mineração no brasil colônia
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Economia Colonial: Mineração
Descoberta do Ouro
A realização do velho sonho português
Pepita de Ouro
Em meados do século XVII Portugal vivia uma
crise econômica devido à queda internacional do preço do açúcar.
Entre 1693 e 1695 os bandeirantes paulistas encontram os primeiros vestígios de ouro de aluvião.
Escravos africanos especialistas na mineração foram utilizados na exploração do ouro.
Primeiras Descobertas
Extração do ouro de aluvião
Utilização da bateia nos
dias de hojeUtilização da bateia
durante o “ciclo do ouro”
Corrida do ouro – tanto colonos quanto reinóis. Rápido surgimento de cidades como Vila Rica
(Ouro Preto), Ribeirão do Carmo (Mariana), São João del Rei e Sabará.
População da região de Minas Gerais alcança 15% do total de habitantes no Brasil no “século do ouro”.
Povoamento do Sertão
Tensão entre os paulistas, que descobriram as
jazidas, e os portugueses vindos de outras partes da Colônia e do Reino (emboabas).
A tensão aumentou quando os portugueses começaram a controlar o abastecimento de mercadorias para a região das minas.
Após vários confrontos armados entre paulistas e emboabas, o conflito teve fim em 1709, sem vencedores.
Guerra dos Emboabas
Pintura do século XVIII representando a Guerra dos
Emboabas
Controle da metrópole: firme controle
administrativo e fiscal da Coroa para evitar novos conflitos.
Elevação de São Paulo à categoria de cidade. Criação da capitania de São Paulo (1709) e
Minas do Ouro (1720). Descoberta de ouro em Mato Grosso (1718) e
Goiás (1726): os paulistas passaram a procurar ouro mais adentro no território brasileiro, em sua própria capitania.
Consequências da Guerra dos Emboabas
Evolução do mapa do Brasil após a Guerra dos Emboabas
1709 1789
Regiões onde foram encontrados ouro e diamantes no Brasil Colônia
Administração das Minas
O controle da exploração pela Coroa
Principal órgão administrativo português, a
Intendência das Minas, criada em 1702, era responsável por: Distribuir datas (lotes) para a exploração do
ouro; Fiscalizar a atividade mineradora; Julgar questões referentes ao desenvolvimento
dessa atividade; Cobrar impostos (20%, ou 1/5) pela exploração
das jazidas.
Intendência das Minas
Primeira Intendência de Minas Gerais - Mariana
Intendência e Casa de Fundição de Sabará - MG
A circulação do ouro em pó ou em pepitas dificultava
a cobrança do quinto e facilitava o contrabando. Para acabar com esse problema, foram criadas, por
volta de 1720, as casas de fundição. Ali o ouro era transformado em barras e recebia o selo
real, o que comprovava que o imposto havia sido recolhido.
Quem fosse encontrado com ouro em pó, em pepitas ou em barras não quintadas poderia perder todos os seus bens e até ser condenado ao degredo.
Casas de Fundição
Forno e balança de antiga casa de fundição
Barras de ouro quintado
Para os mineradores, as casas de fundição só
facilitavam a cobrança dos impostos, mas dificultavam a circulação e o comércio de ouro dentro da capitania.
Descontentes, cerca de 2 mil revoltosos (donos de grandes lavras, partes da população e mesmo escravos) liderados pelo tropeiro Filipe dos Santos exigiram do governador da capitania de MG o fim das casas de fundição.
O governador fingiu aceitar as reivindicações, mas depois de ganhar tempo e organizar suas tropas, acabou com o movimento. Seu líder foi enforcado e esquartejado em praça pública (16/07/1720).
Revolta de Vila Rica
Santos do pau oco
Foram encontradas jazidas de diamantes (1729) no Arraial do
Tijuco (atual Diamantina). Como era difícil controlar o contrabando e a cobrança de
impostos sobre os diamantes, a Coroa decidiu, em 1739, entregar a extração a particulares, mediante um contrato. O contratador deveria entregar a parte relativa à Coroa.
A partir de 1771, porém, a Coroa assumiu diretamente a exploração diamantina, através da Intendência dos Diamantes. Tal órgão tinha amplos poderes sobre a população de Diamantina,
podendo mesmo controlar quem entrava e saía do distrito. Calcula-se que foram encontrados cerca de 160 kg de
diamantes entre 1730 e 1830 em Minas Gerais.
Intendência dos Diamantes
Intendência dos Diamantes – Diamantina – MG
Lavagem de diamantes em Serro Frio, MG, por Carlos Julião, c. 1770
Sociedade do Ouro
A vida nas cidades mineiras era organizada em
função do ouro. A região tornou-se um excelente mercado comprador
de diversas regiões da colônia e de Portugal. Minas Gerais “deu um nó” no Brasil.
No fim do século XVIII, quase metade da população mineira era composta por escravos.
Desenvolvimento da Vida Urbana
Condições para a ascensão social na sociedade
mineira: Encontrar uma nova jazida de ouro ou diamante; Ganhar muito dinheiro com o comércio ou o artesanato
urbanos. Os investimentos econômicos para a mineração eram
menos custosos que os equipamentos e instalações necessários para se montar um engenho açucareiro.
Apesar disso, a riqueza concentrou-se nas mãos de poucos: ricos senhores que exploravam as lavras mais importantes e que se dedicavam a outros negócios.
A pobreza imperava na capitania das Minas do Ouro.
Ascensão Social e Pobreza
Crise da Mineração
A produção do ouro caiu brutalmente a partir da
segunda metade do século XVIII (vide p. 87). O governo português dizia que o contrabando e a
negligência com o trabalho eram os principais motivos para a queda aurífera.
A Coroa tomou as seguintes medidas: Cota mínima anual: em 1750 determinou-se que a
soma final do quinto deveria atingir pelo menos 100 arrobas anuais.
Derrama: como a cota mínima anual não vinha sendo atingida, em 1765 o governo decretou a derrama, ou seja, a cobrança dos impostos atrasados.
O Declínio da Produção Aurífera
Produção aurífera no século XVIII (em kg)
Consequências da Exploração do Ouro
Diversas pessoas usaram suas riquezas no incentivo
às artes durante o “ciclo do ouro”. O primeiro movimento literário brasileiro significativo,
o Arcadismo, surgiu em MG, expresso nas obras de Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e outros.
No campo das artes plásticas, destaque para Antônio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, e Manuel da Costa Ataíde, o Mestre Ataíde.
Também no campo musical há destaque para as composições de Emérico Lobo de Mesquita, Francisco Gomes da Rocha e Inácio Parreiras Neves.
Desenvolvimento das Artes
“Os 12 Profetas” – Esculturas de Aleijadinho no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos – Congonhas – MG
“Os Doze Profetas”
Detalhes de “Os Doze Profetas”
Pinturas de Mestre Ataíde – Assunção da Virgem – Igreja de São Francisco – Ouro
Preto – MG
O ouro atraiu pessoas de diversas partes da
colônia para o interior, aumentando o povoamento do sertão.
Diversas regiões da colônia, antes isoladas entre si, passaram a estar mais integradas.
Durante o século do ouro a população colonial aumentou 11 vezes, passando de 300 mil (em 1700) para 3,25 milhões (1800).
Expansão Territorial e Populacional
Deslocamento do centro econômico do nordeste
açucareiro para o sudeste da colônia. Em 1763 a capital da América Portuguesa deixou
de ser Salvador e passou a ser o Rio de Janeiro. Sua localização mais próxima da região das
minas: dificultava o contrabando; tornava mais rápida a comunicação entre a
metrópole e a região das minas; facilitava o escoamento do ouro quintado para
Portugal.
Mudança da Capital
Estrada Real das Minas Gerais ao Rio de Janeiro
Aumento da oposição entre os interesses dos
colonos luso-brasileiros e o governo português.
Intensificação do controle por parte da Coroa contribuiu para que as elites coloniais se rebelassem contra Portugal.
Revoltas Coloniais
O Brasil produziu mais ouro entre 1700-1760 do que toda a
América espanhola em quase quatrocentos anos. Foi o equivalente a metade de todo o ouro extraído no
mundo entre os séculos XV e XVIII. Com quem ficou todo esse ouro?
Não ficou no Brasil e nem foi usado no seu desenvolvimento. Também não ficou em Portugal, já que o país precisava saldar
sua balança comercial em déficit por conta do Tratado de Methuen , ou “Tratado dos Panos e Vinhos” (1703).
Boa parte do ouro brasileiro foi, portanto, parar nas mãos dos capitalistas ingleses, e usaram-no para financiar sua Revolução Industrial.
Com quem ficou o ouro brasileiro?