modelo de tcc - civil.uefs.brcivil.uefs.br/documentos/marcimilia santana dos santos.pdf · uso do...

72
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA. FEIRA DE SANTANA - BA 2010

Upload: dinhhanh

Post on 05-Feb-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS

USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS

OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA.

FEIRA DE SANTANA - BA

2010

Page 2: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

ii

MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS

USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS

OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA.

Trabalho apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de

Feira de Santana como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheira Civil.

FEIRA DE SANTANA – BA

2010

Page 3: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

iii

MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS

USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS

OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM FEIRA DE SANTANA.

Monografia submetida à

banca examinadora como parte dos

requisitos necessários para a obtenção

do grau de bacharel em engenharia

civil.

Feira de Santana, 10 de dezembro de 2010.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Prof. Sergio Tranzillo França – Especialista – UFBA – Orientador

_____________________________________________________

Prof. Eduardo Antônio Lima Costa – Mestre - UFRGS – Banca

_____________________________________________________

Profª. Drª. Sarah Patrícia de Oliveira Rios – Doutora – UFSCAR - Banca Especialista em Segurança do Trabalho pela Universidade

Page 4: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

iv

Vivo de esboços não

acabados e vacilantes. Mas

equilibro-me como posso, entre

mim e eu, entre mim e os

homens, entre mim e o Deus.

Clarice Lispector

Page 5: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

v

AGRADECIMENTOS

Eis aqui o momento mais especial e tocante de toda e qualquer monografia. É

chegada a hora de agradecer aos que junto comigo, construíram a ponte que me

liga ao mundo.

Começo agradecendo à grande mestre e co-autora dessa história. A responsável

pela minha vida, pelo gosto à matemática e pelo sonho de ser Engenheira. Minha

mãe, Carmem, meu espelho, minha visão direta de futuro.

A minha irmã, quase gêmea, por partilhar comigo dos melhores e piores

momentos de minha vida, tornando a minha existência e a escrita da minha

história, cada dia mais gratificante. Eu só sei que te amo e não existiriam aqui,

palavras que definissem o quão grande é o meu amor por ti.

As minhas amigas, as tuquitas do meu coração, Nanda e Lore, por não me

deixarem desistir e por estarem sempre comigo nessa jornada. Confesso que sem

vocês, nada disso seria possível. Obrigada pelos puxões de orelha, pelos

empurrões, pelos sorrisos, pelos momentos maravilhosos que vocês me

proporcionaram. Eu amo vocês!

Ao meu orientador, Prof. Tranzillo, por aceitar-me como orientanda e tornar as

minhas ideias confusas e difusas, claras e coerentes. Por me ajudar a tornar essa

monografia real e por ser assim, co-autor da profissional, que hoje me torno.

Ao meu Deus, por nunca me desamparar, por me iluminar, por dar-me a vida e

ser luz intensa nos momentos mais difíceis da minha existência.

Enfim, aos meus amigos de perto e de longe, aos meus familiares mais chegados

e até os mais distantes, o meu, muito obrigada. Vocês são responsáveis por esse

troféu!

Page 6: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

vi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... VII

LISTA DE SIGLAS .......................................................................................................... IX

RESUMO ............................................................................................................................. X

ABSTRACT ....................................................................................................................... XI

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

1.1. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 2

1.2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 3

1.2.1.Objetivo Geral..............................................................................................3

1.2.2.Objetivos Específicos....................................................................................3

1.3. METODOLOGIA CIENTÍFICA .................................................................................. 3 1.4. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA .............................................................................. 4

2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 6

2.1. LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO .................................................... 6

2.2. ACIDENTES DE TRABALHO ................................................................................... 11

2.2.1. Causas de Acidentes de Trabalho ..................................................... 13

2.2.1.1. Condições Inseguras ...................................................................... 14

2.2.1.2. Atos Inseguros................................................................................15

2.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) ........................................ 19

2.3.1. Tipos de EPI’s ................................................................................... 22

3. CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS ANALISADAS ................................................ 35

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS ENTREVISTAS ............................................ 42

4.1 Quanto aos operários ............................................................................ 42

4.2 Quanto à administração ........................................................................ 51

5. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 54

6. RECOMENDAÇÕES .................................................................................................... 56

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 57

ANEXOS ............................................................................................................................. 60

ANEXO – QUESTIONÁRIO ........................................................................................... 61

Page 7: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Capacete tipo aba frontal.......................................................................22

Figura 2: Capacete tipo aba total..........................................................................22

Figura 3: Capacete tipo aba frontal com viseira...................................................23

Figura 4: Capacete tipo aba frontal com protetor tipo concha..............................23

Figura 5: Óculos de segurança para proteção com lente incolor.........................24

Figura 6: Óculos de segurança para proteção com lente de tonalidade escura..24

Figura 7: Óculos de segurança para proteção tipo ampla visão..........................24

Figura 8: Protetor auditivo tipo concha.................................................................25

Figura 9: Protetor auditivo tipo inserção (plug).....................................................25

Figura 10: Respirador purificador de ar (descartável)..........................................26

Figura 11: Respirador purificador de ar (com filtro)..............................................26

Figura 12: Respirador purificador de ar com filtro (descartável)...........................27

Figura 13: Luva de proteção tipo vaqueta............................................................28

Figura 14: Luva de proteção de algodão..............................................................28

Figura 15: Luva de proteção emborrachada.........................................................28

Figura 16: Luva de proteção látex........................................................................28

Figura 17: Luva de proteção de PVC cano longo................................................29

Figura 18: Luva de proteção de raspa.................................................................29

Figura 19: Cinturão de segurança tipo pára-quedista..........................................30

Figura 20: Dispositivo trava-quedas.....................................................................30

Figura 21: Botina em couro com elástico.............................................................31

Figura 22: Botina em couro..................................................................................31

Figura 23: Bota de borracha (cano longo)............................................................32

Figura 24: Fachada da obra A..............................................................................36

Figura 25: Fachada da obra B..............................................................................36

Figura 26: Trabalho em Altura - Obra A................................................................37

Figura 27: Operário se preparando para trabalho em altura - Obra A..................37

Figura 28: Trabalho em Altura - Empresa B........................................................38

Figura 29: Almoxarifado - Obra A.........................................................................38

Figura 30: Almoxarifado - Obra A.........................................................................39

Figura 31: Local de armazenagem dos EPI’s – Obra B.......................................39

Figura 32: Sinalização de segurança - Obra A....................................................40

Page 8: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

viii

Figura 33: Sinalização de segurança - Obra A.....................................................40

Figura 34: Sinalização de segurança - Obra A.....................................................41

Figura 35: Nível de escolaridade..........................................................................43

Figura 36: Conceito de acidente do trabalho........................................................44

Figura 37: EPI's fornecidos pela Empresa............................................................45

Figura 38: Existência de treinamentos..................................................................46

Figura 39: Treinamentos recebidos......................................................................47

Figura 40: Importância da utilização do EPI.........................................................48

Figura 41: Minimização dos riscos através do uso de EPI’s................................49

Figura 42: Preocupação da administração com a utilização do EPI....................50

Figura 43: Desconforto pelo uso de EPI’s............................................................50

Page 9: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

ix

LISTA DE SIGLAS

ART - ANÁLISE DE RISCO DA TAREFA

CA - CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

CIPA - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO

TRABALHO

CLT - CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

EPI - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

EPC - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA

FAZ - FUNDAÇÃO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO SOCIAL

ICC – INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

MTE - MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO

NR - NORMA REGULAMENTADORA

OPAS - ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE

PCMAT - PROGRAMA DE CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

PPA - PLANO DE PRONTA AÇÃO

PVC – POLICLORETO DE VINILA

RH - RECURSOS HUMANOS

SAT - SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO

SESMT - SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E

MEDICINA DO TRABALHO

SINDUSCON - SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Page 10: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

x

RESUMO

O presente trabalho tem como proposta investigar a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na construção civil e no ambiente de trabalho, segundo o ponto de vista da administração e dos operários. Para tanto, os estudos foram realizados através de observações junto a dois canteiros de obras em Feira de Santana-BA. A coleta de dados se deu através de método de abordagem in loco via aplicação de questionários e entrevistas estruturadas, sendo um aos funcionários da empresa, e o outro a administração do canteiro de obras. Através das análises das respostas será possível verificar a deficiência ou não, que os funcionários têm em relação a proteção individual, conforme NR-6, dos cuidados necessários para o bom andamento das atividades desempenhadas e quais as responsabilidades que isso acarreta. Além do que, verificar o posicionamento do empregador quanto aos treinamentos dos operários para o uso apropriado e obrigatório desses equipamentos, responsabilizando-os pela higienização e manutenção periódicas, o que nem sempre é uma tarefa fácil. Informar o trabalhador da necessidade de preservação da integridade física, através de cuidados básicos e apropriados para o seu bem-estar no ambiente de trabalho. Palavras-chave: Conscientização. EPI. Segurança.

Page 11: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

xi

ABSTRACT

This work is proposed to investigate the use of Personal Protective Equipment (PPE) in construction and in the workplace, according to the viewpoint of management and workers. To this end, studies were conducted through observations with two construction sites in Feira de Santana-BA. Data collection was through a method of approaching the spot via questionnaires and structured interviews, one to company employees, and other administration of the construction site. Through the analysis of responses will be possible to verify the disability or not, that employees have regarding personal protection, according to NR-6, the care required for the proper conduct of activities performed and the responsibilities it entails. In addition, check the positioning of the employer with the training of workers for appropriate use and required of such equipment, blaming them for periodic cleaning and maintenance, which is not always an easy task. Inform the employee of the need to preserve the integrity, through primary care and appropriate to their well-being at work. Word-key: Awareness, EPI, Security guard.

Page 12: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

1

1. INTRODUÇÃO

A ICC é uma atividade que envolve tradicionais estruturas sociais,

culturais e políticas. É nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado

índice de acidentes de trabalho, estando em quinto lugar na freqüência de

acidentes registrados em todo país. Esse perfil pode ser traduzido como gerador

de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiros no setor.

Os acidentes de trabalho têm sido freqüentemente associados

negligência das empresas que oferecem condições de trabalho inseguras e a

empregados displicentes que cometem atos inseguros.

A proteção individual no contexto atual é quesito obrigatório nas obras e

não deve ser vista como uma questão de escolha. A queda de altura, por

exemplo, responsável por cerca de 50% dos acidentes no canteiro, pode ser

evitada com o uso de equipamentos de proteção individual, como cinto de

segurança, trava-quedas, talabarte.

Não são apenas os trabalhos em altura que necessitam de proteção: o

capacete protege a cabeça de batidas (como em pilares e escoramentos) e de

queda de materiais; o calçado de segurança evita perfurações e alergias de pele

(dermatites de contato) com cimento e cal, assim como as luvas. O empregador

tem a responsabilidade de treinar e de orientar os funcionários. Já a preservação

e guarda dos equipamentos ficam a cargo dos operários.

O ambiente de trabalho é o local onde se desenvolve a prestação dos

serviços e, também, o ambiente reservado pelo empregador para o descanso do

empregado. O trabalho é um dos elementos que mais interferem nas condições e

qualidade de vida do homem e, portanto, na sua saúde. Dessa forma é

fundamental ser dotado de condições higiênicas básicas, regras de segurança

capazes de preservar a integridade física e a saúde dos empregados, com a

antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o domínio dos riscos concretos ou

potenciais existentes (MAIA, 2000).

Page 13: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

2

1.1. JUSTIFICATIVA

É sabido que os acidentes de trabalho são os maiores desafios para a

saúde do trabalhador, atualmente e no futuro. Os acidentes do trabalho ocorrem

não por falta de legislação, mas devido ao não cumprimento das normas de

segurança, as quais visam à proteção da integridade física do trabalhador no

desempenho de suas atividades, como também o controle de perdas. Somem-se

ao descumprimento das normas a falta de fiscalização e a pouca conscientização

do empresariado (VENDRAME, 2001).

Assim, em destaque, a construção civil que caracteriza-se por uma

atividade que vem crescendo a cada ano, com inovações tecnológicas,

desenvolvimento de novos métodos construtivos, a fim de facilitar e tornar a

construção cada vez mais rápida e fácil de executar.

Com obras cada vez mais complexas há sempre estudos e treinamentos

de funcionários, com propósito de minimizar o desperdício de material e mão-de-

obra, fator importante para a empresa e principalmente para o meio ambiente,

mas isso não é suficiente para o funcionário que por muitas vezes se envolve em

acidentes por falta de equipamentos de proteção individual, treinamento e

informação.

Sabemos que condições de saúde e segurança do trabalhador, hoje é

um fator preponderante no contexto social, por isso a escolha deste tema deve-se

a importância da identificação dos riscos suscetíveis pelo não uso do

Equipamento de Proteção Individual - EPI no canteiro de obras, que pode ser

acarretado pela má administração ou a falta de instrução dos operários quanto às

questões de segurança.

Page 14: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

3

1.2. OBJETIVOS

Apresentam-se a seguir, os objetivos desta investigação.

1.2.1. Objetivo Geral

Avaliar o uso do EPI na visão da administração e dos operários, em

duas obras verticais, em Feira de Santana.

1.2.2. Objetivos Específicos

Identificar o posicionamento da administração quanto à saúde e

segurança do trabalhador.

Verificar sob que condições os trabalhadores atuam quanto ao uso de

Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Avaliar o conhecimento da NR-6 - Equipamento de Proteção Individual,

por parte dos profissionais, tanto empregados quanto empregadores.

1.3. METODOLOGIA CIENTÍFICA

A princípio, iniciaremos com uma revisão teórica acerca do tema,

dividindo o capítulo 2 (referencial teórico), em sub-capítulos, abordando assim,

legislação do trabalho, acidentes de trabalho e suas causas e equipamentos de

proteção individual (EPI) e os seus tipos, conforme a NR-6. Para fundamentação

teórica foram utilizados livros, revistas, artigos e pesquisas na internet.

O presente trabalho se caracteriza por um estudo de caso, através de

uma investigação a cerca do uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI)

na construção civil e no ambiente de trabalho. Serão aplicados questionários aos

operários da obra. Quanto à administração será feita uma entrevista estruturada,

Page 15: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

4

com os usuários-chave da obra (engenheiro da obra e engenheiro de segurança).

Foram escolhidas duas obras verticais, para serem visitadas. Escolhemos obras

de construtoras diferentes, a fim de avaliar o método de segurança empregado,

por cada uma delas.

A partir destes dados, apresentaram-se as conclusões, através de

gráficos e tabelas, sobre o uso do equipamento de proteção individual (EPI), nos

canteiros de obras, bem como sugestões e recomendações de melhorias tanto

para o empregado quanto para o empregador.

1.4. ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

O conteúdo do trabalho será estruturado através de cinco capítulos.

No Capítulo 1 consta a introdução da monografia, caracterizada pelo

tema. Ainda no mesmo, justifica-se a escolha do tema citando as situações que

tornam o trabalho importante para a segurança do trabalho na construção civil.

Logo em seguida, são expostos o objetivo geral e os específicos desta avaliação

em questão, acrescentando-se a metodologia que será utilizada no trabalho.

No Capítulo 2, de fundamentação teórica, apresentam-se um breve

histórico sobre a legislação do trabalho, bem como os acidentes do trabalho na

construção civil, fechando com foco principal da pesquisa, os equipamentos de

proteção individual segundo a NR-6.

No Capítulo 3, faz-se a caracterização das obras estudadas, e um

registro fotográfico,e posteriormente análises e comentários.

No Capítulo 4, apresentou-se a interpretação do estudo de caso, através

dos gráficos, e dos questionários aplicados em campo.

No Capítulo 5 foram feitas as conclusões do trabalho desenvolvido.

No Capítulo 6 apresentamos as recomendações.

Page 16: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

5

Posteriormente, são apresentadas as referências bibliográficas e os

anexos.

Page 17: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

6

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Para fundamentar a pesquisa, serão abordados os seguintes temas:

legislação de segurança do trabalho, acidentes de trabalho e suas causas e o EPI

segundo a NR-6.

2.1. LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO

Desde seu aparecimento na Terra, o homem está exposto a riscos.

Como ele não tem controle sobre esses riscos, ocorre sobre ele todo tipo de

acidente. O homem inventou a roda d’água, os teares mecânicos, as máquinas a

vapor, a eletricidade e até os computadores. É um longo aprendizado tecnológico.

No entanto, se por um lado o progresso científico e tecnológico facilita o processo

de trabalho e produção, por outro trazem novos riscos, sujeitando o homem a

acidentes e doenças decorrentes desse processo (CAMPOS, 2001).

De acordo com a literatura, é possível observar que a preocupação com

os acidentes e doenças decorrentes do trabalho humano, surgiu na Grécia Antiga,

quando Hipócrates (considerado o Pai da Medicina) fez algumas referências aos

efeitos do chumbo na saúde humana. Posteriormente, outros estudiosos, como

Plínio (o Velho) e Galeno, descreveriam algumas doenças a que estavam sujeitas

as pessoas que trabalhavam com o enxofre, o zinco e o chumbo. No Antigo Egito

e no mundo greco-romano já existiam estudos realizados por leigos e médicos,

relacionando saúde e ocupações.

Este campo de conhecimento volta a progredir após a Revolução

Mercantil (século XIV), graças aos estudos de médicos, como Ulrich Ellenbog

(que detecta a ação tóxica do monóxido de carbono, do mercúrio e do ácido

nítrico), Paracelso (que estuda as moléstias dos mineiros), George Bauer e

Ysbrand Diemerbrock.

No ano de 1700, o italiano Bernardino Ramazzini publica seu livro “De

Morbis Artificum Diatriba” (As Doenças dos Artesãos), com a descrição de 53

tipos de enfermidades profissionais, sendo que para algumas delas eram

Page 18: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

7

apresentadas formas de tratamento e até mesmo de prevenção. Por esta obra,

Ramazzini passou a ser considerado como o Pai da Medicina do Trabalho a

estabelecer definitivamente a relação entre saúde e trabalho.

Contudo, apesar dos trabalhos consagrados de Agrícola, Paracelso e

Ramazinni, o interesse pela proteção do operário no seu ambiente de trabalho só

ganharia força e ênfase no século XIX com o impacto da Revolução Industrial

(Miranda, 1998).

Com o advento da Revolução Industrial e a expansão do capitalismo

industrial, o número de acidentes do trabalho, incluindo as doenças decorrentes

do trabalho humano, cresceu assustadoramente, devido às péssimas condições

de trabalho existentes. A situação ficou tão grave, que se temeu pela falta de

mão–de–obra, tal era a quantidade de trabalhadores mortos ou mutilados

(RODRIGUES, 1993).

As fábricas eram instaladas em galpões improvisados, estábulos e

velhos armazéns, notadamente nas grandes cidades, onde a mão-de-obra era

abundante, constituída principalmente de mulheres e crianças. A situação era

dramática, provocando indignação na opinião pública, o que acabou gerando

várias comissões de inquérito no Parlamento Inglês.

Segundo Rodrigues (1993), nesse ínterim, o conhecimento acumulado

até então começou a ser utilizado para formação de leis de proteção à saúde e à

integridade física dos trabalhadores, numa tentativa de preservar o novo modo de

produção, como:

A “Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes” (1802), na Inglaterra,

que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o

trabalho noturno e tornava obrigatória a ventilação do ambiente e

a lavagem das paredes das fábricas duas vezes por ano;

Page 19: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

8

A Lei das Fábricas (1833), também na Inglaterra, considerada a

primeira norma realmente eficiente no campo da proteção ao

trabalhador, e que fixava em 9 anos a idade mínima para o

trabalho, proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos e

exigia exames médicos de todas as crianças trabalhadoras.

Portanto, as leis de proteção ao trabalhador surgiram, inicialmente, em

1802 na Inglaterra. Na França foi em 1862, com a regulamentação da segurança

e higiene do trabalho. Em 1865, na Alemanha, e em 1921 nos Estados Unidos

(CAMPOS, 2001).

Já no século XX, em parte decorrente do desenvolvimento da

administração científica, a preocupação com os acidentes do trabalho passou a

ser incorporada pelos gestores dos estabelecimentos industriais, que lançaram

mão de técnicas de engenharia para a criação de sistemas de prevenção ou

controle de infortúnios, tais como equipamentos de proteção individual, sistema

de ventilação industrial, etc.

No Brasil, durante os primeiros três séculos de nossa história, as

atividades industriais ficaram restritas aos engenhos de açúcar e à mineração. Em

1840 surgiram os primeiros estabelecimentos fabris no Brasil. A primeira máquina

a vapor surgiu em 1785 na Inglaterra, enquanto no Brasil surgiu em 1869 na

Província de São Paulo, numa fábrica de tecidos de Itu, a Fábrica São Luiz.

Portanto, 84 anos depois.

Em 1919 surge a primeira lei de acidentes do trabalho, com o Decreto

Legislativo nº. 3.724, de 15 de janeiro, como ponto de partida da intervenção do

Estado nas condições de consumo da força de trabalho industrial em nosso país.

Essa lei não considera acidente de trabalho a doença profissional atípica

(mesopatia). Exige reparação apenas em caso de “moléstia contraída

exclusivamente pelo exercício do trabalho, quando este for de natureza a só por si

causá-la”. Institui o pagamento de indenização proporcional à gravidade das

seqüelas. Abre, então, a possibilidade de as empresas contratarem o Seguro de

Page 20: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

9

Acidente de Trabalho (SAT), junto às seguradoras da iniciativa privada. O SAT

ficaria exclusivo da iniciativa privada até 1967, quando passou a ser prerrogativa

da Previdência Social, reforçando a obrigatoriedade do SAT, que até então estava

sob a responsabilidade de seguradoras privadas.

Em 1934 surge a segunda lei de acidentes do trabalho, com o decreto

nº. 24.637, de 10 de julho, que modificou a legislação anterior. É criada a

Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho, que se transformaria ao longo

dos anos em Serviço, em Divisão, em Departamento, em Secretaria e, mais

recentemente, novamente em Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho.

Amplia-se o conceito de doença profissional, abrangendo um maior número de

doenças até então não consideradas relacionadas ao trabalho, mas que passam

a sê-lo. É reconhecida como acidente do trabalho a doença profissional atípica

(mesopatia).

Em 1944 surge a terceira lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o

Decreto – Lei 7.036, de 10 de novembro, que, no seu artigo 82, reformou a

legislação sobre o seguro de acidentes do trabalho. Foi a primeira lei a tratar

especificamente do assunto, quando obrigou as empresas a organizarem

comissões internas com o objetivo de prevenir acidentes. Determinou que as

empresas com mais de 100 funcionários constituíssem uma comissão interna

para representá-los, a fim de estimular o interesse pelas questões de prevenção

de acidentes.

Ainda neste ano, o empregador fica obrigado a proporcionar máxima

higiene e segurança no ambiente de trabalho.

Em 1967 surgiu a quarta lei de acidentes do trabalho no Brasil, com o

Decreto-Lei nº. 293, de 28 de fevereiro. Teve curta duração, porque foi totalmente

revogada pela Lei nº. 5.316, de 14 de setembro do mesmo ano. Integrou o seguro

de acidentes do trabalho na Previdência Social, retirando-o da iniciativa privada.

A Lei nº. 5.316, de 14 de setembro de 1967, foi a quinta lei de acidentes

Page 21: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

10

do trabalho no Brasil. Restringiu o conceito de doença do trabalho, excluindo as

doenças degenerativas e as inerentes a grupos etários. O Decreto nº. 61.784, de

28 de novembro de 1967, aprovou o novo Regulamento do Seguro de Acidentes

do Trabalho.

Neste mesmo ano, as principais alterações na legislação acidentária

brasileira foram: o SAT passou a ser prerrogativa da Previdência Social, ou seja,

passou a ser estatal, reforçando a obrigatoriedade do SAT por parte das

empresas, o qual até então estava sob a responsabilidade de seguradoras

privadas; introduziu o conceito de acidente de trajeto; promoveu a prevenção de

acidentes e reabilitação profissional.

Por volta de 1974, com o fim do período de expansão econômica e

iniciada a abertura política lenta e gradual, novos atores surgem na cena política

(movimento sindical, profissionais e intelectuais da saúde, etc.), questionando a

política social e as demais políticas governamentais. Neste ano, duas medidas

muito importantes acontecem no campo da saúde: a implementação do Plano de

Pronta Ação – PPA, com diversas medidas e instrumentos que ampliariam ainda

mais a contratação de serviços médicos privados, antes de responsabilidade da

Previdência Social; e a criação do Fundo de Apoio ao desenvolvimento Social –

FAS, destinado a financiar subsidiariamente o investimento fixo de setores

sociais (Braga & Paula, in Andrade, 2001).

Em 1976, 1,25% do FAS fica destinado à prevenção de acidentes. Surge

a sexta lei de acidentes do trabalho, com a Lei n. 6.367, de 19 de outubro de

1976, que amplia a cobertura previdenciária de acidente de trabalho, e o Decreto

n. 79.037, de 24 de dezembro de 1976, que aprova o novo Regulamento do

Seguro de Acidentes do Trabalho. Ficam sem proteção especial contra acidentes

do trabalho o empregador doméstico e os presidiários que exercem trabalho não

remunerado. Além disso, a lei identifica a doença profissional e a doença do

trabalho como expressões sinônimas, equiparando-as a acidente do trabalho

somente quando constantes da relação organizada pelo Ministério da Previdência

e Assistência Social.

Page 22: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

11

Em 1978, a Portaria 3.214, de 8 de junho, aprova as Normas

Regulamentadoras – NR (28 ao todo) do capítulo V do título II da CLT, relativas à

segurança e medicina do trabalho.

Atualmente conta-se com 33 normas regulamentadoras, visto a

necessidade nos diversos ambientes de trabalho. O trabalho desta monografia

será fundamentado na NR – 6, que trata dos equipamentos de proteção

individual, aprovada em 8 de junho de 1978. A mesma já passou por diversas

alterações, o que será tratado em capítulo posterior.

A história da proteção legal ao trabalhador contra acidentes e doenças

ocupacionais no Brasil é mais recente, isto é, em comparação aos países mais

desenvolvidos, que possuem uma trajetória de industrialização que se iniciou

muito antes que no Brasil. Na verdade, no Brasil, ela vem se desenvolvendo ao

longo dos últimos cinqüenta anos e num ritmo acelerado, em resposta à

necessidade urgente de diminuição das estatísticas, que são uma verdadeira

tragédia nacional.

2.2. ACIDENTES DE TRABALHO

De acordo com o conceito prevencionista, define-se acidente de trabalho

como:

“Toda ocorrência indesejável, inesperada ou não programada, que

interfere no desenvolvimento normal de uma tarefa e que pode causar:

perda de tempo e/ou danos materiais ou ambientais e/ou lesões físicas

até a morte ou doenças nos trabalhadores, ou as três coisas

simultaneamente”.

Nesta definição é possível observar, que são levados em consideração,

além da lesão física, a perda de tempo e os danos materiais ou as três coisas

simultaneamente. Ainda nessa linha de raciocínio, é possível encontrar a

Page 23: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

12

definição legal de acidente do trabalho, definido pela lei 8.213, de 24 de julho de

1991, Lei Básica da Previdência Social, determina, em seu capítulo II, Seção I,

artigo 19, que:

“Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do

trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos

segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei, provocando

lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda,

ou ainda a redução, permanente ou temporária da capacidade para o

trabalho”.

Mas o acidente não pode ser tratado quando apenas há ferimentos,

morte ou lesão, mas também quando não houver as mesmas.

Ainda segundo a lei, é considerado acidente do trabalho, também

quando ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa de acordo com as

seguintes circunstâncias, conforme De Cicco (1982):

Doenças profissionais ou do trabalho: aquelas que são

adquiridas em determinados ramos de atividade e que são

resultantes das condições especiais em que o trabalho é

realizado;

Qualquer tipo de lesão, quando ocorre: no local e no horário

de trabalho e quando a caminho ou na volta do trabalho; fora

dos limites da empresa e fora do horário de trabalho; fora do

local da empresa, mas em função do trabalho.

Desta forma, é possível verificar que o conceito de acidente é muito

amplo e não é limitado apenas no local de trabalho, mas também abrangendo o

trajeto e os ocorridos em função do trabalho.

É sabido que os acidentes de trabalho são os maiores desafios para a

saúde do trabalhador, atualmente e no futuro. De acordo com a Organização

Panamericana de Saúde – OPAS (2006) estes desafios estão ligados “aos

problemas de saúde ocupacional, com as novas tecnologias, novas substâncias

Page 24: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

13

químicas, problemas relacionados com a crescente mobilidade dos trabalhadores

e ocorrência de novas doenças ocupacionais”.

Os trabalhadores são as vítimas pessoais mais transparentes dos

acidentes do trabalho. Esses acidentes são identificados visualmente por um

simples curativo num dedo ou até por uma parte do corpo engessada ou quando

não ocorre o óbito cuja evidência é inquestionável (ZOCCHIO, 2001).

Desta forma, é possível observar uma crescente preocupação das

empresas com relação à segurança do trabalho. O acidente é um fato que

nenhuma empresa gostaria de presenciar e vivenciar, devido às várias

preocupações legais que podem repercutir a empresa, além do custo gerado pelo

acidente.

Segundo Zocchio (2002), um dos piores problemas a serem enfrentados

pelo funcionário acidentado e principalmente pela empresa é o aspecto

econômico, onde a empresa nem sempre percebe esse lado negativo do

infortúnio do trabalho, embora seja ela inicialmente a mais afetada.

2.2.1. Causas de Acidentes de Trabalho

No Brasil, durante muito tempo as causas de acidentes eram tão

somente atos inseguros ou condições inseguras, principalmente depois de

estudiosos americanos terem analisado 75.000 acidentes industriais e concluído

que 88% estavam ligados a fatores humanos, 10% a fatores materiais, e 2%

outros fatores. (CAMPOS, 2001).

Para causar um acidente basta às pessoas não se enquadrarem nas

condições de saúde, estado de ânimo, temperamento, preocupação, entre outras

condições.

Logo abaixo, um conhecimento mais profundo sobre os atos inseguros e

as condições inseguras.

Page 25: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

14

2.2.1.1. Condições Inseguras

No conceito de Zocchio (2002), as condições inseguras no ambiente de

trabalho, são as que comprometem a segurança, ou seja, falhas, defeitos,

irregularidades técnicas, carência de dispositivo de segurança, desorganização,

etc. que põem em risco a integridade física e/ou à saúde das pessoas.

No entanto, para evitar às condições inseguras do local de trabalho a

empresa tem um papel muito importante, pois é ela através dos técnicos de

segurança, encarregados e supervisores que deve analisar essas condições

antes de ocorrer o acidente e tomar as devidas ações para corrigir, conforme

relata RIBEIRO FILHO (1974):

“O supervisor, em contato diário com seus subordinados,

está em excelente posição para atuar junto a eles, a fim de

que adquiram “mentalidade de segurança”, evitando, assim,

a prática de atos inseguros; de outro lado, é responsável

também pela remoção das condições inseguras existentes

em sua área de trabalho.”

Dentre as condições inseguras podemos destacar: a falta de dispositivos

de proteção em máquinas e outros equipamentos; dispositivos de proteção

existentes, mas inadequados ou em más condições; falhas de processo ou

método de trabalho; EPI não fornecido pela empresa ou inadequado ao risco que

deveria neutralizar; nível de iluminação insuficiente para trabalho; produtos

perigosos expostos (ZOCCHIO, 2001).

Todas essas condições citadas podem existir dentro de um ambiente de

trabalho, como também podem ser criadas, durante a execução das tarefas,

através do descontrole, desorganização, precipitação ou, muitas vezes, pela

própria negligência dos trabalhadores. Por isso a atenção, a concentração naquilo

que está fazendo ou executando é fundamental para a integridade física do

trabalhador (MACHADO, 1992).

Page 26: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

15

É comum associar-se as condições inseguras diretamente aos atos

inseguros, pois os funcionários verificam uma condição insegura e mesmo assim

praticam a tarefa, podendo ocasionar o acidente assim classificando a condição

insegura aliada com o ato inseguro. Para que isso não aconteça, é necessário

que o funcionário avise aos superiores as condições de trabalho e se recuse a

executar o serviço para a sua própria proteção.

Michael (2000) entende que a melhor forma de prevenção de acidentes

é eliminando os atos e condições inseguras no ambiente de trabalho. Entre as

medidas preventivas sugeridas por Michael (2000) estão: eliminar os atos

inseguros por meio de seleção profissional, exames médicos adequados,

treinamento, comunicação interna e reforço positivo; e eliminar as condições

inseguras por meio do mapeamento de áreas de risco, análise profunda dos

acidentes e apoio irrestrito da alta administração.

2.2.1.2. Atos Inseguros

Os atos inseguros são definidos de acordo com (De Cicco,1982), como

causas de acidentes de trabalho que residem exclusivamente no fator humano,

isto é, aqueles que decorrem da execução de tarefas de forma contrária às

normas de segurança.

Com isso, é possível observar que, os atos inseguros dependem do

homem agir de forma correta, observando seus atos e corrigindo-os quando

necessários, ou seja, isso vai além das normas de segurança.

Contudo, é preciso que haja uma redução nos atos, pois uma sucessão

de atos inseguros pode levar ao acidente.

Como os atos inseguros dependem do homem, podem ser tratados

segundo Zocchio (2002), como atos conscientes, onde as pessoas sabem que

estão se expondo ao perigo; atos inconscientes, aqueles que as pessoas

desconhecem o perigo a que se expõem; atos circunstanciais, ocorre quando as

Page 27: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

16

pessoas podem conhecer ou desconhecer o perigo, mas algo mais forte as leva à

prática da ação insegura.

Para prevenir os atos inseguros, é necessário conhecer a causa que

levou o funcionário a praticá-lo e trabalhar através de treinamento, palestras, etc.,

principalmente o comportamento do empregado.

Conforme De Cicco (1982), existem 3 (três) grandes grupos de causas

do ato inseguro, conforme explica:

Inadequação entre homem e função: Alguns trabalhadores

cometem atos inseguros por não apresentarem aptidões

necessárias para o exercício da função. Um operário com

movimentos excessivamente lentos poderá cometer muitos atos

inseguros, aparentemente por distração ou falta de cuidado, mas,

pode ser que a máquina que ele opere exija movimentos rápidos.

Este operário deve ser transferido para um tipo de trabalho

adequado às suas características.

Desconhecimento dos riscos da função e/ou da forma de

evitá-los: É comum um operário praticar atos inseguros,

simplesmente por não saber outra forma de realizar a operação

ou mesmo por desconhecer os riscos a que se está expondo.

Trata-se, pois, de uma exposição inconsciente ao risco.

O ato inseguro pode ser sinal de desajustamento: o ato

inseguro se relaciona com certas condições específicas de

trabalho, que influenciam o desempenho do indivíduo. Incluem-

se, nesta categoria, problemas de relacionamento com chefia

e/ou colegas, política salarial e promocional imprópria, clima de

insegurança com relação à manutenção do emprego, etc. Tais

problemas ,interferem com o desempenho do trabalhador,

desviando sua atenção da tarefa, expondo-o, portanto, a

acidentes.

Page 28: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

17

Ainda segundo Zocchio (2002), conforme quadro abaixo, dependendo

da área de trabalho, podemos ter exemplos de alguns atos inseguros. (Quadro 1).

ATO INSEGURO

CAUSA DO ATO INSEGURO

Ficar junto ou sob cargas suspensas Desconhecimento dos riscos da função

e/ou da forma de evitá-los

Colocar parte do corpo em lugar perigoso

Desconhecimento dos riscos da função

e/ou da forma de evitá-los

Usar máquina sem habilitação ou autorização Sinal de desajustamento

Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga Sinal de desajustamento

Lubrificar, ajustar e limpar máquinas em

movimento

Desconhecimento dos riscos da função

e/ou da forma de evitá-los

Improvisação ou mau emprego de ferramentas

manuais Sinal de desajustamento

Uso de dispositivo de segurança inutilizados Inadequação entre homem e função

Não usar proteção individual Sinal de desajustamento

Uso de roupas inadequadas ou acessórios

desnecessários Inadequação entre homem e função

Manipulação insegura de produtos químicos Inadequação entre homem e função

Transportar ou empilhar inseguramente Sinal de desajustamento

Fumar ou usar chamas em lugares indevidos Sinal de desajustamento

Tentativa de ganhar tempo Sinal de desajustamento

Brincadeiras e exibicionismo Sinal de desajustamento

QUADRO 01 – Exemplos de atos inseguros e suas causas.

Page 29: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

18

Na verdade, Campos (2001), relata que todo acidente tem causas

imediatas, causas básicas (ou raiz) e, principalmente, causas gerenciais. As

imediatas são o ato inseguro e as condições inseguras. As básicas têm, em geral,

origem administrativa e, quando corrigidas, previnem por um longo período um

acidente similar. Exemplos de causas básicas: falta de conhecimento ou de

treinamento; posto de trabalho inadequado; falta de reforço em práticas seguras;

falhas de engenharia (projeto e construção); uso de equipamento de proteção

individual inadequado; verificações e programas de manutenção inadequados;

compra de equipamentos de qualidade duvidosa; sistema de recompensa

inadequado; métodos ou procedimentos inadequados.

Por essa razão é que, durante uma investigação e análise de acidentes,

os profissionais envolvidos não devem utilizar os termos atos inseguros ou

condições inseguras. Ou seja, na busca das causas dos acidentes, não procurem

classificá-los em atos inseguros ou condições inseguras, mas descrever o risco

sem que haja essa necessidade de classificação (Piza,1997).

Deve-se, portanto, procurar falhas no processo de trabalho e não

identificar se o acidente foi causado por um ato inseguro ou por condições

inseguras. O ato inseguro não deixou de existir. Ele é a ponta do processo, e

neste existem muitas variáveis.

Segundo Ayres e Côrrea (2001), as principais causas de acidentes de

trabalho no país são: a falta de conscientização dos empresários e trabalhadores

para a importância da prevenção dos infortúnios do trabalho; formação

profissional inadequada; jornadas de trabalho prolongadas; longos períodos de

transporte incômodo e fatigante (nas grandes cidades); alimentação do

trabalhador imprópria e insuficiente; prestação de serviço insalubre em jornadas

de trabalho destinadas às atividades normais; grande quantidade de

trabalhadores sem o devido registro como empregados; alta rotatividade da mão-

de-obra e abuso na “terceirização” de serviços.

Page 30: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

19

2.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

Segundo a NR-6 da Portaria 3214/78 do MTb, considera-se

Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso

individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de

ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. O seu uso sempre foi um desafio no

convencimento, por parte da força de trabalho seja ela da construção civil,

indústria, operação química, portuária, aeroportuária, tecelagem, e outras tantas

que padecem de uma fiscalização adequada e da disseminação da cultura

prevencionista, por parte de profissionais destas áreas, do corpo gerencial e

principalmente dos trabalhadores que já vêm viciados com conceitos falhos e

equivocados acerca deste e de outros temas.

De acordo com Oliveira Ayres e Peixoto Corrêa (2001), os EPI’s

desempenham importante papel na redução das lesões provocadas pelos

acidentes do trabalho e das doenças profissionais.

Vale ressaltar que o seu uso só deverá ser feito quando não for possível

tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se

desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de proteção coletiva não

forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos e não

oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de

doenças profissionais e do trabalho.

Todos os funcionários da obra devem ser treinados e orientados para

utilização adequada dos EPI’s e recebê-los gratuitamente em perfeito estado de

conservação e funcionamento. De acordo com a lei 6.514/1977, do ministério do

trabalho, CLT – Consolidação das Leis de Trabalho / Capítulo V – da segurança e

medicina do trabalho / Seção IV - do equipamento de proteção individual - Art.166

- A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento

de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e

funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa

proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

Page 31: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

20

Quanto ao sistema de distribuição e fiscalização dos EPI’s, as empresas

utilizam fichas, não para atender às necessidades de controles administrativas,

mas, principalmente, os aspectos legais. Nestas fichas constam além do termo de

responsabilidade do empregado e da empresa, os tipos de EPI’s requisitados,

seus C.A (Certificado de Aprovação) e as datas de entrega e substituição. Todos

os EPI’s utilizados pelo empregado deverão ser anotados nessa ficha. As fichas

de Controle de EPI’s ficarão arquivadas no setor de Segurança do Trabalho

enquanto o empregado estiver trabalhando na empresa, após o desligamento do

empregado, sua ficha deverá ser enviada ao setor de RH para arquivamento junto

ao prontuário do empregado desligado.

Todos os equipamentos de proteção individual (EPI), só podem ser

utilizados se possuírem impresso no produto o número de CA (Certificado de

Aprovação) fornecido pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em

Medicina do Trabalho - SESMT, ou a Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes - CIPA nas empresas desobrigadas de manter o SESMT, recomendar

ao empregador o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.

De acordo com Oliveira Ayres e Peixoto Corrêa (2001), é importante que

o trabalhador tenha em mente que:

é necessário que o trabalhador participe dos programas de

prevenção de sua empresa, a fim de que possa, conscientemente,

valorizar o uso dos EPIs;

é desejável que o EPI seja confortável, que se adapte ao

esquema corporal do usuário e tenha semelhança com objetos

comuns;

deve-se deixar ao trabalhador a escolha do tipo de sua

preferência, até mesmo quando a certa característica, como a cor,

quando a empresa tiver selecionado e adquirido mais de um tipo e

marca para a mesma finalidade;

Page 32: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

21

a experiência tem demonstrado que se o trabalhador for levado a

compreender que o EPI é um objeto bom para si, destinado a

protegê-lo, mudará de atitude, passando a considerá-lo como algo de

sua estima e, nesse caso, as perdas ou danos por uso inadequado

tendem a desaparecer;

empregador e/ou o supervisor deverão ser tolerantes na fase

inicial de adaptação, usando a compreensão e dando as necessárias

explicações ao trabalhador, substituindo a coerção pela atenção e

esclarecimento, de forma que, aos poucos, vá conscientizando o

trabalhador da utilidade do uso do EPI. As ameaças e atitudes

coercitivas provocarão traumas e revoltas do empregado.

Na ICC onde os acidentes estão em quinto lugar, segundo o Ministério

do Trabalho e Emprego, por muitas vezes as empresas apenas fornecem o EPI,

mas não há um treinamento e tão pouco uma reposição do EPI quando

necessário. A segurança para a indústria da construção civil resume em fornecer

o EPI sem uma preocupação da sua utilização correta. Conforme o artigo da

Zanpieri Grohmann,

[...] o simples fornecimento de EPIs e exigência de seu uso não podem

evitar acidentes se utilizados isoladamente pois, um eficaz sistema de

segurança é caracterizado não apenas pelo simples cumprimento de

exigências legais,mas, principalmente, pela preocupação em fornecer

aos empregados um ambiente seguro, os mais adequados

equipamentos de proteção individual e um eficiente treinamento do

mesmo, sem levar em conta apenas a minimização dos custos.

Isso ocorre devido à alta rotatividade de mão-de-obra na construção

civil, onde os empreendedores não investem em equipamentos e tão pouco

propõe programas de segurança, visto que isso resulta em gastos “extras”, visão

de quem não planeja bem a obra, onde a segurança tem que estar em primeiro

lugar a frente da produção, pois do que vale produzir com acidentes ou mortes, o

prejuízo é certo.

Page 33: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

22

2.3.1. Tipos de EPI’s

Abaixo, citaremos os principais EPI’s utilizados na construção civil.

Capacete de Proteção

A função primária do capacete é proteger a cabeça de impactos

externos provenientes de queda ou projeção de objetos, queimaduras, choque

elétrico e irradiação solar. (Figuras 1, 2, 3 e 4).

Figura 1: Capacete tipo aba frontal

Figura 2: Capacete tipo aba total

Page 34: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

23

Figura 3: Capacete tipo aba frontal com viseira

Figura 4: Capacete tipo aba frontal com protetor tipo concha

Óculos de segurança

Os óculos são utilizados principalmente para evitar perfuração dos olhos

através de corpos estranhos como no corte de arames e cabos, no uso de chave

de boca e talhadeiras, uso de furadeiras, retirada de pregos, partículas sólidas e

outros agentes agressivos que possam prejudicar sua visão, como agentes

químicos. Outra aplicação é a utilização dos óculos com lente de tonalidade

escura, além das proteções já citadas, podem proteger os olhos dos raios

Page 35: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

24

ultravioletas. (Figuras 5, 6 e 7).

Figura 5: Óculos de segurança para proteção com lente incolor

Figura 6: Óculos de segurança para proteção com lente de

tonalidade escura

Figura 7: Óculos de segurança para proteção tipo ampla visão

Page 36: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

25

Protetor auditivo

Utilizado para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que

apresentem ruídos excessivos para evitar algumas doenças causadas pelo ruído

como: perda auditiva, cansaço físico, mental, stress, fadigas, pressão arterial

irregular, impotência sexual nos homens e descontrole hormonal nas mulheres e

excesso de nervosismo. É recomendada a utilização desta proteção durante todo

o período de trabalho, assim causando um maior conforto para o trabalho. Na

indústria da construção civil existem alguns setores onde a utilização desta

proteção torna muito necessária como no caso do operador da betoneira,

utilização de ferramentas elétricas como serra circular, serra mármore. Quando

não utilizada essa proteção pode gerar doenças ao longo do tempo. (Figuras 8 e

9).

Figura 8: Protetor auditivo tipo concha

Figura 9: Protetor auditivo tipo inserção (plug)

Page 37: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

26

Respirador purificador de ar

Utilizado para proteção do sistema respiratório contra gases, vapores,

névoas, poeiras, para evitar contaminações por via respiratória, complicações nos

pulmões e doenças decorrentes de produtos químicos. Em casos de emergência

deverão ser utilizadas máscaras especiais. Na construção civil a poeira é a

grande dificuldade no local de trabalho assim prejudicando a respiração do

funcionário, outra dificuldade é na utilização de serra mármore para cortar

paredes que gera uma névoa de pó, com isso é necessário a utilização desta

proteção para evitar doenças respiratórias e no momento do trabalho proporcionar

um conforto ao funcionário. (Figuras 10, 11 e 12).

Figura 10: Respirador purificador de ar (descartável)

Figura 11: Respirador purificador de ar (com filtro)

Page 38: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

27

Figura 12: Respirador purificador de ar com filtro (descartável)

Luvas de proteção

As luvas de proteção são utilizadas para proteção mecânica, e contra

produtos abrasivos, escoriantes e rebarbas. Para cada tipo de luva há uma

utilização correta, como para a construção civil as mais utilizadas são as luvas de

raspa para o transporte de argamassa nos carrinhos, as luvas de látex mais

usadas para proteger as mãos de agentes químicos como o cimento que pode

ocorrer várias irritações na pele.

Para que várias doenças não ocorram com o funcionário é necessário a

utilização desta proteção para cada tipo de serviço. (Figuras 13, 14, 15, 16 e 17,

18).

Figura 13: Luva de proteção tipo vaqueta

Page 39: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

28

Figura 14: Luva de proteção de algodão

Figura 15: Luva de proteção emborrachada

Figura 16: Luva de proteção látex

Page 40: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

29

Figura 17: Luva de proteção de PVC cano longo

Figura 18: Luva de proteção de raspa

Cinto de segurança

Cinto de segurança é utilizado para proteção do empregado contra

quedas em serviços onde exista diferença de nível. Na indústria da construção

civil é muito utilizado já que os serviços em altura são muito freqüentes na

utilização de andaimes, na construção de telhados, etc. Os cuidados a serem

tomados pelo funcionário é a sua correta utilização, pois quando utilizado

desajustado na queda pode ocorrer um acidente. Devem-se verificar todas as

cordas de segurança para que o funcionário fique bem seguro na altura. A

utilização do dispositivo trava – queda é importante, pois impede que o

Page 41: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

30

funcionário na queda possa chegar ao chão, assim travando o funcionário e

fazendo com que ele fique preso no local. (Figuras 19 e 20).

Figura 19: Cinturão de segurança tipo pára-quedista

Figura 20: Dispositivo trava-queda

Calçados de segurança

Um dos poucos equipamentos de proteção mais comum na utilização de

todas as empresas, principalmente na construção civil, mas ainda há algumas

empresas que ignoram essa utilização.

Um equipamento de segurança utilizado para a proteção dos pés, dedos

e pernas contra cortes, perfurações, escoriações, queda de objetos, calor, frio,

penetração de objetos, umidade, produtos químicos. No mercado tem diversos

tipos de calçados de segurança. (Figuras 21, 22 e 23).

Page 42: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

31

Figura 21: Botina em couro com elástico

Figura 22: Botina em couro

Page 43: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

32

Figura 23: Bota de borracha (cano longo)

A relação abaixo (fonte: PCMat / José Carlos de Arruda Sampaio)

mostra, para as funções que os empregados executam na obra, quais os EPIs

indicados:

Administração em geral - calçado de segurança;

Almoxarife - luva de raspa;

Armador - óculos de segurança contra impacto, avental de raspa,

mangote de raspa, luva de raspa, calçado de segurança;

Azulejista - óculos de segurança contra impacto, luva de PVC ou

látex;

Carpinteiro - óculos de segurança contra impacto, protetor facial,

avental de raspa, luva de raspa, calçado de segurança;

Carpinteiro (serra) - máscara descartável, protetor facial, avental

de raspa, calçado de segurança;

Eletricista - óculos de segurança contra impacto, luva de borracha

para eletricista, calçado de segurança, cinturão de segurança

para eletricista;

Encanador - óculos de segurança contra impacto, luva de PVC ou

látex, calçado de segurança;

Equipe de concretagem - luva de raspa, calçado de segurança;

Page 44: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

33

Equipe de montagem (grua torre, guincho, montagens) - óculos

de segurança - ampla visão, máscara semifacial, protetor facial,

avental de PVC, luva de PVC ou látex, calçado de segurança;

Operador de betoneira - óculos de segurança - ampla visão,

máscara semifacial, protetor facial, avental de PVC, luva de PVC

ou látex, calçado de segurança;

Operador de compactador - luva de raspa, calçado de segurança;

Operador de empilhadeira - calçado de segurança, colete

refletivo;

Operador de guincho - luva de raspa, calçado de segurança;

Operador de máquinas móveis e equipamentos - luva de raspa,

calçado de segurança;

Operador de martelete - óculos de segurança contra impacto,

máscara semifacial, máscara descartável, avental de raspa, luva

de raspa, calçado de segurança;

Operador de policorte - máscara semifacial, protetor facial,

avental de raspa, luva de raspa, calçado de segurança;

Pastilheiro - óculos de segurança - ampla visão, luva de PVC ou

látex, calçado de segurança;

Pedreiro - óculos de segurança contra impacto, luva de raspa,

luva de PVC ou látex, botas impermeáveis, calçado de

segurança;

Pintor - óculos de segurança - ampla visão, máscara semifacial,

máscara descartável, avental de PVC, luva de PVC ou látex,

calçado de segurança;

Poceiro - óculos de segurança - ampla visão, luva de raspa, luva

de PVC ou látex, botas impermeáveis, calçado de segurança;

Servente em geral - calçado de segurança (deve sempre utilizar

os equipamentos correspondentes aos da sua equipe de trabalho)

Soldador - óculos para serviços de soldagem, máscara para

soldador, escudo para soldador, máscara semifacial, protetor

facial, avental de raspa, mangote de raspa, luva de raspa,

perneira de raspa, calçado de segurança;

Vigia - colete refletivo.

Page 45: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

34

Observações:

o capacete é obrigatório para todas as funções;

a máscara panorâmica deve ser utilizada pelos trabalhadores

cuja função apresentar necessidade de proteção facial e

respiratória, em atividades especiais;

o protetor auricular é obrigatório a qualquer função quando

exposta a níveis de ruído acima dos limites de tolerância da

NR 15;

a capa impermeável deve ser utilizada pelos trabalhadores

cuja função requeira exposição a garoas e chuvas;

o cinturão de segurança tipo pára-quedista deve ser utilizado

pelos trabalhadores cuja função obrigue a trabalhos acima de

2 m de altura;

o cinto de segurança limitador de espaço deve ser utilizado

pelos trabalhadores cuja função exigir trabalho em beiradas de

lajes, valas etc.

Page 46: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

35

3. CARACTERIZAÇÃO DAS OBRAS ANALISADAS

No trabalho feito, optou-se por analisar obras verticais devido aos diferentes tipos

de EPI’s utilizados, bem como os riscos que os operários estão expostos

diariamente na sua rotina de trabalho.

Analisamos duas obras em Feira de Santana, de diferentes construtoras, as quais

chamaremos aqui de empresa A e B. Ambas possuem treze pavimentos,

encontram-se em fase de acabamento e possuem divergências quando o assunto

é segurança do trabalho. A empresa A possui hoje em seu quadro de funcionários

126 operários, divididos entre mestre, encarregados, serventes, pedreiros,

carpinteiros e etc. A empresa B possui 26 operários.

O nível de segurança e organização varia muito de uma empresa para outra e a

partir de registros fotográficos será mais fácil para que isso seja visualizado. A

empresa A conta com a CIPA na ajuda de prevenção de acidentes, enquanto a

empresa B não conta em seu canteiro com tal comissão.

As duas empresas possuem PCMAT. Na empresa A conta-se com um técnico de

segurança de trabalho, diariamente na obra, durante as oito horas de trabalho,

enquanto na empresa B, o técnico faz visitas duas vezes na semana, como

descrito pelo responsável da obra.

Através de registros fotográficos e uma conversa com os operários e a

administração da empresa, foi possível observar alguns pontos importantes

referentes às questões de segurança do trabalho, como a organização do

canteiro, local de estocagem dos EPI’s, o uso adequado dos mesmos e até as

sinalizações de segurança utilizadas como uma forma de alertar quanto aos

riscos de acidentes. Logo abaixo, das figuras 24 a 34, será possível observar as

análises feitas.

Page 47: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

36

Figura 24: Fachada da Obra A

Figura 25: Fachada da Obra B

Page 48: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

37

Figura 26: Operário se preparando para trabalho em altura - Obra A

Figura 27: Trabalho em altura - Obra A

Page 49: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

38

Figura 28: Trabalho em Altura - Obra B

Figura 29: Almoxarifado - Obra A

Page 50: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

39

Figura 30: Almoxarifado – Obra A

Figura 31: Local de armazenagem dos EPI’s - Obra B

Page 51: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

40

Figura 32: Sinalização de segurança - Obra A

Figura 33: Sinalização de segurança - Obra A

Page 52: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

41

Figura 34: Sinalização de segurança - Obra A

Page 53: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

42

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS DAS ENTREVISTAS

4.1 Quanto aos operários

A partir do referencial teórico, foi possível observar as condições

expostas aos operários e os riscos a que os mesmos estão sujeitos pelo não uso

dos equipamentos de proteção individual. Apesar da preocupação com as

questões de segurança do trabalho serem antigas, percebe-se que

questionamentos expostos há séculos atrás, ainda se perpetuam nos dias de

hoje. Os problemas quanto à falta de proteção coletiva e individual, aliadas à falta

de planejamento nos canteiros e a falta de treinamentos acabam favorecendo

para aumentar as estatísticas de acidentes do trabalho que são desfavoráveis ao

cenário da construção no país.

Como visto na bibliografia, VENDRAME 2001, escreveu que a maioria

dos acidentes do trabalho ocorrem não por falta de legislação, mas devido ao não

cumprimento das normas de segurança, a falta de fiscalização e a pouca

conscientização do empresariado

Observaram-se dois canteiros de obras A e B, em Feira de Santana, que

apesar de possuírem basicamente o mesmo porte, apresentaram resultados

diferentes, visto que as questões de segurança ainda não são fatores

preponderantes para algumas empresas. Foram entrevistados, 28 operários na

obra A e 22 operários na B, totalizando 50 funcionários. Logo abaixo, serão

apresentados os resultados, através de gráficos.

Page 54: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

43

Figura 35: Níveis de escolaridade

Sabe-se que a construção civil é uma atividade que concentra um

número elevado de operários com baixa escolaridade. A maioria dos empregados

são pessoas humildes, de pouca ou nenhuma instrução, que necessitam de muita

informação. Geralmente, utiliza-se de serviço braçal, e não atentam para os cuidados

necessários. Nas duas obras visitadas, pode-se comprovar que a maioria dos

operários freqüentaram durante pouco tempo a escola, por falta de oportunidade

ou porque partiram cedo em busca de trabalho. Dos cinqüenta funcionários que

responderam às perguntas, observar-se que, 12% não concluíram o ensino

fundamental, 34% conseguiram concluir o ensino fundamental, 18% começaram o

ensino médio e não terminaram, 28% conseguiram completar o ensino médio e

8% nunca puderam freqüentar escolas. A construção civil é uma das poucas

indústrias que absorvem essa mão de obra considerada “sem qualificação”.

(Figura 35)

Para um bom desempenho da utilização dos EPIs há a necessidade de se

conhecer o manuseio, cuidados adequados e treinamentos específicos. De acordo

com informações prestadas, existe um vazio enorme a ser preenchido na segurança

do trabalhador na construção civil, devido à utilização inadequada dos EPIs,

principalmente em função da baixa escolaridade dos operários.

Page 55: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

44

Figura 36: Conceito de acidente do trabalho

Acidente do trabalho não é apenas aquele mutilador, há também uma

morte silenciosa que os médicos não são capazes de diagnosticar. São fatos que

devem ser examinados no universo das ocorrências do ambiente do trabalho.

Essas ocorrências dependem normalmente da ação do homem, seja de uma ação

direta ou indireta. Na vida do operário, através do trabalho desenvolvido, pode se

observar uma lesão corporal, pertubação funcional ou uma doença que leve ao

óbito, ou até mesmo que cause um afastamento temporário.

Sabe-se que acidentes de trabalho se constituem em problema de

saúde pública em todo o mundo, por serem potencialmente fatais, incapacitantes

e por acometerem, em especial, pessoas jovens e em idade produtiva, o que

acarreta grandes conseqüências sociais e econômicas.

Em relação a acidente de trabalho 78% afirmaram saber do que se trata

e 22%, não souberam definir, ao certo, o que é acidente de trabalho, (figura 36).

Neste item, observa-se uma necessidade na intensificação dos treinamentos,

para que todos possam se inteirar e saber como se prevenir e quais os seus

direitos em caso de acidentes.

Page 56: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

45

Figura 37: EPI's fornecidos pela Empresa

Quanto aos EPI’s fornecidos pela empresa 24% dos operários

entrevistados estão muito satisfeitos, 60% deles estão satisfeitos, 16% estão um

pouco satisfeitos, conforme a Figura 37. Nenhum operário mostrou, ao certo,

insatisfação, mas alguns comentaram sobre a demora na aquisição dos EPI’s. A

obra fornece botas de segurança e botas de borracha, capacetes, luvas, óculos,

máscaras, protetor auricular de inserção para todos e tipo concha para

carpinteiros, cinto de segurança. Recomendam-se em ambas as obras, visto que

se trata de um período quente, que sejam fornecidos protetores solar.

Os EPIs devem ser adquiridos, guardados e distribuídos criteriosamente

sob controle, quer no serviço de segurança, quer em outro setor competente. Não se

pode fornecer os equipamentos aleatoriamente, pois podem ocorrer usos

inadequados, forma incorreta de utilização ou abusos e excessos. O setor de

segurança, junto com os demais setores da empresa, deve estabelecer um sistema

de controle adequado.

A conservação dos equipamentos é outro ponto chave para a segurança do

indivíduo e para a economia da empresa. Por se tratar de proteção individual, cada

um deve ter seu equipamento, cabendo-lhe a responsabilidade de uso, guarda e

conservação corretos. Portanto, cada um deve receber instruções, no sentido de

saber onde e como guardá-lo, até que ponto deve ser usado e quando e como

substituí-lo.

Page 57: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

46

Figura 38: Existência de treinamentos

COSTELLA (1999) relata que uma questão a se considerar é o

treinamento dos trabalhadores. Na manufatura, a força de trabalho se mantém

relativamente constante, o que facilita o treinamento. Por outro lado, as pessoas

que trabalham no meio afirmam que não é possível efetuar o treinamento nas

empresas de construção devido à alta rotatividade dos funcionários e do grande

número de subempreiteiros envolvidos em cada obra. Entretanto, deve-se levar

em conta que os custos de treinamento em segurança serão menores do que as

conseqüências, se um acidente grave ou fatal ocorrer.

Aqui observou-se que quanto a existência de treinamentos 76%

disseram que existem treinamentos, enquanto 24% disseram receber

treinamentos sucintos e poucos satisfatórios sobre a utilização dos EPI’s,

conforme a Figura 38.. Na empresa B, observamos um índice negativo nas

respostas. Dos 22 operários entrevistados, 45% disseram não receber

treinamentos sobre utilização de EPI’s.

Considerando-se que 24% recebe treinamentos inadequados, deve-se

Page 58: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

47

salientar que é preciso que haja uma reeducação por parte dos superiores, já que

o princípio básico, treinamento, aqui é negligenciado.

Figura 39: Treinamentos recebidos

Quanto aos treinamentos 14% estão muito satisfeitos, 44 % estão

satisfeitos, 26% estão um pouco satisfeitos e 16 % estão insatisfeitos, conforme

Figura 39. A empresa B, apresentou elevado índice de insatisfação, visto que o

responsável pela parte de segurança, na maior parte das vezes, encontra-se

ausente e não oferece de forma intensa os treinamentos aos operários,

prestando-lhes esclarecimentos e tirando-lhes dúvidas.

Além disso, percebe-se que há uma grande dificuldade na

implementação das questões de segurança, principalmente pela mentalidade do

funcionário que por muitas vezes não considera as instruções de segurança

importantes, não entendem os procedimentos que foram dados, acharem

incômodo seguir as normas de segurança e, portanto, desrespeitando as

mesmas, contribuindo assim, com o aumento no número de acidentes.

A conscientização sobre a importância do uso dos equipamentos, é

imprescindível, pois informações provenientes de fora da empresa muitas vezes

Page 59: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

48

são mais facilmente aceitas pelas funcionários, além de possuírem profissionais

treinados para apresentação de palestras e cursos.

Figura 40: Importância da utilização do EPI

É exigido o uso do equipamento de proteção por normas internas. A lei

relata que a empresa é obrigada a fornecer gratuitamente o equipamento. Além

disso, a lei relata também que a empresa deve treinar o empregado e exigir o uso

do equipamento. Se o empregado descumprir as determinações da empresa, logo

ele pode receber uma punição.

Quanto a utilização do EPI, a maior parte dos operários admitiu a

importância da proteção individual e coletiva. Dos 50 entrevistados, 90%

acreditam na importância dos EPI’s, enquanto apenas 10% demonstraram dúvida.

Observamos que a maior parte dos funcionários já procuram o equipamento de

proteção, sem que sejam cobrados que os usem. Aqui encontramos operários

conscientes sobre a importância do uso do EPI. (Figura 40).

Page 60: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

49

Figura 41: Minimização dos riscos através dos EPI’s

Sabe-se que as condições reais dos canteiros de obra já se configuram

como riscos. Estes riscos são agravados pelas variações nos métodos de trabalho

realizados pelos operários, em função de situações não previstas, mas que, na

realidade, são uma constante no trabalho, pois, não existem procedimentos de

execução formalizados na maioria das empresas. O que existem, no máximo, são

instruções verbais.

Os riscos podem ser minimizados através do uso de EPI’s, mas muitas

empresas não fornecem com freqüência os EPI’s aos empregados e não orientam

quanto ao seu uso, principalmente devido as falhas de comunicação, conforme atribui

MESQUITA (1999). Por isso explica-se o fato do EPI ser usado de forma inadequada,

insuficiente ou ineficaz, o que pode causar segundo alguns relatos de operários,

reações adversas ou incômodos.

Neste quesito, quanto à minimização dos riscos, através do uso de EPI’s

na obra, a maioria acredita. Dos entrevistados, 82% disseram sim, enquanto

apenas 18% colocaram em dúvida a eficácia do EPI quanto aos riscos. (Figura

41).

.

Page 61: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

50

Figura 42: Preocupação da administração com a utilização do EPI

Com relação à preocupação dos superiores com a utilização dos EPI’s,

ouvimos dos mais diferentes operários, diversas reclamações com respeito a

demora na aquisição dos equipamentos, a qualidade dos materiais adquiridos, e

em especial na empresa B, a falta treinamentos freqüentes na obra. Dos

entrevistados, 68% disseram que existe preocupação por parte da empresa na

utilização dos EPI’s e 32% disseram desconhecer. (Figura 42).

Figura 43: Desconforto pelo uso de EPI’s

No quesito desconforto, o protetor auricular e os óculos de segurança,

Page 62: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

51

bateram recorde nas respostas, juntamente com os capacetes. Dos entrevistados

62% afirmaram não haver desconforto nos equipamentos usados e 38%

questionaram a qualidade dos EPI’s fabricados. (Figura 43).

Sob o ponto de vista dos operários, os EPIs que incomodam na

execução das tarefas são: os capacetes, os protetores auriculares e os óculos de

segurança. Sendo o capacete o que causa o maior incômodo e sendo, juntamente

com a bota, o EPI de utilização unânime dentre todos os operários dos canteiros

de obras. O maior desconforto registrado, quanto à utilização do capacete, diz

respeito ao seu elevado peso e à transpiração excessiva que causa na cabeça.

4.2 Quanto à administração

Elaboramos três perguntas, que encontram-se no anexo, para serem

feitas aos responsáveis. Na empresa A pudemos conversar com o técnico de

segurança e o mestre de obras. Já na empresa B entrevistamos o mestre de

obras e a estagiária, que no momento é a responsável pela obra. Perguntamos

se existe uma preocupação quanto aos treinamentos e a reposição dos EPI’s.

Nas duas obras, os responsáveis afirmaram haver sempre uma preocupação aos

treinamentos dados, principalmente, ao novo funcionário e as atividades que

apresentem riscos a integridade física do operário. Quanto à reposição, ambas

afirmaram ser um desafio a aquisição dos equipamentos de proteção, em tempo

hábil. Pudemos observar que as empresas associam os desafios das questões de

segurança, a alta rotatividade da mão-de-obra, onde o funcionário não se

compromete com a empresa apenas visa o salário do mês.

O treinamento e a conscientização da importância do uso de EPI’s por parte

dos empregados é um fator fundamental para a prevenção de acidentes, pois além

da proteção propriamente dita, desenvolve no mesmo um sentimento de preservação

e de cuidado com a própria integridade física.

Sabemos que estas questões dependem da eficiência das equipes e das

pessoas envolvidas, ficando tanto a investigação quanto a prevenção, aliados aos

materiais e recursos disponíveis e à capacidade, à iniciativa e à criatividade do

Page 63: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

52

pessoal técnico de segurança, bem como da efetiva participação da alta

administração da empresa, aqui considerado empregador.

Na segunda pergunta, questionamos o planejamento da obra em relação

a segurança do trabalho. Pudemos observar que por mais organizada que seja

uma empresa, como é o caso da obra A, não temos ainda um planejamento que

coloque os programas de segurança em primeiro plano. Se necessitarmos de

redução de custos, inciaremos pelos equipamentos de proteção. Talvez por isso,

a demora na aquisição dos EPI’s. O mesmo ainda não é visto, de fato, como de

extrema importância na obra, como o bloco cerâmico e o concreto.

Segundo Melo (2001) a problemática da segurança e saúde no trabalho,

que implica em elevados níveis de acidente de trabalho nas empresas brasileiras,

está muito vinculada à conceituação global de desrespeito aos indivíduos e às leis.

Uma das maiores dificuldades de grande parte do empresariado brasileiro é tratar a

segurança e saúde no trabalho como investimento. Isto representa uma deficiência

educacional-cultural que está relacionada com as premissas culturais que, segundo

Melo, citando Barros e Prates (1996), suporta as atitudes e comportamentos dos

grupos na empresa e influem nas decisões tomadas e na forma de gerenciar.

Conforme Melo (2001) é preciso programas que componham um Sistema

de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho- SGSST, que visem à prevenção de

riscos de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e tenham como base os

seguintes princípios gerais:

a - Evidenciar riscos;

b - Avaliar os riscos que não possam ser evitados;

c - Combater os riscos na origem;

d - Adaptar o trabalho ao homem, especialmente no que se refere à

concepção dos postos de trabalho, bem como à escolha dos equipamentos de

trabalho e dos métodos de trabalho e de produção, tendo em vista atenuar o trabalho

monótono e reduzir os efeitos destes sobre a saúde;

e - Ter em conta o estágio de evolução técnica;

f - Substituir o que é perigoso pelo que é menos perigoso;

g - Planificar a prevenção com um sistema coerente que integre a técnica, a

organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações sociais e a influência

Page 64: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

53

dos fatores ambientais no trabalho;

h - Dar instruções adequadas aos trabalhadores.

Percebe-se que o enfoque principal destes princípios é a incorporação das

ações relativas à segurança no planejamento do trabalho fazendo, segundo afirma

Dias (1998), que a segurança faça parte integrante da produção em vez de exigir

ações complementares e isoladas, desvinculada das outras componentes do ato de

produzir, conforme vem sendo na maioria das vezes compreendida como uma

atividade à parte de acordo com MELO (2001).

Quanto à minimização dos riscos todos acreditam na importância e na

eficácia dos equipamentos de proteção individual.

Mas, infelizmente sabemos que a mentalidade das empresas,

principalmente da indústria da construção civil com relação à análise e

gerenciamento de riscos encontra-se bastante distante da prática. O mais comum

é esperar a ocorrência de tragédias como acidentes e doenças graves para se

tomar alguma atitude, e freqüentemente os trabalhadores são acusados como

principais responsáveis pelos mesmos.

De acordo com (Souza Porto,1997), o foco principal da análise de riscos

da atividade nos locais de trabalho é a prevenção, ou seja, os riscos devem ser

eliminados sempre que possível, e o controle dos riscos existentes deve seguir os

padrões de qualidade mais elevados em termos técnicos e gerenciais. Segundo

Zocchio (2002), é de indiscutível utilidade a ART (Analise de Risco da Tarefa)

para a melhoria contínua da segurança do trabalho.

Para a elaboração da ART é feita primeiramente uma análise da

atividade a ser realizada no setor, discriminando o que possa ter maior risco ao

funcionário, empresa ou meio ambiente. Porém, sabemos que essas análises não

são feitas, devido à falta de conhecimento por parte dos superiores e a falta de

credibilidade em procedimentos simples e eficazes.

Page 65: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

54

5. CONCLUSÕES

Ao avaliar as informações da literatura, era esperado que alguns itens

do nosso estudo de caso fossem afirmados, visto que não se trata apenas de uma

bibliografia, mas de um estudo que se perpetua ao longo dos anos.

Pudemos observar, que apesar dos esforços empregados por parte das

empresas e até mesmo dos funcionários, ainda encontramos a segurança do

trabalho como um assunto tratado em segundo plano e mesmo que todos estejam

cientes da importância da utilização do EPI, não obteremos nunca um resultado

efetivamente positivo, enquanto houver a ausência de uma prática de

antecipação, (que sugere que a prevenção seja realizada na fase de

planejamento, na concepção do projeto da edificação, do processo de produção

ou do método de trabalho), onde o mesmo é um dos fatores que encabeçam a

lista das causas de acidentes. É preciso que haja um investimento nas questões

de segurança já na fase de planejamento, para que o mesmo mais a frente não

seja visto como um gasto, ou um acréscimo nos custos da obra.

Quanto à administração, que fique claro que bons EPI’s são essenciais

como complementos de medidas organizacionais, de engenharia e de proteção

coletiva, e não uma alternativa para substituir estas medidas. A construção civil é

uma atividade que costuma dar pouca importância a acidentes e exposições

menos graves, dando enfoque à prevenção de quedas de altura, soterramento e

eletrocussão.

Vale ressaltar que educação e treinamento são necessários para que os

programas de segurança funcionem e que o objeto final de tudo isso deve ser a

conscientização do operário quanto a importância da utilização dos EPI’s e que o

mesmos devem cobrar dos seus superiores a compra e a melhoria na qualidade

dos produtos, visto que se trata da integridade física do usuário. O trabalhador é a

peça motriz de uma cadeia produtiva, sendo também a chave do progresso ou

fracasso da empresa, então, a necessidade do investimento no capital intelectual

humano. As empresas que vêm adotando políticas de qualidade e de segurança

têm se caracterizado pela melhoria das relações de trabalho, pelo maior

Page 66: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

55

envolvimento dos trabalhadores, com maior senso de coletividade e companheirismo.

Enfim, esperamos ver um dia uma segurança do trabalho mais

intensificada na construção civil, e empresários e empregados mais preocupados

com o bem-estar social e principalmente prioritário.

Page 67: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

56

6. RECOMENDAÇÕES

Recomendam-se:

a. A adoção de uma campanha de conscientização dos trabalhadores

no tocante à segurança no meio ambiente de trabalho, aliada a uma

maior fiscalização por intermédio dos órgãos governamentais;

b. A implementação cada vez maior da CIPA, que contribui para o

aumento da segurança e da conscientização dos trabalhadores,

uma vez que esta comissão atua junto ao público interno da

empresa e é constituída pelos próprios funcionários;

c. Acrescido de um planejamento de segurança ainda na fase de

análises de projetos, por parte da administração, para que se

consiga prevenir os acidentes de trabalho ainda na fase inicial.

d. Além, da conscientização da necessidade do uso dos EPI’s e dos

EPC’s pelos empregados e empregadores.

Page 68: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

57

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Luiz Odorico Monteiro. SUS Passo a Passo. Normas,

Gestão e Financiamento. Editora Hucitec/Edições UVA, 2001.

AYRES, Dennis de Oliveira; CORRÊA, José Aldo Peixoto. Manual de

prevenção de acidentes do trabalho: aspectos técnicos e legais. São Paulo:

Atlas, 2001.

BENSOUSSAN, E; ALBIERI, S. Manual de higiene, segurança e

medicina do trabalho. São Paulo: Atheneu, 1997.

BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Código Penal.

CAMPOS, José Luiz Dias, CAMPOS, Adelina Bitelli Dias, Acidentes do

Trabalho, 2ª edição, São Paulo: Editora LTR., 2001.

COSTELLA, M. F. Análise dos Acidentes do Trabalho e Doenças

Ocorridos na Atividade de Construção Civil no Rio Grande do Sul em 1996 e

1997. Porto Alegre - UFRGS. Dissertação de Mestrado - Curso de Pós-graduação

em Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 149 p, 1999.

DE CICCO, Francesco M.G.A.F. ET alii. Segurança, higiene e

medicina do trabalho na construção civil – nível superior. 2.ed. São Paulo,

FUNDACENTRO,1982.

GROHMANN, M. Z. Segurança no Trabalho através do uso de EPIs.

<http://www.scribd.com/doc/6398622/EPI-Na-Construcao-Civil> Acesso

em: 20 de abril de 2010.

MACHADO JMH, Minayo-Gomez C. Acidentes de trabalho:

concepções e dados. In: Minayo MC, organizador. Os muitos Brasis. São Paulo:

Editora Hucitec; 1992.

Page 69: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

58

MAIA, N. F. Apontamentos sobre o meio ambiente do trabalho. 2000.

Endereço eletrônico: <http://www.prt21.gov.br/dout001.htm> Acesso em: 16 de

março de 2009.

MELO, M. B. F. V. Influência da Cultura Organizacional no Sistema

de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas

Construtoras,2001 n. de páginas Dissertação ( Doutorado em Engenharia de

Produção) - Pós-Graduação em Engenharia de Produção -Universidade Federal

de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

MESQUITA, Luciana Sobreira de. Gestão da segurança e saúde no

trabalho: um estudo de caso em uma empresa construtora. 1999. Dissertação

(Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Federal da Paraíba, João

Pessoa.

MICHAEL, Osvaldo. Acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.

São Paulo: LTr, 2000. OIT. Organização Internacional do Trabalho. Disponível

em: <http://www.oitbrasil.org.br//>. Acesso em: 18 de março de 2010.

MIRANDA CR. Introdução à saúde do trabalhador. São Paulo (SP):

Atheneu; 1998.

PORTO, M.F.S. e FREITAS, C.M., 1997. Análise de Riscos

Tecnológicos Ambientais: Perspectivas para o Campo da Saúde do

Trabalhador. Cadernos de Saúde Pública, 13: 59-72.

RODRIGUES, C.L.P., 1993. Evolução da segurança do trabalho.

Engenharia de Segurança do Trabalho I. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ.

VASCONCELOS. L. Agencia Brasil. 2007 Disponíveis em:

<http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/02/04materia.2007-02-

04.0541366175/view>. Acesso em: 20 de outubro de 2009.

VENDRAME, A. C. Segurança do trabalho: você só se lembra depois

Page 70: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

59

do acidente. RH em Síntese. Ano V, p. 28-32. Jul/Ago 1999. Disponível em:

<http://www.gestaoerh.com.br/site/visitante/artigos/legi_001.php>. Acesso em: 30

de novembro de 2009.

ZOCCHIO, Á. Segurança e saúde no trabalho: como entender e

cumprir as obrigações pertinentes. São Paulo: LTR, 2001.

ZOCCHIO, Álvaro. Prática da Prevenção de Acidentes. 7,ed. São

Paulo: ABC da Segurança do Trabalho, 2002.

Page 71: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

60

ANEXOS

Page 72: Modelo de TCC - civil.uefs.brcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARCIMILIA SANTANA DOS SANTOS.pdf · USO DO EPI SOB O PONTO DE VISTA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

61

ANEXO – QUESTIONÁRIO

Operários

1 - Qual o seu nível de escolaridade?

( ) analfabeto ( ) primeiro grau incompleto ( ) primeiro grau ( ) segundo grau

incompleto ( ) segundo grau

2 - Você sabe o que é acidente de trabalho?

( ) sim ( ) não

3 - Quanto aos equipamentos de proteção individual fornecido pela empresa

( ) muito satisfeito ( ) satisfeito ( ) um pouco satisfeito ( ) insatisfeito ( ) muito

insatisfeito

4- Existem treinamentos sobre a utilização dos EPI’s?

( ) sim ( ) não

5 - Quanto aos treinamentos recebidos

( ) muito satisfeito ( ) satisfeito ( ) um pouco satisfeito ( ) insatisfeito ( ) muito

insatisfeito

6 - Na sua opinião, é importante a utilização do EPI?

( ) sim ( ) não

7 – Você acredita que o EPI minimiza os riscos de acidentes?

( ) sim ( ) não

8 – Você percebe uma preocupação por parte dos superiores, quanto à compra de

EPI’s?

( ) sim ( ) não

9- Os EPI’s utilizados causam algum desconforto?

( ) sim ( ) não

Administração

1) Existe uma preocupação quanto aos treinamentos e reposições dos EPI’s?

2) No planejamento da obra existe uma preocupação quanto aos programas de

segurança ou esse é visto em segundo plano?

3) Você acredita na minimização dos riscos, com a utilização de EPI’s?