ministÉrio da educaÇÃo universidade federal rural da...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
CARLOS WELLINGTON DA SILVA OLIVEIRA
LOURIVAL GOMES GONDIN
INCONFORMIDADES NOS PROJETOS DE FINANCIAMENTO DA
AGRICULTURA FAMILIAR: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA
TÉCNICA ATRAVÉS DA GESTÃO DA QUALIDADE
TOMÉ-AÇU
2018
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CARLOS WELLINGTON DA SILVA OLIVEIRA
LOURIVAL GOMES GONDIN
INCONFORMIDADES NOS PROJETOS DE FINANCIAMENTO DA
AGRICULTURA FAMILIAR: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA
TÉCNICA ATRAVÉS DA GESTÃO DA QUALIDADE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Administração da Universidade
Federal Rural da Amazônia como requisito
básico para obtenção do título de Bacharel em
Administração.
Orientadora: Prof.ª Ma. Liliane Ferreira do
Rosário
TOMÉ-AÇU
2018
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Universitária Tomé-Açu
O482i Oliveira, Carlos Wellington da Silva
Inconformidades nos projetos de financiamento da agricultura familiar: uma análise das práticas de
assistência técnica através da gestão da qualidade/ Carlos Wellington da Silva Oliveira, Lourival Gomes
Gondin. – Tomé-Açu, 2018.
83 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Universidade Federal Rural da
Amazônia, 2018
Orientadora: Prof.ª Ms. Liliane Ferreira do Rosário
1. Política Pública. 2. Projetos de Financiamento Rural. 3. Administração da Qualidade. 4.
Assistência Técnica e Extensão Rural. 5. Agricultura Familiar. I. Gondin, Lourival Gomes. II. Rosário,
Liliane Ferreira do, orient. III. Título.
CDD 23. ed.- 658.562
Bibliotecário-Documentalista: Jean Pereira Corrêa – CRB2/1566
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CARLOS WELLINGTON DA SILVA OLIVEIRA
LOURIVAL GOMES GONDIN
INCONFORMIDADES NOS PROJETOS DE FINANCIAMENTO DA
AGRICULTURA FAMILIAR: UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS DE ASSISTÊNCIA
TÉCNICA ATRAVÉS DA GESTÃO DA QUALIDADE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Administração da Universidade
Federal Rural da Amazônia como requisito
básico para obtenção do título de Bacharel em
Administração.
Orientadora: Prof.ª Ma. Liliane Ferreira do
Rosário
Aprovado em: / /
Conceito:
BANCA EXAMINADORA
Prof.ª Ma. Liliane Ferreira do Rosário - Orientadora Mestra em Ciências Ambientais - Universidade Federal do Pará (UFPA)
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) - Tomé-Açu
Prof.ª Dra. Ynis Cristine de Santana Martins Lino Ferreira - Examinadora
Doutora em Administração - Universidade da Amazônia (UNAMA)
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) - Tomé-Açu
Prof.º Me. Iury Assis Barreto - Examinador
Mestre em Administração - Universidade da Amazônia (UNAMA)
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) – Tomé-Açu
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“Dedicamos esse trabalho para todos que buscam
melhorar a si e o meio que os cercam. Não recuam
em situações de dificuldades, porém se alegram com
os desafios e resultados que podem auferir”
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus por seu intenso e infinito amor, que por meio de
desafios e graças proporcionou a consecução desse trabalho de conclusão de curso. Trabalho
esse que representou a finalização de um ciclo: a formação em Administração.
Algumas pessoas contribuíram direta e indiretamente para o atingimento desse objetivo.
Meus pais, Antonio Carlos e Joilma de Nazaré; irmão, Antonio Bruno; minha namorada,
Rosalia Albuquerque; os parentes envolvidos; vocês foram essenciais para minha formação
quanto acadêmico e pessoa. Agradeço profundamente pelo apoio e carinho!
Meus amigos têm espaço especial nessa seção, pois em muitos momentos ajudaram mais
do que eu poderia aguentar, agradeço profundamente. Em destaque, os que compunham meu
grupo de trabalho, qual denominamos “Administradores”, em pessoas: Darlana, Eidiney,
Lourival, Marcelly e o Grande Robson. Muito obrigado pelos muitos momentos!
Por fim e muito importante, agradeço aos meus professores/amigos por cada
ensinamento e cobrança, a todos muito obrigado. Especial destaque dou aos Profs. Edson Paiva
e João Loureiro que fortificaram o pensamento cientifico e crítico em minha cabeça; à Profª
Liliane do Rosário, minha fiel orientadora, por suas muitas contribuições acadêmicas e sua
dedicação à docência. Obrigado mais uma vez!
Carlos Wellington da Silva Oliveira
Agradeço à Deus por ter me conduzido até o fim dessa caminhada com saúde e
persistência, proporcionando força dia a dia para enfrentar os desafios e provações.
Agradeço também à minha família, em especial a minha esposa, que soube compreender
e me encorajar nos momentos mais difíceis durante esses anos de estudo, da mesma forma e
sem menos importância aos meus colegas de grupo que me ajudaram e apoiaram durante o
desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos.
Por fim, agradeço à empresa ECOFAS, em especial ao proprietário Wanderson
Rodrigues, que possibilitou e incentivou no intuito de que esse trabalho viesse trazer resultados
positivos para a empresa e para o meu desenvolvimento profissional.
Lourival Gomes Gondin
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“A percepção do desconhecido é a mais fascinante
das experiências. O homem que não tem os olhos
abertos para o misterioso passará pela vida sem ver
nada”
Albert Einstein
“Nas organizações humanas não haverá mudanças,
a não ser que haja primeiro quem advogue essa
mudança”
J. M. Juran
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RESUMO
Projetos de financiamentos rurais são instrumentos utilizados para planejar e executar uma
atividade através de capital de terceiros, colocando em prática atividades empreendedoras no
setor rural. Nesse sentido, por meio dos projetos, os agricultores familiares podem acessar o
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) para financiamento
de suas atividades, com vista a desenvolvê-las. Portanto, a correta elaboração desses
instrumentos é estritamente importante, haja vista a necessidade imediata de acesso ao recurso
e liquidação futura. Dito isso, o trabalho buscou evidenciar as causas de inconformidades nos
instrumentos de crédito que são desenvolvidos por uma assistência técnica atuante no município
e região de Tomé-Açu. A metodologia da investigação consistiu no estudo de caso único, com
aplicação da pesquisa documental e bibliográfica, de natureza aplicada, pautando-se no caráter
descritivo e exploratório, sob a perspectiva quantitativa e qualitativa. Primeiramente foi
aplicada uma entrevista estruturada para conhecimento do processo interno de confecção dos
projetos. Na sequência, foi realizado um levantamento dos motivos das devoluções dos projetos
durante os anos de 2017 e 2018 expressos nos ofícios de devolução. A tabulação ocorreu através
da aplicação da análise de conteúdo sobre as falas do gestor da empresa e sobre os motivos de
devolução, o que possibilitou quantificar os motivos para posterior aplicação das ferramentas
da qualidade. Os resultados evidenciaram as possíveis causas do problema de inconformidades,
sendo eles referentes ao processo interno, ausência de sistemas de controle interno,
desconhecimento dos procedimentos administrativos e falta de planejamento organizacional
nos níveis organizacionais. Para superar essas dificuldades, este trabalho ainda propôs um plano
de ação para a organização visando a melhoria de suas atividades e práticas de assistência
técnica.
Palavras-chave: Política Pública; Projetos de Financiamento Rural; Administração da
Qualidade; Assistência Técnica e Extensão Rural; Agricultura Familiar.
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ABSTRACT
Rural finance projects are instruments used to plan and execute an activity through the capital
of third parties, putting into practice entrepreneurial activities in the rural sector. In this sense,
through the projects, family farmers can access Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF) to finance their activities, with a view to developing them.
Therefore, the correct elaboration of these instruments is strictly important, given the immediate
need for access to the resource and future settlement. That said the paper sought to highlight
the causes of non-conformities in credit instruments that are developed by technical assistance
in the city town and region of Tomé-Açu. The research methodology consisted of a single case
study, with application of documental and bibliographic research of an applied nature, based on
the descriptive and exploratory character from a quantitative and qualitative perspective. First,
a structured interview was applied to the knowledge of the internal process of making the
projects. Subsequently, a survey was made of the reasons for the returns of the projects during
the years 2017 and 2018 expressed in the letters of return. The tabulation took place through
the application of the content the application of the content analysis on the lines of the manager
of the company and on the reasons for return, which made it possible to quantify the reasons
for later application of quality tools. The results evidenced the possible causes of the problem
of non-conformities, being related to the internal process, absence of internal control systems
and lack of knowledge of administrative procedures and lack of organizational planning at
organizational levels. To overcome these difficulties, this paper still proposed a plan of action
to for the organization aiming at the improvement of its activities and practices of technical
assistance.
Keywords: Public policy; Rural finance projects; Quality management; Technical assistance
and rural extension; Family farming.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Relação entre os operadores do PRONAF .............................................................. 27
Figura 2 – Ciclo de vida dos projetos. ...................................................................................... 29
Figura 3 – Processo input - transformação - output.................................................................. 33
Figura 4 – Causas em % das melancias defeituosas. ................................................................ 34
Figura 5 – Baixa produtividade de melancia. ........................................................................... 36
Figura 6 – Ciclo PDCA de controle de processos. ................................................................... 38
Figura 7 – Organograma da Assistência Técnica e Extensão Rural estudada .......................... 45
Figura 8 – Fluxograma da elaboração de projeto de financiamento rural. ............................... 48
Figura 9 – Distribuição dos projetos devolvidos por grupos. ................................................... 51
Figura 10 – Diagrama de Pareto com os motivos das devoluções dos projetos. ...................... 52
Figura 11 – Diagrama de Ishikawa com as causas das devoluções dos projetos. .................... 54
Figura 12 – Adaptação do fluxograma para elaboração de projeto de financiamento rural. .... 59
Figura 13 – Controle interno para monitoramento do processo de confecção dos projetos. .... 60
Figura 14 – Relatório gerado pela planilha de controle (Simulação). ...................................... 61
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Classificação dos agricultores familiares por grupos. ........................................... 24
Quadro 2 – Principais linhas de crédito do PRONAF .............................................................. 25
Quadro 3 – Modelo conceitual do 5W2H. ................................................................................ 37
Quadro 4 – Método de Análise e Solução de Problemas (MASP). .......................................... 39
Quadro 5 – Motivos das devoluções e suas descrições. ........................................................... 50
Quadro 6 – Plano de ação para tratamento das causas do problema. ....................................... 62
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AF Agricultor Familiar
ATER Assistência Técnica e Extensão Rural
BACEN Banco Central do Brasil
BASA Banco da Amazônia
BB Banco do Brasil
BNB Banco do Nordeste do Brasil
DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF
FAO Food and Agriculture Organization
GQ Gestão da Qualidade
GQT Gestão da Qualidade Total
GUTA Gestor da Unidade de Tomé-Açu
IF Instituições Financeiras
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
MCR Manual de Crédito Rural
PDCA Plan (Planejar), Do (Fazer), Check (Checar) e Act (Agir)
PFR Projetos de Financiamento Rural
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura familiar
SNCR Sistema Nacional de Crédito Rural
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15
1.1 Contextualização e delimitação do problema ................................................................ 16
1.2 Objetivo geral .................................................................................................................... 17
1.3 Objetivos específicos ......................................................................................................... 18
1.4 Justificativa ....................................................................................................................... 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 20
2.1 Crédito rural no Brasil: um breve contexto ................................................................... 20
2.1.1 Benefícios a grandes produtores e manifestações sociais ............................................... 21
2.1.2 O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.................................. 23
2.1.3 Operadores do PRONAF ................................................................................................. 25
2.2 Elaboração de Projeto de Financiamento Rural ........................................................... 27
2.3 Gestão da qualidade ......................................................................................................... 29
2.3.1 Conceito de Gestão da Qualidade .................................................................................... 31
2.3.2 Gestão da Qualidade em Processos ................................................................................. 32
2.4 Ferramentas da qualidade ............................................................................................... 33
2.4.1 Diagrama de Pareto ......................................................................................................... 34
2.4.2 Diagrama de Ishikawa ..................................................................................................... 35
2.4.3 Plano de Ação .................................................................................................................. 36
2.4.4 Ciclo PDCA ..................................................................................................................... 37
2.4.5 Método de Análise e Solução de Problemas ................................................................... 38
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 40
3.1 Classificação da pesquisa ................................................................................................. 40
3.1.1 Natureza da pesquisa ....................................................................................................... 40
3.1.2 Objetivos da pesquisa ...................................................................................................... 40
3.1.3 Procedimentos técnicos utilizados ................................................................................... 41
3.1.4 Abordagem do problema ................................................................................................. 42
3.2 Coleta de dados ................................................................................................................. 42
3.3 Tratamento dos dados ...................................................................................................... 43
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 44
4.1 Caracterização da Assistência Técnica e Extensão Rural ............................................ 44
4.2 Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) .................................................... 46
4.2.1 Identificação do problema ............................................................................................... 46
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SUMÁRIO
4.2.2 Observação ...................................................................................................................... 47
4.2.3 Análise ............................................................................................................................. 51
4.2.3.1 Análise das causas de inconformidade ......................................................................... 55
4.2.4 Plano de ação ................................................................................................................... 58
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 64
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
APÊNDICES ........................................................................................................................... 72
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1 INTRODUÇÃO
Um projeto pode ser compreendido como um planejamento estruturado sobre uma
atividade a ser empreendida. Nesse sentido, projetos ganham a denominação de “financiamento
rural” quando têm a pretensão de serem implantados através de capital de terceiros para iniciar
ou manter uma atividade agrícola (SILVA et al., 2014). Rodrigues (2013) afirma que no
contexto brasileiro os financiamentos rurais são estratégicos para o desenvolvimento do setor
rural, sendo, portanto, incentivados pelo Estado brasileiro com política pública de crédito,
conforme as especificidades do público alvo.
Tratando-se de financiamento para Agricultores Familiares (AF), o Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) se destaca como maior política de
crédito para o segmento familiar (SCHNEIDER; MATTEI; CAZELLA, 2004). De maneira
geral, os Projetos de Financiamento Rural (PFR) para acesso ao PRONAF são planejados para
compreender as particularidades da unidade produtiva, a atividade agrícola a ser financiada e a
relação mercadológica e técnica do negócio. Silva (2013) coloca que uma correta elaboração
dos projetos é necessária, haja vista as inúmeras variáveis que podem comprometer as
atividades agrícolas.
Um PFR bem formulado apresenta-se como alternativa para contornar as dificuldades
presentes nas atividades agrícolas, amenizando seus riscos e tornando a agricultura familiar
rentável, capaz de liquidar suas obrigações financeiras durante o horizonte do projeto (GOMES,
2013; SILVA et al., 2014). Por outro lado, sua elaboração está atrelada à área técnica,
normalmente desenvolvida por profissionais da agronomia, que por sua vez organizam-se em
empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER).
Dessa forma, o processo de concessão de crédito pelo PRONAF perpassa pela
elaboração do PFR, que posteriormente é submetido ao financiador (banco) para análise,
cabendo a esse último o aceite ou recusa da proposta de financiamento (SANTOS;
DELGROSSI, 2018). Sobre esse processo, as ATERs têm a função de acompanhar, aconselhar
e elaborar os PFR, cabendo-lhes levantar as informações dos AFs enquadrados nas normas do
programa para a correta elaboração dos projetos. A atuação dessas organizações ainda
compreende a observância dos normativos do programa, pois sua negligência pode inviabilizar
o acesso ao PRONAF, o que acarreta na recusa pelo financiador (BANCO CENTRAL DO
BRASIL, 2018).
Para compreender melhor esse processo, esta pesquisa se concentra em estudar uma
ATER, localizada em Tomé-Açu - PA, que elabora PFRs para o acesso de agricultores
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familiares ao PRONAF. Essa organização atua como intermediária no processo de concessão
de crédito bancário, ligando os produtores familiares ao sistema financeiro. Seu campo de
atuação compreende a mesorregião do nordeste paraense, especificamente nos municípios de
Acará, Bujaru, Concórdia do Pará e Tailândia.
A ATER atua há aproximadamente 3 anos junto aos agricultores rurais, ofertando
serviços de assistência técnica, extensão rural e mediação bancária (o próprio PFR).
Atualmente, a empresa conta com um quadro de 4 funcionários que exercem as atividades de
campo e execução das operações no escritório, conforme seus cargos. A empresa manter ótima
relação com as Instituições Financeiras (IF) que analisam os PFRs.
1.1 Contextualização e delimitação do problema
A elaboração de projetos rurais para acesso ao PRONAF seguem dois entendimentos
iniciais que regem a concessão do recurso. Primeiramente, consiste na identificação das
necessidades dos produtores rurais, considerando as peculiaridades familiares e da unidade
produtiva, perpassando pela necessidade do recurso (SANTOS; DELGROSSI, 2018; SILVA et
al., 2014). O segundo diz respeito ao enquadramento dos AFs no programa e normas do Manual
de Crédito Rural (MCR). Desta forma, os projetos devem atender as especificações dos clientes
no tocante a destinação do recurso e as normas das instituições financeiras (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2018).
Caso um desses elementos seja negligenciado não ocorre a concessão de crédito.
Enfatiza-se que os projetos são instrumentos planejados para ingresso nessa modalidade de
financiamento rural, devendo comprovar a realidade, a necessidade e a viabilidade do negócio
rural (SILVA, 2013). Portanto, se faz necessário realizar um correto planejamento das
atividades agrícolas, pois, dessa forma, é possível compreender as variáveis que podem
influenciar na atividade agrícola e reduzir suas incertezas ou, pelo menos, traçar ações para
minimizar seus efeitos (SILVA, 2013; SILVA et al., 2014).
Desta forma, as ATERs proporcionam aos AFs, justamente os PFRs, instrumento de
planejamento, captação de recurso e execução dos negócios rurais (SANTOS; DELGROSSI,
2018; SILVA et al., 2014). Dentre as várias atuações desses agentes, duas se destacam, ambas
cruciais e complementares para a efetividade do desenvolvimento dos agricultores rurais: a
extensão rural e a elaboração dos projetos rurais. Esta investigação concentra-se nesse último,
por estudar o processo de elaboração dos PFRs em uma assistência técnica.
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Para acesso ao PRONAF, o Agricultor Familiar (AF), interessado em pleitear o
financiamento, deve portar uma Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP), emitida pelos
sindicatos rurais ou ATER pública, que o certificará como beneficiário do programa, além dos
documentos básicos exigidos pelo programa (BIANCHINI, 2015). Posteriormente, deve ser
realizado um projeto técnico que contenha as dimensões da atividade agrícola a ser financiada,
tal quanto as variáveis sociais dos produtores (SILVA et al., 2014). É necessário que tais
projetos as dimensões da qualidade, pois assim podem representar a realidade dos produtores
rurais. Para tanto, estudos que investiguem as práticas de desenvolvimento de tais projetos
mostra-se relevante.
Dentro da ATER estudada, foi possível constatar um elevado número de
inconformidades nos projetos confeccionados durante os anos de 2017 e 2018. Ou seja, não
houve o atendimento dos quesitos básicos para a correta elaboração dos PFR, o que acarreta na
devolução dos projetos pelo financiador, isto é, acarretando na recusa dos projetos. Para esse
estudo, serão compreendidos como inconformidades os desvios nos projetos que invalidam sua
análise pela IF, podendo ocorrer pela ausência de documentos pertinentes ao programa,
aspectos mercadológicos e financeiros não contidos nos projetos técnicos, etc.
Nesse contexto, a pesquisa visa compreender a relação existente entre os efeitos
percebidos, recusa dos projetos, e as causas geradora desses. A gestão da qualidade em
processos permite compreender mais detalhadamente as entrelinhas de um processo, gerando
informações aos gestores sobre as variáveis que afetam negativamente a produção de algo
(CAMPOS, 2014b). Portanto, a gestão da qualidade possibilita visualizar as variáveis que
influem na elaboração desses projetos, elucidando-as para compreender suas causas (SELEME;
STADLER, 2010; SILVA, 2013; SILVA et al., 2014; VIEIRA FILHO, 2014).
Dito isso, o presente trabalho estuda as questões ligadas à qualidade em processo no que
se refere a elaboração de projetos para financiamento rural e visa responder à questão: Quais
as causas de inconformidades nas operações desempenhadas por uma ATER no tocante
ao desenvolvimento de projetos de financiamento rural para as linhas de crédito do
PRONAF?
1.2 Objetivo geral
Com o intuito de responder está questão, o objetivo do estudo foi identificar as causas
de inconformidades nos PFR, que são elaborados por uma ATER e encaminhados à
instituição financeira responsável por analisá-los.
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1.3 Objetivos específicos
Os objetivos específicos são desdobramentos do objetivo geral e, portanto, mais
concretos em relação ao desenvolvimento da pesquisa, eles permitem atingir o objetivo geral e
subsidiar as operações ao longo da investigação. Para tanto, estão dispostos da seguinte
maneira:
I. Identificar como a empresa elabora os projetos de financiamento rural.
II. Analisar os motivos das devoluções dos PFR para posterior identificação das causas
que retardam o processo de concessão de crédito.
III. Comparar as práticas da ATER com o disposto pela literatura administrativa sobre
medidas de gestão de processos organizacionais.
IV. Propor um plano de ação para subsidiar a mitigação das causas de inconformidades.
1.4 Justificativa
A tomada de crédito pelo PRONAF perpassa por agentes que intermediam o processo.
Nesse caso, essa mediação possibilita que os AFs acessem os recursos financeiros do programa,
com destinação para implantação ou manutenção de atividades agrícolas já implantadas. Nesse
trabalho, a problemática se apresenta devido à incidência de inadequações durante a elaboração
dos projetos, ou seja, erros que comprometem a qualidade do projeto e sua apreciação.
Estudos que venham a melhorar as operações de ATER podem proporcionar, além de
eficiência operacional à assistência técnica, maior celeridade no acesso ao recurso por parte dos
AFs. Pelo motivo descrito, esse trabalho justifica-se pela incessante busca das causas que
incitaram as devoluções dos PFRs. Para tanto será utilizado conceitos, ferramentas e métodos
da gestão da qualidade como alternativa para contornar os desafios da pesquisa.
Portanto, a Gestão da Qualidade (GQ) surge com o intuito de melhorar o processo,
atuando sobre as causas de inadequações que acarretam nas recusas dos projetos pelo
financiador. Sendo ainda, o estudo da qualidade aplicado a processos apresenta sua importância
para o melhoramento do desempenho das organizações. Deste modo, esta pesquisa busca
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contribuir para ciência aplicando as ferramentas da qualidade em um caso prático de inteira
relevância social.
À área gerencial da ATER, o trabalho pode proporcionar subsídios para a tomada de
decisões pautadas em procedimentos racionais, pois utiliza fatos e dados concretos, orientados
para melhoria de processos internos da ATER. Ou seja, consiste no entendimento das variáveis
que prejudicam a elaboração dos PFRs, para proporcionar aos gestores informações que
alimentem a tomada de decisão.
Tento o exposto, está investigação está organizada em cinco seções, incluindo esta
primeira que fez uma breve apresentação dos principais elementos da pesquisa. Na sequência,
o referencial teórico apresenta o contexto histórico da institucionalização do crédito rural no
Brasil até a formação de um programa destinado à agricultura familiar. Ainda constam nessa
seção, o processo de elaboração de projetos financeiros, um breve contexto sobre a gestão da
qualidade e as principais ferramentas utilizadas na resolução de problemas.
Posteriormente, é descrito a metodologia utilizada para a coleta e tratamentos dos dados,
apresentando os instrumentos técnicos utilizados durante a investigação. Para apresentação dos
resultados e discussão, a seção subsequente apresenta os principais ensejos gerados durante o
período do estudo, destacando os principais fatores que afetam no desenvolvimento do projeto
para as linhas de crédito do PRONAF. Por fim, a última seção apresenta as considerações finais,
as limitações da pesquisa e uma proposta para pesquisas futuras.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Está seção está subdividido em quatro tópicos centrais, os quais foram organizados para
facilitar o entendimento sobre as temáticas: crédito rural, projetos de financiamento, gestão da
qualidade e os recursos utilizados para melhorar a gestão empresarial. Primeiramente,
apresenta-se um breve contexto sobre o crédito rural no Brasil. Posteriormente, apresenta-se o
processo de elaboração de projetos rurais, como as variáveis que podem influenciar uma
atividade agrícola.
A gestão da qualidade apresentada na sequência proporciona compreender as melhores
práticas para identificar e resolver problemas, como os apresentados nos PRF. E por último, são
apresentadas algumas ferramentas da qualidade que auxiliam na coleta e tratamento de dados.
Os próximos tópicos apresentam tal constructo teórico utilizado como base para a elaboração
desta investigação.
2.1 Crédito rural no Brasil: um breve contexto
O crédito rural no Brasil foi iniciado nos tempos do império, com destaque para o penhor
agrícola de 1885, conforme apresentado no artigo 10 do Decreto nº 3.272, que estimulou o
debate sobre os incentivos para o setor e o aprimoramento das atividades desenvolvidas no
campo (RODRIGUES, 2013). No entanto, foi somente em 1937, que a primeira iniciativa
governamental interveio no setor rural. A Lei nº 492 iniciou as atividades voltadas à concessão
de recursos financeiros ao setor agrícola, operacionalizado, pela então criada, carteira de
Crédito Agrícola do Banco do Brasil S.A., responsável pelo repasse e estruturação das linhas
de créditos (RAMOS; MARTHA JÚNIOR, 2010).
A experiência governamental consolidou a política de crédito rural em 1965, com a
promulgação da Lei nº 4.829, que concebeu o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR),
ferramenta que tinha como princípio: financiar a produção agrícola, modernizar o setor
agropecuário, alicerçar os complexos agroindustriais e ampliar o acesso dos agricultores aos
recursos financeiros (RODRIGUES, 2013). Durante as atividades do SNCR, houve oscilação
no valor financiado e destaca-se que, na década 1960, a maior parte dos financiamentos estava
vinculada aos proprietários com áreas totais acima de 10 mil hectares, enquanto que ocupantes,
arrendatários e parceiros possuíam um percentual inferior a 10% do total liberado (LEITE;
JUNIOR, 2014).
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21
Nos meandros da operacionalização do crédito rural, especificamente entre 1970 e 1980,
a destinação dos recursos foi priorizada na Macrorregião do Centro Sul do país, principalmente
para a produção de commodities1 ligadas às agroindústrias com destino à exportação
(BIANCHINI, 2015). Esse período foi marcado por grande intervenção estatal na atividade
agropecuária, com subsídios através da Política de Crédito Rural, buscando dessa foram
modernizar o setor e expandi-lo com incentivos financeiros (RODRIGUES, 2013).
Mas no decorrer da década de 1980 a crise fiscal do Estado intensificou o processo
inflacionário, acarretando na migração de grande parte dos investidores para aplicações
atreladas a inflação (DEFANTE et al., 1999; RODRIGUES, 2013). Nesse cenário, os recursos
destinados ao crédito rural tiveram uma significativa redução, isso devido à instabilidade
econômica vivenciada no país entre 1980 e 1989. Isso acarretou na diminuição das autoridades
monetárias como fonte de recursos, priorizando então, crédito para custeio com elevadas taxas
de juros, o que passou a tender produtores já capitalizados (RAMOS; MARTHA JÚNIOR,
2010; RODRIGUES, 2013).
Nos anos 90, muitas foram às transformações econômicas brasileiras: abertura
comercial após o período ditatorial, participação no Mercado Comum do Sul, alterações nas
tarifas de importação e exportação e mudanças na política (BIANCHINI, 2015). Nesse
contexto, o crédito rural estava comprometido, parte pela desestruturação dos juros e, parte pela
evolução dos preços agrícolas que originou concentrações dos recursos para os agricultores já
capitalizados (DEFANTE et al., 1999). Isso originou, segundo Rodrigues (2013), na exclusão
de agricultores de pequeno porte do sistema financeiro nacional.
2.1.1 Benefícios a grandes produtores e manifestações sociais
Como visto anteriormente, até findos de 1980 e início dos anos 90, a política de crédito
rural apresentava parcialidade no acesso aos recursos subsidiados, evidenciada pela restrição
ao crédito por meio de altas taxas de juros e cobranças de garantias (RAMOS; MARTHA
JÚNIOR, 2010). Por sua vez, os agricultores de pequeno porte eram negligenciados pelo poder
público, sociedade urbana e empresários rurais (RODRIGUES, 2013). Portanto, a política de
crédito rural não absorvia os mais carentes e, tão pouco, proporcionava condições para os AFs
se desenvolverem (DEFANTE et al., 1999; RODRIGUES, 2013).
1 Commodities diz respeito à bens ou produtos primários que não passaram por processos de beneficiamento. Esses
elementos são comercializados em bolsas de mercadorias e valores, locais esses onde se regula seus preços.
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22
Em face ao exposto e motivados pela promulgação da Constituição Nacional de 1988 os
agricultores se mobilizaram para discutir as questões referentes ao crédito agropecuário e
buscavam direcionar as políticas creditícias aos pequenos produtores (BIANCHINI, 2015).
Vários movimentos se organizaram para debater tal situação, a literatura de base destaca a
Central Nacional de Trabalhadores Rurais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra,
a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e a Central Única dos
Trabalhadores (RAMOS; MARTHA JÚNIOR, 2010; RODRIGUES, 2013) como
impulsionadores desse movimento.
Dois marcos inicias incitaram os questionamentos sobre a amplitude do crédito rural.
Um foi a pressão exercida pelos trabalhadores rurais que necessitavam acessar os recursos
financeiros. A outra frente foi responsável por construir, conceitualmente, o termo agricultor
familiar2 e as diretrizes norteadoras para formular políticas públicas para esse seguimento
(MATTEI, 2001). Assim, a primeira resposta estatal veio no governo de Itamar Franco com a
criação do Programa de Valorização da Pequena Produção Rural que estabelecia as normas de
crédito rural ao segmento familiar (SCHNEIDER; MATTEI; CAZELLA, 2004).
Os debates foram acalorados, Bianchini (2015) destaca o seminário que ocorreu em
Chapecó, Santa Catarina, que teve o lema “Crédito de Investimento - uma luta que vale milhões
de vidas”, como um evento de discussão, apontando que os movimentos sindicais iriam
concentrar-se na temática crédito rural. Os principais tópicos debatidos foram: implementação
e estruturação de pequenos estabelecimentos rurais; redefinição de sistemas de produção para
ampliar a competitividade; ampliar o nível tecnológico no campo; aumento da produção
alimentícia para suprir as necessidades e etc.
Essas questões instigaram fortemente a reformulação das políticas direcionadas aos
pequenos agricultores. No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso o PROVATE foi
reorganizado, tanto em concepção quanto em abrangência, dando origem, em 1996, ao
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (MATTEI, 2001). Esse
programa se mostra como principal política pública de apoio aos AFs, por objetivar combater
as desigualdades e financiar, a taxas diferenciadas de juros, as atividades agropecuárias
exploradas pelo produtor rural e sua família (AQUINO; SCHNEIDER, 2015; RAMOS;
MARTHA JÚNIOR, 2010).
2 Para fins de financiamento rural, este trabalho utilizará o conceito de Agricultor Familiar conforme está disposto
na Resolução 2.191 de agosto de 1995, emitida pelo BACEN. Essa resolução definiu os critérios para disponibilizar
a DAP aos solicitantes. Essa certificação caracteriza agricultores familiares como beneficiários do PRONAF,
sendo imprescindível para tal fim.
-
23
2.1.2 O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) foi criado
pelo Decreto nº 1.946 de junho de 1996, fruto de mobilizações sociais, para o aprimoramento
dos AFs através de apoio técnico e financeiro (AQUINO; SCHNEIDER, 2015). No decreto que
o institucionalizou, está testificado que o programa tem “a finalidade de promover o
desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares, de
modo a propiciar-lhes o aumento da capacidade produtiva, geração de empregos e a melhoria
de renda” (BRASIL, 1996). O conceito disposto no MCR complementa esta visão, destacando
que o PRONAF busca:
Estimular a geração de renda e melhorar o uso da mão de obra familiar, por meio do
financiamento de atividades e serviços rurais agropecuários e não agropecuários
desenvolvidos em estabelecimento rural ou em áreas comunitárias próximas (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2018, p. 115).
Schneider, Mattei e Cazella (2004) informam quatro objetivos específicos do programa,
a saber: (i) adaptar as políticas públicas à realidade dos agricultores familiares; (ii) viabilizar a
infraestrutura para melhoria do desempenho produtivo dos agricultores familiares; (iii)
profissionalizar os agricultores familiares através do acesso à tecnologia e gestão social; e (iv)
estimular o acesso a mercados de insumos e produtos.
Para isso, foi considerado AF aquele enquadrado em diretrizes que anteriormente foram
debatidos e apresentados nos estudos realizados pelo FAO/INCRA3. Deste modo, para acessar
o crédito rural pelo PRONAF, o agricultor deve apresenta as características: (i) explorar área
com no máximo quatro módulos fiscais; (ii) atuar como proprietário, posseiro, arrendatário ou
parceiro; (iii) explorar a terrar com o uso de mão de obra familiar, podendo contratar até dois
funcionários em períodos sazonais; (iv) ter 50% receita proveniente da unidade
familiar/atividades agrícolas; e (v) residir no imóvel ou próximo deste (BANCO CENTRAL
DO BRASIL, 2018).
Estas informações são comprovadas pela DAP, que é fornecido pelo INCRA,
Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, pela extensão rural pública e Sindicatos Rurais
(SCHNEIDER; MATTEI; CAZELLA, 2004). A DAP classifica os agricultores por grupos de
beneficiários, em: A, B, A/C e Variável. Os grupos A e A/C destinam-se aos assentados do
3 As abreviações representam, respectivamente, a Food and Agriculture Organization (Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
-
24
Programa Nacional de Reforma Agrária e demais programas do crédito fundiário do Governo
Federal. O grupo B engloba os agricultores mais pobres do setor rural brasileiro. No grupo
Variável estão os agricultores mais estruturados e capitalizados (AQUINO; SCHNEIDER,
2015). O Quadro 1 expressa essas classificações mais detalhadamente.
Quadro 1 – Classificação dos agricultores familiares por grupos.
GRUPOS CARACTERÍSTICAS
A
Assentados da reforma agrária.
B Beneficiários com renda bruta familiar anual de até R$ 23 mil,
que não contratem trabalho assalariado permanente.
A/C
Egressos do Grupo A, que tenham contratado a primeira
operação no Grupo A e não participem de contratos nessa
categoria (A/C).
Variável
Enquadrar-se nos critérios gerais do programa, com renda
familiar entre R$ 23 mil e R$ 415 mil com a condição de que
ao menos 50% desse rendimento seja proveniente da atividade agropecuária.
Fonte: Elaborado a partir de texto do MCR (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018).
Silva (1999) apresenta os principais eixos de atuação do PRONAF, a saber:
financiamento da produção agrícola; transferência orçamentária para aprimoramento rural de
municípios; capacitação e profissionalização dos agricultores; e financiamento de pesquisas e
extensão rural visando transferir tecnologia aos AFs. Como este trabalho está voltado para a
melhoria das atividades de ATER no que se refere à confecção de projetos de financiamento,
dá-se ênfase ao PRONAF para financiamento da produção agrícola. E sobre isso, o Decreto nº
1.946 explana no inciso 2º o processo de concessão de crédito:
As propostas de financiamento apresentadas pelos agricultores familiares e suas
organizações prescindem do exame pelos Conselhos do PRONAF e devem ser
submetidas diretamente ao agente financeiro, a quem cabe analisá-las e deferi-las,
observadas as normas e prioridades do Programa (BRASIL, 1996).
Como será visto nos próximos tópicos, as propostas podem ser elaboradas pelos agentes
intermediários credenciados (ATERs) e encaminhadas aos bancos autorizados a operar o
PRONAF. Dessa forma, os projetos devem estar condizentes com as necessidades dos
produtores rurais conforme as especificidades dos grupos e linhas de crédito. De forma geral, o
crédito destina-se as atividades de custeio, investimento, industrialização ou integralização de
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25
cotas-partas pelos beneficiários das cooperativas de produção agropecuária (BANCO
CENTRAL DO BRASIL, 2018) e subdividem-se conforme as linhas de crédito contidas no
Quadro 2.
Quadro 2 – Principais linhas de crédito do PRONAF4.
LINHAS DE CRÉDITO FINALIDADE
Pronaf Custeio
Financia algumas despesas básicas do custo de produção de
atividades agropecuárias. De acordo com a produtividade e
renda esperada é liberado certo valor por hectare atualizado pelo plano safra.
Pronaf Eco
Financia a implantação, utilização e recuperação de áreas
produtoras de energia renovável, biocombustíveis, acumulo de
água e recuperação de solos.
Pronaf Floresta
Linha de crédito que visa financiar atividades extrativas
ecologicamente sustentável para implantação e manutenção de
sistemas agroflorestais com cobertura florestal diversificada.
Pronaf Mais Alimentos
O crédito nesta modalidade destina-se as atividades
agropecuárias ou não, para aquisição de itens diretamente
relacionados com a implantação, modernização, armazenamento e transporte.
Pronaf Mulher
Destinado ao financiamento de atividades agrícolas para
mulheres agricultora conforme especificidade do público-alvo
da linha.
Fonte: Elaborado a partir de texto do MCR5 (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018).
Bianchini (2015) destaca que as alterações ocorridas nas linhas de crédito durante a
vigência do PRONAF foram para adaptá-las aos diversos biomas do país, especialmente as
especificidades das regiões Norte e Nordeste, tornando o acesso ao crédito mais condizente com
as necessidades dos AFs nas diversas áreas do país.
2.1.3 Operadores do PRONAF
Para viabilizar o programa, foram estruturados alguns atores para exercer as atividades
de mediação entre recurso subsidiado e AF. Nesse sentido o andamento do PRONAF foi
capitaneado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, que foi criado em 1999. O ministério
assumiu a responsabilidade de promover a agricultura familiar brasileira, com atuação junto ao
4 Para um entendimento histórico da formação das linhas de crédito ver Rodrigues (2013). 5 O Manual de Credito Rural - MCR descreve as principais linhas de crédito do PRONAF, suas especificidades e
a destinação do recurso, adaptando-se as demandas dos AF (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018).
-
26
SNCR, aos produtores e às organizações envolvidas no processo (RODRIGUES, 2013). Isso
proporciona articular mudanças no programa de modo que atenda as exigências dos
agricultores, refletidas nas publicações anuais do plano safra (DIESEL; DIAS; NEUMANN,
2015).
Nesse sentido, destaca-se a participação das IFs autorizadas a processar e contratar
operações de crédito rural pelo PRONAF, o MCR os lista: Banco Central do Brasil (BACEN),
Banco do Brasil S.A. (BB), Banco da Amazônia S.A. (BASA) e o Banco do Nordeste do Brasil
S.A (BNB) (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018). Cabe ressaltar que essas organizações
devem acompanhar as especificidades testificadas no MCR, observando as fontes, taxas de
juros, limites, grupos, linhas de crédito e etc. (RODRIGUES, 2013). Dentre essas organizações,
o BACEN tem destaque, pois regulamenta todo o sistema financeiro nacional e, por
conseguinte, as normas de crédito rural via normativo publicado anualmente (MCR).
Ainda sobre os bancos, esses podem solicitar, quando julgar necessário, a participação
de agentes técnicos. Um desses casos é a confecção da PFR que contempla o estudo e
recomendações técnicas, que buscam orientar sobre a viabilidade técnica, financeira e ambiental
do empreendimento. Contudo, Santana e Simonetti (2017) apresentam a necessidade do
acompanhamento técnico de qualidade, além da elaboração do projeto de investimento rural,
com assiduidade e comprometimento por parte da ATER. Por isso foi necessário formular uma
política de acompanhamento técnico, ou seja, o resgate e reformulação dos serviços de
assistência técnica e extensão rural (DIESEL; DIAS; NEUMANN, 2015).
Para isso, o Governo Federal reestruturou, depois de muito debate, a Política Nacional
de Assistência Técnica e Extensão Rural, que engloba as assistências públicas e privadas
(BRASIL, 2010). Com base no regimento, o papel de ATER elucida-se, tanto para serviços de
campo, quanto de intermediação bancária e preconiza questões ambientais ligadas ao
desenvolvimento socioambiental no campo. Nesse processo, as ATERs, públicas e privadas,
apresentam grande importância para o fortalecimento dos AFs, pois possibilitam o acesso ao
recurso financeiro, à tecnologia e, principalmente, à orientação técnica (BRAGA; FUTEMMA,
2015).
Silva (2016) destaca o intercâmbio de conhecimento entre AF e ATER, o que
proporciona aos agentes gerar valor, renda, acesso ao crédito de fomento, assistência na
aplicação do recurso e outros serviços. No que tange ao acesso ao crédito, a ATER elabora um
projeto técnico que é encaminhado à IF, apresentando as exigências conforme o grupo e linha
de crédito que enquadra o agricultor. A Figura 1 ilustra as relações entre os agentes que
participam do PRONAF.
-
27
Figura 1 – Relação entre os operadores do PRONAF.
Fonte: Adaptado do texto de Abramovay e Veiga (1999).
O debate apresentado permite compreender a dinamicidade e importância de gerir as
operações atreves dos preceitos da qualidade, principalmente no contexto das ATERs, pois
essas organizações desempenham funções essenciais para o desenvolvimento do segmento
rural. Principalmente por representar um elo no processo de concessão de crédito pelo
PRONAF. No que tange a elaboração de PFR, a complexidade se torna mais ampla, pois a
literatura não explana esse assunto com grande afinco. Mas para a gestão da qualidade, o
contexto é propicio por apresentar um constructo que pode orientar as atividades de confecção
dos PFRs.
2.2 Elaboração de Projeto de Financiamento Rural
Antes de adentrar sobre a qualidade dos PFRs, Silva et al. (2014) destacam que projetos,
de maneira geral, são constituídos para concretizar uma ideia ou desejo a serem empreendidos.
Para tanto, os autores ainda destacam que esses instrumentos permitem planejar a correta
utilização dos recursos financeiros, mão de obra e materiais. Oliveira (2010) destaca que o
projeto é parte fundamental do planejamento, pois nele está contido o detalhamento das ações
que devem ser tomadas para concretizar a ideia inicialmente formulada. Nesse sentido, existem
diversos tipos de projetos, cada qual orientado para seus fins, podendo ser: projeto de pesquisa,
desenvolvimento regional e de financiamento rural.
Especificamente, um projeto para financiamento rural adota o planejamento das
atividades agrícolas com vista a pleitear um financiamento, nesse estudo, para acesso as linhas
de crédito do PRONAF. Para ingresso no programa, os projetos devem enquadrarem-se na
categoria de agricultura familiar e considerar as variáveis que podem intervir nas atividades
desempenhadas pelos AFs. Para facilitar, realiza-se um diagnóstico para compreender os fatores
econômicos, financeiros, ambientais e sociais junto aos produtores familiares (DORNELES;
REDIN, 2014). Silva (2013) orienta como elaborar projetos na área rural, considerando essas
perspectivas, através de quatro momentos:
Governo Federal
(Políticas Públicas)
Instituições
Financeiras
ATER, sindicatos
rurais, MDA e etc.
Agricultores
Familiares
-
28
Diagnóstico, que representa a coleta de informações sobre a unidade produtiva visando
identificar as relações sociais existentes, caracterizar e denominar a localização da propriedade
rural. Nessa fase, ainda são levantados assuntos sobre: os processos produtivos, o manejo do
solo, os processos administrativos, a situação econômica da propriedade, o capital financeiro e
humano, os curtos de produção e outros. Oliveira (2014) afirma que essa fase permite
compreender os fatores internos e externos, os pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças
do negócio.
Posteriormente, o estudo de mercado para avaliação mercadológica sobre os mercados
atuais e potenciais, visando responder as perguntas sobre as especificidades do mercado, como:
preços praticados e suas variações, canais de escoação, características dos produtos,
comportamento dos consumidores finais e intermediários, fontes de insumos, estacinalidade
dos produtos, etc. Malhotra (2011) considera fundamentais as pesquisas de mercado, pois
possibilitam coletar, analisar e disseminar informações pertinentes para resolução de problemas
mercadológicos ou para aproveitar oportunidades de mercado.
Outra fase é a engenharia de projeto, qual busca definir as questões referentes às
projeções de recursos necessários para colocar em prática o projeto. Para tanto são
planejamentos os cronogramas das atividades e uso de insumos, os orçamentos de despesas e
receitas e o fluxo de caixa. Gomes (2013) ressalta a importância de definir esses elementos com
base no realismo, pois se tratando de um financiamento ocorre a contratação de uma obrigação
a ser paga durante o horizonte do projeto.
Por fim e muito importante, a avaliação da atividade consiste fundamentalmente na
avaliação econômica e financeira do projeto, demonstrando assim sua viabilidade. Gitman
(2010) apresenta os principais métodos de avaliação de um investimento sendo eles o Payback,
a Taxa Interna de Retorno, o Valor Presente Líquido e o Índice Benefício-Custo. Utilizar esses
métodos requer do avaliador um conhecimento específico para poder validar o diagnóstico
realizado nas fases anteriores (SILVA, 2013).
Destaca-se que a administração familiar ditará os objetivos pretendidos com a
implantação do projeto, podendo ser para investimento, manutenção, custeio e comercialização.
Nessa fase, a ATER desempenha papel importante, participando ativamente das orientações
técnicas, recomendações e estudos para desenvolvimento e ação dos projetos agrícolas para
torná-los socialmente, ambientalmente e economicamente viáveis (ALVES, 2017). Por isso a
estrutura apresentada por Silva et al. (2014) se mostra válida por englobar os principais
elementos para construir um projeto de financiamento rural e complementa a proposição de
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29
Silva (2013). A Figura 2 representa o modelo básico para criar um projeto de financiamento
rural.
Figura 2 – Ciclo de vida dos projetos.
Fonte: Adaptado de Silva et al. (2014).
As primeiras duas fases do ciclo de vida de um projeto fazem alusão às proposições de
Silva (2013), respectivamente, Conceituação refere-se ao diagnóstico realizado na propriedade
e, Planejamento e elaboração da proposta com a estruturação técnica de estudo de mercado,
engenharia de projeto e avaliação. Nos elementos Envio da proposta, Celebração do contrato
como financiador, Execução e Encerramento, ocorre, o envio da proposta para o financiador;
celebração do contrato com o financiador; execução das atividades planejadas no projeto; e
encerramento e liquidação do contrato (SILVA et al., 2014).
Destaca-se que as operações de PRONAF devem considerar o normativo do MCR e os
requisitos dos agentes financeiros, referente às linhas de crédito do programa. Santos e
Delgrossi (2018) exprimem que esse processo se apresenta custoso e, em muitos casos, as
propostas são devolvidas pelas IFs devido à ocorrência de inconformidades dos projetos. Isso
ressoa a preocupação em conhecer os motivos de inadequações e manter a qualidade dos PFRs
antes de submetê-los as análises do financiador (SILVA et al., 2014).
2.3 Gestão da qualidade
O conceito de qualidade praticado hoje pelas empresas transformou-se no decorrer do
tempo, modificando-se conforme o contexto e a posição histórica vivenciada pelas organizações
(PALADINI et al., 2012). Mello (2011) testifica que esse conceito foi influenciado por pessoas
que estudaram ou vivenciaram a qualidade ao longo das décadas, como Deming, Juran, Crosby,
Taylor, entre outros. Não sendo, portanto, um conceito restrito e fechado, mas maleável
conforme as necessidades dos clientes, os parâmetros estipulados e os níveis de competitividade
do setor (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
Porém, a preocupação com qualidade iniciou junto com a produção artesanal, centrada
nas especificações do cliente, tendo como princípio, o contato direto com o consumidor
Conceituação
Planejamento e
elaboração da
proposta
Envio da proposta
Celebração do
contrato com o
financiador
Execução
Encerramento
-
30
(PALADINI et al., 2012). Esse modelo foi substituído com o surgimento da Revolução
Industrial, nesse período temas como a racionalização do trabalho, produção em massa,
eficiência na alocação dos recursos, eficácia no tocante aos resultados, ganharam destaque,
principalmente com os estudos de Tempos e Movimentos de Frederick Winslow Taylor e a
aplicação desses preceitos por Henry Ford em sua empresa (TAYLOR, 1990).
Esse período foi caracterizado por tratar a qualidade como um processo puramente
industrial, o qual visava melhorar os resultados através de modelos voltadas para a produção
escalar em detrimento da qualidade de vida no trabalho e as necessidades do cliente (SILVA,
2008). Até então, os modelos gerenciais da qualidade utilizavam as técnicas para inspeção total
nos produtos finais. Isso aumentava os custos de produção e não reduziam o número de itens
defeituosos, somente alertava suas frequências (LOBO, 2010; PALADINI et al., 2012). Esse
período ficou conhecido como a Era da Inspeção.
O colapso apresentado por esses modelos aconteceu justamente quando, empresas
japonesas passaram a focalizar o cliente como princípio da qualidade, oferecendo a esses a
possibilidade de personalizar os produtos, como visto na indústria automobilística (PALADINI
et al., 2012). Lobo (2010) corrobora dizendo que essas empresas passaram a observar as
exigências de mercado, haja vista a atitude do comprador frente a outras opções de compra, isso
influenciou no desenvolvimento de novos modelos, como os modelos estatísticos de
gerenciamento da qualidade.
A busca incessante por modelos gerenciais que ampliasse a qualidade possibilitou criar
novas formas de abordar a produção, orientando toda a cadeia produtiva para a consecução
desse objetivo. Produzir mais e reduzir os desperdícios, em consonância com as exigências dos
consumidores se tornaram os princípios da qualidade (LOBO, 2010). Nesse sentido, a década
de 1960 foi marcada por avanços significativos para a gestão da qualidade, muito foi produzido
por estudiosos e aficionados pela área.
O modelo japonês destacou-se por discutir a qualidade como um processo que agrupasse
todos os funcionários, estruturando teorias e ferramentas estatísticas que possibilitassem o
acompanhamento e melhoramento (CAMPOS, 2014b; PALADINI et al., 2012). Nesse
momento, boa parte das mudanças veio acompanhada com um forte controle feito por
amostragem, surgidas da inserção da estatística como forma de manter a qualidade dentro dos
processos produtivos, isso ficou conhecido como a Era do Controle Estatístico.
Outra variável que influenciou na gestão da qualidade foi a expansão da globalização,
que requeria novas práticas voltadas para a manutenção da qualidade frente a competidores e
mercados mais exigentes (PALADINI et al., 2012). Esse fenômeno influenciou na formação de
-
31
normas que orientassem os modelos produtivos, como proposto pela série 9000 da International
Organization for Standardization (ISO).
A preocupação agora era voltada para o rastreamento da origem do produto, se adotava
práticas trabalhistas, sociais e ambientais adequadas aos parâmetros éticos (MELO;
MARINHO; SILVA, 2013). Aqui inicia a Era da Qualidade, qual se busca controlar os
processos através da prevenção, contando com a responsabilidade compartilhada por todos da
empresa e proporcionando a qualidade requerida ao consumidor. Esse último fator influenciou
na busca pela qualidade total.
O contentamento do cliente é a razão da existência da Gestão da Qualidade Total (GQT)
que, por sua vez, concentra-se na continua efetividade das atividades organizacionais, através
da procura constante pela qualidade, constituindo processos ordenados e duradouros de troca
de informações (VIEIRA FILHO, 2014). Campos (2014b) ressalta que o avanço na área de
recursos humanos tornou melhor o controle e satisfação dentro das organizações, colocando em
prática a GQT.
Segundo Paladini et al. (2012), para atingir os objetivos as organizações necessitam estar
em sinergia para desempenhar corretamente as atividades, operando paralelamente à teoria da
GQT, utilizando seus métodos e princípios orientados para o cliente. Nesse sentido, esse modelo
gerencial dispõe de um sistema que permite controlar o desempenho planejado visando
resultados mais objetivos, associados ao pensamento do melhoramento contínuo.
Esse breve contexto possibilita compreender, de forma sucinta, as variáveis que
moldaram a preocupação com a qualidade e como gerenciá-la, destacando, portanto, as frentes
que influenciaram na constituição do entendimento da qualidade a nível organizacional e
orientada aos consumidores. A próxima seção busca conceituar Gestão da Qualidade para fins
dessa investigação.
2.3.1 Conceito de Gestão da Qualidade
O contexto apresentado anteriormente permite compreender os meandros que a gestão
da qualidade percorreu até o entendimento atual. Sobre esse assunto, Mello (2011) afirma que
o conceito de qualidade perpassa por três princípios: redução de custos, aumento da
produtividade e satisfação dos clientes. Cada uma dessas dimensões foi formulada no decorrer
dos estudos sobre qualidade. Por exemplo, a redução de custos proposta pela gestão da
qualidade acontece pela adoção de práticas que visam evitar o desperdício, reduzir o tempo de
-
32
produção e gerar menos estresse nos trabalhadores, consequentemente ocorre o aumento da
produtividade.
Aliado a esses dois pontos, a focalização das necessidades dos clientes surge como a
principal vertente atual da qualidade, porque de nada adianta produzir com alto grau de
atendimento dos quesitos técnicos se o cliente não pode adquiri-lo. Campos (2014) contribui
nesse sentido dizendo que a qualidade deve atende perfeitamente, de forma confiável, de forma
acessível, de forma segura e no tempo certo, as necessidades do cliente.
Slack, Chambers e Johnston (2009) elucidam a importância da conformidade do produto
com as necessidades do cliente, ressaltando a premissa de adaptar o processo produtivo para
esse fim. Destacando dessa forma, a relação entre qualidade percebida e entregue como uma
questão essencial para o aumento da competitividade organizacional (CAMPOS, 2014b;
SELEME; STADLER, 2010). Portanto, a gestão da qualidade começa antes da produção, com
planejamento das variáveis e participação dos envolvidos ao longo do processo produtivo,
buscando manter ou melhorar as atividades organizacionais (MELLO, 2011).
Portanto, compreender os fatores que influenciam na elaboração de PFR é crucial para
atender a necessidades de os agricultores familiares e consequentemente corresponder as suas
expectativas: o acesso ao financiamento em tempo hábil. A qualidade em processos permite
minimizar as inconformidades e melhorar as atividades de produção.
2.3.2 Gestão da Qualidade em Processos
Nesse sentido, processos podem ser compreendidos como sequências de atividades
desenvolvidas para elaborar algum item, podendo ser produtos, bens físicos, informações e etc.
Todo processo consiste essencialmente de três partes: inputs, processamentos e outputs
(MARTINS; ALT, 2009). Essa estrutura possibilita agregar valor à matéria prima e desenvolver
produtos mais estruturados, sendo que isoladamente não poderiam gerar o mesmo fim: o
resultado do processo. Peinado e Graeml (2007) testificam que os processos produtivos podem
ser melhorados, basta realizar estudos críticos sobre esses. A Figura 3 retrata o modelo
produtivo que contenha entradas de recursos, processamentos e saídas.
-
33
Figura 3 – Processo input - transformação - output.
Ambiente
Ambiente
Fonte: Adaptado de Slack, Chambers e Johnston (2009).
Sobre esse entendimento, o melhoramento da gestão da qualidade em processos permite
aos gestores o acompanhamento das atividades desenvolvidas, possibilitando alterar o fluxo das
atividades caso ocorram desvios no planejado ou surgimento de problemas durante a execução
das atividades (CAMPOS, 2014b). Peinado e Graeml (2007) pontuam que ao analisar um fluxo
de trabalho ou processo deve-se eliminar ou alterar as atividades realizadas com vista ao
melhoramento do processo.
Gobis e Campanatti (2017) sugerem que a qualidade em processos perpassa por
atualização dos modelos produtivos, caso haja necessidade, mediante monitoramento,
avaliação, padronização dos processos e utilização de ferramentas que possibilitam acompanhar
a produção. Nesse sentido toda a organização apresenta responsabilidade para o correto
funcionamento, pois, como dito, em um processo contém diversas atividades que são
executadas ao longo do processamento (CAMPOS, 2014a).
2.4 Ferramentas da qualidade
A melhoria de processos dentro das empresas está atrelada as ferramentas da qualidade
porque facilitam a compreensão desses, adaptando-os as novas realidades internas e externas à
organização (PALADINI et al., 2012). No contexto gerencial, essas ferramentas permitem
analisar fatos para tomada de decisões mais assertivas, pautadas na racionalidade e com vista a
atender as necessidades dos clientes (VIEIRA FILHO, 2014).
Essas ferramentas apresentam sua importância por auxiliar os gerentes, mas carecem de
uma forma lógica de análise para correção das causas que comprometem o desenrolar das
atividades produtivas, por isso recomenda-se o Método de Análise e Solução de Problemas
Instalações
Pessoais
Recursos de
entrada de
transformação
Recursos de
entrada a serem
transformados
Materiais
Informações
Consumidores
Processo de transformação
Consumidores
-
34
(CAMPOS, 2014b). A seguir serão apresentadas algumas ferramentas da qualidade e o método
que permitiram roteirizar o estudo de um problema.
2.4.1 Diagrama de Pareto
O Diagrama de Pareto permite classificar os itens estudados por ordem de importância,
comumente apoia-se na observação das frequências e relaciona poucas causas na explicação de
muitos efeitos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Para construção desse diagrama
utilizam-se as frequências das ocorrências (registradas na folha de verificação) e as categorias
analisadas, ou seja, seus motivos de ocorrências (VIEIRA FILHO, 2014).
Os resultados gerados por essa ferramenta são classificados conforme a orientação de
priorização, no qual, por exemplo, 20% dos itens representam 80% das ocorrências (SELEME;
STADLER, 2010). Destaca-se que essas percentagens podem variar conforme o caso estudado.
Detregiachi Filho et al. (2014) estudaram uma produção de melancia visando identificar a baixa
produtividade dessa cultura de modo que viessem a levantar as principais ocorrências desse
problema. Após a coleta dos dados, os autores constataram que, na área cultivada, 775 pés de
melancia apresentaram-se defeituosos, conforme apresentado na Figura 4.
300
250
200
150
100
50
0
Figura 4 – Causas em % das melancias defeituosas.
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Virose Fungos Clima Preparo de solo
inadequado Irrigação
inadequada
Frequência Frequência Acumulado
Fonte: Adaptado de Detregiachi Filho et al. (2014).
O estudo de Detregiachi Filho et al. (2014) permitiu compreender a funcionalidade da
ferramenta. Conforme apresentado na Figura 4, a virose apresentou uma ocorrência de 32% dos
defeitos (250 infecções) e acumuladamente, virose, fungos e clima foram responsáveis por 70%
da ocorrência de defeitos. Isso permitiu traçar um plano de ação para corrigir o defeito causado
pela virose, consistindo na aplicação de defensivos. Com tal aplicação, houve uma redução na
100%
87%
70%
52%
32%
-
35
ocorrência de infecções de 250 para 38 vezes durante o mesmo período de observação
(DETREGIACHI FILHO et al., 2014). Esse exemplo destaca a funcionalidade da ferramenta.
A construção do Diagrama de Pareto consiste, primeiramente, na elaboração de uma
tabela, ordenando os “defeitos” registrados por número de ocorrências, da maior ocorrência
para a menor, que posteriormente serão apresentados em gráfico (SELEME; STADLER, 2010).
Esse gráfico apresenta os dados para facilitar o entendimento e a priorização dos elementos
mais expressivos em erros, explicitando os fenômenos que mais ocorrem para um problema,
haja vista a utilização das frequências nominais e acumuladas (VIEIRA FILHO, 2014).
2.4.2 Diagrama de Ishikawa
Esse diagrama, por sua vez, consiste na representação gráfica que possibilita identificar,
explorar e apresentar as possíveis causas-raiz de um problema (PEINADO; GRAEML, 2007).
Essas potenciais causas devem ser testadas para comprovar a relação entre problema estudado
e efeito sentido, tornando-se ferramenta crucial nos programas de melhoramentos dentro das
empresas (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
O diagrama de Ishikawa engloba seis grupos lógicos que permitem organizar, agrupar e
orientar a aplicação da ferramenta, são eles: máquinas, material, método, medida, meio
ambiente e mão de obra, podendo variar para mais ou para menos conforme necessidade do
estudo (VIEIRA FILHO, 2014).
Detregiachi Filho et al. (2014) novamente destacam que o diagrama de Ishikawa
possibilitou identificar as principais causas que interferem o processo produtivo de melancia.
Nesse estudo, as causas da baixa produtividade foram: virose, fungos, preparo de solo
inadequado e irrigação inadequada. Essa análise proporcionou orientar as outras fases da
pesquisa, principalmente na identificação das causas-raiz do problema de produtividade. O
exemplo contido na Figura 5 apresenta a baixa produtividade de melancia e como esse problema
foi analisado através da ferramenta Diagrama de Ishikawa.
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Figura 5 – Baixa produtividade de melancia.
Fonte: Adaptado de Detregiachi Filho et al. (2014).
Estruturalmente, a representação gráfica de um Ishikawa apresenta a relação entre o
efeito sentido e as possíveis causas, podendo acontecer de duas formas: mediante conhecimento
que a equipe analista tem sobre o processo ou utilizando dados para identificar sistematicamente
as causas (SELEME; STADLER, 2010). Após definir o problema, questiona-se “por que” isso
ocorre, as respostas então permitiram identificar as possíveis causadoras do problema (VIEIRA
FILHO, 2014). Para sustentar os argumentos nessa fase, utiliza-se tanto o conhecimento do
processo quanto os dados analisados (CAMPOS, 2014b).
2.4.3 Plano de Ação
O plano de ação, outra fase do estudo de problemas organizacionais, possibilita criar
ações com vista a resolver um determinado problema. Consiste essencialmente na organização
de ideias, por meio de perguntas e respostas, que permitem percorrem as etapas das ações de a
serem implantadas (SELEME; STADLER, 2010). Essa ferramenta recebe a nomenclatura:
5W2H, sendo difundida mundialmente por essas siglas em inglês (VIEIRA FILHO, 2014). O
Quadro 3 apresenta o modelo conceitual do 5W2H.
Trator Quantidade correta
Pulverizador Época da adubação
Adubo Grade aradora Época do plantio
Clima
Pessoas
Chuva Aplicação
Inseto Treinamento
Baixa
produtividade
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Quadro 3 – Modelo conceitual do 5W2H.
PERGUNTA SIGNIFICADO PERGUNTA
INSTIGADORA DIRECIONADOR
What? O quê? O que deve ser feito? O objetivo
Who? Quem? Quem é o responsável? O sujeito
Where? Onde? Onde deve ser feito? O local
When? Quando? Quando deve ser feito? O tempo
Why? Por quê? Por que é necessário
fazer? A razão/motivo
How? Como? Como será feito? O método
How much? Quanto custa? Quanto vai custar? O valor
Fonte: Adaptado de Seleme e Stadler (2010).
As perguntas constantes no Quadro 3 apresentam relações entre si, portanto, deve haver
coerência na definição das etapas para tornar a ação eficaz. Isso ocorre através da ordenação de
processos e atribuição de responsabilidades (SELEME; STADLER, 2010). A montagem do
plano de ação utiliza, por exemplo, as causas dos problemas como princípio para correção,
submetendo esses as perguntas do 5W2H e gerando direcionadores aos responsáveis pela ação
corretiva (VIEIRA FILHO, 2014).
2.4.4 Ciclo PDCA
Por fim, o Ciclo PDCA (plan-do-check-act) guia os gestores para a correta utilização
das ferramentas da qualidade, acontece pela aplicação de um método lógico que possibilita
integrar as ferramentas para se atingir o resultado esperado. Portanto, esse método atua como
orientação para correta análise de um problema (CAMPOS, 2014b). Sendo que o planejamento
da produção engloba diversos elementos que, na maioria das vezes, interferem na execução
correta das atividades produtivas, carecendo de formas avaliativas que possam melhorar o
desempenho das organizações (LOBO, 2010).
Desta forma, esse método propicia uma continua avaliação das operações por tratar-se
de um ciclo. Apresenta também, quatro fases ordenados: planejamento, execução, verificação
e ações corretivas (LOBO, 2010; SELEME; STADLER, 2010). A Figura 6 apresenta as fases
e etapas do Ciclo PDCA destacando sua relação ordenada e lógica entre as etapas do processo
gerencial.
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Figura 6 – Ciclo PDCA de controle de processos.
Fonte: Adaptado de Campos (2014b).
A estrutura cíclica apresentada por este modelo gerencial proporciona, de forma
simplória, duas utilidades à empresa: manutenção do controle sobre as operações da empresa e
o melhoramento das operações (SELEME; STADLER, 2010). Portanto, cada etapa do PDCA
acontece como modo de ordenamento das ações que devem ser executadas, gerando
informações que serão analisadas para posterior auxílio à tomada de decisão. Campos (2014)
esclarece o significado de cada fase do PDCA:
O planejamento (Plan) consiste no estabelecimento de metas e o método utilizado para
atingir o resultado esperado. Para isso é utilizando como pressupostos a manutenção ou
melhoria dos processos administrativos; Ação (Do) representa a execução das atividades
planejadas, treinando os funcionários ao mesmo tempo em que ocorre a coleta de dados para
futuras comparações com o planejado; a verificação (Check) por sua vez compara os resultados
alcançados com o que foi planejado; e por fim, a ação corretiva (Act) estuda os desvios
existentes no processo produtivo, com vista a mitigá-los.
2.4.5 Método de Análise e Solução de Problemas
Por sua vez, o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) age com um roteiro
para análise e solução de problemas. Essa metodologia é derivada do ciclo PDCA e permite
estruturar os passos para a resolução de um problema da qualidade. Consiste essencialmente
em oito fases que devem ser realizadas para a resolução de problemas complexos. O Quadro 4,
Definir as
metas
Atuar
Definir os
métodos que
permitirão
atingir as metas
propostas
tarefa
executada
treinar
Executar a
tarefa
(coletar
dados)
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a seguir, elenca as etapas que compõem o desenvolvimento do MASP, com a descrição de cada
fase.
Quadro 4 – Método de Análise e Solução de Problemas (MASP).
PDCA FLUXOGRAMA FASE OBJETIVO
P
1 Identificação do
problema Definir claramente o problema e reconhecer sua importância
2
Observação
Investigar as características específicas do
problema com uma visão ampla e sob vários
pontos de vista
3 Análise Descobrir as causas fundamentais
4 Plano de ação Conceber um plano para bloquear as causas fundamentais
D 5 Ação Bloquear as causas fundamentais
C
? Bloqueio foi
efetivo Verificar se o bloqueio foi efetivo
6 Verificação -
A
7 Padronização Prevenir contra o reaparecimento do problema
8 Conclusão Recapitular todo o processo de solução do problema para trabalho futuro
Fonte: Adaptado de Campos (2014b).
Inicialmente ocorre a identificação e descrição do problema, isso permite concentrar nas
questões mais prioritárias. Sobre essas questões, o item número 2 visa contabilizar a ocorrência
do problema, catalogando as formas variantes de ocorrência do problema. As observações dão
subsídios para analisar as potenciais causas do problema estudado.
A resolução de problemas considera as informações coletadas das principais fontes
como, por exemplo, diretamente com os funcionários ou do sistema interno da empresa. Para
finalizar o processo de planejamento, conforme a metodologia do MASP, ocorre o
desenvolvimento de um plano de ação que visa mitigar as causas do problema (SELEME;
STADLER, 2010).
Posteriormente a isso, o tem 5 busca bloquear as causas do problema através da
execução do plano de ação. O item 6 do MASP verifica se as ações tomadas foram suficientes
para resolver o problema, catalogando assim sua eficiência para compor futuras análises. Caso
não seja solucionado, o processo volta ao item número 2. Por fim, ocorre a padronização, que
se refere à prevenção futura do problema, estruturando métricas e formas de controlar a
produção e, por fim, a conclusão apresenta os relatórios para outras análises.
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3 METODOLOGIA
Nesse capítulo serão descritos os procedimentos metodológicos utilizados para a
realização da pesquisa, contemplando a classificação da pesquisa e os instrumentos utilizados
para coletar e tratamento dos dados. Nesse sentido, Prodanov e Freitas (2013) destacam que a
pesquisa científica busca encontrar respostas para os problemas mediante procedimentos
científicos, sem apresentar conclusões definitivas. Lakatos e Marconi (2017) conceituam esses
procedimentos, etapas, como método científico dotado de bases sistêmicas e lógicas que
permitem traçar um caminho que auxiliarão na geração de conhecimento válido e verdadeiro.
A seguir é apresentado o constructo metodológico que guiou essa investigação.
3.1 Classificação da pesquisa
3.1.1 Natureza da pesquisa
Em relação à natureza da pesquisa, pode caracterizá-la como aplicada por objetivar
identificar os motivos de inconformidades durante a elaboração das propostas de financiamento
rural. Gil (2014) esclarece que esse tipo de pesquisa busca aplicar o conhecimento à uma
realidade, visando apreender as variáveis que formam o fenômeno estudado. Prodanov e Freitas
(2013) complementam dizendo que a pesquisa de natureza prática busca gerar conhecimento
pela aplicação pragmática, objetivando resolver problemas específicos.
3.1.2 Objetivos da pesquisa
Para estudar as inconformidades apresentadas no processo de confecção das propostas,
a investigação utilizou a exploração e explicação, isso porque Severino (2016) esclarece que a
primeira é uma preparação para pesquisas explicativas. Portanto, exploratória busca levantar
informações sobre o assunto pesquisado, corroborando em maior compreensão do objeto
estudado. A explicação consiste em buscar as causas que motivaram o surgimento do contexto
estudado (GIL, 2014).
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3.1.3 Procedimentos técnicos utilizados
Os procedimentos técnicos utilizados para coleta de dados foram: a pesquisas
bibliográfica, a documental e o estudo de caso. Esses procedimentos fornecem orientações ao
pesquisador no tocante à obtenção, processamento e validação dos dados, destacando a
objetividade no tratamento entre sujeito e objeto (GIL, 2014; LAKATOS; MARCONI, 2017).
A utilização desses três procedimentos se sustenta através da complementação que um oferece
ao outro, melhorando a validade dos resultados do trabalho (FIGARO, 2014). Freitas e Jabbour
(2011) esclarecem que essa combinação de métodos se denomina triangulação metodológica;
considera-se uma forma robusta de produzir conhecimento; muito utilizado em “estudo de
caso”.
Na pesquisa bibliográfica foi realizado um levantamento das principais teorias
disponíveis na literatura, isso permitiu delimitar o tema, problema e objetivos da investigação.
Para isso, foram consultados textos nos formatos de artigos, livros, boletins técnicos, leis e sites
oficiais do governo brasileiro, sobre os assuntos: crédito rural, assistência técnica, gestão da
qualidade e outros assuntos. Segundo Lakatos e Marconi (2017), essa fase da pesquisa
possibilita selecionar os trabalhos mais pertinentes para a construção teórica da pesquisa, mas
também facilita a compreensão prática dos fenômenos estudados.
Também se utilizou da pesquisa documental, por permitir revisar os documentos
internos da empresa, a fim de conhecer os procedimentos internos no tocante ao
desenvolvimento dos PFR. Nesse estágio, foram consultados os ofícios de devolução emitidos
pela IF, documentos esses que apresentam os motivos das devoluções das propostas de
financiamento rural. Para ampliar as análises, foram mesurados os motivos para realizar
análises mais acuradamente. Destaca-se que não foi possível acessar as operações contratadas,
haja visto que a organização não manter um banco de dados com a relação desses. Isso força
uma pesquisa especifica: estudo das recusas dos projetos.
Portanto, Severino (2016) destaca que a pesquisa documental consiste no processamento
de materiais que não passaram por nenhum trato analítico, por outro lado permite ao
pesquisador desenvolver a investigação e complementar as análises. No estudo dos documentos
pertencentes à ATER, buscou-se os motivos pelos quais os PFR foram devolvidos, pois assim
foi possível conhecer quais os principais motivos de inadequações, para posteriormente
identificação das causas que os motivaram.
Tais proposições permitiram adotar o estudo de caso, que Yin (2010) pontua como sendo
uma pesquisa empírica, que investiga uma situação atual dentro do seu contexto. Assim, foi
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utilizado o estudo de caso único para compreender as inconformidades que comprometem a
confecção dos PFR. Gil (2014) destaca que esse tipo de estudo apresenta como característica a
aplicação pragmática do conhecimento em casos específicos, buscando explorar, descrever e
explicar a realidade estudada.
O autor acrescenta, esse método não apresenta uma ordem sequencial, mas pode ser
trabalhado da seguinte maneira: (i) formulação do problema, (ii) definição da unidade-caso,
(iii) determinação do número de casos, (iv) elaboração do protocolo, (v) coleta de dados, (vi)
avaliação e análise dos dados e (vii) preparação do relatório (GIL, 2014). Essas fases, no
trabalho, foram apresentadas durante o desenrolar desse texto, inclusive o protocolo de estudo
de caso, quais estão contidos nesta metodologia.
3.1.4 Abordagem do problema
A forma de visualizar o problema se dá através