mh-iandra de souza maldaner
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EconomiaTRANSCRIPT
Prêmio IPEA – CAIXA 2005
Menção Honrosa
Iandra de Souza Maldaner
DISCRIMINAÇÃO POR GENERO NO MERCADO DE TRABALHO
PARANAENSE
XI
CONCURSO DE MONOGRAFIAS
TEMA 1:
MERCADO DE TRABALHO
TÍTULO:
DISCRIMINAÇÃO POR GENERO NO MERCADO DE TRABALHO PARANAENSE
2004
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS NAS EQUAÇÕES DE PARTICIPAÇÃO DE HOMENS E DE MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO DO PARANÁ - 2001................................................ 36
TABELA 2 - SALÁRIO MÍNIMO POR IDADE, NÍVEL DE ESCOLARIDADE E GÊNERO NO PARANÁ ENTRE OS ANOS DE 1985 – 2001.............................................................................................................. 37
TABELA 3- RENDIMENTO MÉDIO EM REAIS POR HORA TRABALHADA DAS PESSOAS OCUPADAS, SEGUNDO GÊNERO E SETOR DO MERCADO DE TRABALHO, NO PARANÁ EM 2001....................... 40
TABELA 4 - RENDIMENTO MÉDIO POR HORA TRABALHADA DAS PESSOAS OCUPADAS, SEGUNDO GÊNERO E FAIXA ETÁRIA, NO PARANÁ EM 2001 ....................................................................... 40
TABELA 5 - RENDIMENTO MÉDIO POR HORA TRABALHADA DAS PESSOAS OCUPADAS, SEGUNDO GÊNERO E ANOS DE ESTUDO, NO PARANÁ EM 2001 .................................................................. 41
TABELA 6 - RENDIMENTO EM SALÁRIO MÍNIMO POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001............... 42 TABELA 7 - RENDIMENTO EM SALÁRIO MÍNIMO POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 ............. 42 TABELA 8 - NÍVEL DE ESCOLARIDADE POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001 ............................. 43 TABELA 9- NÍVEL DE ESCOLARIDADE POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 ............................ 44 TABELA 10- NÚMERO DE HORAS TRABALHADAS POR SEMANA POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE
2001........................................................................................................................................ 44 TABELA 11 - NÚMERO DE HORAS TRABALHADAS POR SEMANA POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE
2001........................................................................................................................................ 46 TABELA 12 - SETOR DO MERCADO DE TRABALHO POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001............ 46 TABELA 13 - SETOR DO MERCADO DE TRABALHO POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 .......... 47 TABELA 14 - RENDIMENTO MENSAL POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001................................ 47 TABELA 15 - RENDIMENTO MENSAL POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 .............................. 48 TABELA 16 - RAMO DE ATIVIDADE POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001.................................. 49 TABELA 17 - RAMO DE ATIVIDADE POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 ................................ 49 TABELA 18 – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS NAS EQUAÇÕES DE SALÁRIO, PARA HOMENS E
MULHERES DOS SETORES FORMAL E INFORMAL DO MERCADO DE TRABALHO, NO PARANÁ – 2001................................................................................................................................................ 50
TABELA 19 – ESTIMATIVAS DAS FUNÇÕES DE SALÁRIOS DOS MERCADOS DE TRABALHO FORMAL E INFORMAL SEGUNDO GÊNERO, NO PARANÁ – 2001................................................................... 51
TABELA 20 – DECOMPOSIÇÃO DO DIFERENCIAL DOS SALÁRIOS DAS PESSOAS OCUPADAS SEGUNDO GÊNERO E SETOR, NO PARANÁ – 2001 ...................................................................................... 52
TABELA 21 – MÉDIA DOS LOGARITMOS DOS SALÁRIOS MENSAIS OBSERVADOS DOS HOMENS E MULHERES E ESTIMADOS DAS MULHERES, NO PARANÁ – 2001 ................................................. 54
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS X
1. INTRODUÇÃO 2 1.1. PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA 5 1.2. OBJETIVO 6 1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO 6
2. METODOLOGIA 6 2.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 7 2.2. MEDINDO A DISCRIMINAÇÃO 7 2.3. DECOMPOSIÇÃO DE OAXACA 9 3. REVISÃO DE LITERATURA 10 3.1. ECONOMIA BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 1970 A 1990 10 3.1.1. Economia Paranaense na década de 1990 14
3.2. COMPORTAMENTO DO MERCADO DE TRABALHO NA DÉCADA DE 1990 17 3.3. DIFERENÇAS SALARIAIS 20 3.3.1. Diferenças Individuais 21
3.3.2. Características Empresariais 23
3.3.3. Características Setoriais 23
3.3.4. Características Regionais 24
3.3.5. Características Pessoais não Produtivas 24
3.4. GÊNERO E MERCADO DE TRABALHO 27 3.4.1. Algumas Considerações Históricas sobre o Gênero 27
3.4.2. A Participação da Mulher no Mercado de Trabalho no Brasil 29
3.4.3. Políticas Públicas de Gênero Nacionais 31
4. RESULTADOS 34
5. CONCLUSÃO 56
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 58
1. INTRODUÇÃO
Uma das características importante do mercado de trabalho brasileiro é a
ocorrência de diferenças salariais. Essa questão é um tanto delicada, pois o salário
mínimo criado a fim de corrigir a imperfeição do mercado de trabalho capitalista e
garantir ao trabalhador e família condições básicas de subsistência, não atingiu seu
objetivo, pois, após a fixação de seu primeiro valor em 1940, seu poder aquisitivo
tendeu a cair muito até hoje (DIEESE, 2002). Uma outra característica que vem
sendo enfrentada no mercado de trabalho brasileiro é o diferencial salarial entre
homens e mulheres.
Segundo Silva (1987), o estudo das diferenças salariais é justificado pelas
várias relações sociais e econômicas existentes, tornando-o o elo final da
hierarquização nas sociedades modernas, sendo que esta determina os níveis de
bem-estar atingíveis pelas pessoas. No Brasil são analisados quatro grupos de
características para estudar as diferenças salariais, quais sejam: individuais,
empresariais, setoriais e as regionais. A partir do pressuposto de que as diferenças
salariais existem e são elevadas, pretende-se averiguar quais são as variáveis
relevantes na explicação dessa diferenciação.
Segundo Fontes e Arbex (2000),este tipo de análise é importante para o
Brasil devido, principalmente, à estrutura e às características recentes da economia
e do mercado de trabalho, quais sejam: grande concentração pessoal de renda;
vasta heterogeneidade da qualidade da força de trabalho; elevada parcela da força
de trabalho ocupada em atividades informais; acentuadas desigualdades regionais;
liberalização comercial, desregulamentação dos mercados e privatização de
empresas estatais; longo e persistente processo inflacionário até recentemente e
implantação de seguidos planos de estabilização e ajuste estrutural.
3
Ao longo da segunda metade do século passado foram detectadas
disparidades salariais. Várias políticas salariais foram adotadas para tentar dividir
melhor a renda nacional. Essas políticas foram pouco eficientes, pois as
disparidades na distribuição da renda persistiram (DIEESE, 2002).
Conforme Chahad (1986), diferenças educacionais que existem entre os
trabalhadores, constituem como o principal fator que determina as disparidades
salariais, mas a idade, gênero, setor de atividade, região de residência também dão
sua contribuição para a remuneração do indivíduo.
A discriminação por gênero no mercado de trabalho ocorre quando homens
e mulheres, com as mesmas preferências e atributos produtivos, recebem
remunerações diferenciadas na força de trabalho, em termos de salários e ou de
acesso ao trabalho. Uma parcela da diferença de remuneração entre gênero pode
ser atribuída a diferenças de preferência e qualificação entre os trabalhadores. No
entanto, há uma parcela residual, que não se refere nem a preferências e nem a
qualificação e que pode ser considerada indicador de discriminação (BAPTISTA,
1999).
Ações discriminatórias no mercado de trabalho são freqüentes. Existem dois
tipos de discriminação, a de cunho salarial, quando os trabalhadores são igualmente
produtivos e ocupam os mesmos postos de trabalho, mas recebem diferentes
salários; e a de caráter alocativo, quando os trabalhadores igualmente produtivos
têm chances diferentes de ocupar postos de trabalho de alta produtividade
(JACINTO et al., 2002).
Segundo Arrow (1972) apud Loureiro (2000), mercado é o local onde
ofertantes e demandantes negociam determinado produto, envolvendo apenas
relações interpessoais (nesse local não há discriminação), desde que este não sofra
4
influência de fatores não-mercados (networks ou interação social), influenciando o
comportamento econômico. O comportamento econômico depende da natureza das
crenças e atitudes determinadas culturalmente condicionadas pelas instituições
sociais. Mercados competitivos, por ter forte interação social geram forte
discriminação.
A questão da permanência no trabalho é, às vezes, citada como um
elemento que ajudaria a explicar o diferencial de salários entre homens e mulheres.
Alguns estudos, relacionados às questões salariais, demonstram que, em média, os
salários dos homens são superiores aos das mulheres, mesmo após o controle por
diversas características observáveis. Uma possível interpretação é que se trata de
uma discriminação no mercado de trabalho. Entretanto, podem existir outros tipos de
possibilidades de entender essa observação, entre elas a necessidade de
engajamento no trabalho. Como em situações em que as mulheres dividem seu
tempo de atividade entre o mercado de trabalho e o trabalho doméstico. Postos de
trabalho que proporcionem essa possibilidade de flexibilidade no emprego,
certamente remuneram menos (FERNANDES, 2002).
Em muitos aspectos da vida, a discriminação é difícil ou impossível de se
medir, mas, em outros, a mensuração é possível, é o caso do mercado de trabalho,
onde há possibilidade de se mensurar os efeitos da discriminação. Neste trabalho
pretende-se estudar, quantitativamente, os resultados sobre os indivíduos das
práticas discriminatórias no Paraná, ou seja, investigar as diferenças salariais no
estado para o ano de 2001, empregando a decomposição de Ronald Oaxaca, que
mede a discriminação por gênero.
5
1.1. PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA
A inserção da mulher no mundo do trabalho vem sendo acompanhada, ao
longo dos anos, por elevado grau de discriminação, não só no que tange à qualidade
das ocupações que têm sido criadas tanto no setor formal como no informal do
mercado de trabalho, mas principalmente no que se refere à desigualdade salarial
entre homens e mulheres (MAIA e LIRA, 2002).
Na teoria da discriminação no mercado de trabalho, observa-se um ou mais
grupos em situação desfavorável a outro grupo considerado ideal ou padrão,
levando em conta suas características não produtivas, como a cor da pele, a opção
sexual, a religião, o sexo, a origem social, ou quase qualquer outra marca que se
impõe aos indivíduos.
Considerando que há poucas informações sobre o mercado de trabalho em
geral no Paraná e mais especificamente sobre o mercado de trabalho feminino, ou
seja, a questão de gênero é pouquíssimo considerada neste estado, que vem
acompanhando a evolução de desenvolvimento nacional ao longo dos anos, com
crescimento industrial, tecnológico e agrícola, e por possuir uma economia forte.
Essa informação da situação do trabalho feminino é importante para as políticas
públicas ativas de qualificação e emprego no Paraná, por exemplo, as autoridades
públicas podem estar gastando recursos para qualificar o segmento que sofrem
discriminação, e a política do Estado deveria ter outro modelo. Seguindo Soares
(2000), onde existem diferenças, existem indivíduos cujas vidas são prejudicadas
por pertencerem a um ou outro grupo que foge a determinadas normas impostas.
Uma das esferas da sociedade na qual é possível mensurar os efeitos da
discriminação é no mercado de trabalho. E por que se medir a discriminação pela
renda? Porque, ainda que existam dificuldades de mensuração, não há ambigüidade
6
sobre a desejabilidade da renda. Participar ou não do mercado de trabalho, a
escolha do setor de atividade ou o número de horas trabalhadas são resultados
complexos que podem refletir escolhas e não discriminação, mas dinheiro é
importante para todos (ceteris paribus) (MAIA e LIRA, 2002).
Deseja-se verificar aqui, se existe diferença salarial no mercado de trabalho
paranaense, entre homens e mulheres, caso ela exista seria devido a discriminação?
Ou seja, Existe discriminação salarial por gênero no estado do Paraná?
1.2. OBJETIVO
O objetivo geral do trabalho é investigar as diferenças salariais por gênero
no estado do Paraná no ano de 2001, e saber quais são os níveis dessas diferentes
remunerações, e verificar se existe discriminação.
1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO
Além da introdução e objetivos, o trabalho esta subdividido em cinco partes.
Na segunda seção são definidas as variáveis e a metodologia empregada no
trabalho. Na terceira seção é apresentada a revisão de literatura referente ao
mercado de trabalho e a participação feminina nos postos de trabalho. A quarta
seção traz os resultados encontrados e por fim a seção cinco apresenta as
conclusões do trabalho.
2. METODOLOGIA
A pesquisa a ser desenvolvida neste estudo tem conteúdo descritivo, em
que o objetivo primordial é a descrição das características de determinada
população ou fenômeno, dedicando-se a uma pesquisa da literatura existente sobre
o mercado de trabalho, tais como: de Katy Maia (2002), Ronald Oaxaca (1973), José
Pastore (2000) entre outros. Para tanto, adota-se a sistemática normalmente
empregada nos trabalhos de revisão de literatura, orientado por uma análise, leituras
7
e a sua organização a partir do eixo básico da diferenciação salarial, pois se trata de
uma literatura muito rica.
2.1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A partir dos microdados de 2001 da Pesquisa Nacional de Amostras
Domiciliares (PNAD) disponibilizada pela base de dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), será verificada as diferenças salariais bem como
será investigado o grau de discriminação por gênero no mercado de trabalho
paranaense. Será também utilizado a título de comparação os dados da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS), disponibilizadas pelo Ministério do trabalho e
Emprego (MTE). Também é utilizado o programa SPSS para processar os dados da
PNAD.
Neste trabalho, considera-se que o setor formal do mercado de trabalho é
constituído por trabalhadores com carteira assinada, militares, funcionários públicos
e trabalhadoras domésticas com carteira assinada. Já o setor informal do mercado
de trabalho é formado por empregados sem carteira assinada, trabalhadores por
conta-própria e trabalhadoras domésticas sem carteira assinada.
2.2. MEDINDO A DISCRIMINAÇÃO
Através do programa SPSS, é calculado o chi-square ou qui-quadrado (X2)
para verificar se a maior proporção salarial é de fato a masculina. Para proceder ao
teste, basta obter duas amostras aleatórias independentes, uma de cada população
(masculina e feminina) e aplicar o teste, conforme Hoffmann (1991).
A pesquisa também terá aplicação de método econométrico, para a análise
da diferença dos salários entre homens e mulheres, utiliza-se o modelo desenvolvido
por Oaxaca (1973), que foi criado para estudar a questão da discriminação sexual e
racial, utilizando funções de salário da Teoria do Capital Humano. Usando a análise
8
de regressão decompõe-se o diferencial de salários médio por gênero em um
diferencial devido aos atributos pessoais ou variáveis de controle da regressão de
salários, e outro diferencial devido ao tratamento diferenciado do mercado para
homens e mulheres. Aqui se pretende mensurar o grau da discriminação por gênero
nos mercados de trabalho formal e informal, bem como a análise dos resultados.
A discriminação será examinada pela seguinte ótica: existe um grupo padrão
– os homens, que estabelece a norma no mercado de trabalho e o outro grupo – as
mulheres, que sofrem uma possível discriminação (SOARES, 2000).
Essa metodologia mede todas as características teoricamente relevantes à
determinação de ganhos como a escolaridade, por exemplo. Estima-se
estatisticamente como cada uma dessas características contribui para os ganhos
das mulheres, associando cada característica aos rendimentos dessas
trabalhadoras. Após, calcula-se quanto às mulheres ganhariam se suas
características produtivas fossem as mesmas dos homens. Na ausência de
discriminação, as mulheres e os homens com as mesmas características produtivas
deveriam ter salários iguais (CHAVES, 2000).
O modelo tem como variável dependente o salário e como variáveis
independentes ou explicativas a educação, a experiência (idade-educação-6),
experiência ao quadrado, interação entre as variáveis educação e experiência
(educação*experiência). Visto que todas essas variáveis podem trazer reflexos com
relação ao salário do indivíduo, e conforme a teoria do capital quanto maior o
estoque de habilidades e conhecimento do indivíduo, maior é o incremento salarial
do trabalho por ele desenvolvido.
O modelo baseia-se em estimativas da função de salário, para os grupos a
serem considerados, no caso deste estudo, homens e mulheres que trabalharam no
9
mercado paranaense em 2001. De acordo com Mincer (1974), que formulou a
função salário do capital humano, na qual relaciona o logaritmo natural do salário
com o investimento em capital humano (anos de estudo e experiência), ou seja, o
capital humano determina o rendimento do trabalho individual conforme a
produtividade do indivíduo.
2.3. DECOMPOSIÇÃO DE OAXACA
De acordo com Ronald Oaxaca, as equações abaixo, seguem o modelo de
Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) e são utilizadas para medir a discriminação
sofrida pelos indivíduos expostos a situação de exclusão, nesse caso exclusão por
gênero.
A decomposição de Oaxaca tem as seguintes equações:
mimimim Xw µ+β+α=ln (1)
fififif Xw µ+β+α=ln (2)
Onde, wm = salário masculino e wf = salário feminino e, onde α é o
intercepto da regressão; X é o vetor das variáveis de capital humano, lnw é o
logaritmo do salário; β é o vetor dos coeficientes; e µ é o erro ou termo aleatório.
Os subescritos m e f representam, respectivamente, as variáveis do gênero
masculino e feminino; e subescrito i indica o número de indivíduos participantes da
amostra, de forma que i = 1, ... , n.
As estimativas da função salário (1) e (2), pelo método dos mínimos
quadrados ordinários (MQO) podem ser escritas como:
mmmm Xw β+α= ˆˆln (3)
ffff Xw β+α= ˆˆln (4)
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Onde X indica o valor médio e o acento circunflexo sobre α e β
representam os valores estimados, de forma que a diferença de rendimentos pode
ser determinada como as diferenças entre as equações (3) e (4).
( ) ffmmfmfm XXwww β−β+α−α=−=∆ ˆˆˆˆlnln (5)
Para aplicar a decomposição de Oaxaca (1973), deve-se incluir na equação
(5) a subtração e a soma de uma média artificial, que é dada pelo produto dos
coeficientes da regressão das mulheres, o grupo considerado em desvantagem, e a
média da dotação dos atributos dos homens, o grupo considerado em vantagem, ou
seja, mf Xβ̂ :
( ) mfmfffmmfmfm XXXXww β−β+β−β+α−α=− ˆˆˆˆˆˆlnln (6)
Pelo rearranjo da equação (6), obtêm-se:
( ) ffmfmfmmfmfm XXXXww β−β+β−β+α−α=− ˆˆˆˆˆˆlnln
( ) ( ) ( )fmffmmfmfm XXXww −β+β−β+α−α=− ˆˆˆˆˆlnln (7)
O primeiro termo, ( ) ( )fmmfm X β−β+α−α ˆˆˆˆ é o termo de discriminação, pois
indica se há diferenças nos rendimentos em decorrência da discriminação salarial
contra as mulheres ou não. O segundo termo ( )fmf XX −β̂ mostra a diferença nos
rendimentos devido às diferenças na dotação de atributos produtivos, o capital
humano (MAIA e LIRA, 2002).
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. ECONOMIA BRASILEIRA NAS DÉCADAS DE 1970 A 1990
Tendo como base a situação da economia brasileira considerando ainda a
análise da economia paranaense neste trabalho, será mais fácil tirar as conclusões a
respeito do mercado de trabalho no Paraná e comparar em termos de desempenho
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produtivo e econômico, se é um estado que remunera sua massa trabalhadora de
acordo com a realidade consistente nas condições do mercado nacional.
Segundo Fontes e Arbex (2000), a partir de 1973, com a elevação dos
preços do petróleo, o Brasil tinha duas opções: reduzir a taxa de crescimento do PIB
e, com isso, manter o equilíbrio de suas contas externas ou, como segunda opção,
manter as taxas de crescimento dos anos anteriores via endividamento externo. O
governo escolheu a segunda opção muito mais por razões políticas do que
econômicas. As conseqüências pela opção do crescimento via endividamento
externo começam a aparecer em 1979. A taxa de inflação se torna crescente, e o
pagamento de juros e amortizações da dívida externa atingiam cerca de 70% do
valor das exportações.
A crise da dívida externa, no início dos anos 80, interrompeu o fluxo de
capital estrangeiro para o Brasil e a reação do País, à imposição do pagamento dos
enormes encargos da dívida, implicou na paralisação dos investimentos e na
dedicação da capacidade de produção nacional para gerar os dólares necessários,
através de superávit no comércio exterior, importando o mínimo e exportando tudo
que fosse possível de vender aos outros países, Política Desenvolvimentista de
Substituição de Importações. Isso onerou o bem-estar sócio-econômico dos
brasileiros. O país tinha desenvolvido sua economia, desde 1968, na base do
endividamento externo, sem construir um sistema de financiamento em torno da
moeda nacional e não se mostrou à altura quando lhe foi exigido enfrentar o colapso
externo, provocado por mudanças nas condições de operação do mercado
financeiro internacional, no final da década de 70 (BALTAR, 2000).
Durante a segunda metade da década de 80, a política econômica brasileira
concentrou-se no combate à inflação. Os planos de estabilização de inspiração
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ortodoxa, adotados entre 1981 e 1984, promoveram o ajustamento externo da
economia, mas não conseguiram evitar a escalada de inflação (MODIANO, 1992).
Na década de 80, o aumento da pobreza e das desigualdades de
distribuição de renda entre pessoas economicamente ativas foi atribuído ao baixo
crescimento do PIB brasileiro, devido, sobretudo à taxa de inflação (FONTES e
ARBEX, 2000).
Barros et al. (1996), apud Fontes et al. (2000), encontraram relação positiva
entre inflação e pobreza na década de 80. No entanto, em 1988 e 1989, quando a
inflação atingiu patamares relativamente elevados, tornou-se um fenômeno
permanente, ela passava a afetar menos a pobreza do que o desemprego.
As condições do mercado financeiro internacional se modificaram,
novamente, no início da década de 90. A política de comércio internacional do país
sofreu profundas alterações, com a liberalização comercial acompanhada por
incentivos à entrada de capitais estrangeiros, desregulamentação do mercado e
privatização das empresas, além de medidas de estabilização. A nova orientação
política do país provocou transformações no mercado de trabalho, sobretudo em
termos de emprego e salário (RAPOSO e MACHADO, 2002).
Voltou a ser atrativo, para as instituições financeiras internacionais, aplicar
capital em países subdesenvolvidos, como o Brasil. O governo do Brasil, de modo
análogo ao de muitos outros países subdesenvolvidos, modificou a legislação que
fixa o tratamento dispensado ao capital estrangeiro. A nova legislação facilitou a
entrada e saída de capital financeiro do país, a remessa de lucros e dividendos e o
acesso de estrangeiros aos mercados domésticos de ações e títulos de dívida. A
entrada de capital estrangeiro no Brasil foi tão grande que, além de cobrir um
enorme e crescente déficit de conta corrente do balanço de pagamentos e de
13
aumentar substancialmente o nível das reservas internacionais do país, provocou a
valorização da moeda nacional, ao baixar o preço do dólar, apesar da inflação. A
enxurrada de dólares, atraída pelo baixo valor da riqueza, num país que tinha
investido muito no passado, mas sofreu para pagar o serviço da dívida externa, na
década anterior, viabilizou uma redução abrupta da inflação. A moeda artificialmente
valorizada durou de meados de 1994 até início de 1999 e exigiu taxas de juros
brutais que arrasaram o patrimônio dos que dependeram da renovação do crédito
doméstico, as altas taxas de juros provocaram um violento aumento da dívida
pública, com repercussões no sentido de paralisar todo o aparelho de Estado, nos
níveis federal, estadual e municipal, além de acelerar a venda, a baixo preço, do
patrimônio público (BALTAR, 2000).
De acordo com Cacciamali (1999), no Brasil a década de 90 iniciou em um
ambiente de abertura comercial e de recessão econômica. A partir de 1993, o nível
de atividade econômica recuperou-se e, no ano seguinte, a administração Itamar
Franco implementou um programa de estabilização econômica. Sob a administração
do então presidente Fernando Henrique Cardoso, em anos subseqüentes, com
elevadas taxas de juros, de desvalorização cambial e de lenta recuperação dos
investimentos, o crescimento da atividade econômica foi positivo, no entanto, não
conseguiu elevar o número de empregos, na intenção de adequá-lo ao crescimento
da população economicamente ativa (PEA).
Em 1994, as altas taxas de inflação foram contidas e mantidas num patamar
baixo, através do Plano Real, onde os mais pobres passaram a exercer sua
capacidade aquisitiva, o setor de bens de consumo duráveis expandiu-se de
maneira significativa, atendendo a demandas reprimidas da população, que foram
sustentadas por políticas de crédito ao consumidor com juros elevados, mas prazos
14
longos. Desta forma, iniciou-se aí um processo de ajustamento dos preços e uma
certa recuperação dos investimentos conduzidos pelo setor privado. Os preços
foram estabilizados com essa abertura econômica (CACCIAMALI, 1999).
Segundo (FONTES et al,. 2000), a maior abertura econômica nos anos 90
estimulou a redução de tarifas, rompendo o modelo de desenvolvimento que visava
proteção da indústria nacional. Devido à presença de concorrentes estrangeiros e a
necessidade de competir internacionalmente fizeram o setor produtivo nacional
investir maciçamente em tecnologia para aumentar a produtividade. Como
conseqüência dessas transformações foi a alta da taxa de desemprego,
principalmente no setor industrial.
A desvalorização do Real em 1999 encerrou uma etapa da enorme
modificação que ocorreu na economia brasileira desde o início da década (BALTAR,
2000).
A seguir é apresentada uma visão das diferentes fases de desenvolvimento
da economia paranaense no contexto das transformações que ocorreram na
dinâmica espacial da economia brasileira.
3.1.1. Economia Paranaense na década de 1990
A abertura econômica na década de 90 trouxe profundas transformações
nas economias. O Estado do Paraná, com características de predominância de
atividades primárias e industriais tradicionais experimentou uma transição para
setores com padrões tecnológicos e organizacionais modernos. Em fins da década
de 80 apresentou modificações significativas na sua base produtivas e obteve um
desempenho industrial superior ao do Brasil (MAIA, 2002).
Em 1990, a queda do PIB agropecuário foi de 9,7%, enquanto o da indústria
retraiu 4,8%. O declínio foi praticamente geral, com quedas em segmentos
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vinculados à agropecuária e nos ramos fornecedores da construção civil. A exceção
ficou com os ramos mecânica, material de transporte, papel e papelão (CASTRO,
1999).
O processo de retração da economia, tanto do Brasil quanto do Paraná, a
partir de 1991, intensificou-se devido à tentativa de controlar a inflação, que
combinava arrocho salarial, juros reais elevados e contenção fiscal. Apesar da crise
recessiva nos dois primeiros anos da década, o PIB do Paraná cresceu a uma taxa
anual de 4,1% entre 1990 a 1993, enquanto o Brasil registrou um crescimento de
1,4% (LOURENÇO, 1994).
A partir de 1992 se reverteu a tendência de queda da participação no PIB
nacional, em decorrência de aumentos da produção agropecuária e do aumento
industrial dos segmentos modernos da indústria. Na agropecuária, os principais
produtos da década de 80 entraram em crise e a soja voltou a crescer por preços
favoráveis, e a cana-de-açúcar se expande (ROLIM, 1995).
Em 1994, o PIB do estado cresceu 6,6% contra 5,7% do Brasil, fruto do bom
desempenho industrial estadual que cresceu 9,2%. Entre 1993 e 1994, a expansão
do PIB estadual foi liderada pelo crescimento da renda do setor primário e seus
efeitos multiplicadores para frente e para trás, no setor de fabricação e venda de
insumos, máquinas e implementos, no comércio interno e externo, no mercado de
imóveis e bens duráveis e nos transportes rodoviário e ferroviário. Ainda a
integração comercial entre Brasil e países do Mercosul contribuiu para esse
desempenho favorável. O Paraná deixa de se caracterizar como exportador somente
se produtos básicos. A proximidade do estado com países do Mercosul tem
garantido vantagens comparativas e o incremento das exportações paranaenses do
16
complexo agroindustrial para esse bloco econômico, comparado aos demais
mercados mundiais (RODRIGUES et al., 2002).
De acordo com dados agrícolas estaduais nos anos 90, a produção de soja
no Paraná cresceu de 4,7 milhões de toneladas na safra de 1992/93 para 9,4
milhões de toneladas na safra 2000/01, sendo assim, as exportações brasileiras de
soja em grão cresceram significativamente (MARTINS et al., 2002).
A partir de 1994, aumentaram as decisões de investimentos no estado,
levando a instalações de novas empresas, ampliações e modernizações. O Paraná
exporta produtos manufaturados (de maior valor agregado), o que faz elevar o nível
de vendas externas em 130% de 1992 a 1999. A maior taxa de crescimentos refere-
se ao grupo de gorduras, óleos e ceras animais e vegetais com taxa de 122,50%. O
grupo: madeira, cortiço e suas obras, cresceram 107,23% e o grupo de produtos do
reino vegetal cresce em 68%. Por outro lado, os produtos alimentícios, bebidas e
fumo obtiveram taxa negativa de 33,98% (MAIA, 2002).
A abertura comercial ampliou o grau de exposição dos produtos nacionais à
concorrência internacional provocando ajustes relacionados à produtividade, como
melhoria dos padrões de eficiência, controle de qualidade, treinamento de mão-de-
obra, racionalização das linhas de produção, modernização tecnológica e novas
técnicas de administração e gestão. Essas recaíram sobre indústrias metalúrgicas,
mecânicas, materiais elétricos e de comunicações, equipamentos de transporte,
química, produtos alimentares, bebidas e vestuário no estado (RODRIGUES et al.,
2002).
Rodrigues et al. (2002) observaram que o setor agropecuário, bem como os
setores componentes da indústria de transformação, fabricação de minerais não
metálicos e indústrias diversas, reduziram suas participações nos anos 1990 a 1995,
17
juntamente com a indústria alimentar, como a indústria do café e beneficiamento de
produtos vegetais, que caiu, talvez pela diversificação da indústria paranaense, e os
setores metalúrgicos e mecânicos, materiais elétricos, materiais de transporte e
celulose, papel e gráfica, apresentaram maior dinamismo.
A diversificação registrada na estrutura setorial do Estado recebeu a
influência de reformas estruturais, como privatização e modernização da economia,
do Plano Real, decretado em julho de 1994 e do processo da abertura da economia,
instaurado a partir de 1990, para atender as exigências de integração via Mercosul e
fazer frente à globalização em curso. Esses fatores exigiram postura racional na
condução de atividades das empresas, o que certamente condicionou o
comportamento dos agentes produtivos no sentido dos ajustes necessários.
Entre 1983 e 1990, verificou-se no estado, intensa diminuição da força de
trabalho ocupada na agricultura, de 46% para 33%. Em compensação, aumentaram
a força de trabalho ocupada na indústria e no setor serviços. As ocupações de baixa
produtividade e informais também apresentaram crescimento no período (SEREIA et
al., 2002).
3.2. COMPORTAMENTO DO MERCADO DE TRABALHO NA DÉCADA DE 1990
Segundo Amadeo (1999), para saber o desempenho do mercado de trabalho
é necessário examinar as dinâmicas de oferta e de demanda de trabalho. Sendo, a
oferta, o número de pessoas que entram e saem do mercado de trabalho e demanda
o número de vagas abertas e fechadas. A partir desses dois componentes se podem
determinar a taxa de desemprego, os salários e a produtividade do trabalho.
O número de pessoas que a cada ano entram e saem do mercado de
trabalho dependem de dois grupos de fatores que são a tendência demográfica do
país e o desempenho da própria economia. Desde 1994 estão ocorrendo uma queda
18
substancial da oferta de trabalho entre os membros mais jovens das famílias,
pessoas entre 15 e 24 anos de idade. A taxa de participação nessa faixa etária caiu
de 54% para 51% da população entre 1994 a 1998. E entre 25 e 39 anos, auge da
capacidade de trabalho, há um aumento na participação no mercado de trabalho,
devido exigência das empresas por trabalhadores experientes e mais qualificados,
justamente o que oferecem os jovens maduros. Isso indica um aumento do nível de
qualificação da mão-de-obra já que os jovens estudam muito antes de enfrentar o
mercado de trabalho. No entanto, a baixa geração de novas vagas está associada
ao rápido crescimento da produtividade do trabalho que requer trabalhadores mais
qualificados (AMADEO, 1999).
Desde o esgotamento da etapa de substituição de importações em fins dos
anos 70, a estrutura industrial brasileira passou por transformações provocadas pelo
processo inflacionário dos anos 80/90, abertura comercial no início da década de 90
e ciclos recessivos, configurando um processo de ajustamento econômico com
difusão de programas de contenção de despesas, racionalização de métodos
produtivos e perfis gerenciais, além da melhoria da qualidade dos produtos. Essa
reestruturação industrial provocou entre 1989 e 1994 uma redução de 24,6% no
número médio de empregados por estabelecimento industrial. Passando o mercado
de trabalho nacional por uma turbulência, onde os novos postos de trabalho que
foram gerados eram provindos do setor informal, compostos por empregados sem
carteira assinada, trabalhadores por conta própria e microempresários. A mão-de-
obra feminina foi absorvida por meio da geração de novas ocupações com baixa
qualidade do posto de trabalho, precarização das relações de trabalho e queda nos
rendimentos dos trabalhadores, na segunda metade dos anos 90, essa dinâmica foi
alterada pelo fantasma do desemprego. As transformações do mercado de trabalho
19
da última década foram mais sentidas pelos trabalhadores masculinos, sobretudo os
menos qualificados, que cederam lugar para o sexo feminino (MELO, 2000).
Algumas tendências mais importantes merecem destaque, como a migração
do emprego do setor secundário (indústria) para o setor terciário (comércio, serviços,
administração pública). Tão significativa quanto à migração do emprego do setor
industrial para o setor de serviços foi à conversão dos empregos formais em
informais. Até o início da década, o vínculo formal de trabalho foi à modalidade
predominante de inserção, caracterizando a situação de mais da metade dos
ocupados. A partir de então, o assalariamento formal sofreu um encolhimento
contínuo, em termos relativos e absolutos. As demais modalidades, o vínculo
empregatício informal, o trabalho por conta própria e a condição de empregador,
experimentaram crescimento, ainda que esta última de forma residual. De modo
geral as ocupações formais tendem a ser significativamente mais bem remuneradas
que as informais. Embora sejam fortes as variações ao longo do tempo, nos
primeiros oito anos da década de 90, os rendimentos dos assalariados com carteira
foram, no mínimo, 30% maiores que os dos assalariados sem carteira e 15% mais
elevados que os dos trabalhadores por conta própria. Uma outra transformação
ocorrida no mercado de trabalho brasileiro na última década foi o ganho que se
registra em termos de escolaridade dos ocupados na força de trabalho e ainda o
mercado de trabalho nos anos 90, não foi capaz de gerar postos de trabalho
suficientes para absorver o crescimento de sua força de trabalho. Evidência disso foi
o preocupante incremento nas taxas de desempregados, apesar da desaceleração
no ritmo de crescimento do contingente dos que ingressam no mercado (COMIM e
GUIMARÃES, 2002).
20
Na década de 1990, houve três movimentos principais no comportamento
das taxas de desemprego aberto, um período de ascensão nos primeiros anos,
marcados por forte recessão econômica, quando a taxa de desemprego chega a
6%, em 1992, um segundo período de recuperação da economia e do emprego, que
vai de 1993 a 1995, onde a mesma se reduz quase um ponto percentual, e um
terceiro momento de ascensão persistente e inusitada do desemprego aberto, chega
a se aproximar dos 8%, na média, de 1998 (COMIM e GUIMARÃES, 2002).
3.3. DIFERENÇAS SALARIAIS
Os estudos das diferenças de salários são interessantes para o Brasil,
devido à estrutura e às características recentes da economia e do mercado de
trabalho: grande concentração pessoal de renda; vasta heterogeneidade da
qualidade da força de trabalho; elevada parcela da força de trabalho ocupada em
atividades informais; acentuadas desigualdades regionais; liberalização comercial,
desregulamentação dos mercados e privatização de empresas estatais; longo e
persistente processo inflacionário até recentemente e implantação de seguidos
planos de estabilização e ajuste estrutural (FONTES e ARBEX, 2000).
Conforme Chahad (1986), os estudos de determinação e diferencial de
salários podem vir a serem úteis às políticas públicas, através da indicação da
importância da educação, experiência, sexo, região, filiação industrial para a
determinação de salários e estimando o tamanho da dispersão salarial entre
trabalhadores com similar característica. Também, conforme observam Comim e
Guimarães (2002), pode motivar um número crescente de iniciativas de políticas
públicas voltadas para melhorar as condições de inserção dos trabalhadores no
mercado de trabalho, criar alternativas de geração de renda ou simplesmente mitigar
dificuldades dos indivíduos expostos à situação de exclusão.
21
A importância do estudo das diferenças salariais justifica-se por suas
múltiplas relações sociais e econômicas, a ponto de torná-los o elo final das
estruturas hierárquicas nas sociedades modernas. Essa hierarquização determina os
níveis de bem-estar atingíveis pelas pessoas (SILVA, 1987).
Em longo prazo a mudança na estrutura e no nível de emprego decorrem
das mudanças tecnológicas, inovações operacionais e modificações na composição
do produto. Já no curto prazo, fenômenos agudos como recessão ou rápido
crescimento econômico também tendem a alterar o perfil do emprego (CHAHAD,
1986).
Para Amadeo (1999), o trabalho, antes era visto como homogêneo e
estático; o capital, como fonte do progresso tecnológico. Atualmente, o dinamismo
econômico está cada vez mais no conhecimento, nas habilidades e na experiência
dos trabalhadores e não no capital físico ou nas empresas. A qualidade dos
trabalhadores e a eficiência de sua relação com as empresas determinarão, em
última análise, a rapidez do progresso econômico das nações.
3.3.1. Diferenças Individuais
Uma tentativa de explicação das diferenças salariais entre postos de
trabalho e entre trabalhadores com semelhante conjunto de tarefas é pelas
diferentes características individuais dos envolvidos, ou seja, aspectos relacionados
à oferta de trabalho (SILVA, 1987).
Possivelmente, as características produtivas acumuladas pelo indivíduo
afetem o salário, ou seja, o capital humano, considerado pelos economistas como o
nível intelectual dos indivíduos, obtido pela escolaridade e tempo de experiência
acumulada, e isso tudo possivelmente afete a renda (COELHO e CORSEUIL, 2002).
22
Uma maneira concisa e simples de se estimar diretamente as diferenças
salariais associadas com a educação é através de equações de salários, baseadas
no paradigma do capital humano. Existe uma relação positiva entre produtividade e
escolaridade, de tal sorte que ao tomar a decisão de investir mais tempo na
aquisição de educação o indivíduo estaria aumentando sua produtividade e
elevando seu salário no mercado (FONTES e ARBEX, 2002).
Mincer (1970), apud Silva (1987), afirmou que a diferença salarial entre os
indivíduos absolutamente sem qualificação e os possuidores de diferentes níveis de
qualificação se explicariam pelo investimento em capital humano nesses últimos
realizado.
Kassouf (1994) mostra que entre 1977 e 1996, os retornos à educação
universitária e de ensino fundamental subiram, enquanto houve declínio das taxas
de retorno à educação intermediária e do segundo ciclo de ensino fundamental. O
autor também destaca que os retornos à educação variam com os ciclos econômicos
e que o comportamento desses retornos ao longo do ciclo da vida é tal que as
diferenças de remuneração associada à idade maior crescem a uma taxa maior para
os mais educados em relação aos menos educados, devido à interação entre
educação e experiência.
Kassouf (1994), usa a idade como proxy em sua estimativa de equação de
salários para dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN) de 1989. Ela
estimou que para homens os salários crescessem até 50 anos e para mulheres até
os 45 anos de idade e passam a decrescer em idades mais elevadas. Não só a
experiência no mercado de trabalho afeta os salários, mas também a experiência na
empresa.
23
3.3.2. Características Empresariais
Acredita-se que os salários sejam mais elásticos à experiência no emprego
atual que à experiência no mercado de trabalho. Essa crença foi corroborada por
Branco (1979), mostrando que um ano a mais na empresa tende a elevar os salários
em 5%, sendo que um ano a mais no mercado de trabalho elevaria o salário entre
2% e 3%.
Mas, as características da empresa também influem no salário, bem como
tamanho da empresa, pois o tamanho define sua estrutura administrativa e de
produção, determinando o grau de divisão do trabalho e a estrutura hierárquica de
funções e salários; produtividade do trabalho na empresa espera-se que empresas
com maior produtividade da mão-de-obra apresentem participações menores das
folhas salariais nos seus custos de produção e em suas receitas; desempenho
empresarial, acreditando que empresas com melhor desempenho paguem salários
melhores para semelhantes ocupações (BRANCO, 1979).
Há ainda a medida do grau de existência de mercado interno de trabalho na
empresa, ou seja, os gerentes e superiores assumem a empresa como proprietários
e isso influência no salário (FREITAS, 1992).
3.3.3. Características Setoriais
Características setoriais estão ligadas ao poder que teriam as empresas ou
os trabalhadores do setor de se manifestam nas discussões de reajuste salarial. No
caso das empresas, é o poder de mercado, que determina o repasse aos preços dos
reajustes salariais concedidos. Para trabalhadores, é o poder dos sindicatos em
obter melhorias salariais (SILVA, 1987).
O poder sindical é uma segunda característica setorial importante para
determinar salários. Arbache e Carneiro (1999) estimam a relação entre salário e o
24
grau de sindicalização do trabalhador. Eles usam uma equação de salários com
controles para experiência, experiência na firma, gênero, posição na família, estado
civil, raça, grau de urbanização, região geográfica, ocupação, uso de hora extra e
pagamento de benefícios não salariais. Os resultados mostram que os trabalhadores
sindicalizados ganhavam em 1992 e 1995, cerca de 11% e 7% a mais que os não
sindicalizados, respectivamente.
3.3.4. Características Regionais
No caso do Brasil como há uma marcante diferença regional, a explicação
para a existência de diversos salários mínimos, cada um válido para uma região
delimitada, ao mesmo tempo em que reconhece as desigualdades regionais,
incorpora tanto as diferenças de custo de vida quanto às de nível de desemprego
(SILVA, 1987).
Azzoni e Servo (2001), apud Coelho e Corseuil (2002), analisam a questão
de diferenças de salários por região metropolitana no Brasil. Evidencia-se que a
região metropolitana exerce algum efeito sobre os salários, mesmo depois de
controlar por diferenças de custo de vida. As estimativas foram realizadas em 1992,
1995 e 1997. Nesses três anos Brasília e São Paulo aparecem como as regiões que
oferecem os maiores salários, enquanto que Recife e Fortaleza oferecem os
menores.
3.3.5. Características Pessoais não Produtivas
As características pessoais não produtivas referem-se aos atributos não
responsáveis pela produtividade do indivíduo, ou seja, são as características
observáveis das pessoas, como cor da pele, aparência, sexo e outros. Essas
características podem pesar muito na hora de contratação, dependendo do
25
empregador e do perfil de pessoa que ele procura para trabalhar em sua
organização ou empresa.
Diferenciais de salários referem-se à discriminação pela existência de
diferenciais significativos e persistentes de renda entre grupos de raça, cor, sexo, e
outros. Esses diferenciais não desaparecem mesmo quando controlados por uma
série de características observáveis, como educação, idade, região de residência,
ocupação, e outros. Uma possibilidade é que tais diferenciais reflitam características
produtivas não-observáveis e preferências distribuídas diferentemente entre os
grupos. Entretanto, alguns autores têm argumentado que essas diferenças de renda
constituem-se em uma evidência de que existe discriminação no mercado de
trabalho. Existe discriminação quando no mercado de trabalho, as pessoas são
diferenciadas com base em atributos não produtivos ou quando há situações em que
pessoas igualmente produtivas são avaliadas diferentemente, com base no grupo ao
qual pertencem (FERNANDES, 2002).
No contexto brasileiro, caracterizado por uma economia em crise, pelos
elevados níveis de pobreza, concentração de renda, esse tipo de ineficiência tem
efeitos negativos sobre o bem estar da sociedade. A discriminação por sexo reduz o
impacto da participação da mulher na redução da pobreza, seja nos domicílios onde
ela representa um complemento da fonte principal de renda ou nos domicílios onde
ela constitui a fonte principal de rendimentos, situação que vem se tornando muito
comum nos últimos anos, fruto do crescimento de número de descasamentos e do
baixo índice de recasamento das mulheres (BAPTISTA, 1999).
Segundo Barros e Mendonça (1996), a desigualdade de renda pode ser
separada em fatores relacionados com desigualdade de condições e desigualdade
de resultados. Desigualdade de condições diz respeito à desigualdade sendo gerada
26
por diferenças nos atributos produtivos com que a pessoa chega ao mercado e é
gerado ao longo de sua vida, principalmente antes da entrada no mercado de
trabalho. A desigualdade de resultado diz respeito ao tratamento que a pessoa
recebe no mercado, dado seus atributos produtivos. Como o segundo diz respeito a
um tratamento desigual quando se esperaria que fosse eqüitativo a priori, ele é
“social e eticamente inaceitável”.
As teorias do capital humano e da sinalização sugerem que indicadores
importantes da produtividade dos indivíduos são a escolaridade e a experiência (que
pode ser aproximada pela idade). Já as teorias da segmentação do mercado de
trabalho e do credencialismo, além da teoria dos diferenciais compensatórios,
chamam a atenção para a importância do tipo de ocupação que o indivíduo tem para
os diferenciais de salário. A segmentação e o credencialismo sugerem um diferencial
por tipo de ocupações por este ser o lócus que permite a separação das pessoas
entre os empregos de alta e baixa produtividade (bons e maus empregos, de
mercado primário e secundário), ou aqueles restritos às pessoas das classes
dominantes e das classes periféricas (técnicas e de serviços manuais). A teoria dos
diferenciais compensatórios indica que os salários em diferentes ocupações tendem
a ser diferenciados também pelos atributos de cada um, em termos de
aprazabilidade ou periculosidade (ARAÚJO e RIBEIRO, 2001).
A teoria de discriminação de Becker de 1957 tem uma estrutura neoclássica,
determinada pelas preferências em discriminar, que podem ser de três tipos:
discriminação do empregador, discriminação do empregado e discriminação do
consumidor. O modelo permite que em um mercado competitivo cada agente tenha
preferências diferentes e possa agir de acordo com essas preferências. Os agentes
racionais geram preferências por discriminação (LOUREIRO, 2000).
27
O modelo de discriminação de Arrow de 1972, explica o diferencial de
salários como uma reação racional à incerteza no mercado de trabalho. A
discriminação surge quando características tais como raça ou sexo são utilizados
como critério de seleção. Os empregadores utilizarão essas características em suas
decisões de contratação, de modo que os indivíduos são julgados de acordo com a
média das características às quais eles pertencem, bem como suas próprias
características (LOUREIRO, 2000).
Oaxaca (1973) encontrou evidenciais de que uma parte substancial da
proporção do diferencial de salário entre homens e mulheres é devido à presença de
discriminação no mercado de trabalho.
3.4. GÊNERO E MERCADO DE TRABALHO
3.4.1. Algumas Considerações Históricas sobre o Gênero
A partir da década de 70, formam-se os primeiros movimentos de mulheres,
principalmente em São Paulo, provindas da periferia, através das comunidades da
Igreja Católica, reivindicando ao Estado o atendimento das necessidades básicas
como creches, melhores salários, reclamam do custo de vida e unem-se contra a
carestia. A necessidade das creches era apontada como um dos principais
problemas, pois as mulheres precisavam trabalhar fora, para ajudar nas despesas
domésticas. Na década de 80, grupos feministas espalham-se pelos principais
centros urbanos do país, através desses movimentos sociais que se constituem no
interior da sociedade civil, que a mulher aparece enquanto sujeito. Durante os anos
70 e 80, os movimentos de mulheres apontaram a participação das mulheres em
vários setores da vida pública, lutando pelos seus direitos e necessidades através de
manifestações, denunciando as desigualdades sociais imputadas às relações de
gênero. A partir dos anos 90, houve uma dispersão dos movimentos feministas e
28
uma flagrante institucionalização. Algumas dessas mudanças podem ser
identificadas no rápido crescimento das Organizações Não Governamentais (ONGs)
feministas (SILVA, 1996).
A crise econômica e o desemprego podem ser apontados como fatores de
desmobilização. O país parece enfrentar um processo de descrença que impede
grandes mobilizações populares. Mas, embora, a presença feminina seja ativa no
mercado de trabalho, as relações sociais ainda são marcadas por relações de
gênero. Trabalhadores e trabalhadoras são inseridos no mercado de trabalho
marcado por desigualdades atribuídas ao sexo. A diferença salarial entre homens e
mulheres que exercem a mesma função é cada vez maior no país. Em pesquisa
realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 1996, constatou-se que
as mulheres estão recebendo em média dois terços do salário do homem em todos
os setores da economia (SILVA, 1996).
Camargo e Serrano (1983) utilizaram dados da RAIS de 1976 para avaliar a
discriminação por gênero na indústria, relacionada com a escolaridade, tamanho do
estabelecimento, intensidade de capital no setor e proporção de trabalhadores em
cargos administrativos e concluíram que existe discriminação salarial por homens e
mulheres.
Mesmo após esse intenso e árduo processo de luta, no decorrer da história,
em uma sociedade tradicionalmente dominada pelos homens, as mulheres foram
conquistando algumas condições de igualdade como a conquista do direito ao voto
em 1934, em que as mulheres foram permitidas a comparecerem às urnas como
eleitoras e como candidatas, e outros tipos de discriminação de diversas ordens.
Assim mesmo depois dos inegáveis avanços da Constituição de 1988, as mulheres
29
ainda se defrontam com o preconceito, seu maior adversário arraigado
principalmente nos costumes.
O assalariamento que foi um dos principais motivos de luta pelas mulheres
continua sendo uma luta atual, luta essa em que é medido forças com os homens,
não por meio da brutalidade ou violência, mas sim, pelo desempenho e dedicação
no trabalho, pois as mulheres também estão em busca de uma realização
profissional, que foi conquistada por poucas pioneiras que abriram os caminhos e os
olhos, mostrando que as mulheres devem deixar a submissão de lado e buscar seus
ideais normalmente, em um ciclo normal da vida, como na vida dos homens.
3.4.2. A Participação da Mulher no Mercado de Trabalho no Brasil
Uma das mais importantes transformações sociais ocorridas no Brasil, desde
os anos 70, foi o aumento da participação feminina no mercado de trabalho.
(ARROIO e RÉGNIER, 2002).
Em 1990, mais de dois terços (74%) da população ativa feminina estava
concentrada no setor terciário, principalmente em algumas atividades, como serviços
comunitários, serviços de educação, serviços de saúde e serviços domésticos, isso
pode demonstrar as principais características da força de trabalho feminina que
embora crescente seja proporcionalmente pequena e profissionalmente marginal, ou
seja, é pequena em relação à participação dos homens e marginal por se tratar de
atividades de média e baixa qualificação profissional. (A participação da mulher no
mercado de trabalho no Brasil, 2004).
O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) elaborou dois
índices para mensurar o avanço feminino na sociedade e no espaço de trabalho: o
índice de desenvolvimento relacionado ao gênero (GDI) que considera a situação da
mulher de acordo com os seguintes fatores: expectativa de vida ao nascer,
30
alfabetização, matrículas nos diversos níveis escolares e PIB per capita, e o índice
de poder (empowerment – EM) de gênero, que examina a participação feminina em
termos de: cargos conquistados no Congresso, número de administradoras e
gerentes no total das empresas; trabalhadoras profissionais e técnicas e PIB per
capita. Em 1998, no primeiro índice o Brasil ocupa a 66ª. posição, bem atrás da
Argentina (35), Uruguai (37) e México (50) e até de países islâmicos como a Malásia
(57) e a Líbia (65). No índice EM, o Brasil não se posiciona melhor, ou seja, as
mulheres representam mais de 40% da força de trabalho no país, porém em
condições de trabalho mais precárias, baseadas em contratos temporários, tendo
menor status social e demandando concentração no setor informal,
conseqüentemente auferindo menor renda. Mesmo estudando por um período de
tempo mais longo, o diferencial de remuneração persiste elevado, em São Paulo, por
exemplo, as mulheres recebem por hora 76% do rendimento obtido pelos homens e
o desemprego feminino fica sempre acima do masculino. E quanto maior a
escolaridade, maior a diferença salarial entre homens e mulheres na mesma
ocupação. Esse padrão se repete em muitos países. Mas, para as mulheres
brancas, esta diferença em relação aos homens está caindo. Projeções indicam que
daqui a 30 anos não haverá mais discriminação salarial contra elas (ARROIO e
RÉGNIER, 2002).
Para o caso do Paraná, a proporção de homens no mercado de trabalho em
2001 foi superior ao feminino, contudo esta diferença está se reduzindo, em 1992 a
participação dos homens era de a 68,13% e em 2001 passou para 63,55%,
significando um aumento de quase 6% de mulheres nos postos de trabalho, no
entanto, o rendimento esperado das mulheres era 30,83% inferior ao dos homens
em 1992 e passou em 2001 para 31,59%, apresentando um leve aumento dessa
31
diferença dentro de um período de 9 anos no estado do Paraná (MONARIN, CUNHA
e MATOS, 2004).
3.4.3. Políticas Públicas de Gênero Nacionais
Pela lei nº. 7.353 de 29 de agosto de 1985, foi criado o Conselho Nacional
dos Direitos da Mulher (CNDM), com a finalidade de “promover em âmbito nacional,
políticas que visem a eliminar a discriminação da mulher assegurando-lhe condições
de liberdade e de igualdade de direitos, bem como sua plena participação nas
atividades políticas, econômicas e culturais do país”. Desde a sua fundação a
CNDM, estruturou-se de forma a desempenhar um papel relevante na Constituição
de 1988, momento crucial de afirmação dos direitos de cidadania no Brasil
(MONTAÑO e PITANGUY, 2003).
O princípio da igualdade é consagrado nas Constituições brasileiras desde
época do Império, como princípio da igualdade perante a lei, ou seja, a lei trata a
todos igualmente, sem levar em conta distinções. A prescrição contida no caput do
art. 5º. da Constituição de 1988 afirma: “todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade(...)” Esse princípio da igualdade é reafirmado dentro da
Constituição por meio de muitas normas, como diz no mesmo art. 5º., I, ‘declara que
homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. Depois, no art. 7º., XXX e
XXXI, vêm regras de igualdade material, regras que proíbem distinções fundadas em
certos fatores, ao vedarem diferença de salários, de exercício de funções e de
critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil e qualquer
discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência”(SILVA, 1995).
32
Ainda, a Constituição de 1988 dedicou um longo capítulo à proteção dos
direitos sociais, dentre eles os direitos trabalhistas, orientado por um modelo formal
das relações empregatícias, não incorporando outras modalidades de organização
do mercado de trabalho, ficando excluídos da proteção àqueles que exercem
atividades no que se convencionou chamar de setor informal, que cresce cada dia
mais em tamanho e quantidade (LAVINAS e BARSTED, 1996).
Em 1997, foi implantado o Programa Brasil, Gênero e Raça, pelo Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), de acordo com as diretrizes e os princípios da
Convenção nº. 111 da (OIT) (MTE, 2004). A Convenção nº. 111, em seu artigo 1º,
limita as formas de discriminação aos casos em que haja exclusão ou preferência
fundada na raça, cor, sexo, religião, opinião política, ascendência nacional ou origem
social. O combate à discriminação é realizado por meio de Núcleos de Promoção e
na Profissão que funcionam junto as Delegacias e Subdelegacias Regionais do
Trabalho, tendo como fundamento jurídico a Convenção nº. 111 da OIT, que exige
aos países que a ratificam elaborar política nacional que promova a igualdade de
oportunidades e de tratamento em matéria de emprego e profissão com o objetivo de
eliminar toda a discriminação nessa matéria.
Esses Núcleos são apoiados por parcerias governamentais e não
governamentais (INSS, Secretarias Estaduais e Municipais do Trabalho, Ministérios
e outros). Essas entidades ajudam na compreensão e no diálogo com os segmentos
discriminados, uma vez que todos os indivíduos, respeitadas as diferenças, integram
a sociedade sem distinção de qualquer natureza. A sensibilização e a
conscientização sobre as práticas discriminatórias, outra atividade importante para
os núcleos, são concretizadas por meio da realização de palestras, seminários,
oficinas e grupos de trabalho em empresas, sindicatos de trabalhadores e entidades
33
empresariais, universidades, organizações governamentais e não-governamentais,
enfocando a aplicação das políticas das Convenções nº.s 100 e 111 da OIT (MTE,
2004). Atualmente, estão instalados 67 Núcleos de Promoção da Igualdade de
Oportunidade e de Combate à Discriminação no Emprego e na Profissão nas
Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs), em todas as regiões do país. Sendo no
estado do Paraná uma delegacia vigente em Curitiba e contando ainda com mais 5
subdelegacias situadas em Maringá, Ponta Grossa, Londrina, Foz do Iguaçu e
Cascavel.
Algumas políticas que influenciam a decisão feminina sobre a intensidade de
participação na força de trabalho e que, portanto afetam a segregação, referem-se à
disponibilidade de condições de cuidados às crianças, seja através de creches no
local de trabalho ou de disponibilidade destes serviços baratos e de boa qualidade
fora da empresa; as licenças-maternidade e a flexibilidade na jornada de trabalho
também são políticas influentes, embora as mudanças no grau de segregação
tenham se mostrado não significativas, com estas medidas, desde que a tendência
das mulheres é de se dirigirem principalmente aos postos de trabalho
predominantemente femininos, o que aumentaria a segregação (KON, 2001).
As mulheres trabalham mais do que os homens. O uso do tempo da mulher
é muito diferente do homem. O tempo remunerado é maior entre os homens e o não
remunerado é maior entre as mulheres. Dois terços do trabalho de casa são
realizados pelas mulheres. A mulher gasta, em média, mais de 30 horas de trabalho
por semana com os afazeres domésticos. O trabalho que mais consome tempo é a
limpeza da casa e a preparação da comida. Mesmo quando as mulheres trabalham
fora, elas fazem a maior parte do serviço de casa. Em raros casos, há ajuda dos
homens. Mas o tempo que eles alocam nas atividades profissionais e do lar tende a
34
ser o mesmo ao longo de toda a sua vida. No caso da mulher isso é muito diferente,
o tempo de trabalho da mulher flutua de maneira expressiva. Em certos ciclos da
vida, o trabalho se torna extremamente intenso, isso ocorre quando se combinam os
trabalhos fora de casa com os afazeres domésticos e o cuidado das crianças
pequenas, ou seja, além das mulheres estarem inseridas no mercado de trabalho,
elas continuam com todas as responsabilidades do lar e dos filhos (PASTORE,
2000).
As barreiras visíveis e invisíveis, que mantêm as mulheres fora dos cargos
mais qualificados e mais bem remunerados são inúmeras: a feminização de
determinadas profissões e sua subseqüente desvalorização, resistências sociais, a
maternidade e a desigualdade na divisão das tarefas domésticas, a falta de massa
crítica de mulheres nas organizações, outros. Só por meio da aquisição de poder
pode-se transformar esse fato, ou seja, essa briga envolve poder e com certeza será
travada nas esferas políticas, dentro de casa e nas empresas (ARROIO e RÉGNIER,
2002).
A seguir seguem os dados empíricos referentes à situação salarial e de
colocação dos trabalhadores por gênero no mercado de trabalho do Brasil, a titulo
de comparação e do Paraná.
4. RESULTADOS
Levando em conta que homens e mulheres na mesma ocupação podem ter
características produtivas distintas, é demonstrada aqui uma nova decomposição
dos diferenciais de salário por gênero intra-ocupacional em duas parcelas, uma que
se deve a diferenças em atributos produtivos, “discriminação aparente” e outra que
se deve a diferenças de salário entre homens e mulheres com mesmos atributos
produtivos e na mesma ocupação, “a discriminação salarial própria”.
35
Na Tabela 1, é apresentado à descrição das variáveis utilizadas nas
equações de participação nos mercados de trabalho formal e informal, por gênero,
suas respectivas médias e desvios padrão (DP). As variáveis relevantes nesse
estudo referem-se àquelas relacionadas ao capital humano, tais como educação
(anos de estudo), experiência, experiência ao quadrado e a interação das variáveis
educação e experiência.
Também são apresentadas outras variáveis, por influenciarem a decisão dos
indivíduos participarem ou não do mercado de trabalho tais como: filhos menores de
14 anos de idade, por refletir os custos monetários de cuidar dos filhos, e
principalmente para o caso das mulheres o fato de estar presente ou não no
mercado de trabalho; a condição na família (cônjuge ou chefe) acreditando que o
chefe de família está mais presente no mercado de trabalho; e renda não salarial,
visto que tais rendimentos podem influenciar negativamente na decisão de participar
ou não do mercado de trabalho.
Alguns dados relevantes podem ser destacados na Tabela 1 tais como, no
setor formal a maior média da variável é dos homens (0,66) e no setor informal a
maior média é das mulheres (0,41), provando que a força de trabalho feminino esta
mais presente em ocupações mais flexíveis, precárias e sem amparo social, no
entanto, a média de educação é maior para as mulheres (9,80) contra os homens
(8,20). Os homens demonstram ter mais experiência do que as mulheres, mas com
relação a variável interação entre educação e experiência as médias de ambos os
sexos são muito parecidas, afirmando que a mulher concorre em igualdade com o
homem no mercado de trabalho pelo conhecimento provindo com a educação. As
mulheres podem participar menos do mercado de trabalho pela possibilidade de ter
36
que cuidar dos filhos menores de 14 anos que apresentou média feminina de 0,24 e
masculina de 0,31.
Mesmo recebendo aposentadoria, aluguel ou poupança, o homem
permanece presente no mercado de trabalho, mostrando também que ele apenas se
afasta deste quando tem a possibilidade de viver de pensão. A Tabela 1, também
mostra os setores onde a presença feminina é mais expressiva, sendo eles, o
comércio de mercadorias, prestação de serviços e o ramo social.
TABELA 1 - DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS NAS EQUAÇÕES DE PARTICIPAÇÃO DE HOMENS E DE MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO DO PARANÁ - 2001
VARIÁVEIS DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS HOMEM MULHER
MÉDIA D. P. MÉDIA D.P.
FORMAL =1 se o indivíduo trabalha no setor
formal
0,66 0,47 0,59 0,49
INFORMAL =1 se o indivíduo trabalha no setor
informal
0,34 0,47 0,41 0,49
EDUCAÇÃO nº. de anos de estudo do indivíduo 8,20 4,40 9,80 4,48
EXPERIÊNCIA nº. de anos de experiência do
indivíduo
22,85 15,28 20,05 14,19
EXPERIÊNCIA 2 nº. de anos de exper. do indivíduo ao
quadrado
755,66 885,22 603,23 731,79
EDUEXP interação das variáveis educação e
experiência
151,89 118,60 151,78 117,49
FILHO <14 ANOS =1 se os filhos são menores de 14
anos
0,31 0,46 0,24 0,42
CONDIÇÃO NA FAMÍLIA
CÔNJUGE se o indivíduo é cônjuge 0,03 0,16 0,52 0,50
CHEFE se o indivíduo é chefe 0,73 0,45 0,25 0,43
RENDA NÃO SALARIAL♥ 480,42 1.002,54 308,90 455,08
♥ Abrange a média e o desvio padrão gerais de aposentadoria, pensão, aluguel e poupança em ambos os gêneros.
37
APOSENTADORIA se o indivíduo recebe aposent. 665,49 1.144,54 539 534,74
PENSÃO se o indivíduo recebe pensão 202 78,48 293,1 246,66
ALUGUEL se o indivíduo recebe aluguel 399,7 627,43 340,3 327,1
POUPANÇA se o indivíduo recebe poupança 193,9 667,11 91,66 209,47
RAMO DE
ATIVIDADE
AGRÍCOLA se o indivíduo trabalho no setor
agrícola
0,17 0,38 0,04 0,19
IND. TRANSFORMAÇÃO se o indivíduo trabalha no setor da
Ind. Transf.
0,17 0,38 0,1 0,3
IND.
CONSTRUÇÃO
se o indivíduo trabalha no setor da
Ind. Const.
0,11 0,32 0,004 0,06
OUTRAS ATIV.
IND.
se o indivíduo trab. no setor de outras
ativ. Ind.
0,01 0,11 0,01 0,09
COM. DE
MERCAD.
se o indivíduo trabalha no setor de
comércio
0,15 0,35 0,18 0,38
PREST. DE SERV. se o indivíduo trabalha no setor de
prest. de serv.
0,13 0,34 0,35 0,48
SERVIÇOS AUXILIARES se o indivíduo trabalha no setor de
serv. Auxil.
0,06 0,24 0,04 0,2
TRANSP. E
COMUNIC.
se o indivíduo trab. no setor de
transp. e comunic.
0,07 0,26 0,01 0,12
SOCIAL se o indivíduo trabalha no setor social 0,05 0,22 0,2 0,4
ADM. PÚBLICA se o indivíduo trabalha no setor da
adm. Públic.
0,05 0,22 0,05 0,22
FONTE:PNAD/IBGE - 2001 (ELABORAÇÃO DA AUTORA) TABELA 2 - SALÁRIO MÍNIMO POR IDADE, NÍVEL DE ESCOLARIDADE E GÊNERO NO PARANÁ ENTRE OS ANOS DE 1985 – 2001 1985 1990 1995 2001 Masc. Femin
. Masc. Femin
. Masc. Femin
. Masc. Femin
. 15-17 anos de idade 0-4 anos de estudo 1,25 1,15 1,61 1,60 1,59 1,52 1,39 1,385-8 anos de estudo 1,20 1,18 1,65 1,64 1,61 1,64 1,39 1,429-11 anos de estudo 1,26 1,23 1,71 1,73 1,68 1,74 1,35 1,46
38
Acima de 12 anos de estudo
1,60 1,36 4,38 2,09 1,88 2,10 1,96 1,91
18-24 anos de idade 0-4 anos de estudo 1,68 1,38 2,41 2,08 2,44 2,09 2,04 1,845-8 anos de estudo 1,91 1,52 2,75 2,09 2,72 2,18 2,20 1,859-11 anos de estudo 2,54 1,88 3,85 2,75 3,53 2,74 2,42 2,01Acima de 12 anos de estudo
4,05 2,62 6,18 4,12 5,42 4,32 4,65 3,73
25-29 anos de idade 0-4 anos de estudo 2,06 1,43 2,97 2,37 3,00 2,29 2,52 2,075-8 anos de estudo 2,66 1,75 3,64 2,40 3,58 2,45 2,72 2,019-11 anos de estudo 4,15 2,44 5,67 3,58 5,60 3,70 3,51 2,51Acima de 12 anos de estudo
6,64 3,92 9,61 6,00 9,30 6,05 7,76 5,14
30-39 anos de idade 0-4 anos de estudo 2,32 1,35 3,47 2,18 3,35 2,25 2,78 1,975-8 anos de estudo 3,42 1,86 4,52 2,58 4,41 2,60 3,20 2,049-11 anos de estudo 6,02 2,86 8,10 4,32 8,10 4,75 5,36 2,88Acima de 12 anos de estudo
10,16 5,03 15,58 8,66 14,11 8,02 11,34 6,44
40-49 anos de idade 0-4 anos de estudo 2,34 1,38 3,60 2,08 3,65 2,12 2,94 1,895-8 anos de estudo 3,95 2,05 5,21 2,84 5,42 2,88 3,68 2,149-11 anos de estudo 7,46 3,06 10,50 4,73 11,80 6,60 7,25 3,40Acima de 12 anos de estudo
12,75 5,32 20,55 9,20 17,88 9,55 15,55 7,90
50-64 anos de idade 0-4 anos de estudo 2,21 1,53 3,23 2,04 3,27 2,3 2,78 1,995-8 anos de estudo 3,74 2,49 4,77 3,49 4,66 2,91 3,63 2,359-11 anos de estudo 6,88 3,44 9,39 4,88 9,03 5,23 6,53 3,77Acima de 12 anos de estudo
12,81 5,67 19,69 8,05 16,60 9,31 15,18 7,68
Acima de 65 anos de idade
0-4 anos de estudo 2,33 1,82 3,07 2,44 3,05 3,24 2,81 2,635-8 anos de estudo 4,63 3,02 4,40 4,90 4,61 3,57 3,49 2,899-11 anos de estudo 6,14 4,30 9,15 6,33 8,74 8,08 6,00 4,32Acima de 12 anos de estudo
10,81 5,67 15,70 7,14 14,55 10,30 13,70 9,30
FONTE:RAIS/MTE – VÁRIOS ANOS (ELABORAÇÃO DA AUTORA)
Pela Tabela 2 na qual considera apenas os trabalhadores do setor formal,
pois são dados coletados da RAIS, pode-se observar que, em média, as mulheres
mesmo as mais escolarizadas possuem uma diferença salarial entre gênero
persistente ao longo do período de análise de 1985 a 2001, com uma média de até
39
50% de inferioridade em seu salário em alguns casos. Com exceção apenas para as
mais jovens, que tem a idade a seu favor auxiliando ao padrão de beleza estética,
valorizado em nossa sociedade. Pode-se destacar um crescimento na média dos
salários com o aumento nos anos de instrução. Fato esse semelhante para homens
e mulheres. No entanto, os mais velhos em média tendem a ter um salário mais
baixo que os mais novos, mesmo os mais instruídos. As mulheres que já ganhavam
pouco em relação aos homens no decorrer de toda a idade ativa, na velhice tendem
a ganhar menos ainda e sofrem mais com a doença, o “stress”, adquiridos durante o
decorrer de sua existência de luta desgastante em um trabalho muitas vezes
marginal, duro, mal remunerado cumprindo uma dupla e muitas vezes até tripla
jornada.
É necessário acima de tudo superar os procedimentos pelos quais os
homens atribuem historicamente situações de inferioridade pretensamente naturais
às mulheres, esse sim constitui ainda, um dos mais difíceis desafios da democracia
brasileira. Homens e mulheres possuem diferenças sim, mas essas são de ordem
biológica, porque na mulher se reconhecem amplamente condições físicas,
intelectuais e psicológicas de competir igualmente com o homem no mercado de
trabalho, e receber reconhecimento justo por seu desempenho.
A análise dos diferenciais de rendimento médio, das Tabelas 3, 4 e 5 foram
feitas com base na taxa de salário por hora trabalhada, por gênero. Os resultados
apresentados na Tabela 3 mostram que os rendimentos, em média do mercado de
trabalho formal são mais elevados se comparados ao mercado de trabalho informal,
tanto dos homens como das mulheres. No entanto, as mulheres possuem
rendimentos médios menores do que os homens. Há uma diferença de rendimento
por gênero, sendo que a maior diferença está no mercado de trabalho formal, visto
40
que as mulheres recebem cerca de 75% dos rendimentos dos homens, já no
mercado de trabalho informal essa diferença vai para 82%, isso se deve ao fato de a
mulher ser mais absorvida pelas ocupações com baixa qualidade do posto de
trabalho e muitas vezes com uma maior flexibilidade de tempo para que ela possa
conciliar seus afazeres domésticos com o trabalho.
TABELA 3- RENDIMENTO MÉDIO EM REAIS POR HORA TRABALHADA DAS PESSOAS OCUPADAS, SEGUNDO GÊNERO E SETOR DO MERCADO DE TRABALHO, NO PARANÁ EM 2001 Setor masculino feminino TaxaFormal 48,68 36,73 0,75Informal 28,08 22,97 0,82
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
Na Tabela 4 pode-se verificar que na menor faixa etária, o rendimento médio
feminino chega a ser superior ao destinado ao masculino, apresentando também
uma elevada remuneração na faixa de 19 a 28 anos de idade, com 85% do
rendimento masculino, uma possível explicação seria de que os atributos físicos das
mulheres jovens podem ter influência sobre os seus rendimentos, em função do
padrão de beleza explorado na sociedade brasileira, ou seja, o padrão estético,
dando certos privilégios à juventude.
TABELA 4 - RENDIMENTO MÉDIO POR HORA TRABALHADA DAS PESSOAS OCUPADAS, SEGUNDO GÊNERO E FAIXA ETÁRIA, NO PARANÁ EM 2001 Faixa Etária masculino feminino Taxa10-18 anos 15,52 16,07 1,0419-28 anos 35,30 30,16 0,8529-38 anos 58,06 43,15 0,7439-48 anos 58,22 45,45 0,7849-65 anos 64,81 39,46 0,60
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
Há uma evolução dos rendimentos médios em ambos os gêneros por faixa
etária, ou seja, com o passar dos anos, os trabalhadores obtiveram uma
remuneração mais elevada, com exceção dos idosos. As mulheres entre 49 e 65
anos de idade apresentam uma queda de remuneração de 13,18% em relação às
mulheres da faixa de 39 e 48 anos. As mulheres mais velhas recebem 60% do
41
rendimento dos homens mais velhos. Cabe ressaltar que nos dados da PNAD, não é
relatado trabalhadores com idade superior a 65 anos, mas a RAIS capta esta
tendência no mercado formal.
Ao analisar os rendimentos médios por hora trabalhada, dos homens e das
mulheres por grau de escolaridade, apresentado na Tabela 5, verifica-se que os
resultados não chegam a causar surpresa, pois como se poderia esperar, os
rendimentos médios tanto dos homens como das mulheres elevaram-se com o
aumento do nível de escolaridade, conforme dita a teoria do capital humano. Os
maiores incrementos nos rendimentos entre os níveis de escolaridade aconteceu
entre 9 a 11 anos de estudo e acima de 12 anos de estudo, no entanto, as taxas
femininas permaneceram inferiores as masculinas em ambos os casos.
TABELA 5 - RENDIMENTO MÉDIO POR HORA TRABALHADA DAS PESSOAS OCUPADAS, SEGUNDO GÊNERO E ANOS DE ESTUDO, NO PARANÁ EM 2001 Anos de Estudo masculino feminino Taxa1-4 anos 29,84 20,74 0,695-8 anos 37,36 23,87 0,649-11 anos 54,42 35,92 0,66Acima de 12 anos 139,12 83,47 0,60
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES). Quanto maior o nível de escolaridade, maiores os diferenciais entre os
homens e as mulheres. Os resultados mostram que as mulheres mais educadas
recebem 60% do rendimento dos homens, enquanto que as menos instruídas
recebem 69%. Pode-se, perceber, então que as mulheres mais instruídas são pouco
valorizadas no mercado de trabalho paranaense, embora receba rendimentos mais
elevados ao adquirir maior nível de escolaridade.
As Tabelas que seguem são referentes aos dados do Brasil e do Paraná,
que foram coletados pelo banco de dados da PNAD, dentro de um universo de
194.757 mulheres e 184.080 homens no Brasil, e do Estado do Paraná que foram
coletados dentro de um universo de 9.762 mulheres e 9.688 homens, a título de
comparação.
42
Pela Tabela 6 pode-se verificar que a maior concentração das amostras se
encontra nos estratos de menores salários tanto para as mulheres como para os
homens. No entanto, a proporção das mulheres (69,11%) é superior a dos homens
(54,44%) na primeira faixa salarial até 2 salários mínimos. Em todas as outras faixas
salariais a presença masculina é de fato a mais significativa, destacando a faixa de
mais de 20 salários mínimos em que os homens se concentram em mais de 2%.
Para a distribuição de qui-quadrado (X2) com grau de liberdade 4, o valor
crítico, ao nível de significância de 5 %, é X25% = 9,488. Portanto, o X2 é significativo,
isto é, ao nível de significância de 5%, rejeita-se H0 em favor de Ha, podendo-se
inferir que a proporção do salário masculino é maior que o salário feminino no Brasil.
TABELA 6 - RENDIMENTO EM SALÁRIO MÍNIMO POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001 Salário Mínimo (SM)
masculino % feminino % Total
até 2 SM 48.577 54,44 39.386 69,11 87.9632,1- 5 SM 26.400 29,59 11.851 20,80 38.2515,1-10 SM 8.527 9,56 3.763 6,60 12.29010,1-20 SM 3.922 4,40 1.498 2,63 5.420mais de 20 SM 1792 2,01 488 0,86 2.280Total 89.218 100 56.986 100 146.204X2 = 3221,441 X2
5% = 9,488
GL = 4 Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
No Estado do Paraná, representado na Tabela 7, pode-se verificar uma
grande semelhança com os dados nacionais, as mulheres continuam representando
a maioria da população no menor estrato de salário mínimo com 67,20%. Na faixa
entre 2,1 e 5 salários mínimos, elas estão representadas com 22,57%, sua segunda
maior representação no estado do Paraná, sendo que no Brasil elas representam
20,80%. Já na maior faixa salarial as mulheres não atingem nem 1% de sua
amostra, com participação maior no Brasil dentro dessa mesma faixa.
TABELA 7 - RENDIMENTO EM SALÁRIO MÍNIMO POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 Salário Mínimo (SM)
masculino % feminino % Total
43
até 2 SM 2.257 45,13 2.051 67,20 4.3082,1- 5 SM 1.799 35,97 689 22,57 2.4885,1-10 SM 584 11,68 219 7,18 80310,1-20 SM 248 4,96 72 2,36 320mais de 20 SM
113 2,26 21 0,69 134
Total 5.001 100 3.052 100 8.053X2 = 381,592 X2
5% = 9,488
GL = 4 Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
Pelo teste de qui-quadrado, mostrou o X2 ser significativo, desta forma
rejeita-se H0 em prol da Ha, evidenciando a proporção salarial do homem ser maior
que a da mulher. As mulheres se concentram nos menores salários, visto que elas
estão pouco representadas nos estratos de salários altos.
Utilizando a escolaridade como característica produtiva individual, pois ela é
reconhecida como grande determinante dos diferenciais salariais no país (BARROS
e MENDONÇA, 1996). De acordo com a Teoria do Capital Humano, ou seja, anos de
estudo e experiência determinam diretamente o rendimento do trabalho individual.
Pode-se verificar na Tabela 8 que a proporção de homens e mulheres que
encontram-se nos níveis de menor instrução é maior, ou seja 78,61% dos homens
possuem até 8 anos de estudo e 75,19% das mulheres. Já a proporção feminina nos
maiores níveis de instrução é maior do que a masculina, ou seja, a partir de 9 anos
de estudos, se concentram 24,81 % das mulheres e 21,39% dos homens.
TABELA 8 - NÍVEL DE ESCOLARIDADE POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001 masculino % feminino % Total0-4 anos 100.692 55,04 100.405 51,90 201.0975-8 anos 43.113 23,57 45.052 23,29 88.1659-11 anos 28.706 15,69 34.878 18,03 63.584acima de 12 anos
10.428 5,70 13.132 6,78 23.560
Total 182.939 100 193.467 100 376.406X2 = 658,550 X2
5% = 7,815
GL = 3 Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
44
No Brasil em 2001, os dados da PNAD mostram que as mulheres são mais
instruídas que os homens, característica importante para colocação e remuneração
no trabalho. Pelo teste de qui-quadrado, mostrou o X2 ser significativo, portanto, a
concentração masculina é maior nos menores níveis de escolaridade.
Pela Tabela 9, é possível observar que tanto os homens como as mulheres
que possuem mais de 12 anos de estudo estão mais presentes no Paraná do que no
Brasil, conforme visualização de comparação das Tabelas 8 e 9. Pode-se também
visualizar que os homens se concentram em maior quantidade no primeiro e no
segundo nível de escolaridade, ou seja, de 0 a 4 anos e 5 a 8 anos de estudo com
75,41%, contra 73,45% de mulheres, já 26,55% das mulheres estão presentes nos
maiores níveis escolares, contra 24,59% dos homens, acompanhando as mesmas
características do país. Pelo teste X2 as conclusões são as mesmas da Tabela 8.
TABELA 9- NÍVEL DE ESCOLARIDADE POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 masculino % feminino % Total0 - 4 anos 5.054 52,63 5.059 52,33 10.1135 - 8 anos 2.187 22,78 2.042 21,12 4.2299 - 11 anos 1.604 16,71 1.715 17,74 3.319acima de 12 anos
757 7,88 852 8,81 1.609
Total 9.602 100 9.668 100 19.270X2 = 14,070 X2
5% = 7,815
GL = 3 Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
Pela Tabela 10, 64,3% das mulheres e 41,4% dos homens trabalham até
40:00 horas por semana. Os homens em sua grande maioria trabalham acima de
40:00 semanais. A partir de 80:00 horas de trabalho apenas 1,4% dos homens e
0,5% das mulheres representam essa faixa horária.
TABELA 10- NÚMERO DE HORAS TRABALHADAS POR SEMANA POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001 masculin
o % feminino % Total
até 12:00 horas 2.889 2,9 6.587 9,6 9.476
45
12:01 até 20:00 horas
5.034 5,1 8.652 12,7 13.686
20:01 até 30:00 horas
7.364 7,4 10.577 15,5 17.941
30:01 até 40:00 horas
25.774 26,0 18.122 26,5 43.896
40:01 até 50:00 horas
37.998 38,4 17.098 25,0 55.096
50:01 até 60:00 horas
12.561 12,7 4.815 7,0 17.376
60:01 até 80:00 horas
6.000 6,1 2.142 3,2 8.142
> 80:00 horas 1.356 1,4 412 0,5 1.768Total 98.976 100 68.405 100 167.381X2 = 12.868,980 X2
5% = 16,92
GL = 9 Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
Na Tabela 11 a análise é similar à tabela anterior, ou seja, o estado do
Paraná não apresenta características particulares em relação a média Brasileira,
com relação às horas trabalhada, a diferença esta na carga horária, na média a
carga horária do Brasil parece maior, no entanto as mulheres em sua maioria 35,5%,
trabalham até 30:00 horas por semana, contra 27,2% que trabalham até 40:00 horas
por semana e os homens em sua maioria trabalham mais de 30:00 horas por
semana. Acima de 50:00 horas trabalhadas por semana estão 23,4% dos homens e
10,6% das mulheres. Pela aplicação do teste de qui-quadrado para as Tabelas 10 e
11, com nível de significância de 5% e grau de liberdade 9, em ambas, mostrou o X2
ser significativo, desta foram rejeita-se H0 em prol da Ha, evidenciando a maior
proporção masculina nos períodos de mais horas trabalhadas, nos dois casos. De
acordo com Pastore (2000), as mulheres trabalham mais do que os homens, apenas
o uso do tempo da mulher é muito diferente do homem. O tempo remunerado é
maior entre os homens e o não remunerado é maior entre as mulheres. Ou seja, dois
terços do trabalho de casa são realizados pelas mulheres. A mulher gasta, em
média, mais de 30 horas de trabalho por semana com os afazeres domésticos. O
trabalho que mais consume tempo é a limpeza da casa e a preparação da comida.
46
Mesmo trabalhando fora de casa, todas as responsabilidades do lar e das crianças
tende a ficar por conta da mulher.
TABELA 11 - NÚMERO DE HORAS TRABALHADAS POR SEMANA POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001
masculino
% feminino % Total
até 12:00 horas 192 3,4 367 9,5 55912:01 até 20:00 horas
201 3,7 451 11,7 652
20:01 até 30:00 horas
363 6,6 556 14,3 919
30:01 até 40:00 horas
1.411 25,4 1.055 27,2 2.466
40:01 até 50:00 horas
2.077 37,5 1.033 26,7 3.110
50:01 até 60:00 horas
835 16 272 7,0 1.107
60:01 até 70:00 horas
241 4,0 77 2,0 318
70:01 até 80:00 horas
142 2,0 41 1,0 183
80:01 até 90:00 horas
57 1,0 14 0,4 71
90:01 até 98:00 horas
25 0,4 10 0,2 35
Total 5.544 100 3.876 100 9.420X2 = 781,299 X2
5% = 16,92
GL = 9 Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
No Brasil, representado pela Tabela 12, os homens se encontram em sua
maior quantidade no setor formal com 58%, e para as mulheres 49% se encontram
no setor informal do mercado de trabalho.
TABELA 12 - SETOR DO MERCADO DE TRABALHO POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001 masculino % feminino % TotalFormal 31.591 58 19.723 51 51.314Informal 22.898 42 18.773 49 41.671Total 54.489 100 38.496 100 92.985
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
Na Tabela 13, pode-se perceber que mesmo no Paraná a mão-de-obra
feminina é mais absorvida pelo setor informal do mercado de trabalho. O setor
47
formal da economia paranaense é representado por 66% da mão-de-obra
masculina, mais elevado que no Brasil.
TABELA 13 - SETOR DO MERCADO DE TRABALHO POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 masculino % feminino % TotalFormal 1.962 66 1.283 59 3.245Informal 1.002 34 907 41 1.909Total 2.964 100 2.190 100 5.154
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
As Tabelas 14 e 15 representam o salário que as pessoas recebiam no mês
de referência, ou seja, em setembro de 2001. No Brasil e Paraná, respectivamente,
pela observação da Tabela 14, as mulheres brasileiras representam maior
percentual apenas nos primeiros níveis de rendimento, evidenciando que 53,93%
das mulheres recebem até R$ 260, 00, os homens apenas 38,53%, acima desse
valor até R$ 520, 00, as mulheres participam com 26,44% de sua força de mão-de-
obra, contra 31,11% masculino. Entre R$ 520,01 até R$ 780, 00, os homens
representam 9,93% de sua força de trabalho e as mulheres apenas 6,52%. Na faixa
dos salários mais elevados a participação feminina é muito pequena. Acima de R$
2.200,00 até R$ 4.000,00 as mulheres são representadas com 1,69% e os homens
com 2,90% e nos rendimentos superiores de R$ 4.000,00 as mulheres aparecem
com 0,60%, já os homens com 1,48%.
TABELA 14 - RENDIMENTO MENSAL POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001 masculin
o % feminino % Total
até 130,00 11.060 12,40 11.100 19,48 22.160130,01-260,00
23.309 26,13 19.630 34,45 42.939
260,01- 520,00
27.757 31,11 15.064 26,44 42.821
520,01-780,00
8.851 9,93 3.717 6,52 12.568
780,01-1050,00
6.887 7,72 3.009 5,28 9.896
1050,01-2200,00
7.430 8,33 3.155 5,54 10.585
2200,01- 1.813 2,03 712 1,25 2.525
48
3130,00 3130,01-4000,00
778 0,87 253 0,44 1.031
acima de 4000,01
1.323 1,48 345 0,60 1.668
Total 89.208 100 56.985 100 146.193X2 = 3825,524
X25% =
15,51 GL = 8 Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
O rendimento mensal feminino paranaense representado pela Tabela 15
mostra que 79,36% das mulheres possuem rendimento mensal de até no máximo
R$ 520, 00, nessa mesma faixa salarial encontram-se 63,87% dos homens. De R$
520,01 até R$ 780,00 as mulheres representam 6,75% e os homens 12%. E acima
de R$ 2.200,00, apenas 1,80% é participação feminina e 4,83% de participação
masculina nos maiores níveis de rendimentos. Pela aplicação do teste de qui-
quadrado para as Tabelas 14 e 15, mostrou o X2 ser significativo, desta foram
rejeita-se H0 e aceita-se Ha, evidenciando que a proporção salarial masculina é mais
alta nas duas Tabelas.
TABELA 15 - RENDIMENTO MENSAL POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 masculino % feminino % Totalaté 130,00 408 8,16 451 14,78 859130,01-260,00
987 19,74 1.038 34,01 2.025
260,01- 520,00
1.799 35,97 933 30,57 2.732
520,01-780,00
600 12,00 206 6,75 806
780,01-1050,00
491 9,82 196 6,42 687
1050,01-2200,00
474 9,48 173 5,67 647
2200,01-3130,00
109 2,17 30 0,98 139
3130,01-4000,00
50 1,00 9 0,29 59
acima de 4000,01
83 1,66 16 0,53 99
Total 5.001 100 3.052 100 8.053X2 = 400,196
X25% =
15,51 GL = 8 Rejeita-se
H0
49
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
Pela Tabela 16, pode-se observar que a concentração feminina é 65,4% em
todos os setores de serviços e no social com 17%. E os homens se destacam em
sua maioria no setor agrícola com 21,8%, na indústria de transformação com 13,8%
e na indústria de construção com 11,6%. Nas Tabelas 16 e 17, houve uma relativa
redução amostral em relação ao total, devido às declarações ignoradas que não
foram consideradas em ambas.
TABELA 16 - RAMO DE ATIVIDADE POR GÊNERO NO BRASIL NO ANO DE 2001 masculi
no% feminino % Total
Agrícola 23368 21,8 11196 14,3 34564Indústria de Transformação 14759 13,8 6768 8,6 21527Indústria de Construção 12433 11,6 367 0,5 12800Outras atividades Industriais 1679 1,6 345 0,4 2024Comércio de Mercadorias 15712 14,7 11832 15,1 27544Prestação de Serviços 14516 13,6 26064 33,3 40580Serviços Auxiliares da Atividade Econômica
4909 4,6 2857 3,6 7766
Transporte e Comunicação 6893 6,4 762 1,0 7655Social 4715 4,4 13334 17,0 18049Administração Pública 5880 5,5 3435 4,5 9315Outras atividades mal definidas ou não declaradas
2127 2,0 1303 1,7 3430
Total 106991 100 78263 100 185254X2 = 30013,924 X2
5% = 18,31
GL = 10
Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES). Pela Tabela 17, verifica-se que as mulheres aparecem relativamente bem
colocadas nos seguintes setores: agrícola 14,35%, indústria de transformação 8,6%,
comércio de mercadorias 15,1%, prestação de serviços 33,3%, serviços auxiliares
da atividade econômica 3,6%, social 17% e administração pública 4,5%. Pela
aplicação do teste de qui-quadrado (X2 ) para as Tabelas 16 e 17, mostrou o X2 ser
significativo, desta foram aceita-se Ha, podendo-se então concluir que a proporção
de presença masculino é maior que a feminina, na maioria dos ramos de atividade.
TABELA 17 - RAMO DE ATIVIDADE POR GÊNERO NO PARANÁ NO ANO DE 2001 masculino % feminino % Total
50
Agrícola 1346 22,5 846 19,1 2192Indústria de Transformação 951 15,9 378 8,5 1329Indústria de Construção 695 11,6 23 0,5 718Outras atividades Industriais 66 1,1 25 0,6 91Comércio de Mercadorias 826 13,7 682 15,4 1508Prestação de Serviços 753 12,6 1345 30,4 2098Serviços Auxiliares da Atividade Econômica
343 5,7 164 3,7 507
Transporte e Comunicação 376 6,3 48 1,1 424Social 269 4,5 673 15,2 942Administração Pública 270 4,5 173 4,0 443Outras atividades mal definidas ou não declaradas
96 1,6 65 1,5 161
Total 5991 100 4422 100 10413X2 = 1504,469 X2
5% = 18,31
GL = 10
Rejeita-se H0
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DOS AUTORES).
TABELA 18 – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS NAS EQUAÇÕES DE SALÁRIO, PARA HOMENS E MULHERES DOS SETORES FORMAL E INFORMAL DO MERCADO DE TRABALHO, NO PARANÁ – 2001 HOMEM MULHER
FORMAL INFORMAL FORMAL INFORMAL
Variáveis Média DP Média DP Média DP Média DP
Lnw♥ 2,69 0,30 2,38 0,38 2,54 0,27 2,24 0,32
Educação 8,96 4,20 7,31 4,07 10,12 4,17 7,82 4,31
Experiência 18,67 13,07 18,33 15,47 17,32 13,15 18,90 15,34
Experiência2 519,38 659,40 574,93 803,50 472,71 616,76 592,12 777,67
EducExper 137,00 105,29 102,71 108,67 142,03 108,62 106,72 99,97FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DA AUTORA)
A Tabela 18 descreve as variáveis utilizadas nas equações de salários dos
homens e das mulheres nos setores formal e informal, bem como suas médias e
desvio padrão. As variáveis explicativas consideradas relevantes na determinação
do salário, neste caso, foram a educação, experiência, experiência ao quadrado e a
interação das variáveis educação e experiência. A variável dependente é o logaritmo
do salário mensal de cada indivíduo participante do mercado de trabalho, sendo que
♥ Lnw é o logaritimo do salário, serve para padronizar os dados ou minimizar a distância entre os valores.
51
com relação a este a maior média foi de 2,69 no setor formal para os homens contra
2,54 no mesmo setor para as mulheres. A mais elevada média de educação (anos
de estudo) também é demonstrada no setor formal para as mulheres com 10,12. As
mulheres envolvidas no mercado de trabalho informal demonstram ter experiência
elevada. E a variável (educação*experiência) apresentou a maior participação no
setor formal para as mulheres com 142,03.
Os resultados das estimativas das funções de salário, presentes na Tabela
19, mostram que os coeficientes positivos e significativos da variável educação,
indicam que com o aumento dos anos de estudo, homens e mulheres que trabalham
no mercado formal e informal recebem uma remuneração maior por seu trabalho. Os
testes-t das variáveis educação e experiência são mais elevados no setor formal do
que no informal, indicando que a escolaridade e a experiência podem ser mais
valorizadas no mercado formal, pelo menos para as mulheres, já que os homens
apresentam teste-t inferior no setor formal para experiência. Os coeficientes da
variável experiência ao quadrado apresentam sinais negativos, onde de acordo com
a teoria do capital humano, a função de rendimento é apresentada em uma curva na
qual em algum momento da vida do indivíduo ele atinge um valor máximo de
produtividade e recebimento de salário e a partir de então, inicia-se um processo de
depreciação do capital humano, refletindo na queda de produtividade do trabalhador
e, consequentemente, declínio do nível salarial. O termo de interação entre
educação e experiência apresenta em seus coeficientes em ambos os mercados
sinais negativos e positivos indicando que o efeito da educação (experiência) diminui
quando os anos de experiência (educação) aumentam.
TABELA 19 – ESTIMATIVAS DAS FUNÇÕES DE SALÁRIOS DOS MERCADOS DE TRABALHO FORMAL E INFORMAL SEGUNDO GÊNERO, NO PARANÁ – 2001
VARIÁVEIS HOMEM MULHER
52
FORMAL INFORMAL FORMAL INFORMALConstante 1,944
(48,204)1,628
(31,990)1,753
(33,918) 1,617
(29,098)Educação 0,0475
(15,387)0,0557
(11,986)0,0576
(15,160) 0,0503
(10,665)Experiência 0,0263
(11,184)0,0379
(12,707)0,0260 (8,807)
0,0244(7,830)
Experiência2 -0,00034(-10,636)
-0,000584(-13,804)
-0,000283 (-6,914)
-0,000338(-7,837)
EducExper 0,0000106(0,084)
-0,000132(-0,717)
-0,000761 (-4,901)
-0,000303(-1,588)
R2 Ponderado 0,365 0,339 0,297 0,252Teste F Ponderado
280,028 126,346 134,332 75,234
Nº. de Observações
1.950 989 1.279 897
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DA AUTORA) NOTAS: As estatísticas- t estão entre parênteses abaixo dos coeficientes. TABELA 20 – DECOMPOSIÇÃO DO DIFERENCIAL DOS SALÁRIOS DAS PESSOAS OCUPADAS SEGUNDO GÊNERO E SETOR, NO PARANÁ – 2001
GRUPO EM VANTAGEM
DIFERENÇA COM O GRUPO EM VANTAGEM
mwln - wfln
TERMO DE DISCRIMINAÇÃO
( ) ( )fmmfm X β−β+α−α ˆˆˆˆ
DOTAÇÃO DE ATRIBUTOS
PRODUTIVOS ( )fmf XX −β̂
Mulher do setor formal (1)
0,142 100%
0,1825 128,52%
-0,04863 28,52%
Mulher do setor informal (2)
0,143 100%
0,1755 122,73%
-0,03153 22,73%
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DA AUTORA) Grupo em vantagem de (1): homem do setor formal, de (2): homem do setor informal.
Os resultados da decomposição do diferencial de salários conforme o
procedimento de Oaxaca são apresentados na Tabela 20. Estes resultados indicam
que existe discriminação contra as mulheres, tanto no mercado de trabalho formal
como no informal. Contudo pode-se inferir que a maior discriminação ocorreu no
mercado informal devido ao fato de a mulher possuir todos os atributos produtivos
exigidos e mesmo assim apresenta os menores salários. A diferença do logaritmo do
salário calculado conforme as médias apresentadas na Tabela 18, considerando os
valores obtidos dos parâmetros e as estimativas apresentadas na Tabela 19 foram
obtidos os valores de 0,142 em favor dos homens que trabalham no mercado de
trabalho formal e de 0,143 em favor dos homens que trabalham no mercado
53
informal. A parcela do diferencial de salário atribuída exclusivamente à discriminação
foi de 0,1825 no mercado formal, porque os maiores salários estão no setor formal, e
assim, a diferença se torna maior e de 0,1755 no mercado informal, com
discriminação aparente no segmento formal e discriminação salarial própria no
informal. Em termos relativos o segmento formal superou o informal, ou seja, 28,52%
da diferença salarial entre homens e mulheres no setor formal é atribuída à
discriminação, já no setor informal este valor é menor, 22,73%.
As parcelas referentes aos atributos produtivos, por apresentarem valores
negativos, sugerem que a diferença salarial entre homens e mulheres decorre mais
fortemente pela discriminação, no entanto, outros atributos também influenciam em
menor grau a remuneração feminina.
No entanto, no caso do setor informal, como foi possível observar na Tabela
18, nesse setor a mulher apresenta todos os atributos produtivos exigidos e mesmo
assim não é reconhecida em termos de remuneração.
Para se estimar o diferencial nos rendimentos do grupo em vantagem em
relação ao grupo em desvantagem, deve-se calcular o rendimento hipotético do
grupo em desvantagem utilizando as suas próprias características produtivas,
representadas pelas médias, e a estrutura do grupo em vantagem, ou seja, os
coeficientes estimados para o grupo em situação de vantagem (MAIA e LIRA, 2002).
yln f = m
^α + m
^β X f (8)
Onde yln f é o rendimento médio hipotético das mulheres (grupo em
desvantagem), X f é a média das características produtivas das mulheres , m
^β são
os coeficientes de regressão dos homens (grupo em vantagem) e m
^α é o
intercepto da regressão estimada para os homens.
54
A diferença entre o rendimento do grupo em vantagem e rendimento
hipotético do grupo em desvantagem, fm ww lnln − , se for positiva, refere-se à
diferença nos atributos produtivos ou a parte explicada: se for negativa, corresponde
à discriminação ou a parte não explicada.
TABELA 21 – MÉDIA DOS LOGARITMOS DOS SALÁRIOS MENSAIS OBSERVADOS DOS HOMENS E MULHERES E ESTIMADOS DAS MULHERES, NO PARANÁ – 2001
MERCADO DE
TRABALHO
MÉDIA OBSERVADA DO RENDIMENTO DOS
HOMENS
MÉDIA OBSERVADA DO RENDIMENTO DAS
MULHERES
MÉDIA ESTIMADA DO RENDIMENTO PARA AS
MULHERES Ln R$ Ln R$ Ln R$ FORMAL 2,69 489,78 2,54 346,74 2,72 524,81 INFORMAL 2,38 239,88 2,24 173,78 2,42 263,03
FONTE: PNAD/IBGE –2001 (ELABORAÇÃO DA AUTORA)
A Tabela 21 mostra a média dos rendimentos mensais dos homens e das
mulheres nos mercados de trabalho formal e informal, bem como a média hipotética
das mulheres em ambos os mercados. Pode-se verificar que os dados dessa tabela
em relação às médias da Tabela 18 (média salarial do mercado formal e informal)
são mais baixos do que realmente aconteceu em 2001 no mercado de trabalho do
Paraná. Isto se deve ao fato de que essa média foi extraída da utilização da
equação estimada dos salários, e pelo fato de a equação ter um resíduo muito alto,
ou seja, o Coeficiente de Determinação (R2) foi muito baixo, gerando a diferença
média observada (Tabela 18) em relação à média estimada (Tabela 21).
Analisando o mercado de trabalho formal, é possível observar que a média
observada dos salários das mulheres é (R$ 346, 74) sendo 29,20% inferior que a
média observada dos salários dos homens R$ 489,78. Já a média estimada dos
salários das mulheres, utilizando os coeficientes da equação do salário dos homens,
ou seja, a média hipotética é de R$ 524,81. Esta é 33,93% superior a média
observada dos salários das mulheres e 6,67 % superior a média observada dos
salários dos homens. Indicando que existe discriminação no mercado de trabalho
55
formal no Paraná, no entanto ela não é a única característica a influenciar o salário
feminino, talvez a experiência possa ter essa relevância.
No mercado de trabalho informal, a média observada dos salários das
mulheres (R$ 173, 78) é 27,55% menor que a média observada dos salários dos
homens R$ 239, 88, a média estimada dos salários das mulheres, utilizando os
coeficientes da equação do salário dos homens, é de R$ 263,03, sendo 33,93 %
superior a média observada dos salários das mulheres e 8,80 % superior a média
observada dos homens, mostrando que no mercado de trabalho informal do Paraná
também existe discriminação.
As mulheres paranaenses sofreram, em 2001, discriminação em suas
atividades profissionais, desenvolvidas tanto no mercado de trabalho formal, como
no informal, sendo que no segmento informal o grau de discriminação foi maior, no
entanto existe outro tipo de característica que influenciou a remuneração feminina
nesse período, além da discriminação, que pode ser, por exemplo, a experiência,
visto que as mulheres possuem menos que os homens no setor formal, demonstrado
na Tabela1.
A observação das desvantagens da população ocupada feminina em nível
salarial e de colocação no mercado de trabalho brasileiro, e mais especificamente, o
mercado de trabalho paranaense, conduz à preocupação com a necessidade de
diminuição da informalidade.
Pode-se perceber que as políticas públicas de defesa à mulher, tornam o
setor formal menos discriminatório, a mulher precisa sair da informalidade para
usufruir dos benefícios que com a elevação da experiência no decorrer dos anos vai
aumentando assim sua produção e a garantirá uma situação mais igualitária no
trabalho em relação ao gênero oposto.
56
5. CONCLUSÃO
A motivação principal deste trabalho foi examinar os salários dos
trabalhadores envolvidos no mercado de trabalho paranaense para o ano de 2001 e
verificar se existe discriminação salarial por gênero no Estado.
Os dados foram obtidos através das bases de dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2001 e alguns dados da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) para o mesmo ano, onde foram aplicados os cálculos de
qui-quadrado (X2) para verificar a maior proporção dos valores e a decomposição de
Oaxaca, que mede a discriminação, através do Método dos Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO), onde a variável dependente é o logaritmo do salário para ambos
os sexos e as variáveis explicativas conforme a Teoria do Capital Humano são
educação, experiência, experiência ao quadrado e interação das variáveis educação
(anos de estudo) e experiência, responsáveis diretamente pela maior ou menor
remuneração dos trabalhadores, conforme sua maior ou menor presença.
A diferença salarial entre os homens e mulheres no setor formal é maior do
que no setor informal, em razão de algumas variáveis, por exemplo, a grande
dispersão salarial no setor formal, ou seja, há muitos indivíduos que ganham pouco
e há também indivíduos que têm altos salários, sendo que a participação feminina
nesse último caso é menor. No setor informal a dispersão salarial é menor e, além
disso, a participação feminina é maior em relação ao homem, dessa forma,
contribuindo para que a diferença salarial seja menor.
A freqüência feminina é maior que a masculina nas faixas salariais menores
nos setores formais e informais, mesmo se mostrando a mulher ser mais instruída e
possuir elevado grau de escolaridade, em relação ao homem. A jornada de trabalho
feminina se mostrou ser inferior à masculina, desconsiderando o fato de a mulher ter
que desempenhar dupla função de trabalho profissional e as atividades do lar
57
(trabalho & casa). Outra constatação, é que a mulher apresentou salários mais
elevados, nas faixas etárias até 18 anos, isto pode ser atribuído à valorização da
beleza e da juventude feminina no Brasil, ou seja, há um padrão estético valorizado
pela sociedade contemporânea ocidental.
Foi possível verificar que os salários são maiores no setor formal e nesse
setor a diferença salarial é maior até porque a mulher possui menor experiência para
concorrer em relação ao homem, e não participa dos altos salários que o setor
formal oferece. As mulheres de certa forma estão protegidas pelas políticas sociais,
e a discriminação formal é existente, mas em dimensão inferior ao informal.
Com relação ao setor informal pode-se observar que os salários são muito
baixos, mas a mulher possui todas as características produtivas em maior
quantidade do que os homens, no entanto, foi verificado que os atributos produtivos
não são valorizados em termos de repasse de salários. Os setores do mercado de
trabalho que mais absorveram o trabalho feminino foram os relacionados com o
comércio, prestação de serviços e ramo social.
A parcela do diferencial salarial atribuída exclusivamente à discriminação no
mercado formal é de 28,52% e no setor informal de 22,73%, no entanto, pode-se
considerar a maior discriminação ser a do mercado de trabalho informal devido ao
fato que nesse setor a mulher apresentar todos os atributos produtivos em maior
quantidade que os homens e mesmo assim não receber salários maiores, o que
seria o coerente segundo a Teoria do Capital Humano, que postula que quanto
maior os atributos produtivos dos indivíduos envolvidos no mercado de trabalho
maior sua remuneração. Para assumir a hipótese de não discriminação no setor
formal somente se a variável experiência for extraordinariamente valorizada em
detrimento a educação, visto que a mulher é mais instruída que o homem.
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Pode-se considerar assim que no setor formal existe discriminação aparente,
pois é atribuída à parcela de discriminação salarial e a falta de experiência de
trabalho feminina, e no setor informal, existe discriminação salarial própria, ou seja, a
diferença salarial existente entre os gêneros é exclusivamente provinda de uma
exclusão da mulher nesse setor de trabalho paranaense.
As políticas públicas apresentam pouca atenção em relação a essa
problemática, não são ainda eficazes mais protegem a mulher, com amparo legal
para suas necessidades no setor formal de trabalho, as mulheres devem procurar
em participar de trabalhos formais, para minorar esse efeito de disparidade salarial,
até que nossa sociedade se torne menos preconceituosa e valorize o trabalho
produtivo e não apenas a pessoa que o desempenhe. Enfim, existe discriminação
salarial por gênero no mercado de trabalho paranaense.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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