microbiologia - relatório 04 - versão final (1).docx
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
MICROBIOLOGIA AMBIENTAL (EN 2105)
MICROBIOTA DE ESGOTO SANITÁRIO
Aristides Cardozo da Fonseca 11079308Ivaldo Pessoa de Araújo 11086408Jucilaine dos Santos Pereira 11145408Letícia Sales Carvalheira Machado 11126210Márcia Gonçalves Dias 11080207Nathalia Taniguti 11072910Rafael Martins 11081510
Orientadores:Prof. Dr. Dácio Roberto Matheus
Prof. Dra. Luísa Helena dos S. Oliveira
Santo André, SP2014
MICROBIOTA DE ESGOTO SANITÁRIO
RESUMO
O exame da água destinada ao consumo humano é de fundamental importância visto que, para
ser considerada potável, a água deve ser livre de microrganismos patogênicos e de
substâncias químicas nocivas. A maioria das doenças veiculadas pela água tem origem na
contaminação fecal e um importante indicador dessa contaminação é a existência de um grupo
de bactérias que contem microrganismos patogênicos e é chamado de coliformes. O principal
representante desse grupo de bactérias é chamado Escherichia coli. A Portaria nº 518/2004 do
Ministério da Saúde estabelece que ações como a determinação da presença de coliformes
totais e termotolerantes e a contagem de bactérias heterotróficas sejam realizadas com o
intuito de aferir sua potabilidade. A recomendação da portaria é que a contagem padrão de
bactérias não exceda a 500 Unidades Formadoras de Colônias por 1ml de amostra (500
UFC/ml). A pesquisa de coliformes baseia-se nas características do grupo: bacilos gram-
negativos, em forma de bastonetes, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de
esporos, capazes de crescer na presença de de concentrações relativamente elevadas de sais
biliares e fermentarem a lactose a 35-37º C e, consequentemente, produzindo ácido, gás e
aldeído em um prazo de 24 a 48 horas. A escolha de bactérias do grupo coliformes bacilos
gram-negativos como indicadores de contaminação da água se baseia na sua presença em
fezes de animais de sangue quente - inclusive nas dos seres humanos - além de estar presente
na água, que possui uma relação direta com o grau de contaminação fecal. O presente exame
de detecção de coliformes partiu da hipótese em que os microrganismos que cresceram e
produziram gás a partir de lactose degradada são coliformes, o que é verificado num teste
presuntivo. Como não há informações sobre as demais características desses microrganismos,
outros testes são necessários para confirmação: o teste confirmativo, que tem como objetivo
confirmar a presença de coliformes na água em estudo, e o teste completo, que tem como
finalidade reafirmar o resultado do teste anterior, proporcionando um controle de qualidade dos
dados. Também pode ser realizado um teste de coliformes fecais que distingue os coliformes
fecais dos demais coliformes em que se utiliza o meio EC (Escherichia coli) inoculado a partir
do teste presuntivo. Neste trabalho foi realizado somente a primeira etapa dos testes, ou seja, o
teste presuntivo, que tem como principal objetivo a análise de potabilidade de amostras
recolhidas na Universidade Federal do ABC (UFABC) da água da torneira, do bebedouro e do
esgoto, visando a determinação da presença de coliformes fecais, e a análise do grau de
contaminação da amostra.
SUMÁRIO1. INTRODUÇÃO.................................................................................4
2. OBJETIVOS..................................................................................11
3. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................12
3.1 Materiais........................................................................................12
3.2 Procedimentos...............................................................................12
3.3 Análise da Potabilidade.................................................................12
3.4 Análises diversas...........................................................................13
4. RESULTADOS..............................................................................14
4.1 Análise de Potabilidade.................................................................14
4.1.1 Análise da potabilidade da água do esgoto................................14
4.1.2 Análise da potabilidade da água da torneira..............................15
4.1.3 Análise da potabilidade da água do bebedouro.........................15
4.2 Análises diversas...........................................................................15
4.2.1 Método NMP da água da torneira..............................................17
4.2.2 Método NMP da água do bebedouro.........................................17
4.2.3 Método NMP da água do esgoto................................................18
5. DISCUSSÕES...............................................................................20
6. CONCLUSÕES..............................................................................22
7. REFERÊNCIAS.............................................................................23
1. INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) define que a água é
um bem de domínio público, um recurso natural limitado e dotado de valor
econômico. A gestão de recursos hídricos, segundo a PNRH, deve
proporcionar o uso múltiplo das águas, utilizar a bacia hidrográfica como
unidade territorial de gestão e ainda ser descentralizada e participativa,
envolvendo os setores públicos, os setores usuários e as comunidades.
Os setores usuários de água (abastecimento humano, consumo
industrial, irrigação, recreação e turismo, dessedentação de animais, geração
de energia elétrica, transporte, diluição de despejos, mineração e preservação
de flora e fauna) têm igualdade de acesso aos recursos hídricos, com exceção
para situações de escassez, em que os usos prioritários são o abastecimento
humano e a dessedentação de animais.
O uso de recursos hídricos de cada setor podem ser classificados como:
consuntivo - quando uma quantidade de água é retirada de sua fonte natural e
não há retorno total, ou seja, há um desequilíbrio - ou não-consuntivo, no qual
é retirada uma determinada quantidade de água dos mananciais e depois de
utilizada, é devolvida na mesma quantidade e com a mesma qualidade, ou
ainda nos usos em que a água seja apenas um veículo.
O aumento da variedade dos usos múltiplos da água tem resultado em
uma diversidade de impactos de diferentes magnitudes, que exigem distintas
avaliações qualitativa e quantitativa e monitoramento adequado a longo prazo.
Cada uso implica também em diferentes requisitos de qualidade, requerendo
um conjunto diferentes de variáveis indicadoras de qualidade de água.
A Resolução CONAMA n° 357 de 17 de março de 2005, dispõe sobre a
classificação dos corpos da água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento
de efluentes, e dá outras providências.
O enquadramento dos corpos d´água em classes está previsto como um
dos instrumentos de planejamento da PNRH. O enquadramento determina o
grau de qualidade (classe) a ser atingido ou mantido em um segmento de
5
corpo d´água ao longo do tempo de acordo com os usos pretendidos.
As águas doces, salobras e salinas são classificadas, segundo a
qualidade requerida para os seus usos preponderantes atuais e futuros, em
treze classes de qualidade.
As águas doces são classificadas em:
I. Classe especial – águas destinadas:
a. ao abastecimento humano, com desinfecção;
b. à preservação do equilíbrio natural das comunidades
aquáticas; e
c. à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral.
II. Classe 1 – águas que podem ser destinadas:
a. ao abastecimento humano, após tratamento simplicado;
b. à proteção das comunidades aquáticas;
c. à recreação de contato primário, tais como natação, esqui
aquático e mergulho;
d. à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de
frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam
ingeridas cruas sem remoção de película; e
e. à proteção das comunidades aquáticas em Terras
Indígenas.
III. Classe 2 – águas que podem ser destinadas:
a. ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
convencional;
b. à proteção das comunidades aquáticas;
c. à recreação de contato primário, tais como natação, esqui
aquático e mergulho;
d. à recreação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques,
jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público
possa vir a ter contato direto; e
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e. à aqüicultura e à atividade de pesca.
IV. Classe 3: – águas que podem ser destinadas:
a. ao abastecimento para consumo humano, após tratamento
convencional ou avançado;
b. à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c. à pesca amadora;
d. à recreação de contato secundário: e
e. à dessedentação de animais.
V. Classe 4 – águas que podem ser destinadas:
a. à navegação; e
b. à harmonia paisagística.
As água salinas são assim classificadas:
I. Classe especial – águas destinadas:
a. à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral; e
b. à preservação do equilíbrio natural das comunidades
aquáticas.
II. Classe 1 – águas que podem ser destinadas:
a. à recreação de contato primário, tais como natação, esqui
aquático e mergulho;
b. à proteção das comunidades aquáticas; e
c. à aqüicultura e à atividade de pesca.
III. Classe 2 – águas que podem ser destinadas:
a. à pesca amadora; e
b. à recreação de contato secundário.
IV. Classe 3 – águas que podem ser destinadas:
a. à navegação; e
b. à harmonia paisagística.
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As águas salobras são assim classificadas:
I. Classe especial: águas destinadas:
a. à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral; e
b. à preservação do equilíbrio natural das comunidades
aquáticas.
II. Classe 1 – águas que podem ser destinadas:
a. à recreação de contato primário, tais como natação, esqui
aquático e mergulho;
b. à proteção das comunidades aquáticas;
c. à aqüicultura e à atividade de pesca;
d. ao abastecimento para consumo humano após tratamento
convencional ou avançado; e
e. à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de
frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam
ingeridas cruas sem remoção de película, e à irrigação de
parques. Jardins, campos de esporte e lazer. Com os quais
o público possa vir a ter contato direto.
III. Classe 2 – águas que podem ser destinadas:
a. à pesca amadora; e
b. à recreação de contato secundário.
IV. Classe 3 – águas que podem ser destinadas:
a. à navegação; e
b. à harmonia paisagística.
A Portaria do Ministério da Saúde n° 518 de 25 de março de 2004
estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade. As técnicas adotadas pela portaria têm o propósito de atender às
especificações do Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater, publicação da American Public Health Association (APHA),
8
American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation
(DOMINGUES, 2007).
O padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano
está exposto na Tabela 1:
PARÂMETRO VMP(1)
Água para consumo humano(2)
Escherichia coli ou coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100ml
Água na saída do tratamento
Coliformes totais Ausência em 100ml
Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede)Escherichia coli ou coliformes
termotolerantes(3) Ausência em 100ml
Coliformes totais
Sistemas que analisam 40 ou mais amostras por mês: Ausência em 100ml em 95% das amostras examinadas no mês;
Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês: Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100ml.
Tabela 1: Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano. Fonte: Ministério da Saúde
NOTAS:
(1) Valor Máximo Permitido.
(2) Água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo
fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras.
(3) A detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada.
A contaminação da água pela grande maioria dos microrganismos
patogênicos se dá através das excretas humana e animal e, por isso, a
pesquisa destes na água requer procedimentos temporalmente extensos e
complexos, fazendo-se necessário a utilização de organismos que sejam,
seguramente, indicadores de contaminação fecal para avaliar a qualidade
bacteriológica da água. Dentre os principais estão os coliformes totais,
9
coliformes fecais, Escherichia coli e o Streptococcus fecais (AMORIM, 2001).
A Portaria MS 518/2004 estabelece, ainda , que além da determinação
da presença de coliformes totais e termotolerantes (E.coli), para determinar o
padrão de potabilidade da água, em 20% das amostras mensais para análise
de coliformes totais nos sistemas de distribuição, deverá ser efetuada a
contagem de bactérias heterotróficas, no limite de 500 unidades formadoras de
colônia (UFC) por ml e que, vez excedida, devem ser providenciadas a
imediata recoleta, inspeção local e, se ainda assim for constatada
irregularidade, outras providências cabíveis devem ser tomadas. No estado de
São Paulo, a norma técnica L 5.201, da CETESB (Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo), descreve toda a metodologia a ser utilizada, baseada
diretamente na Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde.
Esse teste fornece informações sobre a qualidade bacteriológica da
água de maneira geral, posto que o teste detecta inespecificamente bactérias
ou esporos de bactérias, sejam de origem fecal, componentes da flora natural
da água ou resultantes da formação de biofilmes no sistema de distribuição.
Por isso, é utilizado apenas como indicador auxiliar da qualidade da água, já
que é capaz de fornecer informações adicionais sobre eventuais falhas na
desinfecção, colonização e formação de biofilmes no sistema de distribuição
(DOMINGUES, 2007).
Segundo a Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, que revoga a
Portaria nº 518/GM/MS, de 25 de março de 2004, o grupo de bactérias
coliformes totais está constituído por vários gêneros da família
Enterobacteriaceae (Enterobacter, Klebsiella, Citrobacter e Escherichia) e é
definido como bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não
formadores de esporos, oxidase-negativos, capazes de desenvolver na
presença de sais biliares ou agentes tensoativos que fermentam a lactose com
produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5ºC em 24-48 horas, e que podem
apresentar atividade da enzima ß-galactosidase. Os coliformes fecais ou
termotolerantes são um subgrupo do grupo coliforme que fermentam a lactose
a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas, sendo a E. coli seu principal representante, de
origem exclusivamente fecal, que além da lactose também fermenta manitol,
10
produz indol a partir do triptofano, oxidase negativa, não hidroliza a uréia e
apresenta atividade das enzimas ß-galactosidase e ß-glucoronidase, sendo
considerado o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de
eventual presença de organismos patogênicos. Ainda há a necessidade de
acompanhamento da presença de cianobactérias, microrganismos
procarióticos autotróficos, capazes de ocorrer em qualquer manancial
superficial especialmente naqueles com elevados níveis de nutrientes
(nitrogênio e fósforo), podendo produzir toxinas com efeitos adversos à saúde,
tais como cianotoxinas, microcistinas, cilindrospermopsina e saxitoninas. O
anexo XI da portaria em vigor afirma que a frequência de monitoramento das
cianobactérias em mananciais de abastecimento de água deve ser mensal,
caso o número de células por mL seja menor ou igual a 10.000, e semanal,
caso ultrapasse este limite.
De acordo com Carvalho (2013), as estratégias de contagem de
cianobactérias são descritas por Chorus e Bartram, no livro “Toxic
cyanobacteria in water: A guide to their public health consequences, monitoring
and management“, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e
pela Norma Técnica CETESB L5.303. As amostras podem ser preparadas por
centrifugação ou sedimentação e analisadas com microscópio normal ou
invertido, utilizando câmaras de contagem (Sedgwick-Rafter e Utermöhl) ou o
retículo de Whipple.
Para detecção de coliformes totais é feito o teste presuntivo, que utiliza
meio de cultura, como por exemplo, o Caldo Lactosado ou Caldo Lauril Sulfato,
facilitador de crescimento rápido de bactérias fermentadoras de lactose,
presumindo sua presença no ambiente em questão. Testes confirmativos
trabalham acerca da presença real de coliformes totais, utiliza meios de cultura
com inibidores de outra microbiota que não a de interesse, principalmente os
gram-positivos. Com a inoculação da amostra em Caldo Lactosado com bile ou
Verde brilhante, estes que são os inibidores das bactérias não entéricas e
gram-positivas, há a confirmação de coliformes totais devido à formação de gás
pela fermentação da lactose, característica deste grupo. O teste para
coliformes fecais utiliza um meio seletivo, o caldo EC, inoculado a partir do
teste presuntivo e é incubado em temperatura elevada inibindo a maior parte
11
dos microrganismos, permitido apenas o crescimento de Echerichia coli e
algumas espécies relacionadas (AMARAL, 2007).
Segundo Hirai (2013), outras espécies como Clostridium perfringens,
Enterococcus Enterobacter spp. e Klebsiella spp. também podem ser utilizadas
como indicadores de contaminação fecal, mas estes dois últimos não são
exclusivamente fecais como a E. coli.
Podem, ainda, ser realizados testes para patógenos específicos, como
Salmonella spp. e Legionella spp., esta que é encontrada em fontes naturais de
solo e água, mas que se tornam um risco à saúde quando as condições
permitem sua rápida multiplicação. Outro teste qualitativo, já citado, usado para
verificar a qualidade da água é o de determinação de bactérias heterotróficas e
consiste basicamente em efetuar a contagem da população microbiana em
temperaturas diferentes, analisando mudanças repentinas no tamanho da
população, lembrando que pode-se utilizar diferentes metodologias para sua
realização (DOMINGUES, 2007).
Dentre outros microrganismos indicador de potabilidade da água, Amaral
(2007) relata que no Brasil, Pseudomonas aeruginosa é usada como padrão de
potabilidade em águas minerais. Isso é devido a sua grande versatilidade
metabólica que possibilita sua persistência na água por mais tempo do que os
coliformes. No entanto, é alvo de estudo o fato de haver antagonismo entre a
presença de Pseudomonas aeruginosa e coliformes, posto que a presença
daquela pode inibir a identificação destes.
2. OBJETIVOS
Fazer a avaliação da potabilidade de amostras coletadas na
Universidade Federal do ABC (UFABC), localizada no município de Santo
André, da água do bebedouro, da água da torneira e da água do esgoto,
através da detecção e análise de coliformes fecais utilizando o teste presuntivo.
Avaliar o grau de contaminação das amostras usando uma série de tubos
múltiplos inoculados com diluições decimais da amostra (10ml, 1ml e 0,1ml).
12
3. MATERIAIS E MÉTODOS
1.
3.1 Materiais
Para o experimento de estudo da microbiota do esgoto sanitário, foram
necessários os seguintes materiais:
● Estufa bacteriológica;
● Bico de Bunsen;
● Tubos de ensaio;
● Tubo de Durhan;
● Caldo Lauril Triptose;
● Amostras de água da torneira, água do bebedouro e água de esgoto
todos da Universidade Federal do ABC;
● Papel alumínio;
● Placas de Petri; e
● Pipetas graduadas.
Composição do caldo lauril triptose:
Triptose 20,0 gLactose 5,0 gK2HPO4 2,7 g
Cloreto de Sódio 5,0 gSulfato de Sódio Lauril 0,1 g
Água destilada 1.000 ml
O pH foi corrigido para 7.0.
3.2 Procedimentos
3.3 Análise da Potabilidade
Para cada amostra em estudo (tanto para água do bebedouro, da água
de torneira e da água de esgoto da Universidade Federal do ABC), foi realizada
uma série de procedimentos descritos a seguir.
Primeiramente inverteu-se os tubinhos de Durhan em 5 (cinco) tubos de
13
ensaio contendo 10 ml de caldo de Lauril Triptose. Em seguida, esses tubos de
ensaio foram inoculados com 20 ml da amostra em estudo e incubados a 35º C
por 24 horas.
Após esse período, foram realizadas leituras considerando positivos os
tubos com presença de “bolhas”. As amostras foram novamente incubadas,
desta vez por mais 72 horas, quando foi realizada uma nova leitura.
3.4 Análises diversas
Para essas análises, foram realizados os seguintes procedimentos,
descritos a seguir, para cada amostra em estudo (água do bebedouro, água de
torneira e água de esgoto da Universidade Federal do ABC – UFABC).
Os tubos de Durhan foram invertidos em 15 (quinze) tubos de ensaio
contendo 10 ml de caldo Lauril Triptose. Foi realizada a inoculação da amostra
da seguinte forma:
● 10 ml da amostra em 5 tubos de ensaio;
● 1 ml da amostra em outros 5 tubos de ensaio; e
● 0,1 ml da amostra nos outros 5 tubos de ensaio restantes.
Após a inoculação, as amostras foram incubadas a 35º C por 24 horas, quando foi realizada a primeira leitura. Os tubos com presença de gás foram considerados tubos positivos.
Em seguida, os tubos foram novamente incubadas por mais 72 horas. Ao final deste período, realizou-se uma segunda análise.
Usou-se a tabela para verificar o número mais provável (NMP) de
coliformes por 100 ml ou estimou-se através da fórmula de Thomas:
NMP/ 100mL = Número de tubos positivos x 100______mL de tubos negativos x mL de todos os tubos
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4. RESULTADOS
4.1 Análise de Potabilidade
ÁGUA DE
TORNEIRA (20mL)
ÁGUA DE BEBEDOURO
(20 mL)
ESGOTO (20mL)
Tubo 1 - - +
Tubo 2 - - +
Tubo 3 - - +
Tubo 4 - + +
Tubo 5 - - +
Tabela 2: Resultados da análise de potabilidade: Resultado negativo(-) para a não presença de gás no interior do tubo Durham, ou positivo(+) no caso de presença de gás no tubo Durhan.
a) b) c) d)
Figura 1: Tubos de ensaio da análise de potabilidade após as 72 horas– a) água de torneira; b) água de bebedouro; c) água de bebedouro do tubo 4 com resultado positivo; d) água de esgoto
4.1.1 Análise da potabilidade da água do esgoto
No teste da potabilidade do esgoto, os cinco tubos que continham 10 mL
do caldo Lauril Triptose inoculados com 20 mL de amostra do esgoto
apresentaram formação de gás nos tubos de Durham invertidos, mostrando
que estavam contaminado por coliformes. A pesquisa de coliformes teve
resultado positivo logo após as primeiras 24 horas, na primeira leitura
(realizada na sexta-feira, dia 25/04/2014), e tendo a formação de gases
aumentado após a reincubação das amostras por mais 72 horas. A segunda
leitura foi realizada na segunda-feira, dia 28/04/2014. Os dados são
apresentados na tabela 2 e representados na figura 1-d.
15
4.1.2 Análise da potabilidade da água da torneira
No teste da potabilidade da água da torneira, a pesquisa de coliformes
teve resultado negativo. Os cinco tubos que continham 10 mL do caldo Lauril
Triptose inoculados com 20 mL da amostra da água da torneira não
apresentaram formação de gases nos tubos de Durham invertidos em
nenhuma das leituras realizadas, mostrando que não estavam contaminados
por coliformes. Os dados são apresentados na tabela 2 e estão representados
na figura 1-a.
4.1.3 Análise da potabilidade da água do bebedouro
No teste da potabilidade da água do bebedouro, dos cinco tubos que
continham 10 mL do caldo Lauril Triptose inoculados com 20 mL da amostra da
água do bebedouro, quatro deles não apresentaram formação de gases nos
tubos de Durham invertidos nos dias analisados, mostrando que não estavam
contaminados por coliformes fecais, dando resultados negativos. Porém, em
um dos tubos (tubo 4), a pesquisa de coliformes obteve resultado positivo na
segunda observação, realizada na segunda-feira, dia 28/04/2014, ou seja, após
as 72 horas de reincubação das amostras obteve a indicação de contaminação
de coliformes. Os dados estão apresentados na tabela 2 e os resultados dos
tubos representados na figura 1-b. O tubo 4, cujo resultado foi positivo, está
representado na figura 1-c.
4.2 Análises diversas
Conforme indicado na metodologia, para a análise dos resultados do
método do Número Mais Provável (NMP), será utilizada a tabela 3, de acordo
com as reações ocorridas no laboratório para cada um dos fluídos testados
quando inoculadas porções de 10 mL, 1 mL e 0,1 mL de amostra.
16
Tabela 3 - Índice de NMP e limites de confiança de 95%, quando inoculadas porções de 10 mL, 1 mL e 0,1 mL de amostra. (Fonte: CETESB. Norma técnica L5.406 – Coliformes termotolerantes: Determinação em amostras ambientais pela técnica de tubos múltiplos com meio A1 – método de ensaio. Junho, 2007.)
ÁGUA DE
TORNEIRA (20mL)
ÁGUA DE BEBEDOURO
(20 mL)ESGOTO (20mL)
0,1ml 5(-) 5(-) 5(+)1,0ml 5(-) 5(-) 5(+)10ml 5(-) 5(-) 5(+)
Tabela 4: Resultados das análises diversas: Resultado negativo (-) para a não presença de gás no interior do tubo Durham, ou positivo (+) no caso de presença de gás no tubo Durhan.
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4.2.1 Método NMP da água da torneira
O teste NMP da água da torneira em nenhum dos dois dias de
observação apresentou contaminação, ou seja, não ocorreu formação de gases
em nenhum dos 15 tubos (sendo cinco tubos com 10 mL de caudo Lauril
Triptose com 0,1 mL da amostra, cinco tubos com 10 mL de caudo Lauril
Triptose com 1 mL da amostra e cinco tubos com 10 mL de caudo Lauril
Triptose com 10 mL da amostra). Dessa forma, a combinação de tubos é 0-0-0
e, de acordo com a tabela 3, o número mais provável de coliformes na amostra
é menor que 1,8; sendo o limite de confiança superior de 6,8.
a) b) c)
Figura 2 - Tubos de ensaio de Análises Diversas da água de torneira: a) 0,1ml de amostra, b) 1ml de amostra, c) 10ml de amostra
4.2.2 Método NMP da água do bebedouro
O teste NMP da água do bebedouro em nenhum dos dois dias
apresentou contaminação, ou seja, não ocorreu formação de gás em todos os
15 tubos (cinco tubos com 10 mL de caudo lauril triptose e 0,1 mL da amostra,
cinco tubos com 10 mL de caudo lauril triptose e 1 mL da amostra e cinco tubos
com 10 mL de caudo lauril triptose e 10 mL da amostra). Dessa forma, a
combinação de tubos positivos é 0-0-0 e, de acordo com a tabela 3, o número
mais provável de coliformes na amostra é menor que 1,8; sendo o limite de
confiança superior de 6,8.
18
a) b) c)
Figura 3 – Tubos de ensaio de Análises Diversas da água do bebedouro: a) 0,1ml de amostra, b) 1ml de amostra, c) 10ml de amostra
4.2.3 Método NMP da água do esgoto
O teste NMP do esgoto, logo após as primeiras 24 horas, apresentou
contaminação, ou seja, ocorreu formação de gás em todos os 15 tubos (cinco
tubos com 10 mL de caudo Lauril Triptose e 0,1 mL da amostra, cinco tubos
com 10 mL de caudo Lauril Triptose e 1 mL da amostra e cinco tubos com 10
mL de caudo Lauril Triptose e 10 mL da amostra). Dessa forma, a combinação
de tubos positivos é 5-5-5 e, de acordo com a tabela 3, o número mais provável
de coliformes na amostra é maior que 1600, sendo o limite de confiança
mínimo (inferior) de 700.
a) b) c)
Figura 4 – Tubos de ensaio de Análises Diversas da água do esgoto: a) 0,1ml de amostra, b) 1ml de amostra, c) 10ml de amostra
NMP/ 100mL = Número de tubos positivos x 100 .mL de tubos negativos x mL de todos os tubos
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Resultados para o NMP - via Tabela
ÁGUA DE TORNEIRA
ÁGUA DE BEBEDOURO
ESGOTO
NMP/100ml < 1,8 <1,8 >1600
Lim.Conf. (inf. ; sup.) ( - ; 6,8) ( - ; 6,8) (700 ; - )
Resultados para o NMP - via Fórmula
ÁGUA DE TORNEIRA
ÁGUA DE BEBEDOURO
ESGOTO
NMP 0 0 ?
20
5. DISCUSSÕES
Com relação a água de esgoto, pôde-se concluir pela sua não
potabilidade, uma vez que tanto no teste presuntivo da análise de Potabilidade,
que detecta a presença de coliformes fecais, como no teste presuntivo da
análise de diversos, que estima a quantidade presente por 100ml (NMP),
obteve-se resultado positivo para todos os tubos.
Já os resultados obtidos para a amostra de água de torneira, segundo as
normas estabelecidas pela Portaria do Ministério da Saúde n° 2914 de 12 de
dezembro de 2011, que estabelece os procedimentos e responsabilidades
relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e
seu padrão de potabilidade, apontam para a sua potabilidade, uma vez que não
foi detectada a presença de coliformes fecais em nenhum dos tubos de
amostra da análise de Potabilidade e assim como uma presença de menos de
1,8 (NMP/100ml) Escherichia coli ou coliformes termotolerantes, segundo os
dados apontados pela tabela 3, diante dos resultados negativos para todos os
tubos de teste da análise de diversos.
Quanto aos resultados obtidos para a amostra de água de bebedouro,
primeiro devemos considerar que o resultado positivo para um dos tubos de
amostra, pode ter sido decorrente de contaminação durante os procedimentos
de preparo do teste, e também o fato de que as normas estabelecidas pela
Portaria do Ministério da Saúde n° 2.914/2011 preveem a análise para água
saindo do sistema de tratamento e para a água tratada no sistema de
distribuição (rede e reservatórios), o que não é o nosso caso, uma vez que a
água foi coletada de um bebedouro. Para os casos de detecção de uma
amostra positiva para a análise de potabilidade, a portaria determina a
realização de coleta de novas amostras em dias imediatamente sucessivos até
que as novas amostras revelem resultado satisfatório, o que não nos permite
classificar a água de bebedouro como não potável, acrescido do fato de que
sendo estes testes presuntivos, a constatação de casos positivos enseja a
realização de testes confirmativos e testes completos, para confirmação de sua
contaminação.
Gerou-nos uma certa dúvida o fato que para o teste de análise diversas
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os resultados foram todos negativos, resultando portanto em um NMP/100ml
de menos de 1,8 Escherichia coli ou coliformes termotolerantes, segundo os
dados apontados pela tabela 3, sendo esta a melhor situação possível. Porém,
a portaria 2.914/2011 prevê potabilidade apenas para água, quando da
ausência de coliformes totais e Escherichia coli ou coliformes termotolerantes
por 100ml. Ficou faltando também conseguir compatibilizar os valores
encontrados para NMP/100ml, via tabela 3 e os valores resultantes da
aplicação da fórmula de Thomas, como, por exemplo, no caso da água de
esgoto, em que sendo todos os tubos positivos, o resultado do denominador
passa a ser zero. Através dos dados obtidos é possível observar a influência da
glicose como principal fonte de energia ao organismo e também de substâncias
tóxicas, como o tolueno que, quando está em contato com microrganismos
vivos, é capaz de interferir no processo digestivo do mesmo, levando-o a
morte.
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6. CONCLUSÕES
Pode-se concluir através deste experimento, que a pesquisa de
coliformes pode ser feita através de técnicas simples: Através do método
presuntivo, presumiram-se que os microrganismos que crescem e produzem
gás a partir de lactose sejam coliformes. Porém só com técnicas mais
complexas poderíamos determinar com mais precisão outras características
desses microrganismos. Através da potabilidade detectamos a presença de
coliformes nas amostras de água de esgoto e também obtivemos a mesma
confirmação através do teste de Número Mais Provável (NMP). Já era
esperado que a amostra de água de esgoto apresentasse altas concentrações
de coliformes e que fosse observada contaminação em todos os tubos, já que
sua água é proveniente de sistema sanitário.
Para as análises de água de torneira e bebedouro, esperava-se uma
melhor qualidade de potabilidade da água do bebedouro do que a de torneira,
já que as ingerimos. Porém, um tubo de amostra de água do bebedouro (tubo
4) apresentou gás no interior de seu tubo de Durhan, indicando presença de
coliformes nesta concentração, fato este provavelmente causado por
contaminação durante o preparo dos testes, o que reforça ainda mais a
necessidade não só de melhor assepsia, como também da realização de coleta
de novas amostras em dias imediatamente sucessivos até que as novas
amostras revelem resultado satisfatório, como determina a portaria nº
2.914/2011, para os casos de detecção de uma amostra positiva para a análise
de potabilidade, e da própria realização do teste de análises diversas.
Esta é mais uma das utilidades que o estudo e pesquisa sobre
microrganismos nos possibilita, pois através do estudo de suas características
específicas, seus meios de sobrevivência e adaptação às diversidades, é
possível, por exemplo, a realização de testes relativamente baratos, rápidos e
eficazes, a exemplo da utilização da Escherichia coli, um dos representantes
do grupo de bactérias, cuja existência no meio aquático, indica a contaminação
da mesma por coliformes fecais, que por sua vez são os maiores veículos de
transmissão de doenças veiculadas pela água.
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7. REFERÊNCIAS
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