ministÉrio da educaÇÃo e cultura universidade … · o zinco é um micronutriente essencial para...
TRANSCRIPT
1
1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
EFEITO POSITIVO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO NO CRESCIMENTO, GH, IGF-1 E
IGFBP-3 EM CRIANÇAS EUTRÓFICAS
CAMILA XAVIER ALVES
NATAL/RN
2013
i
i
CAMILA XAVIER ALVES
EFEITO POSITIVO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO NO CRESCIMENTO, GH, IGF-1 E
IGFBP-3 EM CRIANÇAS EUTRÓFICAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Ciências da Saúde.
Orientador: Prof. Dr. José Brandão Neto
Coorientadora: Profa. Dra. Lúcia Dantas Leite
NATAL/RN
2013
ii
ii
Catalogação da Publicação na Fonte Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN
Alves, Camila Xavier.
Efeito positivo da suplementação de zinco no crescimento GH, IGF-1 e
IGFBP-3 em crianças eutróficas / Camila Xavier Alves. - Natal, 2013.
42f: il.
Orientador: José Brandão Neto.
Coorientadora: Lúcia Dantas Leite.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da
Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito
para a obtenção do título de Mestre em Ciências da Saúde.
1. Crescimento infantil - Dissertação. 2. Hormônio - Dissertação. 3. Zinco -
Dissertação. 4. Nutrição - Dissertação. I. Brandão Neto, José. II. Leite,
Lúcia Dantas. III. Título.
RN/UF/BSA01 CDU 159.922.7:613.2
iii
iii
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde:
Profa. Dra. Ivonete Batista de Araújo
iv
iv
CAMILA XAVIER ALVES
EFEITO POSITIVO DA SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO NO CRESCIMENTO, GH, IGF-1 E
IGFBP-3 EM CRIANÇAS EUTRÓFICAS
Aprovada em: 12/06/2013
Banca examinadora:
Presidente da banca:
Prof. Dr. José Brandão Neto
Membros da banca:
Profa. Dra. Karine Cavalcanti Maurício de Sena Evangelista (UFRN)
Profa. Dra. Maria José de Carvalho Costa (UFPB)
v
v
DEDICATÓRIA
Aos meus pais,
Carlos e Graça.
vi
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida e a possibilidade de empreender esse caminho evolutivo, por propiciar
tantas oportunidades de estudos e por colocar em meu caminho pessoas amigas e
preciosas.
À minha família, especialmente aos meus pais, sempre presentes em minha vida,
verdadeiros alicerces em todos os momentos da minha existência. Modelos de
integridade moral, coragem e fé.
Ao meu orientador, Prof. Dr. José Brandão Neto pela amizade, confiança, oportunidade
de aprendizado e por ajudar a construir minha trajetória acadêmica. E por ser esse
exemplo de dignidade e competência.
À Profa. Dra. Lúcia Dantas Leite, pela amizade e confiança e contribuição significativa no
meu crescimento pessoal e profissional.
A Rommel Souza, pelo amor, amizade, carinho, paciência e tolerância. Também por estar
presente apesar das adversidades, me apoiando incondicionalmente.
As amigas do grupo de pesquisa, em especial Sancha Helena de Lima Vale, Karina
Vermeulen e Marília Gomes Dantas. Agradeço pela disponibilidade e pelas trocas
vivenciadas.
vii
vii
RESUMO
O zinco é um micronutriente essencial para o crescimento e desenvolvimento de crianças
e adolescentes. A sua deficiência é considerada um problema mundial, sobretudo em
países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Essa deficiência pode comprometer o
sistema nervoso central e periférico, o sistema imunológico, o sistema hematopoiético, o
sistema endócrino e reprodutivo, além de retardar o crescimento de crianças e
adolescentes. O presente estudo analisou o efeito da suplementação de zinco na
secreção do hormônio do crescimento (GH), fator de crescimento semelhante à insulina
(IGF-1) e proteína ligadora do IGF (IGFBP-3) em crianças eutróficas, aparentemente
saudáveis e pré-pubéres, provenientes de 3 escolas municipais de Natal/RN. Foram
estudadas 30 crianças eutróficas, 15 meninos e 15 meninas, com idades entre 6 e 9 anos,
as quais foram suplementadas oralmente com 5 mg/dia de sulfato de zinco
heptahidratado durante 3 meses. Além disso, foi realizada uma administração intravenosa
de zinco, antes e após a suplementação oral de zinco, com 0.06537 mg Zn/Kg de peso
corporal. A avaliação dietética e antropométrica foi realizada no início e no final do estudo.
Os níveis plasmáticos de GH aumentaram durante a administração intravenosa de zinco,
enquanto que os níveis de IGF-1 e IGFBP-3 aumentaram depois da suplementação oral
de zinco. Houve correlação positiva entre a área sob a curva de GH e zinco sérico depois
da suplementação oral de zinco. A suplementação desse micronutriente foi possivelmente
efetiva no aumento da concentração de zinco no soro, nos níveis de secreção de IGF-1 e
IGFBP-3 e potencialização do GH.
Palavras-chaves: crianças, crescimento, hormônios, zinco e nutrição.
viii
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AKT – proteína quinase B
DNA – ácido desoxirribonucleico
ELA – esclerose lateral amiotrófica
EPM – erro padrão da média
GH – hormônio do crescimento
GHRH – hormônio liberador do hormônio do crescimento
HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes
IGF-1 – fator de crescimento semelhante à insulina 1
IGF-2 – fator de crescimento semelhante à insulina 2
IGFBP-3 – proteína ligadora do IGF
IMC – índice de massa corporal
IRS – substrato do receptor de insulina
OZnS – suplementação oral de zinco
PTH – hormônio da paratireoide
rGH – receptor do hormônio do crescimento
rIGF-1 – receptor de IGF-1
rIGF-3 – receptor de IGF-3
RNA – ácido ribonucleico
S6K – S6 quinase
T3 – hormônio triiodotironina
TOR – marcador de rampamicina
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
ix
ix
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo
Zn – zinco
ZnSO4.7H2O – zinco heptahidratado
x
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ação do zinco sobre o crescimento ósseo longitudinal.
Figura 2 - Desenho do estudo.
xi
xi
SUMÁRIO
RESUMO ........................................................................................................................... vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................ viii
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ x
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13
2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 17
3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 18
3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 18
3.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 18
4 MÉTODOS ...................................................................................................................... 19
4.1 Caracterização dos pacientes .................................................................................. 19
4.2 Critérios de seleção .................................................................................................. 19
4.3 Grupo de estudo ....................................................................................................... 19
4.3 Avaliação antropométrica ......................................................................................... 20
4.4 Avaliação dietética .................................................................................................... 20
4.5 Suplementação oral de zinco ................................................................................... 21
4.6 Administração venosa de zinco ................................................................................ 21
4.7 Coleta do material biológico ..................................................................................... 22
4.8 Avaliação bioquímica e hormonais ........................................................................... 22
4.9 Análise estatística ..................................................................................................... 22
5 ARTIGOS PRODUZIDOS ............................................................................................... 24
6 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES ............................................................. 32
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 35
APÊNDICE ........................................................................................................................ 37
Apêndice 1 – Different methods of clearance for diagnosing zinc deficiency in
prepubertal children. ....................................................................................................... 37
Apêndice 2 – Zinc supplementations on growth and hormonal secretion of GH, IGF1 and
IGFBP3 in prepubertal children. ..................................................................................... 38
Apêndice 3 – Cognitive function of elementary school children improved by oral zinc
suplementation. .............................................................................................................. 39
Apêndice 4 – Association of PPAR-Gamma2 Polymorphism on Lipid Profile in
Berardinelli-Seip Syndrome. ........................................................................................... 40
xii
xii
Apêndice 5 – Influence of basal energy expenditure and body composition on bone
mineral density in postmenopausal women. ................................................................... 41
Apêndice 6 – Oral zinc supplementation may improve cognitive function in
schoolchildren. ................................................................................................................ 42
13
13
1 INTRODUÇÃO
A deficiência de zinco é uma questão de saúde pública em todo o mundo. E a
deficiência desse micronutriente pode causar retardo no crescimento de crianças e
adolescentes, hipogonadismo, danos oxidativos, alterações do sistema imune,
hipogeusia, danos neuropsicológicos e dermatites¹.
O zinco é um micronutriente que exerce funções estruturais, catalíticas e
regulatórias sobre diferentes proteínas no nosso organismo. Participa de processos
biológicos e fisiológicos importantes, como divisão celular, expressão gênica, crescimento
e desenvolvimento, morte celular, age como estabilizador de estruturas de membranas e
componentes celulares, além de participar da função imune e desenvolvimento cognitivo².
O zinco é cofator de processos enzimáticos, com efeito catalítico em mais de 300
metaloenzimas em diferentes seres vivos2,3. Além disso, é um componente estrutural de
diversas proteínas, hormônios e nucleotídeos4.
O crescimento ocorre através de processos de alta complexidade, tais como a
divisão celular, síntese de proteína, DNA e RNA4,5. Todos esses processos celulares são
zinco dependente, uma vez que esse micronutriente é cofator de inúmeras enzimas
diretamente ligadas à expressão gênica, como a RNA polimerase, transcriptase reversa e
fator de transcrição IIIA4.
Esse micronutriente tem uma estreita relação com o sistema endócrino, pois, atua
como cofator de enzimas envolvidas no crescimento celular, diferenciação celular e
metabolismo¹. Hormônios e fatores de crescimento induzem o crescimento e a
diferenciação de células eucarióticas por participarem das cascatas de sinalização
intracelular, sobretudo porque regula a mitose e a síntese de DNA6. A esse respeito, o
DNA polimerase, RNA polimerase e timidina quinase são enzimas importantes para a
síntese de ácidos nucleicos, síntese de proteínas e divisão celular7.
A principal influência sobre o crescimento somático é patrocinada pelo hormônio de
crescimento (GH) e pelo fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1)4. O zinco
interage com a síntese, secreção e ação do GH, IGF-1, desde o nascimento até o
fechamento das epífises ósseas, na adolescência5, atuando nos processos enzimáticos e
genômicos. Além disso, os íons de zinco formam um dímero com GH e esse fenômeno
pode ser é importante para o armazenamento, secreção e potencialização do GH8.
14
14
A família IGF inclui, dentre outros, os ligantes IGF-1 e IGF-2, seus receptores
(rIGF-1, rIGF-3), proteínas ligadoras (IGFBP1, IGFBP3), proteínas intracelulares
sinalizadoras associadas ao IGF-IR – membros da família do IRS (insulin-receptor
substrate), AKT, TOR (target of rapamicine) e a S6K (S6 kinase)9. A síntese de IGF e
IGFBP ocorre no fígado e o GH é principal estimulador da sua produção, a qual se eleva
no plasma em paralelo com crescimento pós-natal e puberal e declina depois do
fechamento das epífises ósseas, elevando-se novamente na velhice9.
O transporte das IGF para as células-alvo é feito pelo complexo com as IGFBP. A
IGFBP-3, por exemplo, é forma mais abundante na corrente sanguínea e é responsável
pela maior parte de ligação à IGF-110.
A mensuração plasmática de GH é fundamental para o diagnóstico e tratamento de
várias formas de sua secreção inadequada. As principais manifestações clínicas relativas
à hiposecreção estão relacionadas ao nanismo e outras formas de baixa estatura. Já a
hipersecreção está associada com gigantismo e acromegalia. Há diversos fatores que
influenciam a secreção de GH: sono, exercício físico, estresse, hipoglicemia, estrógenos,
corticosteroides, L-dopa e outros11.
A dosagem de IGF-1 é também relevante, sobretudo porque é um indicador da
secreção de GH e de alterações do estado nutricional12. A IGFBP-3 é usada como auxiliar
no estudo das alterações de crescimento, pois é dependente da ação do GH e útil na
avaliação de sua secreção13.
O zinco tem a propriedade de interagir em praticamente todos os passos do
crescimento ósseo, pois tem ação direta e indireta sobre o eixo-hipotálamo-hipófise-
fígado-osso, verificada tanto em animais de experimentação como em humanos7 (Figura
1).
15
15
Figura 1. Ação do zinco sobre o crescimento ósseo longitudinal. Estimula a ação do
GHRH que por sua vez agirá sobre as células somatotróficas hipofisárias, as quais
sintetizarão e secretarão o GH. Esse hormônio irá atuar sobre os receptores hepáticos,
estimulando a síntese de IGF-1. Sua ação biológica se dará, sobretudo, nos condrócitos
das epífises ósseas, responsáveis pelo crescimento longitudinal ósseo. Esse crescimento
sofre ainda a influência de outros hormônios, tais como, do estradiol ao paratormônio
(PTH). Observa-se que o zinco age em todos os níveis dos mecanismos responsáveis
pelo crescimento ósseo.
O crescimento linear está diretamente ligado ao estado nutricional de uma criança
ou adolescente. Por exemplo, a restrição de energia e proteína reduz as concentrações
plasmáticas de IGF-1 e IGFBP-3. Por conseguinte, a deficiência de zinco afeta,
sobremaneira, o eixo hipotálamo-hipófise-fígado-osso5. Ainda, a restrição de nutrientes
afeta a sinalização do receptor de GH (rGH), o que provoca elevação dos níveis
plasmáticos de GH, resultado da resistência hormonal. Reduz também a síntese de IGF-1
e de sua proteína de ligação, IGFBP-314.
Há poucos trabalhos na literatura que reportam a suplementação de zinco como
fator de elevação positiva do crescimento linear em crianças pré-púberes15,16.
HIPÓFISE
FÍGADO
OSSO
GH
IGF-1
Condroblastos Osteoblastos Fibroblastos
Estradiol Testosterona Insulina Vitamina D3 T3 PTH
[--]
[--]
[-]
Zn++
Zn++
Zn++
Zn++
Zn++ +
+
+
+
+
+
HIPOTÁLAMO
GHRH [+]
SOMATOSTATINA [--]
Calcitonina Fosfatase Alcalina
16
16
Diante do exposto, este estudo examinou os efeitos biológicos da suplementação
de zinco sobre o crescimento e secreção de GH, IGF-1 e IGFBP-3, em crianças
eutróficas, antes e após sua suplementação.
17
17
2 JUSTIFICATIVA
O zinco é um micronutriente de importância vital para os organismos vivos,
principalmente os seres humanos. Interage positivamente com vários sistemas orgânicos
e é apontado como essencial para o crescimento e desenvolvimento. A sua deficiência
nem sempre é detectada pelos métodos laboratoriais de rotina, o que representa uma
ameaça à integridade da saúde humana. Nesse sentido, o presente estudo verificou os
seus efeitos sobre o crescimento linear de crianças entre 6 e 9 anos de idade, antes e
após sua administração oral, em doses fisiológicas (5 mg Zn/dia). Até o momento, não foi
encontrado nenhum desenho metodológico similar publicado, o que significa originalidade
e relevância do estudo.
18
18
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Examinar os efeitos biológicos da suplementação com zinco sobre crescimento e
na secreção do GH, IGF-1 e IGFBP-3 em crianças eutróficas.
3.2 Objetivos específicos
Avaliar as crianças com indicador antropométrico IMC para idade;
Avaliar a ingestão de energia, macronutrientes, fibras, cálcio, ferro e zinco;
Avaliar o efeito da suplementação oral de zinco sobre a secreção hormonal de GH,
IGF-1, IGFBP-3;
Avaliar o efeito da administração intravenosa de zinco sobre a secreção hormonal
de GH, IGF-1, IGFBP-3;
Correlacionar os dados do zinco sérico com os de GH, IGF-1 e IGFBP-3.
19
19
4 MÉTODOS
4.1 Caracterização dos pacientes
Foram estudadas 30 crianças de ambos os sexos, pré-púberes, faixa etária entre 6 e 9
anos, proveniente das Escolas Municipais Laura Maia, Henrique Castriciano e Ferreira
Itajubá, localizadas na região sul e oeste da Cidade de Natal/RN, Brasil. Foi usada uma
amostra não probabilística de conveniência de um universo de 45 crianças de ambos os
sexos. Devido perdas de amostras sanguíneas, 15 crianças foram excluídas do estudo.
Esse projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HUOL da UFRN (protocolo
nº 005/06) e os pais ou responsáveis pelas crianças assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
4.2 Critérios de seleção
Os critérios de inclusão foram: crianças eutróficas, considerando os parâmetros
antropométricos, com idade entre 6 e 9 anos, aparentemente saudáveis, de acordo com a
avaliação médica e laboratorial e estar no estágio I de Tanner17,18, para crescimento
genital, mama e pelos pubianos. Os critérios de exclusão foram o início de pubarca,
telarca ou menarca, doenças agudas, crônicas, infecciosas ou inflamatórias, cirurgia de
qualquer natureza, uso de algum suplemento vitamínico-mineral.
4.3 Grupo de estudo
Todos as crianças foram suplementados oralmente com zinco (OZnS) por 3 meses.
A administração venosa de zinco foi realizada antes e depois da suplementação oral. A
Figura 2 descreve o desenho do estudo.
20
20
Figura 2. Desenho do estudo.
4.3 Avaliação antropométrica
O peso corporal (kg) e a altura (cm) foram aferidos utilizando-se uma balança
eletrônica (Balmak, BK50F, São Paulo, Brasil) e um estadiômetro (Estadiômetro
Professional Sanny, American Medical do Brasil, São Paulo, Brasil), respectivamente.
Para aferição do peso, a criança permaneceu em pé sobre a balança vestindo roupas
leves e sem calçados. Para aferição da altura, a criança permaneceu em pé, sem
calçados, com os calcanhares juntos e o corpo o mais reto possível. Os calcanhares,
glúteo, ombros e cabeça tocaram a parede ou superfície vertical do equipamento de
medida. Os procedimentos foram realizadas pelo mesmo observador19.
A análise do estado nutricional foi baseada no indicador antropométrico índice de
massa corporal (IMC) para idade. O diagnóstico nutricional foi fundamentado com base
nas novas curvas de crescimento publicada pela Organização Mundial de Saúde, que
reconstruiu a referência de crescimento recomendada pela National Center for Health
Statistics , para as crianças dos 5 aos 19 anos20. Para a realização dos cálculos foi usado
o programa WHO AnthoPlus v1.0.4 (WHO, Geneva, Switzerland), disponível em
www.who.int/growthref/en/.
4.4 Avaliação dietética
21
21
A avaliação dietética foi realizada mediante o registro alimentar de 3 dias
estimados, sendo dois dias do meio da semana e um do final de semana. O responsável
pela criança foi orientado como realizar adequadamente a técnica do registro alimentar,
anotando o horário de cada refeição e todos os alimentos consumidos com as suas
respectivas medidas caseiras. O cálculo de energia, macronutrientes, fibras, cálcio, ferro e
zinco dos cardápios consumidos foram realizados por intermédio do software Nut Win
versão 1.5 (Departamento de Informática em Saúde da UNIFESP, São Paulo, SP,
Brasil)21, adaptado para os alimentos consumidos de acordo com as tabelas de
composição disponíveis e/ou rótulos do fabricante. Adicionalmente, as recomendações
nutricionais para sexo e idades foram baseadas na FAO/WHO/UNU Expert Consultation,
200122.
4.5 Suplementação oral de zinco
As crianças foram suplementadas com 5 mg do elemento zinco/dia, na forma de
sulfato de zinco heptahidratado (ZnSO4.7H2O, Merck, (Darmstadt, Germany). Essa
fórmula apresentou boa solubilidade sem modificar as características sensoriais dos
alimentos e sem provocar quaisquer efeitos adversos. O xarope foi preparado no
Laboratório de Farmacotécnica do Departamento de Farmácia, UFRN. Cada gota contém
1mg do elemento zinco. Cinco gotas do xarope foram adicionadas ao leite ou suco toda
manhã, durante o desjejum. A sua ingestão foi controlada a cada 2 semanas pelo mesmo
observador 19. Cada frasco de solução de zinco era entregue por vez.
4.6 Administração venosa de zinco
O teste venoso foi iniciado às 7 horas da manhã, depois de 12 horas de jejum, e
finalizado às 10 horas da manhã, com a criança mantida em decúbito dorsal. Uma veia
antecubital foi puncionada e a infusão de soro fisiológico – livre de zinco – foi mantida até
o final do teste. A primeira urina foi descartada e o tempo foi cronologicamente marcado
até a coleta da segunda amostra urinária, ao final do teste. Antes da injeção de zinco, foi
coletada uma amostra sanguínea basal. Em seguida, foi administrado, intravenosamente,
0.06537 mg Zn/kg de peso corporal (1 µmol ZnSO4.7H2O), e nomeado como tempo 0 min.
22
22
Em seguida, foram coletadas, em seringas de plástico polipropileno, amostras de sangue
aos 30, 60, 90 e 120 minutos após a infusão de zinco. O volume sanguíneo foi de 5 mL
por amostra coletada. Depois de 60 minutos, cada criança ingeriu 4 mL de água ultra
pura/kg de peso corporal (Milli-Q Plus Millipore, Billerica, MA, USA) para facilitar a coleta
de urina ao final do teste19. Cada ampola continha 5 mL = 40 μ mol ZnSO4.7H2O, as quais
foram preparadas na InjectCenter – Manipulação de Injetáveis, Ribeirão Preto, São Paulo,
SP, Brazil.
4.7 Coleta do material biológico
Todas as amostras foram coletadas em tubos livres de metal (BD Vacutainer; BD,
Franklin Lakes, NJ, USA), e os processos relacionados ao manuseio das amostras de
zinco foram realizados de acordo com normas internacionais23.
4.8 Avaliação bioquímica e hormonais
Os hormônios foram dosados pelo método de quimioluminescência (IMMULITE®
1000, Immunoassay System, Siemens, USA); o hematológico foi realizado pelo auto-
analisador (Horiba ABX Diagnostics, Micros 60, Montpellier, France); creatinina, proteínas
totais e frações, foram analisadas pelo auto-analisador (Dade Behring, Dimension AR,
Ilinois, USA). O zinco sérico foi determinado pelo método de espectrofotometria de
absorção atômica (SpectrAA-200, Varian, Victoria, Australia). O aparelho foi previamente
calibrado, após estabelecimento de uma curva de linearidade (r² > 0.999) a partir de
concentrações crescentes de solução-padrão (0.0 – 1.0 mg/L ou ppm) versus
absorbância. A solução-padrão de zinco (1000 mg/dL) foi obtida por diluição de titrisol zinc
standard (Merck, Darmstadt, Germany) em água ultra pura. A sensibilidade foi de 0,01
µg/mL, o coeficiente de variação, intra-ensaio foi de 2,37%, e os valores de referências
foram 70 – 110 µg/dL24.
4.9 Análise estatística
23
23
A análise estatística foi realizada usando o teste de Shapiro–Wilk para verificar a
distribuição amostral; o teste t de Student para dados pareados, para comparar as médias
das variáveis de ingestão alimentar, antropometria, hormônios e zinco sérico, antes e
depois da suplementação oral de zinco; a área sob a curva (AUC), para comparar as
áreas de zinco sérico e dos hormônios durante a administração venosa de zinco e a
correlação de Person, para correlacionar os dados de zinco sérico versus dados
hormonais. P<0,05 foi considerado significativo. Os resultados foram apresentados como
média ± EPM, os quais foram analisados no programa GraphPad Prism v.5.04 (GraphPad
Prism software, San Diego, CA, EUA).
24
24
5 ARTIGOS PRODUZIDOS
Título: Positive effects of zinc supplementation on growth, GH, IGF1, and IGFBP3 in
eutrophic children
Periódico: Journal of Pediatric Endocrinology and Metabolism
Fator de impacto: 1.026
Qualis: B2 da CAPES para área Medicina II
25
25
26
26
27
27
28
28
29
29
30
30
31
31
32
32
6 COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONCLUSÕES
O projeto inicial tinha como objetivo observar os efeitos biológicos do zinco no
crescimento e secreção do GH, IGF-1 e IGFBP-3 em crianças eutróficas, foi desenvolvido
a contento não necessitando de alterações na metodologia. Os resultados satisfatórios da
execução deste projeto são creditados à experiência do nosso grupo diante de estudos
anteriores envolvendo o zinco e a saúde de crianças e adultos.
Trata-se de um estudo com um desenho metodológico inédito não havendo
referências anteriores na literatura científica do emprego desta metodologia, que contou
com a participação de vários acadêmicos, por exemplo, nutricionistas, médicos,
farmacêuticos e estatista. Esta multidisciplinaridade foi muito importante para o
desenvolvimento do estudo.
Os resultados gerados proporcionaram novas informações para compreender o
papel do zinco no crescimento de crianças, e sua publicação é importante para a
comunidade científica.
Durante a realização do mestrado pude participar de dois projetos de doutorado e
com estes, tive a oportunidade de aprender técnicas laboratoriais e vivenciar o ambiente
de pesquisa, experiências importantes para a consolidação desta etapa acadêmica. Além
disso, nesse período, nosso grupo realizava reuniões científicas semanais discutindo
reflexiva e criticamente artigos científicos, as quais me proporcionaram estudo contínuo e
atualizado de assuntos pesquisados pelo grupo.
Entendendo que a divulgação científica é parte inerente à pesquisa, participei dos
seguintes eventos com apresentação de resultados de estudos desenvolvidos no
Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde:
Vale SHL; Dantas MMG, Alves CX, Brito NJN, Leite LD, Brandão-Neto J. Different
methods of clearance for diagnosing zinc deficiency in prepubertal children. In:
International Conference on Growth and Nutrition, 2012, Paris. (Apêndice 1)
Alves CX, Vale SHL, Brito NJN, Dantas MMG, Maia AA, Leite LD, Brandão-Neto
J. Zinc supplementations on growth and hormonal secretion of GH, IGF1 and
33
33
IGFBP3 in prepubertal children. In: International Conference on Growth and
Nutrition, 2012, Paris. (Apêndice 2)
Moura JE, Dantas MMG, Alves CX, Vale SHL, Araújo DM, Leite LD, Brandão-Neto
J. Cognitive function of elementary school children improved by oral zinc
suplementation. In: Conference on Growth and Nutrition, 2012, Paris. (Apêndice 3)
Baracho MFP, Leite LD, Vale SHL, Alves CX, Santos MGN, Farjado CM, Hirata
MH, Brandão-Neto J. Association of PPAR-Gamma2 Polymorphism on Lipid
Profile in Berardinelli-Seip Syndrom. In: 6th Congress of the International Society
of Nutrigenetics / Nutrigenomics, 2012, São Paulo. (Apêndice 4)
Some-se a estes a publicação de um artigo em periódico de circulação
internacional categorizadas no Qualis B da CAPES:
Quirino MAB, Modesto-Filho J, Vale SHL, Alves CX, Leite LD, Brandão-Neto,
José. Influence of basal energy expenditure and body composition on bone
mineral density in postmenopausal women. International Journal of General
Medicine, 2012:5 909-915. (Apêndice 5)
Atualmente encontra-se em fase de resposta aos revisores um artigo submetido ao
periódico Biological Trace Element Research (Apêndice 6). Outro artigo, com objetivo
disponibilizar novos valores de referência de zinco para crianças entre 6 e 9 anos de
idade, está sendo escrito e será submetido para publicação brevemente.
Com a minha inserção no grupo de pesquisa, foi possível conhecer e participar
como nutricionista voluntária do Ambulatório Multidisciplinar de Esclerose Lateral
Amiotrófica do Hospital Universitário Onofre Lopes (ELA/HUOL). Nele colaboro com o
projeto de extensão: “Ambulatório multidisciplinar para atendimento de portadores de
DNM/ELA”, que tem a participação de professores e alunos da UFRN, além de
profissionais de outras áreas da saúde. Adicionalmente, tive a oportunidade de participar
de uma banca de Trabalho de Conclusão de Curso, cuja monografia referia-se a
pacientes portadores de ELA.
34
34
Além disso, durante o último semestre do mestrado fui aprovada no concurso para
professora substituta na área de Nutrição Clínica da UFRN.
A participação em um grupo de pesquisa multidisciplinar e minha inserção no
Programa de Pós-graduação em Saúde que também possui esta pluralidade de saberes,
me instiga a dar continuidade aos estudos iniciados e aprofundar os conhecimentos em
micronutrientes e nutrigenômica, vislumbrando a continuidade de uma carreira
acadêmica, valorizando uniformemente as ações de pesquisa, o ensino e a extensão.
35
35
REFERÊNCIAS
1. Prassad AS. Impact of the discovery of human zinc deficiency on health. J Am Coll
Nutr 2009;28:257-65.
2. Mafra D, Cozzolino SMF. The importance of zinc in human nutrition. Rev Nutr 2004;
17: 79-87.
3. Person OC, Botti AS, Feres MCLC. Clinical repercussions of zinc deficiency in human
beings. Arq Med ABC 2006;31:46-52
4. MacDonald RS. The role of zinc in growth and cell proliferation. J Nutr 2000; 130
(Suppl 1):1500-1508.
5. Rivera JA, Hotz C, González-Cossío T, Neufeld L, García-Guerra A. The effect of
micronutrient deficiencies on child growth: a review of results from community-based
supplementation trials. J Nutr 2003;133:4010-4020.
6. Beyersmann D, Haase H. Functions of zinc in signaling, proliferation and
differentiation of mammalian cells. BioMetals 2001;14:331–341.
7. Prasad AS. Zinc deficiency in women, infants and children. J Am Coll Nutr
1996;15:113-20.
8. Cunningham BC, Mulkerrin MG, Wells JA. Dimerization of human growth hormone by
zinc. Science 1991;253:545-8.
9. Martinelli CE Jr, Custódio RJ, Aguiar-Oliveira MH. Fisiologia do Eixo GH-Sistema
IGF. Arq Bras Endrocrinol Metab 2008;52:717-725.
10. Spinola AM, Guerra-Júnior CG. GH/IGF-1 and cancer: what’s new in this association.
Arq Bras Endocrinol Metab 2005;49:833-842.
11. IMMULITE 1000 systems for hGH.
12. IMMULITE 1000 systems for IGF-1.
13. IMMULITE 1000 systems for IGFBP-3.
36
36
14. Díaz-Gómez NM, Doménech E, Barroso F, Castells S, Cortabarria C, Jiménez A. The
effect of zinc supplementation on linear growth, body composition, and growth factors
in preterm infants. Pediatr 2003;111:1002-1009.
15. Brown KH, Peerson JM, Rivera J, Allen LH. Effect of supplemental zinc on the growth
and serum zinc concentrations of prepubertal children: a meta-analysis of
randomized controlled trials. Am J Clin Nutr 2002;75:1062–1071.
16. Martorell R. Benefits of zinc supplementation for child growth. Am J Clin Nutr
2002;75:957–958.
17. Marshall WA, Tanner JM. Variations in pattern of pubertal changes in girls. Arch Dis
Child 1969;44:291–303.
18. Marshall WA, Tanner JM. Variations in the pattern of pubertal changes in boys. Arch
Dis Child 1970;45:13–23.
19. Leite LD, Rocha ED, Almeida MG, Resende AA, Silva CA, et al. Sensitivity of zinc
kinetics and nutritional assenssment of children submitted to venous zinc tolerance
test. J Am Coll Nutr 2009;28:405–12.
20. Onis M, Onyango AW, Borghi E, Siyam A, Nishida C, et al. Development of a WHO
growth reference for school-aged children and adolescents. Bull Word Health Organ
2007;85:660–7.
21. Programa de Apoio à Nutrição – NutWin. Versão: 1.5. São Paulo: Departamento de
Informática em Saúde – SPDM – Unifesp/EPM, 2002. 1 CD-ROM. Programa de
computador.
22. Human energy requeriments: report of a Joint FAO/WHO/UNU Expert Consultation.
Rome, Italy, 17-24 October 2001.
23. Hess SY, Peerson JM, King JC, Brown KH. Use of serum zinc concentration as an
indicator of population zinc status. Food Nutr Bull 2007;28(Suppl 3):S403 – 29.
24. Gibson RS, Hess SY, Hotz C, Brown KH. Indicators of zinc status at the population
level: a review of the evidence. Br J Nutr 2008;99(Suppl 3):S14–S23.
37
37
APÊNDICE
Apêndice 1 - Different methods of clearance for diagnosing zinc deficiency in prepubertal
children.
38
38
Apêndice 2 - Zinc supplementations on growth and hormonal secretion of GH, IGF1 and
IGFBP3 in prepubertal children.
39
39
Apêndice 3 - Cognitive function of elementary school children improved by oral zinc
suplementation.
40
40
Apêndice 4 - Association of PPAR-Gamma2 Polymorphism on Lipid Profile in Berardinelli-
Seip Syndrome.
41
41
Apêndice 5 - Influence of basal energy expenditure and body composition on bone mineral
density in postmenopausal women.
42
42
Apêndice 6 – Oral zinc supplementation may improve cognitive function in schoolchildren.