separados e detalhados para diversas origens de água (diferentes captações),
para diferentes linhas de tratamento e reservatórios de serviço e para adutoras e condutas principais de redes de distribuição.
Exemplo/ferramenta 2.4: Utilização e utilizadores previstos da água
Determinadas utilizações da água podem estar especificadas em regulamentos. Por exemplo, o Regulamento sobre a Qualidade da Água
para Consumo Humano, define-a como água destinada a ser bebida, a cozinhar, a preparar e produzir alimentos e para outros fins
domésticos, independentemente da sua origem e de ser fornecida a partir de um sistema de água com ou sem fins comerciais.
Utilização contemplada Utilizadores contemplados
A água fornecida destina-se ao consumo geral, higiene pessoal e lavagem
de roupa.
É possível preparar produtos alimentares com a água.
A água é fornecida à população geral.
Não são incluídos entre os consumidores contemplados as pessoas com
imunodeficiência significativa ou as indústrias com necessidades especiais de
qualidade da água. Aconselha-se a estes grupos que apliquem tratamento
adicional nos pontos de utilização.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 45
Exemplo/ferramenta 2.5: Fluxograma de processo do sistema em estudo
Apresenta-se o diagrama de fluxo de todo o sistema de abastecimento da Águas da Região de Maputo, que inclui todos os elementos
da infraestrutura física, desde a fonte até ao centro distribuidor (abastecimento em alta). Com esta representação consegue-se obter uma
visão clara e sequencial de todas as etapas envolvidas desde a captação de água bruta até à distribuição da água tratada.
Diagrama de fluxo do sistema de abastecimento de água em "alta" à área de cessão da Águas da Região de Maputo
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46 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 2.6: Diagrama básico do Centro Distribuidor da Matola, referenciando
procedimentos mais detalhados
Esquema de caracterização/ funcionamento do CD da Matola – Águas da Região de Maputo
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 47
Exemplo/ferramenta 2.7: Diagrama básico de um sistema rural, com a representação dos principais
aspetos a considerar na descrição do sistema de abastecimento de água
DESENHO ILUSTRATIVO DE UM ESQUEMA DE UM SISTEMA RURAL OU COMUNITÁRIO MOÇAMBICANO
Commented [JPC1]: Pedir esta informação ao CRA/DNA
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48 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 2.8: Diagrama ilustrativo de um sistema rural, com a representação das principais
origens de água de um sistema de abastecimento de água no Norte da Nigéria (Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
Simples mapas desenhados num papel a lápis podem ser usados. Contudo, os
mapas devem ser suficientemente detalhados para se poder identificar facilmente
os eventos perigosos e os perigos do sistema de abastecimento de água.
Quando um sistema de abastecimento de água comunitário é constituído por várias
componentes, é importante desenhar um mapa geral de todo o sistema e depois
traçar pequenos mapas para as diferentes componentes do sistema.
É também importante que a equipa do PSA verifique fisicamente a descrição do
sistema de abastecimento de água e os respetivos mapas/ diagramas de fluxo
através de visitas de campo, seguindo sempre o fluxo de água do sistema de
abastecimento de água.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 49
MÓDULO 2. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 2.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO
Para o correto desenvolvimento e implementação do PSA foi necessário compilar um conjunto diverso de informações com vista a descrever
detalhadamente o sistema de abastecimento de água, de modo a proceder à identificação das vulnerabilidades a eventos perigosos, dos
tipos de perigos relevantes e das respetivas medidas de controlo:
Plano geral do sistema, desde a fonte até ao consumidor;
Esquemas das captações;
Descrição esquemática do processo de tratamento de água, incluindo produtos químicos adicionados e interligações;
Planta do sistema de distribuição (reservatórios, condutas, elevatórias, acessórios, entre outros);
Uso de solos da bacia hidrográfica;
Identificação de fontes poluidoras localizadas nas bacias hidrográficas;
Valores paramétricos de qualidade da água;
Caracterização da qualidade da água das origens;
Construção e validação do diagrama de fluxo;
Identificação dos materiais em contacto com a água;
Utilizações e utilizadores da água abastecida;
Competências e formação do pessoal;
Procedimentos de gestão: de rotina e de emergência.
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50 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Com base no diagrama de fluxo do subsistema de abastecimento de água ETA de Umbeluzi – CD de Chamanculo foi efetuada uma
representação esquemática, onde constam todos os Pontos de Controlo do Sistema, que serviu de base à avaliação e priorização dos riscos.
Salienta-se que a descrição do subsistema foi uma das tarefas mais importantes do PSA e foi efetuada de forma exaustiva, tendo-se obtido
toda a informação disponível nos diversos departamentos da empresa.
A Águas da Região de Maputo já possuía, à data da elaboração do PSA, muitos dados de qualidade da água provenientes do laboratório
central, dos equipamentos de monitorização e medição e do laboratório de processo. Também os dados do funcionamento do subsistema,
foram analisados de forma a aferir sobre as principais ocorrências.
A descrição do sistema de abastecimento de água da Águas da Região de Maputo foi uma das tarefas que mais tempo consumiu na fase
inicial de implementação, dada a necessidade de recolha de dados e posterior tratamento.
No acompanhamento do PSA todos os dados existentes foram criticamente analisados para aferir sobre potenciais alterações e sobre as
medidas necessárias para a promoção da melhoria contínua.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 51
Caso de Estudo 2.2
GUIANA, AMÉRICA DO SUL
(Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
Através do desenvolvimento de um esquema detalhado de um sistema simples de tratamento que incluía o armazenamento e uma
cloragem, constatou-se que o cloro era adicionado após o reservatório de armazenamento de água e imediatamente antes da distribuição,
permitindo apenas alguns minutos de tempo de contacto antes de a água ser fornecida aos clientes.
O desenho do diagrama de fluxo/ mapa levou os operadores do sistema a estudar o ponto de adição de cloro, que até então era desconhecido
e era uma situação descorada por parte da equipa. Sem o desenvolvimento de um esquema detalhado, esta situação teria sido dispensada
na avaliação de risco e os riscos associados não teriam sido identificados e considerados para a segurança da água.
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52 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Módulo 3
Identificar os Perigos e os
Eventos Perigosos e Avaliar os Riscos
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 53
Introdução
Na prática, este módulo é desenvolvido simultaneamente com os módulos 4 (determinar e validar as medidas de controlo, reavaliar
e priorizar os riscos) e 5 (desenvolver, implementar e manter um plano de melhoria contínua). Para clarificação dos conceitos, os diferentes
módulos apresentam-se como etapas independentes uma vez que cada um deles envolve várias atividades. Essencialmente, estas etapas
constituem a avaliação do sistema através das quais se identificam os perigos potenciais e os eventos perigosos ao longo da cadeia de
abastecimento de água, o nível de risco associado a cada perigo e evento perigoso, as medidas necessárias para controlar os riscos
identificados e a confirmação de que se cumprem as normas e as metas estabelecidas.
No módulo 3, primeira etapa deste processo, deve-se:
Identificar todos os potenciais perigos biológicos, físicos e químicos associados a cada etapa do sistema de abastecimento de água
para consumo humano que podem afetar a segurança da água;
Determinar todos os perigos e eventos perigosos que podem contaminar a água, comprometer a sua segurança ou implicar a
interrupção do abastecimento;
Avaliar os riscos identificados em cada ponto do diagrama de fluxo elaborado previamente.
Perigos e eventos perigosos
Os perigos são definidos como agentes físicos, biológicos, químicos, radiológicos ou restrição ou interrupção do abastecimento que podem
causar danos na saúde pública.
Os eventos perigosos são definidos como eventos que introduzem perigos (ou impedem a sua remoção) no sistema de abastecimento de
água para consumo humano.
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54 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Por exemplo, chuvadas intensas (evento perigoso) podem promover a introdução de agentes patogénicos microbianos (perigos) na água
da Origem.
Ações-Chave
Identificação dos perigos e dos eventos perigosos
A equipa do PSA deverá determinar, para cada etapa do diagrama de fluxo do processo em estudo, o que pode falhar nessa etapa do
sistema de abastecimento de água, isto é, que perigos ou eventos perigosos poderão ocorrer. A determinação dos perigos deve ser efetuada
com base em visitas ao terreno e mediante análise documental dos dados existentes. A inspeção visual de aspetos como a área envolvente
do local da captação de água bruta e das diversas etapas do tratamento pode revelar perigos não detetáveis unicamente através da análise
documental dos dados. A determinação dos perigos exige também uma avaliação dos acontecimentos e informações do passado (dados
históricos), assim como prognósticos baseados no conhecimento do funcionamento do sistema de abastecimento de água sobre aspetos
específicos do processo de tratamento e distribuição de água. A equipa deve considerar fatores que podem ser origem de perigos e que
não são claramente evidentes como, por exemplo, a falta de conhecimento sobre o sistema de abastecimento de água e como o operar,
contaminação acidental ao longo da cadeia de abastecimento de água, eventos extremos como cheias ou secas, a construção de uma
estação de tratamento de água em terreno localizado à cota de cheia (ainda que em tais locais não haja registos de inundações), a idade
das condutas nos sistemas de distribuição (condutas envelhecidas são mais suscetíveis a flutuações de pressão do que condutas novas) ou
a existência de latrinas ou fossas sépticas a drenar para a zona da captação de água (contaminação das águas subterrâneas). Para identificar
os “fatores de influência” como os apresentados, a equipa do PSA deverá aplicar metodologias de visão ampla e transversal. Em qualquer
etapa do sistema de abastecimento de água podem ocorrer múltiplos perigos ou eventos perigosos.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 55
Avaliação dos riscos
O risco associado a cada perigo identificado pode descrever-se determinando a sua probabilidade de ocorrência/ frequência (por exemplo:
“certo”, “provável” ou “raro”) e avaliando a severidade das consequências/ impacto caso ocorra (por exemplo: “insignificante”, “grave” ou
“catastrófico”). A ponderação mais importante é o seu potencial impacto na saúde pública, mas devem considerar-se outros fatores tais
como aspetos organoléticos, continuidade do abastecimento e a imagem pública/reputação da entidade gestora de abastecimento. O
objetivo é distinguir riscos significativos de riscos menos significativos. A forma mais fácil de estabelecer esta priorização é através da
elaboração de uma tabela onde se registem os potenciais perigos e os eventos perigosos associados, juntamente com uma estimativa da
magnitude do risco (ver Exemplo/Ferramenta 3.8). No início do processo de avaliação do risco, as entidades gestoras de abastecimento de
água devem definir detalhadamente o significado de “possível”, “raro”, “insignificante”, etc. Mediante estas definições deve ser possível
evitar que a avaliação de riscos seja demasiado subjetiva. É fundamental estabelecer a priori a pontuação da matriz de riscos que identifica
se um risco é “significativo”. A informação em que se baseará a avaliação de riscos decorre da experiência, conhecimento e entendimento
do processo de abastecimento de água para consumo humano e de cada um dos membros da equipa do PSA, das boas práticas e da
bibliografia técnica. Quando os dados são insuficientes para determinar se um risco é elevado ou baixo, deverá considerar-se “significativo”
até que avaliações posteriores possam clarificar a forma como ele deve ser classificado. A avaliação de riscos deve ser específica para cada
sistema de abastecimento de água porque cada sistema é único.
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56 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Desafios Típicos
Possibilidade de não se detetarem novos perigos e eventos perigosos. Dado que a avaliação de riscos proporciona uma imagem
“pontual no tempo” do sistema deve ser revista periodicamente, para que não sejam esquecidos novos perigos.
Incerteza na avaliação dos riscos devido à indisponibilidade de dados, conhecimento insuficiente das atividades na cadeia de
abastecimento de água e sua contribuição relativa para o risco gerado pelo perigo ou evento perigoso.
Definição adequada da probabilidade de ocorrência e da consequência, devidamente detalhada para evitar avaliações subjetivas e
pouco consistentes.
Resultados
1. Descrição dos perigos e eventos perigosos que podem ocorrer e onde podem acontecer.
2. Avaliação dos riscos expressa de uma forma comparável e interpretável, de modo a que os riscos mais significativos se possam
distinguir claramente dos menos significativos.
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MÓDULO 3. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS
Exemplos/ferramenta 3.1: Exemplos de perigos que podem ocorrer na ORIGEM
Evento Perigoso Perigo associado
Bloom de Cianobactérias (origem de água superficial) Microcistinas e outro tipo de toxinas
Incêndios em terrenos adjacentes a Albufeiras Substâncias químicas perigosas
Descargas domésticas (ETAR, latrinas, fossas sépticas) a montante da captação Microrganismos patogénicos (coliformes totais, coliformes fecais) e
substâncias químicas perigosas
Descargas de Suiniculturas e outras explorações agrícolas Microrganismos patogénicos (Giardia spp, Cryptosporidium spp,
Enterovirus, etc.)
Contaminação da origem de água com enterovírus Enterovírus
Chuvas intensas que provocam aumento de turvação Microrganismos patogénicos e matéria orgânica
Descargas de águas residuais domésticas sem tratamento adequado Azoto e Fósforo
Descargas provenientes de atividades de transporte fluvial de mercadorias Substâncias químicas perigosas
A origem de água recebe efluentes sem tratamento provenientes de drenagem
de águas pluviais urbana
Hidrocarbonetos dissolvidos ou emulsionados
Metais pesados
A origem de água recebe matéria fecal proveniente de animais selvagens ou da
atividade pecuária circundante Microrganismos patogénicos (coliformes totais, coliformes fecais)
A origem de água recebe produtos fertilizantes ou agroquímicos provenientes da
atividade agrícola e florestal circundante Substâncias químicas perigosas (pesticidas)
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58 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplos/ferramenta 3.2: Exemplos de perigos que podem ocorrer no TRATAMENTO
Evento Perigoso Perigo
Contaminação por reagentes Substâncias químicas perigosas
Materiais inadequados em contacto com a água Substâncias químicas perigosas (ex. migração de Cloreto de
Vinilo a partir do PVC)
Ineficiência das Etapas de Tratamento Ex. Falha de Etapa de Filtração e consequente aumento da
concentração de Alumínio
Utilização de reagentes com impurezas Substâncias químicas perigosas (ex. presença excessiva de
mercúrio em Cloro liquido)
Contaminação com produtos utilizados na manutenção Substâncias químicas perigosas
Doseamento em excesso de floculante Acrilamida
Rotura de reservatório de água tratada Restrição ao abastecimento
Quantidade de água insuficiente para captação devido a redução prolongada do caudal
do rio por represamento de água nas barragens
Falta de água (para o processo de tratamento)
Falta de água (nos pontos de entrega)
Crescimento anormal de algas (fenómenos pontuais de eutrofização) Cianobactérias
Paragem ou inadequado doseamento de cloro devido a falhas técnicas/equipamento Microrganismos patogénicos/ Cloro residual baixo
Deficiente controlo de tempos de filtração Matéria orgânica
Turvação
Sobredoseamento de um reagente (ex. cloro) Sabor, cheiro e possibilidade de trihalometanos (subproduto do
cloro gás)
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 59
Exemplos/ferramenta 3.3: Exemplos de perigos que podem ocorrer na ADUÇÃO
Evento Perigoso Perigo
Rotura de conduta Microrganismos patogénicos e substâncias químicas perigosas
Revestimento inadequado para utilização em água de consumo humano Alumínio e outras substâncias químicas perigosas
Doseamento em excesso de desinfetante Trihalometanos (cloro gás) e outros subprodutos de desinfeção
Sabor, cheiro
Alterações significativas de caudal Ex. Aumento da Concentração de Manganês
Crescimento de Biofilme e respetivo desprendimento Ex. Espécies patogénicas de Mycobacterium; germes
Tempos de retenção elevados Microrganismos patogénicos e substâncias químicas
Paragem no abastecimento de água tratada devido a falhas técnicas Falta de água (nos pontos de entrega)
Ressuspensão de sedimentos acumulados no interior do reservatório Turvação
Microrganismos patogénicos (germes)
Contaminação da água por acesso de animais ao reservatório Microrganismos patogénicos (coliformes fecais, e.coli)
Qualidade da água inadequada devido a resíduos dos produtos de
higienização
Substâncias químicas perigosas
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60 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplos/ferramenta 3.4: Exemplos de perigos que podem ocorrer na DISTRIBUIÇÃO
Evento Perigoso Perigo
Contaminação por chumbo devido ao contacto com condutas de chumbo Chumbo
Contaminação por refluxo devido a ligações não autorizadas Microrganismos patogénicos
Más práticas de higiene, armazenamento e utilização da água no interior das casas Microrganismos patogénicos
Exemplos/ferramenta 3.5: Exemplos de situações que normalmente ocorrem em zonas rurais ou secundárias (Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
A latrina de apoio à habitação está
muito perto do furo de água,
aumentando a possibilidade de
contaminação da origem de água.
Sendo preferível implantar as
latrinas a pelo menos 30 metros da
origem de água/furo.
A lixiviação dos pesticidas, dos
fertilizantes ou do estrume pode ser um
risco para a qualidade da água da origem
em muitas zonas rurais. Se a lixiviação
desses contaminantes afetar a massa de
água, será necessário limitar o seu uso ou
delimitar uma zona de proteção da
captação de água.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 61
Exemplo/ferramenta 3.6: Decisão sobre a metodologia de avaliação de riscos mais adequada
No processo de avaliação de riscos pode utilizar-se uma abordagem quantitativa ou semiquantitativa, que compreende a consideração da
probabilidade de ocorrência/frequência e da severidade/consequência (ver Exemplo/ferramenta 3.6, 3.7 e 3.8), ou uma abordagem
qualitativa simplificada baseada no conhecimento dos especialistas da equipa do PSA (ver Exemplo/ferramenta 3.9 e 3.10). Um sistema de
abastecimento de água de pequena dimensão poderá exigir apenas uma decisão da equipa, enquanto num sistema mais complexo poderá
ser útil estabelecer uma abordagem de priorização de riscos semiquantitativa. Em qualquer caso, é conveniente registar o fundamento da
decisão para relembrar a equipa e/ou auditor da razão porque a decisão foi tomada.
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62 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 3.7: Abordagem da matriz de risco semiquantitativa (de Deere et al., 2001)
Severidade da Consequência
Insignificante ou
sem impacto
Classificação: 1
Impacto na conformidade menor
Classificação: 2
Impacto estético moderado
Classificação: 3
Impacto regulamentar grave
Classificação: 4
Impacto catastrófico na saúde pública
Classificação: 5
Pro
bab
ilid
ad
e o
u f
req
uên
cia
Quase certo / Uma vez por dia - Classificação: 5
5 10 15 20 25
Provável / Uma vez por semana Classificação: 4
4 8 12 16 20
Moderado / Uma vez por mês
Classificação: 3 3 6 9 12 15
Pouco provável / Uma vez por ano Classificação: 2
2 4 6 8 10
Raro / Uma vez em cada 5 anos
Classificação: 1 1 2 3 4 5
Pontuação do risco
Classificação do risco
<6 6-9 10-15 >15
Baixo Médio Alto Muito alto
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 63
Todos os riscos devem ser documentados no PSA e sujeitos a uma revisão regular, mesmo quando a probabilidade de ocorrência é rara e
a classificação de risco é baixa. Isto evitará que os ricos sejam esquecidos ou ignorados e permite à entidade gestora de abastecimento de
água documentar a sua atuação diligente se ocorrer qualquer incidente.
Exemplo/ferramenta 3.8: Cálculo do risco utilizando a matriz
Evento Entrada de agentes patogénicos por perda de integridade da rede devido a ligações ilegais
Severidade do evento e fundamento da pontuação
atribuída
5: Impacto na saúde pública, podendo ocasionar casos de doença e, possivelmente, mortes
Probabilidade da ocorrência e fundamento da pontuação atribuída
2: Existem medidas de controlo na rede de distribuição, mas ineficazes. Nos últimos cinco
anos ocorreram, pelo menos, dois eventos devido a ligações ilegais.
Pontuação 5 x 2 = 10 Risco elevado
Resultado O risco deve classificar-se como prioritário e devem ser adotadas medidas, incluindo rever os
controlos atuais, e determinar se é possível implementar controlos novos (ver Módulo 5).
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64 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 3.9: Resultados da avaliação de perigos e da avaliação de riscos utilizando a
abordagem semiquantitativa
Etapa do
processo
Evento perigoso
(origem do perigo) Tipo de perigo
Pro
babilid
ade
Severidade
Resultado Classificação
do risco
(antes de
considerar os
controlos)
Base
Origem
(águas
subterrâneas)
Defecação de gado nas
proximidades de um poço/furo
não vedado o que pode causar
uma potencial introdução de
agentes patogénicos num
evento de precipitação elevada
Microbiológico 3 5 15 Alto Potencial doença provocada por agentes
patogénicos do gado, tais como o
Cryptosporidium
Origem Mistura de pesticidas
provenientes de usos agrícolas
Químico 2 4 8 Médio Potencial introdução de substâncias químicas
tóxicas que podem provocar na água tratada
concentrações superiores ao estabelecido nas
normas nacionais e nas diretrizes da OMS
Reservatório Um reservatório sem cobertura
permite que os pássaros se
juntem no reservatório e
defequem na água tratada
Microbiológico 2 5 10 Alto Potencial doença provocada por agentes
patogénicos tais como a Salmonella e a
Campylobacter
Tratamento Não existe fonte de
alimentação elétrica alternativa
Microbiológico
e químico
2 5 10 Alto Potencial perda da eficiência de tratamento e
perda de pressão em bombas
Distribuição Fugas em adutoras e no
sistema de distribuição
Microbiológico 5 3 15 Alto As fugas são uma origem potencial de agentes
patogénicos microbianos (qualidade) e
contribuem para uma percentagem elevada de
água não contabilizada (quantidade)
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 65
Exemplo/ferramenta 3.10: Avaliação simplificada dos riscos baseada no parecer dos especialistas da
equipa do PSA
Uma alternativa a uma avaliação dos riscos baseada no modelo de probabilidade e severidade das consequências consiste em efetuar um
processo de avaliação dos riscos simplificado, baseado na opinião da equipa. Os riscos podem ser classificados de "significativos", "incertos"
ou "insignificantes", com base numa avaliação dos perigos/eventos perigosos em cada etapa do processo. Consequentemente, tal como
explicado nos Módulos 4 e 5, será necessário determinar se os riscos estão sob controlo, através de que medidas de controlo e, quando
necessário, determinar e pôr em marcha um programa de melhoria que poderá exigir medidas de mitigação de riscos a curto, médio e
longo prazo. É fundamental documentar quais as ocorrências que exigem uma atenção urgente.
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66 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 3.11: Definição de descritores a utilizar na abordagem simplificada de priorização
de riscos (aplicável, por exemplo, a sistemas rurais e comunitários)
Descritor Significado Notas
Significativo Claramente prioritário
(requer atenção urgente)
O risco deve ser analisado mais aprofundadamente para se estabelecer se são necessárias
medidas de controlo adicionais e se uma determinada etapa do processo deve ser elevada a um
ponto de controlo no sistema. É necessário validar as medidas de controlo existentes antes de se
definir se são necessárias medidas de controlo adicionais.
Médio Prioridade média
(requer atenção)
Não se verifica atualmente impacto/ interferência na segurança da água potável, mas requer
permanente atenção na operação do sistema e/ou na necessidade de eventuais melhorias a
médio e longo prazo para manter ou garantir o nível do risco associado baixo.
Insignificante Claramente não é uma
prioridade
Deve notar-se que o risco será descrito e documentado e, em anos futuros, será reconsiderado
como parte do programa de revisão contínua do PSA.
Incerto
Incerteza se o evento
comporta ou não um risco
significativo
Podem ser necessários estudos adicionais para compreender se o evento constitui realmente um
risco significativo ou não.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 67
Exemplo/ferramenta 3.12: Exemplos de escalas de probabilidade e severidade a utilizar na abordagem
simplificada de priorização de riscos (aplicável, por exemplo, a sistemas rurais e comunitários)
Descritor Descrição
Frequência
Provável Provavelmente irá ocorrer na maioria das circunstâncias; for observado regularmente (exemplo:
diariamente, semanalmente)
Possível Pode ocorrer em algum momento; foi observado ocasionalmente (exemplo: mensalmente, trimestralmente,
semestralmente)
Improvável Pode ocorre nalgum momento, mas não foi observado; pode ocorrer apenas em circunstâncias excecionais
Severidade da ocorrência
Impacto
significativo
Impacto significativo na qualidade da água; doença na comunidade associada ao abastecimento de água;
número elevado de reclamações; nível elevado de preocupação por parte dos
clientes/consumidores/utilizadores; violação grave dos requisitos regulamentares.
Impacto
moderado
Impacto moderado na qualidade da água (exemplo: associado a questões estéticas e não de saúde pública)
para uma percentagem elevada de consumidores/clientes; claro aumento do número de queixas/
reclamações; incómodo na comunidade; violação pequena dos requisitos regulamentares.
Impacto
reduzido/
insignificante
Impacto mínimo na qualidade da água (exemplo: associado a questões estéticas e não de saúde pública)
para uma percentagem pequena dos consumidores/clientes; algumas interrupções controláveis pela
operação; aumento das reclamações pouco significativas.
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68 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 3.13: Exemplo de matriz de risco a utilizar na abordagem simplificada de
priorização de riscos (aplicável, por exemplo, a sistemas rurais e comunitários)
Severidade da Consequência
Impacto
reduzido/insignificante Impacto moderado Impacto significativo
Freq
uên
cia
Provável Médio Alto Alto
Possível Baixo Médio Alto
Improvável Baixo Baixo Médio
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 69
Exemplo/ferramenta 3.14: Exemplo de uma zona de recolha de água a Norte da região de Karamoja no
Uganda (Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
Da situação retratada na imagem é possível identificar uma série de eventos
perigosos e perigos a que captação da água e a respetiva água recolhida
estão sujeitas. Alguns desses problemas são facilmente corrigidos, mas é
necessário liderança e compromisso da comunidade.
O recinto da captação é aberto de manhã e ao final do dia por um ancião
(do lado esquerdo da fotografia) que também supervisiona a recolha de
água. O recinto é delimitado por uma vedação de arbustos espinhosos, para
que os animais não consigam entrar. Os animais bebem água numa calha
na extremidade do dreno que drena a água para fora do recinto.
A água nesta região é escassa e as comunidades sofrem de várias doenças
causadas pela água.
Através da fotografia é possível identificar de forma direta alguns eventos
perigosos, nomeadamente, os vários recipientes usados para a recolha de
água têm grandes aberturas, tornando esses recipientes vulneráveis à contaminação da água após a recolha; o furo fornece uma quantidade
limitada de água e o tempo elevado de espera para a obtenção de água por parte das pessoas (fila dos recipientes), pode levar à utilização
de origens de água menos seguras perto das suas casas, especialmente durante a época das chuvas; confirmação de que os arredores do
recinto estão livres de defecação/fecalismo a céu aberto; o terreno onde se encontra o furo não está suficientemente inclinado para permitir
que a água não se acumule junto da captação, o que torna o abastecimento de água vulnerável a contaminação; a existência de animais
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
70 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
junto do recinto do furo pode causar a contaminação da água subterrânea através das suas fezes, o pastoreio e os bebedouros de água
dos animais devem estar localizados o mais afastado possível do furo; entre outros.
A equipa do PSA deve identificar os eventos perigosos e os perigos para cada fase do abastecimento de água potável (captação, recolha,
armazenamento em casa), fazendo as perguntas: O que pode correr mal? Como, quando, onde e porquê?
Exemplo/ferramenta 3.15: Priorizar os riscos e documentá-los para ação urgente ou revisão regular
Qualquer perigo que seja classificado como risco "elevado", "muito elevado" ou "significativo" deve ter, ou requer urgentemente, medidas
de controlo válidas (ou medidas de mitigação). Nos casos em que os controlos não são adequados deve ser estabelecido um programa de
melhoria. Qualquer perigo considerado "moderado" ou "de baixo risco" deve ser documentado e revisto regularmente. As medidas de
controlo para riscos "altos" ou "muito altos" podem também atenuar outros riscos.
Exemplo/ferramenta 3.16: A necessidade de trabalhar com as partes interessadas
A identificação de um perigo não significa que a entidade gestora de abastecimento seja responsável pela sua causa. Muitos perigos ocorrem
naturalmente ou são resultado da atividade agrícola ou industrial. A abordagem do PSA requer que as entidades gestoras de abastecimento
trabalhem com outras entidades para torná-las conscientes das suas responsabilidades e do impacto das suas ações na capacidade da
entidade gestora de serviços públicos para fornecer água para consumo humano "segura". A abordagem do PSA promove diálogo, educação
e ação colaborativa para eliminar ou minimizar os riscos.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 71
Exemplo/ferramenta 3.16: Póster ilustrativo de higiene e mudança de comportamento na comunidade
rural que permite a identificação de eventos perigosos e respetivos perigos para a saúde pública, República de Angola
(Assistência Técnica à Direcção Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento do Ministério da Energia e Águas República de Angola, Águas de Portugal Internacional, Financiamento UE via 10ºFED, 2013)
Fezes de seres humanos e animais são as principais fontes de contaminação da água. A
água fica contaminada quando os animais e pessoas defecam ao ar livre e quando as
latrinas não são usadas e mantidas de forma correta. As fezes entram na água e espalham
micróbios pelas pessoas que usam essa água.
A água contaminada pode vir através de rios, riachos, poços e é transportada para as
casas através de canalizações, jerricans, baldes ou outros recipientes (bóia, bacia de
plástico, etc.).
A água pode também ser contaminada quando:
Os recipientes que usamos para guardar a água não são lavados corretamente;
Tanques ou reservatórios de água não são cobertos para se protegerem de outras
contaminações;
O balde e a corda que são usados para puxar a água do poço estão em contacto com
alguma coisa suja (mãos, animais, terra).
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
72 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
A água pode aparecer suja quando está contaminada, mas mesmo transparente ela pode conter micróbios pondo em causa a saúde das
populações. Nem todas as fontes de água são de boa qualidade.
A água da chuva é de melhor qualidade quando cai do céu, mas pode ficar suja/contaminada quando escorre do telhado. A água subterrânea
pode ser de boa qualidade, mas pode estar contaminada com químicos ou com dejetos das latrinas. A água superficial é aquela que é de
menos qualidade porque está sujeita um maior número de situações e de fontes poluidoras, existem diferentes maneiras de ficar
contaminada.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 73
MÓDULO 3. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 3.1
Águas da Região de Maputo – ETA do Umbeluzi
A informação constante do diagrama de fluxo esquemático e o conhecimento do funcionamento do sistema constituíram as bases para a
identificação dos eventos perigosos e dos perigos que podem estar relacionados com a deterioração da qualidade da água ou com a
insuficiente quantidade de água disponível. Foram considerados todos os potenciais perigos biológicos, físicos, químicos, radiológicos,
restrição, interrupção ou fornecimento intermitente, e imagem da empresa afetada.
Posteriormente, procedeu-se a uma avaliação do risco associado a cada um dos perigos identificados, estabelecendo-se a probabilidade da
sua ocorrência, através de uma Escala de Probabilidade de Ocorrência e as consequências para a saúde da população abastecida, através
de uma Escala de Severidade das Consequências. As pontuações usadas para classificar a probabilidade de ocorrência foram atribuídas às
seguintes componentes do sistema: origem, sistema de tratamento, adução e centro de distribuição.
Todos os dados existentes relativamente à qualidade da água e do serviço foram compilados junto dos diferentes serviços e analisados.
Desta análise foi possível aferir sobre a probabilidade de ocorrência, os valores médios, mínimos e máximos registados, de acordo com o
histórico.
Com base nessa informação a AdeM construi duas matrizes de avaliação de risco, uma para a componente de qualidade de água e de
qualidade de serviço/aceitabilidade e outra para a componente de quantidade com base nos intervalos de tempo de distribuição (níveis de
serviço) da área operacional onde se encontra o centro distribuidor em estudo.
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74 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Todos os riscos que sejam classificados com um nível superior ou igual a 6, ou que tenham uma severidade catastrófica, conduzem à
conclusão de que a respetiva fase do processo constitui um Ponto de Controlo (PC), sendo necessário que se defina a monitorização
operacional das respetivas medidas de controlo, bem como a verificação da eficácia.
Para evitar discrepâncias e incoerências na atribuição de níveis de probabilidade e severidade, após proceder ao passo de avaliação dos
riscos, procedeu-se a vários testes de coerência, cruzando os níveis de risco atribuídos colocando questões como:
Os perigos que têm o mesmo nível de probabilidade são comparáveis?
Os perigos que têm o mesmo nível de severidade são comparáveis?
Quando o mesmo perigo é avaliado em locais ou etapas diferentes e apresenta diferenças quanto aos níveis atribuídos, essas diferenças
fazem sentido?
Caso de Estudo 3.2
Sunpadali, Nepal
(Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
Quando o PSA foi iniciado em Sunpadali, Nepal, em 2008, foram levantadas algumas questões sobre a qualidade da água da origem quando
se verificou que as ações implementadas não tinham efeito na redução de surtos ocasionais de febre tifoide na comunidade/ população. A
área onde se encontrava a origem de água parecia intacta, mas do desconhecimento do comité de água de Sunpadali, cerca de 10 famílias
pobres tinham-se estabelecido a cerca de 100 metros de altitude acima do ponto de consumo da origem de água. Descobriu-se ainda que
essas famílias praticavam fecalismo a céu aberto.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 75
O comité de água de Sunpadali e o governo local (que permitiu que essas pessoas se estabelecessem naquela zona) ajudou a comunidade
na construção de latrinas e instaurou um processo, com maior regularidade, de controlo e fiscalização sanitária da água da origem e da
área recém-estabelecida por aquela comunidade. Desde então, tem-se verificado uma melhoria da qualidade de água da origem,
nomeadamente em termos de contaminação microbiológica (H. Heijnen, comunicação pessoal, 2010).
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76 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Módulo 4
Determinar e Validar as Medidas
de Controlo, Reavaliar e Priorizar os
Riscos
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 77
Introdução
Simultaneamente com a identificação dos perigos e a avaliação dos riscos, a equipa do PSA deve documentar as medidas de controlo
existentes e potenciais. Neste contexto, a equipa deve considerar se os controlos existentes são eficazes. Dependendo do tipo de controlo,
isso pode ser efetuado através da inspeção das instalações, da especificação do fabricante ou por dados de monitorização. Os riscos devem
então ser novamente calculados em termos de probabilidade e consequência, levando em conta todas as medidas de controlo existentes.
A redução do risco alcançada por cada medida de controlo será uma indicação da sua eficácia. Se a eficácia do controlo não for conhecida
no momento da avaliação inicial dos riscos, o risco deve ser calculado como se o controlo não estivesse implementado. Todos os riscos
remanescentes após se terem considerado todas as medidas de controlo e que a equipa do PSA considera inaceitáveis devem ser analisados
tendo em vista a adoção de medidas corretivas adicionais.
As medidas de controlo (também referidas como "barreiras" ou "medidas de mitigação de riscos") são etapas no sistema de abastecimento
de água para consumo humano que afetam diretamente a sua qualidade e garantem que a água cumpre permanentemente as metas de
qualidade estabelecidas. São atividades e processos aplicados para reduzir ou diminuir os riscos.
Ações-Chave
Identificar os controlos
As medidas de controlo existentes devem ser determinadas para cada um dos perigos e eventos perigosos identificados. Os controlos em
falta, ou seja, os que são necessários, mas não estão implementados de forma a diminuir os riscos, devem ser claramente documentados
e abordados, tal como se explica seguidamente.
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78 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Validar a eficácia dos controlos
A validação é o processo de obtenção de evidências do desempenho das medidas de controlo. Para muitas medidas de controlo, a validação
exigirá um programa intensivo de monitorização para demonstrar a sua eficácia em circunstâncias normais e excecionais. Isto não deve
ser confundido com a monitorização operacional, que demonstra que o controlo validado continua a funcionar eficazmente. A eficácia de
cada medida de controlo não deve ser determinada de forma isolada no seu ponto do conjunto do sistema de abastecimento de água, uma
vez que o desempenho de um controlo pode influenciar o desempenho de controlos subsequentes. Se uma medida de controlo está a ser
aplicada há já algum tempo, a entidade gestora de abastecimento de água poderá ter dados operacionais suficientes para confiar na não
necessidade de monitorização adicional de validação.
Os dados técnicos de bibliografia científica ou os dados de estudos de estações piloto de tratamento de água podem ser úteis no processo
de validação, mas deve tomar-se cuidado em verificar se as circunstâncias descritas na bibliografia ou resultantes dos estudos piloto são
iguais ou muito semelhantes às dos riscos que se decidiu ser necessário adotar medidas de controlo. A validação pode também ser efetuada
introduzindo na água organismos ou substâncias químicas representativas do perigo e determinando a eficácia da medida de controlo na
sua eliminação ou inativação, embora este procedimento não deva ser utilizado quando a água se destina ao consumo humano. Na validação
das medidas de controlo podem aplicar-se diversas metodologias. Por exemplo, a validação das distâncias de segurança e das cercas de
proteção numa captação pode ser executada através de inspeções sanitárias para assegurar que o risco de entrada de agentes patogénicos
microbianos na captação de água seja mínimo; e uma fonte de energia alternativa, fornecida através de um gerador de emergência no
local, pode ser validada demonstrando que é ativada quando se verifica uma falha de energia e que a sua potência de saída é suficiente
para executar o processo exigido.
Durante as operações, é fundamental monitorizar a eficácia dos controlos validados tendo como base metas ou "limite críticos" predefinidos
(ver o módulo 6 sobre monitorização operacional). Estas metas podem ser expressas como limites superiores e/ou inferiores. Por exemplo,
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 79
se uma medida de controlo for a "manutenção de uma concentração contínua de cloro residual", um limite crítico poderá ser expresso como
a água que cumpre um nível de cloro residual de 0.2-0.5 mg/l, um pH de 6.5-7.0 e uma turvação de <1 NTU.
Reavaliar os riscos, considerando a eficácia dos controlos
Os riscos devem ser calculados novamente em termos de probabilidade de ocorrência e consequência, tendo em conta a eficácia de cada
medida de controlo. É necessário considerar as medidas de controlo não só relativamente ao seu desempenho a médio e longo prazo, mas
também tendo em conta o seu potencial para falharem ou tornarem-se ineficazes num espaço curto de tempo. É importante assinalar, em
cada sistema de abastecimento de água em particular, os riscos significativos para os quais não existem medidas de controlo, como riscos
significativos pendentes. A determinação das medidas de controlo necessárias para cobrir estas lacunas é fundamental e é discutida no
Módulo 5.
Estabelecer a prioridade de todos os riscos identificados
A prioridade dos riscos deve ser estabelecida em termos do seu impacto na capacidade do sistema de abastecimento fornecer água "segura".
Os riscos de prioridade elevada podem requerer a alteração ou melhoria do sistema para alcançar as metas de qualidade da água. Os riscos
de prioridade menor podem, com frequência, ser minimizados com a aplicação sistemática de boas práticas de rotina.
Segundo se descreve no Módulo 5, um plano de ação ou de melhoria deve ser desenvolvido para se lidar com todos os riscos não controlados
e prioritários. Os planos de melhoria devem identificar quem é responsável pelas melhorias e estabelecer um prazo adequado para a
implementação desses controlos.
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80 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Convém distinguir entre medidas de mitigação de riscos a curto prazo (por exemplo, difusão de avisos, limitação da produção ou não
utilização de uma determinada origem) e medidas de diminuição dos riscos a médio e longo prazo (por exemplo, a melhoria das atividades
de consulta às comunidades, medidas na bacia de captação, tais como cobertura dos reservatórios de armazenamento de água bruta;
melhorias nos processos de tratamento, tais como afinação da filtração e coagulação; e outros projetos de investimento em instalações).
Desafios Típicos
Determinar as responsabilidades do pessoal a quem serão atribuídas tarefas de executar os trabalhos de campo para identificar os
perigos e determinar as medidas de controlo;
Assegurar a correta identificação de medidas de controlo que sejam rentáveis e sustentáveis;
Incerteza no estabelecimento da prioridade dos riscos devido à indisponibilidade de dados, a um conhecimento insuficiente de
atividades na cadeia de abastecimento de água e sua contribuição relativa para o tipo de perigo gerado pelo evento perigoso, bem
como a pontuação do risco do evento.
Resultados
1. Determinação das medidas de controlo.
2. Validação da eficácia das medidas de controlo.
3. Identificação e priorização dos riscos insuficientemente controlados.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 81
MÓDULO 4. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 4.1: Medidas de controlo típicas associadas aos perigos na ORIGEM
Restrição de acesso à captação de água
Propriedade e controlo da água na bacia da captação por parte da entidade gestora do sistema de abastecimento de água
Vedação para gado
Afastar o gado do acesso ao rio em épocas de procriação
Códigos de boas práticas para a utilização de substâncias químicas agrícolas e espalhamento de estrumes
Afastar as explorações agropecuárias das localizações sensíveis
Local de implantação das latrinas (afastado das captações de água/ origem de água)
Acordos e comunicação com entidades responsáveis pela gestão das origens
Comunicação e educação das entidades interessadas na utilização da bacia da captação
Normas de descarga para efluentes industriais e controlo de caudais
Armazenamento de água bruta
Capacidade de fechar as tomadas de água (informação do tempo de percurso)
Cobrir e proteger as nascentes
Capacidade de utilizar outras origens de água alternativas de boa qualidade quando uma origem se vê afetada por algum perigo
Monitorização contínua das captações e dos rios
Inspeções in situ
Inspeções internas periódicas de poços e furos
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82 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 4.2: Medidas de controlo típicas associadas aos perigos no TRATAMENTO
Processos de tratamento validados e controlados
Alertas de limites de operação
Gerador de reserva (energia)
Pessoal formado (competência dos operadores)
Procedimentos e políticas de aquisição de bens e serviços
Vedações, instalações fechadas, alarmes de intrusão
Duplicação dos sistemas de comunicação
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 83
Exemplo/ferramenta 4.3: Medidas de controlo típicas associadas aos perigos na rede de DISTRIBUIÇÃO
Inspeções regulares dos reservatórios (externas e internas)
Cobrir os reservatórios de serviço descobertos
Manter atualizados os mapas da rede de distribuição
Conhecer o estado das válvulas
Procedimentos e políticas de aquisição de bens e serviços
Procedimentos de reparação das condutas adutoras
Pessoal formado (competências dos operadores)
Procedimentos de higiene
Segurança das bocas-de-incêndio
Válvulas de retenção
Monitorização e registo da pressão
Proteção de condutas
Vedações, tampas de acesso trancadas e alarmes de intrusão para os reservatórios e torres de serviço
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84 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 4.4: Medidas de controlo típicas associadas aos perigos nas instalações dos
CONSUMIDORES
Inspeções de edifícios
Educação e sensibilização do consumidor para a recolha, armazenamento e utilização da água em casa
Controlo da dissolução do chumbo
Válvulas de retenção
Recomendação para ferver/não utilizar a água
Limpeza e higienização dos reservatórios no interior das habitações
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Exemplo/ferramenta 4.5: Limites críticos e ações relativas aos perigos microbiológicos
Perigos e Eventos Perigosos Exemplos de medidas de controlo Limite crítico previsto Limite crítico acionador de
medidas de controlo
Perigos microbiológicos por
contaminação de um
reservatório de serviço
Assegurar que as tampas de
inspeção estão colocadas
Assegurar que as calhas técnicas e
os ventiladores estão protegidos
contra a entrada de parasitas e
vermes
Tampas de inspeção corretamente
fechadas e com proteção anti
vermes e parasitas intacta
Tampas de inspeção fora do lugar
ou não corretamente fechadas ou
danos na proteção anti vermes e
parasitas
Perigos microbiológicos por
contaminação de um
reservatório de água bruta
Proteção da bacia de captação da
presença de gado e de habitação
humana
Vedar o acesso de gado a linhas e
cursos de água da bacia de captação
Na bacia de captação apenas
existem atividades ou
desenvolvimentos permitidos e as
vedações para o gado estão
intactas
Qualquer atividade ou
desenvolvimento não permitidos na
bacia de captação e qualquer dano
nas vedações para o gado
Perigos químicos,
microbiológicos e físicos que
ultrapassam a capacidade de
tratamento
Interrupção da captação de água
bruta durante os períodos de
contaminação elevada, p. ex., após
eventos de elevada precipitação
Monitorização das ocorrências de
chuva, do caudal e da turvação nos
intervalos normais
A monitorização das ocorrências de
chuva, do caudal e da turvação
mostra que estão fora dos
intervalos normais
Perigos químicos de
cianotoxinas derivados da
proliferação de algas no
reservatório de água bruta
Mistura de águas armazenadas para
reduzir as concentrações de
cianobactérias
O sistema de mistura funciona
quando for necessário
O sistema de mistura falha e há
formação de estratificação
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86 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 4.6: Formato para obtenção de informações de validação
Item validado Validação Referência
Valores limite críticos de
cloro residual
O Regulamento sobre a Qualidade da Água para Consumo Humano
recomenda que as concentrações estejam entre 0,2 e 0,5 mg/l de cloro
residual livre.
Regulamento sobre a Qualidade da Água
para Consumo Humano
Valores do limite crítico de
efluentes filtrados
Os sistemas de filtração devem assegurar que a turvação não excede 1
NTU e 0,3 NTU para filtração convencional ou direta em pelo menos
95% das amostras diárias em qualquer mês.
Regulamentos Nacionais da Água para
Consumo Humano da Agência de
Proteção Ambiental dos EUA (2002)
Limites críticos para tempo
de percurso de percolação
subterrânea
A localização e a profundidade dos poços deve assegurar tempos de
percurso mínimos da água no solo de 30 dias (tal como demonstrado
num programa de observação de dois anos em que se analisou uma
sequência de poços de observação) para assegurar a eliminação de até
<1 µg/L de toxinas, mesmo durante florescências prolongadas de
cianobacterias com >1000 µg/L de toxinas no rio.
Relatórios internos que documentem a
análise dos dados de um estudo de dois
anos em poços de produção e
observação.
Limite crítico de turvação na
saída de cada unidade de
filtração rápida
Um programa de investigação realizado por cinco entidades gestoras
durante dois anos demonstrou que os oocistos de Cryptosporidium
permanecem abaixo dos limites de deteção se os filtros forem operados
de modo a cumprir este limite crítico de turvação.
Relatório do projeto do programa
conjunto de investigação. O método
analítico teve que cumprir a meta de
desempenho para que o resultado fosse
aceite.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 87
Exemplo/ferramenta 4.7: Validar os controlos antes de estabelecer a prioridade dos riscos para
mitigação
Só é possível reavaliar e estabelecer a prioridade dos riscos após a validação das medidas de controlo. A validação inicial de controlos pode
ser executada através de uma monitorização intensa, exceto se os controlos tiverem demonstrado a sua eficácia ao longo do tempo. Se for
óbvio que o sistema precisa de ser melhorado para alcançar os objetivos relevantes de qualidade da água, deverá ser desenvolvido e
implementado um plano/ ações de melhoria.
Exemplo/ferramenta 4.8: Manter coerência na reavaliação e classificação dos riscos
Adotar previamente uma metodologia de avaliação dos riscos coerente, tal como efetuado no Módulo 3;
Definir, especificamente, o que o constitui o perigo em termos de:
o Probabilidade de ocorrência do perigo, considerando a eficácia dos controlos existentes;
o Consequência da ocorrência do perigo;
o Probabilidade que o perigo tem de afetar a segurança e continuidade do abastecimento de água;
o Local e momento em que o perigo pode ocorrer.
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88 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 4.9: Estabelecer limites de fronteira para priorizar os riscos
A equipa do PSA deve estabelecer um limite de fronteira, acima do qual os riscos reavaliados irão exigir medidas adicionais, e abaixo do
qual continuarão a serão revistos regularmente. No Exemplo/ferramenta 3.6, toma-se o valor de 6 como limite de fronteira, mas,
adicionalmente, deve ser documentado e revisto regularmente qualquer risco que inclua uma classificação de consequência catastrófica,
mesmo que a sua probabilidade seja rara. A classificação do risco de baixo a muito elevado pode ser bastante subjetiva, mas deverá ajudar
a estabelecer a prioridade de riscos a exigir medidas com maior urgência.
Exemplo/ferramenta 4.10: Resultado da avaliação e determinação de perigos e da validação das
medidas de controlo
Evento
Perigoso
Tipo de
Perigo
Probabilidade Severidade Risco Medida de
controlo
Eficácia da medida de
controlo
Fundamento
Defecação de
gado seguida
de
precipitação
elevada
Microbiológico
(agentes
patogénicos)
3 5 15
Filtração da
água
Recomendação
de ferver a água
(ação corretiva)
Controlo de protozoários
através de filtração
validado pelos dados do
fabricante sobre a
dimensão dos poros e a
análise da presença de
oocistos – Etapa de
Filtração
Surtos de
doença
transmitidos
pela água
verificados em
situações
semelhantes
Etc.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 89
Exemplo/ferramenta 4.11: Lidar com a incerteza na classificação dos riscos
A incerteza na classificação do risco para cada um dos perigos e eventos perigosos pode ser determinada por investigações adicionais que
podem ser incorporadas no PSA.
Etapa Captação
Evento Lixiviação de águas provenientes de terrenos tais como explorações agropecuárias abandonadas ou solos
contaminados e escoamento de compostos hidrossolúveis para as origens de água.
Fundamento Apesar dos fatores de diluição serem significativos, não existem dados de monitorização disponíveis nem
barreiras que protejam deste perigo. Se estiverem presentes pesticidas em concentrações elevadas, poderá
haver um potencial risco para a saúde.
Possíveis investigações
para reduzir a incerteza
1. Efetuar uma inspeção sanitária com atenção especial à utilização de pesticidas e aos locais profundos,
especialmente os situados na proximidade de pulverizações de pesticidas.
2. Efetuar uma monitorização dos pesticidas na tomada da água em condições normais e de perigo.
Utilidade prática da
investigação
1. Utilidade prática elevada, com custos reduzidos, podendo ser combinada com outros estudos a executar
por outras entidades envolvidas.
2. Utilidade prática elevada, mas com custos elevados.
Resultado A equipa do PSA recomenda qual das opções anteriores deve ser executada, por quem, quando e a que custo.
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90 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 4.12: Priorização e reavaliação dos riscos
Peri
go Evento
perigoso
(origem do
perigo)
Pro
babilid
ade
Severi
dade
Resultado
Classificação do
risco
(ver tabela
3.6)
Exemplo de medida de controlo Validação da medida de
controlo
Reavaliação do
risco após o seu
controlo
Mic
robio
lógic
o
Método de
desinfeção
inadequado
3 4 12 Alto Melhorar o método de desinfeção (a
longo prazo).
Minimizar a entrada de contaminação no
sistema e prolongar os tempos de
retenção no reservatório (a curto prazo).
Instalar alarmes que sejam acionados
quando o nível de desinfetante for baixo.
Alarmes eficazes e
demonstração de eliminação
consistente de organismos
indicadores em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Quím
ico
Formação de
subprodutos
da desinfeção
em
concentraçõe
s que
excedem os
valores de
referência
3 3 9 Médio Reduzir o tempo de permanência da
água em reservatórios a jusante,
quando possível, em períodos de
reduzida procura de água.
Redução sistemática de
subprodutos da desinfeção em
diversas condições de
funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 91
Peri
go Evento
perigoso
(origem do
perigo)
Pro
babilid
ade
Severi
dade
Resultado
Classificação do
risco
(ver tabela
3.6)
Exemplo de medida de controlo Validação da medida de
controlo
Reavaliação do
risco após o seu
controlo
Mic
robio
lógic
o
Desinfeção
menos eficaz
devido a
elevada
turvação
4 4 16 Muito alto Melhorar os processos de clarificação e
filtração (a longo prazo).
Instalar alarmes que sejam acionados
quando o nível de desinfetante for baixo.
Alarmes eficazes e
demonstração de eliminação
consistente de organismos
indicadores em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Mic
robio
lógic
o Anomalia
grave /
avaria na
estação de
desinfeção
2 5 10 Alto Reparação das instalações de cloragem
para se conseguir que os equipamentos
e processos tenham uma fiabilidade de
99,5%.
Instalar alarmes que sejam acionados
quando o nível de desinfetante for baixo.
Alarmes eficazes e
demonstração de eliminação
consistente de organismos
indicadores em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Mic
robio
lógic
o Fiabilidade da
estação de
desinfeção
inferior à
meta de
99,5%.
3 4 12 Alto Definição de intervalos de dosagem de
cloro com associação a alarmes.
Alarmes eficazes e
demonstração de eliminação
consistente de organismos
indicadores em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
92 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Peri
go Evento
perigoso
(origem do
perigo)
Pro
babilid
ade
Severi
dade
Resultado
Classificação do
risco
(ver tabela
3.6)
Exemplo de medida de controlo Validação da medida de
controlo
Reavaliação do
risco após o seu
controlo
Mic
robio
lógic
o
Avaria das
plantas de
desinfeção
por UV
3 4 12 Alto Instalação de alarmes para cortes de
energia.
Alarmes acionados em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Mic
robio
lógic
o
Cloro residual
baixo em
redes e
sistemas de
distribuição
4 4 16 Muito alto Local de referência concebido para se
alcançar uma concentração de cloro
residual pré-estabelecida para alcançar
os padrões microbiológicos nos pontos
de consumo, associado a alarmes.
Alarmes eficazes e
demonstração de eliminação
consistente de organismos
indicadores em diversas
condições de funcionamento
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Mic
robio
lógic
o
Falha de
energia na
estação de
desinfeção
2 5 10 Alto Duplicação da fonte de alimentação. Confirmação de que o
abastecimento elétrico procede
de diferentes fontes de
geração. Comprovação de que
a comutação automática da
fonte de energia é acionada
em diversas condições de
funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 93
Peri
go Evento
perigoso
(origem do
perigo)
Pro
babilid
ade
Severi
dade
Resultado
Classificação do
risco
(ver tabela
3.6)
Exemplo de medida de controlo Validação da medida de
controlo
Reavaliação do
risco após o seu
controlo
Fís
ico,
quím
ico,
mic
robio
lógic
o
Contaminaçã
o das
substâncias
químicas
utilizadas ou
abasteciment
o e adição de
substâncias
químicas
erradas
2 4 8 Médio Controlos de monitorização em linha.
Certificado de análises laboratoriais do
fornecedor.
Auditoria intensiva dos
fornecedores. Alarmes
acionados em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Quím
ico Dosagem
excessiva ou
deficitária de
fluor
3 3 9 Médio As estações possuem alarmes de
concentrações altas e baixas e um
sistema de interrupção de dosagem para
níveis elevados.
Alarmes acionados em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Quím
ico,
físic
o
Dosagem
excessiva ou
deficitária de
cal para
ajuste do pH
3 3 9 Médio As estações possuem alarmes de pH
altos e baixos e um sistema de
interrupção de dosagem para elevados
valores de pH.
Alarmes acionados em diversas
condições de funcionamento.
Baixo, com
monitorização
operacional
adequada.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
94 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Peri
go Evento
perigoso
(origem do
perigo)
Pro
babilid
ade
Severi
dade
Resultado
Classificação do
risco
(ver tabela
3.6)
Exemplo de medida de controlo Validação da medida de
controlo
Reavaliação do
risco após o seu
controlo
Fís
ico Avaria das
bombas
4 3 12 Alto Um medidor de pressão ativa o
funcionamento de bombas de reserva
(não instalado.)
Nenhum controlo. Alto, prioridade
para redução.
Quím
ico
O nitrato
excede as
normas de
conformidade
3 2 6 Médio Mistura com água de baixo teor de
nitratos procedente de outro
abastecimento de água. (A origem
alternativa tem ela própria níveis
crescentes de nitrato e está sujeita a
outras procuras.)
Controlo ineficaz a longo
prazo.
Médio, rever
regularmente a
tendência e
propor um
esquema de
redução do risco
alternativo.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 95
Exemplo/ferramenta 4.13: Pósteres ilustrativos de higiene e mudança de comportamento na
comunidade rural que possibilitam a identificação de algumas medidas de controlo que permitem a redução da ocorrência de perigos na água para consumo, República de Angola
(Assistência Técnica à Direção Nacional de Abastecimento de Água e Saneamento do Ministério da Energia e Águas República de Angola, Águas de Portugal Internacional, Financiamento UE via 10ºFED, 2013)
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96 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 4. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 4.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO – ETA DO UMBELUZI
A identificação das medidas de controlo baseia-se no tipo de evento ocorrido, do perigo associado e do nível de risco em causa. Existem
inúmeras situações para as quais já existem medidas de controlo implementadas. Sempre que o nível de risco seja Elevado ou Muito
Elevado, obrigatoriamente deverá ser implementada uma medida de controlo para o minimizar ou reduzir até um nível aceitável. Para
qualquer nível de risco baixo, nos quais a severidade é máxima, deve garantir-se que o PSA contempla igualmente a situação em causa.
Após a primeira avaliação dos riscos, identificam-se as medidas de controlo implementadas ou a implementar no sistema. Se as medidas
de controlo já se encontrarem implementadas, o nível de risco associado é calculado em função da eficácia da medida em causa. Caso
contrário analisa-se em quanto é que o risco pode ser deduzido se a medida de controlo for implementada. Posteriormente far-se-á uma
análise de custo-benefício para aferir sobre a possibilidade de implementação da medida (plano de melhoria).
Para a validação das medidas de controlo é necessário obter evidência do seu desempenho. De notar que este processo se revela
particularmente difícil na ausência de histórico de incidentes, pelo que se procurou, sempre que possível, recorrer a referências
bibliográficas. Em certos casos, considerou-se que se uma dada medida de controlo está a funcionar há já algum tempo, o histórico dos
dados de operação fornece confiança suficiente sobre o desempenho da mesma, sem que seja necessário recorrer a mais alguma forma de
validação.
De notar que a avaliação dos riscos foi efetuada para o cenário de todas as medidas de controlo existentes estarem em pleno funcionamento
e o facto da maior parte do histórico se reportar a estas condições.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 97
Nos casos em que se entendeu ser necessário implementar outras medidas de controlo, os riscos foram então recalculados em termos de
probabilidade e severidade, tendo em conta todas as medidas de controlo, as existentes e as adicionais. A redução conseguida no nível de
risco fornece indicação quanto à eficácia dessas novas medidas.
Evento perigoso
(origem do perigo) Perigo
Pro
babilid
ade
Severi
dade
Ris
co
Ponto
Crítico
Exemplo de medida de controlo Validação da medida de controlo
Lixiviação de
águas residuais
domésticas sem
tratamento
adequado
Microorga
nismos
patogénic
os
3 4 12 S Etapa de Pré-oxidação
Eficaz para a contaminação
microbiológica. Tem de ser analisada a
produção de Trihalomentanos dado a
utilização de cloro gasoso na pré-
oxidação.
Efluentes da
indústria de
extração de
inertes
Turvação 4 2 8 S
Processo de tratamento ETA1, ETA2 e
ETA3 (etapas de clarificação da água
floculação/coagulação, decantação,
filtração)
Caso a turvação na água tratada não
alcance o VP aceitável. O Regulador
permite o fornecimento de água com
níveis de turvação mais elevados desde
que sejam emitidos alertas à população
Avaria no
sistema de
doseamento de
floculante
Matéria
orgânica e
sólidos
2 3 6 S
Manutenção preventiva
Bombas de reserva
Controlo das condições das etapas de
decantação e filtração
Plano de Manutenção
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
98 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Caso de Estudo 4.2
TOWN OF MPIGI, UGANDA (Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
A cidade de Mpigi no Uganda tem como origem de água uma massa de água superficial que tem por sua vez um sistema de tratamento
completo. O operador de água/ entidade gestora responsável por este sistema teve conhecimento que alguns habitantes da cidade lavavam
os seus veículos naquela massa de água junto ao local da captação de água.
O operador de água/ entidade gestora, em cooperação com as autoridades locais, desenvolveu um plano para tentar ultrapassar esta
situação. Colocaram sinais na zona da captação e ao longo da massa de água a proibir este tipo de comportamento.
O operador de água/ entidade gestora trabalhou ainda juntamente com as autoridades locais para informar a população dos riscos para a
qualidade de água para consumo humano associados a estas práticas. Por outro lado, foram realizados controlos aleatórios de alguns
pontos ao longo da massa de água para prevenir este tipo de práticas e comportamentos e para sensibilizar a população para os riscos
desses comportamentos.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 99
Módulo 5
Desenvolver, Implementar e Manter um Plano de Melhoria
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
100 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Introdução
Se na etapa anterior forem identificados riscos significativos para a segurança da água e se demonstrar que os controlos existentes não
são eficazes ou não estão presentes, deve ser implementado um plano de melhoria. Cada melhoria identificada necessita de um
"responsável" que assuma a responsabilidade pela sua implementação e uma data para a sua execução. A avaliação pode não resultar
automaticamente na necessidade de um investimento de capital. Em algumas circunstâncias, poderá ser apenas necessário rever,
documentar e formalizar as práticas que não estão a funcionar e referenciar as áreas onde as melhorias são necessárias. Noutros casos,
poderão ser necessários novos ou melhorados controlos ou modificações significativas no sistema ou na infraestrutura.
Os planos de melhoria podem incluir programas a curto, médio ou longo prazo. Podem ser necessários recursos significativos, pelo que
deve ser efetuada uma análise detalhada e uma definição cuidadosa das prioridades de acordo com a avaliação do sistema. Pode também
ser oportuno estabelecer prioridades para realizar a melhoria e faseá-la no tempo.
A implementação dos planos de melhoria deve ser monitorizada para confirmar que as melhorias foram realizadas e são eficazes e que se
efetuaram as atualizações pertinentes ao PSA. Deve ter-se em consideração que a introdução de novos controlos pode introduzir novos
riscos no sistema.
Ações-Chave
Elaborar um plano de melhoria
Identificar no plano de melhoria a curto, médio e longo prazo as medidas de mitigação ou controlo para cada risco significativo,
reconhecendo que essas medidas podem controlar também outros riscos menos significativos ou que podem introduzir novos perigos no
sistema.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 101
Implementar um plano de melhoria
Atualizar o PSA, incluindo, nessa versão, o cálculo dos riscos tendo em conta a(s) nova(s) medida(s) de controlo.
Desafios Típicos
Assegurar que o PSA se mantém atualizado;
Assegurar os recursos financeiros necessários;
Falta de recursos humanos, incluindo especialização técnica, para planear e implementar as atualizações necessárias;
Garantir que o programa de melhoria não introduz novos riscos.
Resultados
1. Desenvolvimento de um plano de melhoria ou ações de melhoria para cada risco significativo não controlado.
2. Implementação do plano de melhoria de acordo com a calendarização prevista das atividades a curto, médio e longo prazo.
3. Monitorização da implementação do plano ou ações de melhoria.
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102 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 5. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 5.1: Checklist das questões a considerar ao desenvolver um plano de melhoria
Opções para reduzir os riscos
Responsabilidade pelo programa de melhoria (responsável do processo)
Financiamento
Obras em instalações
Formação
Melhoria dos procedimentos operacionais
Programas de consulta à população
Investigação e desenvolvimento
Desenvolvimento de protocolos para determinados incidentes
Comunicação e relatos/ experiência
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 103
Exemplo/ferramenta 5.2: Ações e responsabilidades de um plano de melhoria da qualidade da água para
consumo humano
Evento
Perigoso
Planear Fazer
Plano/ Ação de
melhoria
Como Quem (responsável) Quando Custo
estimado
(€)
Risco Final
Previsto
Gado tem acesso
ao furo de água e
à área envolvente,
o que pode
resultar na
contaminação
fecal da água para
consumo
Retirar o gado da
zona de captação
de água
Colocar ou reparar a
vedação à volta da
captação de água
Senhor Acácio com a
equipa do Comité de
Água
Colocação ou
reparação em
Janeiro de 2015
$175 em
materiais
Reduz o perigo
para valores
baixos
Acesso ao
reservatório de
água tratada por
animais que pode
causar a
contaminação da
água
Eliminar a
potencial
contaminação da
água tratada
armazenada
Colocação de uma
cobertura ou reparação da
cobertura existente.
Implementação de um
plano de inspeção (que
inclua todo os
reservatórios/depósitos) e
a elaboração de um
formulário de inspeção
Senhor Acácio para
colocar ou reparar a
cobertura.
Um elemento do Comité
de Água para elaborar o
formulário e para
efetuar as inspeções
Colocação ou
reparação em
Fevereiro de 2015.
Elaboração dos
formulários em
Fevereiro de 2015.
Dar início às
inspeções no
segundo trimestre
de 2015
$50 para
reparar
$250 colocar
a cobertura
Reduz o perigo
para valores
baixos
É importante monitorizar a implementação das medidas de controlo/ ações identificadas, para garantir a sua operacionalização.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
104 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 5. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 5.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO – ETA DO UMBELUZI
O PSA permitiu a identificação de melhorias, com o objetivo de aumentar a fiabilidade do sistema e minimizar as vulnerabilidades do
mesmo. Na identificação/caracterização do sistema e após o estabelecimento do risco, algumas melhorias foram identificadas. Para além
destas melhorias e considerando-se que na generalidade, as ações corretivas estabelecidas para os limites críticos definidos são adequadas
para a redução dos perigos identificados, algumas situações foram identificadas como possíveis eventos perigosos que poderiam levar à
ocorrência de perigos inesperados. Para mitigar tais riscos de ocorrência, foi desenvolvido um Plano de Ação que contempla diferentes
ações (protocolos de comunicação, condicionamento de zonas sensíveis ou de acesso restrito, melhorias dos sistemas de supervisão e
controlo operacional, etc.), contendo as atividades a serem desenvolvidas, os responsáveis por cada ação, os prazos de conclusão, o custo
associado e o risco final após a sua implementação, enquadrados no Plano de Investimentos da empresa.
O estabelecimento de prioridades na aplicação do investimento é efetuado de acordo com o risco associado da ocorrência do perigo ou do
evento perigoso.
Atualmente o investimento é efetuado após a ocorrência do evento perigoso ou do perigo, pretende-se com o PSA que as melhorias sejam
efetuadas sempre com a perspetiva de prevenção.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 105
Caso de Estudo 5.2
AUSTRÁLIA (Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
Como parte do plano de melhoria, estava previsto a instalação de um contador de água por
membros da comunidade. Antes da implementação do PSA, a comunidade não tinha meios
eficazes para medir ou quantificar corretamente a quantidade de água que era captada ou
usada pela comunidade.
Desta forma é possível fazer a gestão dos consumos de água e da sua disponibilidade.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
106 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Módulo 6 Definir a Monitorização das Medidas de Controlo
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 107
Introdução
A monitorização operacional inclui a definição e validação da monitorização das medidas de controlo e o estabelecimento de procedimentos
para demonstrar que os controlos continuam a funcionar. Estas ações devem ser documentadas nos procedimentos de gestão (módulo 8).
A definição da monitorização das medidas de controlo requer também a inclusão de ações corretivas necessárias quando as metas
operacionais não estão a ser alcançadas.
Ações-Chave
O número e tipo de medidas de controlo variarão para cada sistema e será função do tipo e frequência dos perigos e eventos perigosos
associados ao sistema. A monitorização dos pontos de controlo é essencial para apoiar a gestão de riscos, uma vez que permite demonstrar
que a medida de controlo é eficaz e, no caso de ser detetado um desvio, que podem ser executadas ações atempadas para evitar que as
metas de qualidade da água fiquem comprometidas. Para que uma monitorização seja eficaz deve estabelecer-se:
O que vai ser monitorizado
Qual o limite
Como será monitorizado
O momento ou frequência da monitorização
Onde será monitorizado
Quem efetuará a monitorização
Quem efetuará a análise
Quem recebe os resultados para atuar
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
108 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplos de parâmetros de monitorização operacional
Mensuráveis: Cloro residual; pH; turvação.
Observáveis: Integridade das cercas de vedação ou presença de telas para impedir a entrada de animais; densidade de cabeças
de gado em explorações agropecuárias na bacia da captação de água.
A monitorização de rotina baseia-se mais em observações e testes simples, tais como a turvação ou integridade estrutural, do que em
análises químicas e microbiológicas complexas. Para algumas medidas de controlo, poderá ser necessário definir "limites críticos" fora dos
quais diminui a confiança na segurança da água. Os desvios a esses limites críticos requerem normalmente uma ação urgente e podem
implicar uma notificação imediata da autoridade de saúde local e/ou a aplicação de um plano de contingência para um abastecimento de
água alternativo. A monitorização e as ações corretivas formam o sistema de controlo que assegura que não seja consumida água "não
potável". As ações corretivas devem ser específicas e pré-determinadas, sempre que possível, de modo a permitir a sua rápida
implementação.
Os dados de monitorização fornecem informação importante sobre a forma como o sistema de abastecimento de água funciona e como
deve ser frequentemente avaliado. A avaliação periódica dos registos da monitorização é um elemento necessário do PSA, na medida em
que o seu exame, através de auditorias internas e externas, permite determinar se os controlos são adequados e também para demonstrar
que o sistema de abastecimento de água cumpre as metas de qualidade da água.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 109
Desafios Típicos
Falta de recursos humanos suficientes para efetuar a monitorização e as análises;
Implicações financeiras com o aumento da monitorização, especialmente da monitorização em linha;
Avaliação inexistente ou inadequada dos dados disponíveis;
Mudança de atitude dos membros da equipa que estão habituados a efetuar a monitorização de uma determinada forma;
Assegurar disponibilidade de recursos ao departamento de operação para implementar as ações corretivas.
Resultados
1. Uma avaliação do desempenho das medidas de controlo em intervalos de tempo adequados.
2. O estabelecimento de ações corretivas para desvios que possam ocorrer.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
110 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 6. EXEMPLOS/ FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 6.1: Fatores a considerar quando se estabelece um programa de monitorização das medidas de controlo
Quem efetuará a monitorização?
Com que frequência será feita a monitorização?
Quem analisará as amostras?
Quem interpretará os resultados?
Os resultados podem ser facilmente interpretados no momento da monitorização ou observação?
É possível implementar ações corretiva como resposta aos desvios detetados?
A lista dos perigos e eventos perigosos foi verificada quanto à monitorização ou outros critérios adequados para assegurar que todos
os riscos significativos podem ser controlados?
Nota: frequentemente, a monitorização de verificação (ver Módulo 7) será a monitorização de conformidade exigida pelas entidades de
saúde, reguladoras ou governamentais, em cujo caso os parâmetros e frequências da monitorização serão especificados como parte das
normas e dos requisitos de conformidade legais.
Exemplo/ferramenta 6.2: Monitorização operacional – parâmetro indicador turvação
A turvação da água é causada por partículas sólidas em suspensão (matéria orgânica, limos, argila, coloides, grãos de areia, plâncton,
etc.). É encontrada na maioria das águas superficiais, normalmente não existe nas águas subterrâneas, excetuando em poços e nascentes
após períodos de chuvas intensas.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 111
Embora não seja uma ameaça direta à saúde pública, níveis elevados de turvação podem indicar a presença de microrganismos patogénicos
na água, incluindo bactérias, vírus e parasitas.
Os consumidores reagem negativamente à presença de substâncias em suspensão na água (água turva). Valores superiores a 4 NTU são
detetáveis num copo de água e geralmente objetáveis para o consumidor. O objetivo deve ser o de manter a turvação abaixo das 5 unidades
nefelométricas de turvação (NTU). Por outro lado, valores elevados de turvação podem reduzir a eficácia do processo de desinfeção, sendo
aconselhado manter os valores de turvação abaixo de 1 NTU nesta etapa do processo de tratamento.
A turvação é um poderoso parâmetro de monitorização operacional, pelo que é importante que seja regularmente controlado ao longo de
todo o esquema de tratamento de água. Alterações nos valores de turvação podem indicar problemas de qualidade da água causados,
nomeadamente por chuvas e lixiviação dos terrenos envolventes da captação de água, infiltração de água ao longo das condutas e dos
reservatórios ou mau funcionamento do processo de tratamento. Aumentos inesperados na turvação devem sempre desencadear uma
maior vigilância do processo e uma investigação da sua origem por parte da equipa do PSA e, se necessário, a implementação de ações
corretivas.
Geralmente, a turvação deve ser controlada com maior frequência quando a qualidade da água bruta é mais variável - por exemplo, durante
períodos de precipitação elevada (época húmida).
A turvação pode também resultar da contaminação microbiológica, havendo nesse caso a necessidade de coordenar a desinfeção da água
com a eliminação das partículas presentes na água que constituem um substrato para o desenvolvimento dos organismos heterotróficos
eventualmente presentes.
Podem ainda formar-se, na sequência da turvação e dos processos subsequentes, aromas e sabores desagradáveis que afetam a
aceitabilidade do produto água por parte dos consumidores.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
112 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
A autoridade de saúde ou outra entidade competente pode auxiliar e aconselhar sobre os locais mais adequados e as frequências de
amostragem, bem como equipamentos disponíveis localmente e técnicas de medição da turvação.
Exemplo/ferramenta 6.3: Ações corretivas
A(s) ação(ões) corretiva(s) deve(m) ser identificada(s) para cada controlo que evitará que seja fornecida água contaminada, caso a
monitorização demonstre que foi excedido o limite crítico estabelecido para esse ponto. Alguns exemplos desses eventos: a não
conformidade com os critérios de monitorização operacional, o desempenho inadequado de uma estação de tratamento de águas residuais
que efetua descargas para a origem de água, a precipitação extrema na bacia de captação, ou o derrame de uma substância perigosa.
Exemplos de ações corretivas incluem a utilização de alarmes e de mecanismos de desativação automática do sistema ou a mudança para
uma origem de água alternativa durante o período de não conformidade (dando tempo ao operador para voltar a colocar a água em
conformidade com as normas de qualidade). Os riscos associados à utilização de uma origem de água alternativa devem ser identificados
e abordados no âmbito geral da estrutura do PSA.
Exemplo/ferramenta 6.4: Fatores a considerar para desenvolver ações corretivas
As ações corretivas foram corretamente documentadas, incluindo a atribuição de responsabilidades para implementar essas ações?
O pessoal está corretamente formado e devidamente autorizado para implementar as ações corretivas?
Qual a eficácia das ações corretiva?
Existe um processo de revisão das ações para evitar a recorrência da necessidade de uma ação corretiva?
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 113
Exemplo/ferramenta 6.5: Requisitos de monitorização a curto e longo prazo e ações corretivas
Etapa do
processo/medida de
controlo
Limite crítico O quê Onde Quando Como Quem Ação corretiva
Origem: Controlo do
desenvolvimento
urbanístico
(assentamentos
populacionais) na bacia
da captação de água
(exemplo de
monitorização a longo
prazo)
<1 fossa séptica
por 40 ha e
nenhuma a
menos de 30 m
do curso de
água
Aprovações de
planos
urbanísticos
pelos
municípios
Serviços do
Município
Inspeção no
local
Anualmente No local, no
município
Entidade
licenciadora da
captação de
água /Entidade
responsável
pela bacia
hidrográfica
Procurar o controlo
do sistema séptico
através de
instrumento
jurisdicional ou de
regulamentação
Cerca para
vedar o acesso
do gado a zonas
ribeirinhas ou
zonas não
vedadas
Auditorias às
práticas de
explorações
agropecuárias
Ministério da
Agricultura
Inspeção no
local
Anualmente No local,
Ministério da
Agricultura
Entidade
licenciadora da
captação de
água/ Entidade
responsável
pela bacia
hidrográfica
Reunião com o
proprietário em
infração e
discussão sobre
um programa de
incentivos
Tratamento: Cloragem na
estação de tratamento
de água (exemplo de
monitorização a curto
prazo)
As
concentrações
de cloro à saída
da estação
devem ser >0,5
e <1,5 mg/l
Residual de
desinfetante
No ponto de
entrada no
sistema de
distribuição
Em linha
(online)
Amostragem
Analisador
de cloro
Análise
laboratoriais
Responsável
pela qualidade
da água
Ativar o
procedimento de
não conformidade
de cloro
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
114 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 6. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 6.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO – ETA DO UMBELUZI
A monitorização operacional assegura, de forma estruturada e organizada, o suporte à gestão da operação do sistema de Umbeluzi e de
distribuição, contribuindo para que as medidas de controlo sejam eficazes. O documento base para a gestão da operação do sistema
utilizado, que constitui uma parte do PSA, é o Plano de Controle da Qualidade da Água (PCQA).
Os parâmetros selecionados para monitorização refletem, ou pretendem refletir, a eficácia de cada medida de controlo identificada e
implementada. Todos os parâmetros suscetíveis de medição expedita (residual de cloro, turvação, caudais, pressão) ou facilmente
observáveis (integridade de vedações ou estado de um equipamento), ou seja, com indicação do desempenho imediato, são fundamentais
para controlo uma vez que ao serem suscetíveis de medição imediata permitem uma pronta resposta.
Sempre que possível, a gestão de rotina das medidas de controlo é feita com base em observações diretas e testes, como por exemplo
monitorização online, ou análises expeditas em detrimento de análises mais complexas, como é o caso de análises físico-químicas e
microbiológicas. Estas últimas são uma boa ferramenta para a verificação do adequado funcionamento do PSA (módulo 7).
Com o desenvolvimento e implementação do PSA a AdeM identificou a necessidade de melhorar o seu controlo operacional interno para
complemento da exploração dos seus sistemas e do próprio PCQA. Tendo sido identificados parâmetros críticos em locais e frequências
diferentes daqueles que estavam definidos no início da elaboração do PSA. Tornando desta forma o controlo operacional muito mais
abrangente.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 115
Módulo 7 Verificar a Eficácia do PSA
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116 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Introdução
A existência de um procedimento formal de verificação e auditoria do PSA assegura que o plano está a funcionar adequadamente. A
verificação envolve três atividades que são executadas simultaneamente para demonstrar de que o PSA está a funcionar eficazmente. Essas
atividades são:
Monitorização da conformidade;
A auditoria interna e externa das atividades operacionais;
A satisfação dos consumidores.
A verificação deve demonstrar que a conceção global e a operação do sistema são capazes de fornecer sistematicamente água de qualidade
especificada para cumprir as metas de proteção da saúde. Caso não cumpra essas metas, o plano de melhoria deve ser revisto e
implementado.
Ações-Chave
Monitorização da conformidade
Todas as medidas de controlo devem possuir um regime de monitorização claramente definido que valide o desempenho da eficácia e da
monitorização relativamente aos limites definidos. A entidade gestora de abastecimento de água deve esperar encontrar resultados da
monitorização de verificação que sejam consistentes com as metas de qualidade da água. Em caso de se obterem resultados inesperados,
é necessário elaborar planos de aplicação de ações corretiva para corrigir a situação e compreender os motivos da sua existência. A
frequência da monitorização de verificação dependerá do nível de confiança exigido pela entidade gestora de abastecimento de água e das
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 117
suas autoridades reguladoras. O regime de monitorização deve incluir uma revisão em intervalos regulares e quando ocorrem alterações,
planeadas ou não, no sistema de abastecimento.
Auditoria interna e externa das atividades operacionais
A realização de auditorias rigorosas ajuda a manter a implementação prática de um PSA, assegurando que a qualidade da água e os riscos
estão controlados. As auditorias podem envolver revisões internas e revisões externas por autoridades reguladoras ou por auditores
independentes qualificados. A auditoria pode ter ambas as funções de avaliação e de verificação da conformidade. A frequência das
auditorias de verificação dependerá do nível de confiança exigido pela entidade gestora de abastecimento de água e das suas autoridades
reguladoras. As auditorias devem ser efetuadas regularmente.
É importante que seja criada uma equipa técnica multidisciplinar que promova e acompanhe as auditorias externas a estabelecer na
verificação dos PSA das entidades gestoras.
Satisfação dos consumidores
Na verificação de eficácia do PSA é importante incluir o grau de satisfação dos consumidores relativamente à água fornecida. Caso não se
encontrem satisfeitos existe o risco dos consumidores recorrerem a origens alternativas menos seguras.
Neste sentido, torna-se essencial avaliar o grau de satisfação dos consumidores relativamente à água da torneira através da realização de
inquéritos com periodicidade a definir. Esta frequência pode ser sempre adaptada às necessidades sentidas ao longo do tempo.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
118 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Através da realização periódica de inquéritos de satisfação poderão ser identificadas as necessidades e expetativas dos consumidores,
permitindo às entidades gestoras avaliar a eficácia do seu PSA e atuar em conformidade.
Desafios Típicos
Falta de auditores externos competentes para PSA;
Falta de laboratórios qualificados para processar e analisar amostras;
Falta de recursos humanos e financeiros;
Desconhecimento do grau de satisfação ou de queixas dos consumidores.
Resultados
1. Confirmação de que o próprio PSA é correto e adequado.
2. Provas de que o PSA está a ser implementado na prática como previsto e de que funciona eficazmente.
3. Confirmação de que a qualidade da água cumpre as metas definidas.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 119
MÓDULO 7. EXEMPLOS/FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 7.1: Parâmetros que podem ser incluídos em programas de monitorização de verificação de rotina
Para a verificação microbiológica da qualidade da água são normalmente monitorizados organismos indicadores. O sistema de verificação
mais amplamente utilizado é a análise da presença de bactérias fecais indicadoras E. coli. ou de coliformes, em pontos representativos do
sistema de abastecimento de água. Outros indicadores podem ser mais adequados para verificar que a água está isenta de agentes
patogénicos virais ou protozoários fecais. Para a monitorização operacional e de investigação podem utilizar-se outras ferramentas, tais
como as contagens heterotróficas em placa ou de Clostridium perfringens, para compreender melhor o sistema de abastecimento de água.
A verificação dos parâmetros químicos é executada pela sua medição direta e não recorrendo ao uso de indicadores. É pouco provável que
a maioria dos perigos químicos ocorra em concentrações perigosas a curto prazo, de modo que as frequências de verificação
(frequentemente trimestralmente ou, por vezes, bienalmente) podem ser inferiores às utilizadas para os microrganismos.
Podem ser monitorizados o sabor e o odor quantitativamente e qualitativamente para avaliar o bom estado da rede de distribuição e das
instalações dos consumidores e ir ao encontro das expectativas dos consumidores em termos de aceitabilidade do produto água.
O controlo da pressão na rede de distribuição também é um dos parâmeros que pode ser monitorizado para perceber o comportamento da
rede. Por outro lado, este parâmetro também é crítico para a aceitabilidade do produto e para a qualidade do serviço prestado pelas
entidades gestoras.
Nota: As autoridades de saúde locais ou outras entidades especialistas ou responsáveis pela qualidade da água (ONG, entidades gestoras
vizinhas, comunidades vizinhas, entre outros) podem apoiar na definição dos parâmetros de monitorização operacionais/rotina e das
respetivas frequências adequados às necessidades em causa.
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120 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 7.2: Fatores a considerar ao estabelecer um programa de monitorização de
verificação de rotina (um programa de verificação conduzido pela entidade gestora de abastecimento de água pode
fornecer um nível adicional de confiança, complementando os parâmetros e frequências de monitorização estabelecidos na legislação)
Estabelecimento de um programa de monitorização de verificação, quando apropriado, de acordo com os requisitos regulamentares;
Designação do pessoal adequado para executar as funções de monitorização;
Estabelecer um sistema de comunicação entre os membros do pessoal de monitorização;
Designação dos analistas adequados;
Assegurar que são selecionados os pontos de monitorização adequados;
Assegurar que a frequência de monitorização é adequada;
Assegurar que os resultados são interpretados e que se forem deficientes serão investigados;
Estabelecer um sistema para garantir que os resultados são reportados regularmente à entidade reguladora adequada.
Exemplo/ferramenta 7.3: Auditoria do próprio PSA e da sua implementação
Adicionalmente à análise e controlo da qualidade da água, a verificação também deve incluir uma auditoria do PSA e da prática operacional
para demonstrar boas práticas e conformidade. Os auditores identificarão oportunidades para melhoria, tais como aspetos em que os
procedimentos não estão a ser adequadamente cumpridos, em que os recursos são insuficientes, em que as melhorias planeadas não são
praticáveis ou em que é exigido apoio à formação ou motivacional para o pessoal.
Na execução das auditorias, é essencial que o auditor conheça em pormenor o abastecimento de água para consumo humano e que
testemunhe pessoalmente os procedimentos, e não confie apenas os relatórios. Os relatórios podem nem sempre ser factualmente corretos
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 121
e, em alguns casos, indicar o funcionamento correto de equipamentos que, na prática, não funcionam, o que pode levar a água "insegura"
e a surtos de doença transmitidos pela água.
Exemplo/ferramenta 7.4: Fatores a considerar para assegurar que é obtida toda a informação pertinente
durante uma auditoria
São considerados todos os perigos/eventos prováveis;
Foram identificadas as medidas de controlo adequadas para cada evento;
Foram estabelecidos os procedimentos de monitorização apropriados;
Estão definidos os limites críticos para cada medida de controlo;
Foram identificadas as ações corretivas;
Foi estabelecido um sistema de verificação.
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122 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 7.5: Plano de monitorização operacional e de monitorização de verificação
Processo Monitorização operacional (ver Módulo 6) Monitorização de verificação
O quê Quando Quem O quê Quando Quem
Estações de
tratamento
Medição em linha
- pH
- Cloro
Diariamente Operadores das
estações de
tratamento de água
/ Analistas
E. coli Semanalmente Analista
Enterococos Semanalmente
Auditoria de registos Mensalmente
Registos de "jar test" Semanalmente
Turvação Diariamente
Registos de dosagem Mensalmente
Sistema de
distribuição
pH Semanalmente E. coli Mensalmente
Turvação Semanalmente
Cloro Semanalmente Turvação Mensalmente
Inspeção sanitária Semanalmente Enterococos Mensalmente
Etc.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 123
MÓDULO 7. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 7.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO – ETA DO UMBELUZI
A verificação do PSA da AdeM envolve três atividades que, no seu conjunto, fornecem a evidência necessária de que o sistema concebido
é capaz de, consistentemente, abastecer uma água segura que cumpre com os objetivos de qualidade e quantidade definidos:
Monitorização de verificação
Auditorias, internas e externas, às atividades operacionais constantes do PSA
Acompanhamento da Satisfação dos clientes
A monitorização de verificação foi integrada no Plano de Controle de Qualidade da Água (PCQA) da AdeM aprovado pelo Regulador, que
são os documentos que listam os parâmetros analisados ao nível da qualidade da água, com definição da frequência de monitorização e
VP.
O Plano de Auditorias inclui auditorias internas e externas, pelo menos uma vez por ano a todos os processos e a todos os requisitos
normativos identificados no âmbito do PSA. Está previsto que estas auditorias sejam enquadrados no Sistema de Gestão da Qualidade
(SGQ) da AdeM. Deste modo, estão contempladas auditorias ao Plano de Segurança da Água, como atividade integrante do sistema de
gestão da empresa.
Está ainda previsto a realização periódica de inquéritos de satisfação junto dos seus Clientes. Estes inquéritos permitirão à AdeM não só
avaliar o desempenho global da empresa, mas também a satisfação dos clientes com diversas dimensões do serviço e da qualidade e
segurança do produto, e assim aferir a eficácia do PSA.
Estes inquéritos de satisfação poderão ser realizados através das linhas de contacto da AdeM ou juntamente com as faturas de água.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
124 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
O Conselho de Regulação de Águas (CRA) realizou no ano de 2014 um inquérito de satisfação aos clientes das entidades gestoras reguladas.
A AdeM na sequência desse inquérito desenhou um plano de ações para responder e ultrapassar algumas das questões ai diagnosticadas.
Caso de Estudo 7.2
UGANDA, PSA KAMPALA
Um primeiro exercício de verificação foi realizado para avaliar se o Plano de Segurança da Água funciona adequadamente, mas também
para avaliar em que medida o sistema e o fornecimento de água estavam coerentes com o definido no Plano de Segurança da Água.
Os objetivos específicos desse exercício foram:
Avaliar se as medidas de controlo e os limites críticos eram fiáveis;
Avaliar um conjunto inicial de indicadores microbiológicos para posterior uso em exercícios de verificação/monitorização;
Realizar uma auditoria às instalações de tratamento de água;
Avaliar em que medida o sistema era compatível com o PSA e que áreas eram consideradas críticas.
As amostras foram recolhidas em cada etapa de tratamento das instalações em estudo, nos principais pontos de controlo nas infraestruturas
primárias e secundárias e num conjunto de pontos nas infraestruturas terciárias.
Dos 82 pontos de controlo identificados na avaliação do sistema, foram recolhidas amostras em 50 desses pontos. Os pontos de controlo
das infraestruturas primárias e secundárias foram selecionados com base na gravidade do risco associado a um determinado contaminante
que possa entrar no sistema nesse ponto.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 125
Em cada ponto de amostragem, foi realizada uma inspeção sanitária e análises aos parâmetros indicadores físico-químicos associados à
qualidade microbiológica (cloro residual livre e total, temperatura, pH e turvação).
Além disso, foram também recolhidas amostras para análise microbiológica. Foram selecionados três indicadores microbiológicos
considerados adequados para o exercício de verificação, nomeadamente E.coli, estreptococos fecais e Clostridium perfringens. Foram
recolhidas amostras para análise de E. coli e de estreptococos fecais nas estações de tratamento e ao longo dos sistemas de distribuição.
As amostras para análise do Clostridium perfringens foram feitas apenas nas instalações de tratamento para avaliar a eficácia do
tratamento.
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126 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Módulo 8 Preparar os Procedimentos de Gestão
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 127
Introdução
Fazem parte integral do PSA procedimentos de gestão claros que documentam as ações a executar quando o sistema se encontra a
funcionar em condições normais (procedimentos operacionais de rotina) e quando o sistema se encontra a funcionar em situações de
"incidente" (ações corretivas). Os procedimentos devem ser inventariados por pessoal com experiência e devem ser atualizados quando
necessário, especialmente na implementação do plano de melhoria e nas revisões dos incidentes, emergências e "quase acidentes". É
preferível entrevistar os colaboradores e assegurar que as suas atividades estão documentadas. Isto também ajuda a fomentar a
responsabilidade e a eventual implementação dos procedimentos.
Ações-Chave
A documentação de todos os aspetos do PSA é essencial. Os procedimentos de gestão são as ações a serem executadas durante as
condições operacionais normais e especificam as etapas a seguir em situações de "incidente" específicas em que pode ocorrer uma perda
do controlo do sistema. O pessoal dirigente tem a responsabilidade de assegurar que os procedimentos estão sempre atualizados e são
adequados, de manter envolvido e ligado entre si o pessoal encarregue pelas operações e o pessoal dirigente, de ajudar as pessoas a tomar
a "decisão correta", de providenciar os recursos adequados e de assegurar que as pessoas estão dispostas a informar em vez de ocultarem
informações com medo de virem a sofrer represálias. Também é importante um ciclo eficiente de atualização e revisão regular.
Se a monitorização detetar que um processo está a funcionar fora dos limites críticos ou operacionais especificados, é necessário agir para
restabelecer o funcionamento, corrigindo o desvio. Uma parte importante do PSA é o desenvolvimento de ações corretivas que identifiquem
a resposta operacional específica necessária na sequência de desvios dos limites definidos. Podem ocorrer incidentes ou desvios não
previstos para os quais não existem ações corretivas. Nesse caso, deve ser aplicado um plano de emergência genérico. Esse plano de
emergência deverá ter um protocolo para a avaliação da situação e para a identificação de situações que requerem a ativação do plano de
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
128 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
resposta de emergência. É também importante avaliar os "quase acidentes", pois podem ser um indicador de uma provável emergência
futura.
Na sequência de uma emergência, deve ser efetuada uma investigação que envolva todo o pessoal para discutir o desempenho, avaliar se
os procedimentos atuais são adequados e abordar todas as questões e preocupações. Também devem ser elaborados os documentos e
relatórios apropriados sobre a situação de emergência. A análise da causa da emergência ou "quase acidente" e a resposta à mesma pode
indicar a necessidade de alterações dos protocolos existentes, das avaliações dos riscos e do PSA (ver Módulo 11).
Desafios Típicos
Manter os procedimentos atualizados;
Assegurar que o pessoal tem o conhecimento das alterações;
Obter informações sobre "quase acidentes".
O Exemplo/ferramenta 8.1 apresenta um resumo geral que pode ser utilizado para iniciar o desenvolvimento de uma lista de procedimentos
operacionais que seriam típicos para o funcionamento de uma entidade gestora de serviços públicos de água. É impossível apresentar todos
os procedimentos operacionais necessários numa instalação devido à natureza diversa dos processos em cada instalação. A prioridade dos
procedimentos pode ser estabelecida e, uma vez documentados, é possível desenvolver procedimentos operacionais adicionais conforme
necessário e adicioná-los à documentação. Os procedimentos operacionais devem ser desenvolvidos de forma a permitir revisões quando
necessário.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 129
Resultados
Procedimentos de gestão para as condições normais (rotina) e de incidente/emergência que compreendem:
As ações de resposta;
A monitorização operacional;
As responsabilidades da entidade gestora de serviços públicos e outras entidades interessadas;
Os protocolos e estratégias de comunicação, incluindo os procedimentos de notificação e as informações de contacto do pessoal;
As responsabilidades pela coordenação das medidas a serem tomadas numa emergência;
Um plano de comunicação para alertar e informar os utilizadores da água e outras entidades envolvidas (por exemplo, serviços de
emergência);
Um programa para examinar e alterar a documentação quando necessário;
Planos para providenciar e distribuir água em situações de emergência.
Para sistemas de abastecimento mais pequenos, os procedimentos podem ser simples esquemas ilustrativos das
tarefas a desenvolver ou a efetuar pelos responsáveis da operação e manutenção do sistema de abastecimento
de água.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
130 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 8. EXEMPLOS/FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 8.1: Procedimentos operacionais de rotina típicos de um serviço de abastecimento de água
Categoria Subcategoria Procedimento operacional normalizado
Avaliação geral das operações
da instalação
Tarefas/informações gerais
Rondas diárias
Segurança do recinto da instalação
Manutenção de registos
Procedimentos de apresentação de relatórios
Prevenção de contaminação cruzada para os operadores
Recolha de amostras Procedimento de recolha de amostras
Resposta de emergência Falha de energia
Tomada de água e pré-
tratamento
Água não tratada
Operação de válvulas
Gradagem
Medição do caudal Calibração dos medidores
Operação de bombas
Alternar o funcionamento das bombas de serviço
Aumentar/diminuir o funcionamento das bombas
Procedimento de dosagem … …
Procedimento de desinfeção … …
Etc.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 131
Se a monitorização detetar que existe um desvio relativamente a um limite crítico ou operacional, devem ser aplicadas ações
corretivas.
Exemplo/ferramenta 8.2: Procedimentos de gestão (ou ações corretivas) para lidar com incidentes
Responsabilidades e informações de contacto de membros chave do pessoal e outras entidades interessadas;
Descrição clara das ações exigidas na ocorrência de um desvio;
Localização e identificação dos padrões de procedimento operacional e do equipamento necessário;
Localização do equipamento de reserva;
Informações logísticas e técnicas relevantes.
Os procedimentos de controlo de qualidade também devem ser registados para o maior número possível de aspetos do PSA. Por exemplo,
todas as medições de controlo devem ser sujeitas aos procedimentos de controlo de qualidade apropriados, tais como o controlo analítico
interno e externo dos laboratórios.
(Notar que esta situação também pode ser tratada como um Programa de Suporte – Módulo 9.)
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
132 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/ferramenta 8.3: Características e sistemas relacionados com a gestão de pessoas que
facilitarão o sucesso contínuo do PSA
Selecionar parâmetros significativos sobre os quais se irá reportar;
Possuir um sistema de relatórios bem definido e eficaz em situações de incumprimento;
Incluir no sistema de relatórios os dirigentes de nível superior, para que mantenham envolvidos nas ocorrências;
Conceber auditorias "respeitadas" centradas em aspetos em que possa haver complacência e que provocam consequências adversas;
Observar o modelo de "não culpabilização", em que a responsabilidade da falha é partilhada entre os participantes do sistema;
Possuir um mecanismo acessível a todos para apresentação de sugestões de melhoria, análise e interpretação dos riscos e
questionamento das práticas existentes;
Assegurar que todos os procedimentos são assinados por responsáveis superiores. Esta é uma parte importante do mecanismo de
melhoria contínua.
Exemplo/ferramenta 8.4: Procedimentos de gestão em situações de emergências
Durante uma emergência, pode ser necessário modificar o tratamento da água das origens existentes ou recorrer temporariamente a uma
outra origem de água. Pode ser necessário aumentar a desinfeção na origem ou efetuar uma desinfeção adicional (por exemplo, recloragem)
durante a distribuição. Os procedimentos para tal situação de emergência devem estar documentados.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 133
Exemplo/ferramenta 8.5: Áreas-chave a serem abordadas nos procedimentos de gestão de situações de
emergência
Ações de resposta, incluindo o aumento da monitorização;
Atribuição de responsabilidades e autoridades, internas e externas, à organização;
Planos para abastecimentos de água em situações de emergência;
Protocolos e estratégias de comunicação, incluindo os procedimentos de notificação (internos, às entidades reguladoras, à
comunicação social e ao público);
Mecanismos para aumentar a vigilância da saúde pública;
O procedimento de emergência deve ser praticado periodicamente.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
134 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 8. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 8.1
Águas da Região de Maputo – ETA do Umbeluzi
O desenvolvimento desta atividade teve lugar no decorrer da fase de Implementação do PSA, tendo sido dividida pelas seguintes tarefas:
Diagnóstico dos procedimentos de gestão existentes na AdeM;
Identificação de eventuais necessidades adicionais;
Atualização dos procedimentos de gestão existentes;
Estabelecimento de procedimentos de gestão de rotina adicionais;
Estabelecimento de procedimentos de gestão em condições excecionais (em caso de incidente) adicionais;
Estabelecimento de documentação e protocolos de comunicação.
Para além dos procedimentos de gestão, a AdeM tem também desenvolvidas e implementadas algumas instruções de trabalho para tarefas
diárias das suas equipas.
No âmbito do PSA foi igualmente necessário analisar a adequabilidade de cada uma das instruções de trabalho ou procedimentos existentes
e verificar o seu grau de implementação e conhecimento por parte das equipas responsáveis pelas tarefas associadas.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 135
Caso de Estudo 8.2
Zanzibar, Tanzânia - Recuperação de informação sobre o sistema de distribuição de água na cidade de
Zanzibar (Water Safety Plans for Small Community Supplies, OMS, 2012)
A falta de água e a má qualidade da água na cidade de Zanzibar resultam de um conjunto de situações, nomeadamente da idade do sistema
de abastecimento de água, do seu estado de conservação, do crescimento urbano rápido e das crescentes necessidades, de origens de
água limitadas e da degradação das bacias hidrográficas/massas de água existentes.
Em 1993, quando a Direção de Desenvolvimento dos Recursos Hídricos de Zanzibar quis melhorar os serviços na cidade de Zanzibar
deparou-se com o problema de falta de conhecimento sobre o sistema de distribuição e a localização das condutas e das respetivas
conexões, dado que esta informação nunca tinha sido registada. A solução que esta Direção encontrou para colmatar esta lacuna de
informação, foi a contratação de antigos canalizadores e de funcionários reformados do sistema de abastecimento de água que permitiu a
recuperação da informação crítica sobre estes ativos do sistema de distribuição de água.
Esta experiência na cidade de Zanzibar demonstra a importância de documentar e registar toda a informação relativa ao sistema de
abastecimento de água e a importância do conhecimento e da experiência dos trabalhadores serem partilhados e também documentados
para que não sejam perdidos ao longo do tempo.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
136 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Módulo 9 Desenvolver Programas de Suporte
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 137
Introdução
Programas de suporte são atividades que suportam o desenvolvimento de competências e conhecimentos dos colaboradores, o seu
compromisso com a metodologia de PSA e a sua capacidade para gerir sistemas de abastecimento para o fornecimento de água potável.
Estes programas incidem frequentemente nas áreas de formação, investigação e desenvolvimento. Podem compreender também atividades
que suportam, de forma indireta, a segurança da água, por exemplo, as que conduzem à otimização de processos operacionais, como é o
caso da melhoria do controlo de qualidade laboratorial. Refere-se que estes programas até já poderão estar implementados, sendo muitas
vezes esquecidos ou ignorados como elementos importantes de um PSA.
Exemplos de outras atividades incluem formação contínua, calibração de equipamentos, manutenção preventiva, aspetos de higiene e
saneamento e aspetos jurídicos como um programa para compreender as obrigações legais da entidade gestora em termos de cumprimento
de requisitos legais. É fundamental que as entidades gestoras entendam as suas obrigações e responsabilidades e implementem programas
para abordarem essas questões.
Ações-Chave
Identificar quais os programas de suporte necessários à implementação do PSA
Examinar os programas de suporte existentes e proceder à sua atualização, sempre que necessário
Desenvolver programas de suporte adicionais para ultrapassar lacunas de conhecimento ou de competências dos colaboradores que
possam dificultar a implementação do PSA em tempo oportuno
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
138 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Desafios Típicos
Recursos humanos
Equipamentos
Recursos financeiros
Apoio da direção
Não considerar determinados procedimentos e processos como partes integrantes do PSA
Resultados
1. Programas e atividades que asseguram a integração da metodologia de PSA nas operações da entidade gestora.
Os programas de suporte incluem: formação inicial do pessoal em todos os aspetos da elaboração e implementação do PSA, procedimentos
de controlo de qualidade, tais como o controlo, quer interno quer externo, da qualidade analítica dos laboratórios, e ações de investigação
e desenvolvimento para apoiarem soluções a longo prazo.
Para sistemas de abastecimento mais pequenos, os programas de suporte podem ser simples ações de
sensibilização da comunidade para boas práticas de recolha e de utilização da água no interior das suas casas ou
de pequenas formações aos funcionários de como o sistema funciona e pode ser operado e mantido.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 139
MÓDULO 9. EXEMPLOS/FERRAMENTAS
Exemplo/Ferramenta 9.1 – Análise dos programas existentes
No desenvolvimento de programas de suporte, nem sempre é necessário o desenvolvimento de novos programas. As organizações devem
avaliar sempre os programas existentes para identificar possíveis lacunas a necessitar de correção, incluindo atualizações dos programas
existentes.
Todos os procedimentos devem ser documentados e datados para assegurar que os colaboradores utilizam a versão mais recente.
Exemplo/Ferramenta 9.2 – Participação ou criação de atividades ou programas de suporte em pequenos
sistemas de abastecimento de água
Quando não existem atividades ou programas de suporte, os pequenos sistemas de abastecimento de água devem fazer um esforço para
estabelecer e implementar os seus próprios programas e atividades de apoio, incluindo a formação e a educação dos seus funcionários e
de membros da comunidade. Potencialmente estes programas poderão ser desenvolvidos com a colaboração das autoridades competentes,
ONG locais ou regionais, comités de água vizinhos, instituições de formação, entre outros. A equipa do PSA deverá entrar em contato com
essas organizações para solicitar suporte técnico e orientação na identificação das atividades de apoio necessárias para a exploração do
seu sistema e adequadas à sua realidade.
Os programas e atividades de suporte são importantes para garantir a segurança da água, mesmo que que não afetem diretamente a
qualidade da água. Estas atividades incorporam os princípios de boa gestão que sustentam o PSA. Os códigos de boas práticas de operação,
gestão e de higiene são elementos essenciais a esse respeito.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
140 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Exemplo/Ferramenta 9.3 – Tipos de programas de suporte que poderão ser incluídos no PSA
Programa Objetivo Exemplo
Formação e
sensibilização
Assegurar que todos os colaboradores (internos e
externos) compreendem a importância da segurança
da água e a influência das suas ações
Formação em PSA
Requisitos de competências
Formação introdutória
Procedimentos relativos à higiene
Investigação e
desenvolvimento
Apoiar decisões para melhorar ou manter a qualidade
da água
Entender os potenciais perigos
Investigação sobre os melhores indicadores de
contaminação
Calibração Assegurar que o sistema de monitorização do limite
crítico é fiável e a sua precisão aceitável
Calendário de calibração
Equipamentos auto-calibrados
Protocolo de gestão de
reclamações dos
consumidores
Assegurar que é dada resposta aos consumidores
sempre que surjam dúvidas sobre a qualidade da
água
Centro de atendimento de reclamações
Formação em gestão de reclamações
Etc.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 141
MÓDULO 9. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 9.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO – ETA DO UMBELUZI
O desenvolvimento desta atividade também teve lugar no decorrer da fase de implementação do PSA, tendo sido constituído pelas seguintes
tarefas:
Diagnóstico dos programas de suporte existentes;
Avaliação das necessidades e lacunas de conhecimento ou competências que possam dificultar a implementação do PSA;
Identificação de eventuais programas de suporte adicionais, necessários à implementação do PSA;
Atualização dos programas de suporte existentes;
Estabelecimento de novos programas de suporte que permitam ultrapassar lacunas
No decorrer da fase de Avaliação do Sistema, nomeadamente no âmbito da definição dos planos e ações de melhoria, foi identificado um
conjunto de necessidades em termos de definição de programas de suporte que irão assegurar a integração da metodologia do PSA nas
operações da AdeM.
Por outro lado, identificou-se a necessidade de atualizar a curto prazo alguns dos programas de suporte existentes, nomeadamente o Plano
de Contingência e Emergência e o Plano de Formação de acordo com as ações de melhoria identificadas no exercício de Avaliação de Risco.
O desenvolvimento dos programas de suporte foi programado e calendarizado no Cronograma de Implementação do PSA da AdeM.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
142 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Caso de Estudo 9.2
PORTUGAL, ÁGUAS DE PORTUGAL – TEMPLATES DE APOIO À ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DAS VÁRIAS ETAPAS DO PSA
(ETAPA DE IDENTIFICAÇÃO E DESENHO DOS PROGRAMAS E ATIVIDADES DE SUPORTE)
Ao longo dos anos de elaboração e implementação de diferentes PSA, a AdP produziu diversas ferramentas e templates para ajudar e
facilitar as entidades gestoras de menores dimensões a desenvolver as várias etapas do PSA.
Estes templates permitem às entidades gestoras com menos capacidade técnica agilizar o processo de implementação do PSA, focando as
tarefas da equipa do PSA para o que é crítico e prioritário.
Tendo em consideração que as entidades gestoras apresentam diferentes níveis de desenvolvimento e diferentes níveis de capacidade
técnica, é da maior importância assegurar um entendimento consistente dos princípios de avaliação e gestão de riscos e das metodologias
associadas aos PSA. Não existindo uma forma única de empreender a abordagem do PSA, estas ferramentas permitem uniformizar
conceitos, estruturar ideias e demonstrar como a estratégia pode ser implementada, com exemplos que ilustram o que tem sido eficaz em
algumas empresas do Grupo AdP.
Proporcionam assim uma imagem mais clara da extensão da implementação do PSA e dos seus impactos e uma abordagem mais direta e
eficaz de gestão dos riscos nos sistemas de abastecimento de água, assegurando sempre a qualidade e continuidade da água fornecida e
a segurança da saúde pública dos seus consumidores.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 143
Módulo 10 Planear e Executar a Revisão Periódica do PSA
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144 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Introdução
A Equipa do PSA deverá reunir-se periodicamente para a revisão do plano como um todo e aprender com as novas experiências e novos
procedimentos (para além das revisões regulares do PSA através da análise dos dados obtidos na monitorização). O processo de revisão é
fundamental para a implementação geral do PSA e serve de base para futuras avaliações. Na sequência de uma emergência ou incidente,
o risco deverá ser reavaliado o que poderá levar à necessidade de modificar o plano de melhoria.
Ações-Chave
Manter o PSA atualizado
A revisão periódica do PSA garante que novos riscos que ameaçam a produção e distribuição de água potável serão regularmente avaliados
e tratados. Um PSA atualizado e adequado permite manter a confiança e apoio dos colaboradores e das partes interessadas na metodologia
de PSA.
Um PSA pode desatualizar-se rapidamente devido a:
Mudanças na origem de água, tratamento e distribuição que poderão ter impacto nas alterações dos fluxogramas de processo e na
avaliação dos riscos;
Revisão de procedimentos;
Renovação de pessoal;
Alteração de contacto das partes interessadas.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 145
Organizar reuniões regulares de revisão do PSA
A equipa do PSA deve comprometer-se a reunir regularmente para rever todos os aspetos do PSA necessários e assegurar que eles se
mantêm corretos. Pode também ser necessário incluir informação de operadores locais ou de visitas às instalações como parte da revisão.
A monitorização dos resultados operacionais e as tendências existentes deverão ser avaliados. Para além da revisão periódica prevista, o
PSA também deverá ser revisto quando, por exemplo, se inicia a exploração de uma nova origem de água, alterações e melhorias no
tratamento são efetuadas e postas em serviço, ou depois de um incidente grave na qualidade da água (ver também módulo 11). Em cada
reunião deverá ser estabelecida a data da próxima reunião de revisão.
Desafios Típicos
Voltar a reunir a equipa do PSA;
Garantir a continuidade do apoio nos processos do PSA;
Garantir a continuidade do PSA, mesmo que a equipa seja alterada;
Manter registos das alterações;
Manter o contacto com as partes interessadas.
Resultados
Um PSA atualizado e que continua a ser adequado às necessidades das entidades gestoras dos sistemas de abastecimento de água e das
partes interessadas.
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146 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
MÓDULO 10. EXEMPLOS/FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 10.1: Quando rever o PSA
Um PSA deverá ser revisto imediatamente após uma alteração significativa de circunstâncias ou de um algum problema na cadeia de
abastecimento de água. O PSA também deverá ser revisto de vez em quando, especialmente tendo em conta os resultados da sua aplicação.
Qualquer alteração feita no PSA em resultado de uma revisão deve ser documentada.
Exemplo/ferramenta 10.2: Exemplo de uma checklist para revisão do PSA
Notas da última reunião de revisão;
Notas de eventuais revisões intermédias;
Alteração na composição da equipa do PSA;
Alterações na origem de água, no tratamento ou na distribuição;
Análise de tendências dos dados operacionais;
Validação de novos controlos;
Revisão da verificação;
Relatórios de auditorias internas e externas;
Comunicação com partes interessadas;
Data da próxima reunião de revisão.
Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 147
Exemplo/ferramenta 10.3: Alterações que podem afetar o PSA
Devido à escassez de água há a necessidade de recorrer à utilização de outra origem de água. Devido à urgência, a avaliação dos riscos
não foi efetuada de forma detalhada como foi realizada para as outras origens. A nível de impacto houve alterações na qualidade da água
“bruta”, o que originou ajustes rápidos no processo de tratamento. No entanto, a qualidade da água tratada fornecida não foi posta e causa.
Posteriormente efetuou-se de forma detalhada a atualização do fluxograma, a avaliação dos riscos e a associação de toda a informação,
levando à revisão do PSA.
Exemplo/ferramenta 10.4: Revisão do PSA em pequenos sistemas de abastecimento de água
Como parte das reuniões da equipa do PSA, é necessário rever periodicamente o PSA para verificar se este ainda reflete a situação real.
Para isso, é necessário passar novamente por todas as etapas e módulos descritos anteriormente e fazer as seguintes perguntas:
• Isto ainda é o caso?
• O sistema de abastecimento mudou?
• Foram identificados novos riscos?
• As medidas de controlo funcionam?
• Os resultados do controlo de qualidade da água são satisfatórios?
• Que ações de melhoria já foram implementadas?
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MÓDULO 10. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 10.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO – ETA DO UMBELUZI
Está previsto que a equipa do PSA se reúna, pelo menos, uma vez por ano para rever todos os aspetos necessários do PSA e assegurar
que eles se mantêm corretos e adequados.
A monitorização dos resultados operacionais e as tendências observadas deverão ser avaliadas e integradas nesta revisão. Para além da
revisão periódica prevista, o PSA também deverá ser revisto quando, por exemplo, se inicia a exploração de um novo sistema, são efetuadas
e postas em serviço grandes alterações/melhorias no sistema, ou depois de um incidente grave de qualidade e de quantidade de água.
Em cada reunião prevista tem de ser estabelecida a data da próxima reunião de revisão.
Nas reuniões anuais de revisão deve ser analisada/ avaliada a seguinte informação:
Notas da última reunião de revisão;
Notas de eventuais revisões intermédias;
Alteração na composição da equipa do PSA;
Alterações ao sistema (tratamento, adução, armazenamento e distribuição);
Análise de tendências dos dados operacionais;
Monitorização da implementação dos planos ou ações de melhoria;
Validação de novos controlos;
Revisão da verificação de conformidade;
Ocorrências e não conformidades;
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Relatórios de auditorias internas e externas;
Reclamações de clientes;
Resultados de inquéritos de satisfação;
Revisão bibliográfica;
Revisão da legislação;
Revisão de novos perigos;
Atualização das Fontes Poluidoras diagnosticadas no PSA;
Projetos I&D;
Comunicação com partes interessadas.
A periodicidade definida pela AdeM pode e deve ser alterada sempre que se verifiquem alterações significativas na qualidade e quantidade
da água fornecida. Se, através do Relatório Anual de Revisão referente ao ano anterior, não forem registadas anomalias e os resultados
forem consistentes com o previsto, a periodicidade para revisão do PSA pode ser alterada para um período mais alargado.
Com base no exercício de revisão do PSA a AdeM, deve proceder à revisão e execução das necessidades de melhoria.
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Módulo 11 Rever o PSA na Sequência de um Incidente
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 151
Introdução
Como já referido anteriormente, para assegurar que o PSA tem em consideração perigos e problemas emergentes, a equipa do PSA deverá
efetuar a revisão periódica do mesmo. Um benefício particular da implementação da metodologia de PSA é a provável redução do número
e da severidade dos incidentes, emergências ou das potenciais falhas, que poderão afetar direta ou indiretamente a qualidade da água para
consumo humano. No entanto, esses eventos poderão continuar a acontecer.
Para além da revisão periódica acima mencionada, é também importante efetuar uma revisão do PSA sempre que ocorram situações de
emergência, incidentes ou eventos inesperados, independentemente de serem identificados ou não novos perigos, de maneira a assegurar
que a situação não ocorra novamente e verificar se a resposta foi suficiente ou se poderia ter havido uma resposta melhor.
A revisão após um incidente tem um resultado provável de identificar áreas de melhoria, como por exemplo, a identificação de um novo
perigo ou a revisão do grau de risco estabelecido para um perigo já identificado, a revisão de um procedimento ou prática operacional, a
identificação de necessidades de formação ou melhorias nos canais de comunicação, sendo que a revisão do PSA deverá refletir as alterações
efetuadas. Em muitos casos poderá ser necessário incluir outras partes interessadas. É essencial que as entidades gestoras de
abastecimento de água contem, no seu PSA, com procedimentos para garantir que a equipa de PSA é informada das circunstâncias e
pormenores de todas as situações de incidentes, emergências ou potenciais falhas.
Ações-Chave
Revisão do PSA após um incidente, emergência ou potencial falha;
Determinar a causa do incidente, emergência ou potencial falha e se a resposta foi suficiente;
Revisão do PSA sempre que necessário, incluindo as atualizações dos programas de suporte.
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Desafios Típicos
Uma avaliação aberta e franca das causas, da cadeia de acontecimentos e dos fatores determinantes para a ocorrência da situação
de emergência, incidente ou a potencial falha;
Concentrar-se nos ensinamentos positivos adquiridos e atuar em conformidade, em vez de repartir e apontar culpas.
Resultados
1. Uma análise completa e transparente dos motivos que deram origem ao incidente e a adequabilidade da resposta dada pela entidade
gestora.
2. Incorporação dos ensinamentos adquiridos na documentação e procedimentos do PSA.
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MÓDULO 11. EXEMPLOS/FERRAMENTAS
Exemplo/ferramenta 11.1: Perguntas que devem ser feitas após uma emergência, incidente ou potencial falha
Qual foi a causa do problema?
A causa foi devida a um perigo anteriormente identificado na avaliação de riscos do PSA?
Como foi detetado ou reconhecido o problema, originalmente?
Quais as ações mais importantes requeridas? E foram efetuadas?
No caso de ser relevante, tomaram-se as medidas adequadas e oportunas para avisar os consumidores na defesa da sua saúde?
Que problemas de comunicação surgiram e como foram resolvidos?
Que consequências, imediatas e de longo prazo, teve a emergência?
Como se poderá melhorar a avaliação de risco/procedimentos/formação/comunicação?
Como funcionou o plano de resposta à situação de emergência?
Exemplo/ferramenta 11.2: Aspetos do PSA que convém rever após uma situação de emergência,
incidente ou potencial falha
Identificação clara de pessoas chave envolvidas, com indicação de responsabilidades e contactos (geralmente inclui fornecedores
de matéria prima – INAG, etc.; entidades de proteção das bacias hidrográficas – ARH, SPENA, etc.);
Definição clara de níveis de segurança, incluindo uma escala de níveis de alerta (que indique, por exemplo, quando um incidente se
eleva à categoria de aviso da necessidade de ferver a água);
Verificação da adequabilidade dos procedimentos de gestão da emergência e, em caso negativo, proceder à sua revisão;
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Os procedimentos operacionais normalizados e o equipamento necessário, incluindo o equipamento de reserva, são facilmente
acessíveis e pertinentes;
A informação logística e técnica necessária está disponível e atualizada;
Foram elaborados e atualizados guias de referência rápida e listas para atuação;
É necessário rever a avaliação de risco?
Os procedimentos/formação/comunicação necessitam de melhorias?
O incidente demonstrou a necessidade de um plano de melhorias?
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MÓDULO 11. CASOS DE ESTUDO
Caso de Estudo 11.1
ÁGUAS DA REGIÃO DE MAPUTO – ETA DO UMBELUZI
O Sistema de Gestão da Qualidade da AdeM já incluía um Plano de Contingência e Emergência o qual é atualizado e testado periodicamente.
Na sequência de um incidente, está definido neste documento quais os procedimentos a adotar e quem é responsável pelo quê e a
necessidade de adaptar ou rever esses procedimentos.
A AdeM durante o desenvolvimento do PSA identificou a necessidade de articular alguns aspetos do Plano de Contingência e Emergência
com o PSA, tendo sido elencadas diversas melhorias ao Plano de Contingência e Emergência.
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Agradecimentos
O presente Manual foi elaborado com base num conjunto de documentos e informações promovidos pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) e pelas suas estruturas regionais e locais no âmbito dos Planos de Segurança da Água. Nesse sentido, agradece-se ao conjunto de
especialistas que participaram na elaboração desses documentos e informações, cujos agradecimentos se remetem para as versões
originais.
O desenvolvimento deste Manual envolveu o contributo de vários especialistas e de diferentes entidades Moçambicanas, nomeadamente a
Direção Nacional de Águas (DNA), a Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS), a Águas da Região de Maputo (AdeM)
e o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG). A ajuda e disponibilidade de todos os que contribuíram para
o desenvolvimento deste manual é de reconhecido agradecimento, reforçando a importância desta iniciativa.
O CRA agradece ainda o apoio técnico prestado pela AQUATEC na elaboração e revisão do presente Manual.
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Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 157
Referências e Informações Adicionais
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Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
158 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
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(Book 2). UK, Loughborough University – Water, Engineering and Development Centre/Department for International Development, 2005.
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Manual para o Desenvolvimento de Planos de Segurança da Água
Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano 159
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WHO. Guidelines for drinking-water quality, 3rd ed. Geneva, World Health Organization, 2004.
WHO. Water Safety Plan Portal – includes case studies, tools and other information on developing water safety plans:
http://www.who.int/wsportal/en/, http://www.wsportal.org.
WHO. Water Safety Planning for Small Community Water Supplies – Step-by-step risk management guidance for drinking-water supplies
in small communities. Geneva, World Health Organization, 2012.
WHO. Water Safety Plan: a field guide to improving drinking-water safety in small communities. Denmark, WHO Regional Office for Europe,
2014.
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160 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Glossário
Seguidamente apresentam-se termos utilizados nas Guidelines for Drinking-Water Quality (OMS) e noutros documentos, tais como o Codex
Alimentarius e noutros documentos de orientação utilizados ao longo deste Manual.
Termo Definição
Controlo (substantivo)
(por exemplo, controlo de
segurança da água)
O estado em que se aplicam procedimentos corretos e se cumprem os critérios.
Controlar (verbo) (por
exemplo, controlar um
perigo)
Executar todas as ações necessárias para assegurar e manter o cumprimento de critérios estabelecidos no PSA.
Medida de controlo Qualquer ação ou atividade que pode ser utilizada para prevenir ou eliminar um perigo para a segurança da água ou
reduzi-lo para um nível aceitável.
Ponto de controlo Etapa em que um controlo pode ser aplicado para prevenir ou eliminar um perigo para a segurança da água ou reduzi-
lo para um nível aceitável. Alguns planos contêm pontos-chave de controlo nos quais esse controlo pode ser essencial
para prevenir ou eliminar um perigo para a segurança da água.
Ação corretiva Qualquer ação a ser executada quando os resultados da monitorização no ponto de controlo indicam uma perda de
controlo.
Limite crítico Um critério que permite distinguir aceitabilidade de inaceitabilidade.
Desvio Incumprimento de um limite crítico.
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Termo Definição
Fluxograma Uma representação sistemática da sequência de etapas ou operações utilizadas na produção de uma determinada
componente de água.
APPCPC Análise de Perigos e de Pontos Críticos de Controlo (HACCP- Hazard Analysis Critical Control Points, em inglês).
Análise de perigos Processo de recolha e avaliação de informação sobre perigos e das condições que levam à presença dos mesmos para
decidir quais deles são significativos para a segurança da água e que, consequentemente, devem ser incluídos no PSA.
Perigo A presença na água de um agente biológico, químico, físico ou radiológico, ou um estado da água, com o potencial
para causar um efeito adverso na saúde. Uma outra palavra para perigo pode ser "contaminante".
Evento perigoso Um processo pelo qual um perigo/contaminante é introduzido no sistema de abastecimento de água.
Monitorizar O ato de efetuar uma sequência planeada de observações ou medições de parâmetros de controlo para avaliar se um
ponto de controlo está sob controlo ou se a água cumpre os critérios de qualidade.
Avaliação dos riscos Para os efeitos deste Manual, a avaliação dos riscos tem o mesmo significado que análise de perigos.
Classificação dos riscos A pontuação atribuída a um perigo com base no processo de análise dos riscos.
Etapa Um ponto, procedimento, operação ou fase na cadeia do sistema de abastecimento de água, incluindo matérias-primas,
desde a produção primária até à exposição final.
Programas de suporte As atividades de base necessárias para assegurar água "segura" incluindo a formação, as especificações das matérias-
primas e genéricas boas práticas de gestão da água. Estes programas podem ser tão importantes como os pontos de
controlo para controlar os riscos relativos à qualidade da água, mas o seu âmbito de aplicação tende a abranger
períodos de tempo longos e/ou áreas organizacionais ou geográficas mais amplas. Incluem programas de apoio
organizacional gerais, bem como programas específicos destinados a riscos particulares.
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162 Metodologia pormenorizada de gestão de riscos para entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água para consumo humano
Termo Definição
Validação A obtenção de provas que demonstram que os elementos do PSA permitem cumprir, com eficácia, as metas de
qualidade da água.
Verificação A aplicação de métodos, procedimentos, testes e outras avaliações para determinar a conformidade com o PSA, ou
seja, verificar se o sistema fornece água com a qualidade desejada e se o PSA está a ser implementado na prática.
OMS Organização Mundial de Saúde.
PSA Plano de Segurança da Água.
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