modelacao de gesso

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FESTIVAL DE INVERNO DE ANTONINA 2000 MODELAÇÃO DE GESSO Materiais, Ferramentas e Procedimentos Prof. Dulce Maria de Paiva Fernandes Ceramista Victor Reinke ANTONINA 2000

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Como modelar em gesso.

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  • FESTIVAL DE INVERNO DE ANTONINA 2000

    MODELAO DE GESSO Materiais, Ferramentas e Procedimentos

    Prof. Dulce Maria de Paiva Fernandes

    Ceramista Victor Reinke

    ANTONINA 2000

  • INTRODUO

    A modelagem de gesso basicamente efetuada para a produo em srie de objetos cermicos, produzidos artesanal ou industrialmente, alm de tambm ser um procedimento utilizado na confeco de peas artsticas.

    Para que uma pea seja produzida em escala repetitiva necessrio executar um prottipo - modelo, normalmente em gesso ou argila, a partir do qual ser posteriormente feito o primeiro molde, em gesso, com o objetivo de reproduzir amostras de peas, em nmero limitado e posterior execuo de uma madre, a partir da qual se produzir a quantidade de moldes necessrios para a reproduo de peas cermicas. Para a execuo de todas estas operaes necessrio conhecer as vrias fases de processamento de modelos, moldes e madres assim como dos materiais e ferramentas a serem utilizadas para a construo dos mesmos.

    Atravs destes elementos de aprendizagem, pretende-se que este texto auxilie no incio da aprendizagem terica sobre os principais materiais, ferramentas e procedimentos, a serem complementados com os conhecimentos prticos introdutrios.

    1. MATERIAIS

    1.1. GESSO

    Propriedades Fsicas

    O mineral conhecido por gesso um sulfato de clcio de baixa dureza, de cor branco amarelada quando puro e muito encontrado em terrenos associado a calcrios, argilas, xistos argilosos, etc. No Brasil as melhores jazidas esto no Cear e fornecem matria prima para todo o Brasil. Como matria prima original para fabricao de modelos, moldes e madres na Indstria Cermica, o gesso sofre tratamento de calcinao entre 130 a 180 C perdendo desta forma parte da gua que o constitui. Sua calcinao feita em fornos abertos ou fechados, ou ainda em fornos contnuos.

    Existem dois tipos de gesso utilizado na indstria, o alfa e o beta. O gesso alfa, utilizado na fabricao de madres calcinado entre 160 e 180 C; o gesso beta utilizado na fabricao de modelos e moldes calcinado entre 130 e 140 C. Aps sua calcinao o gesso peneirado, seco e armazenado em sacos de papel. Deve ser mantido em local seco (portanto elevado do solo), para manter suas caractersticas.

    possvel utilizar o mesmo gesso para as madres adicionando-se uma quantidade de cimento em sua preparao para aumentar a dureza e a durabilidade da madre.

  • Utilizao

    A grande utilizao do gesso para a cermica deve-se ao seu baixo custo e sua propriedade de absorver gua devido sua porosidade. Neste sentido o gesso cermico tem-se mantido como a principal matria prima para o fabrico de modelos, madres e moldes na produo por enchimento, contra-moldagem ou prensagem, devido a algumas notveis propriedades:

    capacidade de fixar e transmitir s peas finos pormenores;

    estabilidade dimensional;

    boa capacidade de absoro de gua conduzindo formao de uma parede, a partir de uma barbotina (massa lquida para produo cermica);

    existncia de uma superfcie macia e durvel;

    reprodutibilidade das propriedades fsicas e qumicas;

    entupimento difcil dos poros, pela massa;

    baixo custo,

    fcil manuseio.

    Cuidados

    Na indstria cermica, embora tenham sido procurados numerosos materiais para a sua substituio, o gesso no perdeu a sua grande importncia, principalmente devido aos esforos desenvolvidos pelos produtores de gesso, para melhorar a qualidade do produto e o adaptar s exigncias das novas tcnicas de produo cermica. De fato as tcnicas de produo, controladas automaticamente, permitem uma homogeneidade das matrias primas.

    Durante a produo e a utilizao dos moldes de gesso importantssimo que os mesmos mantenham as suas propriedades por perodos de tempo to longos quanto possvel; estes perodos so definidos pela capacidade dos mesmos manterem o relevo em bom estado de reproduo e boa capacidade de absoro e resistncia mecnica. Os fatores que influenciam diretamente o tempo de vida til de um molde so:

    qualidade do gesso;

    armazenagem;

    relao gua-gesso;

    tempo e velocidade de agitao;

    secagem.

  • Armazenagem

    A armazenagem do gesso um dos fatores mais importantes para manter as suas caractersticas ideais. Para isto devem ser respeitadas duas regras bsicas:

    - aps aquisio de um lote de gesso deve-se manter o mesmo em repouso por um perodo no inferior a 30 dias, para que o mesmo possa "envelhecer". O envelhecimento do gesso permite diminuir a viscosidade da mistura e aumentar o tempo de fluidez da massa - barbotina, podendo-se rentabilizar a produo industrializada de moldes;

    - a armazenagem deve ser feita em local de pouca unidade e com uma temperatura ambiente que oscile entre 10 e 20 C, os sacos de papel devem ser empilhados sobre paletes de madeira, afastados do contato com o cho, possibilitando uma melhor circulao do ar.

    Relao Gesso - gua O fabrico da massa de gesso inicia-se com a juno do gesso gua, o tempo durante o qual se faz a adio deve ser constante, a fim de garantir a uniformidade da mistura durante a incorporao. Antes de se iniciar a agitao da massa deve-se manter a mesma em repouso para que todas as partculas de gesso sejam molhadas uniformemente. Existem no mercado vrios tipos de gesso com caractersticas especficas para cada trabalho, por isso deve-se consultar os folhetos tcnicos fornecidos pelos fabricantes, respeitando as instrues indicadas. No entanto, devido a especificidade de alguns trabalhos, surge a necessidade de realizar acertos na percentagem de gua e reduzir ou aumentar a velocidade de agitao para que se possa obter as transformaes necessrias.

    Pode-se constatar que:

    - quanto mais gesso for adicionado gua, mais rpida ser a reao e maior ser a resistncia mecnica, diminuindo, no entanto, o seu grau de porosidade e capacidade de absoro que desejvel para um enchimento com barbotina (formao da parede).

    Tempo e velocidade de agitao

    O controle do tempo e velocidade de agitao outro dos fatores importantes a ser considerado, para que a massa de gesso fique homognea.

    O controle do tempo de agitao de cada tipo de gesso, que podemos encontrar no mercado, pode ser facilitado com um relgio despertador - timer, ou um temporizador ligado ao agitador. O tempo mdio de trs minutos variando conforme o tipo de gesso e a qualidade do lote. Deve-se ter

  • cuidado com o tempo pois caso este seja reduzido ou seja reduzida a velocidade de agitao a massa resultante ter menor resistncia mecnica e portanto maior absoro.

    A execuo da mistura de gesso com gua e a sua posterior agitao deve ser feita em recipientes limpos.

    Secagem

    O controle do processo de secagem do gesso muito importante tambm. Para se prolongar o tempo de vida til do gesso deve-se observar o seguinte:

    - quanto maior for o corpo de gesso, mais tempo ser necessrio para sua secagem;

    - durante a secagem, com a liberao de gua, o corpo de gesso pode empenar se no estiver apoiado em superfcies planas que possibilitem tanto quanto possvel a circulao de ar;

    - o gesso depois de curado deve repousar pelo menos 2 a 3 horas antes de ser colocado no local da secagem;

    - o corpo de gesso pode ser secado foradamente a uma temperatura que no ultrapasse 50C;

    - o local de secagem do gesso deve ter um sistema de ventilao que possibilite a secagem uniforme de toda a sua superfcie, para que fique, depois de seco, com a mesma resistncia mecnica e grau de porosidade.

    Clculos de propores gesso-gua

    Para se obter massas de gesso homogneas, essencial que a dosagem do gesso e da gua seja sempre correta e uniforme. Muitas das vezes isto descuidado, mesmo por modelistas experientes, provocando grandes variaes na estrutura fsica e qumica do gesso. Sabe-se, por exemplo, que se adicionarmos menos gesso mesma porcentagem de gua, passamos a ter um gesso mais fraco em termos de resistncia mecnica (menos tempo de vida til), aumentando ao mesmo tempo o grau de porosidade e de permeabilidade ao ar e a gua.

    Para se executar clculos de propores gesso-gua, utiliza-se uma regra de proporcionalidade direta (regra de trs simples).

    Gesso - proporo bsica: 1 litro de gua - 1200g de gesso

  • 1.2. DESMOLDANTES

    Os desmoldantes so utilizados na indstria cermica para ajudar na execuo de modelos, moldes e madres, tendo por funo impermeabilizar os vrios tipos de materiais utilizados na construo dos mesmos, evitando que eles se colem uns aos outros, aps a sua sobreposio, por vazamento.

    Quadro dos desmoldantes mais utilizados na indstria cermica e dos resultados obtidos quando utilizados em gesso.

    Desmoldantes Composio Aplicao Resultados

    Sabo "mole" industrial

    Sabo mole + gua

    21 + 11 = 31

    deixar ferver cinco minutos

    Gesso Bons

    Verniz (fino) (celulose)

    Varia de fabricante para fabricante

    Gesso Bons- quando aplicado muito fino

    P de talco Mineral Gesso Insuficiente - deve- se adicionar outro desmoldante

    Vaselina lquida gua e olena Gesso Insuficiente - deve- se adicionar outro desmoldante

    Gorduras

    Animais e vegetais

    Varia com o produto Gesso Insuficiente - deve- se adicionar outro desmoldante

    Obs: a utilizao de um desmoldante contra - indicado ou insuficiente, no trabalho que se pretende desmoldar, pode pr em risco todo esse trabalho. Antes de iniciar qualquer tipo de trabalho, deve testar a qualidade do desmoldante que se vai utilizar.

  • 2. FERRAMENTAS

    2.1. AGITADOR MECNICO DE GESSO

    O agitador uma mquina constituda, essencialmente, por uma coluna vertical metlica, ao longo da qual desliza um bloco constitudo por um motor eltrico, que suporta uma hlice, que tem a funo de agitar o gesso.

    Funes: agitar, homogeneizando as massas de gesso. Deste modo, e atravs do controle das velocidades e do tempo que os mesmos permitem efetuar, possvel fabricar massas com qualidade uniforme, desde que as propriedades dos lotes de gesso no se alterem.

    Cuidados na utilizao:

    1. No verificar a consistncia do gesso com as mos, quando o motor estiver ligado.

    2. No deixar entrar gua no bloco do motor.

    3. Manter todas as zonas de passagem de corrente livres de umidade.

    4. Manter a mquina sempre limpa, em especial a hlice.

    5. Lubrificar a mquina periodicamente, de acordo com as instrues das fichas tcnicas de utilizao.

    Caractersticas mecnicas:

    1. Motor com veio e hlice.

    2. Coluna de suporte.

    3. Comandos eltricos.

    4. Suporte para o balde.

  • 2.2. SERROTES PARA GESSO

    Os serrotes para gesso mais comuns so utilizados para recortar perfis (fig. 1), placa (fig. 2), ou para serrar grandes superfcies (fig. 3). Estes serrotes devem ter dentes largos e com bastante trava (fig. 4). Aps cada utilizao, devem ser limpos e lubrificados de modo que as lminas de corte no se deteriorem rapidamente.

    fig. 1. Serra de recortes

    fig. 2. Serrote de poda

    fig. 3. Serrote Laureana

    fig. 4. Tipos de travas

  • 2.3.RASPADEIRAS EM AO

    As raspadeiras so ferramentas de ao utilizadas na construo de modelos, moldes e madres, para raspar ou polir superfcies planas, cncavas ou convexas.

    Caractersticas:

    As raspadeiras podem ser duras ou flexveis e com ou sem serrilhas, segundo o tipo de trabalho a executar:

    As duras, de serrilha, so utilizadas para raspar superfcies planas.

    As duras, lisas, so utilizadas para polir superfcies planas.

    As flexveis, com serrilhas, so utilizadas para raspar superfcies planas, cncavas ou convexas.

    As flexveis, lisas, so utilizadas para polir superfcies planas, cncavas ou convexas.

    As raspadeiras, duras ou flexveis, variam a sua espessura entre 0,1 mm e 1 mm.

    Forma de fixao de uma raspadeira num torno de bancada para ser afiada.

    Raspadeira flexvel, lisa e com serrilha

    Raspadeira de "rim" rija

    Raspadeira ruja, lisa e com serrilha

    Raspadeira de "rim" flexvel

    Obs: no final de cada utilizao as raspadeiras devem ser limpas e afiadas no torno de bancada, entre dois tacos de madeira, com uma lima, em movimentos oblquos, e, por fim, lubrificadas para que no enferrujem.

  • 2.4. TEQUES DE AO INOX

    Os teques de ao so os mais utilizados na modelao de gesso, devido grande resistncia ao desgaste; servem para raspar (teques com dentes) ou para polir (teques lisos) superfcies cncavas, convexas ou planas.

    Os modelos mais comuns de teques so:

    Apesar de existirem vrios modelos de teques em ao no mercado, muitos modeladores optam por construir os seus prprios teques, devido a especificidade de alguns trabalhos.

  • 2.5. TEQUES DE OSSO

    Os teques de osso so utilizados na modelao de barro para raspar (com dentes) ou para polir (lisos), superfcies cncavas, convexas ou planas. As formas mais comuns so:

    Obs: os teques de osso devem ser polidos com uma flanela fina sempre que necessrio, aps cada utilizao. Deve evitar-se a sua utilizao na modelao de gesso por se desgastarem muito facilmente,

    Apesar de existirem vrios tipos de teques de madeira no mercado, muitos modeladores optam por construir os seus prprios teques de osso, devido a especificidade de alguns trabalhos.

  • 2.6.GOIVAS

    As goivas so ferramentas utilizadas na modelao de gesso, constitudas por um cabo de madeira, um anel metlico de reforo e pontas metlicas com vrias configuraes (imagem). So utilizadas na modelao de canelados cncavos ou convexos, bem como na modelao de encanastrados. A dimenso das pontas das goivas varia conforme a aplicao a que se destinam.

    Tipos de goivas mais utilizadas em modelao:

  • 2.7. RECEPTCULOS

    Um receptculo um espao oco destinado a receber um determinado volume de material (lquido, pastoso ou aglomerado) que se molde a esse mesmo espao. Os receptculos so utilizados para a construo de modelos, moldes ou madres e devem ser suficientemente bem calafetados (para que no deixem escapar a substncia que iro conter) e fixos superfcie de suporte (para que no se desmoronem).

    Aplicaes e materiais utilizados

    Os receptculos aplicados na construo de modelos, moldes ou madres de faces retilneas so construdos com placas de madeira ou gesso; para a construo de receptculos de faces curvilneas, utilizamos chapas de zinco, chumbo, acrlico ou ainda lastras de argila.

  • 2.8. COMPASSOS

    Os compassos so instrumentos utilizados para traar circunferncias, dividir segmentos de reta em partes iguais, traar paralelas, determinar centros geomtricos e verificar medidas.

    Cuidados na utilizao

    Os compassos so peas delicadas que requerem cuidados de utilizao especficos, para que no se danifiquem, de modo a permitirem a executar com rigor as operaes a que se destinam. Dessa forma deve-se ter sempre ateno ao seu sistema de articulao, para que no crie folgas, bem como manter sempre afiadas as pontas ou bicos, evitando, deste modo, a possibilidade de erros na sua utilizao.

    Compassos mais comuns utilizados em modelao:

  • 2.9. TESOURAS MANUAIS PARA CHAPAS

    As tesouras manuais so ferramentas utilizadas na modelao para cortar chapas de zinco ou de alumnio utilizadas na construo de gabaritos e de receptculos. A forma das lminas das tesouras pode variar conforme a sua aplicao, seja para chapas rijas ou flexveis, para corte retilneos ou curvilneos.

    Cuidados na utilizao:

    Antes da utilizao de qualquer tesoura, deve-se confirmar se a mesma a indicada para o trabalho que se pretende executar, evitando assim que se danifiquem as lminas e a prpria articulao da tesoura.

    No final de cada utilizao, deve-se lubrificar a articulao da tesoura e verificar se a mesma est suficientemente justa de modo a no criar folgas que podero dificultar a sua funo. Quando as lminas perderem o seu "fio de corte" deve-se proceder sua reparao nas casas especializadas.

    Durante a operao de corte, aconselhvel usar luvas resistentes para proteger as mos de eventuais acidentes.

    Tesouras mais vulgares utilizadas em modelao:

  • 2.10. PAQUMETRO

    O parqumetro ou craveira uma ferramenta utilizada para medir comprimentos, espessuras e dimetros (internos e externos). A utilizao desta ferramenta feita quando existe necessidade de efetuar medies muito rigorosas.

    Nomenclatura

    1. Escala de polegadas (sistema ingls). 2. Escala de centmetros.

    3. Escala de milmetros.

    4. Escala de dcimos de milmetros.

    5. Haste de profundidade.

    6. Bico mvel.

    7. Bico fixo.

    8. Impulsor.

    9. Rgua.

    Efetuar medies

    A medio de uma pea feita com uma das trs zonas de medio do paqumetro colocando-a no local que pretendemos medir, depois de aberto e ajustado, efetuando a leitura da rgua na escala que pretendemos.

  • Aps se ter ajustado o paqumetro distncia a medir, efetuamos a leitura, para a direita, do primeiro para o segundo ponto zero. Desta forma saberemos qual a medida real em milmetros, centmetros, polegadas e dcimos de milmetro que tem a distncia que medimos.

    Na medio exemplificada na figura acima temos os seguintes valores:

    A rea medida tem: 2 cm + 4 mm + 0,5 mm (5 dcimos de mm). Depois de efetuada a leitura dos centmetros ou dos milmetros, entre o zero da escala dos centmetros e o zero da escala dos dcimos, podemos proceder leitura dos dcimos de milmetro, iniciando-a no zero da escala at o ponto que coincida primeiro exatamente com um dos traos colocados sua direita.

    Obs: Os paqumetros so instrumentos de grande preciso devendo, por isso, ser bem acondicionados aps a sua utilizao, evitando, deste modo, choques ou quedas, que possam danificar as suas escalas de medio.

  • 2.11. MALHETES

    Os malhetes de gesso ou plstico tem por funo principal servir de guia s varias partes do molde ou madre, de modo a que estas, ao serem fechadas ou abertas, se mantenham na mesma posio.

    As formas dos malhetes em gesso ou em plstico mais comuns so:

  • Cuidados a ter na seleo dos malhetes a utilizar:

    Durante a execuo de um molde ou de uma madre devemos ter presentes, na seleo dos malhetes, os seguintes parmetros:

    resistncia ao desgaste que o malhete vai suportar;

    resistncia mecnica;

    facilidade de construo e aplicao;

    preo por unidade;

    exigncias especficas do prprio trabalho.

    Fixao ou construo de malhetes

    Os malhetes de plstico fmea so fixados ao gesso com a ajuda da argila.

    Os malhetes de gesso ou de correr so construdos em negativo com a ajuda de um anel de tornear, faca ou "faca de volta".

  • 2.12. TORNOS DE GESSO

    O torno de gesso tem por funo auxiliar o modelador na construo de moldes, modelos ou madres de forma revolutiva. Basicamente uma mquina rotativa composta por um motor eltrico e por um veio vertical que suporta um prato circular, de alumnio ou gesso, no seu topo e sobre a qual so montados receptculos de modo a conter o gesso que posteriormente ser torneado.

    Cuidados a ter na sua utilizao:

    Manter todas as zonas eltricas isentas de gua.

    Manter o torno fixo ao cho de modo a minimizar as possibilidades de existncias de vibraes.

    Ter sempre em ateno, ao iniciar um trabalho, o sentido de rotao do torno.

    Parar e arrancar, sempre com o torno na velocidade mnima.

    Fazer a manuteno peridica das peas necessrias, descritas nas fichas tcnicas dos tornos.

    Caractersticas mecnicas: (mais comuns) 220 V ou 380 V

    Com variao de velocidade eletrnica, ou de tambor livre com correia comandado por pedal.

    HP 0,5 a 1,5

    Com um ou dois sentidos de rotao.

    Obs: O torneamento de peas cermicas uma das fases mais importantes da modelao, porque grande parte dos modelos construdos em gesso, para peas industriais ou decorativas, nasce de formas cilndricas, que depois podem ser cortadas ou acrescentadas de modo a completar o corpo

  • bsico do modelo, molde ou madre. No so de excluir, no entanto, alguns modelos de forma cbica, que so torneados inicialmente e depois so totalmente facetados de modo a que as arestas do modelo final se mantenham perfeitas, situao que por vezes no fcil de controlar, quando os modelos cbicos so construdos em receptculo.

    2.13. FERROS DE TORNEAR

    Os ferros de tornear so utilizados no torneamento de superfcies cncavas, convexas ou planas de modelos, moldes ou madres. As lminas de corte do ferro devem manter-se, tanto quanto possvel, afiadas e limpas de gesso seco de modo a que no percam a capacidade de corte.

    As formas mais comuns das lminas de corte dos ferros de tornear so:

    Nomenclatura de um ferro de tornear:

    1. Lmina de ao carbono.

    2. Ao inox dimetro de 8 mm.

    3. Anel metlico de reforo.

    4. Cabo de madeira.

  • Ferros de tornear fretes para tornos com "pau de apoio" frontal.

    Ferro de tornear para tornos com "pau de apoio" frontal.

    Ferros de tornear para tornos com "pau de apoio" lateral

  • 3. PROCEDIMENTOS

    MODELOS / MOLDES / MADRES

    Os modelos para produo de moldes podem ser produzidos em argila ou em gesso. Aps sua execuo so produzidos os moldes, que podem ser, conforme o desenho da pea, nicos, bipartidos, tripartidos, quadripartidos ou "n" partidos. As madres so moldes do molde de gesso que permitem sua reproduo (molde) seriada. Aps a produo de um modelo deve-se estud-lo para iniciar a construo do molde. Devem-se realizar as marcaes de diviso no mesmo e preparar sua execuo.

    3.1. MODELOS

    Modelo de forma cbica

    Fases de execuo:

    1. Depois de analisado o projeto do modelo, inicie a execuo da placa de apoio.

    2. Monte o receptculo e proceda ao seu enchimento.

    3. Desmonte o receptculo e limpe as arestas do bloco com a ajuda de uma raspadeira, deixando-as bem definidas, e de seguida confira as dimenses mximas do bloco.

  • 4. Normalmente necessrio raspar a parte de cima do bloco, uma vez que a zona do modelo menos definida. Para isso deve-se marcar, com a ajuda de uma rgua, a altura mxima do modelo nas quatro faces.

    3.2. REDUO E AMPLIAO DE PEAS PARA CONSTRUO DE MODELOS / MOLDES

    A ampliao ou reduo de peas ou modelos uma fase da modelao muito delicada porque, se no forem efetuadas, podem dar resultados que podero por em perda muitas horas de trabalho. Para que isto no acontea, convm que se retire do projeto ou da pea, medidas verticais e horizontais, tantas quantas as necessrias, para que, ao serem reduzidas ou ampliadas, mantenham o perfil original.

    A frmula que traduz uma ampliao :

    Medida real (X) x porcentagem (%) = X% da medida real Medida real + X % da medida real = medida real ampliada

    Ex: Se uma pea tiver de altura 10 cm e a quisermos ampliar 13%, teramos: 10 cm x 13 % = 1,3 cm

    10 cm + 1,3 cm = 11,3 cm (altura real da pea + 13 % de ampliao)

    A frmula que traduz uma reduo :

    Medida real (X) x percentagem (%) = X% da medida real Medida real - X % da medida real = medida real reduzida

    Ex: Se uma pea tiver de largura 3 5 cm e a quisermos reduzir 7 % teramos: 3 5 cm x 7% = 2,45

    3 5 cm - 2,45 cm = 32,55 cm (largura real da pea com 7 % de reduo)

  • 3.3. PRODUO DE "GABARITO" (ESCANTILHO) PARA CONSTRUO DE PERFIS REGULARES SEM USO DE TORNO

    O gabarito uma ferramenta auxiliar utilizada pelo modelador para a execuo de modelos em gesso de forma no revolutiva. O gabarito utilizado na construo e definio de perfis interiores e exteriores.

    Nomenclatura:

    Placa de apoio.

    Miolo.

    Escantilho interior.

    Escantilho exterior

    Modelo de gesso.

    Materiais e ferramentas

    O gabarito uma ferramenta construda em chapa de alumnio, com 1mm de espessura, fixa com pregos a um taco de madeira. A utilizao de chapas de alumnio na construo de gabarito deve-se ao fato de a mesma ser muito fcil de trabalhar, de baixo custo e muito resistente ao desgaste provocado pelo gesso durante a execuo dos modelos. Durante a construo dos gabaritos, utilizam-se tambm um taco em madeira e pregos para madeira. As ferramentas utilizadas para executar um escantilho so: serra de metal, tesoura de chapa para cortes retilneos e de curvas, limas e martelo.

  • 3.4. DIVISO DE MODELOS EM GESSO

    Diviso de circunferncias

    Quando um modelo de gesso est fixo placa de apoio sobre o torno, no possvel dividir uma circunferncia em partes iguais passando pelo centro. Deste modo existem dois processos para se executar essa diviso:

    Se o modelo se encontra em cima do torno, podemos retirar o dimetro da circunferncia com um compasso de pontas curvas e pass-lo para uma folha de papel, procedendo a diviso peio processo tradicional. Em seguida transportamos as medidas para o modelo com a ajuda de um compasso de pontas.

    Inicia-se marcando um ponto arbitrrio, definido na circunferncia e a partir desse ponto abre-se o compasso, a uma distncia varivel ( com a dimenso da circunferncia) e marca-se para a esquerda e para a direita. Desses pontos, outros pontos eqidistantes at se encontrar a sua interseo que definir o seu dimetro. Para se dividir a circunferncia em mais partes iguais, usa-se o mesmo processo.

  • Diviso de modelos na vertical, em partes iguais.

    Para se poder dividir modelos de gesso (fixos na placa do torno) em vrias partes iguais necessrio que j se tenha procedido, anteriormente, diviso de uma circunferncia concntrica na placa de apoio do torno. Aps esta diviso ter sido feita, fixamos a ponta do compasso num dos pontos achados (a) e traamos para a esquerda e para a direita dois pontos eqidistantes (b e c) do ponto inicial. Depois de termos marcado esses dois pontos, abrimos o compasso a partir de um deles (b), at ao modelo e traamos o primeiro ponto no modelo (d); seguidamente, com a mesma abertura do compasso, vamos achar o segundo ponto a partir do ponto oposto (c) e marc-lo no modelo (e) do qual resultar a interseo dos dois pontos (d + e). Aps termos procedido marcao do primeiro ponto (d + e), repetimos a operao para encontrarmos tantos pontos quantos os necessrios para efetuarmos a diviso do modelo na vertical. Depois da marcao de vrios pontos na vertical do modelo, procede-se a unio dos mesmos com o auxilio de uma rgua flexvel e lpis.

  • Diviso de modelos na horizontal e na diagonal em partes iguais

    Para se dividir modelos na horizontal, basta dividir, no desenho, o modelo que executamos e transpor para o mesmo em gesso essas medidas, com a ajuda de um compasso de pontas previamente aberto com a medida que achamos; com o torno em rotao, colocamos a ponta do compasso na boca da pea ou na base e traamos a linha que ir dividir o modelo na horizontal. Procedemos de igual modo para marcar as linhas horizontais restantes.

    Para se dividir modelos na diagonal necessrio que se tenha procedido diviso do modelo na vertical e horizontal e, a partir dessas divises, achar os pontos necessrios para executar essa diviso na diagonal.

    3.5. FRETES

    Um frete uma "moldura saliente" situada na base das peas e colocado paralelamente periferia das mesmas.

  • Funo de um frete:

    servir de zona de contato das peas com as vrias superfcies;

    controlar as possveis deformaes de algumas das peas;

    conferir s peas uma maior resistncia mecnica;

    facilitar o enfornamento das peas permitindo retirar o vidro em cm existente no frete, de modo a que no fiquem coladas s placas do forno.

    Cuidados a ter na construo dos fretes:

    altura do frete ao fundo da pea;

    largura do frete;

    curvatura interior do frete.

    Altura do frete

    A altura um fator muito importante, pois condiciona a qualidade da pea durante a queima e a qualidade do vidrado.

    Exemplo de uma pea com um frete muito baixo.

  • Largura do frete

    A largura do frete outro dos fatores que no deve ser esquecido, uma vez que o mesmo vai influenciar a qualidade final da pea que se pretende produzir, principalmente se a mesma for produzida barbotina.

    Curvatura interior do frete

    A curvatura interior do frete deve ser outro dos fatores que no deve ser esquecido, uma vez que o mesmo vai condicionar a qualidade e a facilidade desejvel para a produo de uma pea em cermica.

    Exemplo de uma pea produzida por barbotina com o interior do frete muito vertical. Neste caso o frete da pea racha porque a pea no pode contrair deslizando sobre o fundo do molde.

    Exemplo da curvatura interior do frete de um modelo mdio. Nestes casos a curvatura interior do frete deve ser sempre mais aberta que a curvatura possvel se fosse construda com um compasso.

  • 3.6. RECEPTCULOS

    Receptculos so bases de apoio para vazar o gesso tanto para a produo de modelos, como moldes e madres. Podem ser rgidos, feitos com madeira ou flexveis, feitos com chapa metlica ou plstica.

    As placas de apoio podem ter as mais variadas formas e dimenses, sendo que em modelos de formas mais complexas, elas s servem para auxiliar na construo do bloco de gesso que ser posteriormente facetado.

    A montagem do receptculo uma fase muito importante, uma vez que a m montagem origina defeitos nos ngulos do bloco de gesso, que podero se tomar impossveis de corrigir. A placa de apoio, que serve apenas para a construo do receptculo, tem como principal funo minimizar o risco de erro na execuo do bloco de gesso no esquecendo das placas laterais que so importantes na definio dos ngulos restantes.

  • 3.7. MOTIVOS DECORATIVOS

    Os motivos decorativos tm, como principal funo, servir de decorao pea onde esto inseridos, criando desta forma um detalhe que as distinga das demais, quer estejam numa linha ou sejam individuais.

    As decoraes podem ter as mais variadas formas e dimenses. Podem ser de alto ou baixo relevo, geomtricas, naturalistas ou estilizadas.

    Espessura e dimenses do relevo

    Espessura

    A espessura de um relevo um fator importante quando se pretende produzir peas cermicas, isto porque, se a espessura do relevo for inferior a 1 mm, seja em alto ou baixo relevo, no caso da faiana, grs ou barro vermelho, corre-se o risco de o mesmo no se ver ou por acumulao do vidro ou por desgaste do acabamento; no caso da porcelana no se coloca este tipo de problema, uma vez que um relevo, por muito fino que seja, pode ser visto atravs do vidro transparente. Espessura exagerada tambm pode causar problemas na produo, porque alm de questes estticas, pode levantar problemas no que diz respeito difcil produo, independentemente do meio de conformao que se utilize, sendo conveniente, deste modo no ultrapassar 8 mm de altura. Outro problema de um relevo muito alto o fato de se formar um buraco muito grande no interior da pea,

  • no caso de ser conformado por barbotina ou um dos outros processos; na zona do relevo forma-se uma acumulao excessiva de massa, uma vez que deve-se contar com a espessura do relevo mais a espessura da pea.

    Dimenso do relevo

    Se o relevo for muito delicado, a produo pode tomar-se muito difcil. Desta forma deve-se ter em mente que quando se pretende executar um relevo muito delicado, o mesmo no deve ter pormenores com dimenses inferiores a 1 mm, nem ter arestas muito finas que se quebrem facilmente. conveniente nestes casos, sempre aumentar e alargar o ponto de colagem do relevo pea, como forma de reforo.

    Motivos decorativos modelados a parte em gesso, para posterior colagem no modelo Esse tipo de tcnica , em paralelo com a execuo de canelados e encanastrados, a mais usada na construo de motivos decorativos em gesso. Ela permite executar posteriormente, a partir da modelao de um s elemento, um molde para a reproduo do mesmo. Os elementos que freqentemente so modelados em gesso so os estilizados, geomtricos e os naturalistas de formas mais simples. Devido ao fato de que para se executar formas mais complexas mais fcil utilizar a argila como material para a modelao, uma vez que o mesmo possibilita que se retire ou reponha com maior facilidade que o gesso.

  • Fases de execuo de um motivo decorativo

    A primeira fase a interpretao do projeto e a seleo das vrias espessuras que compem esse motivo. A execuo deste tipo de trabalho pode ser feita por raspagem de um bloco ou por sobreposio de vrias placas calibradas com as espessuras pretendidas.

    Em ambos os casos, devemos ter sempre presente, que o motivo que vamos modelar, servir mais tarde para executar um molde que nos permita reproduzir esse mesmo motivo. Assim deve-se dar especial ateno aos ngulos de sada. Os ngulos de sada so executados com uma raspadeira que tenha um dos lados com o grau de inclinao que se pretende e que nunca deve ser inferior a 10.

  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:

    CENCAL - Apostila de Curso de Modelao. Caldas da Rainha, CENCAL, 1996.