ministÉrio da educaÇÃo universidade federal de mato … · social e de meio ambiente. segundo o...
TRANSCRIPT
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOUNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS
CAMPUS DO PANTANAL
ARTHUR EMMANUEL DE MEDEIROS NÓBREGA
CANAL TAMENGO-RÍO EL PIMIENTO EM BRASIL-BOLÍVIA: UM ESTUDO DE ANÁLISE VISUAL EM MAPAS COM GEOTECNOLOGIAS ACESSÍVEIS
CORUMBÁ – MS 2018
ARTHUR EMMANUEL DE MEDEIROS NÓBREGA
CANAL TAMENGO-RÍO EL PIMIENTO EM BRASIL-BOLÍVIA: UM ESTUDO DE ANÁLISE VISUAL EM MAPAS COM GEOTECNOLOGIAS ACESSÍVEIS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação doMestrado em Estudos Fronteiriços da Universidade Federal deMato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, como requisitoparcial para obtenção do título de Mestre.
Linha de pesquisa: Desenvolvimento, ordenamento territorial emeio ambiente
Orientadora: Doutora Beatriz Lima de Paula Silva
CORUMBÁ – MS 2018
ARTHUR EMMANUEL DE MEDEIROS NÓBREGA
CANAL TAMENGO-RÍO EL PIMIENTO EM BRASIL-BOLÍVIA: UM ESTUDO DE ANÁLISE VISUAL EM MAPAS COM GEOTECNOLOGIAS ACESSÍVEIS
Resultado: Aprovado
Corumbá, MS, 4 de junho de 2018
BANCA EXAMINADORA
________________________ Orientadora
Doutora Beatriz Lima de Paula Silva(Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)
________________________ 1ª Avaliadora
Pós-Doutora Ana Paula Correia de Araujo(Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)
________________________ 2ª Avaliadora
Doutora Lucí Helena Zanata(Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)
A todos que contribuem para uma vida melhor
refletindo em suas ideias e ações o cuidado com a
cultura, a tecnologia e o meio ambiente na fronteira.
RESUMO
A análise visual empreendida representa um estudo sobre a caracterização de uma área fronteiriçaconhecida pelo lado brasileiro como canal Tamengo e da parte boliviana como río El Pimiento.Concentrados do Brasil no Centro-Oeste e na região de Los Llanos Orientales da Bolívia, os locaisestudados se demarcam no Pantanal dos dois países onde, principalmente, a condição portuária deescoamento fluvial justifica a ocupação de cidades. Da Bolívia, as cidades de Puerto Quijarro ePuerto Suárez; e do Brasil, Corumbá e Ladário têm envolvimento e recebem contribuição dosistema canal Tamengo-río El Pimiento. Nessa via da Bacia do Prata, o primeiro estímulo deconstrução das fronteiras colonialistas estava na possibilidade de transportar metais preciosos e,atualmente, na necessidade de escoar a soja da Bolívia e da produção mineral dos dois países pelarede fluvial. Como abordado pelo caráter interdisciplinar, o recurso aos conhecimentos históricosbibliográficos conectados às tecnologias geográficas baseadas em WEB (rede de hiperligações) vêmdescrever desde a colonização a relação do fundamento para os limites fluviais além do Tratado deTordesilhas - os territórios hispânicos na América do Sul antes divididos por uma linha verticalpassam a se curvar a partir de uma confrontação de limite de rios - que atualmente com usos derecursos de Internet se busca apreender. Especificamente, no estudo da ligação dos corpos de águada Bolívia e Brasil entre canal Tamengo e río El Pimiento, explorando os dados de Geotecnologiade relevo fornecidos pelo site Topographic-Maps, foi possibilitada uma maior compreensão daestruturação em análise visual do sistema fluvial.
Palavras-chave: Brasil, Bolívia, fronteira, Geotecnologias, canal Tamengo, río El Pimiento.
RESUMEN
El análisis visual emprendida representa un estudio sobre la caracterización de un área fronterizaconocida por el lado brasileño como canal Tamengo y de la parte boliviana como río El Pimiento.Concentrados de Brasil en el Centro-Oeste y en la región de Los Llanos Orientales de Bolivia, loslocales estudiados se demarcan en el Pantanal de los dos países donde, principalmente, la condiciónportuaria de flujo fluvial justifica la ocupación de ciudades. De Bolivia, las ciudades de PuertoQuijarro y Puerto Suárez; y de Brasil, Corumbá y Ladário tienen participación y recibencontribución del sistema canal Tamengo-río El Pimiento. En esa vía de la Cuenca del Plata, elprimer estímulo de construcción de las fronteras colonialistas estaba en la posibilidad de transportarmetales preciosos y, actualmente, en la necesidad de escurrir la soja de Bolivia y de la producciónmineral de los dos países por la red fluvial. Como abordado por el carácter interdisciplinario, elrecurso a los conocimientos históricos bibliográficos conectados a las tecnologías geográficasbasadas en WEB (red de hiperligaciones) vienen a describir desde la colonización la relación delfundamento hacia los límites fluviales más allá del Tratado de Tordesillas - los territorios hispanosen América del Sur antes divididos por una línea vertical pasan a doblarse a partir de unaconfrontación de límite de ríos - que actualmente con usos de recursos de Internet se buscaaprehender. Específicamente, en el estudio de la conexión de los cuerpos de agua de Bolivia yBrasil entre el canal Tamengo y el río El Pimiento explorando los datos de Geotecnología de relieveproporcionados por el sitio Topographic-Maps, se posibilitó una mayor comprensión de laestructuración en el análisis visual del sistema fluvial.
Palabras clave: Brasil, Bolivia, frontera, Geotecnologías, canal Tamengo, río El Pimiento.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Croqui sem escala do canal Tamengo-río El Pimento e o rio Paraguai entre Brasil e Bolívia no entorno dos centros das cidades da província de Germán Busch e do estado do Mato Grosso do Sul.....................................................................................................................................10Figura 2: Mapa sem escala da América do Sul em 1759 pela Corte de Espanha...............................16Figura 3: Sobreposição entre o Mapa das Cortes antigo da América do Sul e o mapeamento digital atualizado............................................................................................................................................17Figura 4: Rotas de escoamento legal e de contrabando da prata de Potosi de possessão espanhola sobre a América do Sul.......................................................................................................................19Figura 5: Arcos e Sub-Regiões da Faixa de Fronteira do Brasil........................................................23Figura 6: Mapa de recursos hídricos do Brasil com os principais rios delimitadores do Arco Central de fronteira..........................................................................................................................................25Figura 7: Diagrama de fluxos de análise visual do livro Illuminating the path..................................28Figura 8: Ligação da Bacia Amazônica com a Bacia do Prata...........................................................32Figura 9: Localização de Puerto Quijarro e de Corumbá no Arco Central.........................................33Figura 10: Esboço do Leme do Prado de 1776 para ocupação de Albuquerque às margens do rio Paraguai..............................................................................................................................................35Figura 11: Detalhe do rio de Tamengos e ribeirão do esboço anterior...............................................36Figura 12: Rota de pedestres entre Ladário e Tamengos em Portugal...............................................37Figura 13: Mapa da Bolívia dividida politicamente em departamentos.............................................40Figura 14: Mapa da província de Germán Busch destacada do departamento de Santa Cruz...........41Figura 15: Detalhe da província de Germán Busch do mapa anterior................................................42Figura 16: Croqui sem escala entre Bolívia e Brasil na área do canal Tamengo destacando o Gravetal para Arroyo Concepción......................................................................................................44Figura 17: Mapa do Parque Nacional y ANMI Otuquis em Santa Cruz da Bolívia...........................48Figura 18: Demarcação do Bloque Río El Pimiento do Parque Nacional y ANMI Otuquis..............49Figura 19: Mapa das Unidades de Conservação e áreas indígenas no entorno de Corumbá do lado brasileiro.............................................................................................................................................50Figura 20: Geopark Bodoquena-Pantanal..........................................................................................51Figura 21: Mapa de situação do Eco Parque Cacimba da Saúde em relação à tomada de água de Corumbá.............................................................................................................................................52Figura 22: Mapa topográfico para o descritor río El Pimiento...........................................................53Figura 23: Dados complementares do mapa anterior.........................................................................54Figura 24: Mapa puro de relevo com escalas hipsométrica e planimétrica gráfica do descritor río El Pimiento..............................................................................................................................................55Figura 25: Arquivos salvos offline de única página do descritor río El Pimiento..............................56Figura 26: Mostra do site de fronteiras úmidas..................................................................................57
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
3D - Tridimensional
3D GIS - Tridimensional Geographic Information Systems
ASTER - Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer
ANMI - Área Natural de Manejo Integrado
CAIC - Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEP - Código de Endereçamento Postal
DEM - Digital Elevation Model
FONPLATA - Fondo Financiero de Desarrollo de la Cuenca del Plata
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
INE - Instituto Nacional de Estadística
MDE - Modelo Digital de Elevação
PDF - Portable Document Format
PARNA - Parque Nacional
PN - Parque Nacional
SIG 3D - Sistemas de Informação Geográfica
SRTM3 - Shuttle Radar Topography Mission Global Coverage (~90m)
SRTM30 - Shuttle Radar Topography Mission Global Coverage (~900m)
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................91.1 Método e etapas de pesquisa....................................................................................................10
2 FRONTEIRAS DE FRENTES GEO-HISTÓRICAS......................................................................122.2 Territórios sul-americanos além do Tratado de Tordesilhas....................................................142.2 Fronteira de frontio territorial..................................................................................................20
3 FRONTEIRA CONTINENTAL DO BRASIL................................................................................223.1 Arco Central da fronteira continental brasileira.......................................................................233.2 As regiões hidrográficas brasileiras.........................................................................................24
4 GEOTECNOLOGIAS PARA ESTUDOS DO TERRENO.............................................................264.1 Análise visual...........................................................................................................................264.2 SIG 3D.....................................................................................................................................284.3 Obtenção de dados cartográficos da Internet...........................................................................294.4 Utilização específica de WEB GIS com o Google e a fronteira fluvial...................................324.5 Canal Tamengo sob a linha de fronteira do Arco Central........................................................334.6 Formação de núcleos portuários em canal Tamengo...............................................................334.7 Dos corpos de água à vocação viária multimodal à margem direita do canal Tamengo.........424.8 Suporte a equipamentos urbanos, sociais e áreas ambientais..................................................474.9 Exploração do mapa topográfico do canal Tamengo-río El Pimiento.....................................52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................57REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................59
9
1 INTRODUÇÃO
Conceitualmente, Paixão (2006) destaca a fronteira como um front que pode ser de disputa
pela consolidação dos Estados, como um limite para as suas ações resguardadas nos próprios
valores. O mesmo autor reconhece, além de fronteiras oficiais, a construção de cenários separatistas
de fronts pela disputa do território inclusive por grupos paralelos.
Benedetti (2011) aponta as escalas de interestatal a local como necessárias para abordagens
das relações sociais estudadas na fronteira. Em síntese, aglutina-se o aspecto de multiplicidade de
escalas que vão desde a política de organização de controle das nações nas mobilidades com as
trocas contíguas entre os Estados, contrapondo-se ao puro atomismo, da fluidez das fronteiras de
contingências de grupos sociais menores.
A fronteira continental sobre a América do Sul ocorre em áreas de interesse para o aspecto
social e de meio ambiente. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2007), a presença humana em
áreas ambientais exige estudos de mapeamento para a interação e o desenvolvimento sócio-
ambiental.
Atualmente, o avanço tecnológico de ferramentas na área GIS, de Geographic Information
Systems, para o português SIG como Sistemas de Informação Geográfica, vem reconhecer métodos,
práticas e estratégias acessíveis e disponibilizadas gratuitamente que modelam dados utilizando
Internet, satélites e softwares que podem servir de auxílio a estudos avançados em Geotecnologias
incluindo as fronteiras.
O estudo de Cook e Thomas (2005) utilizando as Geotecnologias se inseriu em uma proposta
de pesquisa qualitativa e bibliográfica, baseada em análise visual.
O objetivo geral da pesquisa consiste em promover uma interpretação de análise visual em
área do canal Tamengo-río El Pimiento sobre um mapa digital, utilizando dados topográficos de
hipsometria, para poder estudar a ocupação histórica potencializada sobre a conformação
volumétrica do terreno, que se justifique na disposição territorial entre os países. Em objetivos
específicos, o trabalho visa introduzir a fronteira sobre a área úmida em uma discussão
interdisciplinar toponímica, histórica e territorial; fundamentar a importância do sensoriamento
remoto, uso da WEB GIS (Rede SIG) - como instrumento cartográfico acessível; e reproduzir um
estudo exploratório descritivo em uma perspectiva visual sobre os aspectos temáticos de ocupação
do canal Tamengo-río El Pimiento.
10
1.1 Método e etapas de pesquisa
No processo de pesquisa, descobriu-se, nas ocupações humanas compartilhando porção de
meio ambiente úmido do bioma Pantanal entre Brasil-Bolívia, um corpo de água denominado canal
Tamengo, que em seu eixo curvo ocidental passa a dividir a mesma linha de fronteira, faceando
front a front os domínios dos territórios nacionais nas cidades de Corumbá e de Puerto Quijarro,
entre o ponto do Tamarindeiro e o encontro de Arroio Conceição com o Puerto Gravetal; enquanto
o eixo oriental do canal, considerado a partir desse último marco portuário, alonga-se como
exclusivamente brasileiro até o rio Paraguai (fig. 1). Portanto, o canal Tamengo ocorre no limite
fronteiriço e fora dele, em sua maior parte em território brasileiro.
Fonte: Adaptada de Galeano, 2006
Figura 1: Croqui sem escala do canal Tamengo-río El Pimento e o rio Paraguai entre Brasil e
Bolívia no entorno dos centros das cidades da província de Germán Busch e do estado do
Mato Grosso do Sul
11
O ponto de encontro do canal Tamengo e Arroio Conceição, segundo busca em site
EarthExplorer (2017), fez-se nas coordenadas 190 00’ 38” S e 570 41’ 29” W, a partir desse
referencial, como descrito, o canal muda a forma de compartilhamento entre os países.
Arroio Conceição (Brasil) - Arroyo Concepción (Bolívia), um pequeno rio com ocupações
humanas em sua margem boliviana, que por possuir um trecho comum entre os países da parte mais
acima, concorre para a divisão da linha de fronteira, a se conectar com o canal a partir do sudoeste .
Da porção para o lado boliviano, Arroyo Concepción funciona como distrito de Puerto Quijarro.
Os bolivianos río El Pimiento e laguna Cáceres situam-se na área de Puerto Suárez.
A cidade brasileira de Ladário se posta diretamente no rio Paraguai, sendo que essa cidade
não alcança diretamente o eixo do canal, mas recebe suas águas.
Estimadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2017), a população de
Corumbá está divulgada em 109.899 pessoas em uma área de 64.962,854 km² e de Ladário, em
22.590 habitantes por 340,765 km². O Departamento de Santa Cruz (2017) publica dados em
19.088 pessoas (2011) para Puerto Quijarro de 1.430 km² e para Puerto Suárez, em 16.140
habitantes (2011) para 12.841 km². Sendo feita uma projeção de 23.196 pessoas em 2017 pelo
Instituto Nacional de Estadística, para essa última cidade, não sendo observada mudança
significativa para primeira.
Em especial, a busca em Rede SIG, que reproduz além de um plano visual as informações das
coordenadas geográficas de latitude e longitude, a indicação dos valores das altitudes mínima e
máxima de lugares da superfície do planeta que se prestam como dados para mapas de relevo a
serem coletados.
A proposta de ação do trabalho consiste em produção de site, fronteirasumidas.blogspot.com,
que visa descortinar a noção de fronteira continental úmida com o Brasil e enfatizar aspectos geo-
históricos que se superpõem com a demonstração da leitura empírica dos mapas do sistema canal
Tamengo-río El Pimiento, para justificar a noção inseparável dos dois termos “Tamengo” e
“Pimiento”, a despeito de suas distintas construções históricas.
Para atingir os objetivos da pesquisa, foram adotados os seguintes procedimentos
metodológicos:
a) Organismo, área e fontes
De início, foi estudada a bibliografia ligada à fronteira, à parte histórica de sua ocupação
para caracterização de área e a WEB GIS (Rede SIG) na busca orientada de dados do
12
Brasil e da Bolívia pelo canal Tamengo-río El Pimiento.
b) Procedimentos específicos
A pesquisa segue com a exploração especificada por Thomas e Cook (2005) de
mapeamento digital final de WEB GIS modelando dados pela análise visual, para poder
descrever características essenciais da distribuição territorial no perfil do terreno.
c) Forma de análise de dados
Foi realizado o procedimento de leitura de demarcação de áreas em seleção de canal de
cores (hipsometria) para descrever os condicionantes estudados e com base na
interpretação desses dados e, como sugere Serra (2006), serem observados e apontados
“elementos propositivos”.
Conhecimentos interdisciplinares entre Geografia e História são fundamentos essenciais para
empreender estudos territoriais em áreas de confluências de fronteiras. Como critério de ocupação
no território, os recursos hídricos servem de suporte de estabelecimento humano abrangendo
inclusive fronteiras. A dissertação busca realizar um procedimento de análise visual em um terreno
do canal Tamengo-río El Pimiento aplicando Geotecnologias acessíveis de avançados recursos
digitais.
2 FRONTEIRAS DE FRENTES GEO-HISTÓRICAS
Os territórios, delimitados por relações sociais e políticas, reportando-se a espaços de poder,
não podem ser considerados como entidades exclusivas, fixas e absolutas. Raffestin (1993) critica a
noção de Estado “Totalitário”:
Com efeito, a geografia política de Ratzel é uma geografia do Estado, pois veicula esubentende uma concepção totalitária, a de um Estado todo-poderoso. Involuntariamente,talvez, Ratzel fez a geografia do “Estado Totalitário”, o adjetivo sendo aqui tomado nosentido daquilo que abraça uma totalidade e não no sentido político atual (RAFFESTIN,1993, p. 16).
No entanto, para além de uma concepção totalitária, a multiplicidade de relações humanas
complexificam os jogos de poder sobre os territórios.
13
Podemos, então, sintetizar que o território é o produto de uma relação desigual de forças,envolvendo o domínio ou controle político-econômico do espaço e sua apropriaçãosimbólica, ora conjugados e mutuamente reforçados, ora desconectados econtraditoriamente articulados. Esta relação varia muito, por exemplo, conforme as classessociais, os grupos culturais e as escalas geográficas que estivermos analisando. Como nomundo contemporâneo vive-se economicamente uma multiplicidade de escalas, numasimultaneidade atroz de eventos, vivenciam-se também, ao mesmo tempo, múltiplosterritórios (HAESBAERT, 2002, p. 121).
Os enraizamentos de grupos humanos passam no sentido político atual a se reticularem de
forma mais dinâmica para os territórios.
Poderíamos afirmar, então, que as sociedades tradicionais eram mais territorializadas,enraizadas, e que a sociedade moderna foi se tornando cada vez mais “resificada” oureticulada, quer dizer, transformada através de fluxos cada vez mais dinâmicos, marcadospela velocidade crescente de deslocamentos, passando de um mundo “tradicional” maisintrovertido para um mundo “moderno” cada vez mais extrovertido e globalizado.(HAESBAERT, 2002, p. 122).2.1 Um conceito de território entre a apropriação ea dominação
No conceito de Haesbaert (2007), o território é considerado pela identificação da
“apropriação” de uma terra em um campo relacionado à “dominação”.
Desde a origem, o território nasce com uma dupla conotação, material e simbólica, poisetimologicamente aparece tão próximo de terra-territorium quanto de terreo-territor(terror, aterrorizar), ou seja, tem a ver com dominação (jurídico-política) da terra e com ainspiração do terror, do medo -especialmente para aqueles que, com esta dominação, ficamalijados da terra, ou no "territorium" são impedidos de entrar. Ao mesmo tempo, por outrolado, podemos dizer que, para aqueles que têm o privilégio de plenamente usufruí-lo, oterritório pode inspirar a identificação (positiva) e a efetiva "apropriação" (HAESBAERT,2007, p. 20).
Para o território, segundo esse autor, o sentido de apropriação, mais cultural, soma-se ao poder político, mais concreto, da dominação.
Território, assim, em qualquer acepção, tem a ver com poder, mas não apenas aotradicional "poder político". Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais explícito, dedominação, quanto ao poder no sentido mais implícito ou simbólico, de apropriação.Lefebvre distingue apropriação de dominação ("possessão", "propriedade"), o primeirosendo um processo muito mais simbólico, carregado das marcas do "vivido", do valor deuso, o segundo mais concreto, funcional e vinculado ao valor de troca (HAESBAERT,2007, p. 20-21).
As duas dimensões apropriação e dominação do território que implicam múltiplos valores nosplanos de vivência e de uso de troca.
14
2.2 Territórios sul-americanos além do Tratado de Tordesilhas
Historicamente, para a América do Sul, o acordo inicial do Tratado de Tordesilhas (1494),
entre as potências navegantes Portugal e Espanha, estipulou uma linha divisória abstrata vertical
norte-sul de limite para dominação, que não reconhecia barreiras naturais e estabelecia uma
fronteira além do seu Continente. A linha foi referenciada à época por ser de 370 léguas da Ilha de
Cabo Verde para o Oeste.
Mesmo havendo alguma diferença entre medidas de léguas portuguesas e espanholas, o
consenso firmado seria pela foz do rio Amazonas.
Por sua vez, o cálculo de alguns cartógrafos e a posição em que colocavam essa linha emseus mapas reflete um grande desconcerto: mapas de origem portuguesa, como o deCantino (1502) colocava o meridiano a 42º 30’, posição bastante desfavorável a Portugal emapas de origem e interesse castelhano, como o de Diogo Ribeiro (1529), português aserviço da Espanha, colocavam a linha em posição bastante inconveniente a esse país. Ajunta de especialistas que se reuniu em Badajós e Elvas (1524) para discutir a questãoapontou a longitude de 46º 30’, mas não estavam muito seguros desse resultado. Passadoum pouco de tempo, os mapas portugueses consolidam essa posição na foz do rioAmazonas, no que não foram contestados pelos espanhóis (CINTRA, 2012, p. 423).
A necessidade do poder remodela os domínios sobre os territórios.
Até a terceira centúria do século XVI, o Brasil ocupou lugar secundário nas preocupaçõesda Coroa Portuguesa; estas estavam, quase que exclusivamente, voltadas para o comérciocom o Oriente. No entanto, quando começaram a ser divulgadas, na Europa, asinformações acerca de grandes jazidas metálicas descobertas pelos espanhóis na América.Imediatamente a imaginação européia foi despertada pela consciência e cobiça e para overdadeiro valor dos territórios recém-descobertos, determinando esforços vigorosos porparte dos monarcas, no sentido de ocupar e defender a terra (ESSELIN; OLIVEIRA, 2010,p. 170).
O Tratado de Tordesilhas foi dissolvido com a União Ibérica, permitindo o avanço português
que buscava se aproximar das reservas metálicas que estavam no interior da América do Sul.
Com a União Ibérica, a monarquia ainda teve de exercer seu poder sobre o espaçoamericano do antigo império luso, tendo como regulador o chamado Acordo de Tomar,jurado por Felipe II em 1581, que garantia uma suposta autonomia da coroa portuguesa.Assim, na preservação das unidades dispersas pela vastidão – na espacialidade única doimpério -, oscilou o jogo da monarquia (VILARDAGA, 2010, p. 17).
O reinado de Felipe II, um dos maiores reis expansionistas da História com alcance do reino
da América a Filipinas – em homenagem ao seu nome, dominou Portugal na União Ibérica,
15
anexando o Brasil à Espanha consolidando com o Acordo de Tomar (1581).
Por meio desse tratado, para os grupos portugueses, estava permitido o uso sobre o território
de posse em terras sul-americanas que resultou no avanço da linha de fronteira marítima à linha de
fronteira continental limitada pelas bacias hidrográficas interiores fazendo abstrair a linha de
Tordesilhas.
Essa abertura para o avanço português sobre o território sul-americano foi a gênese que deu
lugar pós-União Ibérica, principalmente, ao Tratado de Lisboa (1681), ao Tratado de Utrech (1713)
e ao Tratado de Madri (1750).
Tratado de Lisboa (1681): A Espanha reconhece a Colônia de Sacramento (parte do atualUruguai) como território português. Após a criação da colônia em 1680 ocorreu umainvasão espanhola à Sacramento, mas também houve forte pressão inglesa sobre aEspanha. Em 1713 firmou-se o Tratado de Utrech, onde ocorreu a troca de terras entreFrança e Brasil no limite entre a Guiana Francesa e o Brasil. Nesse momento estabelece-seo Rio Oiapoque como fronteira norte do Brasil. Em 1715 formaliza-se o novo Tratado deUtrech, onde a Espanha reconhece posse portuguesa sobre a Colônia de Sacramento. Estetratado ocorre após dez anos de ocupação de Sacramento pelos castelhanos, entre 1704 e1714 (PONTES, 2016, p. 73-74).
No recorte espacial, após o fim da União Ibérica em 1640, a Colônia de Sacramento seria o
elemento “pontual”, como um enclave para a Espanha, a reverberar no território da América do Sul
(Tratado de Lisboa e novo Tratado de Utrech). Mas as sinalizações mais amplas de limites
permitem analogamente ser consideradas como demarcações “lineares” acordadas em exercícios de
poder (Tratado de Utrech e Tratado de Madri).
Ferreira (2007) apresenta em um mapa oficial espanhol (fig. 2) a relação entre os dois tratados
– Tordesilhas e Madri, com aumento expressivo do domínio do território português a oeste da
América do Sul.
O Tratado de Tordesilhas com as posses portuguesas em vermelho enquanto no Tratado de
Madri sendo ampliadas em vermelho e amarelo no mapa oficial.
Por fronteiras nos territórios concebidas com o capital envolvido na busca de metais, os
rearranjos dos domínios territoriais refazem-se aos fluxos políticos no embate de acessos de
Nações-Estados expressando fronteiras de além-mar como acertos internacionais para grupos
europeus na América do Sul.
16
Fonte: Ferreira, 2007
A progressão portuguesa para o oeste facultado de início pela União Ibérica permitiu, em
acordos posteriores, a defesa do princípio uti possidetis.
As invasões e ocupações territoriais, como as da Espanha na Colônia Sacramento (em
1680, 1705 e 1735), foram resolvidas mediante cláusulas em tratados que dispunham o
retorno da posse, tal como estava antes, tal como se possuía antes do conflito; ou seja,
Figura 2: Mapa sem escala da América do Sul em 1759 pela Corte de Espanha
17
reconheciam que a posse é um indício de direito. Admitia-se assim um novo princípio
regulador da posse da terra, o uti possidetis, que em sua tradução literal significa tal como
possuis: o direito respeita a posse, ou seja, a ocupação efetiva da terra. Foi esse princípio
que prevaleceu no Tratado de Madri (1750) (CINTRA, 2012, p. 427).
Cintra (2012) faz um estudo de mapeamento comparando o traçado e marcos de um mapa
oficial de 1749 com dados de mapa digital (fig. 3), onde se incluem o Tratado de Tordesilhas em
linha vermelha tracejada e o Tratado de Madri em linha vermelha cheia.
Fonte: Adaptada de Cintra, 2012
Figura 3: Sobreposição entre o Mapa das Cortes antigo da América do Sul e o
mapeamento digital atualizado
18
Quanto mais distantes da costa, mais agigantadas vão se tornando as distorções atingindo
vários graus. Os pontos verdes significam os locais digitalmente levantados e os fins das setas como
possibilitados com a tecnologia cartográfica da época.
Seria de se supor que a cartografia antiga seja mais fiel para a costa marítima que ao interior
pelo acesso de pessoal de navegação e instrumentos mais especializados. No entanto, a costa mais
ao norte apresenta desvios de localização acentuados.
Para o interior do mapa com grandes letras, a palavra “CHACO”, entre os termos Cuiabá e
Pantanal, rivaliza com o título principal “MAPA”, da legenda do canto inferior da direita. Trata-se de
uma grande área plana em maior proporção árida da América do Sul, mas úmida na faixa
margeando a Bacia do Prata, mas sendo de difícil ocupação e de fácil referência.
Do Chaco espanhol, abrangendo atualmente no território boliviano, haveria o centro da
exploração de prata: a cidade de Potosi. A área de influência do Chaco manteve-se de grande
relevância para os espanhóis porque assim configurava como o local estratégico para proteger a
saída da prata assim como a Colônia de Sacramento, de influência da foz da bacia. O Tratado de
Madri curva-se na parte oeste pela grande barreira fluvial do rio Paraguai e pelos limites longínquos
do Chaco.
O Tratado de Madri, alcançado à época como um dos méritos diplomáticos de Dom João V,
rei de Portugal de 1706 a 1750, demarcou a posse e garantiu a reinvidicação e exploração do ouro
que teria sido descoberto no Brasil desde a década de 1690.
No entanto, a administração do Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo,
secretário de Estado do reinado do período do sucessor e filho de Dom João V, Dom José I, entre
1750 e 1777, fez com que o Tratado de Madri não resistisse a mais uma conquista portuguesa no
período colonial em Mato Grosso.
Com o estadista português, as instalações de povoamentos e ocupações militares portuguesas
se fizeram iniciar e notar sobrepondo-se à margem ocidental espanhola do limite do rio Paraguai, de
forma não prevista, atritando com os espanhóis que não podiam utilizar o rio na porção mato-
grossense, ampliada ao revés do tratado.
Novos conflitos nesse local central surgiriam que sucederam em mais acordos como o Tratado
de Santo Ildefonso (1777) e o Tratado de Badajoz (1801), refazendo os domínios sobre os territórios
e vibrando as linhas de fronteira na Bacia do Prata.
O Tratado de Santo Ildefonso buscava aumentar a influência da Espanha na área da Bacia do
Prata, enquanto que, em seguida, o Tratado de Badajoz intentou oficializar as duas margens do rio
Paraguai para a fronteira portuguesa no território do Mato Grosso.
19
Inclusive, anterior a esses conflitos, no primeiro século da colonização, havia a disputa entre
os próprios espanhóis: um grupo liderado por Francisco Pizarro, conhecido como o conquistador do
Peru que teria submetido o Império Inca aos europeus, chegaria mais cedo à corrida da prata, tendo
a primazia da descoberta das minas de Potosi sobre os ocupantes da Bacia do Prata.
O grupo de Pizarro ainda estabeleceria o escoamento oficial da prata antes que o segundo,
tornando o nome dessa primeira bacia, como medida oficial, uma ficção histórica (fig. 4).
Fonte: Adaptada de Reyes, 2010.
A grande hidrovia portuguesa do Paraguai-Paraná, da Bacia do Prata, estava fora das rotas da
prata, somente havendo uma intersecção na foz dessa bacia, na rota do contrabando, pela Colônia
Figura 4: Rotas de escoamento legal e de contrabando da prata de Potosi de possessão
espanhola sobre a América do Sul
20
do Sacramento.
Mais disputas ainda aconteceram com os espanhóis próximos a Pizarro.
Os remanescentes incas tentaram uma reação, comandada por Marco Inca, mas foramderrotados, quando em 1572 o último reduto inca, localizado em Vilcabamba, foi derrotadopor forças espanholas. As disputas entre os próprios espanhóis eram tão violentas queDiego de Almagro foi assassinado em 1538, e Francisco Pizarro foi morto pelos seguidoresde Almagro, em 1542 (REYES, 2010, p. 24).
Mesmo que ocorra para as noções do Estado o papel de salvaguarda dos acessos oficiais em
linhas de fronteiras mapeadas, inclusive considerando corretamente traçadas pela tecnologia
disponível, como se deu no traçado do Mapa das Cortes, por outro lado, há áreas de dissolução em
um degradê de influências de conflitos históricos entre territórios que fazem desses limites de
fronteira objetos cartográficos “simbólicos” das coroas.
Ainda nas gradações das zonas de contato das fronteiras entre redes de fluxos de ação de
território a território representam as possibilidades comunicativas, de apropriações e de domínios,
mais complexas e sobrepostas nos aspectos material e simbólico sobre os territórios.
Se por um lado, segundo Raffestin (1993), as redes dos domínios dos Estados conformam-se
como construtoras do território; de outra vertente, além de aspectos culturais, influências sazonais
climáticas, coberturas de problemas de saúde, fatores ambientais e muitos fluxos têm suas próprias
marcas do valor de intensificação do vivido, de apropriação, pelos domínios humanos, além do fator
do Estado, sobrepondo-se de forma múltipla nas fronteiras.
2.2 Fronteira de frontio territorial
O termo “frontio” designa fronteira em latim. Fronteira no sentido de proeminente como
frente.
Paixão (2006) indica a construção de mecanismos opositores de fronts, pelo exercício de
ocupação incluindo grupos paralelos que se constituem no território, independentes do Estado.
A esse respeito, ao que parece, há situações em que o crime organizado chega a tal ponto deorganização espacial que sua territorialidade rompe quase completamente com o EstadoNação, uma vez que sua abrangência ignora a soberania e a territorialidade próprias aospaíses. Manifestam, outrossim, uma territorialidade onde o limite, e não a fronteira, é dadopelo front com outros grupos opositores e com o próprio Estado, através de seu mecanismode gestão e controle territorial (PAIXÃO, 2006, p. 49).
21
Para a discussão entre limites e fronteiras, Paixão (2006) tece sua contribuição:
[...] entende-se a fronteira como um processo de construção histórica que, na prática, podeser configurado como a faixa marginal de um território que pode apresentar característicasdiferenciadas das demais porções do território. Nessa perspectiva, o limite é abarcadomuitas vezes apenas como uma simbologia estática que, apesar de indispensável aosterritórios, nada mais é do que o componente linear e figurativo entre duas fronteiras(PAIXÃO, 2006, p. 51).
Para esse autor, as fronteiras não se desvinculam da noção de território, são de construção
histórica e possuem os limites como recursos referenciais. As fronteiras para Pesavento (2002)
funcionam simbolicamente nos territórios:
Sabemos todos que as fronteiras, antes de serem marcos físicos ou naturais, são sobretudosimbólicas. São marcos, sim, sobretudo de referência mental que guiam a percepção darealidade. Nesse sentido, são produtos dessa capacidade mágica de representar o mundo porum mundo paralelo de sinais por meio do qual os homens percebem e qualificam a sipróprios, ao corpo social, ao espaço e ao próprio tempo (PESAVENTO, 2002, p. 35).
Benedetti (2011) interessa-se em apontar as escalas interestatal, nacional e local como
importantes referenciais para os estudos fronteiriços.
Se as Nações-Estados estabelecem acordos binacionais pela escala interestatal, os grupos
humanos em áreas de fronteira convivem em escala local que se atomiza para indivíduos.
A escala nacional intermediária se torna mais simbólica e significativa quando o centro do
poder da Nação-Estado se constitui em uma área fronteiriça.
En la escala nacional, cada lado del espacio fronterizo mantiene relaciones con su centro ycon su sistema urbano nacional. En contados casos, el centro y la frontera coinciden, comoen el Paraguay, donde su capital, la ciudad de Asunción, se encuentra sobre el límiteinternacional. La mayoría de los lugares de frontera mantienen posiciones confinantes,distantes de la capital. En la medida que las sucesivas administracionesde los estadosprocuraron mantener una presencia continua en los lugares de frontera, esto requirió de lacreación de sistemas de transporte hacia esas zonas (BENEDETTI, 2011, p. 4).
Hibridismo, contradição e complexidade das fronteiras presumem o risco da ambivalência
entre grupos de ritmos históricos diferenciados, mas de fronts territoriais diversos, coexistindo em
domínios de territórios sobrepostos.
22
3 FRONTEIRA CONTINENTAL DO BRASIL
O Brasil, em sua colonização, por ter sido abordado pelos europeus predominantemente pela
costa marítima e ter concentrado a maior faixa de população nessa área, tem uma vocação atlântica
confirmada, mas que apresenta uma importante ocupação de fronteira terrestre que ocorre sobre
27% do território nacional como informa o Ministério da Integração (2005).
A permanência na faixa atlântica se justificava pela maior facilidade de comunicação com a
Europa e melhor suporte para as navegações marítimas. Fato que colaborava para o suporte
logístico entre a colônia e sua sede.
Mesmo as áreas interiores do país, que foram inicialmente exploradas, baseavam-se na
navegação fluvial para o transporte de grupos e suprimentos. A ocupação das fronteiras continentais
dependeu de vias navegáveis para ocorrer como nas bacias hidrográficas do Prata, Paraná e
Amazônica.
Atualmente a faixa de fronteira interior parte preliminarmente regulamentada a uma distância
de 150 km paralela à linha limite com outros países, de acordo com o descrito na lei 6.634 de 1979.
No entanto, o Ministério da Integração Nacional (2005) apoiado pelo Grupo Retis de pesquisadores
atuantes no Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reconhecem a
necessidade de faixa de fronteira em alguns locais superando os 150 km.
Para o Grupo Retis, quanto mais ao norte, mais larga a faixa de fronteira no mapa, que chega
a duplicar na fronteira amazônica e menor a densidade populacional observada.
A necessidade inicialmente de defesa nacional se justificou como critério para a lei 6.634 de
1979, de atendimento à fronteira, mas a crescente pressão antrópica, vulnerabilidade social e
ambiental motivam estudos para motivar ações governamentais de uma política pública.
Do ponto de vista ambiental brasileiro, o Novo Código Florestal, lei 12.651 de 2012, institui a
proteção especialmente na área de Amazônia Legal, das maiores áreas de faixa de fronteira. Para
imóveis rurais para essa área, a lei estabelece que 80% devem se constituir em Reserva Legal. Para
esse código, no Cerrado, são previstos 35% em Reserva Legal, enquanto noutros biomas em 20%.
A criação do instituto da Reserva Legal veio através da lei 4.771 de 1965.
A despeito da ausência de fundamentação teórica que recomendasse, a despeito da ausênciade qualquer estudo, fosse ou não científico, de cunho econômico ou de viés ecológico, quejustificasse a adoção de tal instrumento, o mecanismo de Reserva Legal é criado. Quatroanos antes de ser dissolvido pelo Ato Institucional No 5, já no governo militar, no dia 15 desetembro de 1965 o Congresso Nacional aprovou a Lei no. 4.771. Publicada no DiárioOficial da União no dia 16 de setembro, a Lei instituiu o Novo Código Florestal Brasileiro,
23
trazendo a figura modificada de Área de Preservação Permanente e a nova figura daReserva Legal. Esta última era de 50% na Amazônia Legal e 20% nas demais regiões dopaís (SIQUEIRA; NOGUEIRA, 2004, p. 5).
O Instituto de Reserva Legal para o Novo Código Florestal aponta a vulnerabilidade e
aumento de proteção crescente ao norte, assim como ocorre com o apontamento do Grupo Retis.
3.1 Arco Central da fronteira continental brasileira
Para o desenvolvimento do trabalho, serão consideradas as fronteiras entre o Brasil e a
Bolívia compondo a faixa continental brasileira, que vai de Rondônia ao Mato Grosso do Sul. Esse
território fronteiriço foi lançado como fazendo parte do Arco Central pelo Ministério da Integração
(2005), limitado pelo Arco Norte e Arco Sul (fig. 5).
Fonte: Ministério da Integração Nacional, 2005
Figura 5: Arcos e Sub-Regiões da Faixa de Fronteira do Brasil
24
O Arco Central faz fronteira com Región de Los Llanos na Bolívia, que corresponde à porção
Amazónica, Platense e do Gran Chaco.
Para esse mapa, pelos limites de fronteira com outros países do lado brasileiro, a faixa do
Arco Central dista de leste-oeste no mínimo 150 km, mas alcançando um dos valores máximos na
horizontal, em termos de 340 km na latitude 21 graus Sul, passando pela Sub-Região Pantanal,
próximo à cidade de Campo Grande.
3.2 As regiões hidrográficas brasileiras
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010) reproduz um mapa de recursos
hídricos resultante do Conselho Nacional dos Recursos Hídricos, pela Resolução no 32 de 2003 (fig.
6).
O Arco Central tem relação com três regiões hidrográficas: Amazônica, Paraguai e Paraná.
Para a parte da Região Norte, Rondônia está relacionado à porção ao norte do Arco Central que
sofre a ação da Região Hidrográfica Amazônica. Historicamente, o território formou parte em
grande extensão do Mato Grosso, depois se desvinculando politicamente para criação do Território
Federal do Guaporé em 1943 e se instalando como estado de Rondônia a partir de 1982. Grande
parte da logística dessa área partia de recursos que utilizavam a Região Hidrográfica do Paraguai
quando era vinculada ao Mato Grosso.
O norte da faixa de fronteira é basicamente delimitado pelo rio Mamoré, rio Guaporé e rio
Madeira (Região Hidrográfica Amazônica) que formam os limites naturais como barreiras fluviais
para Rondônia. Para o sul da faixa de fronteira, a área se forma praticamente com o rio Paraguai, rio
Apa, rio Iguatemi e rio Paraná, com o Mato Grosso do Sul (Regiões Hidrográficas Paraguai e
Paraná). As três regiões hidrográficas que compõem o Arco Central remetem a uma
particularidade centralizadora: a Região Hidrográfica Paraguai está em transição entre a Região
Hidrográfica Amazônica e a Região Hidrográfica Paraná. Enquanto a Região Hidrográfica
Amazônica lança suas águas a norte-nordeste para o oceano Atlântico, a Região Hidrográfica
Paraguai e a Região Hidrográfica Paraná projetam a sul. Dessa forma, cria-se um desencontro de
sentidos particularmente entre o rio Guaporé (Região Hidrográfica Amazônica) e o rio Jauru
(Região Hidrográfica Paraguai).
25
Fonte: Adaptada do IBGE, 2010
Figura 6: Mapa de recursos hídricos do Brasil com os principais rios delimitadores do Arco
Central de fronteira
26
Finalmente, levando em consideração os limites fluviais e a contribuição de rede fluvial das
regiões hidrográficas, a fronteira continental do Arco Central encontra-se praticamente como
fronteira úmida fluvial.
4 GEOTECNOLOGIAS PARA ESTUDOS DO TERRENO
Para as áreas de fronteira continental, em grandes extensões compreendendo faixas úmidas
como de áreas ecológicas com a ocupação humana, estudos de mapas com geotecnologias podem
ser propostos para pesquisas inclusive por organismos estatais.
O próprio Ministério do Meio Ambiente estimulou o cadastramento de áreas rurais com suas
respectivas áreas de proteção fornecendo cursos sobre o Cadastro Ambiental Rural envolvendo
Geotecnologias e, além disso, criou o software público para uso em mapeamento interativo
conhecido como I3Geo, superando apresentações em formato PDF (Portable Document Format).
Com a crescente tecnologia de meios computacionais e de satélites, as Geotecnologias têm
experimentado avanços consideráveis. No entanto, o acúmulo e facilidade de dados podem acarretar
uma grande quantidade de informações, muitas vezes, de forma desconexa e sem um sentido crítico
mais apurado.
As novas ferramentas de Geotecnologias com os lançamentos de dados alfanuméricos por
satélites, automaticamente via Internet, se contrapõem à dificuldade de deslocamento de
equipamentos tradicionais de topografia. A obtenção de dados de alturas de um terreno por imagens
satelitais DEM (Digital Elevation Model), na sigla em português MDE (Modelo Digital de
Elevação). pode ir substituindo, muitas vezes, o trabalho de campo mais demorado de um topógrafo
profissional.
Mas Bruggmann e Fabrikant (2016) alertam para o risco do descontrole da grande quantidade
de informações em mapas on-line que vierem a apresentar dados de estudos desestruturados ou
quase estruturados. Os sistemas informatizados com produções de dados automáticos precisam do
filtro de modelos para reelaboração de conclusões e descrição de seus condicionantes para
validação de resultados.
4.1 Análise visual
Destaca-se, nesse contexto, o desenvolvimento da expressão visual analytics, análise visual
em português, da obra Illuminating the path de Cook e Thomas (2005) que se aponta como uma
27
base metodológica buscando associar elementos interativos das tecnologias gráficas para as
geotecnologias.
Esses autores propõem a análise visual como uma ciência que busca a racionalização de dados
apoiadas em produções gráficas interativas para serem visualizadas. Quanto mais maximizada a
possibilidade de interação entre esses fatores, melhor o desempenho da análise visual para cenários
de dados mais complexos:
The science of analytical reasoning provides the reasoning framework upon which one canbuild both strategic and tactical visual analytics technologies for threat analysis, prevention,and response. This reasoning process is central to the analyst’s task of applying humanjudgments to reach conclusions from a combination of evidence and assumptions. Analysismay require collaborative effort, especially in emergency response and border securitycontexts. The goal of visual analytics is to facilitate this analytical reasoning processthrough the creation of software that maximizes human capacity to perceive, understand,and reason about complex and dynamic data and situations. It must build upon anunderstanding of the reasoning process, as well as an understanding of underlying cognitiveand perceptual principles, to provide mission-appropriate interactions that allow analysts tohave a true discourse with their information. The goal is to facilitate high-quality humanjudgment with a limited investment of the analysts’ time. Several actions are necessary toadvance the science of analytical reasoning in support of visual analytics (COOK;THOMAS, 2005, p. 6).
Na análise visual, o aspecto analítico se refere aos dados interpretados visualmente serem
notificados como objetos de medidas. Mas mesmo dados que são analisados e programados para
serem links em análises visuais, no entanto, passam por um processo de construção capaz de
produzir distorções.
As associações entre dados precisam ser calibradas e descritas para validação lógica de
resultados. Os registros digitais necessitam de indicadores de fundamentos e detalhamento de seus
condicionantes para não se desligarem de evidências empíricas usadas em métodos de campo
aproximados.
Desse modo, a produção de arquivos digitais presta-se como instrumentos de análise e
referência como modelagem de informações.
Os próprios modelos digitais podem conter camadas de informações em variáveis comuns e
diferenciadas que possam ser visualizadas em conjunto versus separadamente.
A análise visual representada graficamente com a estrutura do conhecimento (Structure) em
relação à aplicação (Effort) com os feedbacks (Loops) (fig. 7).
28
Fonte: Cook e Thomas, 2005
The analyst collects and organizes information as he or she progresses toward judgmentabout a question. Throughout the reasoning process, the analyst identifies or createstangible pieces of information that contribute to reaching defensible judgments. We refer tothese pieces of information here as reasoning artifacts. Products can be thought of asreasoning artifacts that are meant to be shared with others to The Science of AnalyticalReasoning convey the results of the analysis (COOK; THOMAS, 2005, ps. 36-36).
Os ensaios tecnológicos e científicos realizados em arquivos com a análise visual podem
registrar em sequência os aspectos descritivos de pesquisas e serem publicados na Internet.
4.2 SIG 3D
Tridimensional Geographic Information Systems (3D GIS), para o português traduzido como
Sistemas de Informação Geográfica Tridimensional (SIG 3D), por Scianna e Ammoscato (2010),
evoluíram para o apoio da utilização gratuita de softwares livres.
Os autores destacam o programa Blender, da Blender Foundation em blender.org, como uma
Figura 7: Diagrama de fluxos de análise visual do livro Illuminating the path
29
das tecnologias com maior versatilidade baseada na avançada linguagem python para scripts de
base de cálculos e geometrias.
Como uma ferramenta maker de simulações interativas, animações e de construções virtuais
tridimensionais, o software permite ser uma plataforma de montagem de visualizações que
garantem a projeção de esquemas em modelos de análise visual.
O programa tem grande flexibilidade em ferramentas artísticas de esculturas digitais
associadas a aspectos analíticos de mensuração.
Horowitz e Schultz (2014) recomendam a produção de acervos digitais a físicos, com os
modelos tridimensionais digitalizados que podem ser reproduzidos como coleções acessíveis de
modelos como maquetes por impressoras 3D de baixo custo. Mapotecas de maquetes físicas podem
ser desenvolvidas usando dados iniciais do software Blender, reconhecido por esses autores como
uma ferramenta de qualidade para base de coleções.
Em uma consulta de documentos a serem contados iniciando em 2013 no Portal de Periódicos
da Capes, do Ministério da Educação (2017), em busca avançada de artigos com o uso de
descritores “Blender” e “3D”, retornou com 1.903 resultados. A produção de artigos foi cercada por
temas variados de SIG, Astronomia, Física Atômica, Medicina e Biologia Celular que exigiam
habilidade de representação artística, científica, precisão e capacidade de simulação que o software
Blender consegue corresponder.
A grande vantagem além da tecnologia do programa é o fato de estar disponibilizado
gratuitamente por ser open source. O paradigma de alta tecnologia com elevado custo é desafiado
pelo software Blender.
4.3 Obtenção de dados cartográficos da Internet
Atualmente, para se aproximar o mapa de terreno às dimensões reais de áreas do planeta,
mensurações de alturas podem ser recolhidas diretamente de sites WEB GIS (Rede SIG).
Os sites Google Earth e Google maps de uso atual gratuito da gigante Google, uma empresa
multinacional americana de serviços online e software, destacam-se na geração de ferramentas, mas
se tornam necessários sobre essas fontes recursos mais elaborados para tomada de dados em
conjuntos mais editáveis.
Ainda um dos sites mais interessantes e de acesso gratuito, que não precisa de cadastros para
utilização se trata de FreeMapTools.com.
O site fornece ferramentas free para colher medidas, permitindo salvar e compartilhar os
30
mapas produzidos com seus cálculos.
General map tools that are relevant to all locations.
Area Calculator Using Maps - Find an enclosed area using a polyline on a map Direction Projection Tool - Use the Direction Projection tool to visualise a
projected path on a map Draw Concentric Circles - Draw Concentric Circles on a map Elevation Finder - Find an estimate for the elevation of a point on the earth Find Cities and Towns Inside Radius - Find cities and towns within a particular
radius of a central location Find Line of Equidistance Between Two Points - See the path where the distance
between two points is the same Find Place With Name - Search for a town, city or place with your name Find Places Within Radius - Search for places inside a radius of an address Find Population on Map - Define an area on a map then find out the estimated
population inside Find Sunrise and Sunset Time at a Location - Find out the next sunrise and sunset
time of any point on the earth. Golf Shot Distance Calculator - Record and measure the various strokes required
to complete a hole of golf on a map Horizon Finder - Find where the visible horizon is from a point on earth using a
map How Far Can I Travel - Find out how far you could travel by road in a set time How Far Does Santa Have To Travel - Find out how far it is between the North
Pole and your house How Far Is It Between - Find the distance between two named points on the earth International Meeting Centre of Gravity Tool - Find the best place to hold a
meeting for it's attendees by inputting various international addresse KML File Creator - The KML (Keyhole Markup Language) File Creator will allow
you to produce KML files using a simple in Map Tunnelling Tool - Tunnel to the other side of the earth on a map Measure Distance From Central Point To Many - Find out the distance from one
point to many other points Measure Distance on a Map - Take a measurement between two points on a map to
find the distance Plot Airport Routes - Plot airline route networks or airport destination maps Radius Around a Point on a Map - Find where a radius of specified distance falls
around a point on a map Range Finder Tool on a Map - Find out the end point location when you specify a
start point, a bearing and a distance on a map Save Route on Map - Save a route on a map Time Zone Converter - Convert a time in one location to the time in another
location Trip Calculator - Calculate the time and distance for a trip on a map Tunnel to the Other Side of the Google Earth - Find out what is on the other side of
Google Earth View and Edit Photo GPS Data - Use a map to view and edit GPS data in a photo
(FREEMAPTOOLS, 2017).
Existem mais ferramentas, além de uso global, orientadas para os seguintes países: África do
Sul, Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, Índia e Reino Unido.
31
A ferramenta Find Brazil Postcodes Insides a Radio fornece informações de CEP - Código de
Endereçamento Postal.
Especialmente em relação à ferramenta Elevation Finder, de obtenção de estimativa de
elevações e coordenadas geográficas se resume a ponto por ponto e não extração direta de malha
superficial com relevo tridimensional.
De MDE (Modelo Digital de Elevação), há mesmo na forma de raster, a possibilidade de
dados para conter dados de áreas em relevo pela Internet. Obtidas através de satélites, essas
imagens produzem uma variação de nuances em claro-escuro que correspondem às alturas de relevo
dos terrenos registrados.
Softwares que trabalham dados 3D SIG conseguem importar essas imagens disponibilizadas
em rede e traduzi-las de raster para vetor. Raster se refere à imagem de pixels. Quando se reporta
a resolução em pixel como de 30 m para um mapa significa dizer um quadrado puro de uma única
cor que corresponde à realidade em campo de 30 x 30 m.
A interface de tradução de uma imagem de pixels para de vetores possibilita
tridimensionalizar mapas planos nos sistemas digitais. O espaço vetorial em relação aos eixos X, Y
que acrescenta uma dimensão Z correspondente às alturas torna-se tridimensional.
Um dos sites mais indicados para recolher imagens automáticas DEM consiste no
terrain.party, que na sua abertura se descreve como um facilitador de tomadas de dados “real-
world” de mapas de alturas. A visualização desse site se faz com o auxílio dos sistemas:
OpenStreetMap, USGS shaded relief e USGS topographic imagery. No entanto, para todas as áreas
do planeta, o sistema de visualização mais completo para o terrain.party se trata do OpenStreetMap.
A produção de visualizações retorna com resultados de vários satélites opcionais, indicando
dados textuais e numéricos relativos. Os sistemas de satélites ASTER, USGS NED, SRTM3 e
SRTM30 são utilizados no site terrain.party.
Foram realizados testes sobre captação de dados em áreas do oceano que descreveram o leito
oceânico com precisão para esses modelos de documentos.
Em especial, com um recurso de visualização além do terrain.party, o site Topographic-Map
oferece dados de plantas com níveis de hipsometria interativa, de acordo com o zoom aplicado, que
são gradações de faixas de cores definido alturas, descrevendo-se como uma plataforma interessante
de dados mais diretos para operar trabalhos tridimensionais através da WEB. Esse site oferece
vários mapas sobrepostos no mesmo local e um código de cores 3D.
Com Geotecnologias livres, os dados de Internet podem ser convertidos desde arquivos de
softwares independentes de protótipos tridimensionais, com parâmetros ensaiados até serem gerados
modelos físicos, sem perder a precisão durante o processo original.
32
4.4 Utilização específica de WEB GIS com o Google e a fronteira fluvial
No acesso ao Google Maps (2017) foi possível constatar em área de fronteira úmida oeste
através de efeitos sucessivos de ampliação e redução combinados ao uso de pan (arrasto), a ligação
de bacias fronteiriças de influência nas faixas de fronteira continental (fig. 8).
Fonte: De Medeiros Nóbrega, 2017
O argumento do Brasil aproximado a uma gigantesca porção insular empregado no princípio
de uti possidetis para delimitar o território colonial português que atualmente pode ser verificado
com a WEB GIS que reforça a ideia dos arcos de fronteiras úmidos do Brasil.
Foi verificado o divisor de sentidos de águas brasileiro sobre a fronteira oeste, que se localiza
no sudoeste do Mato Grosso, na Chapada dos Parecis, da ocorrência de importantes nascentes, rios
Guaporé e Jauru, para as bacias hidrográficas opostas Amazônia e do Prata.
Inclusive consta um monumento na cidade de Cáceres, no Mato Grosso, conhecido como
Marco do Jauru, segundo a prefeitura de Cáceres (2017), implantado no limite da fronteira em 1754.
Foi situado bipartido em uma metade na época em território espanhol e a outra parte em local
português que sinalizava a divisão entre fronteiras nos tempos de colonização. Mas que sofreu
remoção para frente da igreja matriz da cidade mato-grossense, sendo tratado como objeto de
Figura 8: Ligação da Bacia Amazônica com a Bacia do Prata
33
pesquisas o local original do monumento.
4.5 Canal Tamengo sob a linha de fronteira do Arco Central
Puerto Quijarro e Corumbá consistem nas referências urbanas e portuárias diretas que
possuem a peculiaridade de conter inteiramente o canal Tamengo, compartilhando a linha de
fronteira Bolívia-Brasil no Arco Central. (fig. 9).
Fonte: Adaptada do Ministério da Integração Nacional, 2005
4.6 Formação de núcleos portuários em canal Tamengo
Na Bacia do Prata, de estratégica importância para escoamento hidroviário para o oceano
Atlântico de produção de países platinos e da Bolívia, especificamente na Bacia do Paraguai,
surgiriam Corumbá e Puerto Quijarro.
A Bacia do Rio da Prata é formada pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Seu valorestratégico advém da sua hidrografia composta pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, quenos seus cursos são alimentados sua importância estratégica desde o início por uma granderede de afluentes. O seu potencial para a navegação- e, portanto sua importância estratégicadesde o início da colonização-, os interesses das duas potências ibéricas, considerando-seque o Rio da Prata era um grande corredor para a circulação de homens e mercadorias emdireção ao Oceano Atlântico.
Figura 9: Localização de Puerto Quijarro e de Corumbá no Arco Central
34
O Rio Paraguai, de não menor importância para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nascena Chapada dos Parecis, em Mato Grosso, e percorre 2621 km navegáveis até desembocarno Rio Paraná. No seu trajeto, passa por territórios de quatro países: Argentina, Bolívia,Brasil e Paraguai. Cortando o território sul mato-grossense a oeste, tem como principaisafluentes o Aquidauana, o Miranda e o Taquari, que serviram igualmente vias para aspenetrações dos espanhóis e portugueses (ESSELIN, 2014, p. 53).
Historicamente, surgiu de início o núcleo de Corumbá denominado de Arraial de Nossa
Senhora da Conceição de Albuquerque, fundada oficialmente em 1778, descoberta pelos
portugueses em 1776, e somente depois Puerto Quijarro em 1940. Há um grande lapso temporal
entre essas cidades fronteiriças.
Para o início do núcleo urbano de Corumbá, o sertanista Leme do Prado seleciona e demarca
a indicação do povoamento de Albuquerque, por onde reconheceu uma grande baía - a laguna
Cáceres, o canal Tamengo, Arroyo Concepción (Arroio Conceição), os pântanos (Pantanal) e os
morros (escarpas) (fig. 10).
Assim Leme do Prado, tão logo encerrou a incursão pelo Rio Miranda, subiu o RioParaguai até o canal do Tamengo e depois de percorrer a região, adentrando-se em terrasespanholas, encontrou uma enorme baía que deu o nome de Cáceres, hoje, em territórioboliviano e, a par de suas observações elaborou um esboço da região, por ele assinado edatado em 9 de novembro de 1776 e agora exposto na Casa da Ínsua, morada dosAlbuquerque, em Portugal (GARCIA, 2014, p. 25).
O sertanista estava a serviço de Luís de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, o
governador de 1772 a 1789 do Mato Grosso e capitão-general, que pretendia lançar um grupo de
pessoas para ampliar a ocupação do Forte Coimbra, já instalado em 1775 pelo mesmo governante.
O governador do Mato Grosso administrava nos seis primeiros anos sob a influência do Marquês de
Pombal.
35
Fonte: Souza, 1973
Figura 10: Esboço do Leme do Prado de 1776 para ocupação de Albuquerque às
margens do rio Paraguai
36
Para Garcia (2014), o que desmotivou o início do núcleo de Corumbá na ocupação na baía
Cáceres foi o fato que não havia altas escarpas que permitissem uma visualização mais estratégica
no terreno do ponto de vista militar.
No início do núcleo, firmado com a fundação em 21-9-1778, foi utilizada gente deCoimbra, no total de vinte e uma pessoas, bem como da família e das pessoas queacompanharam Leme do Prado na viagem da fundação. Tanto Falcão como Leme do Pradobem disseram das vantagens encontradas no lugar, próprio para se construir uma fortaleza,dadas as suas altas barrancas a jusante do canal do Tamengo, assim como da existência deum terreno para o plantio, sendo, por isso, escolhido para se assentar um povoado(GARCIA, 2014, p. 23).
No croqui de Leme do Prado estão descritas, à esquerda, as denominações do rio de
Tamengos (canal Tamengo) e Ribeirão (Arroyo Concepción) (fig. 11). Vale destacar que “arroyo”,
do espanhol, significa ribeirão. Para Garcia (2014), a área de plantio se referiu a Ladário, que depois
viria a se desmembrar de Corumbá em 1954, como a instalação de um novo município.
Fonte: Adaptada de Souza, 1973
Figura 11: Detalhe do rio de Tamengos e ribeirão do esboço anterior
37
No entanto, as escarpas também ocorriam no lado boliviano, sendo mais distantes do rio
Paraguai e havia, sem necessidade de plantio, a presença de acurizais (Attalea phalerata) se
distribuindo abundantemente, até nos dias atuais, em Ladário.
O acuri se destaca por ser de grande valor alimentício do palmito, fruto e castanha que
produz, sendo plenamente utilizado pelos habitantes de etnia Guató e foi considerada pelo Leme do
Prado como uma forma de dispor de mais tempo para reconhecer o local, com a presença do
alimento garantida.
Após o trabalho de reconhecimento de Leme do Prado, a fundação oficial caberia ao sargento
Marcelino Ruiz Camponês.
As toponímias promovidas pelos comandados de Luís de Albuquerque e pela posteridade,
incluindo rio de Tamengos, foram seguidas por homenagens diversas ao governador, através da
comparação entre mapa do Brasil e de Portugal:
-Coimbra, para o Forte em Corumbá;
-Ladário, cidade de enclave com Corumbá;
-Cáceres, posterior à Vila Maria do Paraguai;
-Albuquerque, atual distrito e antigo nome da sede de Corumbá
Tamengos (Conselho de Anadia) e Ladário (Vila de Viseu), em Portugal, são localidades
respectivamente cada qual próxima e de nascimento de Luís de Albuquerque (fig. 12).
Fonte: Adaptada do Google Maps, 2017
Figura 12: Rota de pedestres entre Ladário e Tamengos em Portugal
38
Coimbra, do forte de Corumbá, de fundação de 1775, dos planos de Luís de Albuquerque,
anterior ao povoado de Albuquerque, tem um reflexo no portal do Coimbra, na Vila de Ladário,
Portugal.
Cáceres e Albuquerque, dos nomes do governador.
Os termos adotados, exclusivamente portugueses, deram-se pela validade do decreto do
Marquês de Pombal de 1758 que proibia o uso do Tupi-Guarani no Brasil, para enfraquecer o poder
de oposição dos jesuítas na América do Sul aos acordos hispânicos, seguida pelo governador do
Mato Grosso Luís de Albuquerque.
Posterior ao período governado por Albuquerque e à Guerra do Paraguai, a palavra indígena
Corumbá leva a investigações sobre seu sentido.
Antes mesmo de se converter a cidade do nome de Albuquerque para Corumbá, segundo
Campestrini e Guimarães (2010), o almirante Augusto João Manuel Leverger, oficial de Marinha
que governou o Mato Grosso de 1851 a 1857, descreve a parte norte das serras de Albuquerque
como “Corumbá”, como pela primeira vez que o termo aparece escrito associado ao local.
Do ponto de vista de quem percorre o rio Paraguai no fim do percurso pela curva do “S”, essa
é a perspectiva visual morraria que abre alas para o urbano. As serras de tons verdes e marrons
escuros, pela ocorrência da vegetação e de ferro e manganês, emolduram a cidade de Corumbá e
torna-se natural nomear a cidade com o antigo nome dos maciços.
A definição do Nheengatu, variante do Tupi amazônico, se apresenta mais incisiva para
investigar o nome Corumbá:
CURÚ. Qualquer coisa protuberante, é curú: A borbulha ou vesícula – curiba. O torrão depedra dura ou antes o pedregulho – itacurú, donde o nosso têrmo luso-brasileiro tacurúa. V.Gloss. par. As protuberantes escamas do dorso do jacaré-assú – curú. Curucurú significarugoso (MIRANDA, 1944, p. 70)
Mais associações se fazem com o vocábulo curu no sentido de se elevar, como o peixe
curimbatá, que sobe rios e cascatas para realizar o fenômeno da piracema. O acuri relaciona-se com
os cocos, como elementos pronunciados.
Mba, possivelmente usado em Corumbá, normalmente ocorre no valor de sufixo
substantivador no Nheengatu, podendo designar, em combinação com curu, o significado de
“elevação”, para elementos da paisagem que se erguem, como as montanhas de Albuquerque sobre
a planície pantaneira.
39
Nheengatu, anteriormente língua geral amazônica (Brasil: AM, no Alto Rio Negro, faladotambém por algumas etnias indígenas aloglotas, 3 mil falantes; na Colômbia e naVenezuela, aproximadamente 6 mil falantes no total; o nhe’engatu ‘língua boa’ formou-se apartir do tupinambá introduzido na Amazônia no século XVII. Até 1850, foi a línguacomum da Amazônia brasileira). A partir de então se emprega o termo nheengatu(DIETRICH, 2010, p. 12-13).
Leverger sediava-se em Cuiabá, o Mato Grosso do Sul era integrado ao Mato Grosso. A
cultura amazônica nessa capital foi muito influente, inclusive no idioma. O estado do Mato Grosso
compartilha a Bacia Amazônica com o Nheengatu sendo amplamente utilizado.
A ocupação de Corumbá na margem ocidental do rio Paraguai pela gestão de Luís de
Albuquerque foi realizada à revelia do informado no mapa do Tratado de Madri, impossibilitando o
acesso ao mesmo rio pela Espanha, na fronteira com o Mato Grosso, aumentando o território da
América do Sul para Portugal, um fato que, relatado por Piriz (2001), contribuiria para o evento da
Guerra de 1801 entre as potências ibéricas e culminaria com o Tratado de Badajós.
Esse último tratado veio confirmar a soberania do avanço da margem direita do rio Paraguai
para os portugueses.
Mais nova que a ocupação de Corumbá de 1778, para o lado boliviano, nasce Puerto Suárez,
que abrange a laguna Cáceres, de fundação de 1875, sendo bem anterior a Puerto Quijarro de
1940. Os Acordos de Roboré, firmados entre Brasil e Bolívia a partir da década de 1930,
realinharam os limites das fronteiras entre esses países.
A baía Cáceres coube aos espanhóis, [...] Dom Miguel Suárez Araña funda um povoadodenominado Puerto Suárez nas suas margens, visando construir um porto de embarque parao exterior da produção do oriente boliviano e trazendo, no caminho de volta, os produtosimportados para o progresso de toda a Bolívia (GARCIA, 2014, p. 23).
A Bolívia tem a sua divisão política marcada por departamentos (fig.13). Conhecida cada
unidade como Gobierno Autónomo Departamental, dessas possuem fronteira diretamente com o
Brasil os departamentos de Pando, Beni e Santa Cruz.
40
Fonte: Reyes, 2010
Do departamento de Santa Cruz, tem-se a província de Germán Busch (fig. 14).
Figura 13: Mapa da Bolívia dividida politicamente em departamentos
41
Fonte: Educa, 2017
Figura 14: Mapa da província de Germán Busch destacada do
departamento de Santa Cruz
42
Nos mapas, o maior e mais central deles representa a província de Germán Busch e suas
cidades. Com o mapa abaixo destacado à esquerda no painel, a província sendo visualizada como
parte do departamento de Santa Cruz. E, à direita da diagramação dos mapas, o departamento no
mapa do país, a Bolívia.
No destaque em azul ao leste no mapa da Província, a laguna Cáceres (fig. 15).
Fonte: Adaptada de Educa, 2017
4.7 Dos corpos de água à vocação viária multimodal à margem direita do canal Tamengo
Sob a influência dos Pantanais boliviano e brasileiro, a vocação portuária do canal Tamengo
se faz notar na Bolívia, com a própria denominação da cidade boliviana ao entorno como “Puerto”,
apontando para o uso de porto; e no lado brasileiro, onde resistem atividades turísticas de uso de
Figura 15: Detalhe da província de Germán Busch do mapa anterior
43
porto em volta do canal.
A importância do canal Tamengo para Bolívia se dá pela possibilidade de escoamento de sua
produção para o oceano Atlântico com a hidrovia Paraguai-Paraná.
Se pela perspectiva dos brasileiros, o canal Tamengo representa a ligação entre a laguna
Cáceres, Arroyo Concepción e o rio Paraguai. Os bolivianos consideram o río El Pimiento como
compreendendo o canal Tamengo.
Há inclusive uma conotação simbólica de enraizamento das duas Cáceres, brasileira e
boliviana. Cáceres, cidade com o rio Jauru como uma das principais fontes da Bacia do Paraguai e
laguna Cáceres sendo o início da aproximação boliviana ao rio Paraguai.
O acesso à Hidrovia Paraguai-Paraná significa para Bolívia um alcance de sua produção para
exportação ao oceano Atlântico.
As áreas de influência das cidades, divididas no eixo do canal Tamengo, são vistas como de
interfaces mais desabitadas e úmidas - ao norte e de partes mais secas e de terrenos elevados,
planificados e preenchidos pelos núcleos urbanos – ao sul, á margem direita do canal, no sentido de
escoamento da queda de água, que possibilitam ligar diversos sistemas multimodais além do
hidroviário como rodoviário, aéreo, ferroviário.
Na sua conformação, as cidades bolivianas apresentam, no entorno do canal Tamengo,
instalações industriais com destaque para Puerto Gravetal (Arroyo Concepción), abaixo do núcleo
de Quijarro, e o acesso do porto às redes multimodais (fig. 16). A toma de água de Corumbá se
localiza no encontro do canal Tamengo com o rio Paraguai.
44
Fonte: Adaptada de Galeano, 2006
Os modais ferroviário, rodoviário e hidroviário interligam os países na área do canal
Tamengo. No entanto, há sérios problemas de gargalos.
Puerto Quijarro, pequeno núcleo urbano boliviano, que se localiza bem mais próximo àfronteira, foi fundada em 1940, com a construção de uma estrada de ferro ligada aCorumbá-Brasil, com a ajuda da Comissão Mista Boliviana-Brasileira. Puerto Quijarro levaeste nome em memória de seu fundador Ministro Confidencial do Paraguai, Dom AntônioQuijarro, que organizou uma expedição em busca de uma saída soberana para o mar, pormeio da Hidrovia Paraguai-Paraná partindo das margens do Canal Tamengo. Em suahomenagem a estação ferroviária ganhou o nome de Quijarro e posteriormente o acréscimoda palavra Puerto, devido à criação de um porto sobre a Lagoa de Cáceres, denominadoPuerto Tamengo (GALEANO, 2006, p. 25).
Pela limitação do río El Pimiento em não se estender para mais áreas do país, o modal
ferroviário se tornou uma dos eixos de escoamento interno boliviano que alcança a área industrial
do Gravetal, entre Arroyo Concepción e o núcleo urbano de Puerto Quijarro.
Com a implantação da ferrovia em 1908, da construção da estrada de ferro Itapura- Corumbá,
Figura 16: Croqui sem escala entre Bolívia e Brasil na área do canal Tamengo
destacando o Gravetal para Arroyo Concepción
45
foi impactada a hidrovia:
Em decorrência do advento da era ferroviária, começou a decrescer a importância do porto.Escassearam as viagens dos navios de Assunção, Montevidéu e Buenos Aires e, pouco apouco, esvaziou-se o ancoradouro.
Tendo a estrada ferroviária se estendido até Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, com aliberação do tráfego em 1954, Corumbá transforma-se em um mero corredor de trânsitopara as mercadorias vindas dos grandes centros exportadores nacionais (GALEANO, 2006,p. 34).
Uma interferência privada que se iniciou a partir de 1940 fez supor que um bloqueio do canal
do Tuiuiú no rio Paraguai do lado brasileiro, aproximadamente a 20 km, ao norte do núcleo urbano
de Corumbá, de forma permanente secaria a laguna Cáceres.
O trecho do canal do Tamengo sempre foi navegável o ano todo, sendo que a sua utilizaçãoficou comprometida a partir da data em que obstruíram a boca localizada em terrasparticulares de brasileiros entulhando-as com pedras e blocos de concreto, dificultando aentrada de água para abastecimento da baía e a manutenção do nível do canal do Tamengo.Isso ocorreu na década de 1940. (GARCIA, 2014, p. 24).
No entanto, no que pesou esse risco, a laguna Cáceres continua cheia e há atualmente uma
estrutura portuária que se mantém como apresenta em Galeano (2006):
A estrutura portuária analisada neste estudo compõe-se de seis unidades, sendo duas naBolívia – Terminal Gravetal e Puerto Aguirre – e quatro no Brasil – Terminal Sobramil,Porto Gregório Curvo, Granel Química e Porto de Ladário. Na Bolívia, o Terminal Gravetalatende exclusivamente a empresa processadora de oleaginosa Gravetal Bolívia S/A, noescoamento de sua produção. Já Puerto Aguirre opera produtos de diferente natureza(granel, secos, hidrocarburos, carga geral e containers). No lado brasileiro o TerminalSobramil e Porto Gregório Curvo possuem infraestrutura para manipulação somente deminérios de ferro e manganês, atendendo a duas empresas de extração mineral da região – aUrucum Mineração S/A e a Mineração Corumbaense S/A – detentoras das concessõesportuárias, a Granel Química possui instalações para carga seca e líquida e o Porto deLadário conta com uma estrutura para operações de cargas diversas. Nos últimos três anosforam feitos altos investimentos em reformas em alguns desses portos e terminais,principalmente pelo setor privado, detentor de autorização de concessões para operação deembarque e desembarque de mercadorias, com o propósito de proporcionar maior eficiênciaao escoamento da produção (GALEANO, 2006, p. 14).
No contexto brasileiro para o modal rodoviário, foi construída a rodovia BR-163 no governo
militar, na década de 1970, que ligou Campo Grande a Cuiabá, sem conexão com Corumbá,
46
enquanto foi concluída a construção do corredor Bioceânico, entre países em 2012, passando por
essa última cidade.
O corredor Bioceânico interliga o oceano Atlântico e Pacífico, integrados pelo continente
através de um corredor transversal, favorecendo o fluxo rodoviário entre Chile, Bolívia e Brasil.
A rodovia brasileira BR-163, da Região Norte à Região Sul, intensificou as relações entre as
capitais do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, enquanto que o corredor Bioceânico fortaleceu a
conectividade fronteiriça.
Para a integração hidroviária da fronteira entre Brasil e Bolívia, apesar de haver solicitação da
Bolívia para a retirada do obstáculo da captação de água de Corumbá, melhorando a navegabilidade
no canal Tamengo, e como isso não ocorre, atualmente a Bolívia busca a alternativa do projeto de
Puerto Busch.
Condiciones de la navegación (toma de agua de la ciudad de Corumbá)
La Delegación de Bolivia solicitó incluir el tema de referencia, manifestando unadisposición tomada unilateralmente por la República Federativa del Brasil, referente a larestricción de la navegación en la zona de la toma de agua de la ciudad de Corumbá.
Sobre el punto, dicha delegación informó los problemas que ello acarrea en la navegaciónen zona de jurisdicción de Bolivia, en contraposición al espíritu de creación del CIH de lalibre navegación en la Hidrovía, y solicitó la remoción de la mencionada toma de agua.
La Delegación de Brasil informó que la restricción se debe a la seguridad de la navegaciónen esta época de estiaje, y teniendo en cuenta que una colisión con la toma de agua dejaríasin servicio a la ciudad de Corumbá.
Asimismo manifiesta, que la aceptación de remover la toma es una decisión política yeconómica. (SUBSECRETARIA DE PUERTOS Y VÍAS NAVEGABLES, acesso: 2017)
O porto ficará ao extremo sul de Germán Busch, do único contato direto da Bolívia com o rio
Paraguai.
Nesse trecho considerado uma área de tríplice fronteira (Brasil-Bolívia-Paraguai), a Bolívia
não precisará utilizar necessariamente rota do Brasil, podendo escoar seus produtos por Paraguai e
Argentina para o oceano Atlântico.
Investimentos estão sendo realizados no governo de Evo Morales inicialmente para
pavimentar a rodovia tramo Mutún-Busch. Após essa etapa, será construída uma rede ferroviária
para o Puerto Busch. Com a obra concluída do sistema Puerto Busch, poderá haver um impacto
considerável às instalações que tenderão se tornar obsoletas no canal Tamengo.
No entanto, atualmente, segundo a Prefeitura de Corumbá (2017), foi sinalizado um
empréstimo em torno de 40 milhões de dólares do programa FONPLATA - Fondo Financiero de
47
Desarrollo de la Cuenca del Plata (2017) para esse município melhorar a urbanização no entorno e
a navegabilidade da Bacia do Prata.
4.8 Suporte a equipamentos urbanos, sociais e áreas ambientais
Recortados pelos modais viários, importantes elementos de polarização de ocupação humana
integram as conexões fronteiriças do entorno do canal Tamengo.
Pelo lado brasileiro, Corumbá dispõe da sede da Prefeitura Municipal, do Aeroporto
Internacional, do CAIC - Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente Padre Ernesto
Sassida - uma escola de grandes proporções, do Moinho Cultural, do Parque Marina Gatass e do
Ecoparque Cacimba da Saúde. Para o lado Boliviano em Puerto Quijarro, a ausência de
equipamentos urbanos diretamente no canal Tamengo deve-se à área ser considerada de uso militar
da Armada Boliviana, com exceção das instalações industriais de Puerto Aguirre, ao norte do canal,
e do Gravetal do distrito de Arroyo Concepción.
A Bolívia possui uma área ambiental protegida em Santa Cruz El Parque Nacional (PN) y
Área Natural de Manejo Integrado (ANMI) Pantanal Otuquis (fig. 17).
Figura 17: Mapa do Parque Nacional y ANMI Otuquis em Santa Cruz da Bolívia
48
Fonte: Santa Cruz, 2017
A área protegida compreende o Pantanal boliviano.
49
El Parque Nacional (PN) y Área Natural de Manejo Integrado (ANMI) Pantanal Otuquis,fue creado en el año 1997, mediante D.S. Nº 24762. Ésta Área Protegida forma parte delPantanal boliviano, que por ser un humedal de importancia internacional, fue denominadoSitio RAMSAR el año 2001 (SANTA CRUZ, acesso: 2017).
Essa área tem dois setores separados pelo triângulo das ligações dos núcleos urbanos de
Carmen Rivero Tórrez-Puerto Suárez-Puerto Quijarro: o Bloque Otuquis e o Bloque Rio El
Pimiento.
El PN Pantanal de Otuquis (Bloque Otuquis) es el sector más extenso. Abarca losmunicipios de Puerto Suárez, El Carmen Rivero Tórrez y Charagua. Junto a este sector seencuentra el Área Natural de Manejo Integrado Pantanal Otuquis (SANTA CRUZ, acesso:2017).El PN Pantanal de Otuquis (Bloque Río Pimiento), sector de menor extensión,comprende los Municipios de Puerto Quijarro y Puerto Suárez; abarca gran parte de lalaguna Cáceres. La superficie total del Área Protegida es de 1.005.950 ha., de las cuales903.350 ha. corresponden al PN (ambos bloques) y 102.600 hectáreas pertenecen al ANMI(SANTA CRUZ, acesso: 2017).
No setor do Bloque Río Pimiento, totalmente dentro de Germán Busch, estão laguna Cáceres
e o río El Pimiento (fig. 18).
Fonte: Wikimapia, 2017
Figura 18: Demarcação do Bloque Río El Pimiento do Parque Nacional y ANMI Otuquis
50
Futuramente, as produções de beneficiamento de grãos do Gravetal e de ferro e manganês do
Mutún poderão cruzar a área protegida do Bloque Otuquis para acesso ao Puerto Busch. O PN e
ANMI Pantanal Otuquis está sendo objeto do projeto do fluxo rodoviário Mutún-Busch que poderá
causar impacto ambiental com o risco maior para vida animal no corredor rodoviário.
Para o lado brasileiro, conforme informa o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade – ICMBio (2017) apesar de fazer parte do bioma Pantanal, reconhecido
constitucionalmente, a área em torno do canal Tamengo, onde está indicado o nome Corumbá, está
afastada de Unidades de Conservação (em verde mais escuro) e a demarcação indígena mais
expressiva em extensão da etnia Kadiwéu (em amarelo) (fig. 19).
Fonte: Adaptada do ICMBio, 2017
Como proteção estadual, destaca-se a criação do Geopark Bodoquena-Pantanal (fig. 20).
Figura 19: Mapa das Unidades de Conservação e áreas indígenas no entorno de
Corumbá do lado brasileiro
51
Fonte: Adaptada de Mato Grosso do Sul, 2017
Na área do canal Tamengo, localiza-se o Eco Parque Cacimba da Saúde, um sítio municipal
próximo à tomada de água da cidade (fig. 21).
Figura 20: Geopark Bodoquena-Pantanal
52
Fonte: Adaptada de Wikimapia, 2017
4.9 Exploração do mapa topográfico do canal Tamengo-río El Pimiento
Diante da importância histórica da colonização oeste de fronteira, das conexões dos modais
viários, dos equipamentos urbanos para ocupação das cidades e da proteção ambiental sensível, um
estudo com uso de Geotecnologias acessíveis foi abordado sobre a área do canal Tamengo e río El
Pimiento, considerando os descritores río El Pimiento, laguna Cáceres e canal Tamengo lançado no
sistema do site Topographic-Map (2017). O resultado nos retornos de busca com maior abrangência
coube ao denominador río El Pimiento (fig. 22). Sendo vetorizada a imagem, o río El Pimiento do
topo, tangenciando e indo até o extremo leste da laguna Cáceres distancia-se basicamente em 40,87
km e desse ponto ao rio Paraguai em 10,06 km.
Figura 21: Mapa de situação do Eco Parque Cacimba da Saúde em relação
à tomada de água de Corumbá
53
Fonte: Adaptada de Topographic-Map, 2017
O mapa utiliza como uma das bases de dados o Google, com opções de compartilhamento emoutros sites. Anexadas ao mapa, seguem as informações (fig. 23).
Figura 22: Mapa topográfico para o descritor río El Pimiento
54
Fonte: Topographic-Map, 2017
O mapa sem sobreposições conseguiu diretamente ser extraído do site ao salvar a versão
offline. Foram reaplicadas as medidas de hipsometria e a escala gráfica no plano (fig. 24).
Figura 23: Dados complementares do mapa anterior
55
Fonte: Adaptada de Topographic-Map, 2017
Ao salvar, os arquivos que eram apresentados de forma simultânea e como sobrepostos no
site, são dispostos decompostos do pacote offline, podendo ser analisados criteriosamente sem
maiores interferências. Em destaque a seleção de um arquivo Google, vt_005.png, entre várias
Figura 24: Mapa puro de relevo com escalas hipsométrica e planimétrica gráfica do
descritor río El Pimiento
56
imagens disponíveis que se sobrepõem na Internet (fig. 25).
Fonte: Adaptada de Topographic-Map, 2017
Com o estudo realizado, foi possível sintetizar informações sobre a fronteira úmida brasileira
e a importância da ocupação do sistema canal Tamengo-río El Pimiento para a colonização da
fronteira oeste brasileira e de atrativo para industrialização portuária da Bolívia em um site
fronteirasumidas.blogspot.com (fig. 26).
Para esse blog, importante se faz considerar que a fronteira brasileira considerada como
“seca”, tem uma predominância úmida pelo limite natural dos rios, sendo mais apropriada
referenciá-la como fronteira continental em oposição à marítima e transcontinental.
O canal Tamengo mantém com o río El Pimiento uma estreita relação topográfica e
interfronteiriça.
Figura 25: Arquivos salvos offline de única página do descritor río El Pimiento
57
Fonte: Fronteiras úmidas, 2018
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A separação comum no Brasil entre fronteira úmida marítima e fronteira continental encontra
uma releitura em esclarecimentos sobre a distribuição hídrica. A definição de fronteiras desde o
período da colonização portuguesa vinha reconhecer o Brasil como o ideário de uma porção
continental insular tendo como referência oriental o oceano Atlântico e como limite ocidental os
rios dos sertões.
Entre os Pantanais boliviano e brasileiro, sobre o Arco Central de fronteira com Los Llanos
orientales, a área caracterizada do canal Tamengo segue a influência do río El Pimiento.
Sobre a leitura temática de Topographic-Map (2017) observa-se o río El Pimiento como
afluente do rio Paraguai, tendo o canal Tamengo como realinhamento de sua foz. Passando à
Figura 26: Mostra do site de fronteiras úmidas
58
amostra de relevo, sem representação simbólica do site referenciado, mais significativo se faz
considerar o rio boliviano como um leque fluvial imerso no Pantanal de Los Llanos que se represa
ao encontrar o relevo mais pronunciado das escarpas, formando a laguna Cáceres que, por último,
através do canal Tamengo, deságua para o rio do lado brasileiro.
A nuance mais intensa, de terreno mais baixo, nas tonalidades de azul escuras, ao entorno
noroeste da laguna Cáceres representa visualmente a concentração de um leque com o foco mais
intenso na baía no encontro das escarpas. Dessa forma, incluem-se Puerto Suárez, Puerto Quijarro,
Corumbá e Ladário como as cidades que compõem e recebem diretamente o leque de El Pimiento.
Os equipamentos urbanos e modais logísticos em terra no terreno mais plano ocorrem em
verde claro sobre a margem direita desse sistema fluvial.
A importância dada ao canal Tamengo, como desvencilhado da parte transversal boliviana –
río El Pimiento, reporta-se à construção urbana histórica mais antiga portuguesa que precisava de
um posicionamento estratégico da ocupação situada diretamente de acesso ao longo do rio Paraguai,
para escoamento da produção colonial, mesmo em detrimento de sua especificidade topográfica de
conformação do terreno pela união dos corpos de água, como analisada visualmente.
Pela influência das redes lineares de água e da área de bolsão do Pantanal como observados,
os problemas e as práticas de políticas ambientais da Bolívia e Brasil repercutem mutuamente sobre
a população humana e o ambiente sensível no sistema canal Tamengo-río El Pimiento, com impacto
de abrangência comum entre os dois países, no potencial de pegada ecológica, na distribuição de
espécies e de movimentação de nutrientes na conectividade hídrica pantaneira.
Em uma proposição, se geograficamente o leque de El Pimiento alimenta por gravidade o rio
Paraguai, uma intervenção tecnológica que bloqueie de um modo massivo o fluxo hídrico Bolívia-
Brasil como a construção de um represamento poderia acarretar um sério risco de refluxo de
inundações para Puerto Suárez e Puerto Quijarro.
Quanto à tecnologia, o ferramental gratuito auxiliado por WEB GIS para o pesquisador torna
viável e rápida a aplicação interativa da análise visual. Com os documentos disponíveis na Internet
e com a capacidade de simulação como extração de dados nos arquivos de fonte, são possibilitados
apoios de estudos mais orientados e representativos.
O sistema do canal Tamengo, laguna Cáceres e do leque de El Pimiento está estreitamente
ligado à manutenção e ao desenvolvimento urbano sobre a sensível área antrópico-ambiental dos
Pantanais de Bolívia e Brasil, necessitando de crescentes estudos binacionais que relacionem com
suas descobertas as possibilidades hídricas e de ocupação humana nesse local de fronteiras.
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATLAS nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 1 atlas. Escalas variam.
BENEDETTI, Alejandro. Lugares de frontera y movilidades comerciales en el sursudamericano: una aproximación multiescalar. In: COSTA, E.A.; COSTA, G.V.L.; OLIVEIRA,M.A.M. (Org.). Fronteiras em foco. Campo Grande: Ed. UFMS, p. 1-16, 2011.
BLENDER FOUNDATION. Disponível em: <https://www.blender.org>. Acesso em: 20 mai.2017.
BOLIVIA. Instituto Nacional de Estadística. Disponível em <http://www.ine.gob.bo>. Acesso em:23 dez. 2017.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em<https://cidades.ibge.gov.br>. Acesso em: 23 dez. 2017.
. Ministério da Educação. Portal de periódicos Capes. Disponível em<http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso em: 26 jul. 2017.
. Ministério da Integração Nacional. Proposta de Reestruturação do Programa deDesenvolvimento da Faixa de Fronteira/Ministério da Integração Nacional – Brasília:Ministério da Integração Nacional, 2005.
. Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade do Cerrado e Pantanal: áreas e açõesprioritárias para conservação – Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2007.
BRUGGMANN, André; FABRIKANT, Sara I. How does GIScience support spatio-temporalinformation search in the humanities?. Spatial Cognition & Computation, v. 16, n. 4, p. 255-271,2016.
CÁCERES. Disponível em: <http://www.caceres.mt.gov.br/>. Acesso em: 26 dez. 2017.
CASA DA ÍNSUA. Disponível em: <https://montebelohotels.com/casadainsua/content-monografia.aspx?pid=2&cid=38&id=52&lang=pt>. Acesso em: 06 set. 2017.
CINTRA, Jorge Pimentel et al. O Mapa das Cortes e as fronteiras do Brasil. Boletim de CiênciasGeodésicas, v. 18, n. 3, p. 421-445, 2012.
COOK, Kristin A.; THOMAS, James J. Illuminating the path: The research and developmentagenda for visual analytics. Pacific Northwest National Laboratory (PNNL), Richland, WA (US),2005.
CORUMBÁ. Disponível em: <http://www.corumba.ms.gov.br/>. Acesso em: 26 dez. 2017.
DE MEDEIROS NÓBREGA, Arthur Emmanuel; DE PAULA SILVA, Beatriz Lima. Encenaçãoambiental digital para ensaio de área úmida na Sub-Região Pantanal. Educação Ambiental em
60
Ação. v. 61, Ano XVI. Setembro-Novembro, 2017. Disponível em<http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=2935>. Acesso em: 7 nov. 2017.
; . Mapa para análise visual espaço-temporal em design de simulação de cheia noPantanal. Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, v. 6, p. 549-557, 2016.
DIETRICH, Wolf. O tronco tupi e as suas famílias de línguas. Classificação e esboço tipológico.NOLL, V. DIETRICH, W.(Org.). O português e o tupi no Brasil. São Paulo: Contexto, p. 09-23,2010.
EDUCA. Disponível em: <https://www.educa.com.bo>. Acesso em: 27 jul. 2017.
ESSELIN, Paulo Marcos. Mato Grosso do Sul na Formação do Estado Nacional Brasileiro. In.BUFFA, Diego e BECERRA, María José (Org.) (2014).Sistema productivo, Estructura dominante, Territorialidad y Resistencias sociales en elescenario sudamericano, Córdoba: Red FORSA, 2014.
; OLIVEIRA, Tito Carlos Machado. A Capitania de São Vicente e o projeto assuncenho:Ensaio sobre a atuação de portugueses e espanhóis na fronteira Brasil-Paraguai. In. COSTA, E.A.;COSTA, G.V.L.; OLIVEIRA, M.A.M. (Org.). Estudos Fronteiriços Série Fronteiras. CampoGrande: Ed. UFMS, 2010.
EARTH EXPLORER. Disponível em: <https://earthexplorer.usgs.gov/>. Acesso em: 27 jul. 2017.
FERREIRA, Mário Clemente. O Mapa das Cortes e o Tratado de Madrid: a cartografia a serviço dadiplomacia. Varia hist., Belo Horizonte , v. 23, n. 37, p. 51-69, Junho 2007.
FONPLATA. Disponível em: <http://www.fonplata.org/>. Acesso em: 18 set. 2017.
FREEMAPTOOLS. Disponível em: <https://www.freemaptools.com/>. Acesso em: 31 jul. 2017.
FRONTEIRAS ÚMIDAS. Disponível em: <http://fronteirasumidas.blogspot.com.br>. Acesso em:03 maio 2018.
GALEANO, Roberto Domingues. Transportes de commodities do agronegócio e de minerais nafronteira Brasil-Bolívia: um estudo sobre a estrutura portuária em Corumbá, Ladário ePuerto Quijarro. 2006. Dissertação de Mestrado.
GARCIA, Walter Mendes. Corumbá: ruas, moradas e história. Campo Grande: Intituto Histórico eGeográfico de Mato Grosso do Sul, 2014.
GOOGLE MAPS. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps>. Acesso em: 02 ago. 2017.
GRUPO RETIS/UFRJ. Disponível em: <http://www.retis.igeo.ufrj.br>. Acesso em: 08 ago. 2017.
HAESBAERT, Rogério. Território e multiterritorialidade: um debate. GEOgraphia, ano IX, n. 17,p. 19-45, 2007.
. Territórios alternativos. São Paulo: Contexto, 2002.
61
HOROWITZ, Seth S.; SCHULTZ, Peter H. Printing space: Using 3D printing of digital terrainmodels in geosciences education and research. Journal of Geoscience Education, v. 62, n. 1, p.138-145, 2014.
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE MAPAS.Disponível em: <http://mapas.icmbio.gov.br>. Acesso em: 08 ago. 2017.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2013.
KUKIEL, Éder Damião Goes; COSTA, E. A.; BENEDETTI, Alejandro Gabriel. Fronteira Brasil-Bolívia: A construção histórica dos relacionamentos comerciais entre Corumbá e Puerto Quijarro. VSeminário em Estudos Fronteiriços, p. 1-12, 2015.
MARTINELLI, Marcello. Mapas da geografia e cartografia temática. 4 ed. São Paulo: Contexto,2007.
MATO GROSSO DO SUL. Disponível em: <http://www.ms.gov.br/>. Acesso em: 18 set. 2017.
MIRANDA, Vicent Chermont de. Estudos sôbre o Nhêengatú. Anais da Biblioteca Nacional doRio de Janeiro, v. LXIV Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,1944.
MOTA, José Aroudo. O valor da natureza: economia e política dos recursos naturais. Rio deJaneiro: Garamond, 2009.
PAIXÃO, Roberto Ortiz. Globalização, turismo de fronteira, identidade e planejamento daregião internacional de Corumbá/MS. 2006. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-graduação emGeografia Humana da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de SãoPaulo, São Paulo, 2006.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Além das fronteiras. Fronteiras Culturais. São Paulo: AteliêEditorial, p. 35-39, 2002.
PIRIZ, Luís Alfonso Limpo. Proyección americana de la" Guerra de las Naranjas" y Tratadode Badajoz. Diputación de Badajoz, 2001.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Rio de Janeiro: Ática, 1993.
REYES, Fernando Siliano. O papel das vias de circulação na coesão territorial do EstadoBoliviano: da Audiência de Charcas à Bolívia de 1971. 2010. Tese de Doutorado. Universidadede São Paulo.
ROSIÈRE, Stéphane. Mundialização e teicopolíticas: análise do fechamento contemporâneo dasfronteiras internacionais. Boletim Gaúcho de Geografia, v. 42, n. 2, 2015.
SANTA CRUZ. Disponível em: <https://www.google.com.br/maps>. Acessos em: 05 ago. 2017 e23 dez. 2017.
SEBRAE/MS. Mato Grosso do Sul sem fronteiras: características e interações territoriais: Brasil,Bolívia, Paraguai. Campo Grande: Visão, 2010.
62
SCIANNA, Andrea; AMMOSCATO, Alessio. 3D GIS data model using open source software. CoreSpatial Databases-Updating, Maintenance and Services-from Theory to Practice. Haifa, Israel, 15-17 March 2010. International Archives of Photogrammetry, Remote Sensing and SpatialInformation Sciences, v. 38, n. Part 4, p. 8-2, 2010.
SCHILLING, Robert. Janus. Le dieu introducteur. Le dieu des passages. Mélanges d'archéologieet d'histoire, v. 72, n. 1, p. 89-131, 1960.
SIQUEIRA, Ciro Fernando Assis; NOGUEIRA, Jorge Madeira. O novo código florestal e a reservalegal: do preservacionismo desumano ao conservacionismo politicamente correto. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL. 2004. p. 1-20.
SERRA, Geraldo Gomes. Pesquisa em arquitetura e urbanismo: guia prático para o trabalho dospesquisadores em pós-graduação. São Paulo: Edusp: Mandarim,2006.
SOARES, Carolina Esteves. Conflitos Fronteiriços entre Portugal e Castela após a assinatura doTratado de Paz (1668-1700). IV Encontro Internacional de Jovens Investigadores em HistóriaModerna. Universidade do Porto, 2015. 21p.
SOUZA, Lécio G. de. História de Corumbá. Corumbá, MS: Prefeitura Municipal de Corumbá,1973.
SUBSECRETARIA DE PUERTOS Y VÍAS NAVEGABLES. Disponível em:<http://www.sspyvn.gob.ar/sspyvn/hvia_com-acta21.html>. Acesso em: 3 ago. 2017.
TERRAIN.PARTY. Disponível em: <http://terrain.party/>. Acessos em: 15 nov. 2015 e 31 jul.2017.
THOMAS, J.J.; COOK, K.A., Eds. Illuminating the path: The research and development agendafor visual analytics. Los Alamitos, CA: IEEE Computer Society, 2005.
TOPOGRAPHIC-MAP. Disponível em: <http://en-us.topographic-map.com/>. Acesso em: 18 set.2017.
VIANNA, Marielle Assis et al. A importância do Casario do Porto de Corumbá como patrimôniohistórico cultural no desenvolvimento turístico de Mato Grosso do sul. Multitemas, n. 27, 2016.
VILARDAGA, Jose Carlos. São Paulo na órbita do império dos Felipes: conexões castelhanas deuma vila da América portuguesa durante a União Ibérica (1580-1640). 2010. Tese de Doutorado.Universidade de São Paulo.