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O transporte público, meios extrajudiciais de soluções de conflitos e a jurisprudência do STJ Luis Felipe Salomão

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Page 1: Ministro Luis

O transporte público, meios extrajudiciais de soluções de conflitos

e a jurisprudência do STJ

Luis Felipe Salomão

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1) INTRODUÇÃO:

- Importância do evento e o momento demudança cultural no direito brasileiro.

- Eficácia das soluções extrajudiciaisconciliação/mediação/arbitragem – Lei nº13.129, de 26/5/2015 – Reforma da Lei deArbitragem – Lei nº 13.140, de 26/6/2015 –Lei de Mediação e Novo CPC – Breve históricoda tramitação no Congresso.

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Modelos e programas novos desoluções de disputas de consumo:• Enunciados aprovados nas Jornadas de Prevenção e

Solução Extrajudicial de Litígios-STJ;

• Ombudsman Bancário;

• Dispute Board

• Novos designs;

• Procons;

• Programa de mediação online da FGV;

• Arbitragem nas relações de consumo (REsp 1.189.050);

• Cláusula de Mediação (Lei da Mediação – art. 2, § 1º);

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(Continuação)

• Mini júri, com Conselheiro neutro;

• Julgamento de imitação;

• Mediação em hospitais e colégios (modelos deombudsman);

• Disciplina obrigatória nas Universidades ecapacitação adequada.

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• Primeira questão: Há obrigatoriedade deimplementação de políticas públicas e privadas(por parte dos fornecedores) para implantação de“...métodos alternativos de solução de conflitosde consumo” (art. 4, V, CDC)?

• Segunda questão, em caso positivo: Haveráalguma sanção para o descumprimento?

• Recentes leis de desjudicialização (divórcio,inventário, dentre outras).

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2) MEDIAÇÃO/ARBITRAGEM E ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA:

• Sucesso em países como EUA e Itália (inclusiveno campo tributário).

• Alguns aspectos importantes da Lei nº13.140/15 – necessidade de regulamentaçãopara Administração?

• O papel das agências reguladoras.

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(Continuação)

• Interseções entre o público e o privado (teoriado interesse preponderante e o conceito deinteresse público – “a quem pertence o arque respiramos” – indagou Cappelletti).

• Interesse público primário e secundário.

• A Constituição Federal é o ponto de encontro(constitucionalização do direito civil e dodireito público?).

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3) GRANDES TEMAS DA PÓS MODERNIDADE EDA SOCIEDADE DE CONSUMO:

• Conceitos do CDC (fornecedor/consumidor) eproteção aos vulneráveis e hipervulneráveis;

• Obsolescência programada;

• Nascimento injusto;

• Spam;

• Superendividamento (limitação de desconto a30%);

• Consumidor por equiparação (dois paradigmas);

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(Continuação)

• Responsabilidade objetiva dos bancos porfraudes (fenômeno da “bancarização”);

• Ação indenizatória por tempo perdido;

• Planos de saúde (reajustes por faixa etária);

• Taxa de corretagem;

• Legitimação adequada para as ações coletivasdo consumidor frente ao recente precedentedo STF.

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4) ESTATÍSTICAS:

• Os números gritam por si: Em 1988, foram ajuizadasperto de 350 mil ações em todos os segmentos daJustiça.

• Em 2001, deram entrada cerca de 12 milhões defeitos.

• Em 2009, foram 25,3 milhões de novas demandas.

• Em 2011, 26,2 milhões.

• Em 2012, 28,2 milhões.

• Em 2013, 28,3 milhões.

• Em 2014, 28,9 milhões.

• Em 2015, 27,2 milhões.

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• Nesses 28 anos, enquanto o número de processosajuizados multiplicou-se em mais de 80 vezes, o númerode juízes chegou apenas a quadruplicar (4.900 Juízes em1988 e 17.338 em 2015).

• Em média, o Brasil possui a segunda maior carga detrabalho do mundo (5.966 processos por Juiz), e a maiortaxa de congestionamento (69,2%), malgrado o terceirolugar em produtividade (dados de 2015).

• Atualmente, há cerca de 74 milhões de processos emandamento no Brasil, 1 processo para cada 2,74habitantes. Na Austrália, há 1 processo para cada 6,4 milcidadãos.

• Para cada 100 mil habitantes, há no Brasil uma média de11 juízes; a média na Espanha é de 10 juízes; na Itália eArgentina, 11; na França, 12; e, em Portugal, 17.

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• Estados com maior número de advogados por 100mil habitantes (Fonte: Ministério da Justiça – Portal Atlasde Acesso, 2016 e Justiça em Números 2016 – Ano-Base2015):

Seccional TOTAL POR 100 MIL HABITANTES

1º Distrito Federal 1.047,23

2º Rio de Janeiro 803,15

3º São Paulo 602,89

4º Rio Grande do Sul 580,92

5º Paraná 462,50

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Total de advogados no Brasil: 908.190

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• Listagem dos 05 maiores setores litigantes em relaçãoaos processos em tramitação no Poder Judiciário –autor/réu (Fonte: 100 maiores litigantes 2011 – CNJ):

Ordem Total : Justiça Federal, Estadual e do Trabalho

1 Setor Público Federal 38%

2 Bancos 38%

3 Setor Público Estadual 8%

4 Telefonia 6%

5 Setor Público Municipal 5%

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• Casos novos de execuções fiscais na Justiça Estadual eFederal (Fonte: Justiça em números 2016 – Ano-Base 2015– CNJ):

• Casos pendentes de execuções fiscais: representamquase 39% das cerca de 74 milhões de ações quetramitam na Justiça.

Justiça Estadual Justiça Federal

2.161.918 (11,43% do total) 457.360 (14,16% do total)

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Pesquisa Prof. Sadeck (2015) – campanha da Associaçãodos Magistrados Brasileiros – AMB: “O uso da justiça e olitígio no Brasil”, subtítulo “Não deixe o Judiciário parar”.

- Os maiores litigantes no Brasil, como autores e como réus,separadamente.

- Em São Paulo (40% de todos os processos do País), maisda metade das ações é ajuizada pelo Poder Público(2010/13).

- Como maiores demandados, mais de 50% das açõesconcentradas no setor financeiro e telefonia.

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• Pesquisa comparativa entre alguns países da Europa,Ásia e Oceania acerca da duração média de umjulgamento civil incluindo recursos (Fonte: OECDEconomics Department Policy Notes, 2013):

368

524

528

778

788

950

2866

0 500 100015002000250030003500

Japão

República Tcheca

Suécia

Espanha

Média dos 16 países estudados*

França

Itália

Tempo (dias)

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5) CRIAÇÃO DO STJ:

a) A CRISE DA SUPREMA CORTE OU A CRISE DO RECURSOEXTRAORDINÁRIO?

b) O Superior Tribunal de Justiça, criado pela Constituição daRepública de 1988 para ser o guardião do direito federal,uniformizando a interpretação da legislaçãoinfraconstitucional, funciona, desde sua instalação, naverdade como o grande “Tribunal da Cidadania”.

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PAPEL CONSTITUCIONAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

- O destino encarregou essa Corte de Justiça de interpretar, em últimainstância, os diplomas jurídicos recentes mais importantes para aconsolidação da democracia no Brasil, sobretudo no âmbito do direitoprivado.

Destacam-se os seguintes diplomas legais, no âmbito da atividade econômica:

- Código Civil/2002;- Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990);- Lei de Recuperação Judicial e Falência (Lei 11.101/2005);- Código de Propriedade Industrial (Lei 9.279/1996);- Lei das Concessões (Lei 8.987/1995);- Lei de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012).

A função do recurso especial, súmula impeditiva de recurso (PEC 358/2005),questão federal (PEC 209/12)* e Lei dos Recursos Repetitivos (Lei11.672/2008). *AgRg no Ag 1.322.327/RJ

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Evolução de recursos distribuídos e julgados (STJ e STF):

STJ

Distribuídos Julgados

1989 6.103 3.711

1990 14.087 11.742

1999 118.977 128.042

2004 215.411 241.309

2005 211.128 271.428

2006 251.020 262.343

2007 313.364 330.257

2008 271.521 354.042

2009 292.103 328.718

2010 228.981 330.283

2011 290.901 317.105

2012 289.524 371.618

2013 309.677 354.843

2014 314.316 390.052

2015 332.905 461.490

STF

Distribuídos Julgados

1989 - -

1990 16.226 16.449

1999 54.437 56.307

2004 69.171 101.690

2005 79.577 103.700

2006 116.216 110.284

2007 112.938 159.522

2008 66.873 104.237

2009 42.729 89.355

2010 41.014 98.529

2011 38.109 93.712

2012 46.392 84.039

2013 44.170 85.000

2014 57.799 107.964

2015 65.108 109.193 19

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6) ASPECTOS GERAIS DA SEGURANÇA JURÍDICA:

- Duplo viés segurança do direito (direito positivo federal)garantia/proteção dos direitos

- Pesquisa Prof. Sadeck (2006) – Qual a orientaçãopreponderante para as decisões judiciais?

• Parâmetros legais (86,5% dos Juízes)• Consequências sociais (78,5% dos Juízes)• Consequências econômicas (36,5% dos Juízes)

- O papel da jurisprudência e dos precedentes dos TribunaisSuperiores (novo CPC).

- Direito fundamental à segurança jurídica (art. 5º, XXXVI, CF “alei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e acoisa julgada”).

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7) CONTRATO DE TRANSPORTE:

7.1. INTRODUÇÃO:- Direito de ir e vir.- As dimensões do tempo: sonho humano (“Em todas as ficções,

cada vez que um homem se defronta com diversas alternativas,opta por uma e elimina as outras; na do quase inextrincável Ts’uiPen, opta – simultaneamente – por todas. Cria assim, diversosfuturos, diversos tempos, que também proliferam e se bifurcam”Jorge Luís Borges).

- Transportar é conduzir, de um lugar para o outro, carga oupessoa.

- Relação contratual (não pode ser gratuito).- Pressupõe a utilização de meios adequados para o transporte.- Espécies: marítimo, fluvial, aéreo, terrestre, urbano, municipal,

interestadual, internacional, coletivo/individual (táxi? Uber?) –exploração do serviço pelo Estado (ou terceiros autorizados,concedidos, permitidos).

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7.2. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRANSPORTE (pessoa oucoisa):

- Bilateral: requer a declaração de vontade das pessoas que deleparticipam.

- Oneroso: ambas as partes visam a obter vantagens, impondo-se encargosreciprocamente em benefício uma da outra (OBS- SUMULA 145- STJ –transporte desinteressado – dolo ou culpa grave).

- Comutativo: as prestações de ambas as partes são conhecidas deantemão, guardando entre si relativa equivalência de valores.

- Consensual: forma-se exclusivamente pelo acordo de vontades.

- Adesão

- Resultado

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7.3. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL:

- Regras e princípios da Constituição/1988.

- Até o advento do Código de Defesa do Consumidor, osistema de proteção ao usuário era limitado ao direitocomum.

- Parte do contrato de transporte de coisas estavaregulamentada no vetusto Código Comercial (1850).

- A regulamentação atual está no Código Civil de 2002,com inúmeras leis esparsas e o “diálogo das fontes”com o Código de Defesa do Consumidor.

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- Ferroviário: no início do século passado (Decreto 2.681,de 7 de dezembro de 1912).

- Aéreo internacional: em 1931, com a Convenção deVarsóvia (substituída, em 2006, pela Convenção deMontreal).

- Aéreo interno: com o Decreto-lei 32, de 18 de novembrode 1966 (antigo Código Brasileiro do Ar), substituído peloCódigo Brasileiro de Aeronáutica (Lei nº 7.565, de 19 dedezembro de 1986).

- O transporte rodoviário de cargas: Lei nº 11.442/2007.

- Política Nacional de Mobilidade Urbana: com a Lei nº12.587, de 3 de janeiro de 2012.

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7.4. RELAÇÃO DE CONSUMO:

- Aplicação do CDC?

- Enunciado 369 do CEJ: Diante do preceito constante noart. 732 do Código Civil, teleologicamente e em uma visãoconstitucional de unidade do sistema, quando o contratode transporte constituir uma relação de consumo,aplicam-se as normas do Código de Defesa do Consumidorque forem mais benéficas a este.

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7.5. RELAÇÕES JURÍDICAS E RESPONSABILIDADES DOTRANSPORTADOR:

- Em relação aos seus empregados (responde por dolo ouqualquer grau de culpa).

- Em relação a terceiros (responsabilidadeextracontratual, dolo ou culpa).

- Em relação aos passageiros ou cargas (responsabilidadeobjetiva).

- Em relação ao poder concedente (relação jurídicacomplexa – Lei das Concessões – Lei nº 8.987/1995).

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PRECEDENTES

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• Legislação e prazo de prescrição:– O CC/16 não disciplinava especificamente o transporte de pessoas e coisas.Até então, a regulamentação dessa atividade era feita por leis esparsas e peloCCom, que não traziam dispositivo algum relativo à responsabilidade notransporte rodoviário de pessoas.– Diante disso, cabia à doutrina e à jurisprudência determinar os contornosda responsabilidade pelo defeito na prestação do serviço de transporte depassageiros. Nesse esforço interpretativo, esta Corte firmou o entendimentode que danos causados ao viajante, em decorrência de acidente de trânsito,não importavam em defeito na prestação do serviço e, portanto, o prazoprescricional para ajuizamento da respectiva ação devia respeitar o CC/16, enão o CDC.– Com o advento do CC/2002, não há mais espaço para discussão. O art. 734fixa expressamente a responsabilidade objetiva do transportador pelos danoscausados às pessoas por ele transportadas, o que engloba o dever de garantira segurança do passageiro, de modo que ocorrências que afetem o bem-estardo viajante devem ser classificadas como defeito na prestação do serviço detransporte de pessoas.– Como decorrência lógica, os contratos de transporte de pessoas ficamsujeitos ao prazo prescricional específico do art. 27 do CDC. Deixa de incidir,por ser genérico, o prazo prescricional do Código Civil.Recurso especial não conhecido (REsp 958833/RS, Rel. Min. NancyAndrighi).

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• A Segunda Seção do STJ analisou o prazo prescricional emação de cobrança de valores concernentes a despesas desobre-estadia de contêineres – demurrage. Foi fixada atese segundo a qual, “em se tratando de transporteunimodal de cargas, quando a taxa de sobre-estadia objetoda cobrança for oriunda de disposição contratual queestabeleça os dados e os critérios necessários ao cálculo dosvalores devidos a título de ressarcimento pelos prejuízoscausados em virtude do retorno tardio do contêiner, seráquinquenal o prazo prescricional (art. 206, § 5º, inciso I, doCódigo Civil). Caso contrário, ou seja, nas hipóteses em queinexistente prévia estipulação contratual, aplica-se a regrageral do art. 205 do Código Civil, ocorrendo a prescrição em10 (dez) anos” (REsp 1.340.041/SP, Rel. Min. Ricardo VillasBôas Cueva) .

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• Consumidor por equiparação:Extravio de bagagens do preposto contendo partituras a serem executadas em espetáculoorganizado pela empresa autora. Legitimidade ativa ad causam. Equiparação aoconsumidor. Impossibilidade. Teoria da asserção. Empresa autora beneficiária do contratohavido entre o maestro e a ré. Responsabilidade extracontratual.

1. Em caso de defeito de conformidade ou vício do serviço, não cabe a aplicação do art. 17,CDC, pois a Lei somente equiparou as vítimas do evento ao consumidor nas hipóteses dosarts. 12 a 16 do CDC.

2. A teoria da asserção, adotada pelo nosso sistema legal, permite a verificação dascondições da ação com base nos fatos narrados na petição inicial.

3. No caso em exame, como causa de pedir e fundamentação jurídica, a autora invocou,além do Código de Defesa do Consumidor, também o Código Civil e a teoria geral daresponsabilidade civil.

4. Destarte, como o acórdão apreciou a causa apenas aplicando o art. 17, CDC, malferindoo dispositivo legal, o que, como examinado, por si só, no caso concreto, não implica emilegitimidade passiva da autora, a melhor solução para a hipótese é acolher em parte orecurso da ré, apenas para cassar o acórdão, permitindo que novo julgamento sejarealizado, apreciando-se todos os ângulos da questão, notadamente o pedido com base nateoria geral da responsabilidade civil.

5. Recurso especial parcialmente conhecido e, na extensão, provido (REsp 753.512/RJ, Rel.Min. João Otávio de Noronha, Rel. p/ Acórdão Min. Luis Felipe Salomão, 4.ª Turma, DJ10.08.2010).

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Page 31: Ministro Luis

• Empréstimo de veículo (risco social) – Fatoda coisa e ato terceiro:

– Um proprietário de veículo automotor que oempresta a seu filho menor de idade poderesponder pelos danos causados a outrem, tantopor ser genitor do causador imediato do dano(art. 932, inciso I, CC/2002), quanto por ser oproprietário do automóvel (REsp 895.419/DF, Rel.Min. Aldir Passarinho Junior, 4.ª Turma, j.03.08.2010, DJe 27.08.2010).

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Page 32: Ministro Luis

• Acidente envolvendo veículo locado –Responsabilidade solidária da locadora:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL. AÇÃOINDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE VEÍCULO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.SÚMULAS 282 E 356 DO STF. LOCADORA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.SÚMULA 492/STF. DANOS MORAIS. REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ.ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTO DO STJ.SÚMULA 83/STJ. AGRAVO IMPROVIDO.

[...]

3. O acórdão recorrido está em consonância com o entendimento desta Corte nosentido de ser solidária a responsabilidade da locadora pelos danos causados aterceiro pelo uso de veículo locado. Incidência da Súmula n. 492 do STF. Incidênciada Súmula n. 83/STJ.

4. Agravo interno a que se nega provimento.

(AgInt no AREsp 951.119/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRATURMA, julgado em 18/10/2016, DJe 28/10/2016)

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Page 33: Ministro Luis

• Acidente de trânsito – Responsabilidadesolidária de proprietário do semirreboque:

RECURSO ESPECIAL. ART. 535 DO CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL EMACIDENTE DE TRÂNSITO. REBOQUE E CAMINHÃO TRATOR. RESPONSABILIDADESOLIDÁRIA. LEGITIMIDADE PASSIVA DAS EMPRESAS PROPRIETÁRIAS DOSVEÍCULOS.

1. Não há violação ao art. 535, II, do CPC, quando, rejeitados os embargos dedeclaração, a matéria em exame é devidamente enfrentada pelo Tribunal deorigem, que emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que emsentido contrário à pretensão da recorrente.

2. A empresa proprietária de semirreboque é solidariamente responsávelpelos danos causados em acidente envolvendo o caminhão trator, no qual seencontrava acoplado, devendo, assim, figurar no polo passivo de ação deindenização em razão dos prejuízos advindo daquele evento.

3. Recurso especial não provido.

(REsp 1289202/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgadoem 21/06/2016, DJe 29/08/2016)

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Page 34: Ministro Luis

• Teoria da guarda da coisa e responsabilidadeobjetiva de preposto:

- Esse é o magistério de Cavalieri Filho, na linha do entendimento de Caio Márioda Silva Pereira:- Estabeleceu-se depois que para alguém ser considerado guardião, mais do quemera detenção da coisa, terá que ter poder de comando sobre ela. É por isso queo preposto não pode ser considerado guarda da coisa, posto que, embora tenhasua detenção material, a conduz sob as ordens ou direção do preponente.- Chegou-se, por esses caminhos, à noção de guarda intelectual como sendo aque mais atende ao conceito. Guarda é aquele que tem a direção intelectual dacoisa, que se define como poder de dar ordens, poder de comando, esteja ou nãoem contato material com ela (Caio Mário da Silva Pereira, ob. cit., p. 103). Guardara coisa implica, em última instância, a obrigação de impedir que ela escape aocontrole humano.- Para estabelecer a responsabilidade pelo fato da coisa, portanto, cumpreapurar quem tinha o efetivo poder de comando ou direção sobre ela nomomento em que provocou o dano – e não, simplesmente, quem a detinha.- Nessa linha de raciocínio, somente pela culpa exclusiva da vítima, equiparável afortuito externo, o guardião da coisa se isentaria da responsabilidade pela guarda(REsp 1072577/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgadoem 12/04/2012, DJe 26/04/2012).

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Page 35: Ministro Luis

2. A culpa da prestadora do serviço de transporte ferroviário configura-se,no caso de atropelamento de transeunte na via férrea, quando existenteomissão ou negligência do dever de vedação física das faixas de domínioda ferrovia – com muros e cercas – bem como da sinalização e dafiscalização dessas medidas garantidoras da segurança na circulação dapopulação. Precedentes.

5. Para efeitos do art. 543-C do CPC: no caso de atropelamento de pedestreem via férrea, configura-se a concorrência de causas, impondo a redução daindenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária dotransporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limitesda linha férrea, mormente em locais urbanos e populosos, adotandoconduta negligente no tocante às necessárias práticas de cuidado evigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; e (ii) a vítima adotaconduta imprudente, atravessando a via férrea em local inapropriado(REsp 1.172.421/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado sob o ritodo recurso repetitivo).

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• Responsabilidade civil da empresa prestadora detransporte ferroviário por acidente em passagemde nível:

Page 36: Ministro Luis

• Responsabilidade civil da empresa prestadora detransporte público por dano causado apassageiro em decorrência de freada brusca:

RESPONSABILIDADE CIVIL. Estado de necessidade. Ônibus. Freadaque provoca queda de passageiro.- A empresa responde pelo dano sofrido por passageira que sofrequeda no interior do coletivo, provocada por freada brusca doveículo, em decorrência de estilhaçamento do vidro do ônibusprovocado por terceiro.- O motorista que age em estado de necessidade e causa dano emterceiro que não provocou o perigo, deve a este indenizar, comdireito regressivo contra o que criou o perigo. Arts. 160, II, 1519 e1520 do CCivil.Recurso não conhecido.(REsp 209.062/RJ, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTATURMA, DJ de 05/08/2002).

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Page 37: Ministro Luis

• Culpa concorrente – passageiro que mantinha obraço apoiado na janela e prática de manobraperigosa pelo motorista – matéria de fato:

Agravo regimental recurso especial não admitido. Indenização. Acidente.Transporte de passageiros. Culpa concorrente. Divergência não configurada.

1. Na hipótese destes autos, deixou claro o Tribunal, mediante análise doconjunto probatório, que houve culpa concorrente na ocorrência do acidentee que o passageiro apenas apoiava seu cotovelo na janela quando o motoristado ônibus praticou a manobra perigosa, tendo raspado "o poste desde a suafrente (espelho dianteiro) até a sua traseira onde estava sentado o Autor",violando o Código de Trânsito Brasileiro. No paradigma, ao contrário, ficouevidenciada a responsabilidade exclusiva da vítima, que viajava com o braçopara fora do veículo, ressaltada, ainda, a inexistência de colisão do ônibuscontra o poste. Não se verifica, assim, a identidade fática entre os julgados.

2. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no Ag 560.524/RS, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO,TERCEIRA TURMA, DJ de 17/12/2004).

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Page 38: Ministro Luis

• Responsabilidade da empresa de transporte pelainterrupção de viagem de passageiro por forçade bagagem mal acondicionada:

Transporte. Ônibus. Bagagem. Interrupção da viagem.Culpa da empresa.- A empresa que não verifica as condições da bagagemquando da partida e impede o passageiro de seguirviagem no meio do trajeto, alegando que um aparelhode televisão estava mal acondicionado, cumpriu mal oseu contrato e por isso deve indenizar o dano para o qualconcorreu.Recurso conhecido e provido.(REsp 475.261/MT, Rel. Ministro RUY ROSADO DEAGUIAR, QUARTA TURMA, DJ de 04/08/2003).

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Page 39: Ministro Luis

• Nexo de causalidade entre a conduta da empresade transporte e a morte de passageiro que pula deônibus desgovernado:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE. PASSAGEIRO QUE PULADE ÔNIBUS DESGOVERNADO E VEM A FALECER. ROMPIMENTODO NEXO DE CAUSALIDADE. INOCORRÊNCIA.

Não há como se acolher a tese de rompimento do nexo decausalidade pois, na espécie, a recorrente deu causa à situaçãode perigo em que se encontrava a vítima e as demais pessoastransportadas.

Recurso especial não conhecido.

(REsp 729.732/SP, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTATURMA, DJ 23/10/2006).

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• Responsabilidade da empresa de transporte público pordanos causados pela combustão de material explosivoportado por passageiro ante a negligência do preposto:

CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE EM COLETIVO PROVOCADOPOR COMBUSTÃO DE MATERIAL EXPLOSIVO (FOGOS DE ARTIFÍCIO) PORTADOS PORPASSAGEIRA. LESÕES CAUSADAS EM OUTROS PASSAGEIROS. RESPONSABILIDADE DAEMPRESA PERMISSIONÁRIA DO TRANSPORTE PÚBLICO. NEGLIGÊNCIA DO PREPOSTO.ATO ILÍCITO. CONFIGURAÇÃO. RISCO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. CASO FORTUITONÃO CARACTERIZADO. CC, ART. 1.521. CDC, ART. 22.I. As empresas permissionárias de transporte público são obrigadas a conduzir, comsegurança, os passageiros aos locais de destino da linha que explora, o que resultana sua responsabilidade pela ocorrência de incêndio ocorrido no interior do coletivoderivado da combustão de material explosivo carregado por passageira queadentrou o ônibus conduzindo pacote de volume expressivo, cujo ingresso se deu,excepcionalmente, pela porta da frente, mediante prévia autorização do motorista.II. Fato previsível e inerente à atividade empresarial, que deve ser avaliado caso acaso, não se limitando a responsabilidade do transportador exclusivamente àqueleseventos comumente verificados, mas a todos aqueles que se possa esperar comopossíveis ou previsíveis de acontecer, dentro do amplo leque de variáveis inerentesao meio, interno ou externo, em que trafega o coletivo, resultando no afastamentoda hipótese de caso fortuito.III. Recurso especial conhecido e parcialmente provido, para restabelecer acondenação imposta pelo Tribunal a quo no grau de apelação, reformando-se adecisão tomada pela Corte nos embargos infringentes. Preclusão da pretensão dasautoras de revigoramento da sentença, eis que não interpuseram, na época própria,recurso especial especificamente impugnando a redução das verbas condenatórias.(REsp 168.985/RJ, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, DJ de21/08/2000).

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• Responsabilidade da empresa de transporteaéreo pelo atraso decorrente do tragamento deave pela turbina da aeronave – ausência de casofortuito – previsibilidade:

Recurso Especial. Ação indenizatória. Transporte Aéreo. Atraso em vôo c/cadiamento de viagem. Responsabilidade Civil. Hipóteses de exclusão. CasoFortuito ou Força Maior. Pássaros. Sucção pela turbina de avião.- A responsabilização do transportador aéreo pelos danos causados apassageiros por atraso em voo e adiamento da viagem programada, ainda queconsiderada objetiva, não é infensa às excludentes de responsabilidade civil.- As avarias provocadas em turbinas de aviões, pelo tragamento de urubus,constituem-se em fato corriqueiro no Brasil, ao qual não se pode atribuir anota de imprevisibilidade marcante do caso fortuito.- É dever de toda companhia aérea não só transportar o passageiro como levá-lo incólume ao destino. Se a aeronave é avariada pela sucção de grandespássaros, impõe a cautela seja o maquinário revisto e os passageirosremanejados para vôos alternos em outras companhias. O atraso por si sódecorrente desta operação impõe a responsabilização da empresa aérea, nostermos da atividade de risco que oferece.(REsp 401.397/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, DJ de09/09/2002).

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• Responsabilidade civil da empresa de transporte públicopor dano causado a passageiro decorrente de assalto eestupro ante a omissão do preposto da empresa:

CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ASSALTO A ÔNIBUS SEGUIDO DEESTUPRO DE PASSAGEIRA. CASO FORTUITO. CONFIGURAÇÃO. PREPOSTO.OMISSÃO NO SOCORRO À VÍTIMA. RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA.I. A 2ª Seção do STJ, no julgamento do REsp n. 435.865/RJ (Rel. Min. BarrosMonteiro, por maioria, julgado em 09.10.2002), uniformizou entendimento nosentido de que constitui caso fortuito, excludente de responsabilidade daempresa transportadora, assalto a mão armada ocorrido dentro de veículocoletivo.II. Caso, entretanto, em que a prova dos autos revelou que o motorista doônibus era indiretamente vinculado a dois dos assaltantes e que se houvecom omissão quando deixou de imediatamente buscar o auxílio deautoridade policial, agravando as lesões de ordem física, material e moralacontecidas com a passageira, pelo que, em tais circunstâncias, agiu comculpa a ré, agravando a situação da autora, e por tal respondendo civilmente,na proporção desta omissão.III. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.(REsp 402.227/RJ, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA,DJ 26/04/2004).

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• Disparo de arma de fogo no interior do ônibus –fato de terceiro excludente de responsabilidadecivil:

RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE COLETIVO. DISPARO DEARMA DE FOGO NO INTERIOR DO ÔNIBUS. FORÇA MAIOR.

– Constitui causa excludente de responsabilidade da empresatransportadora fato causado por terceiro inteiramente estranhoao transporte em si. Vítima atingida por disparo de arma de fogoefetuado por um dos passageiros do coletivo em meio a umaconfusão ou baderna. Precedente da Segunda Seção do STJ.

Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 262.682/MG, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTATURMA, DJ de 20/06/2005).

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• Fato de terceiro conexo ao de transporte –responsabilidade civil da prestadora de transporte público– risco da atividade:

Ação de responsabilidade civil. Empresa de transporte coletivo. Fato de terceiro. Pensão.Dano moral. Precedentes da Corte.1. Cuida o caso de saber se a culpa do terceiro motorista do caminhão, que empurrouo carro para baixo do ônibus e fez com que este atropelasse os pedestres, causando-lhes morte e ferimentos severos, exclui o dever de indenizar da empresatransportadora. O princípio geral é o de que o fato culposo de terceiro, nessascircunstâncias, vincula-se ao risco da empresa de transporte, que como prestadora deserviço público responde pelo dano em decorrência, exatamente, do risco da suaatividade, preservado o direito de regresso. Tal não ocorreria se o caso fosse,realmente, fato doloso de terceiro. A jurisprudência tem admitido claramente que,mesmo ausente a ilicitude, a responsabilidade existe, ao fundamento de que o fato deterceiro que exonera a responsabilidade é aquele que com o transporte não guardeconexidade. Se o acidente ocorre enquanto trafegava o ônibus, provocado por outrosveículos, não se pode dizer que ocorreu fato de terceiro estranho ou sem conexidadecom o transporte. E sendo assim, o fato de terceiro não exclui o nexo causal, obrigando-se a prestadora de serviço público a ressarcir as vítimas, preservado o seu direito deregresso contra o terceiro causador do acidente. É uma orientação firme e benfazejabaseada no dever de segurança vinculado ao risco da atividade, que a modernaresponsabilidade civil, dos tempos do novo milênio, deve consolidar.(...)(REsp 469.867/SP, Rel. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, TERCEIRA TURMA,DJ de 14/11/2005).

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• Pedra lançada contra ônibus, ferindopassageiro – força maior causada por terceiro –exclusão da responsabilidade civil:

CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. TRANSPORTE DEPASSAGEIROS. FORÇA MAIOR. FATO DE TERCEIROS.ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE.

I. Constitui motivo de força maior, a isentar deresponsabilidade a empresa de transporte de passageiros,o fato de terceiro que arremessa pedra no ônibus e ferepassageiro.

II. Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 247.349/MG, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHOJUNIOR, QUARTA TURMA, DJ de 26/02/2009).

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• Correios - roubo de cargas – atividade econômica – fortuitoexterno – exclusão da responsabilidade civil:

RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CORREIOS. ROUBO DE CARGAS. RESPONSABILIDADE CIVILOBJETIVA. EXCLUSÃO. MOTIVO DE FORÇA MAIOR.

1. A empresa de Correios é de natureza pública federal, criada pelo Decreto-lei n. 509/69, prestadora deserviços postais sob regime de privilégio, cuja harmonia com a Constituição Federal, em parte, foireconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF n. 46/DF, julgada em 5.8.2009, relatorpara acórdão Ministro Eros Grau. Os Correios são, a um só tempo, empresa pública prestadora de serviçopúblico em sentido estrito, e agente inserido no mercado, desempenhando, neste caso, típica atividadeeconômica e se sujeitando ao regime de direito privado.

2. Destarte, o caso dos autos revela o exercício de atividade econômica típica, consubstanciada naprestação de serviço de "recebimento/coleta, transporte e entrega domiciliar aos destinatários emâmbito nacional" de "fitas de vídeo e/ou material promocional relativo a elas", por isso que os Correiosse sujeitam à responsabilidade civil própria das transportadoras de carga, as quais estão isentas deindenizar o dano causado na hipótese de força maior, cuja extensão conceitual abarca a ocorrência deroubo das mercadorias transportadas.

3. A força maior deve ser entendida, atualmente, como espécie do gênero fortuito externo, do qual fazparte também a culpa exclusiva de terceiros, os quais se contrapõem ao chamado fortuito interno. Oroubo, mediante uso de arma de fogo, em regra é fato de terceiro equiparável a força maior, que deveexcluir o dever de indenizar, mesmo no sistema de responsabilidade civil objetiva.

4. Com o julgamento do REsp. 435.865/RJ, pela Segunda Seção, ficou pacificado na jurisprudência do STJque, se não for demonstrado que a transportadora não adotou as cautelas que razoavelmente dela sepoderia esperar, o roubo de carga constitui motivo de força maior a isentar a sua responsabilidade.

5. Recurso especial provido.

(REsp 976.564/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 20/09/2012, DJe23/10/2012).

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• Transporte rodoviário interestadual - passageiro deixado emparada obrigatória – culpa exclusiva do consumidor:

RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRANSPORTE INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS. USUÁRIODEIXADO EM PARADA OBRIGATÓRIA. CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR.

1. A responsabilidade decorrente do contrato de transporte é objetiva, nos termos do art. 37, § 6º, daConstituição da República e dos arts. 14 e 22 do Código de Defesa do Consumidor, sendo atribuído aotransportador o dever reparatório quando demonstrado o nexo causal entre o defeito do serviço e o acidente deconsumo, do qual somente é passível de isenção quando houver culpa exclusiva do consumidor ou uma dascausas excludentes de responsabilidade genéricas (arts. 734 e 735 do Código Civil).

2. Deflui do contrato de transporte uma obrigação de resultado que incumbe ao transportador levar otransportado incólume ao seu destino (art. 730 do CC), sendo certo que a cláusula de incolumidade se refere àgarantia de que a concessionária de transporte irá empreender todos os esforços possíveis no sentido de isentar oconsumidor de perigo e de dano à sua integridade física, mantendo-o em segurança durante todo o trajeto, até achegada ao destino final.

3. Ademais, ao lado do dever principal de transladar os passageiros e suas bagagens até o local de destino comcuidado, exatidão e presteza, há o transportador que observar os deveres secundários de cumprir o itinerárioajustado e o horário marcado, sob pena de responsabilização pelo atraso ou pela mudança de trajeto.

4. Assim, a mera partida do coletivo sem a presença do viajante não pode ser equiparada automaticamente àfalha na prestação do serviço, decorrente da quebra da cláusula de incolumidade, devendo ser analisadas pelasinstâncias ordinárias as circunstâncias fáticas que envolveram o evento, tais como, quanto tempo o coletivopermaneceu na parada; se ele partiu antes do tempo previsto ou não; qual o tempo de atraso do passageiro; e sehouve por parte do motorista a chamada dos viajantes para reembarque de forma inequívoca.

5. O dever de o consumidor cooperar para a normal execução do contrato de transporte é essencial, impondo-se-lhe, entre outras responsabilidades, que também esteja atento às diretivas do motorista em relação ao tempo deparada para descanso, de modo a não prejudicar os demais passageiros (art. 738 do CC).

6. Recurso especial provido.

(REsp 1.354.369/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 05/05/2015, DJe de25/05/2015).

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• Extravio de bagagem – responsabilidadecivil da empresa prestadora de transportepúblico:

CIVIL E PROCESSUAL. ACÓRDÃO ESTADUAL. NULIDADE NÃOCONFIGURADA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. EXTRAVIO DE BAGAGEM. DANOMORAL CARACTERIZADO.

I. Inexiste nulidade no acórdão que enfrenta, suficiente efundamentadamente, a controvérsia, apenas com conclusão adversa àparte ré.

II. O extravio de bagagem por longo período traz, em si, a presunção dalesão moral causada ao passageiro, atraindo o dever de indenizar.

III. Não se configurando valor abusivo no quantum fixado a título deressarcimento, desnecessária a excepcional intervenção do STJ a respeito.

IV. Recurso especial não conhecido.

(REsp 686.384/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTATURMA, DJ de 30/05/2005).

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• Overbooking – responsabilidade civil da empresa detransporte pelo dano moral causado:

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATRASO DE VÔO (24 HORAS). EXCESSO DE LOTAÇÃONO VÔO ("OVERBOOKING"). DANO MORAL. VALOR. CONVENÇÃO DE VARSÓVIA.CDC. PREVALÊNCIA.

I. Inobstante a infraestrutura dos modernos aeroportos ou a disponibilização dehotéis e transporte adequados, tal não se revela suficiente para elidir o dano moralquando o atraso no vôo se configura excessivo, a gerar pesado desconforto e afliçãoao passageiro, extrapolando a situação de mera vicissitude, plenamente suportável.

II. Diversamente do atraso de vôo decorrente de razões de segurança, que, aindaassim, quando muito longo, gera direito à indenização por danos morais, a práticade "overbooking", constituída pela venda de passagens além do limite dacapacidade da aeronave, que é feita no interesse exclusivo da empresa aérea emdetrimento do direito do consumidor, exige sanção pecuniária maior, sem contudo,chegar-se a excesso que venha a produzir enriquecimento sem causa.

III. Recurso especial em parte conhecido e parcialmente provido.

(REsp 211.604/SC, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, DJ de23/06/2003).

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• Atraso injustificado no voo – responsabilidade civilda empresa de transporte aéreo pelo dano moralcausado:

RESPONSABILIDADE CIVIL. TRANSPORTE AÉREO. ATRASO DEVOO. A demora injustificada no transporte de passageirosacarreta danos morais.

Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 218.291/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER,TERCEIRA TURMA, DJ de 23/04/2007).

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• Reparação dos danos causados por prestador detransporte público – lucros cessantes – necessidade dedemonstração no processo de conhecimento –cumulatividade entre os danos morais e estéticos:

RESPONSABILIDADE CIVIL. ÔNIBUS. ATROPELAMENTO. VÍTIMA QUERESTOU TOTAL E PERMANENTEMENTE INCAPACITADA PARA OTRABALHO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. SENTENÇACONDICIONAL. INEXISTÊNCIA. CUMULAÇÃO DOS DANOS MORAISCOM OS ESTÉTICOS. ADMISSIBILIDADE.– Inexistência no caso de negativa de prestação jurisdicional.– A prova dos lucros cessantes deve ser realizada no processo deconhecimento. A apuração do montante correspondente àremuneração percebida pela vítima à época em que trabalhava podeser relegada à fase de liquidação. Inexistência de sentençacondicional, dadas as peculiaridades da espécie em exame– São cumuláveis os danos morais e danos estéticos, quandoatingidos valores pessoais distintos.Recurso especial não conhecido.(REsp 327.210/MG, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTATURMA, DJ de 1º/02/2005).

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• Necessidade de a sentença condenatória definir osdanos indenizáveis e o critério de correção:

RESPONSABILIDADE CIVIL. Transporte de passageiro. Ato de terceiro.Conteúdo da sentença condenatória.

- A transportadora responde pela indenização do dano sofrido pelopassageiro que desce do ônibus avariado para auxiliar o motorista eé atropelado por outro veículo. Controvérsia a respeito da extensãoda responsabilidade do transportador que não se estabelece no casodos autos.

- O acórdão que julga procedente a ação deve definir os danosindenizáveis e o critério de correção.

- Recurso conhecido em parte e provido.

(REsp 246.294/RJ, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTATURMA, DJ 12/06/2000).

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• Estudante de 14 anos – acidente fatal - responsabilidade civilsolidária entre a empresa transportadora e a instituição deensino contratante:

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANSPORTE ESCOLAR. MORTE DECRIANÇA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TRANSPORTADOR E DA INSTITUIÇÃO DE ENSINOCONTRATANTE. PENSIONAMENTO. DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO EQUITATIVO PELO JUIZ. MÉTODO BIFÁSICO. VALORIZAÇÃO DO INTERESSEJURÍDICO LESADO E DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO. JUROS LEGAIS MORATÓRIOS. TAXA SELIC.1. Ação de indenização por danos materiais e morais movida pelos pais de adolescente morto em acidentede trânsito com ônibus escolar na qual trafegava, contando com 14 anos de idade.2. Responsabilidade solidária da empresa transportadora e da fundação contratante do serviço detransporte escolar dos alunos de suas casas para a instituição de ensino.3. Afastamento da alegação de força maior diante do reconhecimento da culpa do motorista do ônibuspelas instâncias de origem.4. Discussão em torno do valor da indenização por dano moral, do montante da pensão e da taxa dos juroslegais moratórios. Dissídio jurisprudencial caracterizado com os precedentes das duas turmas integrantes daSegunda Secção do STJ.5. Redução do valor da indenização por dano moral na linha dos precedentes desta Corte, considerando asduas etapas que devem ser percorridas para esse arbitramento, para o montante correspondente a 500salários mínimos. Aplicação analógica do enunciado normativo do parágrafo único do art. 953 do CC/2002.6. Fixação do valor da pensão por morte em favor dos pais no valor de dois terços do salário mínimo a partirda data do óbito, pois a vítima já completara 14 anos de idade, até a data em que ela completaria 65 anosidade, reduzindo-se para um terço do salário mínimo a partir do momento em faria 25 anos de idade.Aplicação da Súmula 491 do STF na linha da jurisprudência do STJ.7. Fixação do índice dos juros legais moratórios com base na taxa Selic, seguindo os precedentes da CorteEspecial do STJ (REsp 1.102.552/CE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki).8. RECURSOS ESPECIAIS PARCIALMENTE PROVIDOS.(REsp 1197284/AM, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em23/10/2012, DJe 30/10/2012). 55

Page 56: Ministro Luis

• Termo de compromisso de ajustamento –título executivo:

EXECUÇÃO. TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO.EXECUÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO.

O termo de compromisso de ajustamento firmado entre oMinistério Público e a empresa de transporte coletivo, visandoà adaptação de ônibus às pessoas portadoras de deficiênciafísica, constitui título executivo, nos termos do art. 5º, § 6º, daLei nº 7.347, de 24.7.1985, introduzido pela Lei nº 8.078, de11.9.1990, que se encontra em vigor. Precedente: REsp nº213.947-MG.

Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 418.395/MA, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTATURMA, DJ de 16/09/2002).

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Page 57: Ministro Luis

• Transporte marítimo de cargas – exportadores e importadores– não incidência do CDC:

CIVIL E PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE TRANSPORTE MARÍTIMO DE CARGAS.NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA ESTABELECIDA ENTRE AS PARTES. CDC. AFASTAMENTO. ART. ANALISADO:2º, CDC.1. Ação coletiva, com pedido de liminar, distribuída em 2010, da qual foi extraído o presente recursoespecial, concluso ao Gabinete em 29/10/2013.2. Discute-se a incidência, à espécie, do Código de Defesa do Consumidor, bem como a legitimidade dacobrança de sobretaxas, feita em contrato de transporte marítimo de cargas.3. Embora seja vedada, nesta via estreita, a apreciação dos requisitos necessários para a concessão datutela antecipada, é possível a análise de violação de lei federal quando constatado evidente error injudicando, por equivocada qualificação jurídica dada aos fatos pelo Tribunal de origem, à luz dajurisprudência consolidada no STJ, como, na hipótese, se alega quanto à aplicação do CDC.4. A natureza da relação estabelecida entre as pessoas jurídicas - se de consumo ou puramenteempresarial - não pode ser qualificada a partir de uma análise feita exclusivamente pelo prisma doscontratantes, à margem de qualquer reflexão sobre o contexto no qual se insere o contrato celebrado.5. Quando o vínculo contratual entre as partes é necessário para a consecução da atividade empresarial(operação de meio), movido pelo intuito de obter lucro, não há falar em relação de consumo, ainda que,no plano restrito aos contratantes, um deles seja destinatário fático do bem ou serviço fornecido,retirando-o da cadeia de produção.6. Excepcionalmente, o STJ admite a incidência do CDC nos contratos celebrados entre pessoas jurídicas,quando evidente que uma delas, embora não seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço,apresenta-se em situação de vulnerabilidade em relação à outra.7. Em regra, o contrato de transporte de cargas é serviço agregado à atividade empresarial dosimportadores e exportadores de bens, que dele se valem para levar os seus produtos aos respectivosconsumidores, transferindo-lhes o custo no preço final (consumo intermediário).8. Na espécie, as recorridas não são destinatárias finais - no sentido fático e econômico - dos serviços detransporte marítimo de cargas prestado pelos recorrentes, nem foi reconhecida pelo Tribunal de origem acondição de vulnerabilidade daquelas em face destes, a atrair a incidência do CDC.9. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.(REsp 1.417.293/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/8/2014, DJe de2/9/2014).

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Page 58: Ministro Luis

• Direito do consumidor - inversão do ônus da prova:

RECURSO ESPECIAL - PROCESSUAL CIVIL - REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO -INCIDÊNCIA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - INVERSÃO DO ÔNUS DAPROVA - CRITÉRIO DO JUIZ - MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA - SÚMULA 7-STJ -PERÍCIA CONTÁBIL - NÃO OBRIGATORIEDADE DE PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS- RECURSO PROVIDO EM PARTE.(...)2 - Por outro lado, em se tratando de produção de provas, a inversão, em casode relação de consumo, não é automática, cabendo ao magistrado a apreciaçãodos aspectos de verossimilhança da alegação do consumidor ou de suahipossuficiência, conforme estabelece o art. 6, VIII, do referido diploma legal.Configurados tais requisitos, rever tal apreciação é inviável em face da Súmula07.3 - Todavia, a determinação expressa de imediato pagamento dos honoráriospericiais está em desarmonia com a jurisprudência desta Corte Superior deJustiça, já que a inversão do ônus da prova não obriga a parte contrária a arcarcom as custas da prova requerida pelo consumidor, acarretando, tão somente,as conseqüências processuais advindas de sua não produção.4 - Recurso conhecido em parte e, nesta parte, provido para, tão somente,afastar a imposição obrigatória de imediato pagamento dos honorários periciais,mantendo-se, entretanto, a inversão do ônus da prova.(REsp 774.564/SP, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, DJ de09/10/2006).

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• Direito do consumidor – competência dojuízo do domicílio do autor – destinatáriofinal:

Recurso Especial. Código de Defesa do Consumidor. Prestação deserviços. Destinatário final. Juízo competente. Foro de eleição.Domicílio do autor.

- Insere-se no conceito de "destinatário final" a empresa que seutiliza dos serviços prestados por outra, na hipótese em que seutilizou de tais serviços em benefício próprio, não os transformandopara prosseguir na sua cadeia produtiva.

-Estando a relação jurídica sujeita ao CDC, deve ser afastada acláusula que prevê o foro de eleição diverso do domicílio doconsumidor.

- Recurso especial conhecido e provido.

(REsp 488.274/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRATURMA, DJ de 23/06/2003).

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Page 60: Ministro Luis

• Seguradora que se recusa injustificadamenteno pagamento de indenização:

SEGURO. Dano moral. Indenização.

Manutenção da parcela correspondente à indenização pelodano moral decorrente do constrangimento imposto aosegurado, mas reduzida para 50 s.m. Recurso conhecido emparte e nessa parte parcialmente provido.

(REsp 257.036/RJ, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR,QUARTA TURMA, DJ de 12/02/2001).

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• Condenação direta e solidária da seguradoralitisdenunciada – REsp repetitivo:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DECONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. SEGURADORALITISDENUNCIADA EM AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOSMOVIDA EM FACE DO SEGURADO. CONDENAÇÃO DIRETA ESOLIDÁRIA. POSSIBILIDADE.

1. Para fins do art. 543-C do CPC: Em ação de reparação dedanos movida em face do segurado, a Seguradora denunciadapode ser condenada direta e solidariamente junto com este apagar a indenização devida à vítima, nos limites contratadosna apólice.

2. Recurso especial não provido.

(REsp 925.130/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 8/2/2012, DJe de 20/4/2012).

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• Descabimento de ação de reparação de danosajuizada diretamente contra a seguradora – REsprepetitivo:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DECONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOSAJUIZADA DIRETA E EXCLUSIVAMENTE EM FACE DA SEGURADORA DOSUPOSTO CAUSADOR. DESCABIMENTO COMO REGRA.1. Para fins do art. 543-C do CPC:1.1. Descabe ação do terceiro prejudicado ajuizada direta e exclusivamenteem face da Seguradora do apontado causador do dano.1.2. No seguro de responsabilidade civil facultativo a obrigação daSeguradora de ressarcir danos sofridos por terceiros pressupõe aresponsabilidade civil do segurado, a qual, de regra, não poderá serreconhecida em demanda na qual este não interveio, sob pena devulneração do devido processo legal e da ampla defesa.2. Recurso especial não provido.(REsp 962.230/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO,julgado em 8/2/2012, DJe de 20/4/2012).

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• Lei nº 10.209/2011 (Vale-Pedágio) – Cláusula Penal inserta no art. 8º(indenização correspondente a 2 vezes o valor do frete) –desproporcionalidade da sanção – redução:

RECURSO ESPECIAL. OFENSA AO ARTIGO 535 DO CPC. INOBSERVÂNCIA. CERCEAMENTO DE DEFESA.AUSÊNCIA. SÚMULA 07/STJ. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. ART. 205 DO CC. SÚMULA 83/STJ. LEI DOVALE-PEDÁGIO. CLÁUSULA PENAL ESTABELECIDA PELO ARTIGO 8º DA REFERIDA LEI. NECESSIDADE DEADEQUAÇÃO EM RELAÇÃO AO COMANDO DOS ARTIGOS 412 E 413 DO CC/2002. RECURSOPARCIALMENTE PROVIDO.1. Não se vislumbra a alegada violação ao artigo 535 do CPC, pois não caracteriza, por si só,omissão, contradição ou obscuridade o fato de o tribunal ter adotado outro fundamento que nãoaquele defendido pela parte.2. A revisão dos fundamentos que levaram a conclusão da Corte local, no que tange à nãoconfiguração de cerceamento de defesa ante a falta de produção de prova oral, demandaria oexame do conjunto fático-probatório, o que é vedado na instância especial, segundo o teor doenunciado da Súmula 7/STJ.3. Em relação a ação que visa à reparação civil por danos decorrentes do descumprimento deobrigação contratual, é firme o entendimento deste Tribunal Superior de ser decenal o prazoprescricional, conforme o artigo 205 do Código Civil. Súmula 83/STJ.4. A fixação da cláusula penal não pode estar indistintamente ao alvedrio dos contratantes, jáque o ordenamento jurídico prevê normas imperativas e cogentes, que possuem a finalidadede resguardar a parte mais fraca do contrato, como é o caso do artigo 412 do CC/2002.5. Embora não haja a possibilidade de determinar a exclusão da multa, pois issodescaracterizaria a pretensão impositiva do legislador, é cabível a aplicação do acercamentodelineado pelo art 413 do Código Civil, no qual está contemplada a redução equitativa domontante, se excessivo, pelo juiz, levando-se em consideração a natureza e a finalidade do negóciojurídico.6. Recurso especial parcialmente provido.(REsp 1.520.327/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 05/05/2016,DJe 27/05/2016)

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